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DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA DEFINIÇÕES - úlcera: interrupções na mucosa → erosão que evolui em ulceração, com exposição da camada submucosa - pode ultrapassar todas as camadas e provocar uma perfuração → úlcera perfurada (emergência cirúrgica) - erosões são MAIS SUPERFICIAIS e NÃO DEIXAM CICATRIZES - duodeno e estômago são as regiões mais acometidas - frequentemente são lesões recorrentes → podem cicatrizar e recidivar FATORES DE RISCO - idosos acima dos 60 anos - história pregressa de úlcera péptica - uso crônico de corticóides - uso concomitante de anticoagulante → favorece sangramento (urgência mais comum da úlcera péptica) - desordem sistêmica grave → pacientes crítico - tabagismo - etilismo - uso de AINES - fatores de risco para sangramento: uso de AINES e AAS concomitantes a ISRS, CORTICÓIDES, ANTAGONISTAS DE ALDOSTERONA E ANTICOAGULANTES - presença de Helicobacter pylori → bactéria normalmente se encontra na camada de muco, mas pode invadir a submucosa onde aumenta a permeabilidade junto às células gástricas - mecanismo ulcerogênico não é absolutamente conhecido → o fato é que essa bactéria está muito associada à úlcera péptica - transmissão oral - endêmica na população - tratamento está indicado, se: presença de úlceras; gastrite erosiva; indivíduos que possuem fatores de risco (uso crônico de AAS, AINES, por exemplo); pacientes com antecedente neoplásico familiar FISIOPATOLOGIA - diretamente ligada ao ácido gástrico: - facilita a digestão de proteínas - favorece a absorção de ferro, cálcio, vitamina b12 - diminui o pH do suco gástrico → eliminação de microorganismos ingeridos (bactericida) - limita o crescimento bacteriano - previne infecções, como por exemplo, a causada pelo Cdi� - anatomia funcional: - áreas anatômicas do estômago: fundo, corpo e antro - células parietais, produtora de ácido, estão mais localizadas em fundo e corpo; enquanto as células G, produtoras de gastrina, estão mais presentes no antro CLASSIFICAÇÃO DE JOHNSON TIPO I → localizada na pequena curvatura do estômago, próximo à incisura angular/ geralmente associada a NORMO ou HIPOCLORIDRIA TIPO II → úlcera na incisura angular associada a uma úlcera duodenal // associada a HIPERCLORIDRIA TIPO III → úlcera pré-pilórica, também associada a HIPERCLORIDRIA TIPO IV (mais rara) → úlcera em corpo alto do fundo gástrico // associada a NORMO ou HIPOCLORIDRIA TIPO I E IV → associada a NORMO ou HIPOCLORIDRIA // TIPO II E III → associada a HIPERCLORIDRIA QUADRO CLÍNICO - muitas vezes é assintomático → apenas a cicatriz é localizada em uma endoscopia de rotina, por exemplo - dor abdominal → não só epigástrica mas também pode atingir o mesogástrio e ser mais difusa - associada frequentemente, mas não obrigatoriamente, a náuseas e vômitos - perda de peso, principalmente no paciente que possui úlceras decorrentes e, devido a isso, tem problemas em se alimentar - síndrome dispéptica: sensação de empachamento, eruptações, azia - clocking: acorda durante a noite devido a dores (mais comum nas úlceras duodenais) Dor na úlcera - dor em queimação, contínua - pode se apresentar como sensação de fome - piora geralmente à noite - dores muito intensas são associadas à úlceras penetrantes → as vezes, pode manifestar dor referida na região dorsal (atingindo a parede gástrica posterior estimulando o retroperitônio) - úlcera gástrica: dor precipitada por comida ⇒ alimento cai no estômago, estimula a produção de ácido e ocorre a dor - dor em 4 tempos: não dói⇒ alimenta-se⇒ dói⇒ passa - úlcera duodenal: o paciente sente dor quando está em jejum e melhora quando se alimenta → produção de bicarbonato no intestino tampona a úlcera duodenal durante a digestão - dor em 4 tempos: dói⇒ alimenta-se⇒ passa DIAGNÓSTICO - quadro clínico é clássico - fundamental: endoscopia digestiva alta - úlcera gástrica = biópsia⇒ descartar lesões que se apresentam inicialmente com aspecto ulceroso - úlcera NÃO SE TRANSFORMA EM CÂNCER - dosagem de gastrina: diagnóstico de gastrinoma ou Síndrome de Zollinger-Ellison (paciente produz muita gastrina e isso faz com que ele tenha úlceras de repetição) CLASSIFICAÇÃO DE SAKITA PARA ÚLCERA PÉPTICA TRATAMENTO CLÍNICO 1. Medidas gerais: - controle de dieta: diminuição de alimentos gordurosos e ácidos, evitar dietas copiosas/muito volumosas (procurar fracionar) - refeições espaçadas e em menor quantidade; eliminar condimentos - cessar tabagismo e etilismo - não utilizar AINEs 2. Tratamento medicamentoso: objetivo → redução da acidez e estomacal e erradicação do H. pylori, nas situações indicadas a. Inibidores da bomba de próton (IBP): - mecanismo: inibição específica da enzima H+/K+-ATPase na célula parietal gástrica - reduzem até 95% a produção de ácido pelo estômago - omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol⇒ em dose plena por 4 a 8 semanas 3. Tratamento cirúrgico - indicações: - intratabilidade clínica - hemorragia refratária à terapia endoscópica - em casos de úlceras perfuradas - obstrução (raro) - forte suspeita de neoplasia - procedimento para úlcera gástrica: retirar a parte do estômago onde se localiza a úlcera - procedimento para úlcera duodenal: objetivo → reduzir a produção de ácido (vagotomia + antrectomia) COMPLICAÇÕES DA ÚLCERA PÉPTICA - hemorragia, perfuração, obstrução/estenose 1. Hemorragia: - complicação clínica mais comum → 15 a 20% dos indivíduos com úlcera são acometidos - 80% das hemorragias cessam espontaneamente - maior sangramento acontece na úlcera duodenal - principalmente, na parede posterior - tratamento em regime intensivo - monitorização hemodinâmica (pode levar ao choque); reposição volêmica, se necessário - tratamento: IBP + sucralfato - EDA → diagnóstico e tratamento (clipes) DISPEPSIA E HELICOBACTER PYLORI - Indicações para erradicação DISPEPSIA - CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA - sensação de dor ou desconforto esporádico ou persistente na parte superior do abdômen - prevalência alta → 30 a 40% da população - pode estar associado a dificuldades na digestão - dispepsia funcional é a causa mais comum FATORES DE RSICO - idade - tabagismo - estilismo - ingestão abusiva de sal e conservantes - uso de medicamentos⇒ AINES SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA NA DISPEPSIA - perda de peso não intencional - vômitos persistentes - odinofagia - disfagia progressiva - hematêmese - anemia ou deficiência de ferro - massa abdominal palpável ou linfadenopatia - história familiar de câncer do trato gastrointestinal - cirurgia gástrica prévia - icterícia CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA DISPEPSIA FUNCIONAL - Critérios de Roma IV - um ou mais dos seguintes critérios - sensação incômoda de plenitude pós prandial - saciedade precoce - dor epigástrica - queimação epigástrica - nenhuma evidência de doença estrutural (evidenciado em EDA) que explique os sintomas - importante: não pode existir doença sistêmica que expliquem os sintomas → é apenas FUNCIONAL - os critérios devem ser totalmente preenchidos por 3 MESES - início dos sintomas deve ocorrer, pelo menos, 6 meses antes do diagnóstico - contexto brasileiro: deve-se afastar PARASITOSES INTESTINAIS - pesquisa de ovos, cistos e larvas de parasitas nas feze ou instituir tratamento empírico - síndrome do desconforto pós-prandial - síndrome da dor epigástrica FISIOPATOLOGIA - dismotilidade do trato gastrointestinal → hipersensibilidade visceral - alterações psicológicas → estresse, ansiedade, nervosismo - hipersecreção gástrica - infecção por H. pylori - irritantes da mucosa gastrintestinal DIAGNÓSTICO - história clínica, exame físico e uso criterioso de exames complementares - pacientes jovens e sem sinais de alarme: - exames laboratoriais são desnecessários - pode ser feito PROVA TERAPÊUTICA → instituição do tratamento com IBP; se melhorar, prova + - pacientes com idade acima de 45 anos: - dosagem de amilase - anticorpo para doença celíaca - pesquisa de ovos e parasitas - teste de gravidez - EDA - pesquisar e tratar H. pylori em pacientes com dispepsia⇒ Treat and test - realização de testes não invasivos - pacientes jovens→ abaixo de 40 anos - sem sinais de alarme - sem história familiar de câncer gástrico - teste de escolha para o diagnóstico e controle de tratamento → teste respiratório com ureia C13 (não invasivo) - apesar do diagnóstico poder ser feito com o teste da urease durante EDA, esses pacientes não têm indicação da realização do exame TRATAMENTO DA DISPEPSIA - suspender uso de AINES e irritantes da mucosa gastrintestinal - cessar tabagismo e etilismo - avaliar necessidade de psicoterapia e terapia farmacológica - associação dos sintomas dispépticos e fatores emocionais - antidepressivos tricíclicos e ISRS - tratamento empírico de parasitoses intestinais - erradicar H. pylori - tratamento medicamentoso: IBP (em dose plena, de 6 a 8 semanas) + procinéticos (bromoprida ou domperidona) HELICOBACTER PYLORI - bactéria gram negativa espiralada - desencadeia processo inflamatório agudo e subsequente evolução para inflamação crônica - afeta aproximadamente metade da população mundial - relação inversa com a situação socioeconômica - a infecção é, em geral, adquirida na infância - a transmissão ocorre, principalmente via oral-oral e oral-fecal - coloniza apenas a mucosa gástrica - fatores que aumentam a patogenicidade: - produção de urease e catalase⇒ enzimas que facilitam a instalação da bactérias - presença e flagelos⇒ auxilia na movimentação e instalação na mucosa - presença e adesinas⇒ adesão à mucosa gástrica Doenças associadas: gastrite aguda, gastrite crônica, úlcera gástrica, úlcera duodenal, linfoma MALT de baixo grau, adenocarcinoma gástrico ⇒ a doença desenvolvida depende da RESPOSTA IMUNE DO HOSPEDEIRO, DA VIRULÊNCIA DA CEPA e da INTERAÇÃO ENTRE AMBOS Diagnóstico - o uso de IBPs deve ser descontinuado por 2 semanas antes da realização dos testes diagnósticos para a infecção por HP, exceto a sorologia - o uso de antibióticos e sais de bismuto deve ser descontinuado por 4 semanas antes desses diagnósticos - sorologia: mais aplicado para estudos epidemiológicos de prevalência ⇒ NÃO UTILIZAR PARA DIAGNÓSTICO OU AVALIAR TRATAMENTO Tratamento - erradicação da H. pylori - controle de erradicação - pelo menos após 4 semanas - teste respiratório ou pesquisa de antígeno fecal → principal: teste respiratório (para o paciente que não precisa repetir a EDA) - teste molecular: avaliar a resistência a antimicrobianos após a falha no 2º ou 3º tratamento - retratamento (em casos de não erradicação da bactéria)
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