Buscar

Prévia do material em texto

Economia
Economia Monetária
Desenvolvimento do material
William Rangel
1ª Edição
Copyright © 2022, Afya.
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, 
transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia 
autorização, por escrito, da Afya.
Sumário
Economia Monetária
Para início de conversa... ................................................................................ 3
Objetivos ......................................................................................................... 3
1. As Funções da Moeda ................................................................................ 4
2. Os Tipos de Moedas ................................................................................... 6
3. A Oferta Monetária e os Meios de Pagamento ................................. 7
4. O Sistema Financeiro Nacional .............................................................. 10
5. A Taxa Selic ..................................................................................................... 13
Referências ......................................................................................................... 15
Para início de conversa...
Sabemos dos conceitos básicos da macroeconomia e como ela nos ajuda 
a entender os resultados das contas nacionais. Lembrando que, no modelo 
simplificado do fluxo circular da renda, há um fluxo de bens e serviços 
que caminha ao lado de um fluxo de fatores de produção (o lado real 
da economia) em um sentido; mas também há um fluxo de moeda, que 
caminha em sentido oposto ao fluxo de bens e serviços. Essa moeda é 
acumulada pelas empresas quando elas vendem os seus bens e serviços 
para as famílias. Além disso, ela também é acumulada pelas famílias.
Dessa forma, como apurar o montante de moeda necessário ao 
funcionamento dos mercados? As moedas têm sempre o mesmo 
formato, as mesmas funções? Se houver desequilíbrio, o que o sistema 
faz para ajustar? Quais consequências esses ajustes podem trazer para 
as famílias e empresas? Em macroeconomia, é a economia monetária 
que responde a essas e a outras perguntas.
Objetivos
 ▪ Conhecer as características básicas da moeda e suas funções na 
economia;
 ▪ Acompanhar a evolução histórica da moeda e os tipos que estão 
em uso;
 ▪ Entender a atuação do Banco Central, visando ao controle monetário;
 ▪ Conhecer a estrutura do Sistema Financeiro Nacional;
 ▪ Estudar a natureza da taxa Selic e seus 
impactos na economia real.
Economia 3
1. As Funções da Moeda 
No modelo simplificado do fluxo circular da economia, há um fluxo real (de 
bens e serviços e de fatores de produção) caminhando em um sentido e, 
em sentido oposto, há o fluxo monetário das moedas, que são acumuladas 
por todos os agentes, em um ciclo que se repete indefinidamente. 
Define-se moeda como o estoque de ativos que pode ser prontamente 
usado nas transações de mercado. Esse estoque de ativos, para que 
exerça o seu papel de moeda, deve ter algumas características especiais. 
Vamos a elas. 
Funções da moeda 
Em termos econômicos, moeda é tudo aquilo que, geralmente, é aceito 
para liquidar as transações, isso é, para pagar pelos bens e serviços e para 
quitar obrigações. De acordo com essa definição, qualquer coisa pode 
ser moeda, desde que aceita como forma de pagamento. Basicamente, a 
moeda tem três funções: 
Meio de pagamento ou de troca: A moeda é considerada o instrumento 
básico para que se possa operar no mercado, pois atua como meio de 
troca, devendo ser aceita por qualquer produto que esteja à venda. 
Quando você vende seu produto, recebe moeda pelo produto vendido 
e, por conseguinte, terá moeda para comprar aquilo que desejar. Por ser 
meio de troca, a moeda é o ativo utilizado para a compra de todos os 
bens e serviços. 
Unidade de conta ou unidade de referência: A moeda desempenha a 
função de unidade de conta, também chamada de denominador comum 
de valor, isto é, ela fornece um padrão para que as demais mercadorias 
expressem seus valores e forneçam um referencial para que os valores 
dos demais produtos sejam cotados no mercado, ou para o registro das 
dívidas, que podem até ser diferidas no tempo. Quando as lojas anunciam 
os preços de sua mercadoria, o fazem expressando seus valores em reais. 
Reserva de valor: A moeda deve preservar o seu valor ao longo do tempo, 
além de reservar a característica de transferir o poder aquisitivo presente 
para o futuro. Logo, deve-se ter a opção de guardar determinada quantia 
em moeda hoje para gastá-la amanhã, na próxima semana ou no mês 
que vem. A moeda não é uma reserva de valor perfeita, pois, em períodos 
inflacionários, os preços sobem, e o valor real da moeda cai. Mesmo 
assim, as pessoas guardam moeda porque podem trocá-la por bens e 
serviços em algum momento futuro. 
Reserva de valor x Poder de compra 
Imagine uma nota de R$ 100,00. Ela vale R$ 100,00 hoje e também 
valerá R$ 100,00 daqui a um ano, por exemplo. Isso porque a moeda tem 
Economia 4
a função de reserva de valor, porém, não podemos pensar na função de 
reserva de valor de uma moeda como sendo o poder de compra dessa 
moeda, que se mantém no tempo. São conceitos diferentes. 
Observe o exemplo a seguir: 
Economia 5
Para que a moeda desempenhe essas funções básicas, ela deve, também, 
conter algumas características especiais: 
Indestrutibilidade e inalterabilidade: Existem técnicas modernas para 
desenho e impressão de papel-moeda, ou cunhagem de moedas, que 
garantem maior resistência e vida útil e também proteção contra 
falsificações. No caso do papel-moeda, é sabido que a vida útil varia 
inversamente ao valor de face das cédulas: as notas de R$ 2,00 e de 
R$ 5,00 são as que se deterioram mais rapidamente, ao passo que as 
notas de R$ 100,00 duram mais, pois a circulação é menos dinâmica. 
Divisibilidade: A moeda de um país deve conter múltiplos e submúltiplos, 
de forma a permitir a realização de todas as transações comerciais.
Transferibilidade: A moeda deve circular livremente entre os agentes 
econômicos, facilitando as trocas comerciais e financeiras. É garantida 
pelo curso legal imposto pelo Estado brasileiro, que emite e assegura o 
papel-moeda em circulação. 
Facilidade de manuseio e transporte: O papel-moeda deve ser impresso 
de forma a facilitar o seu manuseio e transporte. 
2. Os Tipos de Moedas 
Você já deve ter reparado que usamos dinheiro em papel ou em moedas 
metálicas para uma gama de transações comerciais, normalmente, 
as que envolvem pouca quantidade de moeda. No entanto, também 
realizamos inúmeras transações sem o uso de moeda, como as 
transferências bancárias, os pagamentos de faturas pela internet ou nos 
caixas eletrônicos, as compras no e-commerce etc. 
Vejamos como podemos tipificar as moedas: 
 ▪ Moedas metálicas: Emitidas pela Casa da Moeda, por autorização do 
Banco Central, são as moedas de pequeno valor, que, geralmente, 
são utilizadas em pequenas compras e para facilitar o troco. Nesse 
Economia 6
caso, também se enquadram as antigas moedas de metais nobres. No 
Brasil, estão em uso as moedas de 5, 10, 25 e 50 centavos de real e a 
de 1 real. 
 ▪ Papel-moeda: Também emitido pela Casa da Moeda, por autorização 
do Banco Central, são cédulas a maior parte do dinheiro em poder 
do público. É a moeda fiduciária. Ela não tem valor intrínseco, ou 
seja, não é como um bem ou uma mercadoria que possui valor 
próprio. Entretanto, tem seu valor determinado por lei, ou seja, é um 
certificado de posse da quantia que representa. 
 ▪ Moeda escritural ou bancária: é a soma dos depósitos à vista e em 
conta corrente nos bancos comerciais. São movimentadas por cheques 
ou ordens de pagamento. É chamada de escritural porque diz respeito 
aos lançamentos a débito e a crédito, realizados nas contas correntes 
dos bancos. 
3. A Oferta Monetária e os Meios de Pagamento 
Você demanda moeda quando vai comprar ou vender um bem ou um 
serviço. Se há demanda demoeda, há que se ter, também, alguém que 
oferte moeda para os agentes econômicos. Se há um mercado monetário, 
em que há alguém que oferte moeda de um lado e alguém que demande 
moeda do outro, é natural que pensemos em um mecanismo que leve 
esse mercado a um equilíbrio entre a oferta e a demanda por moeda, 
que assume, assim, a característica de um bem comercializável como 
outro qualquer.
Figura 1: O Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional. 
Fonte: Elaborado pelo autor.
Economia 7
O Banco Central é o órgão que controla a oferta monetária no país e os 
assuntos a ela relacionados. 
São funções do Banco Central: 
Economia 11
 ▪ Controlar a oferta de moeda (possui o monopólio de emissão); 
 ▪ Zelar pelo valor da moeda nacional diante dos mercados interno e 
externo; 
 ▪ Regularizar e fiscalizar o sistema financeiro e os agentes que nele atuam. 
Você sabia que a quantidade de moeda disponível é chamada de oferta 
monetária? 
A oferta de moeda é a quantidade de moeda que atende às necessidades 
da sociedade. É o governo quem controla a oferta de moeda por meio das 
restrições legais que lhe dão o monopólio sobre a emissão de moeda. 
A oferta de moeda é um instrumento de política econômica 
Os membros do Banco Central, nomeados pelo presidente da República, 
decidem sobre a oferta de moeda. O principal meio de controle da oferta 
monetária pelo Banco Central se dá pelas operações de mercado aberto. 
Para aumentar a quantidade de dinheiro na economia, o Banco Central 
compra títulos do governo que estão nas mãos do público. Para reduzir a 
quantidade de moeda na economia, o Banco Central vende títulos públicos. 
Para melhor compreensão desse processo, apresentamos os conceitos 
de meios de pagamentos, de criação ou destruição de moeda. 
Meios de pagamento 
Os meios de pagamento (M1, M2, M3 e M4) são representados pelo 
volume de moeda em circulação na economia, ou seja, pelo total de 
moeda disponível no setor privado não bancário, que pode ser utilizada 
imediatamente pelo público para as transações. 
Em outras palavras, o Banco Central chama de M1 os meios de 
pagamento restritos, constituídos pela moeda que tem liquidez total e 
que não gera rendimento por si só: estamos nos referindo ao montante 
de moeda em poder da coletividade (o dinheiro “vivo”) somado aos 
valores que a coletividade tem depositado em conta corrente nos 
bancos. São, também, conhecidos como PMPP (Papel-Moeda em Poder 
do Público) + DV (Depósito à Vista). 
Liquidez da moeda é a capacidade que ela tem de ser um ativo 
prontamente disponível e aceito para transações. O dinheiro que você 
tem no bolso, por exemplo, pode ser imediatamente utilizado. Mas um 
imóvel não tem liquidez imediata, pois, normalmente, você vai levar 
semanas, ou até meses, para comprar ou vendê-lo.
Economia 8
Existem mais três níveis de Meios de Pagamento, chamados de Meios de 
Pagamento Ampliados. Vamos a eles: 
M2: É composto pela soma do M1 (restrito) com os depósitos de 
poupança + os depósitos especiais remunerados + títulos emitidos por 
instituições depositárias. 
M3: É composto pela soma de M2 com cotas de fundos de renda fixa + 
operações compromissadas registradas no Selic – Serviço de Liquidação 
e Custódia, do Banco Central. 
M4: Constitui a chamada poupança financeira e compreende a soma de 
M3 com os títulos públicos de alta liquidez. 
Criação ou destruição de moeda 
Deve-se entender a criação ou destruição de moeda como a criação 
ou destruição de meios de pagamento de liquidez imediata (M1). Esse 
processo abrange todos os ativos de liquidez imediata, contidos no 
setor não bancário da economia. Logo, a criação ou destruição de moeda 
envolve uma transação entre o setor bancário e o setor não bancário da 
economia. 
Ocorrerá criação de moeda quando acontecer uma troca entre um ativo 
não monetário (de liquidez não imediata) do setor não bancário por um 
ativo monetário do setor bancário. Já a destruição de moeda ocorrerá se 
a troca for entre um ativo monetário do setor não bancário por um ativo 
não monetário do setor bancário. 
Entenda o processo de criação ou destruição de moeda a partir dos três 
exemplos a seguir:
a. Indiferença: 
Imagine que você vai a um banco comercial e efetua um depósito à 
vista em moeda corrente ou cheque: nesse caso, não há criação nem 
destruição de moeda, pois o depósito à vista (DV) será compensado 
pelo decréscimo no papel-moeda em poder do público (PMPP). Como os 
meios de pagamento M1 equivalem à soma de PMPP + DV, então, quando 
se faz um depósito à vista não há nem criação nem destruição de moeda. 
Apenas se transfere de PP (em poder do público) para DV (depósito à 
vista). Também quando se faz um saque por meio de cheque, cartão ou 
meio eletrônico não se cria nem se destrói moeda, apenas ocorre uma 
transferência de DV para PP. 
b. Criação de moeda: 
Diz-se que há criação de moeda quando se aumenta a oferta de moeda 
disponível na sociedade, ou seja, quando se aumenta o M1. 
 ▪ Exportadores trocam dólares por reais: Os exportadores recebem 
dólares como pagamento pelas suas vendas ao exterior. Porém, como 
Economia 9
seus compromissos no Brasil devem ser pagos em reais, eles vão ao 
Banco Central e vendem dólares, recebendo reais como pagamento 
=> aumenta o M1. 
 ▪ Empréstimos dos bancos comerciais ao setor privado: Os bancos tiram 
dinheiro de suas reservas e emprestam ao público => aumenta o M1. 
 ▪ Desconto de duplicata: Troca de um haver não monetário por moeda 
=> aumenta o M1. 
c. Destruição de moeda: 
Inversamente ao que ocorre com a criação de moeda, dizemos que há 
destruição de moeda quando se diminui a oferta de moeda na sociedade, 
ou seja, quando se diminui o M1. 
 ▪ Importadores trocam dólares por reais: Os importadores precisam de 
dólares para pagar compras realizadas no exterior. Eles vão ao Banco 
Central e compram dólares, entregando reais como pagamento => 
diminui o M1. 
 ▪ Resgate de um empréstimo bancário: O tomador do empréstimo vai 
ao banco e quita a dívida, entregando reais ao banco => diminui o M1. 
 ▪ Depósito em caderneta de poupança: O dinheiro estava como PMPP 
ou como DV, e o montante é transferido para a poupança, o que o BC 
considera como M2 => reduz o M1. 
4. O Sistema Financeiro Nacional 
Dois dos requisitos para avaliar o grau de desenvolvimento e a 
competitividade de um país são o tamanho e a diversificação de seu 
sistema financeiro. Um sistema maduro, forte, bem diversificado e bem 
regulado é condição necessária para atrair poupanças interna e externa 
e movimentar o lado monetário da economia. 
O sistema financeiro pressupõe a existência de agentes superavitários 
(poupadores) e de agentes deficitários (investidores). Os poupadores 
aplicam suas economias em ativos financeiros, sujeitando-se ao risco, 
e esperam obter alguma rentabilidade ou remuneração por isso. 
Do outro lado, estão os investidores, os empresários ou 
os empreendedores, que possuem um fator de 
produção muito importante: a capacidade 
empresarial. Eles têm a disposição 
para empreender, mas necessitam de 
financiamento para suportar os seus 
projetos. O sistema financeiro de 
um país é como um elo que une as 
duas pontas do mercado: os agentes 
superavitários depositam recursos 
no sistema, enquanto os agentes 
deficitários retiram esses recursos. 
Economia 10
O sistema financeiro nacional tem três entidades reguladoras e 
normativas, a saber: 
Figura 2: Entidades reguladoras e normativas do sistema financeiro. 
Vamos, aqui, abrir um parênteses para destacar o papel relevante do 
Banco Central dentro do sistema financeiro nacional. 
O Banco Central do Brasil é o órgão de execução das políticas traçadas 
pelo Conselho Monetário Nacional. Cabe a ele: 
 ▪ A emissão de papel-moeda e moeda metálica; 
 ▪ A execução dos serviços do meio circulante; 
 ▪ Os recebimentos e os recolhimentos compulsórios e os depósitos 
voluntários das instituições financeiras; 
 ▪ As operações de redesconto e empréstimos a instituiçõesfinanceiras 
e bancárias; 
 ▪ Exercer o controle do crédito; 
 ▪ Efetuar o controle dos capitais estrangeiros; 
 ▪ Ser depositário das reservas oficiais de ouro e moeda estrangeira;
 ▪ Ser depositário das receitas tributárias federais; 
 ▪ Exercer a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as 
penalidades previstas; 
 ▪ Conceder autorização para o funcionamento das instituições financeiras. 
Por essas responsabilidades, o BCB possui grande importância. Graças a 
elas, o Banco Central é considerado: 
 ▪ O “banco dos bancos”, pelo fato de receber depósitos compulsórios e 
voluntários das instituições financeiras e lhes fornecer empréstimos; 
 ▪ O “banco emissor de papel-moeda”, pelo fato de deter o monopólio de 
emissão de papel-moeda e moeda metálica; 
 ▪ O “banqueiro do governo”, por financiar o Tesouro Nacional mediante 
a colocação de títulos públicos e ser seu depositário de recursos. 
Por essa característica, o Banco Central também é chamado de 
“emprestador de última instância”, porque tem a capacidade de emprestar 
a quem atua no mercado, justamente emprestando dinheiro.
Economia 11
O sistema financeiro nacional é formado por instituições públicas e 
privadas, que atuam no mercado por meio de diversos instrumentos 
financeiros, seja na captação de recursos, na distribuição, ou na 
transferência de valores. As operações podem ser agrupadas em cinco 
grandes mercados:
Figura 3: Cinco mercados em que as operações são agrupadas. Fonte: Elaborado pelo autor. 
1. Mercado Monetário: Nele, são realizadas as operações de curtíssimo 
prazo (fundos de curto prazo, open market, hot money, CDI – 
Certificados de Depósito Bancário etc.) para suprir as necessidades de 
caixa dos agentes econômicos, incluindo as instituições financeiras. 
2. Mercado de Crédito: Nele, são atendidas as necessidades de recursos 
de curto, médio e longo prazos, principalmente para oferta de crédito 
para aquisição de bens de consumo duráveis ou capital de giro para 
as empresas. 
3. Mercado de Capitais (Mercado de Valores Mobiliários): Atende 
às necessidades de recursos a médio e longo prazos, com vistas 
a investimentos de capital. Aqui são negociados títulos como os 
commercial papers, debêntures, ações etc. 
4. Mercado Cambial: Atende às necessidades de compra e venda de 
moeda estrangeira, e as operações são realizadas pelos bancos e 
casas de câmbio autorizadas pelo Banco Central. 
5. Mercado de Seguros, Capitalização e Previdência: Atende às 
necessidades de formação de poupanças para fins específicos, 
como riscos, capitalização e obtenção de complementação de 
aposentadorias. 
Para atender a esses cinco mercados e sob a tutela das três entidades 
reguladoras e normativas, o sistema financeiro nacional é dividido em 
dois subsistemas: o subsistema de intermediação financeira, também 
chamado de subsistema operacional, e o subsistema normativo. 
Economia 12
No subsistema de intermediação financeira (ou operacional) estão 
as instituições financeiras bancárias e não bancárias, como o Sistema 
Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), as instituições auxiliares e 
as instituições não financeiras. Essas instituições atuam na intermediação 
financeira, e a função delas é operacionalizar a transferência de recursos 
entre fornecedores de fundos (poupadores) e os tomadores de recursos 
(investidores). Contempla, ainda, o Sistema Financeiro da Habitação 
(SFH), as Caixas Econômicas (a Federal e as estaduais), os bancos 
de desenvolvimento, como o Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social (BNDES), e os bancos de investimentos. 
No subsistema normativo, estão os três órgãos máximos do sistema, 
em termos de regulação, fiscalização e controle, que são o Conselho 
Monetário Nacional (CMN), o Banco Central (Bacen) e a Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM). Além desses, ainda podemos contar com 
o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) – composto pela 
Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Brasil Resseguros 
(IRB) – e o Conselho de Gestão Previdenciária Complementar (CGPC) – 
formado pela Secretaria de Previdência Complementar. 
5. A Taxa Selic
Você sabe que, no Brasil, a chamada taxa básica de juros é a Selic. 
A taxa Selic é a taxa de financiamento no mercado interbancário para 
operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos 
públicos federais, os quais são listados e negociados no Sistema 
Especial de Liquidação e Custódia, ou Selic. Em outras palavras, essa 
taxa é usada para operações de curtíssimo prazo entre os bancos, que, 
quando querem tomar recursos emprestados de outros bancos por um 
dia, oferecem títulos públicos como lastro, visando a reduzir o risco e, 
consequentemente, a remuneração da transação. 
Assim, como o risco final da transação acaba sendo efetivamente o do 
governo, pois seus títulos servem de lastro para a operação e o prazo 
é o mais curto possível, ou de apenas um dia, esta taxa acaba servindo 
de referência para todas as demais taxas de juros da economia. Ela não 
é fixa e varia praticamente todos os dias, mas dentro de um intervalo 
muito pequeno, já que, na maioria das vezes, ela tende a se aproximar 
da meta da Selic, determinada mensalmente pelo 
Copom, por ser também o principal mecanismo 
de controle da inflação. 
Em junho de 1996, foi instituído o Comitê 
de Política Monetária – Copom, com o 
objetivo de estabelecer as diretrizes da 
política monetária e definir a taxa de 
juros básica da economia, a taxa Selic. 
O Copom se reúne a cada 45 dias para 
fixar a taxa de juros Selic e indicar a sua 
Economia 13
tendência, e o faz depois de uma análise completa do cenário econômico 
interno e também da economia mundial. 
Você deve estar se perguntando: 
 ▪ Por que o Copom aumenta a taxa Selic? 
 ▪ Por que diminui? 
 ▪ Quais os efeitos do aumento ou da diminuição da taxa Selic para a 
sociedade? 
Vamos ajudá-lo com algumas informações, avaliando as consequências 
de um aumento ou de uma redução na taxa de juros Selic. 
O Copom reduz a taxa Selic: Imagine que essa foi a decisão do Copom 
em sua última reunião. Os membros do comitê podem ter tomado essa 
decisão porque a inflação está sob controle, o que permite aumentar a 
atividade econômica do país. 
Mas, como isso funciona? 
I. Quando o Copom reduz a taxa Selic, ele está sinalizando que vai pagar juros mais 
baixos para os títulos federais. 
II. Ocorre que os bancos comerciais são compradores de altíssimos volumes de 
títulos do governo. Mas, se esses títulos vão render menos, os bancos podem ter 
mais interesse em emprestar esse dinheiro à sociedade, e faz isso reduzindo as taxas 
de financiamento. Logo, ocorre uma expansão do crédito. 
III. Com taxas mais baratas para os empréstimos, há dinheiro farto e barato no 
mercado, e os consumidores e demais agentes deficitários aproveitam para se 
endividar e adquirir os bens de que necessitam. Logo, há um aumento na demanda 
por bens e serviços na sociedade. 
IV. Para atender ao aumento da demanda, as empresas contratam mais pessoas e 
mais fatores de produção, realizando maiores investimentos. Assim, dizemos que a 
economia está “aquecida”, pois tudo começou com a redução da taxa básica de juros, 
que é uma medida de política monetária expansionista. 
Vejamos, agora, como se dá o processo inverso: elevação da taxa Selic – 
Contração da economia. 
Suponha que, agora, o Copom tenha aumentado a taxa Selic: Imagine 
que essa foi a decisão do Copom em sua última reunião. Os membros 
do comitê podem ter tomado essa decisão porque a inflação está muito 
elevada, surgindo a necessidade de diminuir a atividade econômica. 
Mas, como isso funciona? 
I. Quando o Copom aumenta a taxa Selic, ele está sinalizando que vai pagar juros 
mais elevados para os títulos federais. 
II. Como os bancos comerciais são compradores de altíssimos volumes de títulos do 
governo, e estes vão render mais, os bancos podem ter interesse em direcionar mais 
recursos para a compra de títulos, em vez de emprestar esse dinheiro à sociedade.Como os bancos terão menos dinheiro para empréstimos ao mercado, o custo do 
dinheiro sobe, e os bancos aumentam as taxas de financiamento para a sociedade. 
Logo, ocorre uma contração do crédito. 
Economia 14
III. Com taxas mais elevadas para os empréstimos, não há mais dinheiro farto e barato 
no mercado. Pelo contrário, o dinheiro fica escasso e caro. Os consumidores e demais 
agentes deficitários reduzem a demanda por crédito e também a compra dos bens de 
que necessitam. Logo, há uma redução na demanda por bens e serviços na sociedade. 
Para se ajustar à redução da demanda, as empresas demitem trabalhadores, 
reduzem a aquisição de fatores de produção e realizam menos investimentos. 
Assim, dizemos que a economia está contraída e, em casos extremos, pode 
até estar em recessão, pois tudo começou com o aumento da taxa básica de 
juros, que é uma medida de política monetária contracionista. 
Nesta unidade, estudamos a economia monetária e vimos que a moeda 
tem três funções básicas: meio de pagamento ou de troca; unidade de 
conta ou de referência; e reserva de valor. Além disso, identificamos a 
diferença conceitual entre reserva de valor e poder de compra. 
Aprendemos que há tipos de moedas diferentes, e que é o Banco Central 
o responsável pelo controle da oferta de moeda, além de regularizar e 
fiscalizar o sistema financeiro e os agentes que nele atuam. Há, também, 
um meio de pagamento de liquidez imediata (M1), formado pelo PMPP + 
DV, e mais três outros meios de pagamento ampliados, que compõem a 
base monetária do país, sendo todos controlados pelo Banco Central. No 
mercado monetário, é possível criar ou destruir moeda. 
Por fim, aprendemos que, por meio da taxa básica de juros (Selic), o 
Copom aplica política monetária contracionista (elevando a taxa Selic) 
ou aplica política monetária expansionista (reduzindo a taxa Selic). 
Referências 
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 
2005.
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5 ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2008.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS. M. A. S. de (org.). Manual de economia. 
Equipe de professores da USP. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
ROSSETI, J. P. Introdução à economia. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Economia: micro e macro. 4 ed. 
São Paulo: Atlas, 2009.
______________. Fundamentos de economia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
Economia 15
	Economia Monetária
	Para início de conversa...
	Objetivos
	1. As Funções da Moeda 
	2. Os Tipos de Moedas 
	3. A Oferta Monetária e os Meios de Pagamento 
	4. O Sistema Financeiro Nacional 
	5. A Taxa Selic
	Referências

Mais conteúdos dessa disciplina