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Aspectos Culturais da Morte Sociologia e Antropologia II ↪Em diversas culturas pelo mundo, existem inúmeras e variadas perspectivas em relação a saúde e a doença. A saúde e a doença têm intima relação com a morte. A saúde seria sinônimo de vida, enquanto a doença seria sinônimo de morte. ↪A morte em seu sentido stricto é um signo biofisiológico presente em todos os seres vivos, mas é normalmente influenciada pela cultura humana, que procura dar sentido, organizar e ressignificar a ausência de vida. A morte e seus significados nas variadas culturas: ↪Os neandertais depositavam flores nos túmulos; Mesopotâmios enterravam os corpos dos mortos acompanhado de todas as marcas mais distintivas de sua identidade pessoal e familiar, como seus pertences, insígnias e objetos de uso, suas vestimentas e até mesmo de suas comidas prediletas; ↪Os egípcios mumificavam para assegurar a imortalidade, reclusão e isolamento; ↪Tribo Massai (África) dava seus mortos às feras e abutres; ↪Em Rio Tully (Austrália) se expressavam por gritos, cânticos e uivos ritmados; ↪Os esquimós abandonavam os corpos nas florestas, cobrindo com folhas, pedras e galhos; ↪Em Bali expressam calma e alegria; ↪Hindus realizavam a cremação para eliminar toda a identidade. As cinzas eram lançadas ao vento ou na água. ↪Gregos cremavam e cuidadosamente guardavam as cinzas com memória dos mortos. A Ciência da Morte ↪A tanatologia, ciência da morte, foi assim denominada em 1901 (Elie Metchnikoff) Ciências envolvidas: − Medicina − Psicologia − Antropologia − Sociologia − Direito “A cultura condiciona a visão de mundo do homem” - Laraia. ↪Em cada cultura as pessoas veem a morte por uma diferente perspectiva. ↪Nas sociedades ocidentais, especificamente, a morte se tornou algo proibido, um acontecimento escondido que se desenrola longe de casa, em geral a morte acontece no hospital, fora dos olhares da sociedade. Não devemos acreditar que a perda de “simbolismo” em nossa cultura signifique uma precarização do “bem morrer”. Estamos ressignificando nossa cultura e nossas práticas o tempo todo. “A cultura é dinâmica” - Laraia. ↪Os simbolismos da morte se expressam, perfeitamente, na dor que sentimos pela perda de um ser querido. Ao longo dos anos, nós introduzimos este ser querido em nosso sistema nervoso. As inúmeras relações que estabelecemos com ele foram interiorizadas, de forma que fazem parte integrante de nós mesmos. ↪Nós choramos esta parte dele que estava em nós, e que era necessária ao funcionamento do nosso sistema nervoso. A dor moral é como uma amputação física sem anestesia. “A morte tem que ser compreendida dentro de uma teia complexa de significados sociais” (Koening & Gates-Willian, 1995) Contexto da Medicina ↪É instigante o que leva uma pessoa a se dedicar a uma profissão em que diariamente podem estar presentes a doença, a dor, o sofrimento e a morte. Profissionais da saúde estão destinados a vivenciar situações que requerem muito de si mesmos, o que pode trazer uma sobrecarga psíquica considerável. ↪É esperado que o profissional crie mecanismos de adaptação e de defesa para suportar o que vive no seu cotidiano de trabalho. ↪O profissional de saúde se depara não somente com suas limitações como profissional, mas também com sua vida e, portanto, com sua (futura) morte. Vida e morte são opostos que se atraem para o paciente e também para o profissional que o assiste. ↪A perda de um paciente para o profissional pode representar uma forte impotência diante dos cuidados prestados e grande derrota para com a morte, visto que, é importante salvar vidas. ↪Será desgastante a participação de um profissional despreparado no processo de morte do paciente. Caso isso ocorra, são criados vários mecanismos de defesa para lidar com o cotidiano árduo da profissão: evita-se uma proximidade com o paciente, trata-os de maneira uniforme desrespeitando suas singularidades em relação ao tratamento; mantêm-se um distanciamento afetivo configurando uma impessoalidade na relação. ↪Nesse sentido, a morte é representada por cada um de nós de uma maneira específica. Será necessário que o profissional da saúde se prepare e se dedique ao paciente nos momentos finais, compartilhando com ele suas angústias, seus silêncios, suas dores e suas alegrias, isso é uma atitude de humanização. ↪Que nesse momento (da morte) o que não é expresso no discurso verbal, o é no discurso do silêncio. Para isso, é preciso ser sensível àquilo que o outro fala quando se cala.
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