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ZOOTECNIA E MELHORAMENTO GENÉTICO AULA 2 Prof. Vinicius Donizeti Vieira da Costa 2 CONVERSA INICIAL De acordo com Liebich et al. (2021), morfologia é o estudo científico da forma e estrutura de organismos, o que inclui as estuturas anatômicas e histológicas, sendo uma ferramenta fundamental para a identificação e a classificação das espécies. As descrições morfológicas são baseadas em observações de estruturas encontradas no corpo que direcionam o estudo da organização estrutural de um organismo, permitindo a comparação de diferentes tipos de organização estrutural. Já a fisiologia é o estudo das funções integradas do corpo e de todas as suas partes (sistemas, órgãos, tecidos, células e componentes celulares), inclusive processos biofísicos e bioquímicos (Fails, 2019). A seguir, veremos alguns conceitos de morfologia e fisiologia com base na apresentação das diferentes estruturas corporais que contempla os sistemas: esquelético, articular, muscular, circulatório, respiratório, digestório, reprodutor, urinário, endócrino, nervoso, tegumentar e seus componentes que dão origem ao organismo animal. TEMA 1 – CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS A anatomia dos animais é formada por um conjunto de estruturas que formam o organismo, sendo que é possível dizer que a unidade básica do organismo dos vertebrados são as células. O agrupamento de células forma os tecidos, que juntos formam os órgãos que formarão os sistemas que se unem e, por fim, formam todo o organismo. 1.1 Eixos e planos Quando estudamos o organismo animal, são necessários o conhecimento e a localização das estruturas anatômicas e faz-se necessário conhecer os termos utilizados para sua classificação. Para entendermos como funcionam os eixos e planos anatômicos, primeiramente, é necessário estudar as divisões do corpo animal e sua posição ortostática, lembrando que o corpo animal é dividido em cabeça, pescoço, tronco e membros (Figura 1). Conhecer a posição ortostática é fundamental para a identificação das estruturas de forma padronizada. É uma posição única em que o animal permanece em estação com os quatro membros apoiados no solo (Figura 1). User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar ORTOSTATICA = ERÉTO, POSIÇÃO EM PÉ. 3 Levando-se em conta essa posição, os eixos e os planos de secção são definidos (Fails, 2019). Figura 1 – Imagem de equino em posição ortostática. Notam-se as divisões do corpo animal representadas pelas estruturas ovoides nas cores: azul = cabeça; amarelo = pescoço; branco = tronco; verde = tórax; laranja = abdome; roxo = pelve; vermelho = membros Crédito: Arthorse/Adobe Stock. 1.2 Eixos Considerando os planos cranial e caudal, traçando uma diagonal que une o centro desses planos um ao outro, contrai-se um eixo denominado eixo craniocaudal, determinado pela identificação do ponto central das paredes da caixa à frente e atrás do animal (Fails, 2019) (Figura 2). O eixo dorsoventral é formado traçando-se uma diagonal unindo os planos dorsal e ventral. Vale lembrar que as paredes que irão determinar o eixo dorsoventral são aquelas acima e abaixo do animal em posição ortostática (Fails, 2019) (Figura 2). O eixo laterolateral é formado considerando os planos laterais direito e esquerdo e traçando-se uma diagonal unindo o centro desses planos. Portanto, User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 4 o eixo laterolateral é formado pela junção das laterais direita e esquerda do animal em posição ortostática (Fails, 2019). 1.3 Planos São formados a partir da junção de dois eixos, em relação à superfície externa do corpo animal em posição ortostática. Com base na união dos eixos e planos, é possível determinar a posição dos órgãos e estruturas do corpo dos animais. Traçando um retângulo, são descritos seis planos relacionados à superfície do corpo animal. Os planos horizontais são plano dorsal – relacionado ao dorso do animal; plano ventral – relacionado ao ventre do animal. Os planos verticais são: plano lateral esquerdo – relacionado ao lado esquerdo do animal; plano lateral direito – relacionado ao lado direito do animal; plano cranial – relacionado à cabeça do animal; plano caudal – relacionado à cauda do animal (Fails, 2019). 1.4 Direções As direções e posições são utilizadas para facilitar a descrição das estruturas que compõem o corpo dos animais. 1.4.1 Dorsal, ventral e médio A superfície orientada em direção ao plano de apoio é denominada ventral e a superfície oposta, dorsal. Uma estrutura localizada entre uma e outra estrutura que é dorsal e outra que é ventral é dita média. Quanto aos membros, o termo dorsal é indicado para a face superior do carpo, metacarpo, tarso, metatarso e dedos. O termo ventral nunca deve ser empregado para se referir aos membros (Fails, 2019). 1.4.2 Lateral, medial, intermediária e mediana Indicam a suposição de um órgão ou estrutura em relação ao plano sagital mediano. Uma estrutura ou superfície está mais próxima a este, é dita medial e outra que está mais distante deste plano, é dita lateral. Quando uma estrutura se encontra entre a lateral e a medial, recebe a denominação intermediária e quando se encontra aproximadamente ao mesmo nível do plano sagital mediano, é mediana (Fails, 2019). User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 5 1.4.3 Cranial e caudal Designam estruturas localizadas mais próximas aos planos cranial e caudal, respectivamente. 1.4.4 Proximal e distal Termos utilizados para os membros e outros órgãos apendiculares em relação à raiz de sua inserção. 1.4.5 Palmar e plantar Utilizados para partes voltadas ao solo, dos membros torácicos e pélvicos, respectivamente. 1.4.6 Rostral É utilizado em substituição ao cranial para estruturas localizadas na cabeça. Figura 2 – Exemplo de planos, eixos e direções Crédito: Vector Mine/Adobe Stock. 6 1.5 Aparelho locomotor É formado pelo sistema esquelético, pelo sistema muscular e pelo sistema articular e, o estudo destes é denominado osteologia, miologia e artrologia, respectivamente. 1.5.1 Osteologia O esqueleto é um conjunto de ossos, cartilagens e ligamentos que se unem para formar o corpo do animal, sendo órgãos duros, com bastante vascularização e inervação desempenhando diversas funções, entre elas o armazenamento de cálcio e outros íons, proteção e sustentação (Fails, 2019). 1.5.1.1 Esqueleto O esqueleto dos animais recebe dividido em apendicular e axial e cada um tem uma função importante na conformação do organismo (Fails, 2019). Figura 3 – Imagem ilustrativa de esqueleto de quadrúpede. Os círculos vermelhos mostram o esqueleto axial, enquanto os círculos roxos representam o esqueleto apendicular Crédito: SciePro/AdobeStock. User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 7 O esqueleto axial tem como objetivo sustentar o corpo do animal e proteger o sistema nervoso central, as vísceras etc. formado pela cabeça, vertebras, costelas e o esterno. Figura 4 – Ossos que compõem o membro torácico e pélvico Crédito: SciePro/Shutterstock. Já o esqueleto apendicular tem como formação os ossos dos membros torácicos e pélvicos (Figura 4). Assim como nos membros torácicos, existem algumas especificidades nos membros pélvicos entre cada um dos animais domésticos. 1.5.2 Artrologia A artrologia é conhecida como o estudo das conexões ou junturas, ou seja, são meios pelos quais as partes rígidas do organismo se unem formando o esqueleto. 1.5.2.1 Articulações fibrosas São unidas por um tecido fibroso de tal modo que acabam impedindo o movimento.Elas podem ser subdivididas em: gonfose, vista entre os dentes e o osso alveolar da boca; sutura, vista normalmente nos ossos do crânio (Figura 5); sindesmose, junturas fibrosas entre ossos que não estão no crânio. Escápula Úmero Ulna Rádio Ossos do carpo Metacarpos Falanges Coxal Fêmur Tíbia Fíbula Ossos do tarso Metatarso Falanges User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 8 Figura 5 – Articulação fibrosa: sutura Crédito: BortN66/Adobe Stock. 1.5.2.2 Articulações cartilaginosas São aquelas cujo meio de união entre as superfícies articulares é constituído por tecido cartilaginoso, permitindo uma parcial movimentação. Pode ser classificada em sincondrose, juntura cujo meio de união é constituído por cartilagem hialina; sínfise, os ossos são unidos por cartilagem fibrosa e permitem certo grau de movimento (Figura 6). Figura 6 – Articulações cartilaginosas: sínfise pélvica Crédito: Matthieu/Adobe Stock. Sutura Sínfise pélvica User Destacar User Destacar 9 1.5.2.3 Articulações sinoviais São aquelas relacionadas com o movimento e requerem maior atenção clínica, pois estão mais sujeitas a complicações. Seu meio interposto entre as superfícies articulares é um fluido chamado sinovial. Figura 7 – Articulação sinovial com seus componentes Crédito: Reineq/Adobe Stock. 1.5.3 Miologia Os músculos são considerados órgãos contráteis que servem para a execução de movimentos, parciais ou gerais, voluntários ou involuntários. Essa ação resulta nos movimentos do corpo, na termorregulação e na proteção, permitindo o movimento e controle dos órgãos de todo o organismo. Existem três tipos de músculos: músculo estriado esquelético, todos aqueles próximos aos ossos e com função voluntária do organismo; músculo estriado cardíaco, localizado no coração tendo sua função involuntária; músculo liso, encontrado nas vísceras e vasos sanguíneos também com função involuntária. Medula óssea amarela Periósteo Osso esponjoso Osso compacto Ligamento Membrana sinovial Cavidade articular (líquido sinovial) Cartilagem articular Cápsula articular User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 10 Figura 8 – Principais músculos da cabeça, tronco e membros Crédito: Willie Rossin/Adobe Stock. Estudar cada grupo é extremamente complexo, pois eles possuem diversas particularidades (Figura 8). TEMA 2 – APARELHO CARDIORESPIRATÓRIO O sistema circulatório tem como formação o coração e vasos sanguíneos. O sangue possui diversas características que permitem o transporte de nutrientes, oxigênio, células de imunidade, hormônios e catabólicos. O sistema circulatório ainda permite a termorregulação pela constrição ou dilatação dos vasos periféricos. Produtos corporais, como leite e urina, também são possíveis devido à filtração sanguínea em tecidos corporais específicos. 2.1 Sistema circulatório 2.1.1 Grande e pequena circulação O coração é um órgão muscular que funciona como uma bomba. É dividido em 4 câmaras: átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo (Figura 9). Para se entender completamente o sistema circulatório, é User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 11 necessário o conhecimento da grande e da pequena circulação. A pequena circulação se dá entre o coração e os pulmões. Por exemplo, o ventrículo direito se contrai e expulsa o sangue, que está pobre em oxigênio (sangue venoso), do coração pelo tronco pulmonar (artérias pulmonares) até os pulmões. Nos pulmões ocorre a hematose (troca gasosa), e o sangue, agora, se torna oxigenado (sangue arterial). Desse modo, retorna ao coração pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo e, assim, se encerra a pequena circulação. Na grande circulação, iniciando pelo ventrículo esquerdo, o sangue rico em oxigênio, que veio do pulmão, sai pela artéria aorta para todo o corpo. No corpo, as células aproveitam o oxigênio e o sangue torna-se pobre em oxigênio. O retorno do sangue de todo o corpo acaba indo até as veias cavas que chegam ao átrio direito do coração e, assim, terminam o ciclo da grande circulação (Figura 10). Figura 9 e 10 – Anatomia do coração; circulação sanguínea entre grande e pequena circulação, respectivamente Crédito: Designua/Adobe Stock; Blue Ring Media/Adobe Stock. 2.1.2 Valvas e estrutura do coração As valvas são um conjunto de válvulas (duas ou três) que permitem a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos e dos ventrículos para as grandes artérias. Os mamíferos domésticos possuem quatro valvas: a valva atrioventricular direita, que é denominada de valva tricúspide; a valva atrioventricular esquerda, que é chamada de valva bicúspide ou mitral; a valva User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 12 na base do tronco pulmonar, que é a valva semilunar pulmonar; e a valva na base da artéria aorta, que é a valva semilunar aórtica (Figura 11). Figura 11 – Imagem esquemática das valvas cardíacas Crédito: Lavreteva/Adobe Stock. O coração é formado pelo (1) pericárdio, que fica externamente e dá origem ao saco pericárdio, que protege e facilita a contração do coração dentro do tórax; (2) miocárdio, que fica na parte média do coração e, por ser a parte muscular, é o responsável pela contratilidade cardíaca; e (3) endocárdio, localizado na parte interna, delimitando o sangue dentro das câmaras. Embora o coração possua quatro câmaras cheias de sangue em seu interior, a sua nutrição não é obtida por este. O sangue que nutre o coração é oriundo das artérias coronárias, direita e esquerda, que são as primeiras ramificações da artéria aorta. 2.1.3 Ritmo cardíaco O sistema nervoso autônomo leva os impulsos até o coração, lá ele chega à região do nodo sinoatrial (átrio direito). Ele então é levado por todo o átrio direito e depois o átrio esquerdo até o nodo atrioventricular, ocorrendo a User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar User Destacar 13 despolarização atrial e a sístole atrial e diástole ventricular, permitindo a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos (Liebich et al., 2021). No nodo atrioventricular, o impulso é levado pelo feixe atrioventricular até o ápice do coração e depois para o plexo subendocárdico. Aqui ocorre a sístole ventricular e a diástole atrial e o sangue é ejetado do coração pelas grandes artérias (Liebich et al., 2021). 2.1.4 Vasos sanguíneos Os vasos sanguíneos têm como componentes as artérias, veias e capilares. As artérias levam o sangue do coração para os tecidos possuindo sangue rico em oxigênio (com exceção da artéria pulmonar). Elas também possuem parede mais espessa e grande camada de tecido muscular liso, devido à maior pressão interna do sangue (Figura 12). Figura 12 – Imagem esquemática de uma artéria e veia Crédito: 7Active Studio/Adobe Stock. Já as veias irão trazer o sangue de volta ao coração, trazendo sangue pobre em oxigênio (exceto a veia pulmonar). Elas possuem paredes mais finas devido a menor pressão sanguínea e válvulas em seu interior para que o sangue não acabe voltando, causando um refluxo (Figura 12). User Destacar User Destacar User Destacar 14 2.1.5 Vasos linfáticos Existem alguns vasos que irão colaborar na coleta do líquido retido nos tecidos, ou seja, o líquido intersticial, conhecidos como vasos linfáticos. Diferente dos vasos sanguíneos, eles não possuem um ciclo de circulação. Eles irão funcionar através de vasos com pequenos poros que irãorecolher a linfa, que é semelhante ao soro sanguíneo. Além desses vasos, existem os chamados linfonodos, que estão distribuídos por todo o corpo do animal e têm como objetivo filtrar essa linfa, e sua função principal acaba ser de controlar a disseminação de infecções etc. pelo organismo. Outros tecidos, como o baço, timo e tonsilas, também atuam diretamente nesse sistema (Liebich et al., 2021). (Figura 13). Figura 13 – Imagem esquemática da circulação linfática Crédito: Vector Mine/Adobe Stock. User Destacar User Destacar User Destacar 15 2.2 Sistema respiratório No sistema respiratório, o ar é filtrado aquecido e umedecido em uma porção superior que tem como objetivo preparar o ar do ambiente para chegar ao pulmão pronto para ser utilizado. Chegando aos pulmões, esse ar irá interagir com o sistema circulatório, ocorrendo as trocas gasosas (Liebich et al., 2021). 2.2.1 Nariz ou focinho Cada espécie animal possui uma anatomia particular de nariz ou focinho de acordo com a espécie, porém, de forma geral, é formado na parte interna por cartilagens permitindo a manutenção da narina e, na parte externa, a região é desprovida de pelos. Nos equinos, por sua vez, há pelos semelhantes à pele (Figura 14). A cavidade nasal tem como objetivo filtrar, umidificar e aquecer o ar. Dentro dela existem ossos espiralados revestidos por mucosa (conchas) com o objetivo de aumentar a superfície de contato desse ar (Liebich et al., 2021). Figura 14 – Imagem de focinho Crédito: Agarianna/Adobe Stock. 16 2.2.2 Faringe, laringe e traqueia Segundo Fails (2019), a faringe é um órgão fibromuscular, comum no sistema respiratório e digestório, pois tem como objetivo comunicar a cavidade nasal e oral. Nela, o ar é direcionado para a laringe e depois para a traqueia e pulmões; já o alimento e a água são dirigidos para o esôfago e, posteriormente, estômago (Liebich et al., 2021). (Figura 15). Figura 15 – Imagem esquemática da laringe, traqueia e pulmões Crédito: 3Drendetings/Adobe Stock. A laringe é formada basicamente por cartilagens que irão sustentar a traqueia e impedir a inundação das vias aéreas inferiores. Essas cartilagens encontradas são a tireoide, cricoide, aritenoides e epiglote (Liebich et al., 2021). A traqueia tem forma tubular e leva o ar da laringe aos brônquios dos pulmões. É formada por um músculo em sua região dorsal, anéis de cartilagem e ligamentos anelares que fazem a conexão desses anéis, tendo algumas diferenças anatômicas entre as espécies dos animais domésticos (Liebich et al., 2021). 17 2.2.3 Pulmões É um conjunto de brônquios, bronquíolos e alvéolos formam os pulmões. A traqueia entra no tórax e se ramifica em grandes brônquios, que se distribuem em brônquios menores chamados de bronquíolos, que conduzem o ar até os alvéolos – responsáveis pela troca gasosa. Os pulmões, direito e esquerdo, têm como objetivo a hematose, nutrindo o sangue com oxigênio e eliminando o gás carbônico da corrente sanguínea. De modo geral, o pulmão direito é dividido nos lobos cranial, médio, caudal e acessório e o pulmão esquerdo, é dividido em lobo cranial e caudal, porém existem algumas diferenças entre as espécies (Liebich et al., 2021). (Figura 16). Figura 16 – Imagem esquemática do pulmão do cachorro Crédito: Alexander Pokusay/Adobe Stock. TEMA 3 – SISTEMA DIGESTÓRIO E APARELHO UROGENITAL O sistema digestório possui órgãos responsáveis pela digestão tanto mecânica quanto química, absorção de alimentos e pela eliminação de resíduos. Essa digestão se inicia na boca, passa pela faringe, pelo esôfago, pelo 18 estômago, intestinos até chegar ao ânus. É importante lembrar que também existem algumas estruturas anexas como as glândulas salivares, que irão auxiliar em todo este processo de digestão. O aparelho urogenital tem como formação o sistema urinário e os sistemas genitais feminino e masculino. 3.1 Sistema digestório 3.1.1 Boca, faringe e esôfago A boca tem como formação na parte externa os lábios e na internamente encontram-se os dentes e a língua. Ela é responsável pela ingestão dos alimentos, sua trituração e umidificação e, em algumas espécies e alimentos, pode ocorrer o início da digestão química (Fails, 2019). Os lábios se adaptam dependendo da espécie. Por exemplo, nos bovinos os lábios são grossos e insensíveis, pois estes animais não apresentam grande seletividade de alimentos; já os equinos possuem lábios mais móveis e sensíveis, apresentando grande seletividade de alimentos (Fails, 2019) (Figuras 17 e 18). Figura 17 e 18 – Imagens da boca do bovino e equino, respectivamente Crédito: Availaisu/Adobe Stock; Laura Battiato/Adobe Stock. A língua é muito importante na captação e manipulação dos alimentos dentro da boca. Ela está localizada no assoalho da cavidade oral e possui papilas atuando de forma mecânica com o objetivo de proteger a língua, normalmente encontradas nas espécies domésticas sendo as cônicas e filiformes; e gustativas na percepção do sabor dos alimentos, representadas pelas valadas fungiformes e foliáceas (Fails, 2019). 19 A faringe faz parte tanto do sistema respiratório quanto do sistema digestório, como visto anteriormente. O esôfago é caracterizado como um órgão tubular formado essencialmente por músculos, que tem como objetivo levar o alimento até o estômago. 3.1.2 Estômago De forma geral, o estômago pode ser dividido em monocavitários e pluricavitários. Os monocavitários são aqueles que apresentam apenas uma câmara, conhecidos também como monogástricos; já os pluricavitários são aqueles que possuem diversas câmaras, conhecidos como ruminantes (Fails, 2019). Nos monogástricos, o estômago é simples e possui um fluxo direto, ou seja, o alimento chega através do esôfago no estômago e sofre digestão, sendo posteriormente conduzido aos intestinos (Figura 19). Figura 19 e 20 – Estômago dos monogástricos e ruminantes, respectivamente Crédito: Sunny Dream/Adobe Stock; Designua/Adobe Stock. Nos ruminantes, o estômago possui quatro câmaras: rúmen, retículo, omaso e abomaso (Figura 20). Eles recebem esse nome, pois têm a prática de remastigar o alimento após ingerido, chamado de ruminação. Isso ocorre, pois estes possuem um chamado pré-estômago, que age como depósito do alimento que irá sofrer a fermentação microbiana, e o abomaso ou estômago verdadeiro, que possui o mesmo papel do estômago nos monogástricos (Duke, 2006). 20 3.1.3 Intestino delgado e intestino grosso O intestino delgado tem como função parte da digestão e absorção de nutrientes e é dividido em duodeno, jejuno e íleo (Figura 21). O intestino grosso tem como função principal a absorção do restante dos nutrientes não absorvidos no intestino delgado e de líquidos, sendo composto pelo ceco, cólon e reto. Uma particularidade importante dos equinos é que seu ceco é conhecido por ser bastante desenvolvido, realizando neste, digestão da matéria vegetal (Fails, 2019). O cólon é a parte do sistema digestório com maiores particularidades entre as espécies, por exemplo, nos bovinos apresenta uma forma de espiral. Já nos suínos uma forma de cone e nos equinos apresenta uma forma complexa como um “u” duplo (Fails, 2019). Figura 21 – Estruturas do trato gastrointestinal Crédito: Reineg/Adobe Stock. 3.1.4 Anexos Dentro do sistema digestório encontram-se algumas estruturas anexas que irão auxiliar o processo de digestão. Dentre elas estão as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas. 21 As glândulas salivares estão encontradas na região da cabeça produzindo saliva, que irá umidificar o alimento, podendo também iniciar o processo de digestão de determinados alimentos (Figura 22). Figura 22 – Imagem esquemática das glândulas salivares Crédito: Vector Mine/Adobe Stock. O fígado, localizado na regiãocranial do abdome, tem como principal função a produção de bile, que irá auxiliar o processo de digestão (Figura 23). O pâncreas é um órgão encontrado juntamente ao duodeno, apresentando função endócrina, ou seja, na produção de determinados hormônios, e na produção de enzimas que irão atuar diretamente na digestão dos alimentos (Fails, 2019) (Figura 24). 22 Figura 23 e 24 – Imagem esquemática do fígado e do pâncreas Crédito: Dee-Sign/Shutterstock; Axel Kock/Adobe Stock. 3.2 Aparelho urogenital 3.1.1 Sistema urinário O sistema urinário é composto pela bexiga, os rins, os ureteres e a uretra. Sua função principal é filtrar o sangue, eliminando os compostos nitrogenados e catabólitos, resultando na urina como produto final (Fails, 2019). 3.1.2 Rins, ureteres e bexiga Os rins têm como função a produção de urina a partir do sangue. Eles estão localizados, de modo geral, dorsalmente na cavidade abdominal dos animais. Sua composição básica é o néfron, que é responsável por realizar a filtragem do sangue, a reabsorção dos nutrientes e, como citado anteriormente, eliminação de compostos nitrogenados e catabólitos. Os ureteres irão drenar a urina dos rins até a bexiga (Fails, 2019) (figura 25). A bexiga é o órgão que armazena a urina até sua eliminação, por meio de diversos estímulos neurológicos autônomos e voluntários que levarão ao seu esvaziamento (Figura 25). A uretra é um ducto irá carregará a urina até o meio externo sendo que, no macho ela é longa e fina, favorecendo a obstrução por cálculos. Já nas fêmeas é curta e larga, desembocando na vagina e favorecendo infecções (Figura 25) (Fails, 2019). 23 Figura 25 – Imagem esquemática do sistema urinário Crédito: Rob3000/Adobe Stock. 3.1.3 Sistema genital masculino e feminino O sistema genital masculino é composto pelos testículos, epidídimos, glândulas acessórias e prepúcio, tendo como função principal a produção e a maturação de espermatozoides para que ocorra posteriormente a fecundação. O sistema genital feminino é formado pelos ovários, útero, placenta, vagina, vestíbulo e vulva, tendo como função principal desde a produção de hormônios e gametas, fecundação até a geração do feto e nascimento do animal. 3.1.3.1 Testículos Localizados na bolsa escrotal em geral na região ventral dos animais, têm como função principal a produção de gametas e hormônios masculinos. Vale lembrar que o motivo de sua localização ser na parte externa do corpo é devido a que a temperatura ideal para a produção de espermatozoides ser menor que a temperatura corporal (Hill; Wyse; Anderson, 2012). 24 3.1.3.2 Epidídimo Tem como função a maturação dos espermatozoides, sendo dividido em cabeça, corpo e cauda, onde ele vai se afunilando da cabeça até a cauda chegando ao ducto deferente e este leva o espermatozoide já maturado à ampola e então à uretra (Hill; Wyse; Anderson, 2012) (figura 26). 3.1.3.3 Glândulas acessórias Irão preparar os espermatozoides para a fecundação, produzindo o líquido seminal. Este líquido tem como função limpar, lubrificar, regular o pH e aumentar o volume do ejaculado (Hill; Wyse; Anderson, 2012). Glândulas vesiculares, glândulas ampulares, próstata e glândulas bulbouretrais são as glândulas encontradas nos mamíferos domésticos (figura 26) (Hill; Wyse; Anderson, 2012). 3.1.3.4 Prepúcio O prepúcio é o revestimento externo do pênis este o órgão copulador. Ele fica suspenso abaixo do tronco, parcialmente contido entre as coxas. Dentro do pênis encontram-se o corpo cavernoso e o corpo esponjoso que se enchem de sangue e propiciam a ereção (Figura 26). 25 Figura 26 – Imagem esquemática do sistema genital masculino Crédito: RFBSIP/Adobe Stock. 3.1.3.5 Ovários Os ovários estão localizados na região dorsal da cavidade abdominal, sendo maciços e de forma irregular. Eles têm como função principal a produção hormonal e de gametas, ou seja, oócito/óvulo. As tubas uterinas possuem quatro regiões sendo o infundíbulo, óstio, ampola e istmo. Elas têm como função conduzir os óvulos até útero, além de ser onde ocorre a fertilização destes com o espermatozoide (Hill; Wyse; Anderson, 2012). 3.1.3.6 Útero O útero tem como objetivo principal manter a gestação animal. O útero dos mamíferos domésticos é constituído por um corpo, um colo do útero e dois cornos. As proporções relativas de cada segmento variam consideravelmente dependendo da espécie, bem como o formato e a disposição dos cornos uterinos (Fails, 2019) (Figura 27). Juntamente com o útero temos a placenta, sendo um órgão formado após a fertilização, com o objetivo de nutrir o feto, fazer trocas metabólicas além de ter algumas funções hormonais. Flexura sigmoide Ducto deferente Epidídimo Testículo Bexiga Glande do pênis Prepúcio 26 3.1.3.7 Vagina, vestíbulo e vulva A vagina está localizada no canal pélvico, entre o útero cranialmente e a vulva caudalmente, sendo o canal por onde o feto sai do útero durante o parto e uma bainha para o pênis do macho durante o acasalamento (Fails, 2019). Figura 27 – Imagem esquemática do sistema reprodutivo da vaca Crédito: RFBSIP/Adobe Stock. TEMA 4 – SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é aquele que coordena todo o organismo por meio de células que são especializadas, os chamados neurônios, que irão levar as informações pelo organismo através de impulsos elétricos e mediadores químicos. Ele pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O primeiro é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal enquanto o segundo é formado pelos nervos e gânglios. Artéria vaginal Vagina Colo do útero Ovário Córneos uterinos Bexiga User Destacar 27 4.1 Neurônios Os neurônios são responsáveis pela coordenação de sinais, pela resposta, percepção e estímulos. Eles são formados por dendritos, corpo celular e axônios (Figura 28). Figura 28 – Imagem esquemática do neurônio Crédito: GraphicsRF/Adobe Stock. Os neurônios irão se comunicar com os órgãos por meio de sinapses, que normalmente são feitas por mediadores químicos como acetilcolina, noradrenalina, glicina, glutamato etc., liberados da célula pré-sináptica a partir de um estímulo elétrico que chega a essa região. Então esses mediadores químicos se ligam a receptores na célula pós-sináptica, e um novo potencial de ação é gerado (Fails, 2019). 4.2 Encéfalo O encéfalo é composto por estruturas neurológicas conhecidas como cérebro, cerebelo e tronco encefálico, como visto na Figura 29. 28 Figura 29 – Imagem esquemático do encéfalo Crédito: SciePro/Adobe Stock. 4.2.1 Cérebro É formado pelo telencéfalo, onde estão localizados os lobos parietal, frontal, temporal e occipital e na região mais central do cérebro está o diencéfalo, responsável por diversas funções sensoriais, e pela manutenção da vigília, níveis de consciência e produção hormonal, entre outros (Fails, 2019). 4.2.2 Cerebelo Tem como principal objetivo a coordenação de movimentos tanto do corpo quanto da cabeça. 4.2.3 Tronco encefálico É localizado na base do crânio, ventralmente ao cerebelo e ventrocauldamente ao cérebro. É formado pelo mesencéfalo, ponte e medula oblonga. Ele dá origem a diversos nervos, denominados nervos cranianos. O mesencéfalo tem sua principal atuação na parte da visão, audição e postura. A ponte tem como função principal o controle da respiração. Já a medula oblonga tem como atuação o controle das funções autônomas do corpo (Fails, 2019). 4.3 Medula espinhal Compondo o sistema nervoso central, a medula espinhal segue, continuando-se caudalmente à medula oblonga (Figura 30).Protegida pelas Cérebro Cerebelo Tronco encefálico 29 vértebras, cada seguimento medular dá origem a um par de nervos que surgem na lateral da medula entre os espaços intervertebrais (Figura 31). Figura 30 e 31 – Imagens esquemáticas da medula espinhal Crédito: Decade3d/Adobe Stock; Joshya/Adobe Stock. 4.4 Meninges Todo o sistema nervoso central é revestido por três membranas que servem de proteção às estruturas dentro do crânio e coluna vertebral, sendo a dura-máter, pia-máter e aracnoide (figura 32) (Fails, 2019). A dura-máter é conhecida por ser superficial, fibrosa e muito resistente. A pia-máter é a camada mais profunda, localizada intimamente ligada as estruturas do sistema nervoso central. Já a aracnoide recobre a superfície interna da dura- máter e possui inúmeras trabéculas que a unem com a pia-máter (Figura 32) (Fails, 2019). 30 Figura 32 – Imagem esquemática das meninges Crédito: Pikovit/Adobe Stock. 4.5 Nervos Formados por conjuntos de neurônios, têm diversas funções, sendo as mais conhecidas a função sensitiva, em que são identificados os sinais e percepções fisiológicas ou patológicas; função motora, que permite uma resposta baseada na percepção; e mista, ou seja, com características motoras e sensitivas, sendo que a maioria dos nervos espinhais possui função é mista (Figura 33). 31 Figura 33 – Imagem esquemática do sistema nervoso de um cão Crédito: SciePro/Adobe Stock. 4.6 Sistema nervoso autônomo É a parte do sistema nervoso que regula a atividade em vísceras e outras estruturas que normalmente não estão sob controle voluntário. Ele é dividido em simpático e parassimpático, apresentando funções antagônicas entre si (Figura 34). Figura 34 – Imagem esquemática do sistema nervoso autônomo Crédito: Designua/Adobe Stock. 32 O SNA simpático tem sua ativação quando existem necessidades metabólicas ou situações de estresse etc. Já o SNA parassimpático regula as funções em repouso. TEMA 5 – SISTEMA ENDÓCRINO E TEGUMENTAR As funções básicas do sistema endócrino são comunicação e regulação. Ele é composto por um grupo de glândulas sem ductos que secretam hormônios Estes circulam por todo o corpo para produzir respostas fisiológicas. O sistema endócrino atua conjuntamente com o sistema nervoso, fornecendo o estímulo para a produção hormonal (Fails, 2019). O sistema tegumentar é formado pela pele e suas estruturas anexas, por cornos, cascos, garras e outras modificações da cobertura epitelial do corpo, sendo muito importante para a proteção contra contaminação, termorregulação, lacerações etc. As modificações do tegumento são usadas para a proteção (garras e cornos) e conferem uma cobertura resistente para os pés onde entram em contato com o solo (cascos e coxins palmares/plantares) (Fails, 2019). 5.1 Sistema endócrino Este possui um mecanismo conhecido com feedback, que realiza uma autorregulação, apresentando interação entre duas ou mais glândulas endócrinas e apresentando menor ou maior estímulo (Fails, 2019). 5.1.1 Hipófise A hipófise se localiza dentro do crânio, na base do encéfalo. Os hormônios nela produzidos são estimulados pelos secretados no hipotálamo e influenciam diretamente outras glândulas endócrinas além de outros órgãos (Fails, 2019). (Figura 35). User Destacar 33 Figura 35 – Imagem esquemática da hipófise, seus hormônios e os órgãos que atuam Crédito: Ellepigrafica/Adobe Stock. 5.1.2 Tireoide e paratireoide A tireoide e a paratireoide estão localizadas na região cervical, próximo à laringe. Os hormônios tireoidianos, T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), irão atuar tanto no metabolismo quanto no crescimento. Além disso, a tireoide produz calcitonina que irá regular os níveis de cálcio sérico junto ao paratormônio, produzido pelas paratireoides (Fails, 2019) (Figura 36). User Destacar 34 Figura 36 – Imagem esquemática do metabolismo do cálcio influenciado pela calcitonina liberada na tireoide Crédito: Pikovit/Adobe Stock. 5.1.3 Adrenais As adrenais estão localizadas na região cranial aos rins. São conhecidas por apresentarem uma região cortical, que produz mineralocortoide (aldosterona), glicocorticoide e esteroides sexuais. Elas possuem também uma região medular que produz adrenalina e noradrenalina, conhecidas por atuarem na manutenção da pressão sanguínea e contração do coração (Figura 37). Figura 37 – Imagem esquemática da glândula adrenal Crédito: Alila Medical Media/Adobe Stock. User Destacar 35 5.1.4 Pâncreas Como a função exócrina do pâncreas já foi abordada junto ao sistema digestório, veremos sua função endócrina. Seus principais hormônios produzidos são a insulina e o glucagon, conhecidos por regular os níveis de glicêmicos do sangue (Figura 38). Figura 38 – Imagem esquemática do metabolismo da glicose influenciado pelos hormônios do pâncreas Crédito: Vector Mine/Adobe Stock. 5.1.5 Ovários e testículos Ambos são responsáveis pela produção dos hormônios sexuais, conferindo às espécies. as características de fêmea e macho, respectivamente. Os ovários são conhecidos por produzem estrógeno e progesterona, atuando no estímulo e manutenção da gestação e do cio. Já os testículos irão produzir testosterona, atuando na libido, características do macho e maturação dos espermatozoides (Fails, 2019). 36 5.2 Sistema tegumentar 5.2.1 Pele e tecido subcutâneo A pele é formada por duas camas, a epiderme e a derme. A epiderme é conhecida como um tecido mais superficial e avascular. Já a derme é um tecido mais profundo, conhecido por possuir vasos sanguíneos e glândulas cutâneas, além de dar origem aos pelos (Fails, 2019) (Figura 39). O tecido subcutâneo, também conhecido como hipoderme, une a pele ao tecido muscular. É nele onde ocorre o maior acúmulo de gordura (Figura 39). Figura 39 – Imagem esquemática de pele e tecido subcutâneo 5.2.2 Estruturas anexas Os pelos estão situados por todo o corpo dos animais domésticos, sendo encontrados os pelos de cobertura ou revestimento, os de subcobertura ou lanosos e os táteis. Os coxins plantares e palmares são conhecidos como almofadas, sendo encontradas na sola dos membros dos animais, sendo espessamentos da pele User Destacar 37 com a função conhecida de amortecer os impactos (Figura 40). As garras, unhas e cascos são modificações da pele com o objetivo de proteger os tecidos, permitem as ações de coçar, escavar e até como defesa em algumas espécies (Figura 41). Já os cornos são anexos com características estruturais semelhantes às dos cascos (Figura 42). Figura 40, 41 e 42 – Imagem fotográfica de coxim plantar em cão, casco de equino e corno em bovino Crédito: Demanescale/Adobe Stock; Alexia Khruscheva/Adobe Stock; Guntar Feldman/Adobe Stock. 5.2.3 Estruturas cutâneas As glândulas cutâneas estão presentes em todos os animais domésticos, sendo algumas específicas de determinadas espécies. De forma geral, dois tipos de glândulas cutâneas são encontradas sendo as glândulas sudoríparas, ou seja, aquelas produtoras de suor, e as glândulas sebáceas, ou seja, aquelas produtoras de sebo (Fails, 2019) (Figura 43). 38 Figura 43 – Imagem esquemática da pele, ilustrando as glândulas sudoríparas e sebáceas Crédito: Designua/Adobe Stock. Existem também aquelas glândulas que são especializadas, por exemplo, a glândula mamária (Figura 44), que varia em número de tetas de acordo com a espécie. 39 Figura 44 – Imagem ilustrativa de glândula mamária em vaca Crédito: Clara/Adobe Stock. FINALIZANDO Durante esta etapa abordamos diversos conteúdos importantes no estudo da morfologia e da fisiologiaanimal. Para recapitularmos todo o conteúdo é importante lembrarmos do início, onde começamos entendendo o que é morfologia, fisiologia e anatomia, e como elas se complementam no estudo das estruturas formadoras dos organismos vivos. Iniciando pela organização sistemática, seguimos pelos planos e eixos anatômicos, fundamentais para a identificação e localização das estruturas anatômicas. Vimos também o aparelho locomotor, sendo a base de todos os sistemas, composto dos sistemas esquelético, articular e muscular. Ao longo do segundo tema, observamos o aparelho cardiorrespiratório, sendo fundamental para a vida. Dentro dele encontramos o sistema circulatório, composto por vasos sanguíneos e o coração e também observamos os componentes linfáticos, importantes para a circulação. Quanto ao sistema respiratório, estudamos todo o caminho do ar, desde as narinas até chegar aos pulmões e depois para a corrente sanguínea. 40 O terceiro tema abordou o sistema digestório e aparelho urogenital. Como observado, o sistema digestório possui órgãos que são responsáveis pela digestão dos alimentos além de estruturas anexas que auxiliam no processo de digestão. Já o aparelho urogenital reúne os sistemas urinários e reprodutores do macho e da fêmea. Neste tema conseguimos observar a importância do sistema urinário e reprodutivo. No quarto tema, foi abordado o sistema nervoso. Como estudado, o sistema nervoso é o coordenador de todos os demais, sendo fundamental seu entendimento básico para compreender as ações corporais. No quinto tema, observamos o sistema endócrino e tegumentar. O sistema endócrino é responsável pelo controle hormonal, mantendo o equilíbrio do organismo a partir de sua produção pelas glândulas endócrinas. É bastante conhecido pelo seu mecanismo de autorregulação (feedback). E o sistema tegumentar possui grande importância por recobrir e proteger os animais externamente. 41 REFERÊNCIAS FAILS, A. D. Frandson – Anatomia e fisiologia dos animais de produção. São Paulo: Grupo GEN, 2019. HILL, R. W.; WYSE, G. A.; ANDERSON, M. Fisiologia animal. São Paulo: Grupo A, 2012. KLEIN, B. G. Cunningham – Tratado de fisiologia veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. Anatomia dos animais domésticos – Textos e atlas Colorido. 6. ed. Porto Aloegre: Artmed, 2016. LIEBICH, H. G. et al. Introdução e anatomia geral. In: KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. Anatomia dos animais domésticos – Textos e Atlas Colorido. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021. MALOMO, A. O.; IDOWU, O. E.; OSUAGWO, F. C. Lessons from history: human anatomy, from the origin to the Renaissance. International Journal of Morphology, v. 24, n. 1, p. 99-104, 2006. MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de fisiologia animal. São Paulo: Grupo A, 2009. REECE, W. O. (Ed.) Dukes – Fisiologia dos animais domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ROWE, W. O. Reece, E. W. Anatomia funcional e fisiologia dos animais domésticos. São Paulo: Grupo Gen, 2020. Conversa inicial De acordo com Liebich et al. (2021), morfologia é o estudo científico da forma e estrutura de organismos, o que inclui as estuturas anatômicas e histológicas, sendo uma ferramenta fundamental para a identificação e a classificação das espécies. As des... A seguir, veremos alguns conceitos de morfologia e fisiologia com base na apresentação das diferentes estruturas corporais que contempla os sistemas: esquelético, articular, muscular, circulatório, respiratório, digestório, reprodutor, urinário, endó... 1.4.1 Dorsal, ventral e médio 1.4.2 Lateral, medial, intermediária e mediana 1.4.3 Cranial e caudal 1.4.4 Proximal e distal 1.4.5 Palmar e plantar 1.4.6 Rostral 2.2 Sistema respiratório 2.2.1 Nariz ou focinho FINALIZANDO REFERÊNCIAS REECE, W. O. (Ed.) Dukes – Fisiologia dos animais domésticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.