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DESCRIÇÃO Construção dos conceitos fundamentais e aplicações do campo magnético, da força de Lorentz, do fluxo de campo magnético, da indutância e da Lei de Gauss da magnetostática na moderna teoria eletrodinâmica clássica. PROPÓSITO Abordar os campos magnéticos estáticos, ou magnetostáticos, sua estrutura, seu comportamento e suas fontes, a força de Lorentz, bem como o cálculo do campo magnético a partir de correntes elétricas estáveis, a obtenção do valor da indutância de componentes elétricos e a definição de mais uma das equações de Maxwell: a lei de Gauss da Magnetostática. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar o campo magnético e a força de Lorentz MÓDULO 2 Aplicar a Lei de Biot-Savart e a Lei de Ampère MÓDULO 3 Calcular o fluxo de campo magnético, a indutância e a aplicação da Lei de Gauss da magnetostática INTRODUÇÃO Os Campos magnéticos, com suas causas, estrutura e consequências, são um dos tópicos mais pesquisados e estudados, tanto cientifica como tecnologicamente. São fundamentais à completa compreensão dos fenômenos eletromagnéticos, sendo aplicados onde muitas vezes não imaginamos: desde a geração elétrica, passando pelas comunicações, as novas tecnologias de materiais, transportes e máquinas, até a moderna eletrônica etc. E não podemos esquecer dos fenômenos magnéticos da natureza. Para compreender seus fundamentos e aplicações iniciais, precisamos conceituar o campo magnético e a força de Lorentz. Também vamos analisar como obter e calcular o campo magnético a partir das fontes de corrente elétrica. Vamos, ainda, conceituar e aplicar o fluxo de campo magnético na obtenção da Indutância magnética e definir a segunda equação de Maxwell, que é uma lei fundamental da Natureza, a Lei de Gauss da Magnetostática. MAGNETOSTÁTICA MÓDULO 1 Identificar o campo magnético e a força de Lorentz O CAMPO MAGNÉTICO Campos magnéticos são mediadores da Interação magnética a distância. À diferença do fenômeno elétrico, não existe o equivalente magnético da carga elétrica. Não há “cargas magnéticas”, chamados teoricamente de Monopolos Magnéticos. Durante várias décadas, Paul M. Dirac idealizou e propôs a existência dos Monopolos Magnéticos que, teoricamente, resolveriam a compreensão do valor do Quantum fundamental da carga elétrica. Mas, infelizmente, nunca foi encontrado um único Monopolo Magnético em quatro dimensões do espaço-tempo, apesar de algumas evidências em três dimensões espaço-temporais, mas estes aplicam-se em fenômenos físicos superficiais como a supercondutividade e materiais com características topológicas, que não trataremos aqui nem são abrangidos pela teoria eletrodinâmica clássica. javascript:void(0) javascript:void(0) Paul M. Dirac QUATRO DIMENSÕES DO ESPAÇO-TEMPO Três coordenadas espaciais + um tempo TRÊS DIMENSÕES ESPAÇO-TEMPORAIS Duas coordenadas espaciais + um tempo ATENÇÃO Os campos magnéticos possuem estrutura completamente diferente dos campos elétricos, não devendo ser confundidos com estes. Sua estrutura é rotacional, com linhas de campo contínuas e fechadas. Os campos eletrostáticos de cargas pontuais “nascem ou morrem” em cargas elétricas, que os geram e detectam. Os campos magnetostáticos, por sua vez, têm trajetórias fechadas, numa curva fechada, existindo inclusive dentro dos materiais magnéticos que os geram ou circundando suas fontes de corrente elétrica, sempre em circulações fechadas, pois sua estrutura é rotacional. Imagem do conjunto das Linhas de campo magnético de um imã natural interagindo com limalha de ferro. Diagrama da representação desse campo magnético mostrando que também há linhas de campo magnético dentro dos materiais magnéticos em circulações fechadas. A Estrutura Rotacional do Campo Magnetostático de um Imã Se tomarmos um material magnético natural, um imã, e tentarmos separar supostos núcleos magnéticos, chamados de polos magnéticos, quebrando o material cristalino, jamais conseguiremos obter êxito, mesmo que chegássemos ao nível atômico. Não existem, fisicamente, os Polos magnéticos Norte e Sul separados, sendo apenas uma designação da convenção histórica de orientação das linhas de campo magnético. Os polos magnéticos são apenas regiões do material onde as linhas de campo são mais concentradas e o campo magnético mais intenso em magnitude. As linhas de campo magnetostático rotacionam em curvas fechadas e não são divergentes como no caso eletrostático. Ou seja, as linhas de campo magnético seguem trajetórias fechadas. ATENÇÃO Essa antiga confusão, errônea na interpretação, está na aparente semelhança com a estrutura de campo do dipolo elétrico, que no passado foi confundida com a de campo magnético, mas são campos de natureza completamente diferentes. Repare nas duas figuras a seguir. À esquerda, estão representadas linhas de campo elétrico de um dipolo elétrico. À direita, linhas de campo magnético de um imã natural. Note que as linhas mais afastadas, em ambos os casos, são semelhantes nas trajetórias curvas nas duas figuras. Mas no dipolo elétrico (figura à esquerda) entre as cargas elétricas, as linhas seguem no sentido da carga de atributo positiva para a carga de atributo negativa. Já na figura à direita, entre as extremidades do imã — as regiões chamadas de polos — o campo magnético de linhas fechadas segue em sentido oposto ao das linhas do dipolo da figura à esquerda. Linhas de campo elétrico de um dipolo elétrico. As linhas seguem no sentido da carga de atributo positiva para a carga de atributo negativa. Linhas de campo magnético de um imã natural. Entre as extremidades do imã, as regiões chamadas de polos, o campo magnético de linhas fechadas segue em sentido oposto ao das linhas do dipolo da figura à esquerda. Linhas de Campo de Dipolo Elétrico e Linhas Magnéticas – Comparação Esse é o motivo histórico para se referir a um imã com polos norte e sul, como se fosse possível separar esses polos, fonte de incompreensão muito comum. Os campos eletrostáticos e magnetostáticos são completamente distintos e possuem causas diferentes. Sua breve semelhança nesses dois exemplos é circunstancial e mesmo aqui não podem ser confundidos. Assim, percebe-se que as estruturas de campo elétrico de dipolo e de campo magnético de um imã são distintas, apesar de semelhantes nas linhas mais afastadas das fontes. Existem, essencialmente, três fontes de campos magnéticos: 01 Os campos magnetostáticos naturais dos imãs e materiais magnéticos. 02 Os campos magnetostáticos no entorno de linhas de Corrente Elétrica estacionárias, ou de espiras de corrente elétrica, descritos pela Lei de Biot-Savart e a Lei de Ampère. 03 Os campos magnéticos dinâmicos induzidos por variações temporais de fluxos de campos elétricos, via corrente de deslocamento de Maxwell da Lei de Ampère-Maxwell. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Vamos nos deter nos campos magnetostáticos (itens 1 e 2) e deixaremos os campos magnéticos induzidos por variações de fluxos de campos elétricos (item 3) para mais tarde. ORIGEM DO MAGNETISMO NATURAL A origem do magnetismo natural é intrínseca, do spin quântico do elétron e da dinâmica quântica orbital molecular e/ou atômica dos materiais magnéticos. Eles formam o que chamamos de momentos magnéticos quânticos. Para os materiais magnéticos naturais, magnetizáveis ou campos magnéticos com fontes em correntes elétricas, define-se classicamente o momento magnético, →m. DEFINIÇÃO: MOMENTO MAGNÉTICO (MACEDO, 1976 ADAPTADO) “Grandeza vetorial que se pode associar a uma espira percorrida por uma corrente elétrica ou a um magneto. O momento magnético associado a uma espira define-se pela equação →m = I→a, em que I é a intensidade de corrente que percorre a espira, e →a é um vetor normal à área subtendida pela espira, suposta plana, cujo módulo é a medida desta área (figura à esquerda). Para o magneto natural,o seu momento magnético mede-se pelo produto de → FB → | B , pelo vetor comprimento → L do mesmo magneto, em que → FB é a força magnética que age sobre a extremidade deste magneto e → B é o campo magnético externo que gera essa força magnética, ou seja, →m = → FB → | B → L (figura à direita). | | | | | | Momento Magnético MATERIAIS MAGNÉTICOS Considerando as principais propriedades magnéticas dos materiais, podemos classificá-los como: PARAMAGNÉTICOS Nos materiais paramagnéticos, os momentos magnéticos atômicos são permanentes, mas não interagem fortemente uns com os outros e estão orientados aleatoriamente. Quando submetidos a um campo magnético externo, são parcialmente orientados (alinhados) na direção desse campo e assim aumentam a magnitude do campo externo, como na figura a seguir. Em temperaturas usuais (ambientais) e na presença de campos magnéticos de baixa intensidade, somente uma pequena porcentagem das moléculas resultará alinhada devido ao seu movimento vibracional térmico. Esses materiais são atraídos por campos magnéticos. Quando o campo externo é desligado, seu campo de magnetização desaparece. Exemplo: oxigênio líquido, magnésio, lítio etc. FERROMAGNÉTICOS Nos materiais ferromagnéticos, os momentos magnéticos atômicos são permanentes e interagem intensamente uns com os outros, o que permite um elevado grau de alinhamento na presença de campo magnético externo, mesmo com campos de baixa intensidade. Ainda que não se submeta o material a um campo magnético externo, pode-se ter momentos magnéticos atômicos fortemente alinhados, são os imãs permanentes. Nota-se a existência de regiões delimitadas com a mesma orientação dos momentos magnéticos, chamados de domínios magnéticos, como na figura a seguir. O alinhamento dos domínios que formam seu campo de magnetização pode permanecer quando o campo externo é desligado. Em altas temperaturas, críticas de cada material, as paredes dos domínios de magnetização (paredes de Block) são quebradas e esses materiais se comportam com a propriedade paramagnética. Exemplos: magnetitas, ferro, cobalto, níquel, ligas destes (com alumínio, cobre, manganês etc.), terras-raras etc. Direção do campo magnético aplicado DIAMAGNÉTICOS Nos materiais diamagnéticos, os momentos magnéticos atômicos se alinham de maneira oposta ao campo magnético externo, diminuindo assim esse campo. Tal efeito ocorre em todos os materiais, sendo pouquíssimo intenso, mas é encoberto quando os materiais possuem também outras propriedades como a ferromagnética ou a paramagnética. São materiais que repelem o campo magnético externo. Exemplo: cobre, água, prata, carbono etc. Levitação de uma lâmina de Grafite. ANTIFERROMAGNÉTICOS Nos materiais antiferromagnéticos, o campo de magnetização se alinha antiparalelamente ao campo externo aplicado. Há uma orientação alternada nos momentos magnéticos atômicos vizinhos, como na figura a seguir. Só pode ser observado abaixo de uma temperatura crítica que depende dos materiais. Exemplo: manganês, sulfeto ferroso, cromo, óxido de cromo etc. FERRIMAGNÉTICOS Nos materiais ferrimagnéticos, os momentos magnéticos dos íons vizinhos em uma rede cristalina se alinham antiparalelamente, formando duas sub-redes com momentos opostos de magnitude e diferentes do campo externo aplicado, como na figura a seguir, fazendo com que uma magnetização espontânea e oposta permaneça após o campo externo desligado. Exemplo: ferritas. HELIMAGNÉTICOS Nos materiais helimagnéticos, os momentos magnéticos vizinhos em uma rede cristalina fazem um ângulo constante diferente do paralelo e do antiparalelo. Ocorre a baixíssimas temperaturas. Exemplo: bióxido de manganês. FORÇA DE LORENTZ A FORÇA DE LORENTZ É UMA COMPOSIÇÃO DAS DUAS INTERAÇÕES DA TEORIA ELETRODINÂMICA CLÁSSICA: A INTERAÇÃO ELÉTRICA, QUE É PROPORCIONAL AO CAMPO ELÉTRICO, E A INTERAÇÃO MAGNÉTICA, QUE É PROPORCIONAL AO CAMPO MAGNÉTICO. Vamos analisar a interação magnética, ou seja, a força magnética, para compreender essa fundamental interação da natureza. DEMONSTRAÇÃO A força magnética, ou interação magnética, ocorre de duas formas: 01 SOBRE PARTÍCULAS CARREGADAS COM VELOCIDADE NÃO NULA, EM UMA REGIÃO DE CAMPO MAGNÉTICO. Para o caso (1) de partículas carregadas e com velocidade não nula, em uma região de campo magnético, a força magnética → FB se define fenomenologicamente como: javascript:void(0) → FB = Q →v × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Que é a expressão da força magnética como um produto vetorial entre a velocidade da partícula carregada, →v, e o campo magnético, → B, multiplicado pela carga Q. A carga Q é uma carga de provas viajando em velocidade constante, →v, na presença de um campo magnético não variável, → B, como na ilustração anterior. A unidade do Sistema Internacional (S.I.) para o campo magnético → B é o Tesla. Assim: 1 Tesla = 1 T = 1 N . s C . m = 1 N A . m Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 02 SOBRE LINHAS OU ESPIRAS DE CORRENTE ELÉTRICA NA PRESENÇA DE CAMPO MAGNÉTICO; SENDO ESTA ÚLTIMA UMA EXTENSÃO DA PRIMEIRA, COMO VEREMOS. Para o caso (2), de uma linha de corrente elétrica, I, vamos generalizar a equação anterior de uma única carga, para uma integral de elementos de cargas. Assim, a força magnética sobre uma corrente elétrica será: ( ) javascript:void(0) → FB = ∫ →v × → B dq Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Mas, q = λ l, e também dq = λ dl, em que λ é a densidade linear de cargas constante no filamento que conduz a corrente I. Assim, derivando no tempo a relação q = λ l, temos a corrente elétrica I: I = dq dt = λ dl dt = λ →v Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Representando algebricamente a velocidade da carga como →v = →v v̂, sendo v̂ a direção de →v, e substituindo dq = λ dl, e o resultado da equação anterior, I = λ →v , obtemos: → FB = ∫ →v × → B dq = ∫ →v × → B λ dl = ∫ →v v̂ × → B λ dl = ∫ I v̂ × → B dl Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como v̂ está orientada na direção e sentido da corrente elétrica I, podemos definir → dl = dl v̂. Assim: → FB = ∫ I → dl × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Que é a expressão da força magnética que age sobre uma linha de corrente elétrica como o produto vetorial do elemento vetorial de corrente I → dl com o campo magnético → B. . ( ) | | | | | | ( ) ( ) ( | | ) ( ) ( ) Nos dois casos temos um produto vetorial, o plano formado pelas direções do vetor velocidade de uma carga elétrica em movimento, e o campo magnético ao qual essa carga estiver submetida será ortogonal à força magnética gerada. Da mesma maneira, o plano formado pelo vetor Elemento de Corrente Elétrica e o vetor campo magnético, será ortogonal à força magnética gerada. Forças magnéticas alteram a direção da trajetória de partículas carregadas submetidas ao campo magnético, produzindo trajetórias tipicamente de classe circulares, mas não alteram o módulo de sua velocidade, pois são forças transversas à velocidade, como se traduz da definição dessas forças. A força de Lorentz sobre cargas elétricas em movimento uniforme será a soma das contribuições de força elétrica e de força magnética: → F = Q → E + Q →V × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal E a força magnética sobre elementos de linhas de corrente elétrica é: D → FB = I → DL × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: – → dl é o vetor elemento de comprimento de um fio retilíneo com direção paralela a I. – → B, é o campo magnético não variável. REGRA DA MÃO DIREITA DO PRODUTO VETORIAL Na presença de campo magnético, cargas elétricas em movimento e correntes elétricas sofrema ação da força magnética, que as desvia, tracionando-as perpendicularmente à direção anterior. Ou seja, uma partícula carregada, com velocidade constante em certa direção que adentre uma região de campo magnético, perpendicular à sua velocidade, sofrerá uma força magnética ortogonal ao plano dos vetores ( ) anteriores, em cada instante temporal, como nas figuras mostradas, satisfazendo à regra da mão direita do produto vetorial. Atenção: A figura a seguir ilustra a aplicação correta da regra da mão direita: A regra da mão direita para o produto vetorial. O entendimento e uso da regra da mão direita não é uma opção, vários fenômenos físicos satisfazem regras de produto vetorial, como a força magnética e o campo magnético, que são alguns deles. CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE O campo magnético terrestre, chamado de campo geomagnético, que compõe a magnetosfera terrestre, é responsável por desviar partículas cósmicas e do vento solar para longe de nossa atmosfera, ou aprisioná-las no cinturão de Van Allen, para que não atinjam a superfície terrestre, o que, de outra forma, poderia transformar a vida planetária na superfície com a erosão da atmosfera e da água do planeta. A força de Lorentz é a principal responsável por essa proteção, desviando as partículas carregadas que se aproximam com grande velocidade da magnetosfera. São partículas fundamentais carregadas e muito energéticas, transversalmente desviadas quando entram em contato com as linhas do campo geomagnético. Não conhecemos ainda completamente a dinâmica da fonte desse campo geomagnético protetor. Acredita-se, baseado em modelos teóricos plausíveis e simulados, que o núcleo do planeta, metálico, dinâmico, e altamente aquecido seja sua fonte. Contudo, a força magnética é, certamente, a grande responsável por termos uma atmosfera relevante, água abundante e condições climáticas compatíveis com a vida, como a conhecemos. FENÔMENO DA EMISSÃO DE MASSA CORONAL (CME) A imagem a seguir exemplifica o fenômeno da Emissão de Massa Coronal (CME), de um enorme jato de partículas solares em direção à Terra. Não está em escala real, pois a Terra seria somente um pequeno ponto no espaço comparado ao Sol, mas nos oferece a noção dessas escalas e a enorme importância da magnetosfera terrestre como escudo de defesa do planeta diante do poder dessas emissões solares e das partículas cósmicas do Universo. O CAMPO GEOMAGNÉTICO TERRESTRE E O VENTO SOLAR Neste diagrama é mostrado um esquema da estrutura do campo geomagnético terrestre, onde o eixo magnético é inclinado em relação ao eixo de rotação do planeta. O Polo Norte magnético se encontra próximo ao Sul geográfico e o Polo Sul magnético se encontra próximo ao Polo Norte geográfico, com um ângulo de inclinação entre os eixos de rotação e magnético. As bússolas se orientam com o Norte apontando para o Sul magnético do planeta, pois as linhas de campo geomagnéticas, segundo a convenção adotada de orientação das linhas de campo magnéticas, seguem do Norte para o Sul magnético. Assim, as bússolas apontam para o Sul magnético, próximo ao Norte geográfico. Por essa razão, reconhecemos as bússolas apontando para o Norte geográfico próximo. Figura 1- O Campo Geomagnético Terrestre. Figura 2 - O Vento Solar. Fonte: Foto com arte, NASA — Sonda espacial SOHO/NASA Nesta figura temos uma foto com cores enriquecidas, obtida da sonda espacial SOHO da NASA, especializada em acompanhar esses fenômenos. Na foto, nota-se uma gigantesca emissão de massa coronal (CME) em direção à Terra. Repare a atuação do campo magnético terrestre na defesa planetária. Se a massa coronal desta foto tivesse atingido a Terra sem magnetosfera, talvez você não estivesse lendo este conteúdo agora. AURORAS BOREAIS E AUSTRAIS Nas regiões Polares, nos Polos Magnéticos Terrestres, que são localizações onde as linhas de Campo Geomagnéticos são mais próximas da superfície, as partículas cósmicas, e do Vento Solar, conseguem se aproximar muito mais da superfície planetária, produzindo um fenômeno muito interessante, mas indicativo da penetração dessas partículas na atmosfera, as Auroras Boreais e Austrais. São partículas carregadas, principalmente de elétrons, que não foram desviadas pelo campo magnético terrestre, nem aprisionadas por este. Elas conseguem atravessar a magnetosfera nos polos, espiralando em torno das linhas de campo e, assim, penetram a atmosfera, interagindo com gases atmosféricos, principalmente o oxigênio e o nitrogênio, colidindo com eles e excitando-os a níveis de energia mais altos. Ao retornarem aos níveis de energia mais baixos, essas moléculas gasosas emitem luz. As diferentes colorações são características da diferença energética que esses gases absorveram e emitem. Colorações verdes e vermelhas são características do oxigênio, e os azuis e o rosa são emitidos pelo nitrogênio, a depender de seus estados de ionização. MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA Considere uma espira de corrente elétrica na presença de um campo magnético. Como a força magnética atua sobre uma espira que conduz uma corrente elétrica? No que resulta esse fenômeno? RESOLUÇÃO Para analisar o problema, vamos simplificar a geometria de uma espira que conduz uma corrente elétrica e depois vamos generalizar o tratamento. Vamos considerar uma espira retangular, de lados a e b, conduzindo uma corrente elétrica I. Vejamos na figura a seguir: Uma corrente elétrica percorre a espira no sentido anti-horário e o campo Magnético atua como representado na figura. Perceba que a força Magnética → F = I → l × → B atuará em cada segmento da espira onde há corrente elétrica, produzindo forças perpendiculares ao campo. A soma resultante de todas essas forças é zero. No entanto, a atuação do campo Magnético faz a espira alinhar-se com a orientação do campo. Como as forças nos segmentos laterais, de largura a, formam um binário de forças, inclinado de um ângulo θ em relação à orientação do campo, o efeito é o de um torque girando a espira de forma a alinhar-se ao campo magnético. As forças magnéticas que agem verticalmente nesta espira também são perpendiculares à direção do campo, formam outro binário de forças, mas estão, as duas, na mesma direção e, assim, cancelam-se mutuamente. O torque do binário de forças magnéticas que age na espira será: → Τ = →R × → F Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde →r é chamado de vetor braço-de-ação do torque, ou braço de alavanca com módulo b sen(θ), sobre um ponto P, e a força magnética é → F = I → l × → B. O módulo desta força magnética é: → F = I A → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O torque será orientado na direção do eixo de rotação da espira, que, neste caso, faz uma linha imaginária onde estão representadas as forças verticais e seu módulo será: → Τ = I A → B B SEN(Θ) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O ângulo θ é de inclinação do campo Magnético → B com o vetor normal ao plano da espira, n̂, como representado na figura. Repare que o produto ab é a área A do plano da espira. Portanto, o torque do campo magnético sobre uma espira pode ser definido como: → Τ = I A N̂ × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Repare que reobtivemos aqui o momento magnético de uma espira de corrente elétrica, que podemos generalizar para N espiras como: →MN = N I A N̂ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde, aqui, A é a área da espira. Assim, podemos definir o torque (vetor) do campo magnético sobre N espiras de qualquer geometria como: | | | | | | | | → ΤB = →MN × → B Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal TORQUE DO CAMPO MAGNÉTICO VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Aplicar a Lei de Biot-Savart e a Lei de Ampère FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO — CORRENTESELÉTRICAS Correntes elétricas são fonte de campos magnéticos. Já havíamos elencado esse fenômeno como uma das três fontes dos campos magnéticos. As primeiras evidências científicas da relação entre campos magnéticos e correntes elétricas datam de 1820, quando Hans Christian Oersted identificou a relação entre o magnetismo e a movimentação de cargas elétricas em correntes elétricas. Oersted percebeu que as agulhas das bússolas eram perturbadas quando próximas de linhas de correntes elétricas. Um mês depois, Jean Baptiste Biot e Félix Savart mostraram qual era o comportamento da força magnética sobre polos magnéticos de materiais magnéticos naturais, nas vizinhanças de correntes elétricas de um fio condutor, analisando elementos de corrente elétrica como fontes do campo que geravam a interação. Além destes, André Ampère, Michael Faraday e Joseph Henry fizeram importantes contribuições aos princípios do magnetismo gerado por linhas de corrente elétrica. Ampère nos apresentou, inclusive, o primeiro modelo da origem do magnetismo natural dos imãs, que seria gerado a partir de pequenas circulações de correntes elétricas em espiras minúsculas dentro dos materiais. Atualmente sabemos que essa origem é intrínseca dos materiais, na escala quântica. Mas seu modelo nos mostrou uma possibilidade para explicar o magnetismo dos materiais pela primeira vez. Do ponto de vista do fenômeno, sempre que tivermos correntes elétricas em condutores elétricos, ou fluxo de portadores de cargas em quaisquer meios, teremos a geração de campo magnético no entorno desse fluxo de cargas. Vamos analisar, por ora, os campos magnéticos cujas fontes são correntes elétricas estáveis e uniformes, ou seja, não variáveis. Vamos elencar o que sabemos da fenomenologia dos campos magnéticos com fontes em correntes elétricas: CONHECIMENTO 1 Os campos magnéticos cujas fontes são correntes elétricas têm estrutura rotacional no entorno das linhas de correntes. Ou seja, linhas de correntes elétricas uniformes são fontes de campos magnetostáticos que circundam essas linhas de correntes, com direção e orientação de acordo com a regra da mão direita. A figura a seguir exemplifica essa estrutura de campo magnético rotacional às linhas de correntes. Repare que ao apontar o polegar da mão direita na direção e sentido positivo da corrente elétrica, estaremos, com os demais dedos da mão direita, indicando a orientação positiva do campo magnético no entorno da linha. CONHECIMENTO 2 Correntes elétricas circulando em anéis condutores, ou espiras, produzem campos magnéticos que se assemelham aos campos magnéticos naturais de imãs, com linhas circundando cada trecho de elemento de corrente elétrica. No centro do anel de corrente, temos uma linha de campo magnético aparentemente linear, ao longo do eixo do anel, mas que também se fechará em um grande arco. Diferentemente do campo magnético no entorno de uma linha retilínea de corrente elétrica (figura anterior) as linhas de campo da figura a seguir não são simétricas em relação ao elemento de corrente, fonte do campo. CONHECIMENTO 3 Uma sucessão de anéis condutores de corrente elétrica, que chamamos de espiras, quando estão justapostos, mas sem contato pois são isolados eletricamente (recobertos com material isolante) e em formato helicoidal, formam um componente elétrico/eletrônico dos mais importantes: os solenoides, muitas vezes chamados de bobinas longas. Solenoides são acumuladores de energia magnética, como veremos mais tarde. O campo magnético no interior de um solenoide, quando conduz uma corrente elétrica uniforme, é linear e quase uniforme. No seu exterior, o campo assemelha-se a um magneto natural, como na figura anterior. Na figura a seguir, temos uma representação esquemática do campo magnético de um solenoide curto. O campo é quase uniforme no interior e como o de um magneto natural externamente. Repare que no entorno das espiras há uma pequena circulação de campo que vaza por entre elas. Temos também o efeito de borda que contribuirá ao campo externo. Mas os solenoides ideais são muito longos, seu comprimento é muito maior que o seu raio, de maneira que esses vazamentos de campo pelas bordas e por entre as espiras será fortemente reduzido e uma maior uniformidade do campo interno se verificará. Na figura seguinte, temos uma fotografia de um solenoide com corrente elétrica ligada, orientando a limalha de ferro no seu interior. Repare que, externamente, o efeito sobre a limalha é muito reduzido. Assim, quando aumentamos a densidade de espiras por comprimento do solenoide, e o construímos muito longo, o resultado é de campo magnético quase zero em distâncias maiores do que raio do solenoide, na região externa. LEI DE BIOT-SAVART E LEI DE AMPÈRE A estrutura e cálculo do campo magnético, com fontes em correntes elétricas uniformes, será definida por meio da Lei fenomenológica de Biot-Savart e a Lei fundamental de Ampère. Esta última caracteriza a estrutura do campo magnético com sua fonte em correntes elétricas uniformes e nos permite o cálculo do campo em situações de alto grau de simetria. DEMONSTRAÇÃO A Lei de Biot-Savart é uma lei de campo fenomenológica que nos permite o cálculo do campo magnético em um ponto P qualquer do espaço a partir de sua fonte, que é um elemento de corrente elétrica uniforme. Foi obtida da análise experimental da força magnética entre linhas retilíneas de corrente elétrica. d → B = km I d → l × r̂ r2 km = μ0 4π = 10 - 7 N A2 μ0 = 4π km = 4π. 10 - 7 N A2 d → B = μ0 4π I d → l × r̂ r2 ou → B = μ0 4π ∫ I d → l × r̂ r2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que km é a constante magnética e μ0 a permeabilidade magnética do vácuo. Evidentemente, para cada meio de condução, teremos um valor diferente dessas constantes. De forma análoga à carga na Lei de Coulomb da Eletrostática, aqui a fonte do campo magnético é o elemento de corrente elétrica Id → l . LEI DE AMPÈRE Na eletrostática, sabemos que o campo eletrostático é conservativo. Isto é, o trabalho, por unidade de carga elétrica, efetuado pelo campo eletrostático sobre uma carga de prova, em uma circulação ou trajetória fechada, será zero. A integral do campo eletrostático em uma circulação fechada será zero. O campo eletrostático é divergente. ∮ c → E ⋅ d → l = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Onde c é uma curva fechada qualquer. Na magnetostática, podemos fazer a seguinte pergunta: QUAL É O RESULTADO DA INTEGRAL DO CAMPO MAGNETOSTÁTICO EM UMA CIRCULAÇÃO FECHADA NO ENTORNO DE UMA LINHA DE CORRENTE ELÉTRICA? RESPOSTA Como o campo magnetostático tem estrutura rotacional, a resposta não será necessariamente zero. Os campos magnéticos seguem trajetórias fechadas no entono de suas fontes. Não confunda com o fato de o trabalho das forças magnéticas ser zero, por serem forças transversas à trajetória. Forças magnéticas não atuam na mesma direção do campo magnético, pois são perpendiculares entre si. AS LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO, A PARTIR DE UMA FONTE MAGNÉTICA, NÃO SÃO LINHAS DE FORÇA MAGNÉTICA, POIS A FORÇA MAGNÉTICA É PERPENDICULAR AO CAMPO MAGNÉTICO. Quando Ampère se fez essa pergunta, obteve o resultado de um dos fundamentos da teoria eletromagnética. Ao calcular o campo magnético no entorno de uma linha retilínea de corrente elétrica, por meio da Lei de Biot-Savart, percebeu que a integral deste campo magnético, em uma trajetória fechada, não é zero. Ou seja: ∮ C → B ⋅ D → L = 4 Π KMIC OU ∮ C → B ⋅ D → L = Μ0IC Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Lembrando que μ0 = 4π km. A corrente I é a totalidade das correntes elétricas internas à curva de Ampère c. Este é um dos resultados mais importantes da teoria eletrodinâmica clássica. É uma lei fundamental da natureza. Foi chamada de Lei de Ampère e é válida para qualquer curvafechada c, que chamaremos de curva de Ampère, desde que as correntes elétricas que são fontes do campo magnético sejam constantes. Essa integral é matematicamente chamada de uma integral de linha, que é uma integral ao longo de uma trajetória. Se a integral de linha do campo magnético em uma circulação fechada, ao longo de uma curva c qualquer, não é zero, o campo tem estrutura rotacional. Se a solução desta integral de linha é proporcional à corrente elétrica total interna à curva c, então esta corrente Ic é a fonte do campo magnético. Assim, na magnetostática, a Lei de Ampère é lei fundamental da natureza, que comporá uma das equações de Maxwell, como veremos à frente. No entanto, mesmo sendo uma lei fundamental da natureza, seu uso prático para a obtenção do campo magnético nem sempre será simples. Então, para esse fim, a usaremos em circunstâncias de alto grau de simetria e quando a fonte do campo, a corrente elétrica, for constante. Nesses casos, seu uso aplicado é recomendável por sua simplicidade. Nos demais casos, para o cálculo do campo magnético, recomenda-se o uso aplicado da Lei de Biot-Savart. SAIBA MAIS Leia mais sobre a definição do Ampére, no Sistema Internacional, em termos da força de repulsão magnética entre duas linhas de corrente elétrica. Quando a corrente elétrica não for constante e for variável, não poderemos utilizar a Lei de Ampère para obter o campo magnético. Nestes casos, teremos de utilizar as equações de Maxwell completas, pois envolvem a geração induzida de campos eletromagnéticos, como veremos mais à frente em eletrodinâmica. MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA Cabos coaxiais são largamente usados em transmissões de dados e sinais de TV. Seu uso se deve à capacidade em reduzir sensivelmente ruídos eletromagnéticos externos ao sinal transmitido. Um cabo coaxial é constituído de uma malha condutora elétrica envolvendo um filamento condutor elétrico interno. Vamos considerar que a corrente elétrica tenha o mesmo valor em magnitude nos dois condutores, o que geralmente ocorre, com a diferença que os sentidos das correntes são opostos em cada condutor. Então, consideremos um cabo coaxial, ao longo da direção z de um sistema coordenado cilíndrico, que conduz uma corrente elétrica I uniforme, no sentido positivo de z, pelo condutor interno de raio R1, e a mesma corrente I, no condutor em forma de malha condutora com raio R2, no sentido negativo de z. Ou seja, R2 > R1. Os condutores são separados mecanicamente por um material isolante elétrico. Vamos obter o campo magnético entre os dois condutores e o campo magnético do lado de fora do cabo coaxial. RESOLUÇÃO Para o cálculo do campo magnético, vamos usar a lei de Ampère de forma aplicada. ∮ C → B ⋅ D → L = Μ0 IC Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vamos fazer uma simplificação quanto à constante de permeabilidade magnética dos materiais e considerar que, neste problema, as permeabilidades magnéticas sejam praticamente iguais a μ. Assim, a lei de Ampère será redigida como: ∮ C → B ⋅ D → L = Μ IC Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Vejamos a representação dos campos magnéticos na figura a seguir. Repare que esses campos magnéticos atuam na direção polar cilíndrica θ̂, em sentidos opostos, pois as correntes elétricas são opostas. Vamos calcular a resultante dos campos magnéticos. A aplicação da regra da Mão-Direita nos mostra o sentido de atuação dos campos magnéticos. Na figura, as correntes elétricas foram representadas como diferentes para podermos calcular cada contribuição ao campo magnético de fontes de correntes elétricas diferentes. Veremos que o campo representado como → B2 na figura, que seria uma resultante dos campos, a depender das fontes e suas orientações, mas será, neste problema, igual a zero. O campo magnético nulo no exterior não gera interferências magnéticas na vizinhança. Além disso, temos o efeito de blindagem eletrostática que também é verificado nesse tipo de cabo. No problema em questão, somente haverá campo não-nulo, na região entre os condutores, descrito pela curva de Ampère C1. Externamente o campo será nulo. Curva C1: (região R1 < r1 < R2) ∮ C1 → B ⋅ D → L = 4Π KM IC1 ⟹ → B = → B Θ̂ D → L = DL Θ̂ IC1 = I1 { | | ∮ C1 → B DL = 4ΠKMI1 → B C1∮ C1 DL = 4ΠKMI1 → B C1 2Π R1 = 4ΠKMI1 ⟹ → B |C1 = 2KMI1 R1 → B1 = 2KMI1 R1 Θ̂ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja, há campo magnético descrito pela curva de Ampère C1 com raio R1 < r1 < R2. Curva C2: (região r2 ≥ R2) ∮ C2 → B ⋅ D → L = 4Π KM IC2 ⟹ → B = → B Θ̂ D → L = DL Θ̂ IC2 = (I1 - I2 | | | | | | | { | | ) ∮ C2 → B DL = 4ΠKM I1 - I2 → B C2∮ C2 DL = 4ΠKM I1 - I2 → B C2 2Π R2 = 4ΠKM I1 - I2 ⟹ → B |C2 = 2KM ( I1 - I2 R2 → B2 = 2KM ( I1 - I2 R2 Θ̂ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como as correntes elétricas do problema são iguais, (I1 - I2 = 0, o campo magnético resultante → B2 descrito pela curva de Ampère C2, com raio r2 ≥ R2, será nulo. Ou seja, nessa situação ideal, o campo magnético externo ao cabo será zero, → B2 = 0. CAMPO MAGNÉTICO DE CABOS COAXIAIS VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 | | ( ) | | ( ) | | ( ) | ) ) ) Calcular o fluxo de campo magnético, a indutância e a aplicação da Lei de Gauss da magnetostática FLUXO DE CAMPO MAGNÉTICO O fluxo de campo magnético é definido de forma semelhante à definição de fluxo de campo elétrico. É essencialmente a contagem líquida do número de linhas de campo magnético que atravessam uma superfície. A figura a seguir exemplifica diagramaticamente um elemento de área aberta dA com seu vetor unitário normal n̂ e as linhas de campo magnético, tipicamente curvas, atravessando esse elemento de área. Consideremos uma superfície com elementos infinitesimais de área dA e seus vetores normais unitários n̂ a cada elemento de área. O elemento de fluxo de campo magnético dΦm e a correspondente integral aberta desses elementos, Φm, serão definidos como dΦm = → B. n̂ dA = → B dA cosθ Φm = ∫dΦm = ∫ → B. n̂ dA Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que o ângulo θ entre o vetor campo magnético e o vetor normal n̂ ao elemento de área dA foi incorporado com o produto escalar. Repare que usamos a mesma construção de fluxo de campo elétrico. A unidade de fluxo de campo magnético no Sistema Internacional de unidades (S.I.) é o Weber (Wb). | | 1Wb = 1 T. m2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Se linhas de campo atravessarem superfícies sucessivas, como as superfícies definidas por diferentes espiras em um solenoide ou bobina, contabilizaremos o fluxo por cada superfície. Portanto, duas superfícies iguais em uma bobina contabilizarão duas vezes ao fluxo de campo, pois a área será duplicada, e assim sucessivamente para qualquer número de superfícies. LEI DE GAUSS DA MAGNETOSTÁTICA Quando lidamos com a Lei de Gauss da Eletrostática, ΦE = ∮ c → E. n̂ dA = 4 π k q, compreendemos que a fonte do campo eletrostático é a carga elétrica interna à superfície gaussiana, e que a estrutura desse campo é divergente, ou seja, as linhas de campo eletrostático “nascem ou morrem” em cargas elétricas. No entanto, o campo magnetostático tem estrutura rotacional, com linhas de campo fechadas, mesmo dentro dos materiais magnéticos naturais. SE ESTABELECERMOS UMA INTEGRAL DE FLUXO FECHADA PARA O CAMPO MAGNETOSTÁTICO, QUAL SERÁ A RESPOSTA DESSA INTEGRAL, JÁ QUE NÃO TEMOS CARGAS PUNTUAIS MAGNÉTICAS NA TEORIA ELETRODINÂMICA CLÁSSICA? RESPOSTA Esta é a resposta exata: não há cargas magnéticas puntuais. Não há monopolos magnéticos. A integral de Gauss total do campo magnetostático será zero. Esse resultado tambémnos mostra matematicamente a razão da estrutura do campo magnetostático ser rotacional. A integral de Gauss é zero e assim a divergência desse campo é zero, ou seja, o campo é rotacional. Uma simples equação demonstra a beleza de todas as nossas discussões sobre a estrutura do campo magnetostático: a Lei de Gauss do campo magnetostático. ΦMTOTAL = ∮ C → B. N̂ DA = 0 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que Φmtotal é o fluxo de campo magnético total e c é a superfície gaussiana fechada de suporte dessa integração. Significa que a totalidade das linhas de campo magnéticas, que chamamos de número líquido total de linhas que atravessam uma superfície gaussiana fechada, será sempre zero. Como as linhas de campo magnetostáticas são fechadas, rotacionais, todas as linhas que entram em uma superfície fechada sairão desta e não contabilizarão no fluxo total. ATENÇÃO A Lei de Gauss da magnetostática, somada à Lei de Ampère e à definição da força magnética, caracterizam toda a magnetostática, pois explicam a estrutura rotacional do campo, a inexistência de monopolos magnéticos, a interação magnética e a Lei de Biot-Savart pode ser extraída destas. Vamos aplicar esses princípios na demonstração do conceito de Indutância. DEMONSTRAÇÃO INDUTÂNCIA Quando ligamos uma corrente elétrica ou um fluxo de portadores de cargas, verificamos a geração de campo magnético, descrito pela Lei de Ampère ou, alternativamente, pela Lei de Biot-Savart. Os campos magnéticos têm as correntes elétricas como suas fontes. Vamos desconsiderar por um instante os campos magnéticos naturais. Além disso, podemos calcular o fluxo aberto de campo magnético Φm que atravessa ou incide sobre uma superfície, que nominamos de uma integral de Gauss aberta. Vamos definir que o fluxo de campo magnético possa ser obtido direta e linearmente da corrente elétrica com uma constante de proporcionalidade que chamaremos de indutância. Contudo, o fluxo pode alcançar a vizinhança ou atuar no próprio sistema que o gera. Assim, temos duas classes de indutâncias: a indutância mútua (M) e a autoindutância (L). Pense em dois circuitos elétricos. Cada qual com sua corrente elétrica, I1 e I2. O fluxo de campo magnético que incidirá sobre o circuito Nº 1 será oriundo do campo magnético gerado pelo próprio circuito Nº 1, que se somará à contribuição ao fluxo de campo oriundo do circuito Nº 2. Isto é, o campo magnético gerado pelo circuito Nº 2 contribuirá para o fluxo que atravessa o circuito Nº 1, assim com o próprio campo do circuito Nº 1 contribuirá a esse fluxo. Da mesma forma, ocorrerá no circuito Nº 2. ATENÇÃO O campo magnético também satisfaz ao princípio de superposição e todas as contribuições ao campo magnetostático serão somadas, mesmo que oriundas de fontes diversas. Assim, o fluxo também deverá satisfazer esse princípio. Então, o fluxo de campo magnético sobre o circuito Nº 1 será: ΦM1 = L I1 + M I2 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que L é a autoindutância do circuito Nº 1, que dependerá de sua geometria, como veremos, e M é a indutância Mútua, que dependerá da geometria do circuito Nº 2 e das configurações geométricas relativas dos dois circuitos, Nº 1 e Nº 2. A unidade SI da indutância é o Henry (H): 1 H = 1 WB A = 1 T . M2 A = 1 V . S A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Podemos definir a unidade física da constante de permeabilidade em termos da unidade de fluxo de campo magnético: μ0 = 4π × 10 - 7 H /m. MÃO NA MASSA TEORIA NA PRÁTICA Um toroide de seção transversa retangular ideal contém N espiras justapostas e perpendiculares a um anel completo. Se esse toroide for ligado a uma corrente elétrica uniforme I, um campo magnético não uniforme se estabelecerá em seu interior. Considere que as espiras tenham as dimensões de um retângulo, como na figura a seguir do corte em seção transversa da peça. Ou seja, haverá campo magnético não uniforme em seu interior. A fotografia a seguir ilustra esse componente na realidade. Calcule a autoindutância L deste toroide ideal de seção retangular, como descrito nas duas figuras seguintes. Use μ0 para a permeabilidade magnética. RESOLUÇÃO Então, vamos seguir a estratégia de solução já adotada: Calcular o campo magnético, o fluxo de campo magnético e a Indutância. Como temos alto grau de simetria, vamos aplicar a lei de Ampère em uma curva de Ampère em anel fechado com simetria polar, como fizemos antes: Campo magnético para uma curva c interna ao toroide: ∮ C → B ⋅ D → L = Μ0 IC ⟹ → B = → B Θ̂ D → L = DL Θ̂ IC = N I ∮ C1 → B DL = Μ0 N I → B C∮ CDL = Μ0 N I → B C 2Π R = Μ0 N I ⟹ → B |C = Μ0 N I 2Π R → B = Μ0 N I 2Π R Θ̂ Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Fluxo de Campo magnético: Como a área de incidência do fluxo de campo magnético, em cada espira do Toroide, será um retângulo de lados (b - a) × h, como ilustrado na ultima figura das três anteriores, a medida de integração de área desta região será dA = h dr: ΦM = ∫ → B. N̂ DA ⟹ ΦM = B ∫ A → B. N̂ (H DR) { | | | | | | | | | ΦM = B ∫ A Μ0 N I 2Π R Θ̂. N̂ H DR Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como os vetores unitários direcionais, θ̂ (polar cilíndrico) e n̂ (normal), da superfície da cada espira do Toroide, estão na mesma direção e orientação, temosθ̂ . n̂ = 1. Assim, ΦM = B ∫ A Μ0 N I 2Π R H DR ⟹ ΦM = Μ0 N I 2Π B ∫ A 1 R H DR Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Portanto, ΦM = Μ0 N I 2Π H B ∫ A 1 R DR ⟹ ΦM = Μ0 N I H 2Π LN B A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Esse é o fluxo sobre uma espira do Toroide de seção retangular. O fluxo sobre N espiras do mesmo Toroide de seção retangular será obtido multiplicando-se esse fluxo por N: ΦMN = Μ0 N 2 I H 2Π LN B A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Portanto, a autoindutância L do torioide será: ( ) ( ) ΦMN = L I ⟹ L = Μ0 N 2 H 2Π LN B A Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal E, mais uma vez, a indutância resulta ser função da geometria do indutor. Obs.: A autoindutância de um Toroide de seção transversa circular tem cálculos mais complexos, mas em certos limites de suas dimensões e para efeitos práticos, se aproxima do presente cálculo do Toroide de seção retangular. CÁLCULO DE AUTOINDUTÂNCIA DE UM TOROIDE VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Os fenômenos magnéticos fazem parte do nosso dia a dia. Eletroímãs, geradores elétricos, materiais magnéticos, mídias magnéticas, bobinas, indutores, campos magnéticos etc. Não há como pensar em eletromagnetismo sem o estudo dos fenômenos magnéticos e da magnetostática. ( ) É fundamental que você perceba que todos os itens de estudo da eletrodinâmica clássica, mesmo aqueles aparentemente mais teóricos, têm aplicação tecnológica e fazem parte da nossa sociedade tecnológica contemporânea. Neste tema, você estudou os campos magnéticos estáticos com fontes naturais e de corrente elétrica uniforme, as leis que regem esses campos magnetostáticos, suas aplicações ao cálculo de fluxos de campos magnéticos e um pouco sobre os indutores. Não deixe de experimentar as indicações complementares na seção Explore +. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARROS, L. M. Física teórica experimental III. 1 ed. Rio De Janeiro: SESES, 2017. GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2019. 3 v. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física: eletromagnetismo. 10. ed. Rio De Janeiro: LTC, 2018. NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física básica: eletromagnetismo. 1.ed. digital. São Paulo: Blucher, 2018. TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros. 6 ed. Rio De Janeiro: LTC, 2011. YOUNG, H. D.; Freedman, R. A. Física III — Sears & Zemansky. 14. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2015. 3 v. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia: Motores de Corrente Contínua e as Bobinas de Helmholtz no livro Física para cientistas e engenheiros, de Paul Tipler. Materiais Magnéticos e o Efeito Hall no livro Física III — Sears & Zemansky. Capítulo 1 do livro Fundamentos de Física vol. 1, de David Halliday, Jearl Walker e Robert Resnick, para rever o conteúdo de produto vetorial, da álgebra vetorial aplicada. Pesquise sobre os Simuladores de Campos Magnéticos do Projeto Phet, da Universidade do Colorado, Boulder. CONTEUDISTA Gentil Oliveira Pires CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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