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WBA1032_v1.0 Imunologia clínica Conceitos em imunologia clínica Imunologia básica Bloco 1 Ana Paula Michelin Introdução O laboratório de análises clínicas é responsável por auxiliar a equipe multiprofissional na detecção de patologias e condições fisiológicas por meio de exames em materiais biológicos. Sangue, urina, fezes, escarro, fluídos orgânicos. Análises clínicas Bioquímica Hematologia ImunologiaMicrobiologia Parasitologia Imunologia • A função fisiológica do sistema imune é a defesa contra os microrganismos: • Retirada de células mortas. • Não reação ao próprio. • Contração e homeostasia. • Todas as respostas diminuem com o passar do tempo de forma que o sistema imunológico retorne ao estado basal. • Imunidade: Reação a substâncias estranhas, incluindo microrganismos, macromoléculas (proteínas e polissacarídeos), independentemente das consequências fisiológicas dessa reação. Imunologia Pele, mucosas, cílios e secreções liberadas limpam as superfícies das mucosas, ajudando a combater e remover estruturas estranhas. Não específica, porém efetiva, destrói agentes agressores no primeiro contato. Responsável por alertar células que atuam na imunidade adquirida. Células específicas para desempenhar essa função, utilizando recursos como a produção de anticorpos, que tem afinidade específica com o agente agressor. Sistema imune Imunidade inata (não específica) Imunidade adaptativa (específica) Componentes celulares Componentes humorais Barreiras físicas Imunidade inata Imunidade adaptativa Imunologia Figura 1 – Esquema de organização do sistema imune Imunologia Antígeno Anticorpo Com o conhecimento dessas estruturas e seus papéis dentro da imunologia é possível verificar. Presença de doenças ativas. Exposição anterior a algum microrganismo. Distinção de doenças que possuem mesma sintomatologia. Fonte: acervo Platos. A diferença está no tipo e no tempo de resposta ao estímulo inicial. • Rapidez. • Simplicidade. • Possibilidade de automação. • Baixo custo operacional. • Utiliza métodos de imunodiagnóstico para a constatação de doenças • Os métodos imunológicos são amplamente usados na pesquisa de antígenos e anticorpos. Imunologia clínica • Objetivos: • Elucidar processos patológicos com sintomas e sinais clínicos confundíveis. • Diferenciar a fase da doença. • Selecionar doadores e receptores de órgãos para transplantes e sangue. • Avaliar o prognóstico da doença e a eficácia da terapêutica. • Imunofluorescência é uma técnica que permite a visualização de antígenos nos tecidos. • Radioimunoensaio: quantifica reações antígeno-anticorpo. • Enzimaimunoensaio: é um método quantitativo, em que a reação Ag-Ac é monitorada a partir de atividade enzimática. Conceitos em imunologia clínica Imunologia básica Bloco 2 Ana Paula Michelin • Apresenta uma resposta rápida e sempre da mesma forma para diversos estímulos ou agentes agressores. • A resposta inata do sistema imune sempre responde da mesma forma, independentemente do contato prévio ao agente agressor. • Principais mecanismos da imunidade inata: fagocitose e inflamação. Imunidade inata Macrófagos • Fagocitam patógenos e apresentam antígenos (APC). Neutrófilos • Fagocitam patógenos. Eosinófilos • Produzem histamina em infecções. Mastócitos • Liberam histamina quando o tecido é lesionado. Imunidade inata Inflamação Destruir, diluir e bloquear o agente agressor, levando à cicatrização e reconstituição do tecido lesionado. Células da imunidade inata, citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa e IL-6); Prostaglandinas e Leucotrienos; quimiocinas. Pode ser intensificada e prolongada durante as respostas imunes adaptativas, resultando em lesões teciduais. Dor Compressão das células nervosas devido ao edema, e por lesões químicas. Calor A vasodilatação leva ao aumento do volume sanguíneo e aumento da temperatura local. Rubor Ocorre devido à hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo). Edema Extravasamento de líquidos (como o plasma). Perda da função Ocasionada pela dor e também pelo edema, podendo ocorrer necrose). • Características da resposta imune adaptativa • Memória → Cada exposição ao antígeno gera células de memória de vida longa, proporcionando uma resposta mais rápida e específica. • Expansão clonal → Proliferação após exposição a antígeno com expressão de receptores idênticos para o mesmo antígeno. • Contração e hemostasia. Imunidade adaptativa Figura 2 – Principais células da imunidade adaptativa Linfócitos B • Apresentam antígenos (APC) aos linfócitos T; se diferenciam em plasmócitos. Plasmócitos • Produzem anticorpos. Linfócito T • TCD4. • Auxiliador. • TCD8. • Citotóxico. Fonte: elaborada pela autora. • Anticorpos. • Glicoproteínas (imunoglobulinas) sofisticadas produzidas por linfócitos após o estímulo por um antígeno. Imunidade adaptativa Os braços menores são idênticos entre si e capazes de se ligarem a antígenos. Região Fc: possui sítios especializados para interação com as proteínas do sistema complemento ou receptores celulares específicos. Fonte: adaptada de ttsz/iStock.com. Figura 3 – Anticorpo Imunidade adaptativa Fonte: ttsz/iStock.com. • Presente nas mucosas; confere imunidade passiva da mãe para o filho por meio da amamentação. • Mais abundante; atravessa barreira placentária; presente em doenças em remissão/fase crônica. • Primeira classe a se elevar em infecção na fase aguda; alto peso molecular → Não ultrapassa a placenta. Conceitos em imunologia clínica Imunologia clínica Bloco 3 Ana Paula Michelin • Doenças autoimunes. • Ocorrem devido ao mal funcionamento do sistema imune, que perde a capacidade de reconhecer o que é próprio e ataca os tecidos. • Existem várias doenças autoimunes. • Diabetes Mellitus tipo 1. • Anemia hemolítica auto imune. • Artrite reumatoide. • Lúpus eritematoso sistêmico. Introdução Avanço da tecnologia. Conhecimento das doenças existentes. Diagnósticos e tratamentos. • Diabetes Mellitus tipo I. • Destruição das células beta das ilhotas de Langerhans, mediada pelo sistema imune. • Pode ser rápida ou progressiva, mas ambas vão precisar de insulinoterapia no futuro. • A etiologia da doença é multifatorial, tendo uma predisposição genética e fatores ambientais ainda desconhecidos. • Anemia hemolítica autoimune (AHAI). • Autoanticorpos se ligam à membrana das hemácias, provocando a sua destruição via sistema complemento ou sistema reticulo endotelial. • Uma vez reconhecidas pelos anticorpos, são destruídas no baço, ocasionando o quadro de anemia. • Dentre os diversos tipos de exames laboratoriais, o mais específico é a pesquisa de anticorpos no sangue, Teste de Coombs Direto e Indireto. Introdução • Os biomarcadores utilizados para verificar a autoimunidade na DM1 são os autoanticorpos. • Fatores genéticos e ambientais podem estar relacionados com a perda de tolerância da autoantígenos. Aplicação da imunologia clínica • Anti-insulina. • Antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65). • Antitirosinafosfatases. • Antitransportador de zinco (Znt). Imunodeficiências Desordem do sistema imunológico que se torna incapaz de ter imunidade efetiva e uma resposta frente a antígenos. O indivíduo pode ser denominado de imunodeficiente ou imunocomprometido. Qualquer parte do sistema imune pode ser afetada. Introdução • A imunodeficiência resulta em uma grande suscetibilidade a infecções oportunistas e certos tipos de câncer. • Pode surgir: Resultado de uma doença, como a infecção pelo HIV. Induzida por administração de drogas (imunossupressão) → Tratamento de doenças autoimunes. Fatores genéticos. Deficiência em algum componente do sistema imunológico. Primaria 10% Secundária 90% Falta de enzimas (ADA). Falta de um tipo celular (CD4). Componente sem função. Gene defeituoso. CA Linfoide.HIV. Má nutrição. Droga imunossupressora. • Imunodeficiência primária. • Frequência 1: 10.000. • 50% deficiências de Ac. • 20% deficiências células T e Ac. • 18% alterações fagocíticas. • 10% alterações imunidade celular. • 2% deficiências sistema complemento. Imunodeficiência primária e secundária Podem ser detectados por meio de metodologias laboratoriais e aplicação da imunologia clínica. • Imunodeficiência secundária. • Em algumas situações a imunidade pode se alterar. • Desnutrição. • Ocasiona deficiências em quase todos os constituintes do sistema imunológico. • Estresse. • Exposição a toxinas ambientais (radiação). • Obesidade. • Doenças crônicas. Teoria em Prática Bloco 4 Ana Paula Michelin Aplicação da imunologia clínica Avanço da tecnologia Conhecimento das doenças existentes Diagnósticos e tratamentos • Artrite reumatoide: • Fisiopatologia não completamente elucidada. • Fator genético. • Hiperplasia e hipertrofia do revestimento sinovial. • Se não tratado pode evoluir para pannus. • Destruição do tecido articular localizado entre a membrana sinovial e a cartilagem. Fonte: chaowalit407/iStock.com. Figura 4 – Paciente com artrite reumatoide CD4 CD8 CD8 Aplicação da imunologia clínica • Artrite reumatoide. • Infiltrado mononuclear (linfócitos T e B e macrófagos) circunda os vasos. • Todas essas células revelam seu envolvimento ativo no processo inflamatório crônico. CD CD4 CD4 CD4 CD4C4 CD4 Hiperplasia e hipertrofia do revestimento sinovial. Tecido sinovial edematoso sofre profusão na cavidade sinovial. Um infiltrado mononuclear (linfócitos T e B e macrófagos) circunda os vasos. Processo inflamatório crônico. Fonte: chaowalit407/iStock.com. Figura 4 – Paciente com artrite reumatoide • O processo inflamatório na artrite reumatoide pode ser iniciado pelo autoanticorpo (geralmente IgM) específico, que ataca determinada porção da região Fc das IgGs. • Este autoanticorpo anti-IgG é chamado fator reumatoide (FR). • O diagnóstico da AR é dado por diversos achados. • Não há um único exame que faça o diagnóstico preciso de 100%. • São necessários resultados de exames laboratoriais e a presença de sinais e sintoma clínicos que levem a um diagnóstico o mais precoce possível. Aplicação da imunologia clínica IgM que é anti-IgG Fator reumatoide • A imunologia clínica é utilizada para auxiliar em diagnósticos e monitoramento nos processos patológicos relacionados à imunologia. • Conhecendo a fisiopatologia da artrite reumatoide, quais seriam as possíveis substâncias mensuradas que poderiam auxiliar no diagnóstico/monitoramento da doença? Reflita sobre a seguinte situação O fator reumatoide pode ser mensurado laboratorialmente, e auxiliar no diagnóstico e monitoramento da doença. Norte para a resolução • Maior quantidade de linfócitos TCD4 em relação aos TCD8 nas regiões que circundam os vasos. • Formação de pannus. • Dosagem de marcadores inflamatórios. • Condição clínica do paciente. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 Ana Paula Michelin Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental • Este trabalho visa entender a correlação entre o diagnóstico clínico e laboratorial da artrite reumatoide, demonstrando a importância da elucidação precoce desta patologia. Referência: • DUARTE, M. F. R. et al. Principais biomarcadores aplicados no diagnóstico da Artrite Reumatoide: Uma revisão integrativa da literatura. Tópicos nas ciências da saúde. v. VII, 6, 2021. Indicação de leitura 1 A anemia hemolítica autoimune é um grupo de doenças caracterizada pela presença de autoanticorpos que se ligam aos eritrócitos reduzindo o tempo de meia-vida dessas células. Este artigo (estudo) objetivou obter o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes pediátricos diagnosticados com anemia hemolítica autoimune, atendidos em um ambulatório de referência. Referência: CONTENTE, A. G. S. et al. Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes pediátricos portadores de anemia hemolítica autoimune em um serviço de referência. Residência Pediátrica. v. 11, n. 3, 2021. Indicação de leitura 2 • Aplicativos. • Android e iOS. • Medscape – Disponibiliza informações atualizadas sobre doenças e tratamentos, além de conferir se existe alguma interação medicamentosa no tratamento. • Pocket Lab Values – Disponibiliza aproximadamente 300 valores de referência de exames laboratoriais. Dica do(a) Professor(a) ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Referências Bons estudos!