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Thais Alves Fagundes ANATOMIA CIRÚRGICA E NEOPLASIAS RENAIS ANATOMIA CIRÚRGICA • Rim é um órgão retroperitoneal, anterior a 12ª costela e posterior ao intestino. o Irrigado pela artéria renal. o Drenado pela veia renal, que drena para veia cava. • Veia renal: o Veia renal esquerda é mais longa. o Preferência para realizar nefrectomia do lado esquerdo. • Veia adrenal esquerda parte da veia renal e veia adrenal direita parte da veia cava. o Preferência para realizar adrenectomia do lado esquerdo. • Veia gonadal esquerda drena para veia renal. o Varicocele ocorre principalmente (90% dos casos) do lado esquerdo. o Varicocele é raro do lado direito. Quando ocorre, é causada por trombo tumoral que impede o fluxo de sangue, havendo ingurgitamento dessa veia (início súbito). o Varicoceles são “varizes” das veias que drenam os testículos, que ficam mais dilatadas, podendo influenciar a espermatogênese e afetar a fertilidade. • Referência anatômica para cirurgia: o Ureter e veia gonadal → músculo psoas o Pontos de estreitamento do ureter (impactação de cálculo). ▪ Junção ureteropélvica ▪ Cruzamento com vasos ilíacos ▪ Junção vesicoureteral • Outras relações anatômicas: o Rim esquerdo: próximo ao baço (veia esplênica), calda do pâncreas, cólon o Rim direito: próximo ao arco duodenal, ângulo hepático, pâncreas NEOPLASIAS RENAIS Diagnóstico por imagem: • Ultrassonografia: mais utilizado, “rastreamento-incidental” o Cisto simples: redondo, bem definido, paredes finas, líquido homogêneo, sem septos e calcificações o Cisto complexo o Nódulo sólido: suspeita de malignidade. • Tomografia computadorizada: principal método para avaliação da natureza da massa o Diferenciação o Estadiamento • Ressonância magnética: o Reservada para pacientes com insuficiência renal (IR) ou alergia ao contraste. o Massa renal realçada com contraste: carcinoma de células renais. Thais Alves Fagundes ANGIOMIOLIPOMAS: lesões compostas por vasos, tecido muscular e tecido adiposo. • Mais comum em mulheres de meia idade. • 20% associado a esclerose tuberosa (lesão que cursa com adenoma sebáceo, retardo mental e epilepsia). TC/US: nódulo sólido hiperecogênico, visualiza-se pontos com tecido adiposo. Patogenia: • Hormônios sexuais femininos promovem o crescimento de AMLs renais. • Complicações hemorrágicas tendem a ocorrer na gravidez ou após tratamento hormonal exógeno. o Maior chance de haver hemorragia se: ▪ AML renal > 4cm de diâmetro (avaliar tratamento) ▪ Aneurisma > 5mm o Necessitando de tratamento. ▪ Nefrectomia parcial ▪ Procedimento hemodinâmico (embolização) Complicação: sangramento retroperitoneal ou pro sistema coletor. ONCOCITOMA: lesão benigna, de difícil diferenciação (10% dos tumores renais). TC/US: lesão de aspecto estrelado, podendo ser chamado de roda de carroça. Histologia: difícil distinguir oncocitoma de carcinoma de células renais cromófobo. CISTOS RENAIS: lesões benignas mais comuns (70% das massas assintomáticas são cistos benignos, achados em mais de 50% dos pacientes acima de 50 anos). Crescimento exagerado pode causar compressão de estruturas e aparecimento se sintomas, havendo necessidade de tratamento (>70% assintomáticos). Tratamento: • Punção/esclerose: punção com injeção de material esclerosante para que o rim diminua de tamanho. • Marsupialização laparoscópica: retirada da parede do cisto, deixando abertura para reabsorção do líquido, quando presente no seu interior. TC: cisto simples ou complexo. Classificação de Bosniak: • Bosniak I: cisto simples, redondo, características bem definidas, paredes finas, sem septos, líquido homogêneo, sem calcificações. • Bosniak II: calcificação e septo discretos. Chance 0% de malignidade. o Bosniak IIF: classificação intermediária, utilizada caso haja dúvida. ▪ Realiza-se o acompanhou e avalia se ficou estável. ▪ Estável: chance de malignidade continua 0%. ▪ Instável: chance de malignidade passa a ser 12%. • Bosniak III: septo ou calcificação mais espessos. Chance 45-60% de malignidade. o Cisto III pode ser abordado cirurgicamente. • Bosniak IV: cisto com nódulo sólido (massa heterogênea realça ao contraste). Chance 90-100% de malignidade. o Cisto IV será abordado cirurgicamente. Thais Alves Fagundes CÂNCER RENAL: Epidemiologia: • 3 a 4% das neoplasias, 70% dos diagnósticos feitos acidentalmente. • 80-85% das neoplasias renais são carcinomas de células claras. • Incidência aumentando, devido ao maior diagnóstico de lesões menores. • Diminuição do tamanho médio do tumor ao longo dos anos. • Idade média de diagnóstico: 65-70 anos. • Brasil: 45% doença localizada; 25% localmente avançada; 30% metastática; 40% metástase pós nefrectomia. Apresentação clínica: • Maioria assintomáticos-retroperitôneo. • Tríade clássica: o Dor no flanco o Hematúria o Massa palpável (< 10%) • Síndromes paraneoplásicas (20%): o Disfunção hepática o HAS o Anemia, perda de peso. o Febre, leucocitose. CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS (CCR) • Rastreamento não é realizado, devido à baixa prevalência. • Exceções: o Paciente renal crônico em hemodiálise. o Esclerose tuberosa: cursa com adenoma sebáceo, angiomiolipoma, epilepsia. o Doença de Von Hippel Lindau: doença genética que cursa com vários tumores (CCR + feocromossoma + angioma de retina + hemangioblastoma cerebral, cerebelar ou medular). Câncer de células claras e gene VHL (Von Hippel Lindau): • Distúrbio genético: o Função inadequada do gene VHL, que aumenta o fator induzido para hipóxia (HIF). o Aumento da síntese de fatores pró-angiogênicos (VEGF). o Progressão tumoral. • Alvo de quimioterapia. Tipos histológicos e sobrevida: • Carcinoma de células claras (75% dos casos): 75% - menor sobrevida e pior prognóstico • Papilar ou papilífero: tipo I (5%) ou tipo II (10%): 85% • Cromocitoma/Cromofobo (5%): 90% - bom prognóstico • Oncocitoma (5% - benigno): 100% - benigno. Thais Alves Fagundes Exames de imagem: auxiliam a definir etiologia • TC com contraste: o Hipervascular: células claras ou oncocitomas. o Hipovascular: papilífero ou cromófobo. • RNM: intensidade do sinal em T2 o Hiperintenso: células claras ou oncocitomao. o Hipointenso: papilífero ou angiomiolipoma pobre em gordura. Metástases: 20% com meta na apresentação inicial • 1/3 dos pacientes com doença ressecável terão recidiva e necessitam de acompanhamento. • Metástases linfonodais podem ocorrer e a linfadenectomia é questionável, sendo realizada se houver lesão. • Locais mais frequentes (via hematogênica): pulmão, ossos, fígado e cérebro. TNM: tumor, nódulo e metástase • T1: tumor < 7 cm confinado a cápsula renal o T1a: < 4 cm (massas renais pequenas / SRM) o T1b: > 4 cm ▪ Nefrectomia parcial ou radical. • T2: tumor ≥ 7 cm, confinado a cápsula renal. o Retirada do rim completo por cirurgia aberta ou laparoscópica (padrão-ouro) o Não faz adrenalectomia, exceto se lesão comprometa suprarrenal • T3: tumor com extensão aos tecidos perirrenais ou à adrenal. • T4: tumor invade além da fáscia de Gerota (estrutura existente após a gordura perirrenal). • N: linfonodos • M: metástase à distância Tratamento conservador: acompanhamento com TC em casos selecionados, como idosos, pessoas debilitadas. Se crescimento >0,3/ano, realizar tratamento. Terapia focal: radiofrequência ou crioterapia (maior incidência de recidiva local) Nefrectomia parcial: laparoscópica ou cirurgia aberta. Quanto maior tamanho, pior o prognóstico ao longo dos anos. Estadiamento (TC abdome pelve, RX e TC tórax) e fatores associados a prognóstico: • PCR: fator preditivo independente de sobrevida (PCR pré-operatório alto associado com maior mortalidade). • Estadio T (tamanho maior) • Grau de Fuhrman (?) • Invasão de gordura pré-renal ou não Thais Alves Fagundes Massas renaispequenas (SEM): • 20% é benignas e 80% malignas. • 5% das massas menores que 3cm apresentavam metástases. • 10% das massas maiores que 3cm apresentavam metástases. SRM e biópsia renal: • Indicações: o Lesão renal sólida com indicação de terapia minimamente invasiva (crioterapia ou radiofrequência) ou de vigilância ativa. o Lesão indeterminada nos exames de imagem. • Contraindicações: maior parte o Jovens ou com bom estado geral que aceitam nefrectomia. o Idosos com comorbidades que serão tratados de forma conservadora independente da biópsia. Tratamento: Comparação dos tratamentos em pacientes >70a: observação nessa faixa etária pode não ser adequado, havendo muita diferença na sobrevida • Observação: sobrevida 86% em 5 anos e 74% em 10 anos • Ablação (radiofrequência ou crio): sobrevida de 97% em 5 anos e 96% em 10 anos • Cirurgia: semelhante a hablação Ablação: • Preservação da função renal – são caras. • Crioterapia (-180o): probes que vão congelar o tumor – acompanhamento em tempo real via US ou TC. • Radiofrequência (+100o c): eleva a temperatura do tumor promovendo a necrose. Nefrectomia parcial: • Mais utilizado. • Posição: decúbito lateral. • Objetivos da nefrectomia parcial: Margem cirúrgica negativa. Preservar função renal (retirar o mínimo de parênquima). Evitar complicação: sangramento, fístula urinária, lesão de órgão adjacente (duodeno, cólon, pâncreas) o Cirurgia aberta: faz-se uma lombotomia, com incisão grande, é mais agressiva. Complicações: abaulamento da parede lateral. o Laparoscópia: faz-se incisões menores. o Nefrectomia parcial robótica: mais atual, movimentos mais precisos, ótima qualidade, maior possibilidade de ângulos.
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