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APOSTILA DE REUMATOLOGIA CLÍNICA UNINGÁ

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
REUMATOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERIZAÇÃO DO PACIENTE REUMÁTICO, AVALIAÇÃO DO 
PACIENTE REUMÁTICO E FISIOTERAPIA APLICADA À 
DOENÇA INFLAMATÓRIA DO TECIDO CONJUNTIVO 
(ARTRITE REUMATOIDE) 
PROF.A MA. ELY CLÉA DA SILVA ZANATTA 
 
 
 
 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5 
1. CARACTERIZAÇÃO DO PACIENTE REUMÁTICO ............................................................................ 7 
1.1 INTRODUÇÃO À REUMATOLOGIA............................................................................................. 7 
1.2 BREVE REVISÃO SOBRE TECIDO CONJUNTIVO, ARTICULAÇÕES SINOVIAIS E INFLAMAÇÃO ............... 10 
2. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DOS PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA REUMÁTICA ........................ 12 
3. AVALIAÇÃO CINESIOFUNCIONAL EM REUMATOLOGIA SUBJETIVA .................................................. 13 
4. ARTRITE REUMATOIDE ......................................................................................................... 14 
4.1 CONCEITO ........................................................................................................................ 14 
4.2 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................................... 15 
4.3 ETIOPATOGÊNESE ............................................................................................................. 15 
4.4 FISIOPATOLOGIA .............................................................................................................. 15 
 
 
 
 
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4.5 QUADRO CLÍNICO .............................................................................................................. 15 
4.6 MANIFESTAÇÕES ARTICULARES .......................................................................................... 16 
4.7 LESÕES EXTRA-ARTICULARES .............................................................................................. 17 
4.8 EXAMES COMPLEMENTARES ........................................................................................... 18 
4.9 EXAMES RADIOLÓGICOS ................................................................................................... 18 
4.10 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ................................................................................................ 19 
4.11 PROGNÓSTICO .............................................................................................................. 19 
4.12 TRATAMENTO CLÍNICO (MEDICAMENTOSO) ........................................................................... 20 
4.13 TESTES FUNCIONAIS/QUALIDADE DE VIDA ........................................................................... 21 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) acadêmico(a), é com grande satisfação que apresentamos a você o 
conteúdo que fará parte da disciplina de Reumatologia clínica. Como atuante na área 
de fisioterapia em reumatologia clínica, e sabendo da importância em prevenir as 
complicações das doenças reumáticas, diminuir a velocidade de evolução da doença e 
melhorar a qualidade de vida do paciente portador de doença reumática, ressalto aqui a 
necessidade de utilizar referências básicas e atualizadas sobre reumatologia. Sendo assim, 
através de um material baseado em evidências, é possível contribuir para a condução de 
um aprendizado teórico, mas fundamentado na prática atual desse conteúdo (Cf. 
CHIARELLO; PATRICIA; RADL, 2005; DAVID; LLOYD, 2001; LIANZA, 2001; SKARE, 1999). 
Sou a professora Ely Cléa da Silva Zanatta, com graduação em Fisioterapia, 
especialização em morfofisiologia humana aplicada à reabilitação, com vários cursos de 
formação em técnicas e métodos de tratamento de fisioterapia, que utilizam recursos de 
terapia manual e cinesioterapia no atendimento ao paciente portador de doença 
reumática. 
Pretende-se, com este material, levar você a reflexões e à compreensão da 
pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
e conhecimentos específicos da área e atuar de forma competente e consciente, como 
convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Assim, elaborou-se o 
presente material com a intenção de torná-lo subsídio valioso para facilitar sua 
caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. 
Utilize-o como instrumento para seu sucesso na carreira escolhida. 
Os objetivos de aprendizagem desta primeira unidade são: caracterizar o paciente 
reumático; apresentar uma introdução à reumatologia; fazer breve revisão de tecido 
conjuntivo, articulação sinovial e mecanismo inflamatório; abordar a dor crônica e 
aspectos psicológicos dos pacientes com doenças reumáticas; apresentar princípios e 
etapas da avaliação fisioterapêutica objetiva e subjetiva (anamnese) do paciente 
reumático; abordar a fisioterapia aplicada à doença inflamatória do tecido conjuntivo 
(artrite reumatoide): conceito; etiologia; epidemiologia; fisiopatologia; manifestações 
clínicas; diagnóstico clínico, diagnóstico diferencial e diagnóstico cinesiofuncional; 
evolução; análise de exames por imagens; exames laboratoriais; avaliação 
cinesiofuncional; orientações e tratamento fisioterapêutico e qualidade de vida em 
pacientes com artrite reumatoide. 
Vale ressaltar que a expectativa de vida vem aumentando no mundo e no Brasil, 
havendo uma projeção de que, nos próximos 20 anos, a população de idosos poderá 
ultrapassar 30 milhões de pessoas, o que representará cerca de 13% da população. E 
devido aos avanços no tratamento de doenças antes consideradas com mortalidade alta, 
associados a mudanças no estilo de vida em países em desenvolvimento e ao aumento da 
expectativa de vida, houve um aumento na incidência de pacientes com doenças crônico-
degenerativas no mundo. 
Esses pacientes precisam ser enxergados através de uma visão holística, ou melhor, 
devem ser vistos como um todo (global). Não apenas como indivíduos portadores de 
determinada patologia sem cura, mas que possuem sintomas associados que precisam e 
podem ser aliviados. Devido ao fato de poderem ter suas dores controladas, é possível 
retomar a autonomia em suas vidas para atividades de cuidados pessoais diários, que 
refletem diretamente na qualidade de vida. A esfera psicológica também necessita ser 
avaliada, pois a depressão e a ansiedade têm uma prevalência alta nesse grupo e um dos 
mecanismos de aumento da dificuldade no controle da dor se dá pelo fenômeno de 
amplificação, que pode ser reduzido ao se tratar a depressão associada. 
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Para suprir as necessidades de pacientes com doença reumática e também para a 
sua família, visto que a doença crônica envolve todo o contexto familiar no qual está 
inserida, é importante o trabalho em equipe multiprofissional, com atuação 
interdisciplinar, propiciando uma visão mais completa do paciente, de sua família e da 
realidade social em que vivem. 
A fisioterapia atua neste cenário, juntamente com a equipe interdisciplinar, visto 
que apresenta recursos de tratamento necessários, quando é verificada a necessidade de 
mobilização e movimentação do indivíduo, de forma que nossa atuação tem grande 
importância na promoção da melhora de flexibilidade, força, resistência, condicionamento 
e restauração de função. 
A fisioterapia em reumatologia, especificamente, é uma área de atuaçãoque busca 
promover a qualidade de vida e a promoção da saúde em indivíduos com doenças 
reumáticas. 
A área de estudo e de atuação dos fisioterapeutas em reumatologia é promissora. 
De acordo com o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), 
ainda não existe a especialidade de fisioterapia em reumatologia. O CREFITO-8, que é 
responsável pelos fisioterapeutas do Paraná, por meio de seu grupo de trabalho de 
fisioterapia em reumatologia, encaminhou, em junho de 2017, uma proposta ao COFFITO 
de reconhecimento e normatização da especialidade profissional de fisioterapia em 
reumatologia. 
Pensando em tudo o que foi abordado acima, desejo a você, acadêmico(a), uma 
ótima aula e leitura proveitosa sobre todos os temas que serão abordados nas unidades 
desta disciplina. E lembre-se de que vencer consiste em 1% de inspiração e 99% de 
transpiração. Vamos iniciar, então? Ótimos estudos! 
 
 
Quando uma pessoa diz que tem reumatismo, o que devo pensar? Reumatismo é 
mesmo uma doença? Em sua maioria, as doenças que caracterizam as doenças 
reumáticas são vistas em pessoas de idade avançada. Será que crianças também 
podem ter? 
 
 
 
 
 
 
A Sociedade Paranaense de Reumatologia (SPR) alerta sobre a existência de mais 
de 100 tipos de doenças reumáticas e a necessidade de procurar um médico tão 
logo se perceba um sintoma. Alerta ainda que, ao apresentar sinais como limita- 
ções durante a realização de movimento simples como escovar os cabelos ou os 
dentes, fraquezas musculares, dores persistentes, edemas, cansaço sem justifica- 
tiva aparente, rigidez matinal ou nas últimas horas da noite – sem que tenha havi- 
do contusão e/ou trauma, isto é, sem motivo aparente –, o médico reumatologista 
é o especialista indicado para realizar o diagnóstico clínico a partir dos sintomas 
clínicos e demais exames, caso necessário. 
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1. CARACTERIZAÇÃO DO PACIENTE REUMÁTICO 
 
1.1 Introdução à Reumatologia 
O reumatismo é um termo genérico utilizado para caracterizar não só uma, mas 
um grupo de doenças que acometem o sistema de sustentação do corpo, o 
musculoesquelético, principalmente os ossos e as articulações. Portanto, reumatismo não 
é uma doença, e sim um grupo de doenças. Por isso, quando uma pessoa diz ter 
reumatismo, deve-se saber qual é o tipo, visto que são mais de 120 categorizados. 
Certas doenças reumatológicos causam alterações nos exames de sangue. É daí 
que vem a expressão “reumatismo no sangue” e, na verdade, a pessoa não precisa 
necessariamente ter um exame de sangue alterado para ter uma doença reumatológica, e o 
contrário também é verdadeiro. Somente um exame positivo não significa que a pessoa 
tem reumatismo. Exemplos disso são os exames FAN e o Fator Reumatoide. 
 
Figura 1 - Estruturas sedes das principais alterações fisiopatológicas nas doenças reumáticas. 
Fonte: Carvalho et al. (2014). 
 
Podem afetar ossos, articulações, músculos e tendões, além de outros órgãos, 
como o coração, os rins, os pulmões, o sistema nervoso, os olhos e a pele. Embora 
acometam vários órgãos, em quase todos os casos, o principal sintoma é a dor. A dor pode 
ser localizada em uma articulação ou membro, mas também pode ser sentida em todo o 
corpo, associada ou não à inflamação. E é nesse momento que se faz fundamental 
procurar um profissional especialista, para identificar a causa da dor e propor o 
tratamento mais adequado em cada caso. 
São doenças muito diversas e complexas, podendo ter causa ou ser idiopática (sem 
causa), podendo ser de origem degenerativa (Artrose), metabólica (Osteoporose); 
inflamatória (Artrite Reumatoide e Espondilite Anquilosante); infecciosa (como as 
artrites reativas – Síndrome de Reiter); imunológica (Lúpus Eritematoso); e depósito de 
microcristais (Gota). 
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A maior parte das doenças reumáticas tem origem desconhecida, mas a 
investigação clínica tem avançado muito nos últimos anos e os doentes já dispõem de 
medicamentos eficazes para o controle ou mesmo remissão de algumas dessas doenças. 
As doenças reumáticas têm caráter sistêmico e não têm cura, mas têm tratamento. 
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ser a chave para uma vida 
produtiva e com qualidade. Podem acometer indivíduos de todas as faixas etárias, de 
crianças a idosos. Em crianças, pode surgir a artrite idiopática juvenil e a febre reumática. 
As doenças reumáticas estão entre as enfermidades mais prevalentes no mundo. 
Caracterizam-se principalmente por causar comprometimento funcional, incapacidade 
e dor, levando a um grande impacto psicológico, físico e social, o que, consequentemente, 
compromete a qualidade de vida dos pacientes. A qualidade de vida é indicativa de 
morbidade e mortalidade e possui um papel importante nas decisões referentes à 
destinação de recursos, ao desenvolvimento de intervenções e ao tratamento de pacientes 
portadores de doenças reumáticas. Estudos demonstram significativo papel da ansiedade 
e/ou depressão nos pacientes reumáticos, apresentando uma queda em sua qualidade de 
vida. 
A doença existe independentemente da época do ano, porém acontece que a 
percepção dolorosa e a sensibilidade aumentam bastante em baixa temperatura, levando o 
paciente a pensar que os incômodos aparecem e a doença se manifesta durante o frio. 
Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Reumatologia, as doenças 
reumáticas podem acometer cerca de 15 milhões de brasileiros e são uma das principais 
causas de auxílio- doença, afastamento do trabalho ou aposentadoria precoce por doença. 
Além disso, as doenças reumáticas não afetam apenas pessoas idosas – na verdade, boa 
parte das chamadas doenças reumáticas pode surgir por volta dos 35-40 anos, mas a 
dificuldade do diagnóstico pode levar à sua progressão e incapacidade física. 
A artrite e as doenças das articulações têm causado morbidade na humanidade 
desde épocas antigas. Por volta de 1500 a.C., em Ebers, um papiro descreveu uma 
circunstância similar à artrite reumatoide. Provavelmente, trata-se da primeira referência 
a essa doença. 
Há uma evidência da artrite reumatoide nas mamãs egípcias, e no estudo de G. 
Elliot, verificou-se que a artrite reumatoide era uma doença predominante entre egípcios. 
Na literatura indiana, Charak Samhita (300-200 a.C.) descreveu uma circunstância 
com dor, edema e perda de mobilidade e da função. Hippocrates descreveu a artrite de 
forma geral em 400 a.C. Galeno introduziu o rheumatismus do termo. 
Em 1858, B. Garrod nomeou a artrite reumatoide, fazendo a distinção entre a 
artrite reumatoide e a gota. 
Em 1932, o Comitê Internacional do Reumatismo foi formado. Transformou-se 
mais tarde na Associação Americana do Reumatismo e então Faculdade Americana de 
Reumatologia. 
As doenças reumáticas caracterizam-se por manifestações crônicas e 
degenerativas que geram limitações das atividades de vida diária. Dores, redução dos 
movimentos articulares, recrutamento neuromuscular inadequado, perda do 
condicionamento cardiovascular e respiratório, alterações do trofismo da pele, além de 
transtornos em outros sistemas, fazem parte do conjunto de incapacidades apresentadas 
por indivíduos portadores dessas doenças. 
É importante ressaltar que a reabilitação é um processo diário, que não se limita a 
um número pequeno de sessões de fisioterapia, é necessário envolver intervenção diária e 
passar por diversas etapas. Por isso, é fundamental a educação desses indivíduos no sentido 
de que aprendam a ter autocontrole e a se educarem dentro das limitações impostas pela 
condição clínica. 
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Atualmente, os fisioterapeutas que estudam as doenças reumáticas contamcom 
uma abordagem baseada em evidências em sua tomada de decisão clínica, que inclui seu 
próprio julgamento clínico, preferência do paciente e evidências derivadas de resultados 
de pesquisa científica. Têm aumentado muito os estudos sobre o assunto, e são úteis para 
dar o suporte nas tomadas de decisões clínicas. 
Quanto à classificação, as doenças reumáticas são classificadas de acordo com os 
mecanismos de lesão ou localização das doenças. 
• Doenças inflamatórias do tecido conjuntivo: ocorre a inflamação do tecido 
conjuntivo, apresentam caráter genético e distúrbios do sistema imunológico, e 
produção de anticorpos anômalos (autoimunes). Exemplos de doenças: Lúpus 
Eritematoso Sistêmico (LES), AR (Artrite reumatoide). 
• Vasculites sistêmicas: ocorre a inflamação dos vasos sanguíneos, isquemia e 
destruição tecidual. Exemplo: Arterite de Takayasu. 
• Espondiloartropatias: ocorre um processo inflamatório da coluna vertebral, 
podendo ou não causar artrite nas articulações periféricas e provocar inflamação 
em órgãos (olhos, uretra, glande peniana). Exemplos: Espondilite Anquilosante, 
Artrite Psoriática. 
• Doenças osteometabólicas: ocorre alteração no metabolismo dos ossos. 
Exemplos: Osteoporose, Doença de Paget, Osteomalácia. 
• Doenças articulares degenerativas: ocorre a degeneração das cartilagens 
articulares. Exemplo: Osteoartrose (artrose). 
• Artropatias microcristalinas: doenças que comprometem as articulações e partes 
moles, tendo como causa depósitos de microcristais. Exemplo: Gota. 
• Artropatias Infecciosas e Reativas: doenças com comprometimento 
osteoarticular associadas a processos infecciosos no local ou a distância, de 
diversas causas. Exemplos: Artrite infecciosa (osteomielite, doença de Lyme), 
Artrite Reativa (Síndrome de Reiter), Febre Reumática. 
• Doenças reumáticas extra-articulares: doenças que acometem estruturas nas 
vizinhanças de uma articulação ou coluna vertebral. Exemplos: Dor Miofascial; 
Fibromialgia; Tendinites; Bursites; Exostose óssea; Epicondilite. 
• Artropatias secundárias a outras doenças não reumáticas: comprometimento 
osteoarticular relacionado ao contexto clínico e evolutivo de outras doenças. 
Exemplos: Diabetes Mellitus; Hipotireoidismo; Hipertireoidismo; Tumores 
malignos;Doenças hematológicas. 
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1.2 Breve Revisão sobre Tecido Conjuntivo, Articulações Sinoviais e In- 
flamação 
Funções do tecido conjuntivo 
• Sustentação dos tecidos/órgãos/corpo como um todo. 
• Preenchimento e adesão entre tecidos (estruturação dos órgãos). 
• Meio de passagem de vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. 
• Nutrição (facilita difusão de gases, nutrientes e metabólitos entre o sangue e os tecidos). 
• Reserva energética/células adiposas. 
• Defesa (órgãos linfoides, células linfoides e do sistema mononuclear fagocitário). 
Participação de suas células na resposta inflamatória, sede da maioria das 
respostas inflamatórias. 
• Produção de células sanguíneas (medula óssea: hematopoiética). 
 
Componentes fibrilares do tecido conjuntivo 
• Colágeno: proteína mais abundante. 
• Colágeno Tipo I: sintetizado por fibroblastos (pele, tendão, ossos e parede dos vasos). 
• Tipo II: produzido pelos condrócitos – cartilagem. 
• Tipo III: sintetizado por células do músculo liso (vasos, intestino, pele). 
• Possui a função de fornecer resistência e integridade estrutural a diversos tecidos e órgãos. 
• Reticulares: anastomoses/rede. Finas e inelásticas, constituídas pela reticulina 
(tipo de colágeno). Arcabouço interno das glândulas. São abundantes no baço, 
linfonodo, fígado, medula óssea. 
• Elástica: de cor amarela, o componente principal é a elastina. Suporta grandes 
trações. São ligamentos, abundantes em paredes dos vasos, parênquima 
pulmonar. 
 
Componentes celulares 
• Osteoblastos: precursores dos osteócitos, com a função de sintetizar tecido ósseo. 
Junto ao osteoclasto, regulam o metabolismo ósseo. 
• Condrócitos: a partir dos condroblastos, apresenta a função de sintetizar e 
secretar componentes da cartilagem: glicosaminoglicanas e colágeno. 
• Fibroblastos: mais abundante e apresenta a função de síntese de proteínas. 
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Classificação das articulações 
• Articulações fibrosas: unidas por lâminas fibrosas. Sem cavidade articular. 
Exemplos: suturas, articulações tibiofibulares, unidas por tecido fibroso. 
• Articulações cartilaginosas: lâmina cartilaginosa entre as peças esqueléticas. 
Sem cavidade articular. Exemplos: sínfises, discos intervertebrais. 
• Articulações sinoviais: cavidade articular, membrana sinovial, cápsula articular, 
ligamentos, cartilagem articular e líquido sinovial. 
 
Estrutura das articulações sinoviais 
• Cartilagem articular: é nutrida pela membrana e pelo líquido sinovial. Tem o 
objetivo de servir como amortecedor; facilitar a congruência entre as superfícies 
articulares; absorver impactos. 
• Cavidade articular: é o espaço com líquido sinovial. É revestida pela membrana sinovial. 
• Células sinoviais: revestem internamente a superfície da maioria das 
articulações. Têm a função de produzir líquido sinovial e substâncias para o 
metabolismo da cartilagem articular. Fazem fagocitose. 
• Cápsula: são feixes de fibras colágenas que unem extremidades articuladoras. 
Apresentam terminações nervosas proprioceptivas e de dor. 
• Ligamentos: semelhantes aos tendões, são fibras de colágeno, pouco regulares, 
com algumas fibras elásticas. 
• Bainhas tendíneas: tendão com movimentos mais amplos. Facilitam 
deslizamento, reduzem atrito. 
• Membrana sinovial: é um tecido fibroso vascular, que apresenta células sinoviais. 
Reveste a cápsula e todas as estruturas intra-articulares, exceto a cartilagem 
articular (contato direto com o líquido sinovial). 
• Estruturas intra-articulares: discos cartilaginosos articulares e almofadas de 
gordura (Hoffa). 
• Líquido sinovial: é incolor, translúcido e viscoso. Delimitado pelas membranas 
sinoviais, contém células sinoviais. Apresenta a função de lubrificação, 
amortecedor hidráulico e dissipar forças, além de nutrição da cartilagem. 
 
Inflamação 
A inflamação é uma reação local do tecido a um agente agressor. É uma resposta 
inespecífica. Caracteriza-se por alterações que tendem a limitar ou amenizar os possíveis 
efeitos de agressão. É uma reação intimamente ligada a processo de bloqueio e reparação, 
tentando evitar a difusão do processo. 
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Sinais e sintomas (cardinais) 
Calor, rubor, tumor, dor e perda da função. O rubor e calor ocorrem devido ao 
aumento da circulação local. O tumor ocorre devido ao aumento local do líquido 
intersticial. A dor depende do acúmulo de substâncias biológicas que atuam sobre as 
terminações nervosas. 
Estágios da inflamação 
• Estágio agudo (reação inflamatória) 
Características: alterações vasculares; exsudação de células e produtos químicos; 
formação de coágulos; fagocitose, neutralização de irritantes com atividade 
fibroblástica inicial. 
• Estágio subagudo (reparo e cicatrização) 
Características: remoção de estímulos nocivos; crescimento de leitos capilares na 
área; formação de colágeno; formação de tecido de granulação (tecido muito frágil, 
facilmente lesável). 
• Estágio crônico (maturação e remodelamento) 
Características: maturação do tecido conectivo; contratura do tecido cicatricial; 
remodelamento da cicatriz; colágeno alinha-se às sobrecargas. 
 
2. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DOS PACIENTES PORTADORES DE 
DOENÇA REUMÁTICA 
 
De acordo com o IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor), dor pode 
ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com 
lesão tecidualreal ou potencial ou descrita em termos de tal lesão. É uma experiência 
subjetiva, aversiva a um estímulo nocivo, externo ou interno, relacionada a uma lesão 
tecidual real ou potencial, e caracterizada por respostas voluntárias, reflexas e 
psicológicas, de forma que demonstra o aspecto subjetivo da dor, uma forma de expressão 
de sofrimento. 
A dor crônica é a dor que persiste depois do tempo esperado para cura ou 
cicatrização, que normalmente seria de 3 meses. É a dor que persiste por mais de 6 meses 
após lesão e por tempo maior que o usual para a recuperação desse tipo de lesão, ou a dor 
contínua na presença ou ausência de patologia demonstrável, e também a dor que não 
responde aos tratamentos usuais para a dor. Pacientes com dor crônica usam os serviços 
de saúde cinco vezes mais do que o restante da população. 
Mulheres relatam dores mais intensas, mais frequentes, mais locais de dor, 
apresentam limiar de dor mais baixo, visitam o médico com mais frequência, fazem mais 
uso de analgésicos, têm maior tendência a desenvolverem dor crônica e, no período da 
pré-adolescência, as incidências são similares. 
A dor crônica afeta entre 20 e 40% da população mundial em algum momento da 
vida e causa sofrimento, inaptidão ao trabalho, problemas psicossociais e prejuízos 
econômicos. 
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Um estudo epidemiológico inédito feito pela Sociedade Brasileira para o Estudo da 
Dor (SBED), em 2015, incluiu 919 pessoas das cinco regiões do Brasil, entrevistadas por 
telefone, a partir de uma seleção aleatória do banco de dados do IBGE e, deste total, 42% 
relataram algum tipo de dor e 37% disseram conviver com dor há, pelo menos, seis 
meses. A pesquisa revelou algumas diferenças entre as regiões, com a maior incidência 
(42%) no Sul, seguido do Sudeste (38%). Exceto no Nordeste, onde os homens (52%) 
relataram mais o problema, a dor aflige mais as mulheres nas demais regiões, sobretudo 
no Norte (67%). 
Cerca de 21% das pessoas com dor crônica sofrem de depressão. Dentre os 
sintomas psicossociais de doenças reumáticas, estão a deterioração da capacidade para o 
trabalho associada às limitações funcionais e dor, reflexo na vida sexual e na relação 
conjugal do casal, grave implicação nos cuidados dos familiares para com o doente. 
Tem efeito devastador no cotidiano do paciente, pelo impacto direto na vida 
profissional, social, familiar e de vida diária. Tudo isso devido ao impacto psicológico gerado 
pela incapacidade, que é a frustração e depressão. 
A limitação funcional que acarreta dificuldade na utilização de várias articulações 
envolvidas no quadro da doença, o fato de a dor inflamatória impedir o repouso, 
agravando- se durante a noite, pode tornar muito difícil o dia a dia desses pacientes. As 
atividades de vida diária, limitadas pela incapacidade de utilizar os membros superiores, 
e a marcha também, pelo comprometimento dos membros inferiores, repercutem 
negativamente na qualidade de vida e esperança de vida. 
Devido aos afastamentos frequentes do trabalho, as demissões antecipadas 
acontecem em até 70% dos casos, e 72% dos pacientes com AR, por exemplo, são 
declarados incapacitados para o trabalho em 5 anos após o diagnóstico inicial da doença. 
A perda da produtividade representa 63% do custo total da doença, e 50% dos pacientes 
não são mais capazes de trabalhar após 10 anos de diagnóstico da doença. 
A perda da autonomia, gerada pelas doenças reumáticas, pode ser responsável 
pelo aparecimento de um quadro de alteração de humor. 
A depressão associada a esses doentes faz com que sejam mais susceptíveis a 
sentir um nível mais elevado de dor e um estado clínico mais avançado, comprometendo o 
funcionamento físico desses pacientes. E o agravamento das condições clínicas leva a 
maiores níveis de limitação funcional, declínio da qualidade de vida e piora da depressão. 
 
3. AVALIAÇÃO CINESIOFUNCIONAL EM REUMATOLOGIA SUBJETIVA 
 
Pontos importantes da anamnese 
• A identificação do paciente é feita através dos seguintes dados: sexo, idade, raça, 
profissão, procedência e classe social (escolaridade), hobbies. 
• Queixa principal: dor e o estado emocional (limiar de dor, componente psicológico). 
• Queixas articulares (dor, calor, rubor, edema e crepitação), rigidez articular, 
artralgia x artrite. 
• Dor: sede, tipo (pontada, fisgada, peso, queimação, latejante), intensidade 
(pequena, média e grande), irradiação, ritmo (inflamatório/mecânico), 
periodicidade (“remitente”, “intermitente” ou “constante”), sinais que 
acompanham, fatores de piora, de melhora e ordem de acometimento articular. 
• Analisar as relações temporais dos vários sintomas, início e variabilidade. 
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• Diagnóstico diferencial: interpretação de sinais e sintomas clínicos, exame físico, 
conhecimento da doença, etiologia, palpação, testes provocativos, imaginologia. 
• Anamnese especial: sintomas gerais – febre, emagrecimento e inapetência (falta de 
apetite), fraqueza (fadiga) acompanhando a enfermidade – diagnóstico de doença 
sistêmica, e não apenas articular. 
 
Envolvimento sistêmico 
Alterações mucocutâneas: depois da articulação, as alterações mucocutâneas são 
queixas reumáticas mais frequentes – chave de vários diagnósticos. Lesões na pele, 
mucosa, úlceras orais e genitais. 
Linfonodopatia e hepatoesplenomegalia: nas doenças autoimunes (aumento de 
linfonodos), na sua presença, considerar o diagnóstico diferencial de outras patologias 
com microrganismos. 
Sistema cardiovascular: o coração pode estar comprometido em decorrência de 
algumas patologias reumáticas. 
Sistema respiratório: praticamente todas as colagenases estão associadas à 
doença pulmonar intersticial, como a AR, o LES. 
Sistema digestivo: algumas patologias do aparelho digestivo estão associadas a 
manifestações reumáticas. 
Sistema nervoso: quanto ao sistema nervoso, é comum a presença de neuropatia 
periférica em doenças reumáticas, como na AR, no LES e nas vasculites. 
Alterações geniturinárias: uretrite da síndrome, litíase (cálculo) renal da gota e 
as nefrites de origem autoimune, como no LES e nas vasculites. Mais comum é a alteração 
da função renal secundária ao uso de medicações, principalmente anti-inflamatórios. 
Alterações visuais: em patologias como LES e AR, os olhos podem ser acometidos 
com episclerite (inflamação da episclera), esclerite (inflamação profunda e dolorosa na 
esclera – parte branca dos olhos) e conjuntivite. 
Exame físico 
Palpação, ADM, PFM, postura estática e dinâmica, testes especiais, sensibilidade. 
 
4. ARTRITE REUMATOIDE 
 
4.1 Conceito 
É uma doença sistêmica do tecido conjuntivo, cujas alterações predominantes nas 
estruturas articulares, periarticulares e tendinosas ocorrem por sinais cardinais de 
inflamação, comprometendo a membrana sinovial. De etiologia desconhecida e 
caracterizada pela presença de uma sinovite persistente, todas as articulações sinoviais 
estão envolvidas, preferentemente periféricas, e de caráter simétrico. 
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4.2 Epidemiologia 
A prevalência da AR é estimada em 0,5%-1% da população geral, mais comum em 
mulheres, numa proporção de 3 mulheres para um homem. A faixa etária predominante é 
a de 35 e 50 anos. A prevalência aumenta com a idade. 
 
4.3 Etiopatogênese 
A AR é uma doença de patogênese complexa e multifatorial, com a participação de 
fatores genéticos, hormonais e ambientais. Muitos fatores, incluindo a predisposição 
genética, podem influenciar o padrão da doença. Acredita-se que fatores ambientais 
desconhecidos (como infecções virais e o tabagismo) desempenhem um papel. 
Infecção: sem evidência definida da presença de um microrganismo específico.Alteração da resposta imunológica em indivíduos geneticamente 
predispostos: é uma doença autoimune, ou seja, às vezes, o sistema imunológico 
funciona de forma incorreta e considera os próprios tecidos do organismo como 
elementos estranhos e produz anticorpos anômalos (denominados autoanticorpos) ou 
células imunológicas que vigiam e atacam determinadas células ou tecidos do organismo. 
Esta resposta é a reação autoimune, que resulta em inflamação e dano tecidual. 
Hereditariedade. 
Fatores endócrinos: incidência maior nas mulheres; remissões comuns na gravidez; 
exacerbações comuns na menopausa; uso de contraceptivos orais (alta quantidade de estrógeno 
= proteção) associado à diminuição da incidência de AR. 
Aparecimento associado ao traumatismo psíquico. 
 
4.4 Fisiopatologia 
Líquido sinovial: turvo e aquoso. 
A membrana sinovial se torna hipertrófica e hiperplásica, torna-se espessada, 
hiperêmica e edematosa, com a formação de um tecido de granulação que recobre a 
cartilagem e o osso subcondral (pannus). O pannus é um tecido invasivo composto por 
células que produzem grandes quantidades de enzimas destrutivas que progressivamente 
substituem a cartilagem hialina. O novo tecido apresenta uma rica formação vascular, a 
angiogênese, que é fundamental para o desenvolvimento e a manutenção da fase crônica. 
O resultado final é a anquilose fibrosa ou óssea. O pannus (tecido de granulação) se 
propaga pela cartilagem. 
Cápsula articular: espessamento (edema e fibrose). 
Cartilagem articular: aspereza, afinamento e necrose focal. Ocorre uma erosão 
provocada por enzimas (colagenase, proteinases, elastase). 
Osso justa-articular: osteoporose precoce, tecido de granulação e posteriormente 
tecido fibroso se unem ao pannus em fase de organização, levando à anquilose fibrosa. 
4.5 Quadro Clínico 
Instalação de forma insidiosa e progressiva em 70% dos casos, levando de 
semanas a meses até o seu estabelecimento completo. Os sintomas iniciais podem ser 
articulares e/ou sistêmicos. Em alguns pacientes, os sintomas iniciais podem ser de 
astenia, fadiga, mal-estar, febre baixa ou dores musculoesqueléticas vagas antes do início 
das queixas articulares. Em 15% a 30% dos pacientes, o início da doença se faz de forma 
aguda ou subaguda. 
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4.6 Manifestações Articulares 
É uma doença cíclica, com exacerbações e remissões, podendo se tornar crônica e 
destrutiva. Mono ou poliarticular, envolve todas as articulações do esqueleto periférico. É 
raro o envolvimento do esqueleto axial, com exceção da coluna cervical. Constata-se 
presença de rigidez matinal. 
As articulações metacarpofalangianas (MCFs) e interfalangianas proximais das 
mãos (IFPs), interfalangianas dos polegares, os punhos e as articulações 
metatarsofalangianas (MTFs) são as mais frequentemente envolvidas na enfermidade 
precoce, seguidas de punhos, joelhos, ombros, tornozelos, cotovelos e quadris. 
Punho e mão: característica de semiflexão dos punhos, com saliência da cabeça da 
ulna, desvio ulnar dos dedos, ligado a um afrouxamento dos meios de contenção das 
articulações MCFs. MCFs tendem a luxar, com desvio ulnar. Dedos em fuso, 
secundários à tumefação das articulações IFPs; dedos em pescoço de cisne, pela 
hiperextensão das articulações IFPs e flexão das IFDs; dedos em botoeira, caracterizados 
por uma flexão das articulações. IFPs e hiperextensão das IFDs; dedos em martelo, 
formados pela flexão permanente das articulações IFDs. O acometimento dos polegares 
ocorre em uma posição em Z. 
 
Figura 2 - Mão reumatoide mostrando dedos em pescoço de cisne, polegar em Z e desvio ulnar dos dedos. Fonte: 
Carvalho et al. (2014). 
 
Figura 3 - Mão reumatoide mostrando 3º e 4° dedos em botoeira, 2º e 5° em pescoço de cisne. Fonte: 
Carvalho et al. (2014). 
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Tornozelos: a retificação, ou desabamento, do arco anterior (metatarsiano) 
cria um pé plano anterior seguido por calosidades localizadas nas regiões de apoio sob as 
cabeças metatarsianas luxadas. Essas alterações levam à queixa de dor ao pisar e 
deambular, em que o paciente diz que se sente como se estivesse “andando sobre 
pedregulhos”. Podem ocorrer hálux valgo e calos sobre as articulações IFPs, que muitas 
vezes se encontram em hiperflexão. O acometimento dos tornozelos e das articulações 
subtalares pode levar à claudicação durante a marcha. 
 
Figura 4 - Pé plano-valgo reumatoide. Fonte: Carvalho et al. (2014). 
 
Figura 5 - Pés reumatoides mostrando pé plano anterior, calosidades plantares e hálux valgo bilateral. 
Fonte: Car- valho et al. (2014). 
 
O caráter crônico e destrutivo da doença pode levar à limitação funcional, com 
perda de capacidade laboral e de qualidade de vida. 
Além de deformidade irreversível e de limitação funcional, pacientes com AR e 
doença avançada podem apresentar menor sobrevida, o que confirma a gravidade dessa 
doença. 
 
4.7 Lesões Extra-articulares 
Nódulos subcutâneos: ocorrem em 20 a 30% dos pacientes, principalmente em 
pacientes que têm o FR positivo (soropositivos) e, mais raramente, nos soronegativos 
(ausência de FR). São indolores, com zonas submetidas à pressão. 
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Vasculites de pequenos vasos (infartos vasculares): são consideradas uma complicação. 
Lesões cardíacas: eventos cardiovasculares isquêmicos ocorrem uma década 
mais cedo nos pacientes com AR, sugerindo ser um fator de risco de doença arterial 
coronariana (DAC), responsável pela morbidade e mortalidade aumentada. 
Manifestações pulmonares: são responsáveis por 10% a 20% das mortes dos 
pacientes com AR, principalmente na forma de pleurite com ou sem derrame, nódulos 
pulmonares, fibrose intersticial e pneumonite com ou sem vasculite. 
Manifestações oftalmológicas: acometem cerca de 15% a 25% dos pacientes 
com AR. E a ceratoconjuntivite seca (olho seco) é a manifestação mais comum, afetando 
cerca de 10% dos pacientes. Quando se associa a um comprometimento inflamatório das 
glândulas salivares, cuja tradução mais comum é a xerostomia (boca seca), tem-se a 
síndrome de Sjõgren secundária. A AR é a doença mais comumente associada a essa 
síndrome. 
Manifestações gerais: fadiga profunda ou cansaço inexplicável. 
Anemia: 50% dos pacientes. 
Fenômeno de Raynaud: palidez, cianose e rubor associados à dor. 
4.8 Exames Complementares 
Os exames laboratoriais, na artrite reumatoide, não apresentam especificidade, 
mas um conjunto de achados, adicionados à história clínica, ao exame físico e aos dados 
de exames de 
imagem, permite a elaboração do diagnóstico clínico. 
No hemograma, verifica-se anemia moderada e encontrada nas formas mais ativas 
da doença, e habitual nas doenças crônicas. 
A concentração sérica do ferro pode estar baixa, enquanto a ferritina pode estar 
elevada na fase aguda. 
As provas de atividade inflamatória – velocidade de hemossedimentação (VHS) e a 
dosagem de proteína C reativa (PCR) e mucoproteínas – são os marcadores laboratoriais 
mais utilizados para avaliar o grau de atividade da AR e a evolução do processo 
inflamatório, embora desprovidas de especificidade. 
A pesquisa do fator reumatoide (prova do látex) é positiva em 80% dos pacientes. 
A negatividade do FR não exclui o diagnóstico de AR e sua positividade deve ser 
cuidadosamente interpretada de acordo com os achados clínicos. 
O líquido sinovial se apresenta com redução da viscosidade, turvo e constata-se 
presença de leucocitose. 
 
4.9 Exames Radiológicos 
Alterações precoces: edema de partes moles, osteoporose periarticular, erosões, 
espaço periarticular diminuído. 
Estágios tardios: erosões graves, subluxações articulares, osteoporose 
generalizada, anquiloseóssea. 
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4.10 Critérios Diagnósticos 
De acordo com o American College of Rheumatology – ACR (1987), os critérios 
diagnósticos são: 
1. artrite de três ou mais articulações (envolvimento simultâneo). 
2. artrite (punho e/ou metacarpofalangiana). 
3. artrite simétrica. 
4. rigidez matinal (duração mínima de 60 minutos até a melhora máxima). 
5. presença de fator reumatoide. 
6. nódulos reumatoides (sobre proeminências ósseas ou superfícies extensoras 
ou em regiões justa-articulares). 
7. alteração radiológica sugestiva da AR. 
Em relação aos critérios 1 a 4, considera-se a duração mínima de seis semanas. Para o 
diagnóstico, são necessários quatro dos sete critérios mencionados. 
 
4.11 Prognóstico 
• Início súbito da evolução para melhor. 
• Sobrevida mais curta que a população normal. 
• Homens evoluem melhor. 
• Emagrecimento, cansaço com acometimento confirmado, prognóstico ruim. 
• VHS muito elevada e hemoglobina baixa na instalação do prognóstico ruim. 
• Alterações erosivas precoces no prognóstico ruim. 
• Atividade da doença persiste por mais de um ano, apesar do tratamento, no 
prognóstico desfavorável. 
 
 
Pela história da personagem Tatiana, sabemos um pouco mais so- 
bre artrite reumatoide, doença inflamatória crônica, autoimune, que 
afeta principalmente mulheres entre 35 e 50 anos. Dores e inchaço 
persistentes nas articulações – principalmente mãos, pés, joelhos 
– podem ser sinais de artrite reumatoide, que pelos sintomas po- 
dem se confundir com outras doenças. Se não tratada adequada- 
mente, pode levar à incapacidade física. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor 
o prognóstico. 
Disponível em: <https://www.reumatologia.org.br/videos/artrite-reumatoide-2/> 
Acesso em: 24 jan. 2020. 
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Você sabe o que é artrite reumatoide? É uma doença mais comum 
do que pensamos, pode acometer qualquer pessoa em qualquer 
idade e atinge 1% da população, sendo as mulheres mais acometi- 
das do que homens. Essa e outras informações você poderá encon- 
trar, assistindo a este vídeo: Artrite reumatoide | Série Saúde Brasil, 
 
 
 
4.12 Tratamento Clínico (Medicamentoso) 
Varia de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade, devendo ser 
mais agressivo, quanto mais agressiva for a doença. 
Os anti-inflamatórios são a base do tratamento, seguidos de corticoides para as 
fases agudas e drogas modificadoras do curso da doença, sendo a maior parte delas 
imunossupressoras. Os medicamentos modificadores do curso da doença (MMCDs) 
previnem danos estruturais (erosões), melhorando a capacidade funcional. Drogas 
modificadoras do curso da doença sintéticas (metotrexato, sulfassalazina, sulfato de 
hidroxicloroquina, difosfato de cloroquina) e, recentemente, os agentes 
imunobiológicos (adalimumabe, certolizumabe pegol, 
infliximabe) passaram a compor as opções terapêuticas. 
O tratamento com anti-inflamatórios deve ser mantido enquanto se observarem 
sinais inflamatórios ou o paciente apresentar dores articulares. Os anti-inflamatórios 
indicados são os não hormonais (Ibuprofeno, naproxeno). 
Também são indicadas drogas de ação lenta (antimaláricos: hidroxicloroquina ou 
cloroquina); drogas potentes (imunossupressores), como ciclosporina, ciclofosfamida, 
azatioprina; e corticoides (metilprednisolona, prednisona, fosfato sódico de 
prednisolona). 
 
 
O documentário Artrite reumatoide traz noções gerais apresenta- 
das por vários médicos reumatologistas sobre a artrite reumatoide, 
o diagnóstico clínico, sinais e sintomas, complicações, qualidade 
de vida, relação familiar com a doença. 
Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=HVSqV5sriKY> 
Acesso em: 24 jan. 2020. 
 
 
 
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tNv4kZalUeY> 
Acesso em: 24 jan. 2020. 
 
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4.13 Testes Funcionais/Qualidade de Vida 
Os testes desenvolvidos para avaliar a qualidade de vida e as funções dos 
pacientes com artrite reumatoide são: 
• Health Assessment Questionnaire (HAQ), simples e fácil de realizar, pode ser autoaplicado. 
• Teste Arthritis Impact Measurement Scale (AIMS) e o teste Nottigham profile são 
validados para o português, porém são longos e complexos, utilizados para 
pesquisas. 
• O SF – 36 é um teste genérico, não específico para artrite reumatoide. 
 
Os objetivos de tratamento de fisioterapia para os pacientes portadores de artrite 
reumatoide são: 
• Informar o paciente quanto à doença; 
• Estimular a adesão ao tratamento; 
• Aliviar a dor; 
• Reduzir o processo inflamatório; 
• Estimular a adesão; 
• Orientar quanto à patologia; 
• Reduzir a ansiedade e tensão; 
• Melhorar a qualidade de vida; 
• Reduzir a rigidez; 
• Melhorar e/ou manter ADM; 
• Melhorar e/ou manter força muscular; 
• Prevenir a instalação de deformidades; 
• Recuperar e/ou evitar a perda da função; 
• Promover um condicionamento cardiorrespiratório; 
• Melhorar a propriocepção. 
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Recursos de tratamento de fisioterapia mais utilizados: 
• Modalidade de calor; 
• Diferentes formas de aplicação da crioterapia; 
• Alternativas de Cinesioterapia; 
• Alternativas de Eletroterapia; 
• Alternativas de Hidroterapia; 
• Alternativas de recursos de terapia manual; 
• Reeducação de marcha; 
• Melhora da função; 
• Uso de órteses; 
• Educação ao paciente. 
 
 
Uma cartilha sobre a artrite reumatoide, contendo informações 
gerais de forma simples e com linguagem acessível, para melhor 
informar e conscientizar o paciente sobre a doença, que faz parte 
dos objetivos de tratamento de fisioterapia para essa patologia, 
pode ser encontrada no site: <https://www.reumatologia.org.br/ 
doencas-reumaticas/artrite-reumatoide/> 
Acesso em: 24 jan. 2020. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Prezado(a) acadêmico(a), vimos que a dor crônica que não é um sintoma, mas 
uma patologia em si, influencia negativamente na qualidade de vida das pessoas, levando a 
limitações físicas e funcionais, impactando a vida social, profissional e o bem-estar 
pessoal. Encontra-se entre as principais causas de licenças médicas, absenteísmo (falta) 
no trabalho, aposentadoria precoce por doença e baixa produtividade no trabalho. 
Segundo estudos, as doenças reumáticas são as razões mais comuns pela busca de 
tratamento em clínica de dor. 
O conceito de “reumatismo” remonta a cerca de 2,4 mil anos, e o termo rheuma 
(em grego, fluido ou fluxo) foi encontrado em parte da obra de Hipócrates de Cós (460 
a.C. a 380 a.C.). Ele acreditava que o reumatismo era como um fluxo que escorria para as 
articulações. 
Elaborado àquela época, “reumatismo” não delimitava, entretanto, um grupo de 
doenças autônomas e, até hoje, infelizmente, ainda há médicos que rotulam os pacientes 
como portadores de “reumatismo”. 
Atualmente, é sabido que as doenças reumáticas afetam milhões de pessoas em 
todo o mundo. Especificamente no Brasil, situam-se entre as principais causas de 
incapacidade e afastamento do trabalho. 
Somam-se mais de 200 doenças reumáticas, reconhecidas e classificadas pela 
Faculdade Americana de Reumatologia, que acometem as pessoas das mais variadas 
formas. 
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 12 milhões de pessoas têm algum 
tipo de doença reumática,sendo que, entre as mais comuns, estão: artrose, artrite 
reumatoide, lúpus, gota, osteoporose, tendinites e fibromialgia. 
O conhecimento de suas características básicas torna-se indispensável para que se 
entenda a etiologia, a fisiopatologia, as manifestações clínicas e o tratamento dessas 
doenças. 
A anamnese bem conduzida, seguida do exame físico bem detalhado, permite o 
desenho adequado do diagnóstico cinesiofuncional pelo fisioterapeuta e uma conduta 
coerente com os objetivos, os quais foram determinados por essa avaliação, resultando em 
sucesso do tratamento. A Sociedade Paranaense de Reumatologia alerta para os sinais e 
sintomas de doenças reumáticas, principalmente dor persistente e edema nas 
articulações, que podem levar à incapacidade física, se não diagnosticadas 
precocemente e tratadas. Para tanto, enfatizou o mês de outubro como um mês mundial de 
alerta, com três datas específicas: dia 12, alerta e conscientização de Artrite Reumatoide; dia 
20, da osteoporose; e dia 30, alerta para os “reumatismos” de forma 
geral. 
Esta unidade teve como objetivo fornecer uma caracterização do paciente 
reumático; apresentar uma introdução à reumatologia; fazer uma breve revisão de tecido 
conjuntivo, articulação sinovial e mecanismo inflamatório; abordar dor crônica e 
aspectos psicológicos dos pacientes com doenças reumáticas; apresentar princípios e 
etapas da avaliação fisioterapêutica objetiva e subjetiva (anamnese) do paciente 
reumático e a fisioterapia aplicada à doença inflamatória do tecido conjuntivo (artrite 
reumatoide). Para tanto, foram abordados: o conceito; etiologia; epidemiologia; 
fisiopatologia; manifestações clínicas; diagnóstico clínico, diagnóstico diferencial e 
diagnóstico cinesiofuncional; evolução; análise de exames por imagens; exames 
laboratoriais; avaliação cinesiofuncional; orientações e tratamento fisioterapêutico e 
qualidade de vida em pacientes com artrite reumatoide. 
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Dessa forma, independentemente de a maior parte ser uma abordagem teórica, 
apresentou-se uma visão marcada por uma importante abordagem preventiva primária 
no que se refere à evolução da doença reumática, a secundária e até a terciária, com o 
intuito de trazer o paciente da doença reumática para a melhor qualidade de vida 
possível. 
Pretende-se, assim, contribuir para a formação de um senso crítico quanto ao 
tema, evidenciando sua importância e aplicação nessa população. Neste sentido, este 
material pode ser considerado apenas como um início, visto que existe um “mundo” de 
informações e conhecimentos que podem ser utilizados, objetivando a melhor qualidade 
de vida do ser humano. 
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA 
DISCIPLINA: 
REUMATOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FISIOTERAPIA APLICADA À DOENÇA INFLAMATÓRIA DO TECIDO 
CONJUNTIVO (LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO), DOENÇA 
METABÓLICA (OSTEOPOROSE), ARTRITES POR CRISTAIS (GOTA) 
PROF.A MA. ELY CLÉA DA SILVA ZANATTA 
 
 
 
 
SUMÁRIO DA UNIDADE 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 27 
1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO ........................................................................................... 29 
1.1 CONCEITO ....................................................................................................................... 29 
1.2 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................................. 29 
1.3 ETIOLOGIA ....................................................................................................................... 29 
1.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ................................................................................................ 30 
1.5 DIAGNÓSTICO CLÍNICO: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS .................................................................. 32 
1.6 EXAMES DE LABORATÓRIO ................................................................................................. 33 
1.7 TESTES FUNCIONAIS/ QUALIDADE DE VIDA ............................................................................ 34 
2. OSTEOPOROSE ................................................................................................................. 36 
2.1 CONCEITO ....................................................................................................................... 36 
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2.2 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................................. 36 
2.3 ETIOLOGIA ..................................................................................................................... 36 
2.4 QUADRO CLÍNICO .............................................................................................................. 37 
2.5 FISIOPATOLOGIA ............................................................................................................ 37 
2.6 CLASSIFICAÇÃO DA OSTEOPOROSE ........................................................................................ 37 
2.7 DIAGNÓSTICO CLÍNICO ...................................................................................................... 38 
2.8 TRATAMENTO DA OSTEOPOROSE .......................................................................................... 40 
3. GOTA ................................................................................................................................ 41 
3.1 CONCEITO ....................................................................................................................... 41 
3.2 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................................. 41 
3.3 ETIOLOGIA ..................................................................................................................... 41 
3.4 CLASSIFICAÇÃO DA GOTA .................................................................................................... 41 
3.5 ESTÁGIOS CLÍNICOS EVOLUTIVOS ........................................................................................ 42 
3.6 ACHADOS LABORATORIAIS ............................................................................................... 43 
3.7 ACHADOS RADIOLÓGICOS .................................................................................................. 43 
3.8 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DA GOTA .................................................................................. 44 
3.9 TRATAMENTO CLÍNICO ...................................................................................................... 44 
3.10 FATORES ENVOLVIDOS NO AUMENTO DA PREVALÊNCIA DA GOTA ............................................. 44 
3.11 MEDIDAS DIETÉTICAS PARA GOTA ....................................................................................... 44 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica que ocorre, prin- 
cipalmente, em mulheres jovens e que acomete múltiplos órgãos e sistemas. Apresenta altera- 
ções da resposta imunológica, com presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio 
organismo. Sua evolução é crônica, caracterizada por períodos de atividade e de remissão (sem 
manifestações). A gravidade da doença é variável: desde formas leves e intermitentes até qua- 
dros graves e fulminantes. 
A osteoporose é uma desordem esquelética cuja principal característica é ocomprome- 
timento da força ou resistência óssea, predispondo ao aumento do risco de fratura. Para a dimi- 
nuição progressiva da resistência, contribuem a redução da massa óssea e alterações estruturais 
na microarquitetura das trabéculas ósseas. Um aspecto particular da osteoporose é a normalidade 
da taxa entre os componentes mineral e orgânico da matriz óssea. 
Gota é uma das doenças metabólicas mais frequentes, sendo os principais fatores de 
risco a hiperuricemia, o abuso de bebida alcoólica, carne e frutos do mar ingeridos em exces- 
so, e medicamentos, tais como: diuréticos, baixas doses de salicilatos, ciclosporina, tacrolimo, 
etambutol, pirazinamida, ácido nicotínico. Frequentemente está associada com obesidade, disli- 
pidemias, doenças mieloproliferativas, hematológicas e renais. A hipertensão arterial sistêmica e 
as doenças cardiovasculares são frequentemente estudadas com relação à associação com gota. 
Certo é que a hipertensão arterial cursa, de forma independente, com risco aumentado para gota 
e maior incidência de infarto agudo do miocárdio (IAM). 
Com o objetivo de desenvolver um programa de qualidade de vida para o atendimento 
dos pacientes com essas patologias e empregar os conhecimentos adquiridos para realizar o diag- 
nóstico cinesiofuncional e aplicar o plano de conduta de fisioterapia coerente com os objetivos 
propostos, esta unidade propõe esclarecer didaticamente o conhecimento dos vários aspectos 
da LES, osteoporose e gota, que possam oferecer subsídios para atingir tais objetivos de forma 
acertada. 
Dessa forma, poderá ainda contribuir para o constante aperfeiçoamento dos conhecimen- 
tos dessas doenças e minimizar os efeitos nocivos das suas complicações na vida profissional, 
social, familiar e pessoal dessa população. Com isso, reduzir-se-á a sobrecarga no sistema de 
saúde dessas doenças, consideradas de saúde pública, uma vez esse sistema é consideravelmen- 
te utilizado por causa delas e, segundo pesquisas, tais doenças são responsáveis por 80% dos 
recursos destinados ao sistema. 
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Sendo assim, esta unidade abordará os seguintes conteúdos: fisioterapia aplicada à 
doença inflamatória do tecido conjuntivo (Lúpus Eritematoso Sistêmico), doença metabó- 
lica (osteoporose), artrites por cristais (gota), em termos de: conceito; etiologia; epidemiologia; 
fisiopatologia; manifestações clínicas; diagnóstico clínico, diagnóstico diferencial e diagnóstico 
cinesiofuncional; evolução; análise de exames por imagens; exames laboratoriais; avaliação ci- 
nesiofuncional; orientações e tratamento fisioterapêutico e qualidade de vida. 
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Estresse emocional causa Lúpus? Quem tem LES tem mais chance de ter uma 
infecção? Quem tem Lúpus pode engravidar? 
 
 
 
1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO 
 
 
 
1.1 Conceito 
É uma doença inflamatória crônica, autoimune, com sintomas que podem surgir 
em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (meses) ou mais rapidamente 
(semanas) e curso com períodos de atividade e de remissão. Podem ser considerados dois 
tipos de Lúpus: 
• Lúpus cutâneo: que se manifesta apenas com manchas eritematosas 
(avermelhadas) na pele, principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar, 
tais como a face, orelhas e os braços. 
• Lúpus sistêmico: com um ou mais órgãos internos acometidos. 
É uma doença do sistema imunológico, o qual é responsável pela produção de 
anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos. Dessa 
forma, tal doença apresenta diferentes tipos de sintomas e em vários locais do corpo. 
Pode haver sintomas gerais como febre, emagrecimento, perda de apetite, 
fraqueza e desânimo, e específicos de cada órgão/sistema, como artralgias, lesões na pele, 
pleurite (inflamação da pleura), hipertensão arterial e/ou problemas renais. 
 
1.2 Epidemiologia 
A incidência é maior em mulheres, numa proporção de 9 mulheres para somente 1 
homem, e a faixa etária predominante é entre 15 e 45 anos. 
Aparece em uma a cada 1000 pessoas da raça branca e uma a cada 250 pessoas 
negras, de forma que é mais comum e severa em negros e hispânicos. Em certos asiáticos 
e chineses, a incidência é alta. 
 
1.3 Etiologia 
A etiologia é desconhecida, porém alguns fatores genéticos, hormonais e 
ambientais participam de seu desenvolvimento. Indivíduos com susceptibilidade genética 
para desenvolver a doença, após uma interação com fatores ambientais (irradiação solar, 
infecções virais ou por outros microrganismos), passam a apresentar alterações 
imunológicas. 
As alterações imunológicas decorrem do desequilíbrio na produção de anticorpos 
que reagem com proteínas do próprio organismo e causam inflamação em diversos 
órgãos como pele, mucosas, pleura e pulmões, articulações e rins. De forma que o tipo de 
sintoma desenvolvido depende do tipo de autoanticorpo que o indivíduo possui e, como o 
desenvolvimento dos anticorpos está diretamente relacionado com as características 
genéticas de cada indivíduo, as manifestações clínicas (sintomas) tendem a ser 
específicas e muito pessoais. 
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A hereditariedade está presente em 10 a 12% dos casos. Entre os fatores que 
influenciam na patogênese do LES, estão: predisposição genética, fatores ambientais, 
álcool e estresse. Além disso, mulheres em uso de contraceptivo oral contendo estrógeno 
apresentam um aumento de 50% no risco de desenvolverem LES. 
 
1.4 Manifestações Clínicas 
 
 
Figura 1 - Impacto do Lúpus no corpo do indivíduo. Fonte: Conab (2019). 
 
• Lesões de pele: ocorrem em cerca de 80% dos casos, ao longo da evolução da doença. 
• Rush butterfly (eritema em forma de asa de borboleta): ocorre na região malar e 
dorso do nariz, poupando o sulco nasolabial. É fotossensível, e não deixa cicatriz. 
• Erupção maculopapular: pruriginosa, pode aparecer em qualquer parte do corpo, 
porém é mais comum acima da cintura. Não deixa cicatriz nem alteração de 
pigmentação. 
• Lesões discoides: placas eritematosas cobertas por uma escama aderente. 
Ocorrem mais frequentemente em áreas expostas à luz (couro cabeludo, face, 
orelha e pescoço), são bem delimitadas e podem deixar cicatrizes com atrofia e 
alterações de pigmentação. A alopecia (queda de cabelos) é irreversível. 
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Figura 2 - Lesão eritematosa 
maculopapular. 
Fonte: Berbert e Mantese (2005). 
Figura 3 - Face com o rush butterfly. Fonte: Oli- 
veira et al. (2016). 
 
 
Figura 4 - Lesões discoides cicatrizadas. Fonte: Carvalho et al. (2014). 
 
• Vasculite: causa manchas eritematosas ou violáceas, dolorosas em pontas dos 
dedos das mãos ou dos pés. Podem levar à gangrena. 
• Úlceras de mucosas oral e nasal: pequenos pontos avermelhados 
assintomáticos, evoluem para úlceras grandes, profundas e dolorosas. 
• Fotossensibilidade: sensibilidade desproporcional à luz solar. 
• Alopecia (queda de cabelos): é muito frequente e ocorre tipicamente nas fases de 
atividade da doença e, na maioria das pessoas, é reversível, na maioria das vezes. 
• Fenômeno de Raynaud: ocorre exagero na resposta à temperatura fria. As 
manifestações clínicas são causadas pela vasoconstrição das artérias e arteríolas, 
o que resulta em isquemia da pele. 
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Figura 5 - Fenômeno de Raynaud nas mãos. Fonte: Carvalho et al. (2014). 
 
• Articulares: artralgia com ou sem edema e mialgias em mais de 90% dos 
pacientes e envolvem, principalmente, as articulaçõesdas mãos, punhos, joelhos e 
pés. São altamente dolorosas e ocorrem de forma intermitente, com períodos de 
melhora e piora, de forma assimétrica e sem deformidades. Às vezes, também 
surgem como tendinites. São altamente incapacitantes, mas não deformantes, na 
maioria dos casos. Ocorre rigidez matinal nas metacarpofalangeanas e 
interfalangeanas proximais. A persistência de dor, edema e calor em apenas uma 
articulação, principalmente no joelho, no ombro ou no quadril, levanta a suspeita 
de osteonecrose ou artrite séptica (10% dos pacientes). 
• Pulmão e coração: pleurite e pericardite são relativamente comuns. 
• Rins: a nefrite é a mais preocupante. Ocorre em cerca de 50% das pessoas com 
LES. No início, pode não haver qualquer sintoma, apenas alterações nos exames de 
sangue e/ou urina. Quando não tratada rapidamente e adequadamente, leva à 
insuficiência renal. 
• Alterações neuropsiquiátricas: menos frequentes. Podem causar convulsões, 
alterações de humor ou comportamento (psicoses), depressão e alterações dos 
nervos periféricos e da medula espinhal. 
• Sangue: as alterações nas células do sangue são devidas aos anticorpos contra 
estas células, causando sua destruição. Pode haver leucopenia (diminuição de 
leucócitos) ou linfopenia (diminuição de linfócitos) e, se forem contra as plaquetas, 
causará diminuição de plaquetas (plaquetopenia). Anemia a plaquetopenia 
poderão causar aumento do sangramento menstrual, hematomas e sangramento 
gengival. 
1.5 Diagnóstico Clínico: Critérios Diagnósticos 
De acordo com o American College of Rheumatology (1982), para o diagnóstico do 
LES, são necessários, no mínimo, 4 dos critérios abaixo: 
1. Eritema malar, poupando o sulco nasolabial. 
2. Lesões discoides. 
3. Fotossensibilidade. 
4. Úlceras orais: nasofaringe ou oral. 
5. Artrite não erosiva, em duas ou mais articulações periféricas. 
6. Serosite: pleurite, pericardite. 
7. Distúrbios neurológicos: psicose e convulsões. 
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8. Distúrbios renais: proteinúria; cilindros celulares de hemácias, granulares, 
tubulares ou misto. 
9. Distúrbios hematológicos: anemia, leucopenia, linfopenia, trombocitopenia. 
10. Distúrbios imunológicos. 
11. FAN + 
1.6 Exames de Laboratório 
A presença do FAN (fator ou anticorpo antinuclear), principalmente com títulos 
elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de LES, permite o 
diagnóstico com muita certeza. 
Os anticorpos anti-Sm e anti-DNA são muito específicos, mas ocorrem em apenas 
40% a 50% das pessoas com LES. 
E aí? Será que as suas respostas ao convite de reflexão no início da abordagem 
foram corretas? 
Emoções negativas, como a perda de um parente próximo ou uma separação, podem 
desencadear os sintomas iniciais da doença ou provocar uma reativação. 
Esses fatores não são a causa, mas contribuem para sua exacerbação (reativação). Como 
o lúpus é uma doença que interfere no sistema imunológico, este desequilíbrio facilita um pouco 
o aparecimento de infecções. Porém, na maioria das vezes, as infecções nas pessoas com 
LES são facilitadas pelo uso de alguns medicamentos (corticoides e imunossupressores) 
que, ao inibirem a produção excessiva de anticorpos, inibem alguns dos mecanismos 
naturais de defesa do nosso organismo. 
Durante muito tempo, acreditava-se que quem tinha lúpus não poderia jamais 
engravidar. Há cerca de 20 anos, é sabido que a gravidez não está proibida para as 
mulheres com lúpus, mas ela deve ser programada. O ideal é que só engravide com a 
doença totalmente sob controle por, pelo menos, 6 meses. E também se necessita de 
cuidados, visto que os medicamentos usados no tratamento do LES devem ser suspensos 
antes da gravidez. A cloroquina, por outro lado, pode e deve ser mantida durante a 
gestação. Normalmente, as pessoas com lúpus vão ter crianças normais. 
Por outro lado, sabemos que existe uma pequena chance de ocorrer um 
abortamento, ou de o bebê nascer prematuro ou com baixo peso. Ao mesmo tempo, as 
pessoas que têm hipertensão (por qualquer razão e não só pelo LES) têm mais chances de 
desenvolver pré-eclâmpsia. 
Do ponto de vista genético, as chances de uma mulher com LES ter um filho que 
também desenvolve LES são muito pequenas. Mas, atualmente, já sabemos que pessoas 
que têm um familiar com LES têm mais chance de também desenvolver LES. Ainda em 
relação à gravidez, alguns remédios podem ser usados durante toda a gestação; outros 
(como a maioria dos imunossupressores e alguns para hipertensão) devem ser evitados. 
Portanto, a gravidez de uma mulher com LES sempre deve ser planejada e sempre 
deve ser considerada uma gestação de alto risco, para que medidas mais rigorosas de 
acompanhamento possam ser instituídas. O acompanhamento pré-natal deve ser iniciado 
no primeiro momento em que a pessoa com LES souber que está grávida e também é 
essencial a manutenção do acompanhamento no pós-parto, incluindo a programação dos 
medicamentos que podem ser usados durante a amamentação. Ainda que a gestação em 
quem tem LES seja considerada sempre de alto risco, se todos os cuidados forem tomados, 
a grande maioria das gestações é tranquila e bem sucedida. 
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Além do tratamento com remédios, as pessoas com LES devem ter cuidados 
especiais com a saúde, incluindo atenção com a alimentação, repouso adequado, 
evitar condições que provoquem estresse e atenção rigorosa com medidas de higiene 
(pelo risco potencial de infecções). Evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool. Outra 
medida de ordem geral é evitar (ou suspender se estiver em uso) os anticoncepcionais 
com estrogênio e o cigarro (tabagismo), ambas as condições estão claramente 
relacionadas à piora dos sintomas do LES. Pessoas com LES, independentemente de 
apresentarem ou não manchas na pele, devem adotar medidas de proteção contra a 
irradiação solar, evitando ao máximo expor-se à “claridade”, além de evitar a “luz do sol” 
diretamente na pele, pois além de provocar lesões cutâneas, pode causar agravamento da 
inflamação em órgãos internos como os rins. 
É importante a manutenção de uma atividade física regular, preferencialmente 
aeróbica, que ajuda não só no controle da pressão e da glicose no sangue, mas também 
contribui para melhorar a qualidade dos ossos, evitando a osteoporose e melhorando o 
sistema imunológico. 
O objetivo geral dos cuidados com a saúde (incluindo os medicamentos AINHS, 
corticoides, drogas antirreumáticas, modificadoras de doença-DMARDs) para as pessoas 
com LES é permitir o controle da atividade inflamatória da doença e minimizar os efeitos 
colaterais dos medicamentos. 
De uma forma geral, quando o tratamento é feito de forma adequada, incluindo o 
uso correto dos medicamentos em suas doses e horários, com a realização dos exames 
necessários nas épocas certas, comparecimento às consultas nos períodos recomendados 
e os cuidados gerais descritos, é possível obter um bom controle da doença e melhorar, de 
forma significativa, a qualidade de vida das pessoas com LES. 
1.7 Testes Funcionais/ Qualidade de Vida 
SLEDAI (Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index) 
• Levantamento das diferentes manifestações clínicas e o escore de atividade lúpica. 
• Calculado pelo médico no momento da consulta. 
• Atividade de leve a moderada (SLEDAI = 1-10) e intensa (SLEDAI ≥ 11). 
O SF-36 é um teste genérico para qualidade de vida, mas é muito utilizado no LES. 
Os objetivos de tratamento de fisioterapia para os pacientes portadores de Lúpus 
Eritematoso Sistêmico são: 
• Informar o paciente quanto à doença; 
• Estimular a adesão ao tratamento; 
• Repouso orientado na fase aguda da doença; 
• Aliviar a dor; 
• Reduzir processo inflamatório; 
• Reduzir a ansiedade e tensão; 
• Melhorar a qualidade de vida (atividade funcional); 
• Reduzira rigidez; 
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• Melhorar e/ou manter ADM; 
• Melhorar e/ou manter força muscular; 
• Recuperar e/ou evitar a perda da função; 
• Promover a melhora da marcha; 
• Prevenir complicações. 
Recursos de tratamento de fisioterapia mais utilizados: 
• Modalidade de calor; 
• As diferentes formas de aplicação da crioterapia (observando o cuidado com o 
fenômeno de Raynaud); 
• Alternativas de Cinesioterapia; 
• Alternativas de Eletroterapia; 
• Alternativas de Hidroterapia; 
• Alternativas de recursos de terapia manual; 
• Reeducação de marcha; 
• Melhora da função; 
• Educação ao paciente. 
 
 
Lúpus: como fazer o diagnóstico exato e o teste de FAN traz noções 
gerais sobre Lúpus Eritematoso Sistêmico de forma clara e objeti- 
va. 
 
Como o médico faz o diagnóstico de doenças autoimunes, em es- 
pecial do Lúpus Eritematoso Sistêmico? O que é o FAN e por que 
ele, sozinho, não faz o diagnóstico de Lúpus? Qual a estratégia que 
o médico usa para dizer se alguém tem Lúpus? Ao final, veja uma tabela básica de 
tratamento para discutir com seu médico. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=M-AxkeE4lTA> 
Acesso em: 24 jan. 2020. 
 
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lheres com fibromialgia submetidas ao tratamento de auriculoterapia associada 
à fisioterapia ou exercícios físicos. Revista Brasileira Qualidade de Vida, Ponta 
Grossa, v. 10, n. 1, jan./mar. 2018. 
 
2. OSTEOPOROSE 
 
2.1 Conceito 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a osteoporose é uma doença 
esquelética sistêmica, que cursa com diminuição da massa óssea e deterioração 
microarquitetural do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade óssea e 
susceptibilidade à fratura. É o principal fator de fraturas em mulheres pós-menopausa e 
idosos, e apresenta alto índice de morbimortalidade. 
 
2.2 Epidemiologia 
A incidência ocorre em mulheres com idade de 45 anos de idade e homens entre 
50 e 60 anos de idade. 
Gera grande ônus financeiro para o sistema de saúde, devido às fraturas 
osteoporóticas gerarem transtornos emocionais e sociais, refletindo diretamente na 
qualidade de vida dos indivíduos. 
 
2.3 Etiologia 
Conjunto de fatores que influenciam e favorecem o desenvolvimento da osteoporose: 
• Fatores genéticos: sexo (maior incidência em mulheres, por possuírem menor 
densidade óssea e muscular que os homens), etnia (raça branca, por possuir menor 
densidade óssea e muscular que os negros). 
• Menopausa: ocorre diminuição dos níveis de estrógeno, que é fundamental para 
manter a massa óssea. 
• Envelhecimento: a perda de massa óssea aumenta com o processo do envelhecimento. 
• Hereditariedade: mais frequente em pessoas com antecedentes familiares da doença. 
• Dieta pobre em cálcio: o cálcio é fundamental na formação óssea. Sua obtenção a 
partir da alimentação é imprescindível para prevenir a doença. 
• Excesso de fumo e álcool: maior incidência em pessoas que consomem álcool e 
fumo em excesso. 
 
 
Para mais informações, leia o artigo: 
CARMO, M. DE A.; ANTONIASSI, D. P. Avaliação da dor e qualidade de vida em mu- 
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• Imobilização prolongada/sedentarismo: o exercício físico constitui um 
importante estímulo para a formação e o fortalecimento dos ossos. Grandes 
períodos de imobilização e a falta de exercícios podem levar à osteoporose. 
• Medicamentos: alguns medicamentos, como os corticoides, em tratamentos de 
longa duração, favorecem a redução da massa. 
• Deficiência de vitamina D. 
2.4 Quadro Clínico 
• Dor: devido a microfraturas vertebrais, compressão, colapsos ou encunhamento do 
corpo vertebral. 
• Deformidade vertebral: hipercifose dorsal, redução da estatura. 
• Fratura de quadril e vértebras: morbimortalidade e custo socioeconômico da doença. 
• Comprometimento psicológico: isolamento social, medo, ansiedade, mudança 
de humor. 
2.5 Fisiopatologia 
Fisiologicamente, ocorre regularmente o metabolismo mineral, em 10% da massa 
óssea corporal, anualmente. 
O pico da massa óssea ocorre entre 30 e 40 anos de idade. É 20% a 30% maior 
nos homens do que nas mulheres e 10% maior nos negros. 
Osteoclastos formam túnel no osso cortical/lacunas na superfície do osso 
trabecular, reabsorvendo a substância óssea, dissolvendo a substância osteoide e os 
depósitos minerais; simultaneamente, os osteoblastos depositam substância óssea nas 
cavidades, formando uma nova unidade estrutural de tecido ósseo. 
O desequilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea, que resulta em excesso de 
reabsorção óssea ou diminuição da neoformação de tecido ósseo, é a fisiopatologia da 
osteoporose. 
 
2.6 Classificação da Osteoporose 
São três os tipos de osteoporose: 
• Osteoporose pós-menopausa (Tipo I): atinge mulheres após a menopausa. 
Manifestações clínicas principais: fraturas vertebrais e as fraturas de Colles. 
• Osteoporose senil (Tipo II): atinge mulheres e homens acima de 70 anos. 
Manifestações clínicas: fraturas de bacia, quadril (colo do fêmur) e vértebras. 
• Osteoporose secundária: atinge pessoas com doença renal hepática, 
endócrina, hematológica ou que usam alguns medicamentos, por exemplo, 
corticoides. 
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Figura 6 - Osso normal e osso com osteoporose. Fonte: Revista Online Ilustrada Brasileira (2017). 
 
2.7 Diagnóstico Clínico 
Densitometria óssea: Densidade mineral óssea, ou BMD (bone mineral density). 
Índice T (T-Score): é a diferença entre massa óssea do indivíduo e a massa óssea da 
população de adultos jovens. Expressa em número de “desvios-padrão” (DP). 
DMO: massa óssea máxima (pico de massa óssea). A relação entre os dois valores é 
designada T-score. 
Z-score: número de desvios padrões da média da população com a mesma 
idade do paciente. 
Escore da densitometria 
1 DP = variação de aproximadamente 10% da densidade média. 
Coluna lombar (L2-L4) e fêmur proximal (colo e trocânter maior). 
Critérios da OMS (1995) para densidade média do pico de massa óssea do adulto 
jovem: T-Score: igual ou maior que 1 DP (desvio padrão) = NORMAL. 
T-Score: -1 e -2.5 DP = Osteopenia. 
T-Score: igual ou menor que -2.5 DP = Osteoporose. 
Abaixo de -2.5 DP associado à fratura = Osteoporose severa. 
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Figura 7 - Resultado de densitometria óssea de coluna lombar evidenciando osteoporose (escore T L 1-L4 -2,8). 
Fonte: Carvalho et al. (2014). 
 
Figura 8 - Resultado de densitometria óssea de fêmur evidenciando osteoporose (escore T do fêmur -3,0). Fonte: 
Carvalho et al. (2014). 
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2.8 Tratamento da Osteoporose 
Para o tratamento da osteoporose, são indicados: 
• Nutrição adequada, dieta rica em cálcio. 
• Realizar exercícios suaves e regulares. 
• Reposição hormonal quando a dosagem de estradiol estiver abaixo do normal. 
• Parar de fumar e tomar bebida alcoólica. 
• Evitar abuso de café. 
• Tomar sol (vitamina D). 
• Prevenir fraturas: evitando os fatores de risco intrínsecos e os extrínsecos (ambiente). 
• São atividades contraindicadas: 
• Atividades aeróbicas de alto impacto, devido ao aumento do risco de fraturas 
vertebrais, pela fragilidade óssea. 
• Flexão da coluna vertebral, devido ao aumento da força de compressão na 
coluna, aumentando o risco de colapsos vertebrais. 
• Atividades que envolvam risco de quedas, como o uso de

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