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Curso de Contratos: Conceitos e Classificações


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ROTEIRO
Aula de 
CONTRATOS
CONTRATOS
Sobre este curso
O OBJETIVO colaborativo de aprimoramento do conhecimento para melhoria do exercício da atividade dos ADVOGADOS, tem a satisfação de oferecer o curso “CONTRATOS” para ampliar o entendimento a respeito.
1- CONCEITO DE CONTRATO
	1. Teoria geral dos contratos no direito brasileiro
Diferença entre contratos de direito civil, consumidor, imobiliário, trabalho.
Contratos típicos X contratos atípicos
- Adjetos especiais - conforme Código Civil 
Nas civilizações antigas, os usos e costumes das cidades regulavam as relações comerciais, os quais eram verbais e informais. Com o crescimento dessas civilizações, percebeu-se a necessidade de regular tais relações à medida que as necessidades socioeconômicas foram ficando cada vez mais volumosas. O verbo contrahere conduz a contractus, que traz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de direitos e obrigações. É o acordo entre duas ou mais partes para um fim qualquer. É o trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou asseguram entre si algum direito. 
Para Maria Helena Diniz, “contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”.
Atualmente, após a Revolução Industrial, e consequentemente a evolução do direito e das necessidades humanas, podemos conceituar os contratos como um negócio jurídico bilateral que gera obrigações para ambas as partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, verificando assim, a constituição, modificação ou extinção do vínculo patrimonial, sendo o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que regularam.
	2.A validade do contrato exige: 
(i) agente capaz;
(ii) (ii) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
(iii) e (iii) forma prescrita ou não defesa em lei. 
(iv) De acordo com o artigo 104 do Código Civil de 2002, são todos esses os requisitos para que a vontade manifestada pelas partes possa valer no mundo jurídico. Ademais, a função social do contrato consiste, assim como já previsto na constituição, o 
Não confunda o Principio da função Social da Propriedade com Principio da Função Social do contrato 
Exemplo – confundir o Principio da fungibilidade
artigo 421 do Código Civil -> Liberdade de contratar 
“Art. 421: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
Podemos criar !!!!!
2 Classificação dos contratos
Os contratos são classificados em função das obrigações que originam, de como são formados, dos requisitos específicos e particulares e das prestações que geram para as partes contratantes. Diante desta segregação que a lei e a doutrina fazem, será objeto de maior atenção deste capítulo as diferenças entre os contratos típicos e nominados em relação aos contratos atípicos e inominados.
O contrato é uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral ou plurilateral, carecendo, para sua formação, do encontro de vontade das partes. 
Os contratos representam uma das mais importantes fontes de obrigações, são convenções de direito pelas quais alguém pode ser constrangido a dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Sendo o contrato um negócio jurídico, requer para a sua legitimidade, a observância dos requisitos do artigo 104 do Código Civil, como mencionado acima e que descreveremos abaixo:
	a) Requisitos objetivos
1. Licitude de seu objeto, que não pode ser oposto a lei, à moral, aos princípios da ordem pública e aos bons costumes.
2. Probabilidade física ou jurídica do objeto, ou seja, se no período da constituição do contrato, havia um impedimento para a sua concretização, ter-se-á a inexecução do contrato com ou sem perdas e danos, de acordo com a culpa do devedor.
3. Objeto determinado, o contrato deve conter os elementos indispensáveis para que se possa definir o seu objeto, de modo que a obrigação do devedor tenha sobre o que recair.
4. Economicidade de seu objeto, que precisa ser possível de conversão, direta ou indiretamente, em dinheiro
b) Requisitos subjetivos:
1. Existência de duas ou mais pessoas.
2. Capacidade das partes contraentes para exercer os atos da vida civil, as quais não podem configurar-se nos artigos. 3º e 4º do Código Civil, sob pena da anulabilidade ou nulidade do contrato.
3. Capacidade típica para contratar, ou seja, os contratantes deverão ter legitimação para executar o negócio jurídico.
4. Concordância das partes acerca da existência e natureza do contrato, do seu objeto e das cláusulas que o formam.
Os requisitos formais são aqueles referentes a forma do contrato, porém, não há rigidez a tal requisito, sendo permitido na forma oral ou escrita, de uma forma ou de outra o vinculo jurídico estará criado e consequentemente seus efeitos também.
Como trabalhar nas pecas judiciais –(Pergunta) – exemplo locação
O papel econômico-social do contrato foi reconhecido, recentemente, como o motivo essencial de sua proteção jurídica. É por conta de sua finalidade econômico-social que o Direito interfere na relação que seria apenas das partes, protegendo tal interesse. Todo contrato tem finalidade econômica, que é, enfim, o motivo de sua existência. Na asseveração de que o contrato exerce finalidade social, o que se quer expressar, em resumo, é que deve ser socialmente proveitoso, de modo que haja interesse público na sua proteção.
Fundamento importante para reconhecimento de contratos, conforme jurisprudência do Supremo.
Por essa razão, existem alguns princípios que são basilares para a construção e existência de tais contratos.
O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ deve ser entendido em dois sentidos; primeiro referente à divergência entre o conteúdo literal da linguagem e o intento revelado na declaração de vontade, e outro sentido concernente à conduta moral do contratante, considerada antes e depois do contrato firmado. Tal comportamento deve submeter- se a regras de ética, buscando evitar que uma das partes contraentes oponha obstáculos à ação da outra na defesa dos direitos emergentes do contrato.
Isso que o Juiz vai olhar (pergunta)
O princípio da autonomia da vontade significa dizer que as partes podem acordar livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo das vontades, a disciplina de seus interesses, provocando efeitos tutelados pela ordem jurídica, abarcando, além da liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não contratar, de escolher o outro contraente e de fixar o conteúdo.
A importância principal não consiste em qualificar um contrato como típico ou atípico em sua integração e interpretação, mas sim a intenção das partes, mais vale a finalidade da vontade contratual do que as palavras expressas.
Por fim, falando especificamente do contrato de locação, nas palavras de Orlando Gomes:
“locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga, mediante contraprestação em dinheiro, à conceder à outra, temporariamente, o uso e o gozo de coisa não fungível.”
3 Contratos típicos e nominados
No negócio jurídico bilateral por excelência impera a autonomia da vontade como regra geral. As partes irão valer-se do instrumento contratual de que necessitam, podendo este ser um dos instrumentos previstos em lei. Se a avença contratual for daquelas descritas e especificadas em lei, estaremos diante de um contrato típico. São chamados típicos pois sofreram a tipificação por parte da lei. São típicos também todos os demais contratos disciplinados por leis extravagantes ao Código Civil. Grande exemplo da lei 8078 e da lei 8 245.91
Essas espécies contratuais que tem nomen iuris, inserem-se em uma figura que tem disciplina legal, portanto uma designação legal e própria, estando previstos e regulados por norma jurídica, formando espécies determinadas. O Código Civil de 2002rege e esquematiza vinte e três tipos dessa modalidade de contrato.
23 espécies 
Ter um nome não é o bastante para um contrato ser classificado como nominado, para isso importa que o contrato além de nominado seja regulado por lei, como os contratos de locação no direito civil, que estão previstos no Livro I, artigo 565 do Código Civil e regulados pela Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, conhecida como “Lei de Locação de Imóveis Urbanos”.
Pelo exposto fica mais claro perceber que o contrato firmado entre lojistas e empreendedores é mesmo de locação. De acordo com Nardim Darcy Lemke, essa norma sempre há de ser geral, visto que, se assim não for, há probabilidades imensas de raramente existirem contratos típicos no mundo real. Quando na essência, o contrato se amoldar ao tipo legal, estaremos diante de um contrato típico. Somente será atípico, se desconfigurar esse tipo legal.
Contratos atípicos e inominados
Após feitas as considerações acima, lembramos que atualmente é possível criar, mediante vínculo contratual, qualquer tipo de obrigação. A essência dos contratos, ou seja, seu conteúdo, pode ser constituído livremente. As pessoas que almejam obrigar-se não estão limitadas a utilizar-se de espécies contratuais definidas na lei, gozam da liberdade de contratar, ou de obrigar-se.
Se a avença contratual tiver por objeto regular relações negociais menos comuns, mais ou menos empregadas na sociedade, e estas não estiverem descritas ou especificadas em lei, estaremos diante de um contrato atípico, que será regulado por normas gerais e não por normas específicas. Nos contratos atípicos, a manifestação de vontade é protegida pela lei, entretanto a determinação formal do contrato será definida pelas partes, o que faz desses contratos fonte inesgotável e infinita de obrigações.
Seria ignorar a realidade se assumíssemos que as partes, ao se vincularem em um contrato estejam preocupadas em fazer ingressar suas cláusulas em um esquema predisposto pela lei. Não é comum os contratantes conhecerem a fundo a lei que regula sua contratação, por isso, é muito fértil o campo dos contratos atípicos.
Alguns doutrinadores os caracterizam como contratos “atípicos”, e sob esse manto, são praticados os maiores abusos em matéria de locação, traduzindo toda a concentração do poder nas mãos dos empreendedores.
[1] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Vol. 3. São Paulo: Saraiva, 2008. P. 30.
[2] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 10.
[3] Maria Helena Diniz. Curso de Direito Civil Brasileiro. 18. Ed. São Paulo: Saraiva. P. 27.
576, outubro de 1983.
[5] ALVES, Geraldo Magela; MILHOMENS, Jônatas. Manual prático dos contratos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997.
[6] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Vol. 3. São Paulo: Saraiva, 2008, p.40.
[7] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 321.
[8] VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2008, p. 397.
[9] SANCHES, José Alexandre Ferreira. Os contratos atípicos e sua disciplina no Código Civil de
2002. Julho, 2004.
[11] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 115.
[12] VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2008, p. 398.
	3.CLASSIFICAÇÃO DOUTRINARIA DOS CONTRATOS
Contratos gratuitos/ benéficos e onerosos
Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, podem ser gratuitos ou onerosos.
Gratuitos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem. Ex: doação pura, comodato, reconhecimento de filho. Para a outra, só há sacrifício, obrigação. Outorgam-se vantagens a uma das partes sem exigir contraprestação da outra.
Nos contratos onerosos, ambas as partes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Impõem ônus e ao mesmo tempo acarretam vantagens a ambas as partes. Sacrifícios e benefícios recíprocos. Ambos buscam um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Dividem-se em:
Contratos comutativos
Prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
Na ideia de comutatividade está presente a de equivalência das prestações.
Contratos aleatórios por natureza
Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. É que a perda ou o lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. Ex: contratos de jogo, aposta e seguro. O contrato de seguro é comutativo porque o segurado o celebra para se acobertar contra qualquer risco. No entanto, para a seguradora sempre é aleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fato eventual.
Contratos acidentalmente aleatórios
Contratos tipicamente comutativos que em razão de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios. Duas espécies: a) venda de coisas futuras; b) venda de coisas existentes mas expostas a risco. Nos que tem por objeto coisas futuras, o risco pode referir-se à própria existência da coisa e à sua quantidade.
Do risco respeitante à própria existência da coisa tem-se a hipótese da venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos existirem.
	
	4. Quanto à formação:
Contratos paritários e de adesão. Contrato-tipo
Paritários são do tipo tradicional em que as partes discutem livremente as condições porque se encontram em situação de igualdade. 
Há uma fase de negociações preliminares na qual as partes discutem as cláusulas e condições do negócio.
De adesão são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo modifica-las: aceita-as ou rejeita-as, em bloco. Ex: contratos de seguro, consórcio, de transporte, celebrados com as concessionárias de serviços públicos.
Neste nos deparamos com uma restrição mais extensa ao tradicional princípio da autonomia da vontade. Comumente é celebrado em relação de consumo, sendo regido pelo CDC. Na dúvida, a interpretação deve favorecer o aderente, porque quem estabelece as condições é o outro contratante, que tem a obrigação de ser claro e evitar dúvidas.
São nulas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Contrato-tipo ou contrato de massa. É apresentado por um dos contraentes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a subscrevê-lo. Não lhe é essencial a desigualdade econômica e admite discussão sobre o conteúdo. As cláusulas não são impostas, apenas pré-redigidas. Em geral, são deixados claros, a serem preenchidos pelo concurso de vontades.
Os contratos de adesão são endereçados a um número indeterminado de pessoas, enquanto os contratos-tipo destinam-se a pessoas ou grupos identificáveis.
Podem ser acrescentadas às impressas, cláusulas datilografadas ou manuscritas.
4.QUANTO AO MOMENTO DA EXECUÇÃO:
Contratos de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo
Momento em que devem ser cumpridos.
a)De execução instantânea são os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após sua celebração. Ex: compra e venda à vista. Cumprida a celebração, exaurem-se. Extingue-se a obrigação. A nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior.
b)De execução diferida ou retardada são os que devem ser cumpridos em um só ato, mas em momento futuro. A prestação de uma das partes não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo.
c)De trato sucessivo ou execução continuada são os que se cumprem por meio de atos reiterados. A ação para exigir o cumprimento das prestações vencidas, nos contratos de trato sucessivo, começa a fluir da data do vencimento de cada prestação.
5.QUANTO AO AGENTE:
Contratos personalíssimos e impessoais
Personalíssimos são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. O obrigado não pode fazer-se substituirpor outrem, pois essas qualidades tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. São intransmissíveis aos sucessores e não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a pessoa do outro contratante, são anuláveis.
Impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente pelo obrigado ou por terceiro.
Exemplo – contrato de advogado (clausula de substabelecimento – honorários) 
Contratos individuais e coletivos
No individual as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas. Não é a singularidade da parte que o identifica.
Os coletivos perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas. Não tem eles verdadeiramente natureza contratual, constituem um acordo normativo. Porém a doutrina em geral tem admitido essa classificação e a natureza contratual. Gera deliberações normativas, que poderão estender-se a todas as pessoas pertencentes a uma determinada categoria profissional, independente do fato de terem ou não participado da assembleia que votou a aprovação de suas cláusulas.
QUANTO AO MODO PORQUE EXISTEM:
CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS. CONTRATOS DERIVADOS
Acessórios dependem de outro como premissa indispensável. Tem sua existência subordinada à do contrato principal. Ex: cláusula de fiança. Tem como função principal garantir o cumprimento do principal (maioria).
Principais são autônomos, têm existência própria.
Nulo o contrato principal, nulo o acessório, mas a recíproca não é verdadeira. A prescrição da obrigação principal acarretará a da acessória, mas a recíproca também não é verdadeira.
- EXEMPLO GARANTIA NA LOCAÇÃO 
As partes podem convencionar a extinção do contrato principal em virtude do desparecimento do acessório. Ex: nos contratos de locação pode haver uma cláusula resolutória baseada no falecimento, na falência ou na interdição do fiador, salvo se o locatário dentro de certo prazo apresentar outro fiador idôneo a critério do locador.
Os contratos acessórios podem ser preparatórios, integrativos ou complementares.
Alguns são denominados derivados ou subcontratos. Derivados têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato. Ex: sublocação, subempreitada e subconcessão. Tem em comum com os acessórios que também dependem de outrem, mas diferem dos mesmos por participar da própria natureza do direito versado no principal.
Poderá dar sequencia CRONOLOGICA – aditivo (salvo locação) 
Quanto à forma: Contratos solenes e não solenes
Como se aperfeiçoam.
Solenes devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. A forma é exigida como condição de validade do negócio. Constitui a substância do ato. Não observada, o contrato é nulo. Ex: escritura pública na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público. A vontade das partes não basta à formação do contrato.
Não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para sua formação. Em regra, os contratos têm forma livre, salvo expressas exceções.
DISCUSSÃO VALE MAIS O CONTRATO PUBLICO QUE O PARTICULAR (PERGUNTA)
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente.
As partes podem convencionar que determinado contrato só poderá ser celebrado por instrumento público. Nesse caso este será ‘substância do ato’. O contrato que não seria, em princípio, formal, passa a sê-lo.
Distinção entre solenes e formais: solenes exigem escritura pública e formais exigem apenas a forma escrita.
Contratos consensuais e reais
Consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma.
Reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito, comodato, mútuo e alguns poucos. Não se formam sem a tradição da coisa. Antes pode existir a promessa de contratar.
Exemplo entrega das chaves
Quanto ao objeto:
Contratos preliminares e definitivos
Preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Assim tem um único objeto. Também denominado de pré-contrato. Quando tem por objeto a compra e venda de imóvel é denominado promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda, se irretratável e irrevogável.
Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. Uma parte assume uma obrigação enquanto a outra não. Na sua formação a opção é negócio jurídico bilateral, mas nos efeitos é contrato unilateral. A parte que recebe a oferta verificará a conveniência de aceita-la ou não. Seu exercício pode culminar em outro contrato preliminar ou em um definitivo. Se para a aceitação do destinatário da promessa não se estabeleceu o termo, este pode ser fixado pelo juiz.
Definitivo tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença.
Quanto à designação:
Contratos nominados e inominados, típicos e atípicos, misto e coligados. União de contratos
Contratos nominados têm designação própria. Espécies contratuais que têm nome jurídico e servem de base à fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação específica da lei.
23 contratos no CC. O legislador não consegue prever todas as situações que levam as pessoas a se relacionar e a contratar. Contratos não tipificados são chamados inominados e atípicos. Não tem denominação própria.
Contratos típicos são regulados pela lei, tem o seu perfil nela traçado. Todo contrato nominado é típico e vice-versa.
Atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características regulados na lei. Para que sejam válidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica.
A celebração de contratos dessa espécie justifica-se como aplicação dos princípios da liberdade de obrigar-se e do consensualismo.
O contrato típico não requer muitas cláusulas, pois passam a integrá-lo todas as normas regulamentadoras estabelecidas pelo legislador. Já o contrato atípico exige uma minuciosa especificação dos direitos e obrigações de cada parte, por não terem disciplina legal.
O contrato misto resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade dos contratantes. Deixa de ser um contrato essencialmente típico, mas não se transforma em outro totalmente atípico. A nova combinação gera uma nova espécie contratual.
Pode ser atípico misto. Não se enquadra em nenhum tipo contratual legal mas reúne em seu conteúdo dois ou mais tipos contratuais previstos. Pode ainda ser atípico misto em sentido amplo, quando reúne em seu conteúdo elementos que apenas apresentam afinidades com outros institutos jurídicos.
8.FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS
A formação dos contratos, mesmo entre ausentes, presume a existência de duas pessoas naturais que analisarão as declarações de vontades das partes, o que, nem sempre ocorre no âmbito da formação dos contratos eletrônicos, no qual máquinas programadas podem realizar as declarações de vontade. Investigaremos, assim, como se dá o consentimento nos contratos eletrônicos comparativamente na Convenção das Nações Unidas sobre os Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias, no Código Civil brasileiro (CC Br), no Código Civil português (CC Pt).
O surgimento [ da Internet desencadeou uma revolução global nos meios de comunicação e na informação. Tendo surgido inicialmente com fins militares, passou a funcionar com fins científicos e, inevitavelmente, atingiu a seara comercial, alcançando uma magnitude de situações e de contratos, inclusive os contratos internacionais do comércio .
Dentre os inúmeros problemas que surgem na seara da formação dos contratos eletrônicos, doisadquirem especial relevância no âmbito da compra e venda internacional: os contratos eletrônicos formados com intervenção humana a) não programada e os b) contratos eletrônicos formados com intervenção humana programada, que são planejados para emitir comandos perante certas situações.
Exemplo – petições 
2.NOMENCLATURA E PRINCÍPIOS GERAIS
Paula Costa e Silva diferencia os contratos eletrônicos «com» intervenção humana e os «sem» intervenção humana. Para ela, um sistema informático não tem vontade, pois apenas "reage às ordens que nele entram de acordo com um programa preestabelecido" .
 Oliveira Ascensão, no entanto, foge do critério vontade, preferindo dividir os contratos eletrônicos entre aqueles que têm por objeto realidades informáticas e aqueles que são realizados por via informática; no entanto, quando vem a tratar dos contratos «entre computadores», concorda com o fato de que a vontade existe, ainda que não haja consciência do conteúdo individualizado que afinal se celebra .
No ordenamento jurídico português, o art. 33º do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, segue a mesma denominação utilizada por Paula Costa e Silva, no entanto tal não possui precisão científica, pois inexiste contrato «sem» qualquer intervenção humana; para além disso, também não se pode defender que não exista uma vontade, ainda que remota, pois previamente programável . Por essas razões, utilizaremos a nomenclatura relacionada à vontade programada e à vontade não programada, vez que ambas categorias detêm intervenção humana; a única diferença verificável é que uma delas apenas se limita aos casos em que a vontade foi programada e a outra abrange o restante das situações onde o contratante não pré-programou sua vontade em uma máquina.
De todo modo, o princípio geral nos três sistemas analisados é o da liberdade na utilização dos contratos eletrônicos, pois inexiste qualquer proibição de uso dos mesmos, assim como do modelo de formação utilizado por eles. 
Esse princípio foi consagrado no art. 9º da Diretiva nº 2000/31/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, que prescreve que os Estados-Membros assegurarão que os seus sistemas jurídicos permitam a celebração de contratos por meios eletrônicos. No direito português, esse princípio encontra-se assegurado pelo art. 25 do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, que realizou a transposição da Diretiva 2000/31/CE, de 8 de Junho.
Assim também ocorreria na Espanha, onde segundo Rangel Sánchez "a possibilidade de utilizar os meios telemáticos para emitir o consentimento está admitida desde há anos" pelo direito positivo (ex: Lei do Mercado de Valores de 28 de Junho de 1988) e pela jurisprudência (sentenças do Tribunal Supremo espanhol sobre o fax e o telex) . A adoção desse princípio da liberdade na utilização dos meios eletrônicos permite equiparar o sistema de contratação comum ao de contratação eletrônica .
3. CONTRATOS FORMADOS COM INTERVENÇÃO HUMANA NÃO PROGRAMADA
As características e requisitos de uma proposta contratual, de um convite a contratar e de uma aceitação não se alterarão pelo simples fato de a formação ser eletrônica .
 Assim, se a proposta for séria, precisa e suficiente, caracterizará uma proposta contratual e vinculará o proponente, como pode ocorrer via correio eletrônico  ou ainda de programas de conversação instantânea, como o messenger e cuja solução segue, na medida do possível, as regras tradicionais.
No entanto, a maior parte das ofertas disponibilizadas em páginas WWW  não podem ser categorizadas tão facilmente como propostas ou como convites a contratar. Essa é a primeira dificuldade com que nos deparamos. Todavia, considerando que a maior parte delas são ofertas ao público, resta claro perceber que, enquanto a Convenção as encara, em regra, como convite a contratar, o CC Pt e o CC Br a rotulam como proposta – desde que preencham os requisitos de precisão e demonstração da intenção de se vincular.
Questão tormentosa que se coloca, porém, é a de descobrir qual o momento da celebração do contrato eletrônico. Várias tentativas são perpetradas para conhecer se a regra aplicável seria à referente aos contratos entre ausentes ou entre presentes – que mais parece ser a principal dificuldade da doutrina.
A dicotomia clássica de contratos entre presentes e entre ausentes, inclusive, já se encontra ultrapassada e sequer deveria ter sido adotada pelo novo CC Br, a exemplo da Convenção, que, em 1980, preferiu adotar a hipótese de quando a proposta é feita verbalmente – o que poderia corresponder na doutrina clássica às declarações entre presentes, mas sem a problemática que surge a cada novo meio de comunicação que passa a ser utilizado. O que verdadeiramente importa não é o meio de comunicação utilizado ou a localização geográfica dos contratantes, mas se existe a possibilidade de diferenciar a proposta da aceitação, levando em consideração o período de duração das declarações, ou seja, se existe ou não intervalo considerável entre a proposta e a aceitação .
Essa regra da análise do intervalo, inclusive, abdica de qualquer categorização inflexível dos meios de comunicação. Assim, deixa o direito de ser utilizado como forma simplória de memorização – por exemplo: um contrato celebrado por telefone é entre presentes; um contrato celebrado por carta é entre ausentes; até mesmo porque não é em virtude de que um contrato celebrado em um programa de conversação instantânea normalmente não possua intervalo considerável entre as declarações que ele será sempre considerado entre presentes, pois pode ocorrer que, momentos antes de a proposta chegar à esfera jurídica do destinatário, ele tenha que se ausentar sem qualquer aviso, apenas vindo a conhecer a declaração minutos mais tarde, dando oportunidade, inclusive, de o proponente retirar a proposta. Tal contrato, se celebrado, seria considerado entre presentes ou entre ausentes? Levando em consideração que «minutos» em um programa de comunicação instantânea pode ser considerado um «intervalo significativo», outra não pode ser a conclusão, senão a de que o contrato seria entre ausentes, pela dicotomia clássica.
Oliveira Ascensão  também adota o critério de «intervalo significativo» e reconhece que o mesmo "leva a alterar a colocação corrente da questão", uma vez que, pela visão atual, a maior parte dos contratos seriam celebrados entre ausentes e, subsequentemente submetidos à fórmula clássica de formação do contrato (proposta + aceitação = consentimento) e por essa nova visão, percebe-se que a maior parte dos contratos celebrados são entre presentes – que por apenas exigirem como requisito o consentimento, estão "fora do esquema da proposta e aceitação". De todo modo, por sua flexibilidade, a formação do contrato eletrônico pode ser apresentada nos mais variados modelos de formação do contrato e de suas combinações.
Assim, inexistindo intervalo – como poderia ocorrer em programas de conversação instantânea – o contrato restaria celebrado no momento em que a aceitação é expedida. No entanto, havendo intervalo – como poderia ocorrer nos casos de correio eletrônico – o contrato apenas estaria celebrado quando a aceitação chegasse à esfera jurídica do proponente. Essa é a regra do CC Pt e não seria a saída adotada no ordenamento jurídico brasileiro – pelo que disciplina o art. 430 do CC Br, que considera o contrato celebrado a partir da expedição da aceitação.
Contudo, doutrina  e jurisprudência vêm se manifestando favoráveis à adoção da teoria da recepção no âmbito da formação dos contratos eletrônicos, como se vislumbra no Enunciado nº 173 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil, segundo o qual "a formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente", seguindo, assim, a mesma orientação da Convenção e do CC Pt.
Essa parece também ser a linha seguida pelo art. 22 do Projeto de Lei nº 672 do Senado Federal brasileiro, que assevera que o envio de uma mensagem eletrônica ocorre quandoessa entra em um sistema de informação alheio ao controle do remetente ou da pessoa que a envia em seu nome. Assim, o envio da mensagem eletrônica não significa sua expedição, ou seja, apenas «clicar em enviar» não significa que houve a «expedição» da mensagem eletrônica, diferentemente da teoria da expedição tradicional, onde a entrega regular ao correio representa o envio da declaração. Destarte, o envio de qualquer mensagem eletrônica só ocorreria, então, quando a mesma «chegasse» em um sistema alheio. O art. 22 do Projeto de Lei nº 672 do Senado Federal parece seguir a teoria da expedição – adotada no CC Br – no entanto, segue a teoria da recepção, pois, de maneira confusa e sem qualquer precisão científica, resolveu modificar o próprio conceito de «envio» para significar que o mesmo só ocorre quando ele «chega» no sistema de terceiro, ao invés de simplesmente adotar a teoria da recepção, o que teria sido mais preciso cientificamente e mais recomendado diante da realidade atual e da tendência mundial.
A Convenção não forneceu qualquer indício quanto à solução de problemas específicos da formação do contrato eletrônico, nomeadamente quanto ao momento da celebração do contrato, no entanto, desde que represente a fórmula clássica, aplicar-se-ão as regras da Convenção. Se o modelo utilizado for diverso, por outro lado, aplicam-se os princípios gerais, nos mesmos moldes explanados na seção anterior.
O momento da celebração do contrato eletrônico em linha (on-line) no ordenamento jurídico português é bastante controverso. A matéria é regida pelo Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, que não se aplica apenas às relações B2C, podendo ser aplicável também nas relações B2B. Pela disposição do seu art. 29.º, logo que o prestador de serviços receba uma ordem de encomenda por meio eletrônico, deve acusar o recebimento pelo mesmo meio, se não houver acordo em sentido contrário. A encomenda, no entanto, só se torna «definitiva» com a «confirmação» do destinatário, dada na sequência do «aviso de recepção», reiterando a ordem emitida. A grande questão gira em torno da natureza jurídica do aviso de recepção – seria aceitação ou não?
Oliveira Ascensão, quando ainda comentava a Diretiva nº 2000/31/CE, de 8 de Junho, questionava se o momento da celebração do contrato seria o do «aviso de recepção» do proponente ou o da recepção do produto ou serviço. Sobre esse assunto, defendia que o aviso de recepção do art. 11/1 da Diretiva só visava proteger a segurança das partes perante a grande possibilidade de falhas no envio das comunicações, mas "nada dispõe sobre a formação do contrato" [17]. Mas quanto à questão de o aviso de recepção ser ou não aceitação, defendia que assim não o era [18], posição que parece ter sido adotada no Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, pois, na sua consideração nº 5, esclarece que a posição adotada seria a majoritária: do aviso de recepção não se tratar de aceitação, pois o mesmo "destina-se assegurar a efetividade da comunicação eletrônica, apenas, e não exprimir uma posição negocial".
4. CONTRATOS FORMADOS COM INTERVENÇÃO HUMANA PROGRAMADA
Os contratos eletrônicos formados com intervenção humana mediata, como dito anteriormente, são aqueles onde há uma ou mais vontades programadas previamente em uma máquina; nessa última hipótese, são conhecidos como contratos entre computadores ou entre autômatos. Trata-se de uma das matérias mais intricadas que a formação do contrato eletrônico pode levantar.
Os contratos celebrados entre duas partes que programaram suas vontades no computador são bastante utilizados em âmbito comercial, como por exemplo numa fábrica que possui uma rede interligada com a rede de um comprador e cujo sistema está programado para emitir uma ordem de compra de material assim que seja atingida determinada quantidade de produto requerida pelo comprador.
Esse tipo de formação do contrato segue o princípio geral dos três sistemas da liberdade de contratar e da liberdade de escolha do modelo de formação contratual. Assim, a declaração eletrônica formada com vontade programada vincula o declarante nos mesmos termos que a declaração não eletrônica, a depender, apenas, de seu conteúdo.
 Nesse sentido, no ordenamento jurídico brasileiro, o Substitutivo ao Projeto de Lei nº 4.906, de 2001 (apensado aos Projetos de Lei nº 1.483 e nº 1.589), dispõe, no §1º do art. 26, que "a proposta de contrato por meio eletrônico obriga o proponente quando enviada por ele próprio ou por sistema de informação por ele programado para operar automaticamente". No ordenamento jurídico português admitiu-se, no art. 33º do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, a contratação eletrônica com intervenção humana programada e estipulou-se sua sujeição às regras comuns da disciplina geral dos contratos compatíveis com sua natureza.
A Convenção foi omissa a respeito, mas acreditamos serem aplicáveis, por analogia, as regras da fórmula clássica regulamentada e os princípios gerais subjacentes, por haver uma semelhança entre as duas situações (intervenção humana programada e não programada), o que, em certa medida, assemelha-se ao ordenamento jurídico português.
5. CONCLUSÃO
No que toca à formação dos contratos eletrônicos, o princípio geral nos três sistemas analisados é o da liberdade na utilização dos contratos eletrônicos, assim como do modelo de formação utilizado por eles.
Quanto ao momento da celebração do contrato eletrônico, inexistindo intervalo, o contrato restaria celebrado no momento em que a aceitação é expedida. No entanto, havendo intervalo o contrato apenas estaria celebrado quando a aceitação chegasse à esfera jurídica do proponente. Essa é a regra do CC Pt, mas não a saída adotada no ordenamento jurídico brasileiro – pelo que disciplina o art. 430 do CC Br, que considera o contrato celebrado a partir da expedição da aceitação, inobstante doutrina e jurisprudência manifestarem-se favoráveis à adoção da teoria da recepção no âmbito da formação dos contratos eletrônicos. A Convenção não forneceu qualquer indício quanto à solução de problemas específicos da formação do contrato eletrônico, nomeadamente quanto ao momento da celebração, no entanto, desde que represente a fórmula clássica, aplicar-se-ão as regras da Convenção.
A formação de contrato com intervenção humana programada segue o princípio geral da liberdade de contratar e da liberdade de escolha do modelo de formação contratual, vinculando o declarante nos mesmos termos que a declaração não eletrônica, a depender, apenas, de seu conteúdo. Nos três ordenamentos aplicam-se, por analogia, as regras da fórmula clássica e os princípios gerais subjacentes, por haver uma semelhança entre as duas situações (contratos comuns e contratos eletrônicos).
6. BIBLIOGRAFIA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA. Dicionário da língua portuguesa contemporânea. Vol. II. Verbo.
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil. Teoria geral: ações e factos jurídicos. Vol. II. Coimbra: Coimbra Editora, 2003.
______. Bases para uma transposição da Directriz n.º 00/31, de 8 de Junho (comércio eletrônico), in Separata da Revista da Faculdade d
13.NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
A celebração dos contratos comporta três fases: pré-contratual, contratual e pós-contratual. 
Primeira fase - A primeira fase consiste nas negociações preliminares, que englobam os momentos de negociação, proposta e aceitação. 
ATUALMENTE DENTRO DO CONTRATO PRELIMINAR
É a fase de análise de informações, de verificação das cláusulas e da possibilidade de contratação. Na fase contratual, ocorre a execução da obrigação de dar, fazer ou não fazer. Na pós-contratual, dão-se os acontecimentos posteriores ao adimplemento da obrigação do contrato.
A primeira fase engloba as tratativas preliminares, que são dividas pela doutrina de três maneiras: a opção, o contrato preliminar e os acordos provisórios.
A opção é uma espécie de contrato a prazo, em que uma pessoa oferece a outra uma oferta que não poderá ser retirada pelo período que foi estipulado, cabendo à contraparte a aceitação, que deverá ser da integralidadedo que foi sugerido, não havendo cabimento para discussão de cláusulas. Dessa forma, o comprador possui apenas direitos, ficando isento de obrigações.
O contrato preliminar possui previsão no artigo 462 do Código Civil: “o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”.
No contrato preliminar, as partes buscam a conclusão de um contrato principal ou definitivo futuramente, firmando, para isso, um contrato prévio. Sendo assim, podem determinar de antemão as cláusulas que constarão no contrato definitivo. Trata-se de uma fase da contratação, porquanto os contratantes desejam o contrato final, mas não querem que seus efeitos operem de imediato.
ATENCAO - O artigo 463 do Código Civil determina: “concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinado para à outra para que o efetive”.
Não e minuta !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O artigo mencionado refere-se à cláusula de arrependimento do contrato preliminar. Ora, sabendo que o contrato preliminar vincula as partes, é possível eximir-se dessa vinculação fazendo constar cláusula de arrependimento no contrato preliminar, a qual exclui a obrigação de se firmar contrato definitivo. Entretanto, sem a menção da cláusula em questão, e ocorrendo empecilho referente ao cumprimento do contrato definitivo por alguma das partes, o contratante poderá exigir sua execução específica, que ocorrerá com a apresentação do contrato preliminar ao juiz para a conclusão do contrato principal.
CONVÉM OBSERVAR QUE A NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR É DIFERENTE DO CONTRATO PRELIMINAR. 
A negociação preliminar não se trata de um contrato. Por esse motivo, não gera direitos e obrigações. É uma fase antes de o contrato ser formalizado, momento no qual ocorre a análise de vontades e debates acerca das cláusulas.
Os acordos provisórios decorrem das negociações das partes quando concordam com alguns assuntos do contrato que estão por firmar, porém não ficam obrigadas a realizar o contrato principal enquanto não ajustarem os demais temas. Esses acordos possuem força vinculativa em relação ao contrato que será formalizado, uma vez que as negociações do acordo provisório serão incorporadas ao texto contratual, salvo se as partes concordarem em modifica-lo ou extingui-lo.
É um contrato que possui uma duração determinada e, por causa dele, as partes têm obrigações as quais, sob condição suspensiva, garantem que o contrato definitivo seja realizado. Se os contratantes decidirem não realizar mais o contrato definitivo, o provisório será extinto. Entretanto, se o definitivo for concretizado, as partes ficaram obrigadas a seguirem o teor do acordo provisório.
Os acordos provisórios são muito utilizados no direito empresarial uma vez que confere facilidade do fluxo de informações permitindo, a exemplo, que a parte interessada em firmar contrato com certa pessoa jurídica venha a conhecer com mais detalhes o funcionamento da empresa.
Nesse contexto, a minuta e os apontamentos contratuais não acarretam responsabilidade para as partes. Conquanto, se uma das partes de boa-fé investiu de modo exorbitante para a concretização do negócio jurídico, uma vez que havia sérios indicativos de que o contrato iria se realizar, mas este não se realizou, será cabível a ela indenização pelos prejuízos sofridos.
REVISÃO DOS CONTRATOS
Contratos – Em que possibilidade posso pedir a revisão do meu contrato?
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Vícios redibitórios
É um vício oculto em uma coisa, que a torna imprestável para sua utilidade ou que cause uma depreciação em seu apreço financeiro. Em regra, se aplica aos contratos bilaterais, onerosos e comutativos. É uma das manifestações do princípio da segurança jurídica, já que o alienante tem que garantir o uso da coisa, para que sua finalidade seja alcançada, ao adquirente. Válido aqui diferenciarmos o vício redibitório, do erro (vício do negócio jurídico): enquanto no vício redibitório o defeito está na coisa, no erro a coisa é perfeita e o adquirente é quem a adquire por engano; o prazo para reclamação no vício redibitório é de 30 dias para bens móveis e um ano para bens imóveis, 
enquanto no erro o prazo é de quatro anos; por fim, o vício redibitório dá ensejo à rescisão ou revisão contratual, enquanto o erro é passível de anulação do negócio. São requisitos do vício redibitório: vício oculto desconhecido do adquirente, o vício precisa ser grave a ponto de impedir o bom uso da coisa e deve existir no tempo do contrato. O adquirente, uma vez tendo descoberto o vício redibitório, tem duas alternativas: pedir a rescisão do contrato e exigir a devolução do valor pago, por meio de uma AÇÃO REDIBITÓRIA; ou ficar com a coisa e pedir o abatimento do preço, exigindo o valor proporcional mediante AÇÃO ESTIMATÓRIA (abatimento do preço) . A cláusula de garantia, implícita em todos os contratos, pode expressamente ser diminuída, aumentada ou renunciada, obedecendo-se aos princípios contratuais.
Evicção
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É a perda da coisa (posse ou propriedade) para seu legítimo dono, fundada em motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, e o reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato. Os personagens da evicção são: 
o alienante, que transfere o domínio do bem por meio oneroso; 
o evicto, que perde o bem e que tem o direito de pleitear reparação do alienante, 
e o evictor, o verdadeiro dono do bem que recupera sua coisa. 
Diferentemente do vício redibitório, na evicção o defeito não está na coisa, e sim na titularidade dela. A evicção permite também a exclusão da cláusula de garantia. Requer a evicção: um contrato oneroso, bilateral e comutativo; a perda total ou parcial de um bem por sentença judicial em ação movida por terceiro titular do bem; e a ignorância do adquirente sobre a litigiosidade da coisa.
Vale dizer, no mais, que a evicção subsiste mesmo que a aquisição tenha ocorrido em hasta pública.
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Vícios e erros do negócio jurídico
 
 
· DIREITO CIVIL
Invalidade é o defeito de um ou mais elementos do negócio jurídico. Disso resultando a sua invalidade jurídica. Um negócio jurídico inválido pode se r: nulo, anulável ou inexistente.
              Tudo o que macula o negócio jurídico, o que acarreta na sua anulação. De acordo com a extensão deste vício, sua nulidade pode ser absoluta ou relativa. Nos vícios da vontade o prejudicado é um dos contratantes, pois há manifestação da vontade sem corresponder com o seu íntimo e verdadeiro querer. São vícios da vontade: Erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão.
             Já os vícios sociais consubstanciam-se em atos contrários à boa fé ou à lei, prejudicando terceiros. São vícios sociais: fraude contra credores e simulação.
ERRO                 
É uma noção equivocada sobre alguma coisa, há uma ideia distorcida de alguma coisa. No sentido jurídico o erro é os defeitos dos negócios jurídicos caracterizados pela falsa imagem que a declarante forma acerca do objeto da declaração, ou a pessoa a quem tal declaração se dirige, acerca da natureza do próprio negócio ou acerca da existência, ou da vigência o significado jurídico de uma lei. Esta imagem falta poderia ser sido formada por qualquer pessoa comatenção mediana. 
"Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio." 
ERRO E IGNORÂNCIA
                 A ignorância é a ausência de conhecimento sobre alguma coisa. Em se tratando de negócios jurídicos as consequências de erro e ignorância, são passiveis de anulabilidade. Tanto o erro como a ignorância tem as mesmas consequências. Dispõe o artigo 138 do CC que ‘’ são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligencia normal, em face das circunstâncias do negócio. No o artigo 147 ‘’ nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.”
DOLO
Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente para induzir ou manter alguém em erro na prática de um ato jurídico. O dolo se assemelha ao erro, e representa uma limitação à eficácia do ato jurídico, isto porque a vontade que constituiu manifestou-se enganada. 
              Muitos escritores assimilam esses dois defeitos, por entenderem que a causa da anulabilidade do ato jurídico é sempre o erro, quer livre, quer provocado, isto é dolo. Dispõe o artigo 145 ‘’ são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa." E o artigo 150 ‘’ se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização."
Dolo Principal e Acidental
              O Dolo divide-se em: causam dans e incidens. O causam dans principal) é o único que dá lugar a ANULAÇÃO E TAMBÉM A PERDAS E DANOS.
 O incidens (incidental) não prejudica a validade do ato, mas dá a perdas e danos.
              O Dolo principal se apresenta como causa determinante da declaração da vontade, nele se origina o ato. O dolo incidental, que só obriga a reparação do dano, não elimina a conclusão do ato, mas este se aperaria em condições diversas. O artigo 146 dispõe ‘’ o dolo acidental só obriga a satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio será realizado, embora por outro modo’’. 
Dolo Civil Criminal e Processual
              Importante não confundir o dolo civil (vicio de negócio e negócios jurídicos) com o dolo criminal com o dolo processual. De qualquer maneira é discutido se há diferença entre dolo civil e dolo penal. Porém em ambos os casos o agente procede com intenção de prejudicar. A diferença está em que num caso de dolo se verifica num ato não criminoso, porque a lei não o classifica como delito, e noutro caso se dá num ato classificado como crime. Em ambos os casos, ao agente é exigível a responsabilidade civil. 
COAÇÃO 
               É o constrangimento a uma determinada pessoa, feita por meio de ameaça com intuito de que ela pratique um negócio jurídico contra sua vontade.
O negócio jurídico tem por substrato a manifestação da vontade humana, mas para que ela alcance os efeitos desejados, é mister que ela se externe livre e consciente. Se o querer não se manifestou livremente, o negócio pode ser desfeito, por vicia-lo a coação. NO artigo. 155 subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto."
Para Washington de Barros Monteiro (1988, p.201) especifica a coação como o vício mais profundo que possa afetar o ato jurídico, uma vez que seu impacto o atinge na própria base, a vontade livre do agente. Dispõe o artigo151 ‘’ A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens."                                                  
Coação Absoluta (Vis Absoluta) e Coação Relativa (Vis Compulsiva).
              Vis absoluta, o ato se consegue pela força física, obrigando-se a vítima a assinar um documento, neste sentido não a o consentimento e consequentemente não há ato jurídico. Vis compulsiva vicio da vontade, seu mecanismo envolve uma escolha. A vítima tem como opção ou submeter-se ao ato exigido ou sofrer as consequências do ato ameaçado. 
O artigo 155 diz ‘’ subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto."
ESTADO DE PERIGO
              É quando alguém, premido de necessidade de se salvar ou a outra pessoa de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. O juiz pode também decidir que ocorreu estado de perigo com relação à pessoa não pertencente à família do declarante. 
              No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigada a celebrar um negócio extremamente desfavorável. É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora da outra pessoa. 
              O artigo 156 ‘‘configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.”
LESÃO              Diante a desproporcionalidade de valores, surge a possibilidade de alegar se lesão. É o juízo que em contratante experimenta quando, em contrato comutativo, não recebe da outra parte, valor igual ao da prestação que forneceu. Art. 157 CC. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
FRAUDE CONTRA CREDORES
                                      Traduz-se fraude contra credores quando o devedor insolvente, ou na iminência de torna-se tal, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo desse modo, a garantia que este presenta para resgate de suas dívidas. 
              Tal fato inspirasse no princípio do Direito das Obrigações, no princípio de que o patrimônio do devedor responde por suas dívidas. No artigo 158 ‘’ os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos."
SIMULAÇÃO É A DECLARAÇÃO ENGANOSA DA VONTADE.
              É a declaração enganosa da vontade, visando obtenção de resultado diverso da finalidade aparente, para iludir terceiros ou burlar a lei. Vale dizer, a simulação é causa autônoma de nulidade do negócio jurídico, diferente dos demais vícios desligando-se da tradição do direito pátrio que a considerava como defeito ligado ao interesse particular das partes. No artigo 167 ‘’ é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma."
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
JURISPRUDÊNCIA
Negócio Jurídico é toda ação ou omissão humana cujos efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - derivam essencialmente da manifestação de vontade, exemplos de negócio jurídico são os contratos os testamentos.
A validade do negócio jurídico exige que esses elementos tenham determinados requisitos ou atributos, qualidades que a lei indica, como a declaração de vontade deve resultar de agente capaz, o objeto deve ser lícito, possível, determinadoou determinável e a forma deve ser conforme à lei. O negócio jurídico, para que seja válido e tornar-se efetivo, necessita de alguns elementos chamados de fundamentais.
 Esses elementos são: Plano da existência; Plano da validade; Plano da eficácia.
Invalidade é o defeito de um ou mais elementos do negócio jurídico. Disso resultando a sua invalidade jurídica. Um negócio jurídico inválido pode se r: nulo, anulável ou inexistente;
REFERÊNCIAS
CARRIDE, Norberto Almeida. Vícios do Negócio Jurídico. São Paulo: Saraiva, 2009.
MATEIRO, Mário Martins. Erro de Direito e Falsa Causa no Negócio Jurídico. Passo Fundo: Ediupf. 2011.
Qual a diferença entre Responsabilidade Civil Contratual de Extracontratual? - Joice de Souza Bezerra
Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário que se coadunem quatro elementos, a saber: a ação ou omissão do agente, a culpa ou o dolo do agente, a relação ou o nexo de causalidade e o dano.
A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Assim, o contratado ao unir os quatro elementos da responsabilidade civil (ação ou omissão, somados à culpa ou dolo, nexo e o consequente dano) em relação ao contratante, em razão do vínculo jurídico que lhes cerca, incorrerá na chamada Responsabilidade Civil Contratual.
Em relação à Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida como aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano.
Ambas as figuras de responsabilidade civil estão fundamentadas, genericamente, nas palavras do artigo 186 do Código Civil, in verbis :
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surge a partir do descumprimento de um dever legal.
Inadimplemento Contratual
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL – PESQUISA
1) Em que casos se pode falar em resilição unilateral do contrato? É possível no contrato de compra e venda?
A resilição unilateral, tratada no artigo 473 do Código Civil, é a modalidade de extinção do contrato que decorre da simples manifestação de vontade de uma das partes para o desfazimento da relação contratual, diferentemente do distrato, o qual exige o consenso de ambas partes para extinção de determinado vínculo.
O direito de resilir unilateralmente um contrato está fundado no princípio de ordem pública, segundo o qual ninguém pode obrigar-se perpetuamente. Por outro lado, questiona-se a figura da resilição unilateral com base no princípio na força obrigatória dos contratos, ou seja, não se poderia desconstituir o vínculo negocial por vontade apenas de um dos contratantes, pois tal fato causaria grande insegurança jurídica nas relações contratuais.
Por isso, a extinção do contrato por ato unilateral está condicionada a autorização legal expressa ou implícita para o exercício de tal ato, independentemente de previsão contratual nesse sentido. A permissão legal expressa para resilição unilateral consta da configuração legal do tipo de contrato, como ocorre com os contratos de depósito e comodato, enquanto a permissão implícita ocorre, em geral, em contratos por tempo indeterminado, pois estes, a princípio, podem ser denunciados a qualquer tempo mediante notificação prévia, uma vez que o engajamento perpétuo agride a liberdade individual.
Dessa forma, ainda que prevejam a possibilidade de resilição unilateral, o entendimento que prevalece nos tribunais é que os contratos celebrados por prazo determinado devem ser honrados até o final do prazo previsto sob pena de indenização a parte denunciante, a não ser em caso de mútuo acordo entre as partes para extinção do vínculo contratual.
No tocante aos contratos de compra e venda, os tribunais tem entendido que o comprador tem o direito de resilir o contrato caso não reúna mais condições financeiras para adimplir o preço acordado no contrato mediante o pagamento de indenização, conforme decisão abaixo do STJ:
“PROMESSA. COMPRA E VENDA. IMÓVEL. DESISTÊNCIA. A jurisprudência deste Superior Tribunal considera ser possível a resilição unilateral do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador se ele não reúne mais as condições econômicas de suportar o pagamento das prestações, o que enseja retenções pelo promitente vendedor de parte das parcelas pagas para compensá-lo pelos custos operacionais da contratação. No caso dos autos, o adquirente do imóvel, devido a problemas de saúde e financeiro, propôs ação de rescisão de contrato cumulada com nulidade de cláusulas e restituição de quantias pagas. A despeito de o colegiado a quo ter consignado que a ré (ora recorrente) não poderia apresentar, na apelação, pedido não deduzido na reconvenção, a discussão quanto à legalidade de cláusula contratual que estipulou a base de cálculo da multa pelo descumprimento do contrato podia ser alegada como matéria de defesa, com o mesmo efeito prático, por não configurar pretensão autônoma a recomendar instauração de nova relação jurídica paralela por meio de reconvenção. Logo, pactuada a venda com o pagamento de arras confirmatórias como sinal, com função de assegurar o negócio jurídico, é de rigor a restituição das arras com seu desfazimento. Outrossim, embora se mostre correta a fixação da multa sobre o montante já pago das prestações (R$ 52.123,58) em vez de incidir sobre o valor total do imóvel, o percentual de 10% sobre esse quantum, destoa da jurisprudência deste Superior Tribunal que tem determinado a retenção de 25%. Com esse entendimento, a Turma deu provimento em parte ao recurso. Precedentes citados: REsp 712.408-MG , DJ 24/3/2008; REsp 489.057-PR , DJ 24/11/2003, e REsp 469.484-MG , DJ 17/12/2007. REsp 907.856-DF , Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/6/2008.”
2) Com base no parágrafo único do art. 473 do CC é possível ao contratante que não deseja o desfazimento do pacto e que fez investimentos consideráveis, pleitear a manutenção do contrato por um certo prazo? Como se analisa essa eventual prorrogação do contrato sem a concordância do outro contratante frente ao princípio da autonomia da vontade?
Ainda que haja a possibilidade de resilição unilateral, a qualquer tempo, em algumas modalidades contratuais, o parágrafo único do artigo 473, dispõe que: “Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos”.
Nesse sentido, entende-se como resilição abusiva, o ato de extinguir um vínculo contratual após pouco tempo da relação negocial, sem ter em vista os investimentos realizados pela outra parte, pois nesse caso o exercício do direito extintivo se apresenta como contrário ao seu fim social e econômico, à boa fé e aos bons costumes.
Nas palavras de Judith Martins-Costa: “Trata-se, portanto, de deveres de adoção de determinados comportamentos, impostos pela boa-fé em vista do fim do contrato (...) dada a relação de confiança que o contrato fundamenta, comportamentos variáveis, com as circunstâncias concretas da situação. Ao ensejar a criação desses deveres, a boa-fé atua como fonte de integração do conteúdo contratual, determinando a sua otimização, independentemente da regulação voluntaristicamente estabelecida”.
Dessa forma, se estivermos diante de um contrato em que um dos contratante tenha realizado altos investimentos, a denúncia feita pela outra parte somente terá efeito após aquele reaver os valores gastos para a execução do disposto contrato, em virtude da obrigação das partes de agiremsegundo os princípios da boa fé, independentemente da previsão dessa conduta nos termos contratuais.
3) O que se entende por caso fortuito e força maior? Trata-se de institutos distintos e são expressões sinônimas ou há diferença entre elas? Quais os seus requisitos?
O Código Civil, no parágrafo único do artigo 393, atribui a ambas expressões uma única e idêntica noção: “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Apesar disso, há grande debate doutrinário a respeito da distinção - ou não - de tais elementos.
De um lado, como registra Pontes de Miranda, a distinção entre caso fortuito e força maior “só deveria ser feita, só seria importante, se as regras jurídicas a respeito daquela e desse fossem diferentes”, o que não é o caso. Do mesmo modo, afirma Silvio Venosa que não há interesse público na distinção dos conceitos, pois o próprio Código Civil Brasileiro não faz essa distinção.
Por outro lado, como defende Rui Stoco, “em pura doutrina distingüem-se estes eventos dizendo que o caso fortuito é o acontecimento natural, derivado das forças da natureza ou o fato das coisas, como o raio, a inundação, o terremoto ou o temporal. Na força maior há sempre um elemento humano, a ação das autoridades (factum principis), como a revolução, o furto ou roubo, o assalto ou, noutro gênero, a desapropriação”.
Independentemente das divergências doutrinárias, o que importa é compreender que tais institutos têm como requisitos objetivos e subjetivos, respectivamente, a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de culpa na produção do evento.
4) Há diferença entre o instituto do caso fortuito e força maior por um lado e, do outro, as teorias que cuidam da revisão ou rescisão por fato superveniente (cláusula rebus sic stantibus, imprevisão, base do negócio e excessiva onerosidade)?
Sim. As teorias que cuidam da revisão ou rescisão do contrato por fato superveniente consistem no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizam sua revisão para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.
Tais teorias partem do pressuposto de que os contratantes não podem prever determinadas circunstâncias supervenientes que não fossem do risco esperado do negócio.
Nos termos do artigo 478 do Código Civil de 2002: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.
Como explicitado, a teoria da imprevisão apesar de tratar da inexecução de obrigações, não possui semelhanças com a força maior ou caso fortuito, tendo em vista que no caso fortuito e na força maior os efeitos não são de desequilíbrio econômico-contratual, e sim referentes ao objeto que é prestado, isto é, à coisa devida, a qual pode se perder (impossibilidade total) ou deteriorar (impossibilidade parcial).
Se o caso fortuito ou a força maior trouxerem a deterioração da coisa devida, o devedor será eximido apenas da parte que se deteriorou, não sendo integralmente liberado da obrigação por motivo de força maior ou de caso fortuito. Se a coisa devida se perder, a obrigação se extingue por completo, e o devedor será totalmente eximido. Nota-se, portanto, que não há a possibilidade de haver revisão judicial do contrato nesses casos, pois a condição sine qua non para ocorrer revisão contratual por via judicial é haver desequilíbrio econômico-contratual, fato que não ocorre no caso fortuito e na força maior.
5) Qual a diferença entre inadimplemento e mora?
O inadimplemento de uma obrigação poderá ser absoluto ou relativo. O inadimplemento será absoluto nos casos em que a obrigação não for cumprida em tempo, lugar e forma convencionados e não mais poderá sê-lo como, por exemplo, no caso de um cantor contratado para um evento que deixa de comparecer no dia do evento. Nesse caso, ainda que o canto se disponha a aparecer no dia seguinte não há interesse para o contratante.
Por sua vez, no inadimplemento relativo (mora), apesar do descumprimento da obrigação, tal obrigação ainda poderá ser cumprida com utilidade para outra parte, como é o caso, por exemplo, do pagamento de obrigações em dinheiro que será sempre útil ao credor.
Dessa forma, podemos concluir que a diferença entre os dois conceitos não está relacionada a possibilidade de seu cumprimento, mas sim ao aspecto da utilidade para o credor, de acordo com o critério a ser aferido em cada caso de modo quase objetivo.
A importância na distinção de tais conceitos está relacionada aos efeitos de cada inadimplemento, pois havendo a possibilidade ser cumprida a obrigação, poderá haver a purgação da mora, o que não ocorre nos casos em que não há essa possibilidade (inadimplemento absoluto), casos em que deverá haver indenização por perdas e danos. Nesse sentido:
RESOLUÇÃO – PROMESSA DE COMPRA E VENDA – INADIMPLÊNCIA – MORA – PURGA DE MORA – INTERPELAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – Não se operará a resolução do contrato de promessa de compra e venda de imóveis, por inadimplemento do comprador, sem que antes lhe seja oferecida oportunidade para emenda da mora, nos exatos termos do artigo 1º do Decreto-lei 745/69 e do artigo 32 da lei nº 6.766/79. O inadimplemento absoluto somente se configurará, se transcorrido, in albis, o prazo concedido para purga de mora. (TAMG – Ap. Civil Acórdão 0393046-1, 21-10-2003, 2º Câmara Cívil – Rel. Pereira da Silva).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INDENIZAÇÃO.
1. Testemunha não contraditada no momento oportuno, qual seja, após a qualificação e antes do início do depoimento. Preclusão.
2. Requerida contratada para a cobertura fotográfica do casamento dos autores. Demandada que, mesmo informada da mudança do local do evento, não compareceu. Inadimplemento absoluto do contrato. Dever de indenizar configurado. Indenização por danos morais fixada de acordo com os critérios de razoabilidade e moderação, em atenção ao binônimo reparação-reprimenda. Sentença mantida. Recurso não provido.
(TJ/SP – Ap. Cívil nº 0142499- 37.2005.8.26.0000, 24-09-2011, 25º Câmara de Direito Privado – Rel. Marcondes D’Angelo)
6) O que se entende por adimplemento substancial? (ver julgados a respeito).
Conforme dispõe o artigo 475 do Código Civil, no caso de descumprimento de obrigação contratual, “a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência têm admitido o reconhecimento do adimplemento substancial, segundo o qual o credor fica impedido de rescindir o contrato, caso haja cumprimento de parte essencial da obrigação assumida pelo devedor; porém, não perde o direito de obter o restante do crédito, podendo ajuizar ação de cobrança para tanto.
Da mesma forma, conforme definido por Clóvis Veríssimo do Couto e Silva, o adimplemento substancial constitui “um adimplemento tão próximo ao resultado final, que, tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo tão somente o pedido de indenização” e/ou de adimplemento, de vez que aquela primeira pretensão viria a ferir o princípio da boa fé.
Nesse sentido:
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇAO DE VEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEIS PARCELAS DEVIDAS. RESOLUÇAO DO CONTRATO. AÇAO DE REINTEGRAÇAO DE POSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITO REMANESCENTE. APLICAÇAO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
1. É pela lente das cláusulas gerais previstas no Código Civil de 2002, sobretudo a da boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, senão preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos".
2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato.
3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos, porquanto o réu pagou: "31 das 36 prestações contratadas, 86% da obrigação total (contraprestação e VRG parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garantido". O mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença.
4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título.
5. Recurso especial não conhecido.
(STJ – Recurso Especial nº 1.051.270 – 05/09/2011 – Rel. Ministro Luis Felipe Salomão)
No caso apresentado entende-se que o inadimplemento poderá ser relativizado tendo em vista a preservação da função social do contrato e da boa fé objetiva, devendo ser observado, contudo, que a doutrina do adimplemento substancial só deve ter aplicação na hipótese de, objetivamente, poder-se constatar que os interesses do credor, a despeito do inadimplemento do devedor, foram atendidos na relação contratual.
No mesmo sentido, o ministro do STJ Paulo de Tarso Sanseverino defende que, “no plano do direito das obrigações, a boa-fé objetiva apresenta-se, especialmente, como um modelo ideal de conduta, que se exige de todos integrantes da relação obrigacional (devedor e credor) na busca do correto adimplemento da obrigação, que é a sua finalidade última”.
Com base nestas premissas, pode-se dizer que, para a configuração do adimplemento substancial, são necessários os seguintes pressupostos (i) cumprimento expressivo do contrato; (ii) prestação realizada que atenda à finalidade do negócio jurídico; (iii) boa-fé objetiva na execução do contrato; (iv) preservação do equilíbrio contratual; (v) ausência de enriquecimento sem causa e de abuso de direito, de parte a parte. Dessa forma, podemos concluir que embora não seja expressamente prevista no Código Civil, a teoria do adimplemento substancial tem sido aplicada em muitos casos pelos tribunais desde que preenchidos os requisitos acima mencionados.
7) O que é o cumprimento imperfeito, defeituoso ou ruim?
O cumprimento defeituoso, considerado como uma espécie de inadimplemento, é caracterizado pelo cumprimento da prestação com defeitos, não correspondendo integra ou exatamente ao conteúdo obrigacional, tendo como principais requisitos (i) o cumprimento da prestação; (ii) o defeito na prestação, ou seja, uma correspondência entre o que se estipulou e o que se obteve; e (iii) a substancialidade do defeito, ou seja, tal discrepância no cumprimento deve ser relevante juridicamente
Nesse sentido:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES
- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - Publicação de
anúncio em guia próprio de classificados - Veiculação via internet que não desobriga a forma contratada - Cumprimento imperfeito da obrigação - Dever de indenizar limitado à devolução do valor pago, na forma fixada pela sentença – Lucros cessantes afastados por ausência de descrição dos prejuízos sofridos - Sentença nesta parte reformada - PRELIMINAR REJEITADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSP – Apelação 1398474720058260000 – 14/09/2011 – Rel. Antonio Nascimento)
A decisão acima, por exemplo, trata do cumprimento imperfeito da obrigação de publicar um anúncio, tendo em vista que a empresa contratada publicou o anúncio da contratante apenas na internet o que, nos termos do contrato, seria apenas um bônus a contratante, enquanto a obrigação principal, que consistia na publicação em papel, não foi cumprida.
8) O devedor em mora (por culpa sua), posteriormente afetado por um fato superveniente, imprevisível, extraordinário, que torne a sua prestação excessivamente onerosa, com benefício extra ao outro contratante, pode invocar o disposto no art. 478 do CC?
A Teoria da Imprevisão, prevista no artigo 478 do Código Civil prevê a possibilidade de resolução por parte do devedor ou revisão do contrato, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra parte, devido a um acontecimento extraordinário e imprevisível.
Os fatos causadores de onerosidade devem desvincular-se de uma atividade do devedor, portanto, deve-se verificar a ausência de culpa do obrigado. Para a doutrina, o devedor em mora não pode invocar o disposto no artigo 478. No entanto, conforme ensinamentos de Silvio Venosa, o devedor somente pode-se beneficiar da revisão se não estiver em mora no que diga respeito ao cumprimento das cláusulas contratuais não atingidas pela imprevisão, isto porque o inadimplemento poderá ter ocorrido justamente pela incidência do fenômeno. Portanto, não seria possível considerar, nesse caso, em mora o devedor se a falta não lhe é imputável.
Neste sentido,
EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE PROVA
QUANTO AO CUMPRIMENTO DA AVENÇA. ALEGAÇÃO DE NÃO SER A CREDORA DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO REGULARMENTE ESTABELECIDA. IRRELEVÂNCIA. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA NO SENTIDO DE QUE OS COMBUSTÍVEIS SERIAM ENTREGUES A TERCEIROS. EXCESSIVA ONEROSIDADE SUPERVENIENTE. INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. INEXISTÊNCIA DE PROVA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO À TAXA LEGAL MULTA CONTRATUAL. REDUÇÃO NOS TERMOS DO ART. 413 DO CÓDIGO CIVIL.
1. As partes foram intimadas para se manifestarem sobre eventual requerimento de provas a serem produzidas, ocasião em que a recorrente peticionou nos autos solicitando o imediato julgamento do feito ((fls. 284/285 e 288). Desta forma, não lhe assiste razão quanto à necessidade de efetuar-se comparativo entre os recibos acostados à inicial dos embargos e as planilhas anexadas pela recorrida na inicial da ação executiva, incidindo, portanto, a regra do art. 333, I, do CPC.
2. Outrossim, não assiste razão à recorrente quando afirma que a recorrida, por não ser empresa distribuidora de petróleo regularmente estabelecida e, logo, não dispunha de licença e notas fiscais para a entrega do produto, utilizasse, portanto, de outras pessoas jurídicas para retirar o produto contratado. De fato, a recorrida destaca não ser efetivamente uma distribuidora de combustíveis, havendo no contrato cláusula contratual dispondo expressamente que as emissões de notas seriam realizadas em nome de distribuidora regularmente constituída.
3. Não constam dos autos elementos que demonstrem qualquer influência da crise financeira de 2008 na execução do contrato entabulado entre as partes. Além disso, embora exista discussão na doutrina sobre a possibilidade de o devedor em mora se valer do art. 478 e seguintes do Código Civil, “não se pode outorgar um benefício à parte que acabou por dar causa à onerosidade excessiva, já que, se ela não estivesse em mora, pelo menos as prestações anteriores à alteração das circunstâncias estariam adimplidas”. Mesmo se pressuposto que a aludida crise influenciou na execução do contrato, a devedora deixou de cumprir o contrato desde abril de 2007, portanto, mais de um ano antes do início da crise de 2008.
4. A recorrente não apontou previsão contratual de capitalização de juros, não juntou à inicial dos embargos cálculos que apontassem estar a devedora computando juros

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