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1 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Objetivos 1- Compreender como ocorre a regulação renal do equilíbrio ácido-base; 2- Comparar as regulações do equilíbrio ácido-base do sistema renal e do sistema respiratório. Equilíbrio ácido-base ↠ Vários íons desempenham papéis diferentes que ajudam a manter a homeostasia. Um desafio homeostático importante é a manutenção da concentração de H+ (pH) dos líquidos corporais em um nível adequado. Essa tarefa - a manutenção do equilíbrio acido-básico - é de importância crítica para a função celular normal. Por exemplo, o formato tridimensional de todas as proteínas do corpo, que permite que elas realizem funções específicas, é bastante sensível a mudanças no pH (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Em um indivíduo saudável, vários mecanismos ajudam a manter o pH do sangue arterial sistêmico entre 7,35 e 7,45. Como as reações metabólicas produzem frequentemente um excesso considerável de H+, a ausência de qualquer mecanismo para a retirada de H+ faria com que os níveis de H+ nos líquidos corporais aumentassem até um nível letal. A homeostasia da concentração de H+ dentro de uma faixa estreita é essencial para a sobrevivência. A remoção de H+ dos líquidos corporais e sua eliminação subsequente pelo corpo dependem dos três mecanismos principais a seguir: (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Sistemas tampão: Os tampões agem rapidamente para ligar temporariamente o H+, removendo o excesso altamente reativo de H+ da solução. Assim, os tampões aumentam o pH dos líquidos corporais, porém não removem o H+ do sangue (TORTORA, 14ª ed.). Os sistemas tampões dos líquidos corporais respondem em fração de segundo para minimizar essas alterações (GUYTON, 13ª ed.). ➢ Expiração de dióxido de carbono: Aumentando a frequência e a profundidade respiratórias, mais dióxido de carbono pode ser exalado. Em alguns minutos isso reduz os níveis de ácido carbônico no sangue, o que eleva o pH sanguíneo (reduz os níveis sanguíneos de H+) (TORTORA, 14ª ed.). Age em questão de minutos eliminando o CO2 e, por conseguinte, H2CO3 do corpo (GUYTON, 13ª ed.). ➢ Excreção renal de H+: O mecanismo mais lento, porém o único modo de eliminar outros ácidos além do ácido carbônico, é por sua excreção pela urina (TORTORA, 14ª ed.). Embora a resposta dos rins seja relativamente mais lenta, se comparada às outras defesas, durante período de horas a vários dias, eles são, sem dúvida, os sistemas reguladores ácido-base mais potentes (GUYTON, 13ª ed.). Ações dos sistemas tampão A maior parte dos sistemas tampão no corpo consiste em um ácido fraco e o sal daquele ácido, que funciona como uma base fraca. Os tampões evitam modificações rápidas e drásticas no pH dos líquidos corporais por converterem ácidos e bases fortes em ácidos e bases fracos em frações de segundo. Os ácidos fortes diminuem o pH mais acentuadamente do que os ácidos fracos porque os ácidos fortes liberam H+ mais rapidamente e, desse modo, fornecem mais íons hidrogênio livres. De modo semelhante, uma base forte eleva o pH mais acentuadamente do que as fracas. Os principais sistemas tampão dos líquidos corporais são o sistema tampão proteico, o sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato e o sistema tampão de fosfato (TORTORA, 14ª ed.). Tampão é qualquer substância capaz de se ligar, reversivelmente, ao H+. A forma geral da reação de tamponamento é: (GUYTON, 13ª ed.). Quando a concentração de H+ aumenta, a reação é forçada para a direita e mais H+ liga-se ao tampão, desde que haja tampão disponível. Por outro lado, quando a concentração de H+ diminui, a reação tende para a esquerda e H+ é dissociado do tampão. Dessa forma, as alterações da concentração de H+ são minimizadas (GUYTON, 13ª ed.). SISTEMA TAMPÃO PROTEICO ↠ O sistema tampão proteico é o tampão mais abundante no LIC e no plasma sanguíneo. Por exemplo, a proteína hemoglobina é um tampão especialmente bom dentro dos eritrócitos e a albumina é a principal proteína de tamponamento no plasma sanguíneo. As proteínas são compostas por aminoácidos, moléculas orgânicas que contêm pelo menos um grupo carboxila (–COOH) e pelo menos um grupo amino (– NH2); esses grupos são os componentes funcionais do sistema tampão proteico (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O grupo carboxílico livre em uma extremidade de uma proteína age como um ácido liberando H+ quando o pH se eleva; ele se dissocia da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O H+ é então capaz de reagir com qualquer OH– em excesso na solução, formando água. O grupo amino livre na outra extremidade da proteína pode agir como uma base por se combinar com o H+ quando o pH diminui, da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Desse modo, as proteínas podem tamponar tanto ácidos quanto bases. Além do terminal carboxílico e do grupo amino, APG 28 2 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck cadeias laterais que podem tamponar H+ estão presentes em 7 dos 20 aminoácidos (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Como já foi dito anteriormente, a proteína hemoglobina é um tampão importante de H+ nas hemácias. Conforme o sangue flui através dos capilares sistêmicos, o dióxido de carbono CO2) passa das células teciduais para as hemácias, onde ele se combina com a água (H2O), formando ácido carbônico (H2CO3). Uma vez formado, o H2CO3 se dissocia em H+ e HCO3–. Ao mesmo tempo que o CO2 entra nas hemácias, a oxiemoglobina (Hb-O2) doa seu oxigênio para as células teciduais. A hemoglobina reduzida (desoxiemoglobina) capta a maior parte do H+. Por esse motivo, a hemoglobina reduzida é em geral escrita como Hb-H. As reações a seguir resumem essas relações: (TORTORA, 14ª ed.). SISTEMA TAMPÃO ÁCIDO CARBÔNICO-BICARBONATO ↠ O sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato se baseia no íon bicarbonato (HCO3–), que pode agir como uma base fraca, e no ácido carbônico (H2CO3), que pode agir como um ácido fraco. O HCO3– é um ânion importante tanto no LEC quanto no LIC Como os rins também sintetizam HCO3– novo e reabsorvem o HCO3– filtrado, esse tampão importante não é perdido na urina. Se houver um excesso de H+, o HCO3– pode agir como uma base fraca e remover o excesso de H+ da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Em seguida, o H2CO3 se dissocia em água e dióxido de carbono e o CO2 é exalado pelos pulmões. Ao contrário, se houver falta de H+, o H2CO3 pode agir como um ácido fraco e fornecer H+ da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). No pH 7,4, a concentração de HCO3– é de cerca de 24 mEq/litro e a concentração de H2CO3 é de cerca de 1,2 mmol/litro, sendo assim, os íons bicarbonato superam numericamente as moléculas de ácido carbônico na proporção de 20 para 1. Como CO2 e H2O se combinam para formar H2CO3, esse sistema tampão não consegue proteger contra mudanças no pH causadas por problemas respiratórios em que há excesso ou falta de CO2 (TORTORA, 14ª ed.). SISTEM TAMPÃO DO FOSFATO ↠ O sistema tampão do fosfato age por intermédio de um mecanismo semelhante àquele do sistema tampão ácido carbônico-bicarbonato. Os componentes do sistema tampão do fosfato são os íons fosfato de di-hidrogênio (H2PO4–) e fosfato de mono-hidrogênio (HPO42–). Lembre-se de que os fosfatos são os principais ânions no líquido intracelular e menos importantes nos líquidos extracelulares. O íon fosfato de di- hidrogênio age como um ácido fraco e é capaz de tamponar bases fortes como OH–, da seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O íon fosfato de mono-hidrogênio consegue tamponar o H+ liberado por um ácido forte como o ácido clorídrico (HCl), atuando como uma base fraca: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Como a concentração de fosfatos é maior no líquido intracelular, o sistema tampão de fosfato é um regulador importante do pH no citosol. Ele também age em um grau menor nos líquidos extracelulares e tampona ácidos na urina.O H2PO4– é formado quando excesso de H+ no líquido dos túbulos renais se combina com HPO42–. O H+ que se torna parte do H2PO4– passa para a urina. Essa reação é um modo pelo qual os rins ajudam a manter o pH sanguíneo pela excreção de H+ na urina (TORTORA, 14ª ed.). Expiração de dióxido de carbono ↠ O simples ato de respirar também é importante na manutenção do pH dos líquidos corporais. O aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) nos líquidos corporais eleva a concentração de H+ e, desse modo, diminui o pH (faz com que os líquidos corporais se tornem mais ácidos) (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Como H2CO3 pode ser eliminado na forma de CO2, ele é chamado de ácido volátil. Por outro lado, a diminuição da concentração de CO2 nos líquidos corporais eleva o pH (torna os líquidos corporais mais alcalinos). Essa interação química é ilustrada pelas seguintes reações reversíveis: (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Mudanças na frequência e na intensidade respiratórias podem alterar o pH dos líquidos corporais em poucos minutos. Com o aumento da ventilação, mais CO2 é exalado. Quando os níveis de CO2 diminuem, a reação é deslocada para a esquerda 3 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck (setas inferiores, a concentração de H+ cai e o pH sanguíneo aumenta. Se a ventilação for mais lenta do que o normal, menos dióxido de carbono é exalado. Quando os níveis de CO2 aumentam, a reação é deslocada para a direita (setas superiores), a concentração de H+ aumenta e o pH sanguíneo diminui (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O pH dos líquidos corporais e a frequência e a intensidade respiratórias interagem através de uma alça de feedback negativo (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Quando a acidez sanguínea aumenta, a diminuição do pH (aumento da concentração de H+) é detectada por quimiorreceptores centrais no bulbo e por quimiorreceptores periféricos nos glomos paraaórticos e caróticos e ambos estimulam o grupo respiratório dorsal no bulbo. Como resultado, o diafragma e outros músculos respiratórios se contraem com mais força e de modo mais frequente, de modo que mais CO2 é exalado. Conforme menos H2CO3 se forma e há menos H+, o pH sanguíneo aumenta (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Quando a resposta normaliza o pH sanguíneo (concentração de H+), ocorre um retorno ao equilíbrio acido-básico. A mesma alça de feedback negativo atua se o nível sanguíneo de CO2 aumentar. A ventilação aumenta, o que remove mais CO2, reduzindo a concentração de H+ e elevando o pH sanguíneo (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Ao contrário, se o pH do sangue se elevar, o centro respiratório é inibido e a frequência e a intensidade respiratórias diminuem. A diminuição da concentração sanguínea de CO2 apresenta o mesmo efeito. Quando a respiração diminui, o CO2 se acumula no sangue de modo que a concentração de H+ aumenta (TORTORA, 14ª ed.). A regulação respiratória do equilíbrio ácido-base é um tipo fisiológico de sistema tampão porque é ativado rapidamente e evita que a concentração de H+ se altere muito até que a resposta mais lenta dos rins consiga eliminar a falha do equilíbrio. Em termos gerais, a capacidade total de tamponamento do sistema respiratório é 1 a 2 vezes maior que o poder de tamponamento de todos os outros tampões químicos do líquido extracelular combinados. Ou seja, 1 a 2 vezes mais ácido ou base podem ser normalmente tamponados por esse mecanismo do que pelos tampões químicos (GUYTON, 13ª ed.). Excreção renal de H+ As reações metabólicas produzem ácidos não voláteis como o ácido sulfúrico em uma taxa de cerca de 1 mEq de H+ por dia para cada quilograma de massa corporal. O único modo de eliminar essa enorme carga ácida é pela excreção de H+ na urina. Dada a magnitude dessas contribuições para o equilíbrio acido-básico, não é surpreendente que a insuficiência renal possa levar rapidamente à morte (TORTORA, 14ª ed.). Os rins controlam o equilíbrio ácido-base ao excretar urina ácida ou básica. A excreção de urina ácida reduz a quantidade de ácido no líquido extracelular, enquanto a excreção de urina básica remove base do líquido extracelular (GUYTON, 13ª ed.). ↠ As células tanto dos túbulos contorcidos proximais (TCP) quanto nos ductos coletores dos rins secretam íons hidrogênio Alteração do pH do líquido extracelular causada por elevação ou queda da ventilação alveolar, expressa em vezes o normal. 4 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck no líquido tubular. Nos TCP, contra-transportadores Na+-H+ secretam H+ conforme reabsorvem Na+. Entretanto, ainda mais importante para a regulação do pH dos líquidos corporais são as células intercaladas do ducto coletor. As membranas apicais de algumas células intercaladas possuem bombas de próton (H+ ATPases) que secretam H+ no líquido tubular (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As células intercaladas podem secretar H+ contra um gradiente de concentração de modo que a urina pode ser até mil vezes (3 unidades de pH) mais ácida do que o sangue. O HCO3– produzido pela dissociação do H2CO3 dentro das células intercaladas atravessa a membrana basolateral por intermédio de contra-transportadores Cl– - HCO3– e, então, se difunde para os capilares peritubulares (TORTORA, 14ª ed.). O HCO3– que entra no sangue desse modo é novo (não filtrado). Por esse motivo, o sangue que deixa o rim na veia renal pode ter uma concentração de HCO3– mais alta do que o sangue que entra no rim pela artéria renal (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Curiosamente, um segundo tipo de células intercaladas possui bombas de prótons em sua membrana basolateral e contra-transportadores Cl– - HCO3– em sua membrana apical. Essas células intercaladas secretam HCO3– e reabsorvem H+ (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Assim, os dois tipos de células intercaladas ajudam a manter o pH dos líquidos corporais de dois modos – por excretar o excesso de H+ quando o pH dos líquidos corporais é muito baixo e por excretar o excesso de HCO3– quando o pH é muito alto (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Parte do H+ secretado no líquido tubular do ducto coletor é tamponada, mas não por HCO3–, cuja maioria foi filtrada e reabsorvida. Outros dois tampões se combinam com o H+ no ducto coletor. O tampão mais abundante no líquido tubular do ducto coletor é o HPO42– (íon mono-hidrogeno fosfato). Além disso, existe uma pequena quantidade de NH3 (amônia). O H+ se combina com o HPO42– formando H2PO4– (íon di-hidrogeno fosfato) e com o NH3, formando NH4+ (íon amônio). Como esses íons não conseguem se difundir de volta para as células tubulares, eles são excretados na urina (TORTORA, 14ª ed.). Alterações do equilíbrio ácido-base ↠ A faixa normal de pH do sangue arterial sistêmico é entre 7,35 e 7,45. A acidose (ou acidemia) é uma condição na qual o pH sanguíneo se encontra abaixo de 7,35; a alcalose (ou alcalemia) é uma condição na qual o pH sanguíneo se encontra acima de 7,45 (TORTORA, 14ª ed.). O principal efeito fisiológico da acidose é a depressão do SNC causada pela depressão da transmissão sináptica. Se o pH do sangue arterial sistêmico for menor do que 7, a depressão do sistema nervoso é tão intensa que o indivíduo fica desorientado, comatoso e pode morrer. Pacientes com acidose grave geralmente morrem enquanto estão em coma. Um efeito importante da alcalose, por sua vez, é a excitabilidade excessiva tanto do SNC quanto dos nervos periféricos. Os neurônios conduzem os impulsos repetidamente, mesmo quando não são estimulados pelos estímulos normais; os resultados são nervosismo, espasmos musculares e, até mesmo, convulsões e morte (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Uma modificação no pH sanguíneo que leve à acidose ou à alcalose pode ser contrabalanceada pela compensação, a resposta fisiológica a um desequilíbrio acido-básico que age para normalizar o pH do sangue arterial. A compensação pode ser completa se o pH retornar aos valores normais,ou parcial se o pH do sangue arterial sistêmico ainda ficar abaixo de 7,35 ou acima de 7,45 (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Se um indivíduo apresentar alterações no pH sanguíneo por causas metabólicas, a hiperventilação ou a hipoventilação podem ajudar a retornar o pH para a faixa da normalidade; esse tipo de compensação, chamada de compensação respiratória, 5 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ocorre em alguns minutos e alcança seu máximo em algumas horas. Entretanto, se um indivíduo apresentar alteração do pH sanguíneo por causas respiratórias, então a compensação renal – modificações na secreção de H+ e na reabsorção de HCO3– pelos túbulos renais – pode ajudar a reverter a mudança. A compensação renal pode começar em alguns minutos, mas ela leva dias para alcançar sua eficiência máxima (TORTORA, 14ª ed.). Tanto a acidose respiratória quanto a alcalose respiratória resultam da alteração na pressão parcial de CO2 (PCO2) no sangue arterial sistêmico (a faixa de normalidade é de 35 a 45 mmHg). Ao contrário, tanto a acidose metabólica quanto a alcalose metabólica são distúrbios resultantes de modificações na concentração de HCO3– (a faixa de normalidade é de 22 a 26 mEq/litro no sangue arterial sistêmico) (TORTORA, 14ª ed.). ACIDOSE RESPIRATÓRIA ↠ A característica da acidose respiratória é uma PCO2 anormalmente alta no sangue arterial sistêmico – acima de 45 mmHg. A expiração inadequada de CO2 faz com que o pH sanguíneo diminua. Qualquer condição que diminua o movimento de CO2 do sangue para os alvéolos pulmonares e, então, para a atmosfera causa o acúmulo de CO2, de H2CO3 e de H+ (TORTORA, 14ª ed.). Um estado de acidose respiratória ocorre quando a hipoventilação alveolar resulta em acúmulo de CO2 e elevação da plasmática. Algumas situações nas quais isso ocorre são a depressão respiratória ocasionada por drogas (incluindo o álcool), aumento da resistência das vias aéreas, como na asma, distúrbios na troca de gases, ocasionados por fibrose ou pneumonia grave, e fraqueza dos músculos na distrofia muscular e outras doenças musculares. A causa mais comum de acidose respiratória é a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que inclui o enfisema (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Se o problema respiratório não for muito grave, os rins podem ajudar a elevar o pH sanguíneo de volta à faixa de normalidade pelo aumento da excreção de H+ e da reabsorção de HCO3– (compensação renal). O objetivo no tratamento da acidose respiratória é aumentar a exalação de CO2, como, por exemplo, fornecendo terapia ventilatória. Além disso, a administração intravenosa de HCO3– pode ser útil (TORTORA, 14ª ed.). ALCALOSE RESPIRATÓRIA ↠ Na alcalose respiratória, a PCO2 do sangue arterial sistêmico alcança níveis menores de 35 mmHg. A causa na queda da PCO2 e o aumento resultante no pH é a hiperventilação, que ocorre em condições que estimulam o grupo respiratório dorsal no tronco encefálico. Essas condições incluem deficiência de oxigênio por causa de grandes altitudes ou de doença pulmonar, acidentes vasculares cerebrais ou ansiedade grave. Novamente, a compensação renal pode levar o pH de volta para a faixa de normalidade se os rins forem capazes de diminuir a excreção de H+ e a reabsorção de HCO3– (TORTORA, 14ª ed.). O tratamento da alcalose respiratória tem como objetivo aumentar os níveis de CO2 no sangue. Um tratamento simples é fazer com que o indivíduo inale e exale em um saco de papel por um período curto; como resultado, o indivíduo inalará uma concentração de CO2 acima do normal (TORTORA, 14ª ed.). Estados de alcalose são muito menos comuns do que as condições acidóticas (SILVERTHORN, 7ª ed.). ACIDOSE METABÓLICA ↠ Na acidose metabólica, os níveis de HCO3– no sangue arterial sistêmico diminuem para valores abaixo de 22 mEq/litro. Tal tipo de declínio nesse importante sistema tampão faz com que o pH do sangue diminua (TORTORA, 14ª ed.). Três situações podem diminuir os níveis sanguíneos de HCO3–: perda real de HCO3– como pode ocorrer na diarreia grave ou na disfunção renal; acúmulo de um ácido diferente do ácido carbônico, como pode ocorrer na cetose; ou falha na excreção de H+ proveniente do metabolismo das proteínas da dieta pelos rins (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Se o problema não for muito grave, a hiperventilação pode devolver o pH sanguíneo à faixa da normalidade (compensação respiratória). O tratamento da acidose metabólica consiste na administração de soluções intravenosas de bicarbonato de sódio e na correção da causa da acidose (TORTORA, 14ª ed.). A presença de níveis elevados ou reduzidos de HCO3– é um critério importante para distinguirmos a acidose metabólica da acidose respiratória (SILVERTHORN, 7ª ed.). Você poderia pensar após observar a equação que a acidose metabólica estaria acompanhada de uma PCO2 elevada. Entretanto, a menos que o indivíduo também tenha uma doença pulmonar, a compensação respiratória acontece quase instantaneamente. Tanto a concentração elevada de CO2 quanto a de O2 estimulam a ventilação através das vias descritas anteriormente. Como resultado, a PCO2 cai de volta a níveis normais ou próximos à normalidade devido à hiperventilação (SILVERTHORN, 7ª ed.). ALCALOSE METABÓLICA ↠ Na alcalose metabólica, a concentração de HCO3– no sangue arterial sistêmico se encontra acima de 26 mEq/litro. Uma perda não respiratória de ácido ou uma ingestão excessiva de fármacos alcalinos faz com que o pH sanguíneo aumente até níveis acima de 7,45 (TORTORA, 14ª ed.). Excesso de vômito do conteúdo gástrico, que resulta em uma perda substancial de ácido clorídrico, provavelmente é a causa mais frequente de alcalose metabólica. Outras causas incluem aspiração gástrica, o uso de determinados diuréticos, distúrbios endócrinos, 6 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ingestão excessiva de fármacos alcalinos (antiácidos) e desidratação grave (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A compensação respiratória por intermédio da hipoventilação pode retornar o pH sanguíneo à faixa da normalidade. O tratamento da alcalose metabólica consiste na administração de soluções líquidas para a correção das deficiências de Cl–, de K+ e de outros eletrólitos, além da correção da causa da alcalose (TORTORA, 14ª ed.). Da mesma forma que ocorre na acidose metabólica, a compensação respiratória para a alcalose metabólica é rápida. O aumento do pH e a redução da PCO2 inibem a ventilação. Durante a hipoventilação, o corpo conserva CO2, aumentando a PCO2 e produzindo mais H+ e HCO3–Essa compensação respiratória ajuda a corrigir o problema no pH, porém eleva ainda mais os níveis de HCO3–. Todavia, a compensação respiratória é limitada, uma vez que a hipoventilação também causa hipóxia. Uma vez que a PO2 cai abaixo de 60 mmHg, a hipoventilação é interrompida (SILVERTHORN, 7ª ed.). Artigo ARTIGO: MOTA; QUEIROZ, 2010. Distúrbios do equilíbrio ácido básico e gasometria arterial: uma revisão crítica. A Gasometria, ou análise de gases no sangue arterial, é um exame invasivo, básico e fundamental para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que tem por objetivo revelar valores de pH sanguíneo, da pressão parcial de gás carbônico (PaCO2) e oxigênio (PaO2), íon Bicarbonato (HCO3-) e Saturação da Oxi- hemoglobina, entre outros, avaliando principalmente o equilíbrio ácido-básico orgânico. O diagnóstico das alterações do EAB é feito pela análise dos valores obtidos através da gasometria sangüínea. Como em todo exame laboratorial, existem fatores que podem influenciar seus resultados: a hiperventilação causada pelo temor induzido pelo procedimento; a heparina que é ácida e pode influenciar os valores do pH, pCO2 e pO2, em amostras pequenas; a presença de leucocitose e grande número de plaquetas que reduzirá o valor do pO2, dando a falsa impressão de hipoxemia;o resfriamento aumenta o pH e a saturação de oxigênio e diminui a pO2 além do halotano que aumenta falsamente os valores do pO2, porque o eletrodo para o pO2, no aparelho de gasometria, também responde ao halotano. Existem discordâncias na literatura especializada sobre gasometria a respeito destes valores de referência de normalidade, no entanto, por conveniência adotam-se os seguintes valores normais: Os distúrbios ácido-básicos estão associados ao maior risco de disfunção de órgãos e sistemas e óbitos em pacientes internados em terapia intensiva. Por este motivo, o conhecimento dos mecanismos fisiológicos homeostáticos de controle do equilíbrio ácido-base é de fundamental importância. Referências SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017. GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed. Editora Elsevier Ltda., 2017 TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016. MOTA, I. L.; QUEIROZ, R. S.. Distúrbios do equilíbrio ácido básico e gasometria arterial: uma revisão crítica. Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 141. 2010
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