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PROCEDIMENTOS EM ESTÉTICA FACIAL Débora Rosa Calza Tratamentos para hipercromias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os recursos eletroestéticos para o tratamento e o manejo de hipercromias. Descrever as características de uso e o mecanismo de ação dos recur- sos eletroestéticos usados no manejo de hipercromias. Explicar os cuidados e riscos do uso de recursos eletroestéticos para o tratamento e manejo de hipercromias. Introdução As alterações de coloração da pele, conhecidas como hipercromias, são facilmente notadas por outras pessoas e, mesmo que não sejam uma ameaça à vida, podem impactar os indivíduos afetados, causando um estresse psicológico. Nesse sentido, a estética tem como aliados os recursos elétricos para o tratamento e o clareamento das hipercromias. Neste capítulo, portanto, você vai conhecer os recursos elétricos para o tratamento das hipercromias, seu mecanismo de ação e os cuidados necessários na sua utilização. 1 Eletroestética no tratamento de hipercromias As discromias são distúrbios pigmentares que podem ser classifi cados em acromias, que são manchas com ausência de pigmento, hipocromias, manchas mais claras que a tonalidade natural da pele, e hipercromias, manchas mais escuras que a tonalidade natural da pele. Essa última é a terceira causa mais recorrente na dermatologia, afetando mais os indivíduos de origem hispânica e latina (PEREIRA, 2013). Existem diferentes cores e formatos de manchas que podem surgir por diversos gatilhos, como: pós-inflamação, uso de drogas (medicamentos), exposição aos raios ultravioleta (UV), doença sistêmica, alterações hormo- nais, uso de agentes fotossensibilizantes, entre outros. É importante achar a etiologia para evitar os agentes causadores, controlando a produção excessiva de melanina com a aplicação de diferentes abordagens, combinando diferentes mecanismos de ação, para ter resultados efetivos (HARRIS, 2017). No Quadro 1, a seguir, você confere os tipos de hipercromias, suas causas e características. Fonte: Adaptado de Soutor e Hordinsky (2015). Nome Causa Características Melasma Multifatorial: predisposição genética, gravidez, problemas hormonais, exposição solar, uso de cosméticos e medicamentos fotossensibilizantes. Manchas de cor casta- nho-clara a escura nas regiões centro-facial, malar e frontal. Efélides Sardas que surgem dos 6 aos 18 anos, de caráter hereditário, agravadas com a exposição solar. Manchas castanho- -claras ou escuras, de 2 a 4 mm de diâmetro. Hipercromias pós-inflamatórias Aparecem após algum pro- cesso inflamatório, como a acne. Acometem com mais frequência as peles morenas. Máculas sem limites defi- nidos, situadas em locais de inflamação prévia. Melanose actínica Ação cumulativa da luz solar com maior incidência após a ter- ceira ou quarta década da vida. Manchas de alguns milímetros até 1,5 cm de diâmetro, cor castanho- -clara ou escura. Fitofotodermatose Quando a pele exposta tem resíduos de substâncias fotos- sensibilizantes, como o limão. Manchas marrons residuais. Hiperpigmentação periorbital Olheiras, maior incidência em mulheres morenas. Causas diversas — hereditária, proble- mas vasculares; pode piorar no caso de insônia, tensão ou exposição solar. Podem possuir um ou dos tipos de pigmento: marrom (melanina) e azulado (vascular). Quadro 1. Tipos de hipercromias Tratamentos para hipercromias2 A seguir, veremos os diferentes procedimentos estéticos para o gerencia- mento das hipercromias que seguem dois objetivos: o controle da pigmentação e o aumento do turn over (diferenciação) celular. A microdermoabrasão é uma técnica de esfoliação mecânica não cirúr- gica, sendo indicada no tratamento de rugas, afinamento da pele, cicatrizes de acne, foliculite, estrias e clareamento de manchas. Essa técnica pode ser aplicada por dois equipamentos: o peeling de cristal e o peeling de diamante (BORGES, 2010). O peeling de diamante é realizado por uma manopla (cânula) com pon- teiras diamantadas que são aplicadas diretamente na pele para promover uma esfoliação mecânica. Essa técnica utiliza um sistema gerador de pressão negativa que promove sucção da pele, controlada por um botão que ajusta a pressão em milímetros de mercúrio (mmHg), em que a esfoliação é realizada pelos movimentos que são executados pelo profissional. As ponteiras diamantadas possuem diferentes abrasividades, que variam de 50 a 200 micras — quanto maior a micragem, mais abrasiva será a esfoliação (BORGES, 2010). Outra técnica utilizada para a microdermoabrasão é o peeling de cristal, realizado com um equipamento que gera simultaneamente pressão negativa e positiva aplicada por uma manopla com duas cânulas — uma jateará mi- crogranulos de óxido de alumínio e, ao mesmo tempo, a outra promoverá a sucção da pele. A pressão dessa técnica também é ajustada em mmHg por um botão de regulagem — quanto maior a pressão maior será o jateamento dos microgranulos, ou seja, será mais abrasivo (BORGES, 2010). O peeling ultrassônico (Figura 1) é uma técnica de esfoliação mecânica que promove a eliminação de células mortas superficiais, sendo menos agressivo se comparado a outros métodos. A técnica utiliza a vibração mecânica de alta frequência e, em alguns equipamentos, há a possibilidade de ajustar o uso da corrente galvânica; sua aplicação é feita por meio de uma espátula que promove vibração na superfície da pele, sendo indicada para peles com hipercromias, desvitalizadas, hiperqueratinizadas e seborreicas (BORGES, 2010). 3Tratamentos para hipercromias Figura 1. Aplicação do peeling ultrassônico. Fonte: Bittar e Leite (2019, documento on-line). A radiação eletromagnética está presente constantemente em nossas vi- das: nas ondas de rádio, internet, luz, infravermelho, raios X, micro-ondas e ultravioleta. A luz é uma das forças que governam o universo: a energia é emitida através dos fótons, que podem ser de origem natural (radiação solar) e artificial (lâmpadas, diodos emissores de luz — LED — e laser) (AGNE, 2011). O sol é a maior fonte de luz de que se tem conhecimento e, depen- dendo do ângulo da Terra em relação a ele, ocorrem diferentes intensidades de emissão dos seus raios. Essas variações definem os diferentes períodos do dia, como também as estações, determinando, assim, diversos processos nos organismos vegetais e animais. Esse fator é chamado de ciclo circadiano e mostra como a luz influencia nosso funcionamento, promovendo efeitos fisiológicos conforme sua exposição. O emprego da luz como recurso clínico é um facilitador diário para os profissionais de diversas especialidades da saúde, inclusive no clareamento de manchas. Entre as radiações artificiais utilizadas, está a aplicação do LED e da LIP (PEREIRA, 2013). Os LEDs são semicondutores de diodos que, quando estimulados pela corrente elétrica, emitem luz monocromática, incoerente e de baixa intensidade. Sua aplicação é feita pro meio de manoplas ou painéis com diversos pontos de LEDs que ampliam a área de aplicação e otimizam o tratamento (AGNE, 2011). A LIP emite uma luz intensa de flash, que é controlada por um equi- pamento computadorizado, sendo policromática, com faixa de emissão de 400 nm a 1200 nm, e incoerente, o que a torna mais suave e menos intensa que o laser. Para sua aplicação, é possível selecionar comprimentos de Tratamentos para hipercromias4 ondas de acordo com o objetivo do tratamento, em que diferentes filtros são acoplados em frente à lâmpada que está no aplicador para remover certos comprimentos de onda, deixando passar as ondas desejadas para o tratamento (PEREIRA, 2013). O microagulhamento é uma técnica que utiliza puncturas de diferentes profundidades, com a capacidade de promover a indução percutânea do co- lágeno e o drug delivery. Esse método é muito difundido para o tratamento de flacidez e linhas de expressão, mas estudos recentesmostram resultados promissores no clareamento de manchas. As punturas podem ser realizadas com a aplicação de diferentes mecanismos: roller (rolete) ou caneta elétrica (SOTO, 2018). 2 Características e mecanismo de ação dos recursos eletroestéticos para o tratamento de hipercromias As hipercromias são disfunções pigmentares sem cura, de modo que seu tratamento é realizado para o manejo das máculas. O indivíduo que busca tratamento deve estar ciente de que o resultado é progressivo, exige persistência e consistência para prevenir os gatilhos que estimulam seu aparecimento. Assim, é importante que o profi ssional entenda o mecanismo da pigmentação da pele para saber como tratar e orientar o seu cliente. O principal efeito da microdermoabrasão, dos peelings de cristal e diamante, é o aumento da mitose celular provocada pela remoção das células da camada córnea, o que promove um clareamento pela retirada das células pigmentadas. O intervalo entre as sessões varia de acordo com o objetivo e a resposta da pele ao tratamento — geralmente, aplica-se uma vez por semana (BORGES, 2010). O peeling de diamantes é aplicado sobre a pele com movimentos de desli- zamento do centro para as laterais — as passadas são realizadas paralelamente —, e pode-se complementar a aplicação com movimentos de deslizamento de baixo para cima. O nível de abrasividade é determinado pelos seguintes fatores (BORGES, 2010): a micragem da ponteira que será utilizada — quanto maior a micragem, maior a abrasividade; a pressão ajustada no equipamento — geralmente, é aplicada com 200 mmHg, podendo ser menor em peles mais sensíveis ou com ptose tissular; 5Tratamentos para hipercromias o número de passadas realizadas na mesma região aumenta o nível de esfoliação; a pressão realizada pelo profissional. O peeling de cristal jateia os cristais de óxido de alumínio pressurizados, que atingem a pele em alta velocidade, descompactando as células da superfi- ciais da epiderme. Os movimentos são realizados em forma de varredura, do centro para as laterais, em direção à orelha, e de baixo para cima, formando um xadrez, sempre estirando a pele do cliente. A abrasão do peeling de cristal depende de três fatores (BORGES, 2010): a pressão do equipamento — quanto maior a pressão, maior o jateamento de cristais; a quantidade de movimentos sobre a mesma região aumenta o nível de esfoliação; a velocidade dos movimentos — quanto mais lento for o deslizamento sobre a pele, maior será a ação dos microgranulos. A pressão é ajustada no equipamento, iniciando em aproximadamente 200 mmHg, podendo ser maior ou menor de acordo com a sensibilidade da pele e o biotipo cutâneo. Sabe-se que peles lipídicas possibilitam um ajuste de pressão mais elevado devido ao aumento da espessura da pele provocado pelo excesso de secreção sebácea (BORGES, 2010). O peeling ultrassônico é aplicado com uma manopla, que possui uma espátula metálica levemente angulada e promove uma microvibração de alta frequência que possibilita dois modos de aplicação de acordo com a posição da espátula com que é executado o movimento (BORGES, 2010): aplicação com a ponta da espátula — efeito de esfoliação mecânica que desprende as células da superfície da pele; aplicação com a parte plana da espátula — micromassagem cutânea que favorece a penetração de princípios ativos. Para a realização do peeling, é utilizada uma corrente ultrassônica, com frequência de 25 a 30 KHz, que é transmitida para a espátula. Muitos equi- pamentos possuem um gerador de corrente galvânica, que pode ser associada na aplicação da técnica; para tal, é necessária a utilização de um eletrodo dispersivo, que será acoplado ao cliente próximo à região de tratamento. Nesse Tratamentos para hipercromias6 método, a espátula é utilizada como eletrodo ativo, sendo necessário selecionar a polaridade de acordo com o cosmético (BORGES, 2010). A aplicação pode ser realizada tanto com o uso da parte plana quanto pela borda da espátula — geralmente, são combinadas ambas as técnicas para maior efetividade. Os movimentos devem ser realizados com a pele umedecida por solução emoliente, soro fisiológico ou água; quando a espátula for aplicada, ocorrerá a vibração mecânica, que promoverá a vaporização do líquido e a retirada das células da superfície da pele. O intervalo entre as sessões é de uma semana (BORGES, 2010). A utilização da radiação eletromagnética como técnica de tratamento estético é realizada através da emissão de luz na pele, que é absorvida pelos fotorreceptores, chamados de cromóforos, presentes nos tecidos — cada um absorve comprimentos de onda específicos. Sua aplicação geralmente é feita em uma a duas sessões por semana. Um dos comprimentos de onda mais utilizado para aplicação do LED com efeito clareador é entre 450 nm a 492 nm, que emite um feixe luminoso azul. O mecanismo de ação no clareamento se dá pela quebra das macromoléculas de carbono pigmentadas presentes nas camadas da pele (PEREIRA, 2013). Um estudo realizado na China mostrou que o LED azul (415 nm), seguido da aplicação da luz vermelha (633 nm), diminui os níveis de melanina nas células. Contudo, o ponto central desse estudo foi a fotomodulação da luz amarela (584 nm), que mostrou a inibição da melanogênese, a inibição da maturação dos melanossomas e o processo de autofagia nos melanócitos (CHEN et al., 2017). A luz intensa pulsada utiliza a fototermólise seletiva, em que a luz emitida eleva a temperatura da célula-alvo, causando desnaturação térmica de suas moléculas. Para selecionar o feixe de luz específico que atinge a melanina, é utilizado um filtro de corte, que permite a passagem do comprimento de onda adequado. Estudos mostram a eficácia da utilização de filtros de 560 a 590 nm, com fluência de 13 a 17 J/cm2, com pulsos duplos com duração de três a quatro milissegundos e intervalo de três a quatro semanas entre as aplicações. Sua aplicação é realizada com a pele limpa e livre de cosméticos, sendo necessária a utilização de óculos de proteção, tanto para o profissional quanto 7Tratamentos para hipercromias para o cliente. O aplicador é posicionado na região de tratamento, que deve estar com uma fina camada de gel de contato para, então, promover os dis- paros na pele. Após a aplicação, é normal ocorrer um leve escurecimento da região e eritema local, que desaparece progressivamente com a eliminação da melanina pelo sistema imunológico, podendo formar fina crosta e soltar-se naturalmente entre 10 a 12 dias (JAHARA, 2018). Contudo, é importante con- siderar que, ao se escolher um protocolo de utilização quanto a parâmetros de programação, intervalo de tempo e forma de aplicação, é fundamental avaliar as características individuais, a fisiologia do tecido e ter respaldo da literatura. O microagulhamento possui dois mecanismos de ação: indução percutânea de colágeno (IPL) e drug delivery. Para o tratamento de hipercromias, o foco da aplicação da técnica é aumentar a permeação de ativos na pele (drug deli- very) através dos microcanais criados com a aplicação das agulhas na pele de até 0,5 mm. Os equipamentos possuem agulhas que podem perfurar de 0,25 mm a 3,0 mm, e o objetivo do tratamento está diretamente relacionado com a profundidade da aplicação (NEGRÃO, 2015). Até 0,3 mm: microagulhamento cosmético. De 0,5 mm a 1,5 mm: microagulhamento terapêutico. Acima de 2 mm: microagulhamento médico. O intervalo entre as sessões no tratamento hipercormias é no mínimo de 15 dias e pode chegar a até 30 dias, pois o foco é o drug delivery, sem causar pro- cesso inflamatório maior para não provocar um efeito rebote (LIMA; SOUZA; GRIGNOLI, 2015). Para a aplicação da técnica, são utilizados ativos que atuam em diversas etapas da melanogênese, contribuindo para o clareamento das manchas. Existem diversas mesclas de ativos especialmente formuladas para a aplicação no microagulhamento; confira, a seguir, alguns dessesativos. TGP-2: é um oligopeptídeo derivado do fator de crescimento transfor- mador (TGF) que age na diminuição da expressão melanogênica pela redução da atividade da tirosinase e pela diminuição da formação e transferência dos melanossomas (KALIL et al., 2017). Ácido tranexâmico: anti-inflamatório e despigmentante que atua na inibição de mediadores inflamatórios e na redução da atividade da tirosinase (BRAGHIROLI; CONRADO, 2018). Vitamina C estabilizada: ação antioxidante e clareadora que inibe o caminho da tirosinase pela ação quelante de algumas enzimas e por reduzir a melanina oxidada, clareando a coloração escura obtida (GAR- Tratamentos para hipercromias8 CIA; LIMA; BOMFIM, 2017). Contudo, ao se optar por esse ativo, é preciso avaliar previamente a sensibilidade da cliente, pois algumas pessoas podem apresentar efeitos indesejados a essa composição, como forte eritema, ardência e sensação desconfortável. Hexylresorcinol: reduz a síntese de melanina pela inibição das enzimas tirosinase e peroxidase (KALIL et al., 2017). Faça uma pesquisa na internet com o termo “ativos para o tratamento de hipercro- mias no microagulhamento” e conheça outras opções que podem ser aplicadas no clareamento das manchas. 3 Cuidados e riscos no uso dos recursos eletroestéticos para o tratamento de hipercromias Antes de aplicar qualquer técnica de tratamento, deve-se estar atento aos riscos dos recursos eletroestéticos e aos devidos cuidados para evitar possíveis complicações. No geral, a aplicação da microdermoabrasão é segura, mas alguns cuidados devem ser tomados, pois o tratamento gera atrito e calor na superfície da pele, sendo potencial agente estimulador da melanina. Um dos cuidados que se deve ter na aplicação do peeling de diamante é a pressão exercida pelo profissional com a ponteira diamantada sobre a pele do cliente — quando foi muito forte, além de ser um fator de estimulação da melanima, pode promover leões na pele, com possível hiperpigmentação (BORGES, 2010). Na aplicação do peeling de cristal, deve-se ter cuidado durante o procedi- mento para os cristais não serem inspirados ou atingirem a região dos olhos do paciente. Veja, a seguir, algumas orientações de acordo com Borges (2010). A cabeceira da maca deve estar levemente reclinada. Os olhos do cliente devem ser mantidos fechados com aplicação de uma compressa de cordão em bebida em soro fisiológico. Deve-se evitar movimentos muito lentos ou parados com o aplicador, o que pode promover lesão dos tecidos. 9Tratamentos para hipercromias A utilização da microdermoabrasão é contraindicada em peles com lesões inflamatórias. Deve-se ter os seguintes cuidados (BORGES, 2010): evitar a exposição solar nas primeiras 48 horas após a sessão; evitar a aplicação em peles sensibilizadas e com grande fragilidade capilar; atenção redobrada para o uso de cosméticos à base de ácidos que podem gerar hipersensibilização, como o uso de peelings queratolíticos; aplicação cautelosa em peles de fototipos IV, V e VI. O peeling ultrassônico é contraindicado em regiões com lesões e feridas, varizes, varicoses, linfangites, telangiectasias, processos inflamatórios agudos, hipersensibilidade cutânea, tromboses e tromboflebites. Deve-se ter cuidado na aplicação em zonas sensíveis, como pescoço, região orbicular da boca e dos olhos, evitando pressões muito fortes e que lesionem a pele. Muitos equi- pamento de peeling ultrassônico têm a possibilidade de aplicação da corrente galvânica para auxiliar na penetração de ativos (iontoforese), mas alguns cuidados extras devem ser seguidos para a aplicação, como você confere a seguir (BORGES, 2010). Para a ionização, é necessário utilizar produtos específicos e que devem ser aplicados uniformemente para evitar irritações ou queimaduras. A pele deve estar livre de qualquer outra substância que não seja indicada para a iontoforese, pois pode causar queimaduras químicas. Doses altas podem causar sensibilidade e queimaduras; por isso, é importante que o cliente relate a sensação com a aplicação da corrente. Deve-se ter cuidado extra com indivíduos cuja sensibilidade está al- terada, em função de diabetes ou drogas anestésicas, por exemplo, condições que comprometem o feedback em relação à sensação com a aplicação da corrente. É preciso ter atenção na aplicação em indivíduos que realizaram peelings muito agressivos ou usaram ácidos recentemente, que podem deixar a pele sensível e suscetível a queimaduras. Não deve ser realizada em regiões com implantes metálicos ou sobre marca-passo para não comprometer o funcionamento desses dispositivos. Nas terapias de radiação eletromagnética, LED e LIP, é necessário utilizar óculos de proteção, tanto para o cliente quanto para o profissional, pois a luz causa danos oculares. Outro cuidado a ser tomado na aplicação da LIP é em Tratamentos para hipercromias10 fototipos IV ou maiores, quando o tratamento deve ser aplicado com fluência diferenciada para não gerar lesão nos tecidos (AGNE, 2011). É contraindicado o uso de LIP em gestantes, pacientes com câncer de pele, usuários de medica- mentos fotossensibilizantes e de retinoides sistêmicos. Em relação aos cuidados, Kalil et al. (2017) recomendam retirar completamente qualquer resíduo de maquiagem (pigmento) para evitar queimaduras e realizar a refrigeração da pele para reduzir complicações e desconforto. A aplicação do LED é mais tranquila, mas existem alguns cuidados, como você pode conferir a seguir (PEREIRA, 2013). Fotodermatites: não deve ser aplicado em indivíduos em uso de antibi- óticos à base de tetraciclina, fenotiazinas, glisefulvin 5 e sulfas. Gestantes: não existe contraindicação, mas, por fatores psicológicos e desconhecimento da técnica, deve-se ter autorização médica. Não aplicar na gônadas e tireoide, principalmente no hipertireoidismo. Não aplicar na região periorbicular em indivíduos com glaucoma. Não aplicar em tecidos tumorais. O microagulhamento é uma técnica segura, mas existem algumas contrain- dicações ao seu uso, como câncer de pele, infecções cutâneas, ceratose solar, verrugas, pessoas que fazem o uso de anticoagulantes, que estão em processo de quimioterapia, radioterapia ou corticoterapia, rosácea e acne na fase ativa, pessoas com diabetes mellitus não controlada, uso de isotretinoína oral, pele que está queimada do sol. Além disso, alguns cuidados devem ser tomados para aplicação da técnica, como em casos de (NEGRÃO, 2015): aplicação em peles sensíveis — pode apresentar reação intensa; herpes simples — pode ocorrer crise após a aplicação; pessoas com peles finas — apresentam epiderme mais fina, o que pode provocar lesão e sangramento com o uso de agulhas menores. As complicações com o uso do microagulhamento geralmente estão re- lacionadas com a escolha errada do tamanho da agulha para o tratamento e a execução em si da técnica, como: velocidade, muita pressão, má assepsia, utilização de produtos inapropriados, entre outros. Sabendo que o mecanismo de entrega de ativos é eficaz, deve-se ter cuidado com os produtos a serem aplicados no microagulhamento, não podendo conter os seguintes componentes: ácidos queratolíticos, corantes, conservantes, essências, silicones, parabenos, petrolatos, lanolina, entre outros (NEGRÃO, 2015). 11Tratamentos para hipercromias Para a aplicação, é fundamental que o profissional tenha domínio da técnica e siga alguns cuidados, como o uso de EPIs (luvas, touca, máscara) e o descarte adequado dos equipamentos (roller e cartucho de caneta elétrica, que são de uso único) em caixa coletora de materiais perfurocortantes (NEGRÃO, 2015). As hipercromias são alterações que devem ser tratadas com paciência, consistência e precaução, controlando a melanogênese, removendo os querati- nócitos pigmentados e evitando os pontos gatilhos que ativam os melanócitos. Unindo esses três pontos principais, pode-se obter melhores práticasno seu manejo e, por consequência, melhores resultados. AGNE, J. E. Eu sei eletroterapia. 2. ed. Santa Maria: Pallotti, 2011. BITTAR, J.; LEITE, P. Peeling ultrassônico: o que é, antes e depois, para que serve e dicas. In: MUNDO BOA FORMA. [S. l.: s. n.], 2019. Disponível em: https://www.mundoboaforma. com.br/peeling-ultrassonico-o-que-e-antes-e-depois-para-que-serve-e-dicas/. Acesso em: 5 jun. 2020. BORGES, F. dos S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2010. BRAGHIROLI, C. S.; CONRADO, L. A. Microagulhamento e distribuição transepidérmica de drogas. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 10, n. 4, 2018. 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M. C. Microagulhamento: bases fisiológicas e práticas. São Paulo: CR8 Editora, 2015. PEREIRA, M. de F. L. (org.). Recursos técnicos em estética. São Paulo: Difusão, 2013. v. 1-2. SOTO, C. M. A. Microneedles: a therapeutic alternative in melasma. Journal of Derma- tology & Cosmetology, v. 2, n. 4, 2018. Disponível em: https://medcraveonline.com/JDC/ microneedles-a-therapeutic-alternative-in-melasma.html. Acesso em: 5 jun. 2020. SOUTOR, C.; HORDINSKY, K. Dermatologia clínica. Porto Alegre: Artmed, 2015. 13Tratamentos para hipercromias
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