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AUDITORIA TRABALHISTA E 
PREVIDENCIÁRIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Sayuri Unoki de Azevedo 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula trataremos dos papéis de trabalho da auditoria, abordando 
como elaborá-los e revisá-los. Você também entenderá sobre o relatório de 
auditoria e como a empresa deve proceder em relação ao planejamento das 
correções dos apontamentos de auditoria, com o cronograma de ações 
direcionado para o aperfeiçoamento dos controles internos. Por fim, 
contextualizaremos sobre o papel dos controles internos e do compliance em 
relação à auditoria trabalhista e previdenciária. Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
A Folha de Pagamentos é, na grande maioria dos casos, o maior custo 
dentro de uma empresa e, um bom sistema de controles internos para 
a redução de riscos e custos, que conjugue o cumprimento das regras 
legais, poderá reduzir os custos, mas sem dúvida alguma irá reduzir 
riscos e custos fiscais e trabalhistas. (Rezende, 2018, n/a) 
Nesse sentido, as auditorias são relevantes para verificação das questões 
legais e normatizadoras condizentes à empresa em que estão auditando, 
auxiliando a gestão para regularização de inconsistências de controles internos 
e compliance, inclusive relacionada às questões trabalhistas e previdenciárias. 
TEMA 1 – PAPÉIS DE TRABALHO 
Para consecução do trabalho delineado no programa de auditoria, o 
auditor se utiliza de papéis de trabalho, que são os seus registros em relação 
aos procedimentos executados e se destinam a amparar o planejamento e a 
execução da auditoria, facilitando o processo de revisão do trabalho. Além disso, 
busca apoiar o registro das constatações do que foi executado pela auditoria, 
para que o objetivo final esteja em acordo com o parecer do auditor (Almeida, 
2010). 
Attie (2011) relata que o papel de trabalho tem por finalidade permear a 
justificativa do trabalho feito, as conclusões alcançadas que serviram de base 
para os relatórios ou pareceres sobre as demonstrações. Quando executado, 
considerando seus aspectos fundamentais: completabilidade, objetividade, 
concisão, lógica e limpeza, também servem como fonte de informação para 
consultas, permitindo adequada revisão para determinar se o serviço foi feito de 
forma efetiva e julgar a solidez das conclusões enunciadas, bem como poder 
https://portaldeauditoria.com.br/seis-aspectos-importantes-que-o-rh-precisa-saber-da-lei-13-42917-terceirizacao-e-trabalho-temporario/
 
 
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facilitar o estudo e avaliação dos controles e avaliar o desempenho individual do 
auditor. 
Os papéis de trabalho: 
Formam o conjunto de formulário e documentos que contêm as 
informações e apontamentos obtidos pelo auditor durante seu exame, 
bem como as provas descrições dessas realizações; constituem a 
evidência do trabalho executado e o fundamento da sua opinião. (Attie, 
2011, p. 233) 
Os papéis de trabalho são essenciais para a organização e andamento 
da auditoria, bem como para elaboração do respectivo relatório. Estes devem 
ser arquivados em pastas próprias, ou seja, uma para papéis correntes e outra 
para os papéis permanentes. Na frente da pasta, devem estar identificados o 
nome da empresa, a data base do exame e o índice dos papéis de trabalho. 
Na empresa de auditoria, os papéis de trabalho devem ser armazenados 
em local fechado, com o controle de entrada e saída de pessoas e protegidos 
contra incêndio. Além disso, conforme a CVM e CFC, os papéis de trabalho do 
auditor devem ser conservados em boa guarda pelo prazo de cinco anos. 
TEMA 2 – ELABORAÇÃO E REVISÃO DOS PAPÉIS DE TRABALHO 
Neste tópico, trataremos da elaboração, codificação e revisão dos papéis 
de trabalho. Salienta-se que não há um padrão para elaboração dos papéis de 
trabalho, e sim um direcionamento quanto à disposição das informações e 
utilização de referências cruzadas, notas e tickmarks. Nesse sentido, um papel 
de trabalho elaborado por um determinado auditor nunca será igual ao papel de 
trabalho de outro auditor, diante da subjetividade existente na forma de 
apresentação dos procedimentos realizados. 
2.1 Elaboração dos papéis de trabalho 
Com o avanço tecnológico, os papéis de trabalho são elaborados em 
arquivos eletrônicos. Contudo, em caso de necessidade de serem desenvolvidos 
em meio físico, recomenda-se serem feitos de lápis preto, como antigamente, e 
não se deve usar o verso da folha. 
Normalmente, o nome da empresa auditada, a data-base do exame e o 
título da conta auditada são apresentados no canto superior do papel de 
trabalho: 
 
 
4 
 
Os números e as informações devem ser colocados na parte superior do 
papel de trabalho (logo após o título) e as explicações sobre o trabalho 
executado na parte inferior. Ou seja, primeiro, deve-se apresentar as 
informações e dados da conta que se está examinando e, após estes, devem 
constar as explicações e as notas relacionadas. Dessa forma, há destaque para 
os dados e os tickmarks no papel de trabalho. 
 
Os tickmarks e as referências devem estar ao lado do número auditado e 
explicados na sequência do papel de trabalho, evidenciando dessa forma as 
análises do auditor. Além disso, os tickmarks ou as referências devem ser 
escriturados, como padrão, na cor vermelha. O auditor pode também utilizar 
notas para dar explicações necessárias nos papéis de trabalho. 
 
 
5 
 
Exemplos de tickmarks em papéis de trabalho: 
 
Somente devem ser elaborados os papéis de trabalho necessários para a 
auditoria. As informações nos papéis de trabalho e os comentários do auditor 
devem ser relevantes, sucintos e com redação clara e inteligível. 
A forma de apresentação dos papéis de trabalho e de seus conteúdos 
deve permitir que uma pessoa externa à equipe de auditoria do trabalho 
compreenda-os perfeitamente. Salienta-se que, nos papéis de trabalho, devem 
constar as conclusões alcançadas nas análises. 
2.2 Codificação dos papéis de trabalho 
Os papéis de trabalho devem ser codificados de forma a possibilitar que 
as informações sejam facilmente encontradas. A codificação (normalmente azul) 
pode ser feita por sistema numérico ou alfabético, ou a combinação dos dois, 
sempre em cor diferente dos tickmarks e das referências (normalmente 
vermelhos) e posto na parte direita superior do papel de trabalho. 
 
 
6 
 
A codificação dos papéis de trabalho deve ser feita com base nas áreas 
constantes no programa de auditoria, dessas referenciadas ou cruzadas para as 
análises gerais, e dessas para as análises específicas. O sistema de codificação 
e cruzamento também deve permitir que se saia da análise específica até chegar 
aos números das demonstrações financeiras. 
Os papéis de trabalho são de propriedade dos auditores e representam o 
registro do trabalho executado e a base para emissão do relatório de auditoria. 
Além disso, devem ser adequadamente armazenados durante a execução do 
trabalho no cliente, guardados em malas com fechaduras, por ocasião do almoço 
e à noite. 
2.3 Revisão dos papéis de trabalho 
Essa revisão tem como objetivo garantir que o serviço de auditoria foi 
executado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas. 
Uma equipe de auditoria normalmente é formada de auditores-assistentes 
(0 a 2 anos de experiência); semi-sêniores (2 a 4 anos de experiência); sênior (4 
a 8 anos de experiência); gerente (8 a 12 anos de experiência) e sócio (acima 
de 12 anos de experiência). 
 
 
 
7 
A revisão dos papéis de trabalho é efetuada em três fases: 
1. Revisão pelo sênior responsável (detalhista); 
2. Gerente de auditoria responsável pela empresa que está sendo auditada 
(detalhista); 
3. Sócio (genérica). 
Os papéis devem ter assinatura ou rubrica de quem os preparou e de 
quem os revisou (normalmente colocada no lado direito superior). A revisão deve 
ser feita no cliente à medida que as áreas são completadas e antes da emissão 
do relatório de auditoria.Os pontos a serem observados na revisão dos papéis de trabalho são 
principalmente: 
 Completude e assinaturas no programa de auditoria; 
 Se os exames de auditoria foram ajustados com base nas falhas de 
controle interno identificadas; 
 Preparação adequada das análises específicas em termos de clareza, 
natureza, extensão e datas dos procedimentos de auditoria, bem como se 
apresentam o nome da empresa auditada, a data-base dos dados 
auditados (ou balanço patrimonial) e nome do auditor que elaborou o 
papel de trabalho; 
 Codificação correta dos papéis de trabalho considerando o cruzamento 
com as bases de dados ou demonstrações financeiras. 
TEMA 3 – RELATÓRIO DE AUDITORIA 
Anteriormente às demonstrações encerradas em 31 de dezembro de 
2016, o resultado de trabalhos de auditoria executados consistia em um parecer 
do auditor, contendo sua opinião. Com a vigência das Resoluções do Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC), o parecer passa a denominar-se relatório dos 
auditores independentes e apresenta um novo formato. 
O relatório dos auditores independentes de auditoria pode ser definido 
como " um instrumento pelo qual o auditor expressa sua opinião, em obediência 
às normas de auditoria" (Attie, 2011, p. 93). Além disso, o relatório dos auditores 
independentes é dirigido aos acionistas, ao conselho de administração ou à 
diretoria, a outro órgão equivalente, ou ainda ao contratante dos serviços, como 
um investidor ou futuro comprador da empresa. 
 
 
8 
A opinião do auditor pode ser classificada em: 
Sem ressalva: quando o auditor concluir que as Demonstrações 
Contábeis (DCs) são elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em 
conformidade à posição patrimonial da empresa; 
Com ressalva: quando o auditor encontra distorção relevante em 
relação à posição patrimonial da empresa; 
Adverso: quando o auditor concluir que as distorções, individualmente 
ou em conjunto, são relevantes e generalizadas para as DCs; 
Com abstenção de opinião: quando há impossibilidade do auditor 
obter evidência apropriada e suficiente de auditoria. (Almeida, 2010, 
p.419 e 420) 
Há ainda a possibilidade de o auditor dar negativa de opinião. Isso ocorre 
quando, durante o trabalho de auditoria, o auditor não consegue obter elementos 
comprobatórios suficientes para firmar sua opinião, levando a limitação de 
escopo ou incerteza que influem significativamente no objeto em análise 
(Almeida, 2010). 
As modificações decorrentes da mudança de parecer de auditoria para 
relatório de auditoria são (Relatório, 2016, n/a): 
1. Opinião vem no início do relatório: a opinião que sempre foi 
apresentada no final do relatório, em uma estrutura que sempre nos 
pareceu muito racional, já que a opinião sempre foi tratada como uma 
conclusão e, conclusão, se coloca no final, ou colocava-se. O texto da 
opinião é uma mescla do início do relatório anterior e o antigo parágrafo 
da opinião. Descreve as demonstrações que foram examinadas e em 
seguida a opinião dos auditores. 
2. Ressalva, opinião adversa ou abstenção de opinião: o parágrafo 
sobre essas circunstâncias será o 2º. Parágrafo, logo após a opinião. 
3. Principais assuntos de auditoria: exigida para as empresas listadas 
em Bolsa de Valores, podendo ser adotada para outras sociedades, 
opcionalmente. Segundo a NBC TA 701: “O auditor deve descrever 
cada um dos principais assuntos de auditoria, utilizando um subtítulo 
adequado para cada um deles, em seção separada do relatório, sob o 
título de Principais assuntos de auditoria. [...] o texto de introdução 
dessa seção do relatório deve afirmar que: os principais assuntos de 
auditoria são aqueles que, segundo o julgamento profissional do 
auditor, foram os mais significativos na auditoria das demonstrações 
contábeis do período corrente.” 
4. Outras informações que acompanham as DF: No Brasil, as 
informações adicionais contidas no conjunto de demonstrações 
contábeis estão contidas no Relatório da Administração, mas podem 
incluir outras informações além dessa. Anteriormente, o auditor tem a 
obrigação de ler estes documentos e verificar se não há nenhuma 
inconsistência de dados em relação ao conteúdo do conjunto das 
demonstrações contábeis sobre a qual emite sua opinião. No novo 
formato, o auditor não emitirá opinião sobre estas Outras Informações, 
no entanto deverá revelar no seu relatório, que estas informações são 
de responsabilidade da Administração da Companhia, mas 
deverá incluir no seu relatório o seguinte texto: “Em conexão com a 
auditoria das demonstrações contábeis, nossa responsabilidade é a de 
ler o relatório da administração e, ao fazê-lo, considerar se esse 
relatório está, de forma relevante, inconsistente com as demonstrações 
contábeis ou com nosso conhecimento obtido na auditoria ou, de outra 
forma, aparenta estar distorcido de forma relevante. Se, com base no 
trabalho realizado, concluirmos que há distorção relevante no relatório 
 
 
9 
da administração somos requeridos a comunicar esse fato. Não temos 
nada a relatar a este respeito.” 
5. Parágrafo sobre responsabilidade da administração: a 
administração, além das declarações já contidas no modelo atual de 
relatório, deverá, também, declarar que é ela responsável pela 
avaliação da continuidade operacional da Companhia pelo e o uso 
dessa base contábil na elaboração das demonstrações contábeis. 
6. Parágrafo sobre a responsabilidade dos auditores: Neste parágrafo, 
além das declarações já contidas no modelo atual de relatório, os 
auditores afirmarão que “segurança razoável é um alto nível de 
segurança”; essa expressão que pode parecer pouco importante dá um 
peso maior ao termo “razoável.” Além disso, esse parágrafo é bem 
mais detalhado do que o modelo atual. Outro ponto importante é que o 
auditor conclui sobre a adequação do uso pela administração, da base 
contábil da continuidade – o auditor não opina sobre a continuidade, 
que continua sendo uma responsabilidade da Administração, mas diz 
que concorda com a avaliação da Administração sobre esse assunto. 
No caso de empresas não listadas, a norma prevê a possibilidade de 
que as informações sobre a responsabilidade dos auditores (que é um 
texto mais detalhado) possa ser suprimida do relatório e apresentada 
no site da Cia. 
No caso específico de auditoria trabalhista e previdenciária, não há 
obrigatoriedade em lei que exija que a empresa realize a auditoria com essa 
finalidade. Desta forma, como resultado do trabalho do auditor, existirá um 
relatório contendo a opinião deste, incluindo as sugestões de resolução em caso 
de inconformidade com normas e regulamentações. 
Esse relatório de auditoria é a peça fundamental em uma auditoria interna 
realizada, pois apresenta os resultados do trabalho de auditoria, o que foi 
examinado pela equipe e o que a empresa deverá melhorar ou modificar 
(Almeida, 2010). Ou seja, o relatório de auditoria deve conter os fatos apurados 
e de significância, as sugestões e recomendações para melhoras efetivas, 
demonstrando todos os acontecimentos no decorrer da auditoria para a entidade 
auditada. 
TEMA 4 – PLANEJAMENTO DAS CORREÇÕES (CRONOGRAMA DE AÇÕES) E 
APERFEIÇOAMENTO DOS CONTROLES INTERNOS 
Com a finalização da auditoria trabalhista e previdenciária, bem como da 
entrega do relatório de auditoria interna entregue ao Conselho da Diretoria ou à 
Alta diretoria da organização, cabe a um desses órgãos direcionar as ações que 
se fizerem necessárias em caso de apontamento de inconsistências pelo auditor. 
Normalmente, no relatório de auditoria interna, o auditor aponta as 
inconsistências informando como seria o procedimento/ação correto(a), com as 
devidas sugestões de ajuste das rotinas trabalhistas e previdenciárias da 
 
 
10 
empresa. O(a) conselho da diretoria/alta diretoria deve, na sequência, entrar em 
contato com a(s) gerência(s) da(s) área(s) em que o problema foi identificado e 
informar a necessidade de ações pertinentes. Nesse momento, a(s) gerência(s)deve(m) estabelecer o planejamento das correções e o cronograma de ações 
para que a empresa possa estar em conformidade com as normas e legislações 
trabalhistas e previdenciárias a que está sujeita. 
No cronograma de ações deve haver, como um dos primeiros passos a 
serem realizados, o levantamento do fluxograma de atividades, contendo os 
eventos de risco e os controles internos (se existentes). Para os eventos 
identificados, deve-se estabelecer os controles internos ou aperfeiçoar os 
controles internos (se já existentes), com o objetivo de mitigar os riscos 
relacionados. 
Nos casos em que o relatório de auditoria interna possui mais de um item 
de inconsistência, a organização deve estabelecer o cronograma de ação por 
ordem de prioridade. Ou seja, nem sempre será possível efetuar todas as 
correções ao mesmo tempo e, nesse caso, geralmente a prática consiste em 
iniciar pelas inconsistências que apresentam maior risco de passivos trabalhistas 
e/ou previdenciários que aferem o patrimônio da empresa. 
No relatório de auditoria interna pode haver apontamentos de 
inconsistências em que o custo-benefício das correções irá direcionar a empresa 
a aceitar o risco e não realizar as correções. Essa decisão dependerá de cada 
organização e de sua aptidão a riscos, bem como do custo em termos de 
recursos financeiros, tempo e outros recursos que seriam despendidos em caso 
do direcionamento pela resolução da inconsistência. 
TEMA 5 – CONTROLES INTERNOS E COMPLIANCE EM RELAÇÃO À 
AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA 
O Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de 
Contadores Públicos Certificados – American Institute of Certified Public 
Accountants (AICPA) – define como controle interno: 
o plano da organização e todos os métodos e medidas coordenados 
adotados dentro da empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a 
adequação e confiabilidade de seus dados contábeis, promover a 
eficiência operacional bem como o respeito e obediência às políticas 
administrativas fixadas pela gestão. (BDO Trevisan, 2007, p. 88) 
 
 
11 
O risco empresarial inclui fatores internos e externos à organização. Os 
fatores externos que acometem riscos para a organização precisam ser 
identificados e alinhados às forças internas que possam reduzi-los. Contudo, 
neste tópico, o foco é em riscos internos à organização, como os riscos de 
corrupção e relacionados ao ambiente (ex.: riscos trabalhistas). 
Um fator de risco consiste em uma suposição que façam com que os 
riscos possam se materializar. Esses riscos, segundo a metodologia Coso 
(2007), precisam ser identificados, classificados em níveis (mais críticos, pouco 
críticos etc.). Para cada risco que a empresa pretende controlar internamente, 
deve-se identificar os controles mitigatórios e desenvolver um plano de ação 
conforme o nível predefinido do risco, sendo esse conjunto de controles 
denominado de controle interno. 
O AICPA ainda estabelece os objetivos do controle interno: 1) “proteção 
de ativos”; 2) “obtenção de informação adequada”; 3) “promoção da eficiência 
operacional”; e 4) “estimulação da obediência e do respeito às políticas da 
administração” (BDO Trevisan, 2007, p. 89). 
O controle interno é para o Coso (2007, p. 8) “parte integrante do 
gerenciamento de riscos corporativos. A estrutura do gerenciamento de riscos 
corporativos abrange o controle interno, originando dessa forma uma 
conceituação e uma ferramenta de gestão mais eficiente”. Portanto, controles 
são tarefas ou ações que reduzem um risco em particular para o respectivo 
objetivo de controle. 
A importância do controle interno é observada no momento do 
planejamento sempre que uma equipe de auditores faz um trabalho em uma 
empresa, pois os procedimentos descritos e adotados pela organização 
direcionarão o trabalho dos profissionais de auditoria. Neste sentido, o controle 
interno será componente do risco de auditoria. 
O risco de controle “é o risco de que um erro material em uma conta não 
seja prevenido ou detectado em determinada época pelos controles da 
companhia” (BDO Trevisan, 2007, p. 147). Attie (2011, p. 189) corrobora ao 
relatar que “o controle interno tem significado e relevância quando é concebido 
para garantir o cumprimento de um objetivo definido, quer seja administrativo ou 
gerencial”. 
Para o auditor, quanto mais adequados forem os controles internos 
utilizados pela empresa, mais precisos e confiáveis poderão ser considerados os 
 
 
12 
relatórios para fins de verificação da auditoria. Ou seja, quando a empresa possui 
um sistema de controle interno devidamente formalizado, bem como os 
procedimentos de controle são cumpridos efetivamente pelos empregados, 
existe maior confiança de que os dados contidos nos relatórios sejam fidedignos, 
reduzindo o risco de auditoria. 
É importante ressaltar que controles internos eficazes previnem ações 
fraudulentas e minimizam erros ou irregularidades, mas não são passíveis de 
garantia absoluta de que não ocorram. Além disso, devem detectar tanto as 
anormalidades de atos propositados quanto de erros provenientes de atos 
involuntários (Attie, 2011). 
Assim como o controle interno, o que chamamos de compliance também 
constitui uma forma de a empresa identificar os riscos e tentar mitigá-los. No 
Brasil, a Lei Anticorrupção (Lei n. 12.846/13) e outras legislações estatais 
específicas contemplam as determinações em relação ao compliance. 
Quanto ao seu conceito, pode-se compreender que: 
Compliance envolve o que pode e o que não pode ser feito de acordo 
com o código de conduta da companhia e as melhores práticas da 
área. [...] tanto o profissional que atua dentro da empresa como 
aqueles que prestam serviços especializados na área, precisam ter a 
preocupação extra na hora de avaliar os riscos de suas ações. [...] é 
muito importante que a comunidade de compliance comece a debater 
ideias sobre como podemos mitigar os riscos das nossas próprias 
ações à frente da área. (Gonsales, 2017) 
Na atualidade, tratar de compliance é inerente a qualquer processo 
organizacional. O conceito etimológico do termo compliance foi aplicado ao uso 
popular e, no mundo corporativo, significa "estar de acordo com regras, 
legislações, especificações, normas de toda e qualquer natureza, estabelecidas 
para determinada ação" (Cruz, 2017, p. 5-7). 
No mundo corporativo, a responsabilidade de estar em conformidade 
(compliance) às regras é das próprias empresas, que devem cuidar de seus 
processos internos e externos para cumprir as normas aplicáveis. Para que um 
programa de compliance seja apropriadamente implementado, deve haver maior 
comunicação da empresa em todos os setores e todos os níveis hierárquicos 
(empregados, gestores, diretores) sobre as regras, condutas e políticas. 
É importante que em um programa de compliance não haja foco em 
protecionismo, pois o objetivo é fazer o que é certo perante a lei. Para que isso 
ocorra, é primordial para a efetividade de um programa de compliance a 
existência de um canal de denúncia em que o empregado tenha acesso a uma 
 
 
13 
pessoa que possa resolver conflitos, seja por e-mail, WhatsApp, telefone, ou 
outro meio, mas sempre garantindo o sigilo de quem fez a denúncia. 
A empresa pode ter internamente um departamento específico que cuide 
do programa de compliance, ou pode contratar uma consultoria para esse fim. 
Além disso, como o compliance trata de estabelecer uma conduta empresarial 
preventiva, a auditoria pode ser uma ferramenta de compliance ao manter e 
analisar áreas de maior risco, como ocorre com a área trabalhista e 
previdenciária. 
O compliance surge mais fortemente no Brasil em decorrência da 
promulgação da lei anticorrupção. Não há lei que trate especificamente sobre 
compliance trabalhista, mas os programas de compliance têm como base as 
legislações e as regulamentações a que a empresa está sujeita. O compliance 
tem comoobjetivo prevenir e corrigir práticas contrárias a esses dispositivos 
legais. 
Principalmente diante da reforma trabalhista, um programa de compliance 
voltado para legislações e regulamentações trabalhistas e previdenciárias é 
essencial para que a empresa possa se prevenir de ações judiciais e de passivos 
trabalhistas. Dessa forma, a empresa atua de forma mais segura e preventiva 
em relação a seus Recursos Humanos, eliminando ou reduzindo a ocorrência de 
reclamatórias e passivos trabalhistas. 
Para fins de compliance trabalhista e previdenciário, as revisões 
periódicas de todos os processos (controle da jornada de trabalho, respeito ao 
pagamento das horas extras, pagamento dos salários em dia, das convenções 
e acordos coletivos e suas aplicações, folha de pagamento, encargos, 
obrigações acessórias e seus procedimentos, contemplando toda a legislação 
aplicada, inclusive prevenção de abusos de gestores e empregados em geral, 
evitando atribuições que não são de competência do empregado, termos de 
baixo calão, ameaças diversas – ex.: ameaça de demissão etc.) são 
imprescindíveis (Compliance, 2018). 
A auditoria como ferramenta de compliance se justifica pelo fato de que o 
trabalho de auditoria consiste em uma forma de revisão. No caso de auditoria 
trabalhista, esta revisa as rotinas trabalhistas e, ao final do trabalho, apresenta 
um relatório com as práticas que não estão em conformidade com as normas e 
regulamentações e com sugestões para eliminar ou reduzir o risco trabalhista ou 
o erro encontrado. 
 
 
14 
A auditoria interna pode, ainda, além de considerar se os controles da 
empresa estão sendo aplicados apropriadamente, demonstrar como maximizar 
os ativos fiscais em relação às contribuições previdenciárias, cujos valores não 
tenham sido corretamente aproveitados. Em alguns casos, não há necessidade 
de uma demanda judicial para que créditos financeiros sejam revertidos para a 
empresa, resultando em melhor fluxo de caixa. 
 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
 
Créditos: Roobcio/Shutterstock 
 
Proposta de discussão no fórum: Como o texto estabelece as principais 
diferenças entre auditoria interna e compliance? Qual a relevância de uma 
empresa realizar a técnica do compliance? Empresas que realizam compliance 
são vistas como tendo um diferencial? 
Para realizar a discussão, leia o artigo Auditoria interna e compliance: 
quais são as diferenças? Disponível em: 
<https://blogbrasil.westcon.com/auditoria-interna-e-compliance-quais-sao-as-
diferencas>. Acesso em: 9 jan. 2020. 
NA PRÁTICA 
Elabore o papel de trabalho da auditoria para a análise realizada da folha 
de pagamento (Fopag) do vale do mês de maio de 2019, apresentada a seguir, 
do empregado João Santos, que trabalha como contador em contrato de trabalho 
de 220 horas mensais. O empregado possui salário mensal de R$ 4.700 e a 
empresa faz adiantamento de 30% do salário até o 15º dia útil. 
Empresa adota sistema de compensação de banco de horas, 
mas não estabelece essa prática no acordo coletivo ou 
convenção coletiva: de acordo com a súmula 85, inciso V do 
TST, isso é incoerente, ocasionando risco trabalhista. A 
auditoria deve sugerir celebração do acordo coletivo com o 
sindicato, bem como pode efetuar o cálculo de quanto 
representa financeiramente o risco relativo ao risco levantado. 
Em caso de risco com valor financeiro baixo, se a empresa não 
desejar efetuar a correção, deve-se fazer o contingenciamento 
do risco trabalhista na contabilidade. 
 
https://blogbrasil.westcon.com/auditoria-interna-e-compliance-quais-sao-as-diferencas
https://blogbrasil.westcon.com/auditoria-interna-e-compliance-quais-sao-as-diferencas
 
 
15 
 
O auditor deve verificar o recálculo do IRRF: 
 Base de cálculo IRRF: R$ 2.978,30 (base de cálculo do saldo de salário 
pago do 5º dia útil) + R$ 1.410,00 (adiantamento de salário) = R$ 
4.388,30. 
O valor em Fopag da base de cálculo do IRRF é de R$ 4.404,10, 
resultando em um valor de R$ 15,80 a maior que a base calculada pela auditoria. 
 IRRF: R$ 4.388,30 (base de cálculo) x 22,5% (alíquota tabela IRRF) – 
636,13 (parcela a deduzir do imposto tabela IRRF) – R$ 91,95 (IRRF 
retido na folha de pagamento do saldo de salário pago do 5º dia útil) = R$ 
259,29. 
Diferença encontrada entre o valor em Fopag, R$ 260,48, e o calculado 
pela auditoria, R$ 259,29, resultando em um total de R$ 1,19 a maior na Fopag. 
Protocolo de resolução: 
1) Leitura do caso; 
2) Elabore o papel de trabalho contendo a análise da auditoria realizada da 
folha de pagamento (Fopag) do vale do mês de maio de 2019 do 
empregado João Santos; 
3) Identificação da teoria/conteúdo que resolve o problema: o aluno deve 
efetuar a leitura do tema 1; 
4) Indicação de leitura complementar: não há; 
5) Apresentação da solução do problema. 
EMPRESA ALFA LTDA CNPJ 12331231/0001-12 Recebimento de pagamento de salário
Rua da empresa, 999 (Recibo do empregador) Mês: Maio Ano: 2019
Curitiba-PR Contador
Matrícula Nome Filial Centro de custo Departamento
987 João Santos 1 4 123
Código Descrição Referência
11 Adiantamento (vale) 30
122 IRRF 22,5%
BANCO 001 AGÊNCIA 0123-4 CONTA SALÁRIO 27891-0 EM 15/05
*Possui um dependente para fins de IRRF
*Mês com 25 dias úteis e 5 dias não úteis
Salário base Salário contr.INSS Base Cálc. FGTS FGTS do mês Base cálc. IRRF
4.700,00 -R$ -R$ -R$ 4.404,10R$ 
Vencimentos Descontos
1.410,00R$ 
1.410,00R$ 260,48R$ 
Total Líquido 1.149,52R$ 
260,48R$ 
Total de vencimentos Total de descontos
 
 
16 
Sugestão de elaboração do papel de trabalho: 
 
 
Empresa ALFA Ltda. Ref. B4
30.06.2019 Elaborado por: Sayuri Azevedo
Folha de pagamento Revisado por: Carlos Antônio
FOLHA DE PAGAMENTO APRESENTADA PELA EMPRESA:
EMPRESA ALFA LTDA CNPJ 12331231/0001-12 Recebimento de pagamento de salário
Rua da empresa, 999 (Recibo do empregador) Mês: Maio Ano: 2019
Curitiba-PR Contador
Matrícula Nome Filial Centro de custo Departamento
987 João Santos 1 4 123
Código Descrição Referência
11 Adiantamento (vale) 30 ②
122 IRRF 22,5% a ⑦
BANCO 001 AGÊNCIA 0123-4 CONTA SALÁRIO 27891-0 EM 15/05
*Possui um dependente para fins de IRRF a i
*Mês com 25 dias úteis e 5 dias não úteis
Salário base Salário contr.INSS Base Cálc. FGTS FGTS do mês Base cálc. IRRF
4.700,00 ① -R$ -R$ -R$ 4.404,10R$ ③
RECÁLCULOS DA AUDITORIA:
Salário Base 4.700,00R$ ①
Adiantamento 30% (4700 x 30%) 1.410,00R$ ②
IRRF - base de cálculo
Base de cálculo do saldo de salário pago do 5º dia útil 2.978,30R$ B3
Adiantamento de salário 1.410,00R$ ②
Base de Cálculo do IRRF auditoria 4.388,30R$ ∑ ④
Base de Cálculo do IRRF empresa 4.404,10R$ ③
Diferença (empresa - auditoria) 15,80R$ (a)
–
7,50%
15%
22,5% ⑤ ⑥
27,50%
RECÁLCULO IRRF
Base de cálculo (auditoria) 4.388,30R$ ④
Alíquota (tabela IRRF) 22,5% ⑤
Cálculo pela alíquota (4.388,30 x 22,5%) 987,37R$ 
Parcela dedutível 636,13 ⑥
IRRF retido na folha pgto saldo de salário pago do 5º dia útil 91,95R$ B3
IRRF auditoria (987,37 - 636,13 - 91,95) 259,29R$ 
IRRF empresa 260,48R$ ⑦
Diferença (empresa - audioria) 1,19R$ (b)
Tickmarks Notas
a conferido (a)
i imaterial valor de R$ 15,80 a maior que a base calculada pela auditoria.
∑ somatória (b) Diferença encontrada entre o valor em FOPAG, R$ 260,48, e o calculado pela auditoria,
 R$ 259,29, resultando em um total de R$ 1,19 a maior na FOPAG.
B3 Referência do papel de trabalho B3 em que foi realizado o recálculo do salário pago no 
5º dia útil de Maio/2019, referente à Abril/2019.
869,36
Fonte: Receita Federal (2019).
636,13
O valor em FOPAG da base de cálculo do IRRF é de R$ 4.404,10, resultando em um 
De 2.826,66 até 3.751,05
De 3.751,06 até 4.664,68
Acima de 4.664,68
Base de cálculo mensal 
(em R$)
Parcela a deduzir do 
imposto(em R$)
–
142,8
354,8
Total Líquido 1.149,52R$ 
Alíquota
Tabela 2 - incidência mensal a partir do mês de abril do ano-calendário de 2015
Até 1.903,98
De 1.903,99 até 2.826,65
Total de vencimentos Total de descontos
1.410,00R$ 260,48R$ 
Vencimentos Descontos
1.410,00R$ 
260,48R$ 
 
 
17 
FINALIZANDO 
Nesta aula você aprendeu como elaborar e revisar papéis de trabalho de 
auditoria. Também conheceu o relatório de auditoria (antigo parecer), bem como 
o procedimento pela empresa para corrigir os apontamentos de auditoria, com o 
cronograma de ações e direcionado para o aperfeiçoamento dos controles 
internos. Por fim, pôde entender mais sobre o papel dos controles internos e do 
compliance em relação à auditoria trabalhista e previdenciária, principalmente 
relacionado à folha de pagamento, que consiste no maior custo de muitas 
empresas. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo. 
Atlas, 2010. 
ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2011. 
BAYER, A.; GONSALES, A. Três alterações importantes que você precisa 
saber sobre compliance financeiro. LEC, 2017. Disponível em 
<http://www.lecnews.com/artigos/2017/07/31/tres-alteracoes-importantes-que-
voce-precisa-saber-sobre-compliance-financeiro/>. Acesso em: 9 jan. 2020. 
BDO Trevisan. Apostila n. 4: Assistente I – Programa de Treinamento. São 
Paulo: BDO Trevisan, 2007. 
BRASIL. Lei n. 12.846, de 1º de agosto de 2013. 
COSO. Gerenciamento de riscos corporativos: estrutura integrada. Committee of 
Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO), 2007. 
Disponível em: <https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive-
Summary-Portuguese.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2020. 
RELATÓRIO. Novo relatório do auditor. Grant Thornton, 2016. Disponível em 
<https://www.grantthornton.com.br/insights/articles-and-publications/novo-
relatorio-do-auditor/>. Acesso em: 9 jan. 2020. 
REZENDE, D. N. B. Qual a relação da reforma trabalhista e o sistema de 
controles internos para a redução de riscos e custos? Disponível em: 
<https://portaldeauditoria.com.br/qual-a-relacao-da-reforma-trabalhista-e-o-
sistema-de-controles-internos-para-a-reducao-de-riscos-e-custos/>. Acesso em: 
9 jan. 2020. 
http://www.lecnews.com/artigos/2017/07/31/tres-alteracoes-importantes-que-voce-precisa-saber-sobre-compliance-financeiro/
http://www.lecnews.com/artigos/2017/07/31/tres-alteracoes-importantes-que-voce-precisa-saber-sobre-compliance-financeiro/
https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive-Summary-Portuguese.pdf
https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive-Summary-Portuguese.pdf
https://www.grantthornton.com.br/insights/articles-and-publications/novo-relatorio-do-auditor/
https://www.grantthornton.com.br/insights/articles-and-publications/novo-relatorio-do-auditor/
https://portaldeauditoria.com.br/qual-a-relacao-da-reforma-trabalhista-e-o-sistema-de-controles-internos-para-a-reducao-de-riscos-e-custos/
https://portaldeauditoria.com.br/qual-a-relacao-da-reforma-trabalhista-e-o-sistema-de-controles-internos-para-a-reducao-de-riscos-e-custos/