Buscar

Direito constitucional-apl-livro

Prévia do material em texto

Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 1 
 
 
 
 
 
PÓS-GRADUAÇÃO EM 
GESTÃO E GOVERNANÇA 
PÚBLICA 
 
DISCIPLINA 
Direito Constitucional Aplicado à 
Administração Pública 
Prof.º Lucas Paulo Orlando de Oliveira 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 3 
Palavra do Diretor 
Prezado Acadêmico da Faculdade Focus! 
Aprender requer organização e disciplina. O 
estudo a distância pode ser ainda mais 
proveitoso que o presencial, desde que você 
se dedique, crie o hábito de estudo e 
mantenha uma rotina diária, com horário 
específico, em local silencioso e que garanta 
boa concentração. 
 
A liberdade de poder estudar onde e como 
quiser é, de fato, um diferencial para sair na 
frente e alcançar as suas metas. Não 
procrastine o seu sucesso, pois somente 
uma boa educação é a garantia de uma 
carreira bem-sucedida. As portas do 
mercado de trabalho estão cada vez mais 
seletivas, por isso, ter a oportunidade de se aperfeiçoar sem sair de casa é uma chance 
importante para poder alçar novos voos e vislumbrar novas posições na carreira. 
 
O modelo de ensino a distância é um recurso tecnológico que não elimina a interação. 
Muito pelo contrário. O curso possibilita a todo momento canais de comunicação com 
seus tutores estão à disposição para sanar qualquer dúvida. A sala de aula só passou 
do físico para o campo virtual. 
 
No entanto, é bom estar atento que nessa modalidade você é o protagonista, visto 
que é o aluno o principal responsável para ser seu guia na rotina de estudos. É você 
que vai definir quando e como vai estudar, por isso, assuma as rédeas e aja focado no 
seu objetivo. 
Desejo a você uma excelente jornada de aprendizagem! 
 
Ruy Wagner Astrath 
Diretor Geral da Faculdade Focus 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 4 
Coordenador do Curso 
Olá, acadêmicos da Faculdade Focus! 
Os cursos de pós-graduação da Faculdade Focus são resultado da união entre a 
solidez acadêmica de uma das melhores Faculdades privadas do Brasil e a experiência 
de profissionais do mercado que são referência nas suas áreas de atuação. 
 
Os cursos de especialização foram 
desenvolvidos a partir das principais 
tendências e temáticas da atualidade e do 
futuro, sendo que nosso modelo oferece 
alto padrão de ensino, corpo docente de 
grande relevância, plataforma intuitiva e 
materiais de apoio atrativos e diferenciados, 
aliados a um excelente custo-benefício. 
 
E mais, com a modalidade online inovadora, 
é uma excelente opção de desenvolvimento 
profissional e acadêmico, o que permite que 
aquele que não tenha tempo disponível 
possa estudar no horário e local de sua 
escolha, de forma 100% online. 
 
É uma ótima oportunidade de ensino online, em que os alunos terão aulas com 
profissionais que são referência nacional e professores renomados do meio 
acadêmico, somadas a uma experiência digital diferenciada e interação entre os 
alunos de todo o Brasil. 
 
 
Prof. Helton Kramer Lustoza 
Coordenador do Curso 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 5 
Sumário 
Palavra do Diretor ............................................................................................................ 3 
Coordenador do Curso....................................................................................................... 4 
Sumário ............................................................................................................................ 5 
1 Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação histórica, 
abertura e flexibilidade ..................................................................................................... 7 
1.1 As raízes liberais ...................................................................................................................... 7 
1.2 As reflexões oriundas da Revolução Industrial .......................................................................... 9 
1.3 A dignidade para além dos muros e das grades ....................................................................... 10 
1.4 Considerações a respeito das dimensões dos direitos fundamentais ........................................ 11 
2 Análise do regime jurídico dos direitos ..................................................................... 12 
2.1 Natureza das normas jurídicas ................................................................................................ 12 
2.2 Direitos, deveres, garantias e remédios .................................................................................. 12 
2.3 Eficácia dos Direitos Fundamentais ......................................................................................... 13 
2.4 Catálogo dos Direitos Fundamentais no Direito brasileiro ....................................................... 13 
3 Liberdades e garantias individuais ........................................................................... 14 
3.1 O problema da liberdade........................................................................................................ 14 
3.2 Liberdade e liberdades ........................................................................................................... 15 
3.3 Liberdade da pessoafísica ...................................................................................................... 15 
3.4 Liberdade de pensamento ...................................................................................................... 16 
3.5 Liberdade de ação profissional ............................................................................................... 16 
4 Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e restrições ....................... 17 
4.1 Estamos condenados a interpretar ......................................................................................... 17 
4.2 A interpretação das regras ..................................................................................................... 18 
4.3 A interpretação dos princípios ................................................................................................ 18 
4.3.1 Herbert Hart ................................................................................................................................................ 19 
4.3.2 Robert Alexy ................................................................................................................................................ 19 
4.3.3 4.3.3. Ronald Dworkin ................................................................................................................................. 19 
5 Desenvolvimento legislativo dos direitos fundamentais ........................................... 20 
5.1 A eficácia das normas constitucionais ..................................................................................... 20 
5.2 A relação de limites ................................................................................................................ 20 
6 Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à vida, 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 6 
liberdade e propriedade .................................................................................................. 21 
6.1 Dignidade da pessoa humana ................................................................................................. 21 
6.2 Direito à vida ......................................................................................................................... 22 
6.3 Direito à liberdade ................................................................................................................. 23 
6.4 Direito à igualdade ................................................................................................................. 24 
6.5 Direito à propriedade ............................................................................................................. 25 
6.6 Direito à segurança ................................................................................................................ 26 
7 O problema dos direitos sociais a prestações ............................................................ 26 
7.1 Caso 1 .................................................................................................................................... 27 
7.2 Caso 2 .................................................................................................................................... 28 
8 Nacionalidade .......................................................................................................... 29 
8.1 Conceito ................................................................................................................................ 29 
8.2 8.2 Referência de nação ......................................................................................................... 29 
8.3 Reconhecimento da nacionalidade ......................................................................................... 29 
8.4 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros nato ................................................................... 30 
8.5 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros naturalizados ..................................................... 30 
8.6 Tratamento diferenciado (art. 12, §2º) entre brasileiros natos e naturalizados ........................ 32 
8.7 8.7 Extradição ........................................................................................................................ 33 
8.8 Perda da Nacionalidade ......................................................................................................... 33 
9 Direitos Políticos ...................................................................................................... 34 
 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 7 
1 Estudo da centralidade dos direitos humanos e 
fundamentais: formação histórica, abertura e flexibilidade 
Os direitos fundamentais podem ser concebidos como grandes utopias1. A liberdade 
ou a igualdade que faltam em uma época, a partir da organização de diferentes 
mobilizações sociais, é traduzida em direitos para a geração seguinte, de forma que é 
a experiência histórica a grande força parturiente dos direitos que serão adiante 
estudados. 
 
1.1 As raízes liberais 
No contexto da modernidade os direitos fundamentais surgem com o grande objetivo 
de limitar a atuação do poder Soberano. Como primeiro exemplo histórico tem-se a 
Manga Charta Libertatum, que em 1215 sintetizou o acordo realizado ente barões, 
membros do clero e o Rei João Sem-Terra, de forma que o monarca teve que se 
comprometer a não violar determinadas regras que foram estabelecidas. As normas 
que foram de interesse dos grupos envolvidos dizem respeito a limites ao 
estabelecimento de tributos e obrigações por parte do Rei contra os súditos, 
observância do devido processo legal e autonomia da Igreja, por exemplo. 
 
Posteriormente, o Estado absolutista ganha força a concepção de Thomas Hobbes, 
grande teórico do absolutismo, a finalidade do Estado era de manter a paz. Para tanto, 
seria legítimo o emprego de qualquer violência por parte do Soberano, de forma que 
tal mentalidade acabou por servir de justificação teórica para uma série de barbáries 
contra os grupos de oposição política. 
 
Como contraposição a essa proposta, ocorrem as revoluções burguesas. A primeira 
que se registra, sob inspiração do pensamento de John Locke, é a revolução gloriosa 
na Inglaterra em 1688. Nesse contexto o Rei Guilherme III consente em governar o 
Reino Unido com limitações estabelecidas pelo parlamento inglês. As limitações, uma 
 
1 O emprego da palavra aqui segue o verbete formulado por Suzana Albornoz: “Onde se encontre um grupo identificado 
com a transformação e o aperfeiçoamento do mundo humano, lá se encontra presente a força da utopia” p. 8. 
ALBORNOZ, Suzana. Utopia. Disponível em https://www.academia.edu/5804538/Utopia_um_verbete_2009_. Acesso 
em 09/03/2021. 
https://www.academia.edu/5804538/Utopia_um_verbete_2009_
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 8 
vez mais, dizem respeito à autonomia da Igreja frente à autoridade estatal, a 
impossibilidade de suspender leis elaboradas pelo Parlamento, referências ao 
tratamento igualitário perante a lei e liberdade para eleições legislativas. 
 
Em seguida exsurge a revolução americana, que em 1776 foi responsável por 
assegurar a independência das Treze Colônias (futuro Estados Unidos da América) do 
trono inglês. Para evitar os arbítrios suportados sob o mando da monarquia inglesa, 
os revolucionários americanos reconheceram uma série de direitos como sendo 
naturais, isto é, que independeriam doreconhecimento por parte do Estado. Seriam 
eles: “o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a 
propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança”2. Note-se, assim, que tais 
direitos estariam como reservas, proteções em favor das pessoas, frente às decisões 
que a Administração Pública poderia legitimamente tomar. Esse movimento é 
importante porque afirma o propósito do nascimento dos direitos 
humanos/fundamentais, que é o de colocar limites ao exercício do poder estatal. 
 
Em seguida, tem-se a Revolução Francesa (1789-1799). Um dos principais legados que 
pode ser identificado nesse contexto é a possibilidade de ruptura por meio da 
constituição. Ou seja, por meio de uma assembleia nacional constituinte, é possível 
moldar novos parâmetros para a sociedade, de forma muito diversa daqueles que 
antes tinham vigência. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em 
seu art. 2º, reconheceu como direitos naturais “a liberdade, a propriedade a segurança 
e a resistência à opressão”. Já em seu art. 16 apresentou um primeiro conceito sobre 
o que seria uma constituição: “A sociedade em que não esteja assegurada a garantia 
dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição”. Assim, 
para que haja uma constituição, é preciso, desde essa referência, que haja a 
distribuição dos poderes e a declaração dos direitos. 
 
 
2 Art. I. ESTADOS UNIDOS. Declaração do bom povo da Virgínia. 16 de junho de 1776. Disponível em 
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-
das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-bom-povo-de-virginia-1776.html. Acesso em 
09/03/2021. 
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-bom-povo-de-virginia-1776.html
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-de-direitos-do-bom-povo-de-virginia-1776.html
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 9 
1.2 As reflexões oriundas da Revolução Industrial 
Após a ascensão da classe burguesa ao Poder estatal, o discurso que esta sustentava 
a respeito da necessidade de reconhecimento de direitos para além das instituições 
do estado perde força. Agora, com o controle da gestão estatal em suas próprias 
mãos, a existência de tais direitos transformava-se em força revolucionária para outras 
classes e uma ameaça para os burgueses. Nesse contexto, o pensamento positivista 
surge como alternativa ao jusnaturalismo. 
O processo de desenvolvimento industrial vivenciado especialmente por Inglaterra e 
França acabaram por promover uma grande concentração populacional. Para o 
controle e disciplina de tal contingente inédito, foi necessário remoldar a concepção 
de direito e o papel do Estado. 
Um exercício interessante de se realizar aqui é o seguinte. Pense que você mora em 
uma quitinete, com um quarto e um banheiro, além de algum espaço para uma 
cozinha e uma área de serviço. De repente, em um curto espaço de tempo, outras 5 
pessoas venham morar junto contigo nesse mesmo espaço. Esse pequeno exercício 
permite pensar uma proporção semelhante a que foi vivenciada por esses centros 
urbanos nesse contexto histórico. 
Agora, com muitas mais pessoas, todo um aparato de segurança pública foi 
desenvolvido. Também aumentou exponencialmente o risco social. O trabalho do 
homem junto à máquina foi responsável por incapacitar muitas pessoas, temporária 
ou permanentemente, para o desenvolvimento de seus trabalhos. Assim, nasce a 
preocupação com direitos de seguridade social, entendidos como a saúde, a 
previdência e a assistência social. 
A educação torna-se instrumento de controle social, porque retira o tempo livre e a 
liberdade de circulação das muitas crianças das famílias desse tempo, além de permitir 
que estas se qualifiquem para trabalhar nas indústrias, cada vez mais necessitadas de 
mão de obra com um mínimo de qualificação para a operação do novo maquinário. 
E, por fim, a propriedade que antes era tratada como um direito natural e sagrado 
começa a ser contestada. Isso porque se antes era o poder político o Leviatã 
responsável pela violação das liberdades individuais, agora é a propriedade privada, 
sem compromisso com qualquer responsabilidade social, quer transforma o homem 
e lobo do homem. Dessa forma, nascem constituições preocupadas em proteger os 
direitos acima mencionados e, também, estabelecer limites à livre iniciativa e à 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 10 
propriedade privada, em atenção a construção de uma ordem econômica 
comprometida com a dignidade humana. 
 
Como exemplos de Constituições forjadas sob inspiração dessa experiência industrial, 
tem-se a Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar (alemã) de 1919. 
 
1.3 A dignidade para além dos muros e das grades 
É possível compreender as duas grandes guerras mundiais como eventos 
correlacionados. A humanidade nunca matou tanto e de forma tão rápida. O Direito e 
o Estado foram grandes cúmplices dessas atrocidades, uma vez que o primeiro 
legitimou as ações cataclísmicas promovidas pelo segundo. 
 
Após os confrontos, grandes reflexões foram necessárias. Uma das principais 
transformações que podem ser percebidas em relação ao direito é que este se 
desenvolveu para impedir que novas atrocidades viessem a ser perpetradas pelos 
agentes de Estado. Dessa forma, a dignidade da pessoa humana exsurge no pós-
guerra como o remédio necessário para evitar que as sociedades humanas 
colapsassem como outrora. 
 
Como exemplos desse processo, tem-se a Declaração Universal de Direitos Humanos 
de 1948 e a Lei Fundamental de Bonn (equivalente à Constituição da Alemanha 
Ocidental de 1949), ambas com referências expressas à dignidade da pessoa humana, 
concebida agora não apenas em seu sentido econômico, mas também em seu sentido 
existencial, espraiando-se para as diferentes áreas da tutela jurídica e de ação do 
Estado. 
 
A síntese das dimensões dos direitos fundamentais, pode ser apresentada a partir da 
seguinte tabela: 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação 
histórica, abertura e flexibilidade 
www.faculdadefocus.com.br | 11 
1.4 Considerações a respeito das dimensões dos direitos fundamentais 
A perspectiva histórica pode ser sintetizada a partir da seguinte tabela: 
 
Note-se que a organização por dimensões/gerações apenas apresenta um propósito 
didático. É possível realizar críticas, à luz do desenvolvimento histórico detalhada. No 
entanto, a tabela acima pretende ser uma ferramenta de síntese e trabalha como 
balizadora dos principais conceitos exigidos em concursos públicos a respeito desse 
conteúdo. 
 
Por fim, destaca-se que a perspectiva das dimensões exige uma leitura de caráter 
complementar e interdependente. Isso porque as dimensões seguintes 
complementam as anteriores e há uma dependência recíproca. A título de exemplo, o 
direito à vida (primeira dimensão) é complementado e possui dependência do 
reconhecimento à saúde e meio ambiente (segunda e terceira dimensões). 
 
 
Fundamento 
epistemológico 
Dimensão/geração Titularidade Exemplo Data Documento 
Jusnaturalismo – 
Razão humana 
1ª – Freios ao 
exercício do poder 
político – inauguração 
do Estado de Direito e 
divisão dos Poderes 
Individual (a 
vida, a 
propriedade, a 
liberdade são 
sempre do 
indivíduo)Propriedade, liberdade de 
expressão, liberdade 
religiosa, liberdade 
comercial, vida, 
resistência à opressão 
(devido processo legal). 
XVI – 
XVIII 
Declaração 
do Homem e 
do Cidadão - 
1789 
Positivismo 2ª Coletiva Direitos trabalhistas, 
educação, saúde, 
previdência. 
XIX – XX Constituição 
do México 
Pós-positivismo 3ª Transindividual Autodeterminação dos 
povos/progresso/meio 
ambiente 
Segunda 
metade 
do século 
XX 
Declaração 
Universal de 
Direitos 
Humanos 
Pós-positivismo 4ª Transindividual Democracia/patrimônio 
genético 
Segunda 
metade 
do século 
XX 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Análise do regime jurídico dos direitos 
www.faculdadefocus.com.br | 12 
2 Análise do regime jurídico dos direitos 
 
2.1 Natureza das normas jurídicas 
Os princípios são normas prima facie, isto é, comandos genéricos e que, em caso de 
conflito com outro princípio, há a resolução por ponderação/proporcionalidade. 
Exemplo de princípios são a vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade que 
estão previstos no art. 5º, caput, CF, 
 
As regras são comandos mais específicos. Em caso de conflito com os princípios, caso 
sejam as regras de reconhecida constitucionalidade, estas prevalecem em detrimento 
daqueles. Se houver conflito entre regras, se resolve pelas regras de solução de 
antinomias jurídicas, aplicando-se, por ordem, o critério de hierarquia, especialidade 
e cronológico. Um exemplo de regra constitucional é o art. 5º, XI que prevê a 
inviolabilidade de domicílio. 
 
2.2 Direitos, deveres, garantias e remédios 
Os direitos fundamentais podem ser definidos como disposições declaratórias. É na 
história da humanidade que se encontram as referências necessárias para o 
reconhecimento daquilo que é fundamental para uma existência digna. Por isso, não 
se pode pensar que os atuais direitos fundamentais sejam resultado de um processo 
natural, mas sim histórico e encarnado na humanidade. Tampouco pode-se pressupor 
que os atuais direitos sempre serão assim reconhecidos. A dinâmica própria dos 
tempos históricos pode apontar a necessidade do reconhecimento de conteúdos 
ainda não previstos, como também pode indicar que um determinado conteúdo já 
não mais é revestido da mesma fundamentalidade. 
 
Uma garantia jurídica é uma proteção a um direito, que, por definição é uma 
disposição declaratória. Isto é, a garantia protege um conteúdo que é um direito 
fundamental. Por exemplo, o art. 5º, caput, CF apresenta o direito à vida e o art. 5º, III 
prevê a garantia à vedação de tortura. 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Análise do regime jurídico dos direitos 
www.faculdadefocus.com.br | 13 
Já os remédios constitucionais são espécie qualificada de garantias, porque além de 
proteger um direito fundamental, ainda provocam a atuação do Estado para a 
proteção a um direito fundamental. Para exemplos de remédios constitucionais, 
confira a tabelinha nos tópicos seguintes. Há quem diga que a Constituição Federal 
de 1988 prevê muitos direitos e poucos deveres. No entanto, essa afirmação não é 
correta. O Título II da Constituição Federal é permeado de deveres que são próprios 
do exercício da cidadania. Exemplos desses deveres podem ser encontrados no art. 
5º, XXIII, XXIV e XXV. 
 
2.3 Eficácia dos Direitos Fundamentais 
a) Vertical: implica no reconhecimento de que os Direitos e Garantias Fundamentais 
incidem na relação entre o Estado e o cidadão ou cidadãos. 
b) Horizontal: é a eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre os 
particulares, mesmo quando não há interesse estatal. O STF reconhece a eficácia 
horizontal dos direitos fundamentais em sua jurisprudência. 
 
2.4 Catálogo dos Direitos Fundamentais no Direito brasileiro 
A Constituição apresenta o Título II, de extensão do art. 5º ao 17 como sendo “Dos 
direitos e garantias fundamentais”. No entanto, há outros direitos e garantias 
fundamentais em artigos constitucionais compreendidos fora deste intervalo, como o 
caso do direito ao meio ambiente (art. 225) e da garantia das decisões judiciais 
fundamentadas (art. 93, IX). 
 
Também em legislações infraconstitucionais é possível identificar direitos 
fundamentais não previstos expressamente no texto constitucional, como é o caso do 
nome, previsto no art. 16 do Código Civil. 
 
Por fim, a Constituição reconhece como possível a existência de direito fundamentais 
previstos em Tratados Internacionais (art. 5º, §2º), sendo que se o Tratado for 
aprovado em procedimento semelhante ao de Proposta de Emenda à Constituição 
terá hierarquia equiparada (art. 5º, §3º). 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Liberdades e garantias individuais 
www.faculdadefocus.com.br | 14 
3 Liberdades e garantias individuais 
3.1 O problema da liberdade 
Assim como é próprio das reflexões a respeito dos direitos fundamentais, a liberdade 
possui uma dimensão histórica. Para ilustrar essa reflexão pode-se pensar que durante 
a década de 1980 nenhuma pessoa no mundo se sentiria violada em sua liberdade se 
não tivesse acesso à internet. Atualmente, se um Governo pretender restringir esse 
acesso, despertará uma grande resistência popular. A liberdade de acesso à internet 
se incorporou não apenas às teorias a respeito dos direitos fundamentais, mas 
também às políticas públicas. 
 
Por vezes, as construções inerentes às liberdades padecem com algumas aparentes 
contradições. Por exemplo, para que todos possam ir e vir é necessário, por vezes, que 
regras sejam estabelecidas e a liberdade de locomoção, dessa forma, também sofra 
restrições. Uma forma de pensar isso é que podemos viajar para qualquer lugar do 
mundo, desde que se obtenha a documentação adequada e se atenda aos demais 
requisitos que um Estado estrangeiro pode exigir para o ingresso em seu território. 
 
Também é possível pensar a liberdade em sua perspectiva formal, isto é, aquele 
conforme a legislação em abstrato prevê. Em contrapartida, é possível se pense 
também a liberdade em seu sentido material, aquela que, de fato, permite a realização 
de uma escolha por parte da pessoa. 
 
Um exemplo de aplicação desses dois conceitos é a possibilidade de a Constituição 
prevê, no art. 5º, XV, que cada pessoa pode escolher a sua própria profissão. Essa seria 
uma liberdade formal. No entanto, se a pessoa não tiver acesso à educação ou mesmo 
não puder frequentar o curso que a qualifique para a profissão escolhida, a liberdade 
prevista em lei não encontrará correspondência prática. Dessa forma, é preciso pensar 
que uma espécie de liberdade complementa a outra. 
 
Por fim, é somente na democracia, que atribui a cada um senso de responsabilidade 
consigo e com o coletivo, que ocorre a possibilidade da verdadeira liberdade. 
 
O problema da liberdade: Conteúdo historico; Liberdade e necessidade; Liberdade formal e liberdade material; Liberdade e democracia.
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Liberdades e garantias individuais 
www.faculdadefocus.com.br | 15 
3.2 Liberdade e liberdades 
A lei tem um papel de destaque em relação às matérias pertinentes à liberdade. Ao 
contrário do que pode supor o senso comum, a existência das leis, por si, não implica 
uma burocracia nefasta ou mesmo arbítrio estatal. Ao contrário, a legalidade nasce 
como forma de se conter os ímpetos do Estado-Leviatã. Para o cidadão a legalidade 
significa que ele pode ser absolutamente tudo o que lhe aprouver (art. 5º, II, CF), desde 
que não seja proibido por lei. Já para a administração pública, nada se pode fazer, a 
menos que haja previsão legal (art. 37, caput, CF). 
 
Dessa forma, tem-se em favor das pessoas a segurança de que a administração pública 
nada fará que lhe causará surpresas, há que os agentes públicos ficam limitados em 
sua ação, aos exatos termos permitidos pelos representantes do povo. 
 
3.3Liberdade da pessoa física 
Uma das principais liberdades consagradas pelo constitucionalismo é a liberdade de 
locomoção. Ela se alicerça na preocupação de que a prisão não seja instrumentalizada 
para fins arbitrários por parte daqueles que compõe a administração pública. 
 
No art. 5º, XV há a previsão de livre circulação no território nacional, inclusive com a 
previsão de entrada e saída, com os bens, em tempos de paz, de que haja o 
cumprimento das disposições legais pertinentes. Assim, desde que por meio de lei, é 
possível limitar a circulação de pessoas no território nacional, impedir o ingresso ou 
egresso. 
 
Há ainda as previsões pertinentes à segurança pessoal. No art. 5º, XLV há a garantia 
de que nenhuma pena passará da pessoa do acusado, o que impede, por exemplo, os 
pais serem responsabilizados pelos crimes eventualmente cometidos pelos filhos. 
 
Por fim, registram-se os remédios constitucionais do habeas corpus, com guarida no 
art. 5º, LXVIII, e do mandado de segurança, com fundamento no art. 5º LXIX e LXX, 
que provoca a atuação do Estado, se houver a violação do direito de locomoção de 
Locomocão; segurança pessoal; Circulação.
Highlight
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Liberdades e garantias individuais 
www.faculdadefocus.com.br | 16 
forma arbitrária ou ilegal ou violação a direito líquido e certo. 
 
3.4 Liberdade de pensamento 
A liberdade pensamento é fundamental para o regime democrático. Isso porque 
permite que haja a manifestação de concordância ou oposição ao exercício do poder 
político. Há previsão dessa liberdade no art. 5º, IV, que também veda o anonimato, 
em virtude da necessidade de responsabilização pelos atos decorrentes dessa 
liberdade, que, eventualmente, extrapolarem o exercício legítimo do direito. 
Também no âmbito do art. 5º, VI há liberdade de consciência, além da liberdade de 
crença. No caso da liberdade de consciência, a previsão constitucional assegura que 
as pessoas possam, sem a intervenção do Estado, desenvolver suas perspectivas de 
mundo, ideologias ou filosofias de vida. 
 
Nesse sentido, no capítulo da Comunicação Social no Título da Ordem Social, art. 220, 
há a previsão de que a liberdade de pensamento não sofrerá qualquer restrição por 
parte do Estado. 
 
De outro giro, também é possível reconhecer a liberdade religiosa, irmã gêmea da 
liberdade de pensamento. No art. 5º, VI é prevista tal liberdade. No art. 5º, VII há a 
garantia de que haverá a prestação de serviços religiosos mesmo em entidades de 
internação coletiva. Por fim, no art. 5º, VIII, se assegura que ninguém será privado de 
direito fundamental por motivos de crença religiosa ou de convicção filosófica. 
 
O Estado brasileiro que durante os tempos da monarquia foi confessional, isto é, tinha 
uma religião como própria, hoje não mais possui essa característica. Inclusive, há 
vedação expressa nesse sentido, nos termos do art. 19, I, CF. 
 
3.5 Liberdade de ação profissional 
Por fim, há a previsão de liberdade profissional. Conforme o art. 5º, XIII o Estado 
brasileiro não pode interferir na escolha da profissão das pessoas. Isto é, não seria 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e restrições 
www.faculdadefocus.com.br | 17 
legítimo um projeto de lei que determinasse que um grupo de pessoas, forçadamente, 
realizasse determinado curso em detrimento de outro regularmente disponível. 
 
No entanto, é possível que a administração pública invista mais ou disponibilize mais 
recursos para a qualificação de determinada profissão do que de outras. Como por 
exemplo, diante de uma crise sanitária, é possível que seja investido mais na formação 
de profissionais da saúde do que na formação de engenheiros civis. Mas, a escolha 
para que as pessoas ainda assim, caso queiram, tenham acesso ao curso de engenharia 
não pode ser tolhida. 
 
Outro ponto que merece destaque é a possibilidade de regulamentação das 
profissões. Caso o Estado brasileiro entenda que há risco para a coletividade, é 
possível que estabeleça critérios para o exercício de determinada profissão. Como por 
exemplo, o STF já decidiu que não é legítima a regulamentação para o caso dos 
musicistas. No entanto, para a prática da medicina são legítimos os critérios 
normativos que exigem a formação específica. 
 
4 Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e 
restrições 
4.1 Estamos condenados a interpretar 
Não há texto que seja claro a tal ponto que dispense a interpretação. No direito, a 
norma é sempre resultado de um processo interpretativo que se estabelece a partir 
do texto. 
 
Dessa forma, algumas técnicas são necessárias para que a interpretação ocorra de 
forma adequada. 
Texto Interpretação Norma
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e restrições 
www.faculdadefocus.com.br | 18 
4.2 A interpretação das regras 
Normalmente os textos das regras acabam por impor limites. Se, por exemplo, um 
texto estabelece que cada Estado tenha três Senadores, não é possível que uma 
interpretação indique a possibilidade de quatro representantes por Estado. Ou ainda, 
se uma regra impõe que o mandato de um Deputado Federal seja de quatro anos, há 
o limite mínimo e máximo que se estabelece a partir desse comando. 
 
Diante de um conflito entre regra e princípio deve prevalecer a regra, justamente 
porque a sua delimitação é virtude de segurança jurídica (art. 5º, II, CF). No entanto, 
se a regra for considerada inconstitucional, aí, então, será possível recorrer-se ao 
princípio para a fundamentação da decisão. 
 
Outro ponto de inflexão é o caso da previsão de exceções. Uma regra pode não ser 
aplicada se houver previsões específicas de exceção. No caso da Constituição, pode-
se citar que a autonomia dos Estados e do Distrito Federal será respeitada pela União, 
com exceção das hipóteses previstas no art. 34. 
 
Assim, as regras apresentam um limite mais evidente ao intérprete e, com isso, 
implicam uma maior segurança jurídica. 
 
4.3 A interpretação dos princípios 
Já para os princípios, entendidos como comandos mais genéricos, não é possível 
identificar de forma tão clara os limites interpretativos, o que muitas vezes implica no 
exercício de discricionariedade por parte do intérprete. 
 
Alguns teóricos do direito já se debruçaram sobre a questão das decisões judiciais 
discricionárias. Abaixo há uma breve seleção de algumas das propostas elaboradas 
por esses pensadores. 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e restrições 
www.faculdadefocus.com.br | 19 
4.3.1 Herbert Hart 
Hart apresenta a novação de normas que possuem textura fechada e textura aberta. 
No caso da textura fechada, há o exercício tradicional de subsunção do fato à norma, 
conforme o silogismo dedutivo da lógica tradicional. Porém, a textura aberta resta 
configurada quando o intérprete pode conferir mais de um sentido ao texto da norma. 
 
Nesses casos, o autor adepto do positivismo jurídico, reconhece que caberia o 
intérprete a realização de uma escolha para o caso concreto, atentando-se sempre às 
virtudes judiciais da imparcialidade, da igual consideração dos interesses envolvidos e 
à possibilidade de que a decisão naquele caso possa ser considerada como regra para 
outros casos semelhantes. 
 
4.3.2 Robert Alexy 
No caso de Robert Alexy para as regras há a aplicação da subsunção também. A 
inovação do autor alemão ocorre para o caso de colisão entre dois princípios. Nesse 
caso, Alexy propõe um procedimento de três etapas: a) adequação; b) necessidade; e 
c) proporcionalidade em sentido estrito. 
 
A fase da adequação consiste na identificação de quais são os princípios colidentes 
em um caso concreto. Na sequência anecessidade impõe que haja o máximo 
aproveitamento de ambos os princípios. Por fim, a proporcionalidade em sentido 
estrito se traduz como um comando onde os sacrifícios de parte de um princípio deve 
encontrar igual correspondência na percepção de proveito do outro. 
 
4.3.3 4.3.3. Ronald Dworkin 
Por fim, Ronaldo Dworkin confere aos princípios uma dimensão de peso. O autor 
coloca o direito em uma perspectiva histórica, onde determinados princípios acabam 
encontrando precedência em relação ao outros diante de determinado caso. Assim, a 
partir de uma determinada comunidade, seria possível que o intérprete, 
compreendendo o processo histórico, pudesse identificar em uma situação concreta 
qual princípio teria maior peso em um caso concreto. 
Regra de Coalisão: Adequação; Necessidade; Proporcionalidade em sentido estrito.
Uso dos principios diverso das regras; Principios não possuem pedigree; Chain novel; Dimensão de peso ou importância.
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Desenvolvimento legislativo dos direitos fundamentais 
www.faculdadefocus.com.br | 20 
5 Desenvolvimento legislativo dos direitos fundamentais 
Por mais detalhada que seja a Constituição Federal de 1988 ela não comporta todas 
as previsões necessárias para a determinação da extensão e efetividade dos direitos 
fundamentais, de tal modo que se faz necessário o desenvolvimento legislativo de tais 
direitos. 
 
5.1 A eficácia das normas constitucionais 
1) Plena: possui produção integral de efeitos e não pode sofrer restrição por 
legislação infraconstitucional. Ex: art. 5º, III, CF. 
2) Contida: é criada com produção integral de efeitos, mas pode sofrer restrição 
mediante legislação infraconstitucional, por previsão expressa. Ex: art. 5º, XIII, CF. 
3) Limitada: nasce com um comando normativo genérico que, por si, não permite a 
produção de efeitos diretos. Subdivide-se em : 
a) Instituidora: cria uma obrigação para que se legisle a respeito de determinado 
assunto. Ex: art. 5º, XXXII, CF. 
b) Programática: estabelece objetivos para o desenvolvimento futuro do 
ordenamento jurídico. Ex: art. 3º, CF. 
 
5.2 A relação de limites 
Por certo que as normas constitucionais estabelecem os parâmetros a serem 
observados pelo legislador ordinário em sua atividade. Dessa forma, as normas 
infraconstitucionais devem sempre se atentar aos critérios que a própria Constituição 
Federal apresenta. 
 
Um bom exemplo dessa relação é o art. 5º, XII, que prevê a possibilidade da 
relativização do sigilo das comunicações para fins de investigação ou instrução 
processual penal. 
 
A Lei correspondente, que estabelece os termos para o exercício de tal relativização, 
é a Lei 9.296/96, que se ateve aos parâmetros fixados pela Constituição e, além disso, 
ainda determinou que a intercepção das comunicações apenas seria possível se 
Vigência: existencia e/ou validade da norma juridica;
Eficacia: aplicabilidade/execuoriedade ou exiibilidade da norma.
Efetividade: a concretização do direito na dimensão social.
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à 
vida, liberdade e propriedade 
www.faculdadefocus.com.br | 21 
atendidos os requisitos do art. 2º, cumulativamente, quais sejam: a) existência de 
indícios de autoria de infração penal; b) a intercepção ser o último recurso para 
produção probatória; e c) o crime investigado ser punido com pena de reclusão. 
 
Dessa forma, percebe-se que houve a preservação da proteção constitucionalmente 
dispensada ao sigilo das comunicações, inclusive pelo desenvolvimento legislativo 
infraconstitucional. 
 
6 Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa 
humana, direito à vida, liberdade e propriedade 
6.1 Dignidade da pessoa humana 
A história da dignidade da pessoa humana no constitucionalismo encontra amparo na 
Constituição de Weimar, que em seu art. 151 determinava que a ordem econômica 
deveria assegurar a todos a existência digna. 
 
O Brasil, inspirado na constituição alemã, previu a mesma relação entre a economia e 
a dignidade da pessoa humana na Constituição Federal de 1934, mais precisamente 
no art. 115. 
 
Note-se, portanto, que a dignidade humana no contexto constitucional teve seu 
nascimento referenciado nos movimentos de contestação da exploração econômica 
promovida pelo capitalismo industrial ao longo do século XIX e início do século XX. 
 
No entanto, com a II Guerra Mundial houve uma ampliação do contexto de dignidade, 
de forma que o Estado passou a ser um grande violador dessa referência ao longo 
dos dois grandes confrontos mundiais da primeira metade daquele marco histórico. 
 
Assim, a Declaração Universal de Direitos Humanos criada em 1948 incorporou 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à 
vida, liberdade e propriedade 
www.faculdadefocus.com.br | 22 
expressamente a referência à dignidade humana em um sentido mais amplo do que 
a tradição constitucionalista havia conferido até então. No preâmbulo da Declaração 
é possível ler: “Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os 
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento 
da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, 
 
Por sua vez, inspirada nas feridas abertas pelos confrontos mundiais e na Declaração 
que os sucedeu, a Lei Fundamental de Bonn, equivalente à constituição da Alemanha 
Ocidental após a II Guerra Mundial afirmou em seu art. 1º que a dignidade da pessoa 
humana é inviolável. Respeitá-la e protegê-la, a partir de então, seria um dever do 
Estado alemão e de todas as suas autoridades. 
 
Inspirados na Lei Fundamental de Bonn os constitucionalistas brasileiros responsáveis 
pelo texto da Constituição Federal de 1988 inseriram também essa previsão no art. 1º, 
III, de forma a preservar o sentido mais amplo constituído a partir dessas experiências 
históricas. 
 
6.2 Direito à vida 
O início da vida no direito brasileiro não é definido em termos claros. Por uma 
perspectiva de bioética ou mesmo religiosa é possível defender diferentes marcos, 
porém, para o contexto do direito ainda não há uma definição precisa. Assim é 
possível que haja algumas relativizações para o reconhecimento da vida intrauterina, 
como o caso da permissão de interrupção da gravidez em casos de risco de morte à 
mulher (art. 128, I, CP) e em casos de estupro (art. 128, II, CP). 
 
Por decisão no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 
54, o Supremo Tribunal Federal reconhecer a possiblidade de interrupção da gravidez 
em casos de anencefalia. 
 
A discussão a respeito da possibilidade da mulher interromper a gravidez com base 
no direito à liberdade reprodutiva e direito ao próprio corpo foi reconhecido pelo 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à 
vida, liberdade e propriedade 
www.faculdadefocus.com.br | 23 
Habeas Corpus 124.306 julgado pela 1ª Turma do STF. A respeito dessa discussão a 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 está em fase final de 
tramitação e aguardando voto da Relatora, Ministra Rosa Weber e, em seguida, 
designação de data de julgamento pelo plenário para que então haja uma posição 
vinculante sobre essa possibilidade. 
 
Já, na outra ponta, a respeito do fim da vida, é possível reconhecer algumas situações 
em que o ordenamento jurídico não pune o cometimento de homicídio, como os 
casos de estado de necessidade, previsto pelo art. 24, CP e legítima defesa, na forma 
do art. 25, CP. 
 
Em que pese a pena de morte ser vedada como regra pela Constituição Federal – art. 
5º, XLVII, alínea “a” – há possibilidade de que ela seja cominada para transgressões 
penais emsituação de guerra declarada. Tais hipóteses de punição estão previstas 
pelo Código Penal Militar - Decreto-lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969. 
 
Por fim, o STF já decidiu que não há comando constitucional para regulamentação da 
prática de eutanásia no Brasil – MI 6.825, permanecendo vedada pela legislação atual. 
Porém, a possibilidade do paciente não se submeter a tratamento (ortotanásia) é 
assegurada. Por sua vez a distanásia, que consiste na prática de prolongamento 
indevido da vida, a um grande custo ou grande dor, é considerada como espécie de 
tortura. 
 
6.3 Direito à liberdade 
A liberdade aparece como o segundo princípio de direito previsto pelo art. 5º, caput, 
da Constituição Federal de 1988. Como já abordado anteriormente, há possibilidade 
de que esse conceito seja dividido entre liberdade formal e material. 
 
No primeiro caso, tem-se a proteção legal para que a pessoa realize determinada 
conduta, como o caso da liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF) ou mesmo a 
liberdade de pensamento (art. 5º, IV, CF). Essa precisão é de extrema importância 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à 
vida, liberdade e propriedade 
www.faculdadefocus.com.br | 24 
porque confere segurança ao exercício de tais prerrogativas pelas pessoas. 
 
Porém, apenas a previsão normativa não basta, de forma que também são necessárias 
as condições socioeconômicas para que as liberdades asseguradas pelo ordenamento 
jurídico se tornem possibilidades concretas nas vidas das pessoas. 
 
Para ilustração dessa referência, a previsão do direito ao transporte está contemplada 
no art. 6º, CF. Porém, é preciso que, de fato, as pessoas possam ter acesso ao 
transporte para que então exerçam a prerrogativa legalmente assegurada. 
 
6.4 Direito à igualdade 
De forma semelhante os constituintes se preocuparam com a tutela da igualdade. 
Apenas no art. 5º, caput, há ao menos cinco referências à igualdade. Essa ênfase se 
revela compatível com a perspectiva histórica do Brasil, que sempre se revelou um 
país com profundas mazelas sociais. 
 
Dessa forma, pode-se dizer que um dos propósitos para a existência do Estado 
brasileiro é acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades regionais, além de 
combater toda forma de preconceito (art. 3º, III e IV, CF). 
 
A igualdade, quando abordada por essa perspectiva, pode encontrar duas 
manifestações: a) formal e b) material. No caso da igualdade formal tem-se a 
impossibilidade de tratamento distintivo entre os brasileiros por parte do Estado (art. 
5º, caput e art. 19, III, CF). É a igualdade que impede os privilégios ou as perseguições 
institucionais. Por sua vez a igualdade material pretende promover a igualdade a partir 
da lei. Nessa perspectiva, a aplicação do direito contribuiria para a promoção de uma 
igualdade social e econômica que na prática não foi possível estabelecer e, por isso, 
demandou uma intervenção de natureza jurídica, como é o caso das cotas sociais ou 
étnicas ou ainda a política de enfrentamento à violência doméstica que se estabeleceu 
a partir da Lei Maria da Penha. 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à 
vida, liberdade e propriedade 
www.faculdadefocus.com.br | 25 
6.5 Direito à propriedade 
A propriedade é uma garantia do indivíduo contra o arbítrio da autoridade absolutista. 
Foi para romper a trama de poder do Estado absolutista, que concedia livremente o 
direito de explorar terras a seus aliados, que a propriedade privada adentra ao 
constitucionalismo. 
 
Assim, no constitucionalismo liberal, a Declaração de Direitos do Homem e do 
Cidadão chegou a reconhecer que a propriedade privada assumiria ares de direitos 
sagrado, podendo apenas ser relativizado em casos de extrema necessidade sociais, 
conforme é possível depreender da leitura do art. 17 do referido documento: “Art. 17.º 
Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, 
a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob 
condição de justa e prévia indenização”. 
 
No entanto, se a luta do século XVIII era para impedir que o poder político fosse 
instrumentalizado para a dominação de dos homens uns pelos outros, ao longo do 
século XIX o esforço do movimento constitucionalista foi para impedir que o mesmo 
não ocorresse por meio das relações econômicas. 
 
Já no contexto de revolução industrial, foi necessário estabelecer limites para o 
exercício do poder que advém do grande acúmulo de propriedade privada. Sob essa 
perspectiva os revolucionários mexicanos aboliram a propriedade privada no ano de 
1917, conforme é possível ler do art. 1º de sua constituição “art 1º - A fim de se realizar 
a socialização da terra, é abolida a propriedade privada da terra; todas as terras 
passam a ser propriedade nacional e são entregues aos trabalhadores sem qualquer 
espécie de resgate, na base de uma repartição igualitária em usufruto”. 
 
Por sua vez, os revolucionários alemães, em meio à assembleia constituinte que 
contou com representantes de diferentes extratos sociais não chegaram a abolir a 
propriedade privada. No entanto, estabeleceram limites por meio da concepção de 
função social. Foi a Constituição de Weimar que reconhecer que a propriedade obriga. 
Isto é, se a sociedade se empenha em respeito ao direito à propriedade do 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
O problema dos direitos sociais a prestações 
www.faculdadefocus.com.br | 26 
proprietário, há uma necessária correspondência por parte desse, no sentido de bem 
utilizar esse bem a favor de si e de todos. 
 
Essa foi a posição que a Constituição Federal de 1988 também adotou. O art. 5º, XXII 
reconhece a proteção ao direito de propriedade. No entanto, o art. 5º, inciso XXIII, em 
sequência, determina que a propriedade privada cumpra sua função social. A 
referência que se extrai do texto constitucional para o que seria a função social está 
no art. 182, §2º para a propriedade urbana e no art. 186 para a propriedade rural. Esse 
diálogo entre a defesa da propriedade privada e função social também aparece como 
princípio da ordem econômica no art. 170, II e III, respectivamente. 
 
6.6 Direito à segurança 
A segurança prevista pelo art. 5º é ser decomposta em algumas dimensões. A primeira 
é a segurança pessoa e patrimonial, com previsão no art. 5º, III – vedação à tortura -, 
art. 5º, XXII – proteção à propriedade -, art. 6º - referência expressa à segurança como 
direito social - e art. 144 que organiza as políticas e órgãos de segurança pública. 
 
Também é possível pensar a segurança a partir da referência jurídica, como no caso 
do art. 5º, XXXVI, que garante a irretroatividade da lei, especialmente para que não 
viole o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Também é possível 
pensar essa proteção em relação à irretroatividade da lei penal para prejuízo do réu, 
prevista pelo art. 5º, XL, CF. 
 
Por fim, é possível identificar que o princípio da segurança ainda se irradia para a 
dimensão social, como forma de contenção dos riscos que a sociedade industrial e 
pós-industrial implica. Assim, o art. 194, a partir do tripé da saúde, previdência e 
assistência social sistematiza a seguridade social no Brasil. 
 
7 O problema dos direitos sociais a prestações 
Os direitos sociais estão expressamente previstos no intervalo dos arts. 6º ao 11 da 
Constituição Federal, além da regulamentação importantíssima que advém do Título 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
O problema dos direitos sociais a prestações 
www.faculdadefocus.com.br | 27 
VIII, correspondente à Ordem Social (art. 193 ao 232). 
 
Esses direitos determinam que o Estado, na condição de destinatário,realize 
determinadas obrigações. Por isso, normalmente são acompanhados de um grande 
impacto orçamentário. 
 
O quanto de recurso que será destinado para a proteção e efetivação desses direitos 
é sempre ponto de grande disputa política, de forma que a discussão a respeito desse 
ponto se revela sempre uma necessidade constante e condição para a concretização 
do princípio republicano. 
 
Por fim, cabe ainda o destaque a respeito da reserva do possível que é possível 
encontrar alusão à sua dimensão formal (quando não há comando normativo 
específico para a realização ou prestação de um direito) ou material, quando existe o 
comando normativo, mas o Estado alega não poder adimplir com sua obrigação por 
falta de recursos. 
 
Nesses casos é interessante depreender da jurisprudência que os direitos sociais 
recebem o controle de jurisdição e a reserva do possível, ainda que alegada por parte 
da administração pública, não tem sido considerada pelas manifestações dos tribunais 
nacionais, como é possível indicar a partir dos casos transcritos na sequência: 
 
7.1 Caso 1 
Ementa: REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO DO MPE CONTRA ACÓRDÃO DO TJRS. 
REFORMA DE SENTENÇA QUE DETERMINAVA A EXECUÇÃO DE OBRAS NA CASA DO 
ALBERGADO DE URUGUAIANA. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO 
DOS PODERES E DESBORDAMENTO DOS LIMITES DA RESERVA DO POSSÍVEL. 
INOCORRÊNCIA. DECISÃO QUE CONSIDEROU DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE 
PRESOS MERAS NORMAS PROGRAMÁTICAS. INADMISSIBILIDADE. PRECEITOS QUE 
TÊM EFICÁCIA PLENA E APLICABIILIDADE IMEDIATA. INTERVENÇÃO JUDICIAL QUE 
SE MOSTRA NECESSÁRIA E ADEQUADA PARA PRESERVAR O VALOR 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
O problema dos direitos sociais a prestações 
www.faculdadefocus.com.br | 28 
FUNDAMENTAL DA PESSOA HUMANA. OBSERVÂNCIA, ADEMAIS, DO POSTULADO 
DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARA 
MANTER A SENTENÇA CASSADA PELO TRIBUNAL. I - É lícito ao Judiciário impor à 
Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de medidas ou 
na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais. II - Supremacia 
da dignidade da pessoa humana que legitima a intervenção judicial. III - Sentença reformada 
que, de forma correta, buscava assegurar o respeito à integridade física e moral dos 
detentos, em observância ao art. 5º, XLIX, da Constituição Federal. IV - Impossibilidade de 
opor-se à sentença de primeiro grau o argumento da reserva do possível ou princípio da 
separação dos poderes. V - Recurso conhecido e provido. (RE 592581, Relator(a): 
RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 13/08/2015, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 
01-02-2016) 
 
7.2 Caso 2 
Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Constitucional. Direito 
à moradia e aluguel social. Chuvas. Residência interditada pela Defesa Civil. 3. Termo de 
compromisso. Solidariedade dos entes federativos, podendo a obrigação ser demandada de 
qualquer deles. Súmula 287. 4. Princípio da legalidade. Lei municipal nº 2.425/2007. Súmula 
636. 5. Teoria da reserva do possível e separação dos poderes. Inaplicabilidade. 
Injusto inadimplemento de deveres constitucionais imputáveis ao estado. 
Cumprimento de políticas públicas previamente estabelecidas pelo Poder Executivo. 
6. Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 855762 AgR, Relator(a): GILMAR 
MENDES, Segunda Turma, julgado em 19/05/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-102 
DIVULG 29-05-2015 PUBLIC 01-06-2015) 
 
“Acerca da teoria da reserva do possível, a jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal 
Federal entende inaplicável por injusto inadimplemento de deveres constitucionais 
imputáveis ao Estado. Nesse sentido, a intervenção judicial torna-se possível, pois não se 
trata de inovação na ordem jurídica, mas apenas determinação de que o Executivo cumpra 
políticas públicas previamente estabelecidas. Ademais, a jurisprudência desta Corte também 
abona a possibilidade de controle jurisdicional na espécie, tendo em vista a necessidade de 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Nacionalidade 
www.faculdadefocus.com.br | 29 
observância de certos parâmetros constitucionais na implementação de políticas públicas”. 
(ARE 855762 AgR, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 19/05/2015, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 29-05-2015 PUBLIC 01-06-2015) 
 
8 Nacionalidade 
A nacionalidade está abordada entre os artigos 12 e 13 da Constituição Federal. Há 
nesse conteúdo uma importância ainda bastante significativa, mesmo em um mundo 
cada vez mais integrado, isso porque, é o vínculo de nacionalidade que legitima 
determinadas proteções por parte do Estado em relação a uma pessoa. 
 
8.1 Conceito 
Vínculo jurídico-político de um Estado com uma pessoa. 
 
8.2 8.2 Referência de nação 
Tradicionalmente, uma nação é caracterizada por um processo histórico que é comum 
a uma determinada coletividade e que, por isso, estreita um conjunto de pessoas a 
partir de características culturais comum. No caso do Estado brasileiro há o 
reconhecimento da língua como o padrão cultural. Dessa forma, há o tratamento 
dessa vinculação pelo art. 13 da Constituição Federal: 
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. 
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo 
nacionais. 
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. 
 
8.3 Reconhecimento da nacionalidade 
Reconhecimento é sempre por parte do Estado. É claro que há regras para o 
reconhecimento às quais o Estado se vincula, mas a iniciativa de reconhecimento é 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Nacionalidade 
www.faculdadefocus.com.br | 30 
sempre por parte do órgão público, o particular pode, no entanto, provocar essa 
manifestação a partir de um requerimento, por exemplo. 
 
8.4 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros nato 
Há aqueles que já nascem com os requisitos para serem reconhecidos como 
brasileiros. O art. 12 da Constituição Federal prevê tais hipóteses: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, 
desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que 
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida 
a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
 
8.5 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros naturalizados 
Também é possível que a condição de brasileiro seja adquirida ao longo da vida, a 
partir de determinadas condições. As condições também estão abordadas no art. 12, 
II da Constituição Federal: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa 
do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde 
que requeiram a nacionalidade brasileira. 
 
A Lei de Migração - 13.445/2017 - aborda essa temática do artigo 64 ao 72. Nesses 
termos, tem-se que a naturalização pode ser ordinária, extraordinária ou especial, 
conforme a tabela abaixo: 
Espécie de 
naturalização 
Requisitos 
Particularidades 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Nacionalidade 
www.faculdadefocus.com.br | 31 
Ordinária 
 capacidade civil, nos termos da lei 
brasileira; 
 ter residência em território nacional, 
pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; 
 comunicar-se em língua portuguesa,consideradas as condições do naturalizando; e 
 não possuir condenação penal ou 
estiver reabilitado, nos termos da lei. 
 
O prazo de residência é 
reduzido para 1 ano se a 
pessoa tiver: 
 
a) filho brasileiro; 
 
b) ter cônjuge ou 
companheiro brasileiro e 
não estar dele separado 
legalmente ou de fato no 
momento de concessão 
da naturalização; 
 
c) haver prestado ou 
poder prestar serviço 
relevante ao Brasil; ou 
d) recomendar-se por 
sua capacidade 
profissional, científica ou 
artística. 
 
Extraordinária 
 15 (quinze) anos ininterruptos e sem 
condenação penal, desde que requeira a 
nacionalidade brasileira. 
 
 
Especial 
 Ter capacidade civil, segundo a lei 
brasileira; 
 
 Comunicar-se em língua portuguesa, 
consideradas as condições do naturalizando; e 
 
 Não possuir condenação penal ou 
estiver reabilitado, nos termos da lei. 
 
 
Essa espécie de 
naturalização será 
concedida a quem: 
 
a) seja cônjuge ou 
companheiro, há mais 
de 5 (cinco) anos, de 
integrante do Serviço 
Exterior Brasileiro em 
atividade ou de pessoa a 
serviço do Estado 
brasileiro no exterior; 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Nacionalidade 
www.faculdadefocus.com.br | 32 
b) seja ou tenha sido 
empregado em missão 
diplomática ou em 
repartição consular do 
Brasil por mais de 10 
(dez) anos ininterruptos. 
 
Provisória 
 ao migrante criança ou adolescente 
que tenha fixado residência em território 
nacional antes de completar 10 (dez) anos de 
idade e deverá ser requerida por intermédio de 
seu representante legal. 
 
A naturalização 
provisória será 
convertida em definitiva 
se o naturalizando 
expressamente assim o 
requerer no prazo de 2 
(dois) anos após atingir 
a maioridade. 
 
 
Após a naturalização, o naturalizado tem um prazo de 1 ano para comparecer à Justiça 
Eleitoral e realizar seu cadastramento. 
 
8.6 Tratamento diferenciado (art. 12, §2º) entre brasileiros natos e 
naturalizados 
Somente a Constituição Federal pode realizar distinções entre brasileiros natos e 
naturalizados. Assim, nem mesmo por lei infraconstitucional é possível acrescentar 
hipóteses para além das elencadas abaixo: 
a) Art. 5º, LI → permite a extradição de brasileiro naturalizado por crime comum 
anterior à naturalização e pela prática de tráfico de drogas a qualquer tempo. 
b) Art. 12, §3º → restringe aos brasileiros natos os caros de Presidente e Vice-
Presidente da República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do 
Senado Federal; Ministro do Supremo Tribunal Federal; da carreira diplomática; 
oficial das Forças Armadas; e Ministro de Estado da Defesa. 
c) Art. 89, VII → apenas brasileiros natos podem ocupar as vagas no Conselho da 
República. 
d) Art. 222 → A propriedade de empresa de radiodifusão e jornalística só pode 
ser reconhecida para naturalizados a mais de 10 anos. 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Nacionalidade 
www.faculdadefocus.com.br | 33 
8.7 8.7 Extradição 
A nacionalidade também afeta questões pertinentes à extradição, que consiste na 
transferência de uma pessoa, por pedido de um Estado em relação a outro, para que 
cumpra pena por condenação no exterior. 
a) Brasileiro nato - Via de regra não se extradita, com base no art. 5º, LI, CF. No 
entanto, é possível que haja a perda com base no art. 12, §4º, II da Constituição. Se 
houver a perda da nacionalidade, a pessoa será tratada como estrangeira (art. 5º, LII, 
CF). 
 
b) Naturalizado - Pode ser extraditado se o crime em questão tiver natureza comum 
(não for político e nem de opinião) e for anterior ao reconhecimento da naturalização 
(art. 5º, LI, CF). No entanto, se o crime em questão for relacionado ao tráfico de drogas, 
a extradição poderá ocorrer a qualquer tempo. 
 
c) Estrangeiro - Não se extradita em casos de crime político ou de opinião, com 
fundamento no art. 5º, LII, CF. Ainda a respeito desse tema, é importante destacar a 
súmula 421 do STF: 
 
Súmula 421/STF 
Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com 
brasileira ou ter filho brasileiro. 
 
8.8 Perda da Nacionalidade 
a) Naturalizado - Se se tratar de brasileiro naturalizado, é possível que, mediante 
sentença judicial transitada em julgado, haja a perda da nacionalidade por prática 
nociva ao interesse nacional (art. 12, §4º, I, CF). 
 
Nesse caso, a nacionalidade pode ser reestabelecida mediante ação rescisória que 
reverta os efeitos da sentença com trânsito em julgado. 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Direitos Políticos 
www.faculdadefocus.com.br | 34 
b) Nato - É possível que haja perda da nacionalidade do brasileiro nato, se a pessoa, 
voluntariamente, adquirir uma outra nacionalidade de forma secundária. Porém, se tal 
aquisição ocorrer de forma originária ou como condição para permanência no 
território estrangeiro ou para o exercício dos direitos civis, então não será declarada a 
perda. 
 
O ato que reconhece a perda da nacionalidade é um Decreto do Presidente da 
República ou pode haver delegação ao Ministério da Justiça. 
 
Atualmente o procedimento é regulamentado pela Portaria Interministerial n.º 11, de 
3 de maio de 2018: 
Art. 26. O procedimento de perda da nacionalidade brasileira de ofício será instaurado por 
meio de ato do Secretário Nacional de Justiça, em caso de recebimento de comunicação oficial 
na qual seja informada ocorrência de hipótese prevista no inciso II do § 4º do art. 12 da 
Constituição Federal. 
 
Nessa hipótese, é possível a reversão do mérito mediante procedimento de 
reaquisição de nacionalidade (art. 35 e seguintes da Portaria Interministerial n.º 
11/2018). 
 
9 Direitos Políticos 
A democracia no Brasil é considerada semidireta, porque há o exercício do poder 
pelo povo de forma direta pelo plebiscito, referendo e iniciativa popular e o exercício 
por meio dos representantes eleitos. 
 
O alistamento eleitoral consiste no ato de se cadastrar perante a Justiça Eleitoral na 
condição de eleitor. Tanto o alistamento como o voto são obrigatórios para os 
maiores de 18 anos até os 70 anos e facultativos para os, analfabetos e maiores de 
16 até os 18 e com idade superior a 70. 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Direitos Políticos 
www.faculdadefocus.com.br | 35 
De outro modo, o voto é vedado aos estrangeiros e aos conscritos, que estão 
prestando serviço militar obrigatório. 
• Como requisitos para a condição de elegibilidade, a Constituição prevê: 
• nacionalidade brasileira; 
• pleno exercício dos direitos políticos; 
• alistamento eleitoral; 
• domicílio eleitoral na circunscrição; 
• filiação partidária; 
• a idade mínima de: 
• trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 
• trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; 
• vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, 
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
• dezoito anos para Vereador. 
 
São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
 
A reeleição é limitada a uma recondução para mandato imediatamente subsequente 
do Prefeito, Governador e Presidente da República e para quem os houver substituído 
ou sucedido no curso do mandato. 
 
Não se admite a figura do Prefeito itinerante, que ao complementar 8 anos de 
mandatos em um Município pretende concorrer a um terceiro mandato subsequente 
em outro Município. 
 
Quanto à desincompatibilização, tem-se que os ocupantes dos cargos de Prefeitos, 
Governadores e Presidente da República que pretenderem concorrer a cargo diverso, 
precisarão renunciar 6 meses antes do pleito 
 
A Constituição reconhece ainda a inelegibilidade na respectiva circunscrição do 
cônjuge e dos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, 
do Presidente da República, Governador de Estadoou Território, Distrito Federal, de 
Highlight
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Direitos Políticos 
www.faculdadefocus.com.br | 36 
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, 
salvo em caso de reeleição. 
 
Por fim, salientando que a cassação de direitos políticos é vedada, as hipóteses de 
perda são o cancelamento da naturalização ou a recusa de cumprir obrigação a todos 
imposta. E as hipóteses de suspensão são de incapacidade civil absoluta, condenação 
criminal e improbidade administrativa. 
 
Cassação Perda Suspensão 
Vedada Naturalização Incapacidade civil absoluta 
 Recusa a cumprir obrigação 
a todos imposta 
Condenação criminal 
 Improbidade administrativa 
 
Por fim, em relação à liberdade partidária e suas condicionantes a Constituição Federal 
trata da questão em seu art. 17. Há liberdade para a criação, fusão, incorporação e 
extinção de partidos políticos, resguardados as seguintes ressalvas: 
• a soberania nacional; 
• o regime democrático; 
• o pluripartidarismo; 
• os direitos fundamentais da pessoa humana. 
 
Há ainda preceitos que os partidos políticos devem observar. Eles podem ser 
organizados a partir dos seguintes itens: 
• caráter nacional; 
• proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo 
estrangeiros ou de subordinação a estes; 
• prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
• funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
• vedação ao caráter paramilitar (art. 17, §4º, CF). 
 
Direito Constitucional Aplicado à Administração Pública | 
Direitos Políticos 
www.faculdadefocus.com.br | 37 
 
	Palavra do Diretor
	Coordenador do Curso
	Sumário
	1 Estudo da centralidade dos direitos humanos e fundamentais: formação histórica, abertura e flexibilidade
	1.1 As raízes liberais
	1.2 As reflexões oriundas da Revolução Industrial
	1.3 A dignidade para além dos muros e das grades
	1.4 Considerações a respeito das dimensões dos direitos fundamentais
	2 Análise do regime jurídico dos direitos
	2.1 Natureza das normas jurídicas
	2.2 Direitos, deveres, garantias e remédios
	2.3 Eficácia dos Direitos Fundamentais
	2.4 Catálogo dos Direitos Fundamentais no Direito brasileiro
	3 Liberdades e garantias individuais
	3.1 O problema da liberdade
	3.2 Liberdade e liberdades
	3.3 Liberdade da pessoa física
	3.4 Liberdade de pensamento
	3.5 Liberdade de ação profissional
	4 Colisão e concorrência de direitos fundamentais: limites e restrições
	4.1 Estamos condenados a interpretar
	4.2 A interpretação das regras
	4.3 A interpretação dos princípios
	4.3.1 Herbert Hart
	4.3.2 Robert Alexy
	4.3.3 4.3.3. Ronald Dworkin
	5 Desenvolvimento legislativo dos direitos fundamentais
	5.1 A eficácia das normas constitucionais
	5.2 A relação de limites
	6 Alguns princípios e direitos em espécie: dignidade da pessoa humana, direito à vida, liberdade e propriedade
	6.1 Dignidade da pessoa humana
	6.2 Direito à vida
	6.3 Direito à liberdade
	6.4 Direito à igualdade
	6.5 Direito à propriedade
	6.6 Direito à segurança
	7 O problema dos direitos sociais a prestações
	7.1 Caso 1
	7.2 Caso 2
	8 Nacionalidade
	8.1 Conceito
	8.2 8.2 Referência de nação
	8.3 Reconhecimento da nacionalidade
	8.4 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros nato
	8.5 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros naturalizados
	8.6 Tratamento diferenciado (art. 12, §2º) entre brasileiros natos e naturalizados
	8.7 8.7 Extradição
	8.8 Perda da Nacionalidade
	9 Direitos Políticos

Continue navegando