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Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 1 Doenças do Intestino Delgado Nas doenças do intestino delgado, enquadra-se doenças inflamatórias intestinais, doença diverticular, neoplasias (benignas e malignas) e enterite por irradiação. ➔ DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS A doença inflamatória crônica intestinal inespecífica pode ser dividida em: Doença de Crohn – DC (acomete todo TGI), Retocolite ulcerativa -RCU (acomete cólon), Colites indeterminadas. 3-20/ 100.000 casos novos anualmente. 2 picos: 20-30 anos e aos 50 anos. Discretamente mais comum em mulheres, brancos e judeus de origem européia. • QUADRO CLÍNICO Os principais sintomas são: diarreia, muco, hematoquezia, enterorragia, dor abdominal, distensão abdominal e perda ponderal. 1) Febre; 2) Lesões cutâneas; 3) Desidratação; 4) Palidez; 5) Déficit pondero estatural; 6) Restos alimentares; 7) Taquicardia; 8) Hipotensão postural; 9) Edema; 10) Toxemia; 11) Anemia; 12) Tenesmo; Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 2 • DIAGNÓSTICO O diagnostico é realizado por meio do EXAME FÍSICO + HISTÓRIA CLÍNICA. Para a confirmação, pode-se realizar provas inflamatórias, exames radiológicos e endoscópicos e calprotectina. • DOENÇA DE CROHN X RETOCOLITE ULCERATIVA – RCU Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 3 ➔ DOENÇA DE CROHN A Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica, idiopática, transmural, que ocorre em qualquer parte do TGI, descontínua e recidivante. • MANIFESTAÇÕES EXTRA-INTESTINAIS 1) Colangite esclerosante primária: 3% 2) Uveíte: 2-8% 3) Artrite 4) Estomatite aftosa 5) Osteoporose → relacionada ao uso de esteroides 6) Coagulopatia: tvp, trombose de mesentérica e embolia pulmonar 7) Depressão 8) Deficiência de vitamina b12 9) Bronquite crônica 10) Fístulas • TRATAMENTO O tratamento depende do local da doença; severidade; exclusão de abcessos, infecções, outros diagnósticos; induzir remissão clínica, manter e evitar recaída pós-operatória. Inicialmente, recorre-se a esteroides tópicos e rapidamente metabolizados e antibióticos biológicos. O tratamento cirúrgico é indicado em casos de pacientes com hemorragia, perfuração, colite toxica, obstrução, abcesso, fistulas que não respondem a medidas clínicas e com repercussão, presença de lesões pré neoplásicas/neoplásicas. ➔ RETOCOLITE ULCERATIVA Doença crônica de etiologia desconhecida causando inflamação da mucosa colônica. Inflamação contínua e circunferencial; Envolvendo o Reto; Limitada as camadas superficiais; Mucosa eritematosa/edematosa/granular; Úlceras e/ou Pólipos inflamatórios; Microabscessos de criptas; Fibroses e constrições benignas incomuns; Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 4 A RCU é dividida em 4 categorias: limitada ao reto; retossigmóide; colite esquerda (até flexura esplênica); colite universal ou pancolite. • TRATAMENTO O tratamento na maioria dos casos é CLÍNICO, abordando medidas gerais, suporte nutricional e medicações (aminossalicilados, corticosteróides, imunomoduladores), utilizando também esteroides tópicos e rapidamente metabolizados. O tratamento CIRÚRGICO e dividido em indicações eletivas e indicações urgênciais. Nas indicações eletivas, enquadra-se as intratabilidades clínicas, manifestações extra-colônicas e suspeita de câncer. Já nas indicações de urgência, enquadra-se o megacólon tóxico, hemorragia e perfuração. ➔ DOENÇA DIVERTICULAR DO INTESTINO DELGADO Relativamente comum; Divertículos verdadeiros (Todas as camadas da parede intestinal; Congênitos; Divertículo de Meckel); Divertículos falsos (Protusão da mucosa e submucosa através de um defeito do revestimento muscular; Adquiridos; Divertículos duodenais). ➔ DIVERTÍCULO DUODENAL Segundo local mais comum de divertículos (só perde para o cólon); 1 a 20% de incidência; Mulheres 2 : 1 homens; Raros antes dos 40 anos; 2/3 periampolares; A manifestação é clínica (maior parte é assintomática; achados incidental de exame de imagem). Menos de 5% necessitam de operação devido a complicação do próprio divertículo (obstrução dos ductos biliar e pancreático – colangite e pancreatite); Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 5 • TRATAMENTO Em casos de encontrados acidentalmente, não há necessidade de tratamento. Em sintomáticos, pode-se realizar a diverticulectomia (ressecção com sutura de forma a promover a menor obstrução possível; identificação da ampola de vater cuidadosamente). ➔ DIVERTÍCULO DE MECKEL Anomalia congênita mais encontrada no intestino delgado – 2% da população. Borda antimesentérica do íleo – 45 a 60 cm proximal a válvula ileocecal. Fechamento incompleto do ducto onfalomesentérico (divertículo de boca longa 5 cm x 2 cm; abaulamento; fistula até cicatriz umbilical; projeção longa até cicatriz umbilical). Células pluripotentes, não sendo raro encontro de tecidos heterotópicos. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA = Normalmente achado incidental; 25 – 50% dos pacientes sintomáticos : sangramento; Úlcera crônica; Mais comum na criança. Obstrução intestinal – volvo do intestino ao redor associado a uma brida; Intussuscepção; Diverticulite Aguda – mais comum no adulto; quadro clínico semelhante a apendicite aguda; • TRATAMENTO Em pacientes sintomáticos, realiza-se a ressecção. Em assintomáticos, há controversa (em crianças realiza-se ressecção e em adultos realiza-se ressecção em laparotomias ou não realização do procedimento). ➔ NEOPLASIAS DE INTESTINO DELGADO Extremamente raras; 5% de todas as neoplasias do TGI; 1-2 % dos tumores malignos do TGI; 5ª - 6ª décadas de vida; Lesões benignas normalmente encontradas em autópsias (Assintomáticas); Lesões malignas são frequentemente relacionadas com sintomas; Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 6 • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Frequentemente vagas e inespecíficas: Dispepsia, Anorexia e Mal-estar. Dor abdominal inespecífica: muitas vezes relacionada com obstrução; sintomas mais frequentes – intussuscepção; obstrução. Hemorragia – sangramento oculto; raramente com ameaça a vida; • DIAGNÓSTICO Alto índice de suspeita; Diagnóstico pré-operatório em apenas 20% dos casos; Exame contrastado de intestino delgado; 50-70% dos casos; Endoscopia flexível; Boa para lesões em duodeno; Cápsula endoscópica; Enteroscopia de impulsão: 8 horas de exame; não é feita rotineiramente. Rx de abdome: Auxilia no diagnóstico de obstrução, mas não na etiologia. Angiografia: Maior valor no diagnóstico de lesões de origem vascular; Tomografia de abdome: Detecção de tumores extraluminais; ➔ NEOPLASIAS BENIGNAS Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 7 • GIST OU LEIOMIOMA São os tumores benignos que apresentam mais sintomas. Origem nas células de Cajal – musculatura lisa. Sangramento de obstrução. • ADENOMAS 15% dos tumores de intestino delgado (todos benignos). 20% duodeno; 30% jejuno; 50% íleo terminal; O tratamento varia conforme a localização.Quando na região de jejuno e íleo, realiza-se ressecção segmentar. Já quando é no duodeno, observa-se lesões pequenas e esporádicas (ressecção endoscópica), se potencial de maligna (duodenopancreatectomia), se Brunner (excisão simples ou ressecção endoscópica). Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 8 • LIPOMA Os lipomas representam tumores estromais. Além disso, são mais comuns no íleo. São localizados na submucosa. O tratamento, nesses casos, se dá por sintomáticos. • SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS Síndrome hereditária de pigmentação melanocítica mucocutânea e pólipos gastrointestinais. Autossômica dominante. Carcinomas extracolônicos são comuns: delgado, estomago, pâncreas, ovário e pulmão. PÓLIPOS HAMARTOMASOSOS: mais frequentes em jejuno e íleo; 50% com lesões retais; 25% lesões gástricas; 3-6% com possibilidade de malignização. SINTOMAS MAIS COMUNS: dor em cólica, resultado de intussuscepção intermitente; anemia. O tratamento se dá em casos de sangramento e obstrução, sendo limitado ao segmento acometido. • HEMANGIOMAS Malformações decorrentes da proliferação dos vasos sanguíneos da submucosa; Podem ocorrer em qualquer segmento do TGI, sendo o jejuno o local mais acometido. Representam cerca de 3 a 4% de todos os tumores benignos do delgado (60% dos pacientes são múltiplos). SINTOMA MAIS COMUM: sangramentos; Diagnóstico com angiografia e cintilografia. O tratamento é realizado por meio de ressecção do segmento acometido. Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 9 ➔ NEOPLASIAS MALIGNAS Aumento considerável nas últimas décadas: melhora no diagnostico do carcinoide de delgado; passou o adenocarcinoma como causa. Poucas mudanças no diagnóstico e tratamento. FREQUÊNCIA: Carcinóide -> Adenocarcinoma -> Linfoma -> GIST. • TUMORES CARCINÓIDES Surgem das células enterocromafins (células de Kulchitksy). Encontrados em pulmões, brônquios e TGI, geralmente na 5 ª década de vida, com potencial de malignidade e desenvolvimento de síndrome carcinóide. CLASSIFICADOS DE ACORDO COM A ORIGEM EMBRIONÁRIA E COM O MATERIAL SECRETADO: QUADRO CLÍNICO = similar a outros tumores; dor abdominal; obstrução intestinal (intussuscepção; reação desmoplásica local); diarréia; isquemia por obstrução dos vasos. Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 10 • SÍNDROME CARCINÓIDE MALIGNA Ocorre em menos de 10% dos casos. Mais associado aos tumores de intestino delgado (vigência de metástases hepáticas). O flushing cutâneo se refere a uma vermelhidão na face, sendo transitória ou definitiva. A diarreia ocorre pelo estímulo a peristalse e secreção hidroeletrolítica. A lesão cardíaca ocorre por uma endocardiofibrose. Enquanto isso, a asma é devido ao efeito broncoconstritor. • CRISE CARCINÓIDE É uma condição ameaçadora a vida! Exacerbação súbita de todas as manifestações da síndrome (hipotensão arterial, taquicardia, hipertermia). Espontâneo ou na indução anestésica. • DIAGNÓSTICO Sintomas de síndrome carcinóide; Exames bioquímicos: Cromogranina A no sangue; 5- HIAA na urina de 24 horas. • TRATAMENTO ASSINTOMÁTICOS = Normalmente cura por ressecção; Presença de metástases inviabilizam a cura = citorredução; Tumor de Apêndice = maior que 2 cm, se localiza na base e/ou invade meso -> hemicolectomia direita. Análogos de Somatostatina = inibe a atividade das células neuroendócrinas; Interferón = bloqueio das células tumorais e estímulos aos neutrófilos NK; Quimioterapia = pouco indicado; Radioterapia = paliativos; Clínica Cirúrgica Medicina Anhembi Morumbi 11 ➔ ADENOCARCINOMA 50% dos tumores malignos de delgado; 7ª década de vida; Duodeno e jejuno proximal; Sintomas inespecíficos: Diagnóstico frequentemente tardio; O tratamento é realizado de acordo com a localização: duodenopancreatectomia; ressecção segmentar. Quimioterapia não apresenta papel importante; Prognostico ruim; ➔ ENTERITE POR IRRADIAÇÃO Ocorre após irradiação de cânceres pélvicos e abdominal; Células com proliferação intensa também são afetadas pela irradiação; Dano agudo e autolimitado: diarreia, dor abdominal, má absorção; Efeitos Tardios: lesão de pequenos vasos da submucosa; arterite + sibrose submucosa -> obstrução ou fistulas ou perfuração; Tratamento Agudo: melhora dos sintomas (sucralfato; antioxidantes; antiespasmódicos; analgésicos); Tratamento Crônico: Intervenção cirúrgica em um grupo com efeitos crônicos; 2 a 3 % dos pacientes; Obstrução; Fístulas; Perfuração; Sangramento. ➔ MENSAGENS FINAIS • DII quadro clínico de diarréia crônica, dor abdominal, sangramento, perda ponderal • DC é transmural, em pedra de calçamento e acomete todo TGI • RCU acomete de forma contínua o reto e cólon • Divertículo de Meckel é a anomalia congênita mais encontrada no intestino delgado – verdadeiro • Neoplasia do intestino delgado normalmente são assintomáticas: Adenomas mais comuns; GITS mais sintomas • Síndrome carcinóide: hipotensão, taquicardia e hipertemia – potencialmente fatal
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