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cefaléia tensional

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Prévia do material em texto

PATRICIA GIONA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NAS CEFALÉIAS 
TENSIONAIS ATRAVÉS DA TERAPIA MANUAL: SÉRIE DE 
CASOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL 
2003 
 
PATRICIA GIONA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NAS CEFALÉIAS 
TENSIONAIS ATRAVÉS DA TERAPIA MANUAL: SÉRIE DE 
CASOS 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao corpo 
docente da Unioeste como requisito 
parcial à obtenção do título de 
Fisioterapeuta. 
 
 Orientadora: Prof. Karen Andréa 
Comparin 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL 
2003 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
 
PATRICIA GIONA 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NAS CEFALÉIAS TENSIONAIS ATRAVÉS DA 
TERAPIA MANUAL: SÉRIE DE CASOS 
 
 
 
 
 
 
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Fisioterapeuta pela 
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
________________________________ 
Karen Andréa Comparin – UNIOESTE 
Orientadora 
 
 
 
_________________________________ 
André Pegas de Oliveira – UNIOESTE 
 
 
 
 
__________________________________ 
Alberito Rodrigo de Carvalho – UNIOESTE 
 
 
 
 
 
 
 
Cascavel, 16 de abril de 2003 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pode um homem torna-se culto pela 
cultura dos outros, mas só se torna sábio 
pelas próprias experiências. 
 
Mansour Chalita 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 LISTA DE GRÁFICOS..................................................................................................... vii
 LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... vii
 LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ viii
 RESUMO............................................................................................................................ ix
 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1
 1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO..................................................................... 2
 1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO............................................................................. 3
 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 4
 2.1 DOR – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONHECIMENTOS........................... 4
 2.2 PERCEPÇÃO E REAÇÃO À DOR...................................................................... 8
 2.3 ASPECTOS ANATÔMICOS DA REGIÃO CEFÁLICA..................................... 10
 2.3.1 Estruturas anatômicas da região cefálica...................................................... 10
 2.3.1.1 Cabeça óssea.................................................................................. 11
 2.3.1.2 Músculos da cabeça....................................................................... 12
 2.3.1.3 Região cervical............................................................................... 13
 2.3.1.4 Plexo cervical................................................................................. 17
 2.3.2 Estruturas cranianas sensíveis à dor.................................................. 19
 2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS, NEVRALGIAS CRANIANAS E 
DORES FACIAIS................................................................................................................ 20
 2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS PELA VISÃO OSTEOPÁTICA............ 24
 2.6 ENXAQUECA OU MIGRANÊA......................................................................... 25
 2.6.1 Quadro clínico............................................................................................... 29
 2.6.2 Tratamento medicamentoso.......................................................................... 32
 2.7 CEFALÉIA TENSIONAL..................................................................................... 33
 2.7.1 Quadro clínico............................................................................................... 35
 2.7.2 Mecanismos envolvidos na gênese da dor.................................................... 36
 2.8 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DAS CEFALÉIAS.............................. 41
 2.9 CONSIDERAÇÕES SOBRE A TERAPIA MANUAL........................................ 43
 3 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 46
 4 RESULTADOS............................................................................................................... 54
 
 4.1 AVALIAÇÃO........................................................................................................ 54
 4.2 AVALIAÇÃO APÓS O TÉRMINO DO TRATAMENTO.................................. 58
 4.3 AVALIAÇÃO APÓS 1 MÊS DO TÉRMINO DO TRATAMENTO................... 59
 4.4 RESPOSTA INICIAL DO QUESTIONÁRIO COMPARADA À RESPOSTA 
FINAL.................................................................................................................................. 61
 4.5 DIÁRIO DA CEFALÉIA....................................................................................... 66
 5 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 67
 6 CONCLUSÕES............................................................................................................... 70
 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 72
 ANEXOS............................................................................................................................. 78
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
GRÁFICO 01 – INÍCIO DA CEFALÉIA............................................................................ 54 
GRÁFICO 02 – LOCALIZAÇÃO DA CEFALÉIA............................................................ 55 
GRÁFICO 03 – DISTÚRBIOS EMOCIONAIS.................................................................. 56 
GRÁFICO 04 – DOR À PALPAÇÃO................................................................................. 57 
GRÁFICO 05 – EXISTÊNCIA DE DOR NO DIA DA AVALIAÇÃO.............................. 60 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 01 – TABELA COMPARATIVA DA FREQÜÊNCIA DA DOR NOS TRÊS 
MOMENTOS AVALIADOS ..............................................................................................
 
58 
TABELA 02 – TABELA COMPARATIVA DA INTENSIDADE DA DOR NOS TRÊS 
MOMENTOS AVALIADOS ..............................................................................................
 
59 
TABELA 03 – TABELA COMPARATIVA DA DURAÇÃO DA DOR NOS TRÊS 
MOMENTOS AVALIADOS ..............................................................................................
 
59 
TABELA 04 – TABELA COMPARATIVA DA DOR QUE OCORREU NO 
MOMENTO DA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL..........................................................
 
61 
TABELA 05 – TABELA COMPARATIVA DA MÉDIA DE DOR SENTIDA PELOS 
PACIENTES NA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL.........................................................
 
62 
TABELA 06 – TABELA COMPARATIVA DA INTERFERÊNCIA DA DOR NO 
TRABALHO NA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL.........................................................
 
63 
TABELA 07 – TABELA COMPARATIVA DA INTERFERÊNCIA DA DOR NO 
RELACIONAMENTO ENTRE AS PESSOAS NA AVALIAÇÃO INICIAL E 
FINAL...................................................................................................................................
 
 
64 
TABELA 08 – TABELA COMPARATIVA DA INTERFERÊNCIA DA DOR NO 
SONO NA AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL....................................................................
 
64 
TABELA 09 – TABELA COMPARATIVA DA INTERFERÊNCIA DA DOR NA 
CAPACIDADE DE APRECIAR A VIDA NA AVALIAÇÃO INICIAL E 
FINAL...................................................................................................................................65 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 01 – MÚSCULOS SUPERFICIAIS DO DORSO................................................ 15 
FIGURA 02 – SEGUNDO PLANO DA MUSCULATURA DO DORSO......................... 16 
FIGURA 03 – PLEXO CERVICAL..................................................................................... 18 
FIGURA 04 – NERVO OCCIPITAL MAIOR.................................................................... 18 
FIGURA 05 – MASSAGEM DE TECIDO CONJUNTIVO............................................... 49 
FIGURA 06 – MOBILIZAÇÃO DAS VÉRTEBRAS DORSAIS....................................... 49 
FIGURA 07 – POMPAGE CERVICAL.............................................................................. 50 
FIGURA 08 – ALONGAMENTO DE TRAPÉZIO SUPERIOR EM FLEXÃO 
LATERAL............................................................................................................................
 
50 
FIGURA 09 – ALONGAMENTO DOS MÚSCULOS POSTERIORES DO PESCOÇO.. 51 
FIGURA 10 – POMPAGE DOS MÚSCULOS SUBOCCIPITAIS..................................... 51 
FIGURA 11 – ALONGAMENTO DE ESTRUTURAS MOLES SUBOCCIPITAIS......... 52 
FIGURA 12 – STRETCHING DOS ESTENSORES DA CABEÇA................................... 52 
 
 
RESUMO 
 
 
O termo cefaléia aplica-se a todo processo doloroso referido no segmento cefálico, que pode 
originar-se em qualquer das estruturas faciais, cranianas ou pericranianas. A cefaléia é um dos 
sintomas mais comuns que afeta o homem, e é por esse motivo que se vem conduzindo uma 
série de pesquisas sobre o tema. É neste contexto que este trabalho vem relatar uma série de 
tratamentos para a cefaléia do tipo tensional com o uso da fisioterapia e, em especial, propor 
um protocolo de tratamento para a cefaléia do tipo tensional com técnicas exclusivas de 
terapia manual, além de analisar a sua eficácia. O estudo consistiu no tratamento de oito 
pacientes portadores de cefaléia do tipo tensional, tratados durante oito sessões com técnicas 
de relaxamento e alongamento da musculatura dorsal e cervical posterior. Os resultados 
mostram que todos os pacientes se beneficiaram com a técnica, sendo que o grau de melhora 
variou da remissão completa do quadro de dor até a redução da sua freqüência de diária para 
duas vezes na semana. 
 
Palavras chaves: cefaléias tensionais, terapia manual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
TEIXEIRA et al, (2001) afirmam que cerca de 50% dos doentes brasileiros procuram 
consultórios devido à dor aguda e 50% para o tratamento da dor crônica. A prevalência de dor 
em hospitais varia de 45 a 80%. No Brasil, as causas mais comuns de dor nos adultos são as 
epigastralgias e outras dores abdominais, cefaléias, artralgias, lombalgias, dor torácica e dor 
nos membros. As dores consideradas mais incapacitantes são as cefaléias, as lombalgias, as 
epigastralgias e as dores musculoesqueléticas generalizadas. Aproximadamente 85% da 
população apresenta dor indefinida, possivelmente musculoesquelética ou cefaléia. 
 Cefaléias são dores referidas à superfície da cabeça a partir de estruturas profundas 
(GUYTON, 1997). É um sintoma freqüente no atendimento médico. As mulheres são as mais 
afetadas, tanto em termos numéricos quanto de intensidade dos episódios dolorosos. Em geral, 
as cefaléias do tipo enxaqueca são responsáveis por 25% das consultas de pacientes com essa 
queixa, e as infecções agudas, como gripe, infecções bacterianas e viróticas, por outros 25%. 
Dos demais casos, a grande maioria apresenta a chamada cefaléia de tensão, associadas a 
distúrbios emocionais definidos. Em menos de 1% dos casos a cefaléia está associada a 
doenças intracranianas importantes, como tumores ou infecções cerebrais, ou hipertensão 
arterial sistêmica (HALAL e FERNANDES, 1996). 
 FRIEDMAN, (1986) diz que de um modo geral, pode-se classificar os casos de 
cefaléia em dois grandes grupos. Um deles abrange a cefaléia crônica reicidivante, a cefaléia 
de origem vascular do tipo enxaqueca, o tipo devido à contração muscular (cefaléia de 
tensão), ou a combinação de ambos. Nos casos que a cefaléia constitui a única queixa, o 
diagnóstico deve basear-se na interpretação correta da história clínica. O segundo grupo 
compreende as cefaléias devidas às lesões intracranianas, assim como as afecções locais dos 
olhos e da nasofaringe. O diagnóstico dos casos pertencentes a esta categoria baseia-se 
principalmente no exame físico e nos dados fornecidos pelos exames complementares. 
A cefaléia pode ser uma manifestação de uma doença mais séria, mas, em geral, ela se 
relaciona à fadiga ou a qualquer outra doença benigna. A situação, entretanto, é diferente nos 
pacientes com cefaléia crônica ou cefaléias que recorrem regularmente com intervalos de 
meses e anos. É importante determinar nesses pacientes, por meio de um estudo completo, a 
causa subjacente da cefaléia, a fim de corrigir qualquer condição patológica séria porventura 
 
existente e decidir qual é a forma terapêutica indicada nos casos sem gravidade (MERRITT, 
1977). 
 Dentre suas várias formas clínicas, algumas são de aparecimento agudo ou subagudo, 
estando nestes casos na dependência, em sua grande maioria, de uma patologia orgânica de 
estruturas cranianas ou intracranianas, ou de uma doença sistêmica. Outras, pelo contrário, 
são crônicas e podem estar na dependência de uma patologia orgânica, evolutiva ou não, ou 
então não terem nenhum substrato orgânico, obedecendo neste caso a patogenia complexa na 
qual os mecanismos básicos determinantes da dor são desencadeados por perturbações 
funcionais (SILVA, 1979). 
 MERRITT, (1977) afirma que as cefaléias são manifestações comuns de tumores 
intracranianos, infecções, traumatismo craniano, doença febril, hipertensão arterial, 
arteriosclerose cerebral, anóxia cerebral e asfixia por qualquer causa. Outras causas da 
cefaléia crônica são as doenças oculares, do nariz, do ouvido e dos dentes. Os distúrbios 
gastrintestinais crônicos não são, como se afirma freqüentemente, causa comum de cefaléia 
crônica. FRIEDMAN, (1986) diz que na maioria dos casos a cefaléia crônica resulta da falta 
de ajustamento ao ambiente. 
 
 
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO 
 
 
A alta incidência de indivíduos portadores de cefaléia leva a se pensar em uma 
maneira alternativa ao tratamento alopático para a minimização do problema. Neste contexto, 
a fisioterapia se apresenta como uma das soluções viáveis para o tratamento das cefaléias, 
podendo ser útil não só a pessoas que apresentaram resultados negativos com o tratamento 
alopático, mas a toda comunidade, podendo-se firmar como um tratamento eficaz e seguro da 
patologia. 
 Dessa forma, a realização de trabalhos que ilustrem essa situação é de grande 
importância para o meio científico, de maneira a provar a real eficácia da fisioterapia no 
tratamento, em especial neste caso, da cefaléia tensional, buscando comprovar seus benefícios 
e seu valor junto dessa patologia. 
 
 
 
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO 
 
1.2.1 Objetivo Geral: 
Analisar a eficácia do tratamento fisioterapêutico através da terapia manual nas 
cefaléias do tipo tensional. 
 
1.2.2 Objetivos específicos: 
• Estudar os diferente achados que ocorrerem na amostra, relacionados com as 
crises de cefaléia; 
• Revisar os tipos, formas, causas e tratamentos para as cefaléias; 
• Comparar os resultados obtidos com os resultados de diferentes autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
2.1 DOR – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CONHECIMENTOS 
 
 
TEIXEIRA e SOUZA, (2001) citam o conceito de dor do comitê de taxonomia da 
International Association for the Study of Pain (IASP), conceituando a dor como “experiência 
sensorial e emocional desagradável, que é associada ou descrita em termos de lesões 
teciduais. A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo utiliza a palavra dorde acordo com o 
aprendizado frente a suas experiências prévias. É uma sensação desagradável localizada em 
uma parte do corpo; constitui adicionalmente uma experiência emocional”. 
Os mesmos autores ainda dizem que a dor tem um valor fundamental: alerta o 
indivíduo sobre a ocorrência de alguma forma de lesão orgânica instalada ou em vias de se 
instalar. Entretanto, manifesta-se muitas vezes mesmo na ausência de agressões teciduais 
vigentes, tal como ocorre no caso de neuropatia periférica ou central e em certas afecções 
psicopatológicas. Os conceitos e as justificativas sobre as razões da ocorrência da dor 
sofreram marcantes modificações ao longo do tempo em função de aquisições científicas e 
dos aspectos culturais de cada povo. 
A dor é velha como a humanidade. Os mais antigos documentos existentes referem-se 
a ela e aos meios empregados para aliviá-la. No livro do Gênesis está escrito que a dor é 
conseqüência do pecado. Os mitos primitivos falam da dor sofrida pelos deuses. Dolorosos 
ataques de velhice afligiam o deus sol; Ísis sofria de uma inflamação do coração, além de ter 
sido picado por um escorpião e ter os olhos doentes (PRESCOTT, 1971). 
MERSKEY, (1980)1 (apud TEIXEIRA e SOUZA, 2001) diz que nas sociedades 
primitivas a dor aguda era associada aos traumatismos e a crônica, atribuída à penetração de 
certos elementos e ou de maus espíritos no interior do corpo, sendo necessária a remoção de 
ambos para ser controlada. Os mesmos autores afirmam que no Egito Antigo e na Babilônia, a 
dor foi considerada punição dos deuses. Segundo PRESCOTT, (1971) a imaginação dos 
primeiros homens atribuía a dor a ação dos demônios e espíritos que, nas suas fantasias, eram 
monstros, muitas vezes com hipertrofia dos órgãos que atacava. O demônio da dor de ouvido 
 
1 MERSKEY, H. Some features of the history of the Idea of pain. Pain, 9: 3-8, 1980. 
 
tinha orelhas enormes; o da gota era uma aranha; o demônio da dor de dente era um verme 
imenso e corroedor, etc. 
Na Índia Antiga a dor foi reconhecida como uma sensação e seus aspectos emocionais 
realçados. Na China Antiga, a dor e as doenças foram atribuídas ao excesso ou deficiência de 
certos “humores” ou “energias” no interior do organismo, ou seja, a um desequilíbrio entre o 
Yin e o Yang (MERSKEY, 19801 apud TEIXEIRA e SOUZA, 2001). 
Nas tabuletas de argila da Babilônia, nos papiros escritos no Egito no tempo das 
pirâmides e dos faraós, nos registros persas gravados em couro, nas tabuletas de Micenas e 
nos pergaminhos de Tróia podem encontrar-se referências às dores que afligiam a 
humanidade, e às orações, magias e outras maneiras pelas quais se esperava obter alívio. Junto 
à mulher em trabalho de parto, por exemplo, se acendia um fogo fumacento de ervas 
poderosas para afastar as dores. Usavam-se anéis no nariz e tatuavam-se a pele para exorcizar 
demônios; plantas, pedras, garras, partes de animais e amuletos eram usados para assustar os 
maus espíritos e afugentar demônios (PRESCOTT, 1971). 
Na Grécia, Alcmaeon, discípulo de Pitágoras (566-497 a.C.), atribuiu ao cérebro e não 
ao coração o papel do processamento da sensação nociceptiva. Aristóteles (384-322 a. C.) 
afirmou ser a dor o resultado da estimulação sensitiva violenta que, das estruturas lesadas, era 
conduzida pelo sangue ao coração. Seria, segundo os filósofos que o seguiram, uma qualidade 
afetiva (MERSKEY, 19801 apud TEIXEIRA e SOUZA, 2001). 
BONICA, (1980)2 (apud TEIXEIRA e SOUZA, 2001) dizem que Herófilo (335-280 
a.C.) e Eracistrato (310-250 a. C.) demonstraram que o cérebro e os nervos estavam 
envolvidos no mecanismo de sensações e Galeno (130-211 d. C.) classificou os nervos em 
sensitivos, motores e nociceptivos. Avicena (980-1038 d. C.) sugeriu pela primeira vez que a 
dor era uma qualidade sensorial distinta das demais. Durante a Idade Média, os conceitos de 
Aristóteles predominaram até que, após o Renascimento, anatomistas e filósofos passaram a 
atribuir ao sistema nervoso o papel fundamental no mecanismo de nocicepção. 
Ainda os mesmos autores afirmam que Descarte (1596-1560 d. C.) atribuiu às 
estruturas do sistema nervoso periférico (SNP) a função de veicular informações nociceptivas 
do meio ambiente para o encéfalo. Coube a este autor a introdução dos conceitos sobre a 
especificidade das vias neuronais envolvidas na nocicepção. O progresso que aconteceu nos 
séculos subseqüentes nas pesquisas sobre anatomia e fisiologia do sistema nervoso, 
principalmente após os trabalhos de Bell (1811) e Magendie (1822), que demonstraram o 
 
2 BONICA, J. J. Introduction. Pain, 6:1-17,1980. 
 
papel das raízes posteriores da medula espinhal na função sensitiva, é que os conceitos sobre a 
especificidade funcional das vias sensitivas do sistema nervoso firmaram-se. 
Baseados em aspectos da anatomia do sistema nervoso, em achados eletrofisiológicos 
e em síndromes clínicas, Melzack e Wall, em 1965, firmaram o princípio da “interação 
sensorial“ com a apresentação da “teoria da comporta”. Segundo estes autores, a estimulação 
das estruturas do SNP originam padrões de impulsos que alcançam o sistema nervoso central 
(SNC) onde a informação sofre a influência dos sistemas moduladores antes que a percepção 
dolorosa seja evocada. A substância gelatinosa, sediada no corno posterior da medula 
espinhal, atuaria como elemento modulador dos estímulos aferentes e os tratos dos funículos 
posteriores ativariam estruturas encefálicas que, por meio de fibras descendentes, alcançam a 
medula espinhal e interfeririam com a atividade do sistema segmentar. Para esses autores, 
fundamentado no balanço entre a atividade excitatória dos aferentes primários e a atividade 
inibitória das unidades segmentares e suprassegmentares é que a dor ou outras sensações 
seriam evocadas. Os neurônios da substância gelatinosa atuariam, portanto, como uma 
comporta, determinando o tipo de estímulo que alcançam os neurônios que originam os tratos 
de projeção suprassegmentares. Essa teoria preconiza a existência de mecanismos de inibição 
regional que permitem melhorar a discriminação dos estímulos e fornece as bases fisiológicas 
para correlacionar os aspectos fisiológicos e a influência de fatores ambientais no 
processamento da dor (MEZACK e WALL, 19653 apud TEIXEIRA e SOUZA, 2001). 
 Da mesma forma, a maneira como as pessoas tratavam a dor também evoluiu. 
PRESCOTT, (1971) refere que quando as drogas ainda não eram conhecidas, empregavam-se 
métodos físicos para se obter a analgesia. Esse autor cita que o cirurgião chefe do exército de 
Napoleão costumava congelar o membro a ser amputado para suprimir a dor. Os antigos 
também sabiam que a compressão de nervos, se mantida por tempo suficiente, produziria 
dormência na parte do corpo suprida por ele. A prevenção da dor pela constrição dos 
membros de modo a exercer pressão tanto nas veias quanto nos nervos foi sugerida no século 
XVI por Ambroise Paré, cirurgião do exército francês. 
 O mesmo autor relata que outras medidas físicas, tais como exercícios, calor, 
massagens, foram usadas para aliviar a dor, pelos egípcios, assírios, gregos e romanos. O 
homem antigo sentia alívio quando a parte injuriada era esfregada ou massageada, ou quando 
era exposta à água quente ou fria, ao calor do sol ou do fogo. A compressão também era usada 
para insensibilizar a parte dolorida e diminuir a dor. Provavelmente o homem primitivo sabia 
 
3 MELZACK, R; WALL, P. D. Pain mechanisms: a new theory. Science 150:971-79, 1965. 
 
que a pressão dos nervos reduzia a dor, embora não soubesse o porquê. Os banhos romanos, 
como mais tarde os balneários no continente europeu, eram usados por causa de suas 
propriedades relaxantes e para alívio da dor. É interessante notar que Dioscorides, cirurgião 
grego do tempo de Nero,defendia o uso da eletroterapia na forma de choques causados pelo 
peixe elétrico, para aliviar a dor de cabeça e a nevralgia. Avicena, médico árabe do século X, 
descreveu quinze tipos de dor no seu Cânon de Medicina que codificava todo o conhecimento 
médico da época. Para o alívio delas ele prescrevia exercícios, calor e massagem, bem como o 
ópio. 
 O uso de drogas analgésicas provenientes de plantas era conhecido em todas as 
culturas antigas. O primeiro analgésico foi o álcool, conhecido já dos povos mais primitivos 
na forma de suco de fruta ou de cereal fermentado. O uso do álcool deve ser tão velho quanto 
da agricultura. O que é interessante é que o homem primitivo já sabia que tomado em 
quantidade o álcool produz insensibilidade e reduz a percepção da dor, e no entanto, somente 
no século XIX é que se começou a usar drogas para se produzir inconsciência para operações 
cirúrgicas (PRESCOTT, 1971). 
A papoula do ópio era muito usada como analgésico. O Papiro Ebers, escrito por volta 
de 1550 a. C., inclui uma antiga farmacopéia egípcia com muitas descrições do uso do ópio, a 
resina da papoula. O papiro sugere que o ópio fora prescrito por Isis para as dores de cabeça 
do deus Rá. A primeira referência autêntica ao uso da droga para o alívio da dor é encontrada 
nos escritos de Teofrasto, que viveu no século III a. C. (PRESCOTT, 1971). 
 
2.2 PERCEPÇÃO E REAÇÃO À DOR 
 
A dor é um estado de consciência com um componente afetivo desagradável e que 
desempenha um papel de proteção para o organismo (HOUSSAY, 1980). É uma experiência 
universal a que todos, inclusive os recém-nascidos, são submetidos. É sentida pelos animais, 
por todas as criaturas vivas e conscientes (PRESCOTT, 1971). 
Evidenciou-se participação de grande número de centros, vias nervosas e 
neurotransmissores nos mecanismos centrais e periféricos relacionados ao processamento 
segmentar e suprassegmentar da nocicepção. O encéfalo, entretanto, não é passivo às 
mensagens coletadas no meio exterior e interior; aspectos de vida pregressa e presente dos 
doentes, experiências pessoais e eventos ambientais interagem de modo marcante com a 
percepção da dor e aliados aos aspectos afetivos, socioculturais e ambientais intervêm na sua 
expressão. Sabe-se, também, que a dor crônica difere da aguda em vários aspectos. Em 
 
condições normais, a informação sensorial é captada por estruturas do SNP e transmitida ao 
SNC, onde é decodificada e interpretada. Sistemas neuronais supra-espinhais permitem ao 
organismo utilizar a experiência passada para controlar a sensibilidade nos diferentes 
segmentos do neuroeixo e reagir de modo variado e auto-determinado. Embora a experiência 
dolorosa exija a participação dos sistemas supra-espinhais, há considerável integração da 
informação nocicepitiva na medula espinhal que representa o primeiro centro de integração 
das aferências primárias do neuroeixo. É provável que, na dependência da modulação da 
nocicepção em nível segmentar, a informação nociceptiva em nível segmentar, a informação 
nociceptiva seja ou não transferida pelos neurônios de segunda ordem para estruturas rostrais 
do SNC (TEIXEIRA, 2001). 
A dor é percebida pela parte sensorial do sistema nervoso que nos permite distinguir o 
quente, o frio, a pressão, o tato e a dor. A dor nasce de um estímulo desagradável em qualquer 
órgão do corpo. Os órgãos internos, os músculos, os olhos e ouvidos são inervados por 
numerosos nervos sensoriais. É bastante curioso, mas o cérebro que é o órgão onde os 
impulsos dolorosos são registrados e analisados é insensível a estímulos dolorosos, e pode ser 
cortado e cauterizado sem dor (PRESCOTT, 1971). 
TEIXEIRA, (2001) afirma que o primeiro passo na seqüência dos eventos que 
originam o fenômeno sensitivo-doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em 
potenciais de ação que, das fibras nervosas periféricas, são transferidos para o SNC. 
HOUSSAY, (1980) diz que os receptores são terminações nervosas livres que estão 
distribuídas em praticamente todos os tecidos do corpo e que, de acordo com sua localização, 
dá origem a duas classes de dor: somática e visceral. A primeira se divide em superficial (ou 
cutânea) e profunda, que tem origem em receptores situados em músculos, tendões, 
articulações e fáscias. 
Os receptores cutâneos podem ser subdivididos de acordo com o tipo de estímulo a 
que respondem. Os principais tipos de receptores compreendem mecanoceptores, 
termoceptores, quimioceptores e nociceptores (BERNE, 1996). 
O mesmo autor relata que os nociceptores respondem a estímulos que podem produzir 
lesão. As duas principais classes de nociceptores cutâneos são os nociceptores mecânicos Aδ 
e os nociceptores polimodais C, apesar de existirem também vários outros tipos. Como os 
nomes sugerem, os nociceptores mecânicos Aδ são supridos por fibras aferentes finamente 
mielinizadas, e os nociceptores polimodais C, por fibras amielínicas. Os nociceptores 
mecânicos Aδ respondem a estímulos mecânicos intensos como à picada na pele com uma 
agulha ou ao esmagamento da pele com uma pinça. Tipicamente, não respondem a estímulos 
 
térmicos ou químicos nocivos, a não ser que tenham sido previamente sensibilizados. Os 
nociceptores polimodais C, por outro lado, respondem a vários tipos de estímulos mecânicos, 
térmicos e químicos. 
Ainda o mesmo autor relata que a sensibilização dos nociceptores é um processo que 
faz com que essas fibras aferentes se tornem mais sensíveis. Os nociceptores sensibilizados 
descarregam mais vigorosamente após um dado estímulo nocivo, e seu limiar de ativação é 
mais baixo. Isso pode levar à hiperalgesia, que é um aumento da dor produzida pela 
estimulação em dada intensidade e diminuição do limiar para a dor. Os nociceptores também 
podem desenvolver uma descarga de fundo e, portanto, produzir dor espontânea. 
WEBSTER, (1971)4 (apud TEIXEIRA, 2001) refere que os receptores nociceptivos 
são sensibilizados pela ação de substâncias químicas, denominadas algiogênicas, presentes no 
ambiente tecidual. BEDROOK, (1967)5 (apud TEIXEIRA, 2001) cita que entre elas 
destacam-se a acetilcolina, a bradicinina, a histamina, a serotonina, o leucotrieno, a substância 
P, o fator de ativação plaquetário, os radicais ácidos, os íons potássio, as prostaglandinas E2 
/PGE2, a tromboxana, as interleucinas IL1 β, IL6, IL8, o fator de necrose tumoral α, o fator de 
crescimento nervoso e o monofásico cíclico de adenosina (AMPc). 
A existência do fenômeno de dor dupla fala a favor da sua condução por fibras de 
velocidades diferente, uma rápida e uma lenta. A resposta à estimulação com um alfinete é 
uma sensação imediata de pontada aguda e bem localizada (dor rápida), seguida, depois de 
um intervalo, de uma sensação de pontada surda e difusa (dor lenta). A dor rápida é 
transmitida pelas fibras mielínicas delta grupo A (15-45 m/s) e a dor lenta por fibras 
amielínicas C, que conduzem a uma velocidade menor que 2 m/s (HOUSSAY, 1980). 
Ainda segundo o mesmo autor, na sua penetração na medula espinhal, as fibras da dor 
terminam na substância gelatinosa; cruzam então pela comissura anterior e ascendem pelo 
feixe espinotalâmico lateral com as fibras para a temperatura. Para alguns autores, já haveria a 
este nível medular, algum controle da sensação dolorosa. O feixe espinotalâmico passa pelo 
bulbo, dorsalmente à oliva inferior, e a seguir pelo mesencéfalo, onde sua localização é menos 
precisa. Envia informações ao sistema reticular e chega ao tálamo. As fibras espinotalâmicas 
diretas transmitem a dor rápida e as epino-retículo-talâmicas, com um maior número de 
sinapses no seu trajeto, transmitem a dor lenta. As fibras diretas e as da sensibilidade 
 
4 WEBSTER, K. E. Somaesthetic pathways. Br Med Bull 33: 113-20, 1971. 
5 BEDBROOK, G. M. Injuries of the thoracolumbar spine with neurological symptoms. In: Vinken, P. I.; Bruyn,g. w. Handbook of clinical neurology. Amsterdam vol. 25, North-Holland Publishing Company, 1976. 
 
superficial e profunda se mesclam a nível talâmico e terminam nos núcleos ventral complexo 
lateral e ventral póstero-medial. 
 
 
2.3 ASPECTOS ANATÔMICOS DA REGIÃO CEFÁLICA 
 
 
2.3.1 Estruturas anatômicas da região cefálica 
 
 
 MOORE, (1992) afirma que poucas queixas são mais comuns que a cefaléia. Em 
conseqüência disso, tem-se a necessidade de um conhecimento da anatomia da cabeça para 
compreender a base anatômica das cefaléias e das dores faciais. 
 
 
 
 
 
 
 2.3.1.1 Cabeça Óssea 
 
 A cabeça óssea divide-se em crânio e face. O crânio constitui uma verdadeira caixa 
onde se encontra alojado o encéfalo, enquanto a face situada para frente e para baixo serve de 
local do início do aparelho respiratório e do aparelho digestivo, e com exceção do tato, a 
todos os órgãos do sentido (CASTRO, 1985). 
 Segundo MOORE, (1992) o crânio, o esqueleto da cabeça, é a estrutura óssea mais 
completa do corpo porque: 
1. contém o encéfalo; 
2. abriga os órgãos dos sentidos especiais para a visão, a olfação, audição e 
gustação; 
3. envolve as aberturas dos tratos digestivo e respiratório. 
 O crânio é constituído por oito ossos, dos quais quatro são ímpares e dois são pares. 
Os ímpares são o frontal, occipital, esfenóide e etmóide. Os pares são o parietal e o temporal. 
 
A face é constituída por 2 ossos ímpares e 6 pares, totalizando 14 ossos. O único móvel é a 
mandíbula, que é um dos ímpares, enquanto os demais formam o bloco superior, constituído 
pelos ossos pares e mais o vômer. Os principais ossos do conjunto superior são as maxilas. 
Em torno deles situam-se os outros. Os pares são, além da maxila, o zigomático, palatino, 
lacrimal, concha nasal inferior e nasal (CASTRO, 1985). 
A face anterior do crânio compreende a parte anterior da calota craniana acima, e o 
esqueleto da face abaixo. Características notáveis são: a fronte formada pelo osso frontal; as 
órbitas; as proeminências das bochechas formadas pelo osso zigomático; as aberturas nasais 
anteriores que se abrem para as cavidades nasais; o par de maxilas contendo os dentes 
superiores; a mandíbula contendo os dentes inferiores. A face anterior do crânio pode ser 
dividida em cinco áreas: frontal, orbital, maxilar, nasal e mandibular. A face posterior do 
crânio, de contorno redondo ou ovóide, é formada principalmente por um par de ossos 
parietais e o osso occipital. Encontram-se as porções mastóideas dos ossos temporais, 
lateralmente. A característica mais destacada desta face do crânio é o pólo posterior 
arredondado. Essa região é freqüentemente denominada área occipital. A face superior do 
crânio também é de contorno redondo ou ovóide. Nesta vista, quatro ossos são unidos por 
suturas que se interdigitam. Os dois ossos parietais são unidos na sutura sagital; os ossos 
frontal e parietal são unidos pela sutura coronal; os ossos parietais são unidos no osso 
occipital pela sutura lambdóide. Na face inferior do crânio a superfície externa da base do 
crânio mostra a face inferior das maxilas, palato duro e dentes maxilares. Centralmente, a face 
inferior do crânio ou base do crânio é irregular, devido aos vários forames, processos e 
articulações. Lateralmente, a base do crânio apresenta os ossos temporais com seus 
proeminentes processos mastóides e estilóides. O forame magno é uma das características 
mais evidentes da base do crânio. A face lateral do crânio inclui os ossos parietal, frontal e 
parte dos ossos temporal e esfenóide (MOORE, 1992). 
 
 
2.3.1.2 Músculos da Cabeça 
 
 Os músculos da cabeça dividem-se em dois grandes grupos que se diferenciam pela 
situação, função e inervação. O primeiro grupo é dos cutâneos, que são superficiais, situados 
por fora da fáscia profunda. Uma de suas inserções se faz na pele, sendo todos inervados pelo 
nervo facial (VII par). Os outros músculos são chamados mastigadores, portanto movimentam 
a mandíbula. Uma de suas inserções se faz sempre nesse osso. São profundos, estando 
 
situados por debaixo da fáscia profunda. São inervados pelo ramo mandibular do nervo 
trigêmeo (V par) (CASTRO, 1985). 
 O mesmo autor relata que os músculos cutâneos da cabeça são subdivididos em 
músculos que se relacionam com o crânio e músculos que estão situados na face. Os músculos 
cutâneos do crânio são encontrados na borda anterior, posterior e laterais da aponeurose 
epicrânica. A aponeurose epicrânica é presa nas bordas por esses músculos, que no conjunto 
recebem o nome de músculo epicrânio. A borda anterior se prende à extremidade superior do 
ventre frontal do músculo epicrânio. A borda posterior da aponeurose continua-se pelo ventre 
occipital do músculo epicrânio. As bordas laterais da aponeurose se inserem no músculo 
temporal (CASTRO, 1985). 
 Ainda o mesmo autor afirma que os músculos cutâneos da face se agrupam em 
torno das cavidades ósseas. Assim, se situam em relação com a órbita, o nariz ou a rima bucal. 
Os músculos que se relacionam com a órbita são o orbicular do olho, corrugador do supercílio 
e depressor do supercílio. Os músculos relacionados com o nariz são o prócero, nasal e o 
depressor do septo. Os músculos relacionados com a rima bucal são o orbicular da boca, 
risório, bucinador, levantador do lábio superior e da asa do nariz, levantador do lábio superior, 
zigomático maior e menor, levantador do ângulo da boca, depressor do ângulo da boca, 
depressor do lábio inferior e mental. Os músculos responsáveis pela mastigação são o 
temporal, masseter, pterigóideo medial e lateral. 
 
 
2.3.1.4 Região Cervical 
 
A coluna cervical forma o esqueleto do pescoço. Divide-se em duas partes: a coluna 
cervical suboccipital (parte atípica), formada pelas duas primeiras vértebras: C1 ou Atlas, que 
se encontra exatamente sob o crânio, e C2 ou Áxis. Já a coluna cervical parte típica é formada 
de C7 a C3, onde as vértebras possuem as mesmas características (CALAIS-GERMAIN, 
1992). 
A coluna cervical tem o sistema muscular mais complexo do corpo (a parte o caso da 
mão). A importância deste sistema muscular se explica pela complexidade dos movimentos 
segmentários necessários para a orientação da cabeça no espaço. O controle neurológico é 
importante e muito fino nesta zona (os músculos suboccipitais são muito ricos em fusos 
neuromusculares). O músculo será a nível cervical uma parte importante das patologias 
(RICARD,____). 
 
Os músculos anteriores do pescoço se compõem de três grupos musculares: os 
músculos pré-vertebrais, os supra e infrahióideos. Os músculos prevertebrais são três: 1) o 
largo do pescoço, que é organizado em três porções que se inserem sobre o corpo vertebral de 
C5 a T3, sobre os tubérculos anteriores de C4 a C6 e sobre o corpo e os processos transversos 
de C1 a C3; 2) o reto menor anterior que vai do processo transverso do Atlas até o processo 
basilar do occipital e a sutura petrobasilar; 3) o reto maior anterior, constituído por quatro 
faces que vão do tubérculo anterior de C3 a C6 até o processo basilar do occipital (RICARD, 
____). 
Mais profundamente estão situados oito músculos, os quais são separados em dois 
grupos de quatro pelo osso hióide. Assim temos o grupo supra-hióideo, constituído pelo 
digástrico, estilo-hióideo, milo-hióideo e gênio-hióideo, e o grupo infra-hióideo, constituído 
pelo omo-hióideo, esterno-hióideo, esternotireóideo e tireo-hióideo (CASTRO, 1985). 
RICARD, (____) cita também um grupo muscular profundo lateral, formado pelo 
músculo escaleno, os intertransversos e o reto lateral. O músculo escaleno está constituído de 
faces. A face anterior vai dos processos transversos de C3 a C6 até a borda superior da 
primeira costela. A face média vai dos processos transversos de C2 a C7 até a borda superior 
da primeira costela. A face posterior vai de C3 a C6 até a borda superior da segundacostela. 
Sua ação sobre a coluna cervical e a cintura escapular é primordial, tendo grande repercussão 
sobre o plexo braquial e sobre a vascularização do membro superior. 
Os músculos intertransversos são lâminas quadriláteras situadas entre os processos 
transversos das cervicais. O reto lateral vai desde o processo transverso do Atlas até a apófise 
jugular do occipital (RICARD,____). 
RICARD, (____) ainda cita um grupo muscular profundo, constituído por quatro 
planos musculares: plano profundo, plano dos complexos, plano do esplênio e do angular, 
plano do trapézio. No plano profundo estão o reto menor posterior, que vai do tubérculo 
posterior do Atlas ao terço interno da linha occipital inferior, o reto maior posterior, entre o 
processo espinhoso do Axis até a linha occipital inferior, o oblíquo maior entre o processo 
espinhoso do Axis à borda posterior do processo transverso de C1, o músculo oblíquo menor 
do processo transverso do Atlas ao terço externo da linha occipital inferior, e o 
trasversoespinhal que vai do processo transverso até o processo espinhoso e as lâminas das 
quatro vértebras subjacentes, seguindo esta disposição de C2 ao sacro. Já no plano dos 
complexos estão os músculos complexo maior, entre os processos transverso de C4 a D6 ao 
occipital, o músculo transverso do pescoço, entre os processos transversos de D5 a D1 aos 
processos transversos de C7 a C2, o músculo complexo menor, entre as lâminas de D1 a C4 
 
até os processos mastóides do occipital e a parte cervical do músculo sacroespinhal 
(iliocostal). Também no grupo da musculatura profunda estão o músculo esplênio da cabeça, 
entre a metade inferior do ligamento cervical posterior a os processos espinhosos de C7 a D5, 
o músculo elevador da escápula, entre o ângulo superior interno da escápula e os processos 
transversos das quatro primeiras vértebras cervicais, e o músculo trapézio, entre a linha nucal 
superior, o ligamento cervical posterior e os processos espinhosos de C7 a D10 ou D12. Suas 
fibras superiores vão até o terço externo da clavícula; as fibras médias terminam sobre o 
acrômio e a espinha da escápula; as fibras inferiores terminam sobre a borda inferior da 
espinha da escápula. 
BOIGEY, (1986) cita a musculatura da nuca sob um outro ponto de vista, conforme os 
planos, que serão descritos a seguir: 
 primeiro plano: parte do trapézio, que se liga superiormente a protuberância 
occipital externa, ao ligamento cervical posterior e ao topo da apófise 
espinhosa da sétima vértebra cervical. Suas fibras dirigem-se todas para a 
escápula, as inferiores transversalmente, as superiores seguindo um trajeto 
mais ou menos oblíquo; as fibras inserem-se sobre a espinha da escápula, o 
acrômio e o terço externo da clavícula, conforme visualização na figura 01. 
 
 
FIGURA 01 – Músculos superficiais do dorso 
 
 
 
 Fonte: SOBOTTA, 1995, p. 27 
 
 
 
 segundo plano: constitui-se pelos músculos esplênio, angular, rombóide e 
serrátil anterior e posterior, que podem ser vistos na figura 02. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 02 – Segundo plano da musculatura do dorso 
 
 
 Fonte: Atlas interativo de anatomia 
 humana – Novartis, 1999. 
 
 
 terceiro plano: compreende três músculos longitudinais, que são, de dentro 
para fora: grande complexo, o pequeno complexo e o transverso do pescoço. 
 
 Quarto plano: embaixo dos complexos encontram-se os dois retos, os dois 
oblíquos, o transverso espinhoso, os interespinhosos e os intertransversos. 
 
Na região anterior do pescoço encontra-se um músculo cutâneo que é o platisma 
(CASTRO, 1985). O platisma é um folheto subcutâneo fino e largo que está localizado na 
fáscia superficial. Já o músculo esternocleidomastóideo é um músculo largo e potente em 
forma de faixa. Tem uma origem na face anterior do manúbrio do esterno, lateralmente à 
incisura jugular. Outra porção se origina na face superior do terço medial da clavícula. Tem 
inserção na face lateral do processo mastóideo e na metade lateral da linha nucal superior 
(MOORE, 1992). 
 A região cervical é freqüentemente descrita como “lordosada” como a região lombar 
(CALAIS-GERMAIN, 1992). 
 
 
 
 2.3.1.5 Plexo cervical 
 
 JUCÁ, (1999) divide o plexo cervical em: 
 
 Nervo occipital menor (ou occipital terceiro): parte de C2 e inerva a pele do 
crânio atrás e acima da orelha, pele sobre a glândula parótida, processo 
mastóide e porção posterior da orelha. 
 
 Nervo occipital maior (ou nervo de Arnold): parte de C1 e C2, passa pelo 
trapézio inervando a pele do crânio até a parte superior e inferior dos olhos. 
 
 
 Nervo transverso do pescoço: parte de C2 , C3 e inerva a pele ântero-lateral do 
pescoço. 
 
 
 Nervo supra-clavicular: parte de C3, C4 e inerva a pele sobre a região superior 
do ombro e tórax. 
 
 Alça cervical (raia superior): parte de C1, C2 e inerva os músculos profundos 
do pescoço, incluindo o gênio-hióideo e o tíreo-hióideo. 
 
 Nervo frênico: parte de C3 até C6 e inerva o diafragma. 
 
 Ramos musculares: partem de C2 a C7 e inerva os músculos 
esternocleidomastóideo, elevador da escápula e escaleno médio. 
 
O nervo occipital maior (ou nervo de Arnold) perfura as inserções do complexo, a 3 
cm abaixo da linha nucal superior e a 15 mm para dentro da linha mediana da nuca (BOIGEY, 
1986). O plexo cervical, assim como o nervo occipital maior, podem ser vistos nas figuras 03 
e 04. 
 
 
 
 
FIGURA 03 – Plexo cervical 
 
 
 
 Fonte: Atlas interativo de anatomia humana – Novartis, 1999. 
 
 
 
FIGURA 04 – Nervo occipital maior 
 
 
Fonte: SOBOTTA, 1995, p. 46 
 
 
 
 
 
 
 
 2.3.2 Estruturas cranianas sensíveis à dor 
 
 
 Como a sensibilidade dolorosa é fundamental como mecanismo de proteção e defesa, 
fica simples compreender porque o segmento cefálico é o mais rico em estruturas sensíveis a 
dor, já que aí se situam o encéfalo e os órgãos das sensibilidades especiais (BACHESCHI, 
1991). 
 O mesmo autor refere também que o conhecimento das estruturas cranianas sensíveis à 
dor é importante para a compreensão dos mecanismos e características dos vários tipos de 
cefaléia. 
 SILVA, (1979) diz que nem todas as estruturas que compõe o segmento cefálico são 
sensíveis aos estímulos dolorosos. O cérebro e a maior parte da dura-máter e da pia-aracnóide 
que recobrem sua convexidade e o revestimento ependimário das cavidades ventriculares e 
dos plexos coróides são insensíveis. A fossa craniana média é insensível apenas nas 
 
proximidades das artérias meníngeas médias. O crânio é pouco sensível, existindo 
terminações nervosas somente ao nível de periósteo. FRIEDMAN, (1986) diz que estas 
terminações apresentam sensibilidade local à distensão. MERRITT, (1977) ainda diz que as 
pequenas artérias na superfície do córtex são relativamente insensíveis à dor. 
 As estruturas extracranianas dotadas de sensibilidade dolorosa são o couro cabeludo, 
as artérias extracranianas, as mucosas das fossas nasais e dos seios paranasais, o ouvido 
externo e o ouvido médio, os dentes, assim como os músculos do couro cabeludo, da face e do 
pescoço (FRIEDMAN, 1986). CAMBIER et al, (1980) referem também a articulação 
têmporo-mandibular e o globo ocular como estruturas sensíveis à dor e SILVA, (1979) ainda 
complementa com o tecido subcutâneo, os troncos nervosos com função sensitiva e as veias 
extracranianas. 
 A dor provocada pelas afecções destas estruturas costuma ser localizada, se bem que 
às vezes se propague à grande parte da caixa craniana (FRIEDMAN, 1986). 
A inervação sensitiva extracraniana encontra-se sob a responsabilidade dos nervos 
trigêmeo e occipital (SILVA, 1979). 
 As estruturas intracranianas que possuem sensibilidade dolorosa compreendem os 
seios venosos e seusvasos afluentes, as porções da dura-máter localizada na base do crânio, 
as artérias da dura-máter (artéria meníngea anterior e média), as grandes artérias da base do 
cérebro que se comunicam com o círculo arterial de Willis, os primeiros nervos cervicais e os 
nervos cranianos V, IX e X, segundo FRIEDMAN, (1986). 
 SILVA, (1979) afirma que a inervação intracraniana é feita através dos nervos 
trigêmeos, raízes cervicais superiores e, em menor proporção, pelos nervos glossofaríngeo e 
vago. 
 CAMBIER et al, (1980) relatam que a estimulação das estruturas sensíveis 
intracranianas situadas sobre a tenda do cerebelo provoca uma dor projetada na superfície 
sobre a metade anterior do crânio; a via aferente dessa dor é o nervo trigêmeo; no mesmo 
território se projetam as dores originárias do território extracraniano do nervo: seio frontal, 
cavidade orbitária, articulação têmporo-madibular e artéria temporal superficial. A 
estimulação das estruturas sensíveis situadas na fossa posterior provoca uma dor percebida na 
metade posterior do crânio e que predomina na região occipital: as vias aferentes são o 
glossofaríngeo, o vago e as três primeiras raízes cervicais. No mesmo território se projetam as 
dores que têm origem no território extracraniano desses nervos: primeiras articulações 
vertebrais, músculos cervicais, ouvido médio, processo mastóide, artéria occipital e artéria 
vertebral. 
 
 O mesmo autor ainda diz que de uma maneira geral, o nervo trigêmeo é a via aferente 
principal para a sensibilidade dolorosa da extremidade cefálica. 
 
 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS, NEVRALGIAS 
CRANIANAS E DORES FACIAIS 
 
 
Classificação das cefaléias segundo o comitê de classificação das cefaléias da 
sociedade internacional de cefaléia de 1988: 
 
1. Migrânea 
1.1 Migrânea sem aura 
1.2 Migrânea com aura 
1.2.1 migrânea com aura típica 
1.2.2 migrânea com aura prolongada 
1.2.3 migrânea hemiplégica familiar 
1.2.4 migrânea basilar 
1.2.5 aura de migrânea sem cefaléia 
1.2.6 migrânea com aura de instalação aguda 
1.3 Migrânea oftalmoplégica 
1.4 Migrânea retiniana 
1.5 Síndromes periódicas da infância que podem ser precursoras de ou estar 
associadas a migrânea 
1.5.1 vertigem paroxística benigna da infância 
1.5.2 hemiplegia alternante da infância 
1.6 Complicações da migrânea 
1.6.1 estado migranoso 
1.6.2 infarto migranoso 
1.7 Distúrbio migranoso que não preenche o critério acima 
 
2. Cefaléia do tipo tensional 
2.1 Cefaléia do tipo tensional episódica 
 
2.1.1 cefaléia do tipo tensional episódica associada a distúrbios de músculos 
pericranianos 
2.1.2 cefaléia do tipo tensional episódica não associada a distúrbios de 
músculos pericranianos 
2.2 Cefaléia do tipo tensional crônica 
2.2.1 cefaléia do tipo tensional crônica associada a distúrbio de músculos 
pericranianos 
2.2.2 cefaléia do tipo tensional crônica não associada a distúrbio de músculo 
pericranianos 
2.3 Cefaléia do tipo tensional que não preenche os critérios acima 
 
3. Cefaléia em salvas e hemicrânia paroxística crônica 
3.1 Cefaléia em salvas 
 
4. Cefaléias diversas não associadas a lesão estrutural 
4.1 cefaléia idiopática em facada 
4.2 cefaléia por compressão externa 
4.3 cefaléia por estímulo frio 
4.4 cefaléia benigna da tosse 
4.5 cefaléia benigna do esforço 
4.6 cefaléia associada a atividade sexual 
 
5. Cefaléia associada a trauma craniano 
5.1 cefaléia pós-traumática aguda 
5.2 cefaléia pós-traumática crônica 
 
6. Cefaléia associada a distúrbios vasculares 
6.1 doença cerebrovascular isquêmica aguda 
6.2 hematoma intracraniano 
6.3 hemorragia subaracnóidea 
6.4 malformação vascular não rota 
6.5 arterite 
6.6 dor das artérias carótida ou vertebral 
6.7 trombose venosa 
 
6.8 hipertensão arterial 
6.9 cefaléia associada a outro tipo de distúrbio vascular 
 
7. Cefaléia associada a distúrbio intracraniano não vascular 
7.1 pressão liquórica elevada 
7.2 pressão liquórica baixa 
7.3 infecção intracraniana 
7.4 sarcoidose intracraniana e outras doenças inflamatórias não infecciosas 
7.5 cefaléia associada a outro distúrbio intracraniano 
7.6 neoplasia intracraniana 
 
8. Cefaléia associada ao uso de substâncias ou à sua supressão 
8.1 cefaléia induzida pelo uso ou exposição aguda a uma substância 
8.2 cefaléia induzida pelo uso ou exposição crônica a uma substância 
8.3 cefaléia por supressão de uma substância (uso agudo) 
8.4 cefaléia induzida por supressão de uma substância (uso crônico) 
8.5 cefaléia associada a substâncias mas com mecanismo incerto 
9. Cefaléia associada a infecção não cefálica 
9.1 infecção virótica 
9.2 infecção bacteriana 
9.3 cefaléia associada a outra infecção 
 
10. Cefaléia associada a distúrbio metabólico 
10.1 hipóxia 
10.2 hipercapnia 
10.3 associação de hipóxia e hipercapnia 
10.4 hipoglicemia 
10.5 diálise 
10.6 cefaléia relacionada a outra anormalidade metabólica 
 
11. Cefaléia ou dor facial associada a distúrbio craniano, pescoço, olhos, ouvido, nariz, 
seios, dentes, boca ou a outras estruturas da face ou crânio 
11.1 osso craniano 
11.2 pescoço 
 
11.3 olhos 
11.4 ouvidos 
11.5 nariz e seios 
11.6 dentes, mandíbula e estruturas correlatas 
11.7 doenças da articulação temporomadibular 
 
12. Nevralgias cranianas, dor de tronco nervoso e dor na de aferentação 
12.1 dor persistente originada de nervo craniano 
12.2 nevralgia do trigêmeo 
12.3 nevralgia do glossofaríngeo 
12.4 nevralgia do intermédio 
12.5 nevralgia do laríngeo superior 
12.6 nevralgia occipital 
12.7 causas centrais de dor cefálica e facial que não a nevralgia do trigêmeo 
12.8 dor facial que não preenche os critérios dos grupos 11 ou 12. 
 13. Cefaléia não classificável 
 
 
2.5 CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS PELA VISÃO 
OSTEOPÁTICA 
 
 
RICARD, (____) descreve a classificação das cefaléias segundo a visão da osteopatia: 
 
1 Cefaléias vasculares não migranosas 
 
A cefaléia não é mais do que um sintoma. A mais comum é a provocada pela febre. 
Algumas cefaléias podem também ser produzida por intoxicações ou alergias, que pode ser 
alimentar (chocolate, trigo, leite) ou respiratórios (pólen, pelo de animais, ácaros). 
 
2 Cefaléia por tração intracraniana 
 
 
Estas cefaléias são produzidas por uma inflamação, uma distensão ou uma tração sobre 
as estruturas sensíveis intracranianas. Podem ser provocadas por diferentes processos 
patológicos: tumores, hematomas epidurais ou subdurais, edema cerebral, punção lombar, 
traumatismos cranianos. 
 
3 Cefaléias devidas a um processo inflamatório intra ou estradural 
 
Processos intracranianos como: meningite, hemorragia meníngea, arterite intracraniana 
(lupus eritematoso disseminado), flebite intracraniana. Processos extracranianos: arterite 
temporal de Horton. 
 
4 Cefaléias de causas locais, de origem otorrinológica, oftalmológica ou dental 
 
5 Cefaléias unidas a lesões osteoarticulares 
 
Estas cefaléias são devidas a uma afecção do simpático cervical posterior, da artéria 
vertebral e dos ramos posteriores dos primeiros nervos cervicais. Compreendem a neuralgia 
suboccipital de Arnold, síndrome simpático cervical posterior e cefaléias por insuficiência 
circulatória da artéria vertebral. 
 
6 Migrâneas do tipo oftalmológica, comum ou acompanhada. 
 
7 Algias vasculares simpáticas da face, correspondente a cefaléia em salvas. 
 
8 Cefaléias de origem psicológica 
 
9 Neuralgia do trigêmeo 
 
10 Neuralgia do glossofaríngeo 
 
Ainda o mesmo autor cita que as algias do crânio de origem cervical podem ser 
reagrupadas em 4 grupos: 
 As algias de origem nervosa; 
 As algias de origem vascular; 
 
 As algias de origem neurovascular com relação ao sistema simpático cervical; 
 As algias de origem meníngeas. 
 
Este trabalho limitou-se a descrever somente os principais tipos de cefaléia, segundo o 
comitê de classificação das cefaléias, já quea sua classificação abrange um número muito 
grande de tipos. 
 
 
2.6 ENXAQUECA OU MIGRÂNEA 
 
 
A enxaqueca é uma cefaléia idiopática e recorrente que ocorre em 6% a 7% dos 
homens e em 18% a 20%das mulheres em alguma fase da vida. Sua prevalência maior é na 
quarta década (GALVÃO, 2001). É uma das formas mais comuns da cefaléia. Em inquéritos 
epidemiológicos populacionais, é a segunda em freqüência, só ficando atrás da cefaléia de 
tensão. Quando se considera a freqüência em consultórios, ambulatórios ou clínicas 
especializadas, é de longe a primeira colocada, o que se justifica na maior intensidade de sua 
sintomatologia (BACHESCHI, 1991). 
Em cerca de 25% dos casos a primeira manifestação da enxaqueca ocorre antes dos 20 
anos. Pode, entretanto, aparecer nas décadas finais de vida. Há evidências de história familiar 
em dois terços dos casos (BACHESCHI, 1991). 
O mesmo autor diz que a intensidade dos sintomas é muito importante, já que pessoas 
que não sofrem da cefaléia minimizem ou menosprezem os sintomas de quem os têm. A 
intensidade da dor e de seus fenômenos associados tornam a enxaqueca uma das mais 
freqüentes, senão a primeira em perdas de dia de trabalho. 
BIGAL, et al (2000) relatam que a qualidade de vida dos indivíduos acometidos está 
comprometida por vários fatores. A enxaqueca prejudica mais a qualidade de vida que a 
osteoartrite, diabetes, hipertensão e lombalgia e é tão incapacitante quanto a depressão. Há 
comprometimento de suas vidas profissionais devido ao maior número de faltas e menor 
atividade laborativa secundários à dor ou aos sintomas associados. O nível de ganho 
monetário dos enxaquecosos é menor que o da população geral. A vida social, familiar e 
escolar dos pacientes é comprometida. Esses fatores representam impacto físico, mental e 
social para os migranosos, bem como implicam em altos custos para a sociedade. Os autores, 
 
em seu estudo, ainda relatam que 10% de sua amostra já cancelou atividades com a família 
pela crise de dor e 81,2% já desmarcaram atividades de lazer durante a crise de dor. 
BACHESCHI, (1991) relata que embora, na maioria das vezes, a enxaqueca possa ser 
bem reconhecida clinicamente, seus limites com outras formas de cefaléia ainda geram 
controvérsias. Uma definição satisfatória é dada pelo Grupo de Pesquisa em Enxaquecas e 
Cefaléias da Federação Mundial de Neurologia: ”a enxaqueca é um distúrbio familiar 
caracterizado por crises recorrentes de cefaléia muito variáveis em intensidade, freqüência e 
duração. As crises são comumente unilaterais e geralmente associadas com anorexia, náuseas 
e vômitos. Em alguns casos são precedidas por, ou associadas com, perturbações neurológicas 
ou de humor. Todas essas características referidas não estão necessariamente presentes em 
cada crise ou em cada paciente.” 
Segundo GALVÃO, (2001) baseando-se nos critérios da classificação internacional 
das cefaléias, para o diagnóstico da enxaqueca as seguintes características devem ser 
evidenciadas: 
 Crises de dor durando 4 a 72 horas (não tratadas ou tratadas sem melhora); 
 A cefaléia deve ter, pelo menos, duas das seguintes características: localização 
unilateral, caráter pulsátil, intensidade moderada a intensa que limite ou 
impeça as atividades, agravamento com a atividade física; 
 Durante a crise de cefaléia deve ocorrer, pelo menos, um dos seguintes 
sintomas: náuseas e/ou vômitos, fotofobia e/ou fonofobia; 
 Sintomas premonitórios podem ocorrer horas ou dias antes das crises de 
cefaléia. São representados por hiperatividade, depressão, irritabilidade, 
bocejos repetitivos, déficit de memória, desejos de certos alimentos, 
hiperosmia, sonolência, entre outros. 
Esse quadro foi denominado enxaqueca sem aura e foi cognominado enxaqueca 
comum no passado. Estudos populacionais revelam que a dor é unilateral em 62% dos casos, 
tem caráter pulsátil em 78%, tem intensidade moderada a intensa em 99%. Náuseas ocorrem 
em 82% dos doentes, fotofobia em 83%, fonofobia em 86% e agravamento durante atividade 
física em 96%. A enxaqueca sem aura que ocorre exclusivamente em um momento particular 
do ciclo menstrual é denominada de enxaqueca menstrual (FROMM, 19896 apud GALVÃO, 
2001). 
 
6 FROMM, G. H. Trigeminal neuralgia and related disorders. Neurol Clin 7: 305-19, 1989. 
 
Segundo BOGDUK, (1993)7 (apud GALVÃO, (2001) em cerca de 30% dos 
enxaquecosos ocorrem sinais neurológicos focais que constituem a aura. Esta pode 
apresentar-se como qualquer sintoma de disfunção encefálica. Em geral, apresenta-se como 
fenômenos visuais (escotomas, espectros de fortificação, fotopsias, distorções das formas, 
enemianopsias). Seguem-se, em freqüência, as auras sensitivas (parestesias, hipoestesias, 
hipersensibilidade ao toque), as anormalidades de linguagem (disfasias) e os déficits motores 
unilateriais (hemiparesias). Nestes casos a enxaqueca é denominada de enxaqueca com aura 
ou enxaqueca clássica. As características para definição de enxaqueca com aura são: 
 Todos os critérios descritos anteriormente para a enxaqueca sem aura; 
 Um ou mais sintomas aurais totalmente reversíveis que indiquem disfunção 
cortical e/ou do tronco encefálico; 
 Desenvolvimento gradual da aura em mais de 4 minutos; 
 Aura seguida de cefaléia em menos de 60 minutos; a dor também pode 
expressar-se prévia ou simultaneamente. 
O mesmo autor também cita que existem alguns outros subtipos de enxaqueca com 
aura menos comuns: 
 Enxaqueca com aura prolongada (ou enxaqueca complicada). A aura dura mais 
de 60 minutos e menos de 7 dias e os exames de neuroimagem são normais; 
 Enxaqueca hemiplégica familiar. É a entidade rara que apresenta aura 
incluindo algum grau de hemiparesia, que pode ser prolongada e com 
ocorrência de pelo menos um familiar em primeiro grau com quadro clínico 
idêntico; 
 Enxaqueca basilar (ou síndrome de Bickerstaff). Os sintomas da aura são 
nitidamente relacionados a anormalidades do tronco encefálico e ao córtex 
occipital bilateral, sendo caracterizados pela ocorrência de anormalidades 
visuais bilaterais, disartria, vertigens, zumbidos, hipoacusia, diplopia, ataxia, 
paresia ou parestesias bilaterais e, às vezes, comprometimento de consciência; 
 Aura de enxaqueca sem cefaléia: os sintomas aurais não se acompanham de 
dor de cabeça. Costuma ocorrer quando o individuo com enxaqueca com aura 
envelhece; 
 
7 BOGDUK, N. Pain of cranial nerve and cervical nerve origin others than priamry neuralgias. In: Olesen, J.; 
Tfelt-Hansen, P.; Welch, K. M. A. The headaches. New York, Raven Press, 1993, pp. 765-72 
 
 
 Enxaqueca com aura com início agudo. A aura instala-se completamente em 
menos de 5 minutos, podendo ser confundida com acidente isquêmico 
encefálico transitório. 
Ainda segundo BOGDUK, (1993)7 (apud GALVÃO, (2001) há outros tipos incomuns 
de enxaqueca classificados à parte: 
 Enxaqueca oftalmoplégica. Caracteriza-se pelo aparecimento de paresias de um 
ou mais nervos oculomotores concomitantemente com a crise de enxaqueca. A 
diplopia pode permanecer durante vários dias; não há lesão intracraniana 
demonstrável aos exames de imagem; 
 Enxaqueca retiniana. Caracteriza-se por ataques de cefaléia associadas a 
escotoma ou cegueira monocular com duração inferior a uma hora. Devem ser 
excluídas lesões do nervo óptico; 
 Síndromes periódicas da infância. Podem ser precursoras ou estar associadas à 
enxaqueca. A vertigem paroxística benigna da infância é uma crise periódica e 
breve de vertigem, vômitos, desequilíbrios e freqüentemente de nistagmo. Em 
casos de hemiplegia alternante da infância ocorrem episódios repetidos de 
hemiplegia, comprometimento de ambos os lados do corpo e fenômenos 
paroxísticos como crises tônicas, distonias, movimentos coreoatetóides, 
nistagmo e anormalidades neurovegetativas que podem associar-se ou nãoaos 
episódios de hemiplegia. Também costuma ocorrer deficiência mental. 
A enxaqueca também pode resultar de complicações como: 
 Estado de mal enxaquecoso ou status migrainosus no qual a crise de dor 
perdura durante mais de 72 horas, a despeito do tratamento (BOGDUK, 19937 
apud GALVÃO, 2001). 
 Infarto enxaquecoso. Após uma crise de enxaqueca com aura, o déficit 
neurológico não regride em uma semana ou mais; há comumente lesão 
isquêmica nos exames de imagem (BOGDUK, 19937 apud GALVÃO, 2001). 
 
 
2.6.1 Quadro clínico 
 
 
 
 A cefaléia da enxaqueca é caracteristicamente pulsátil, na maioria dos casos. Em cerca 
de dois terços das vezes é unilateral. A localização e a periodicidade da dor são muito 
variáveis de um indivíduo para outro e mesmo no próprio indivíduo em ocasiões diversas. A 
dor pode ser predominantemente temporal, frontal, occipital, uni ou bilateral, sendo possível 
qualquer localização craniana. A freqüência é variável, podendo ocorrer poucas vezes no ano, 
ou até ser diária, podendo aparecer “em salvas”, muitas vezes num período com longa 
acalmias, relacionados a fenômenos periódicos como o ciclo menstrual, ou não. Pode aparecer 
a qualquer hora do dia, ou em algumas pessoas sempre num mesmo horário. A duração da 
crise pode ser de poucas horas ou dias, da mesma forma que pode variar muito com a 
intensidade da dor (BACHESCHI, 1991). SILVA (1979), ainda complementa dizendo que a 
cefaléia tem início insidioso, atingindo o máximo em minutos ou poucas horas, perdura por 
várias horas ou até dias e cede habitualmente após o sono. 
BACHESCHI (1991), ainda diz que são freqüentes os sintomas e sinais associados à 
dor na crise de enxaqueca. A fotofobia ocorre em cerca de 80% dos casos, freqüentemente há 
intolerância a outros estímulos sensoriais, como sons e odores. Podem aparecer fenômenos 
vasomotores, são comuns palidez e sudorese e menos freqüentes congestão nasal e 
conjuntival. Os sintomas gastrintestinais são freqüentes: náuseas em dois terços dos casos e 
até diarréia. Geralmente há retenção hídrica e oligúria durante a crise. Percebe-se que, durante 
a intensidade da dor, os fenômenos associados contribuem para que freqüentemente a 
enxaqueca torne impossível ao individuo persistir em suas atividades habituais, necessitando 
afastar-se para repousar em algum lugar calmo, escuro, sem ruídos ou outros estímulos 
ambientais. 
Ainda o mesmo autor refere que a forma clínica mais característica da enxaqueca é 
representada pela ocorrência de sinais premonitórios; esses distúrbios prodrômicos são do tipo 
sensorial, mas podem ser motores, psíquicos ou de função simbólica. Os pródromos mais 
freqüentes são visuais, aparecem subitamente e tendem a aumentar com fenômenos negativos 
(escotomas) ou positivos (luzes, cores, cintilações, etc), duram poucos minutos e quando 
desaparecem começam a dor e os fenômenos associados. Essa é a chamada enxaqueca 
clássica. Mais freqüentemente a cefaléia e os fenômenos associados aparecem sem nenhuma 
manifestação precedendo, constituído a enxaqueca comum. Quando os fenômenos iniciais 
persistem ou aparecem junto com a cefaléia denomina-se de enxaqueca acompanhada. 
Raramente as alterações premonitórias podem não ceder com a cefaléia, tornando-se déficits 
neurológicos persistentes: é a enxaqueca complicada. Eventualmente os fenômenos 
 
prodrômicos podem aparecer sem que se sigam de dor. Isto pode simular episódios 
isquêmicos transitórios e são denominados de equivalentes enxaquecosos. 
Comumente as primeiras manifestações aparecem durante a adolescência, em torno da 
puberdade. Não raro são precedidos na infância por equivalentes: vômitos freqüentes e enjôos 
no transporte. Algumas enxaquecas são benignas, pois os acessos são espaçados, de 
intensidade moderada, facilmente debelados pelos analgésicos. Em outros doentes, ou às 
vezes, até no mesmo doente em alguns períodos da vida, a doença apresenta um caráter grave 
e invalidante em razão da intensidade das manifestações, de sua duração e sobretudo de sua 
freqüência (CAMBIER et al, 1980). 
HALAL e FERNANDES, (1996) relatam que situações estressantes talvez sejam o 
fator precipitante mais comum da enxaqueca. Por outro lado, a enxaqueca pode surgir no 
momento de relaxamento após estresse sustentado. O período pré-menstrual, o uso de 
anticoncepcionais e a menopausa podem estar associados com a enxaqueca. As seguintes 
substâncias também podem atuar como fatores desencadeantes em indivíduos suscetíveis: 
vasodilatadores (nitratos e anti-depressivos), álcool, chocolate, queijo, vinho e outros 
alimentos contendo tiramina ou glutamato monossódico. Este último é um ingrediente ativo 
do molho de soja, causador da assim chamada “síndrome do restaurante chinês”, que consiste 
de cefaléia, sensação de aperto na cabeça e face, parestesias, tonturas e diarréia. A abstinência 
de cafeína ou ergotamina também pode causar enxaqueca, provavelmente por vasodilatação 
de rebote. BACHESCHI, (1991) inclui também: drogas vasodilatadoras, fatores ambientais 
como exposição prolongada ao sol, excesso de luminosidade, aglomerações em recintos 
fechados (aumento de CO2 ). São muito importantes fatores emocionais como estresse, medo, 
ansiedade, angústia, fatores situacionais como fadiga (por exercício físico ou esforço mental), 
hipoglicemia. Muitas vezes a correção de um ou mais desses fatores é suficiente para reduzir 
a freqüência das crises. Anticoncepcionais geralmente representam um importante fator de 
piora da enxaqueca. 
Crises de enxaqueca podem ser precipitadas por deprivação ou excesso de sono e o 
sono também se encontra associado ao alívio de crises de enxaqueca (INAMORATO et al, 
1993). 
As causas dos sintomas da enxaqueca não têm sido claramente demonstradas. As 
diversas teorias sobre sua determinação incluem: irritação reflexa, edema cerebral, alergia, 
estase duodenal, edema transitório de hipófise, toxinas endógenas ou exógenas, distúrbios 
endócrinos e vasomotores. Todas as anormalidades encontradas em exames 
anatomopatológicos de indivíduos sujeitos a enxaqueca, durante a vida, são consideradas 
 
como tendo sido devidas a complicações sem qualquer relação causal com os sintomas 
(MERRITT, 1977). 
BACHESCHI, (1991) afirma que a exata fisiopatogenia da enxaqueca ainda é 
desconhecida. GUYTON, (1992) afirma que uma das teorias da causa da cefaléia da 
enxaqueca é que emoção ou tensão prolongada provoca vasoespasmo reflexo de algumas das 
artérias da cabeça, inclusive daquelas que suprem o cérebro. O vasoespasmo teoricamente 
produz isquemia de porções do cérebro que seria responsável pelos sintomas prodrômicos. 
Então, como resultado da isquemia intensa, alguma coisa acontece com a parede vascular, 
talvez a exaustão da contração do músculo liso, que lhe permite tornar-se flácida e incapaz de 
manter o tônus vascular por 24 a 48 horas. A pressão sangüínea nos vasos faz com que estes 
se dilatem e pulsem intensamente, e foi postulado que o estiramento excessivo das paredes 
das artérias – inclusive de algumas artérias extracranianas, como a artéria temporal – cause a 
dor verdadeira das cefaléias da enxaqueca. 
GUYTON, (1992) ainda cita que outras teorias da causa das cefaléias da enxaqueca 
incluem a depressão alastrante cortical, anormalidades psicológicas e vasoespasmo causado 
por excesso de potássio local no líquido extracelular cerebral. 
MERRITT, (1977) afirma que a cefaléia resulta da dilatação dos vasos cranianos fora 
do parênquima cerebral (artérias durais ou artérias do couro cabeludo). A hipótese de que a 
cefaléia é conseqüente da dilatação dos vasos cranianos extracerebrais é apoiada no fato de 
que há um aumento da amplitude pulsátil dessas artérias, particularmente da artéria temporal, 
durante a cefaléia, e que o alivio das dores, após a injeção de tartarato de ergotamina, é 
acompanhada por diminuição da amplitude das pulsações. Tem sido postulado que,além 
dessas alterações do calibre do vaso, uma substância tóxica, a neuroquinina, seria liberada 
dentro dos tecidos circunjacentes aos vasos e produziria uma reação inflamatória estéril. 
CAMBIER et al, (1980) relata que as causas mais diversas têm sido apresentadas 
como origem da enxaqueca. Entre as mais freqüentes, devem ser consideradas: 
 Causas endócrinas: notadamente ovarianas, sugeridas pelas enxaquecas 
menstruais, apresentando-se regularmente antes ou durante a menstruação, e 
pelas enxaquecas surgidas durante a puberdade ou menopausa; 
 Causas hepato-digestivas: atualmente se consideram as alterações intestinais e 
biliares mais como manifestações da doença enxaquecosa do que causa da 
enxaqueca. 
 Causas alérgicas: sua veracidade pode apenas raramente ser demonstrada. 
Tem-se sobretudo incriminado alérgenos alimentares. Para alguns desses 
 
alimentos o fator responsável seria a riqueza em tiramina e ácido aminado, cuja 
passagem pela circulação poderia perturbar a regulação vasomotora das artérias 
cefálicas; 
 Causas psíquicas: descreveu-se um “caráter enxaquecoso” cujos traços 
particulares seriam o perfeccionismo, a rigidez, a ambição. Tem-se sobretudo 
assinalado a responsabilidade e nos desencadeamentos das crises episódios de 
tensão psicológica. Freqüentemente é no momento de “descanso psicológico” 
que surgem as crises (enxaquecas de fim de semana ou início de férias). 
O diagnóstico da enxaqueca, como o de toda cefaléia, depende fundalmentalmente da 
história clínica. Os exames complementares dependem das hipóteses diagnósticas emanadas 
da história e de eventuais achados do exame (BACHESCHI, 1991). 
 
 
2.6.2 Tratamento medicamentoso 
 
 
BACHESCHI, (1991 diz que quando as crises de enxaqueca são esparsas ou eventuais 
(duas ou menos ao mês), deve-se optar apenas por tratar as crises. Os medicamentos que 
podem ser utilizados são: analgésicos (como aspirina, dipirona, paracetamol), vasoconstritores 
(como ergotamina, isometepteno), cafeína e outros medicamentos usados em situações 
especiais (antieméticos, ansiolíticos e tranqüilizantes). Quando o individuo apresenta duas ou 
mais crises fortes de enxaqueca ao mês, deve-se usar medicação para crise freqüentemente, 
considerando-se a utilização do tratamento com ação preventiva, buscando espaçar e tornar 
menos intensas as crises de enxaqueca. Entre os medicamentos incluem-se drogas com ação 
anti-histamínica e anti-serotonínica (pizotifeno, dimetotiazina), betabloqueadores 
(propranolol, atenolol, nadolol, pindolol), bloqueadores do canal de cálcio (verapamil, 
nifedipina, fluranizina), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipranina, clomipramina ou 
maprotilina). O medicamento deve ser escolhido conforme sua ação, suas contra-indicações e 
o quadro do paciente. 
A medicação profilática diária para o controle dos sintomas da cefaléia é necessária 
em aproximadamente um terço dos pacientes com crises graves ou freqüentes de enxaqueca. 
Diversas substâncias preventivas estão atualmente disponíveis, porém todas apresentam 
efeitos colaterais e a maioria deve ser administrada com cuidado. O tratamento profilático 
 
pode requerer medidas diferenciadas para cada tipo de enxaqueca e para cada enxaquecoso 
(SANVITO e OLIVEIRA, 1993). 
 
 
 2.7 CEFALÉIA TENSIONAL 
 
 
 Um dos assuntos mais controversos em cefaléias primárias é a assim chamada cefaléia 
do tipo tensional. Esse termo não é muito adequado, visto ser por demais abrangente. Poderia 
englobar cefaléias provindas de numerosas causas. Contudo, na opinião dos autores, ao se 
utilizar este termo, se quer na verdade referir-se a uma forma muito perniciosa de cefaléia, 
que poderia evoluir a partir de cefaléias intermitentes ou migrâneas, para uma forma mais 
diária e duradoura, englobando o conceito de cefaléia do tipo tensional (RODRIGUES, 2001). 
 O conceito desse tipo de cefaléia surgiu no século XIX. William Osler, nos EUA, foi o 
primeiro a opinar que tais cefaléias pudessem ser devidas à contração muscular. James 
Cyriax, também americano, injetou, no início deste século, solução hipertônica nos músculos 
da cabeça, levando-os a um espasmo palpável e conseqüente cefaléia. Cinco anos mais tarde, 
Harold Wollf reproduziu esta experiência e postulou que qualquer cefaléia poderia resultar em 
contratura muscular reflexa na cabeça e no pescoço, e que também tensão emocional poderia 
resultar em contraturas musculares, as quais resultam nas cefaléias mais comuns. Segundo 
Harold Wollf, as assim chamadas cefaléias por contração muscular (sinônimo de tensional) 
eram causadas pela contratura da musculatura da cabeça, levando a compressão das artérias 
subjacentes, resultando num processo isquêmico doloroso (RODRIGUES, 2001). 
É o termo designado pela International Headache Society para descrever as cefaléias 
de natureza psicogênica e psicomiogênica ou aquelas causadas pelo estresse de vida diária 
(JUCÁ, 1999). 
 O mesmo autor relata que estas cefaléias são assim chamadas porque os indivíduos de 
tal patologia apresentam uma tensão nos músculos da região anterior e posterior da coluna 
cervical, especialmente os suboccipitais e trapézio que ficam bastante dolorosos à palpação. 
Pode estar relacionada a comprometimento psicológico, já que muitos dos pacientes com 
cefaléia de tensão apresentem problemas emocionais. Estas cefaléias são recorrentes e podem 
estar presentes todos os dias. 
 
 A cefaléia tensional constitui o tipo mais freqüente de cefaléia na população em geral. 
Assim como na enxaqueca, acomete mais as mulheres do que os homens, e a idade de 
instalação das primeiras crises dá-se, em geral, após os 20 anos (HALAL e FERNANDES, 
1996). Já BACHESCHI (1991), relata que embora a dor possa aparecer em qualquer idade da 
vida, incide mais a partir da terceira década quando costumam ser maiores os problemas 
emocionais, familiares e profissionais. 
Cerca de 80% da população está sujeita a ter cefaléia tensional em alguma fase da 
vida. Estas cefaléias são mais freqüentes nos indivíduos tensos e ansiosos e naqueles cujo 
trabalho e postura requerem a contração sustentada dos músculos temporal, frontal e da região 
posterior cervical (JUCÁ, 1999). 
 BACHESCHI (1991), afirma que o desencadeante principal são os fatores emocionais, 
sendo comum o aparecimento da cefaléia no decorrer de um dia de tensão acima do normal. 
São freqüentes as cefaléias de fim de expediente, seja no trabalho ou na escola. Pode ainda ser 
desencadeada por esforços físicos, ou por situações que exigem contração muscular 
prolongada como esforços visuais, dirigir veículos ou enfrentar outras situações de estresse. 
CAMBIER et al, (1980) relatam que observa-se uma dor à palpação dos músculos cervicais 
ou durante a exploração da emergência do nervo occipital de Arnold. 
 GALVÃO (2001), relata que está cefaléia foi também chamada de cefaléia de tensão 
ou de contração muscular. Esta modalidade de cefaléia primária teve sua denominação 
reavaliada pela International Headache Society (IHS) pelo fato de a dor não ser 
necessariamente originada da contração ou tensão muscular, ou ser puramente decorrente do 
estresse. Além disso, observou-se que havia considerável sobreposição de sintomas com a 
enxaqueca sem aura. Muitas enxaquecas não são pulsáteis e nem sempre intensas ou 
unilaterais. Doentes com cefaléia do tipo tensão podem ter dor que piora com a atividade 
física e apresentar sintomas neurovegetativos como náuseas e fotofobia, embora com menor 
intensidade e com duração mais curta que os com enxaqueca. Finalmente, não é incomum que 
doentes enxaquecosos crônicos, com o passar dos anos, apresentem padrão misto de dor de 
cabeça, denominada enxaqueca transformada ou complexo enxaqueca-cefaléia do tipo tensão 
crônica, condições incluídas no grupo das cefaléias crônicas diárias. 
 
 
 
 
 
 
 2.7.1 Quadro clínico 
 
 
Os critérios da IHS

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