Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Legislação urbanística e transporte Apresentação A mobilidade urbana contemporânea se apoia na ideia de que a mobilidade é a principal promotora de igualdade de possibilidades de deslocamentos das pessoas, permitindo o acesso a atividades variadas, sendo ainda responsável pela redução no nível de energia associada aos meios de transporte e, também, pela diminuição da poluição ambiental. Por meio desse conceito, estudiosos da área criaram legislações e um conjunto de indicadores tratando do uso do solo e do transporte, visando a contribuir na avaliação da mobilidade urbana sustentável. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a legislação de transportes, além de conhecer princípios que regem sobre as normas e as aplicações delas nas cidades, permitindo, ainda, que você consiga estabelecer critérios fundamentais para uma mobilidade urbana de qualidade. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar os principais exemplos de legislação referentes ao transporte urbano.• Descrever os mecanismos existentes na elaboração e na aplicação da legislação.• Apontar diferenças e similaridades entre a legislação brasileira e a de outros países.• Infográfico A Lei n.º 12.587/2012 utiliza três mecanismos fundamentais: os princípios, as diretrizes e os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esses mecanismos têm como meta facilitar a aplicabilidade nos casos concretos referentes ao assunto. No Infográfico a seguir, você vai ver quais são esses mecanismos e o que cada um deles estabelece em relação ao assunto da mobilidade urbana no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b8b96ad3-07ab-4c66-8048-b588a582b13f/eaa03997-0f9f-41b5-ba7f-f9502a90101b.png Conteúdo do livro Um momento de grande conquista para a mobilidade urbana do Brasil foi a criação da Lei da Mobilidade. Essa norma tem como objetivo criar uma política nacional de mobilidade urbana. Além disso, dispõe de diretrizes que dão suporte à priorização de modais de transporte ativo. No capítulo Legislação urbanística e transporte, da obra Planejamento de transportes urbanos, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você vai ver conceitos da Lei da Mobilidade Urbana, assim como outras leis e outros decretos que abordam o assunto do transporte e do trânsito. Boa leitura. PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES URBANOS Carlla Portal Volpatto Legislação urbanística e transporte Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar os principais exemplos de legislação referentes a transporte urbano. Descrever os mecanismos existentes na elaboração e na aplicação da legislação. Apontar diferenças e similaridades entre a legislação brasileira e a de outros países. Introdução Os meios de transporte são de grande importância para o desenvolvi- mento urbano das cidades. A mobilidade urbana, quando planejada de forma organizada, com diretrizes sustentáveis e leis objetivas e claras, permite o crescimento urbano e uma melhor qualidade de vida para a população. Assim, o transporte urbano e o trânsito são temas que envolvem discussões nos governos de diferentes países. Essas discussões buscam meios de tornar o trânsito mais seguro, eficaz e melhor para a sociedade. Nesse contexto, no intuito de melhorar as atitudes dos usuários e obter uma melhoria nas condições de trânsito, foram criadas leis para regular o sistema de transporte brasileiro. Neste capítulo, você vai aprender a respeito das legislações dos trans- portes urbanos. Você vai compreender como ocorre o planejamento, a elaboração e a aplicação dessa legislação e, ainda, vai entender como isso ocorre em outros países, desenvolvendo uma visão mais crítica do que ocorre em nosso país nessas questões. Legislação brasileira No Brasil, existem três legislações fundamentais para o desenvolvimento urbano: o Estatuto da Cidade (Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001), o plano diretor e a lei de uso e ocupação do solo, descritas abaixo. 1. O Estatuto da Cidade age em âmbito federal e cria normas de interesse público e social, tratando sobre o uso da propriedade, a segurança e a qualidade de vida da população e dispondo, ainda, sobre o equilíbrio ambiental. 2. O plano diretor tem aplicabilidade nos estados e municípios. Trata-se de uma ferramenta para aplicação da política urbana e do planejamento estratégico, que prevê como as cidades podem crescer e avalia os im- pactos de vizinhança e ambientais diante do crescimento urbano atual. 3. A lei de uso e ocupação do solo atende ao âmbito municipal. Ela estabe- lece critérios para a ocupação do solo da cidade, definindo o que pode ser construído e em quais locais, bem como as dimensões e alturas. Trata-se de uma forma de controlar o crescimento dos municípios. Essa lei precisa seguir os princípios estabelecidos no Estatuto da Cidade e, ainda, estar de acordo com o plano diretor. Ainda no contexto urbano, a Lei Federal nº. 12.587 (BRASIL, 2012), de 03 de janeiro de 2012, conhecida como Lei da Mobilidade Urbana, exige que municípios com mais de 20 mil habitantes elaborem seus planos de mo- bilidade. Essa ação tem como objetivo planejar o crescimento das cidades de forma ordenada. A Lei trata do planejamento e da execução da política de mobilidade urbana nos municípios e discute a respeito do planejamento urbano, uma diretriz do Estatuto da Cidade e um instrumento fundamental para o crescimento sustentável das cidades brasileiras. Nosso país conta com muitas regras para regulamentar o trânsito nas cida- des. O principal modo de regulamentação é o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído na Lei nº. 9.503 (BRASIL, 1997), de 23 de setembro de 1997. Essa Lei tem como finalidade administrar a circulação de veículos de qualquer natureza nas vias terrestres do país, conforme estabelece seu art. 1º: “Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código” (BRASIL, 1997, documento on-line). O CTB (BRASIL, 1997) é composto por uma grande quantidade de regras aplicáveis aos condutores de veículos automotores e a ciclistas e pedestres. Legislação urbanística e transporte2 Além do CTB, existem leis complementares para tratar do transporte urbano, algumas delas descritas a seguir. Lei nº. 9.602, de 21 de janeiro de 1998 — dispõe sobre legislação de trânsito e outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 11.705, de 19 de junho de 2008 — conhecida como Lei Seca, trata sobre as restrições ao uso e à propaganda de bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas. Tem como meta inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor e dá outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 12.009, de 29 de julho de 2009 — regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, em entrega de mercadorias, em serviço comunitário de rua e motoboys, com o uso de motocicleta. Trata sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas (moto frete), estabelece regras gerais para a regulação desse serviço e dá outras providências (BRASIL, 1997). Lei nº. 12.302, de 02 de agosto de 2010 — regulamenta o exercício da profissão de instrutor de trânsito (BRASIL, 1997). Lei nº. 13.103, de 02 de março de 2015 — conhecida como Lei do Caminhoneiro, ela se destina a motoristas de transporte rodoviário de passageiros e de transporte rodoviário de cargas (BRASIL, 1997). Além das leis, para um melhor controle da aplicação das regras do trânsito brasileiro, contamos com os decretos, atos administrativos do poder executivo que regulamentam as leis, conforme descritos abaixo. Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004 — trata de critérios básicospara a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. Decreto nº. 2.613, de 03 de junho de 1998 — trata do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset) e dá outras providências (BRASIL, 1997). Decreto nº. 2.867, de 08 de dezembro de 1998 — dispõe sobre a reparti- ção de recursos provenientes do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (BRASIL, 1997). Decreto nº. 4.710, de 29 de maio de 2003 — dispõe sobre a implantação e o funcionamento da Câmara Interministerial de Trânsito (BRASIL, 1997). 3Legislação urbanística e transporte Decreto nº. 4.711, de 29 de maio de 2003 — dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) (BRASIL, 1997). Decreto nº. 6.488, de 19 de junho de 2008 — trata da margem de tole- rância de álcool no sangue e a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia para efeitos de crime de trânsito (BRASIL, 1997). Decreto nº. 6.489, de 19 de junho de 2008 — restringe a comercialização de bebidas alcoólicas em rodovias federais (BRASIL, 1997). O Brasil conta ainda com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), criada pela Lei nº. 10.233, de 5 de junho de 2001. Segundo o site da ANTT ([2019], documento on-line), ela consiste em uma autarquia de regime especial, que: Tem por finalidade regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços e de exploração da infraestrutura de transportes, exercidas por terceiros, visando garantir a movimentação de pessoas e bens, harmonizar os interesses dos usuários com os das empresas concessionárias, permissionárias, autorizadas e arrendatárias, e de entidades delegadas, preservado o interesse público, arbitrar conflitos de interesses e impedir situações que configurem competição imperfeita ou infração contra a ordem econômica. Existe ainda a Lei nº. 13.640, de 26 de março de 2018, que ficou conhecida como “Lei do Uber”. Essa lei regulamenta o transporte remunerado privado individual de passageiros. Elaboração e aplicação da lei A Lei da Mobilidade Urbana apresenta três mecanismos fundamentais: os princípios, as diretrizes e os objetivos da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Esses mecanismos têm como meta facilitar a aplicabilidade nos casos concretos referentes ao assunto. Os princípios tratam de conceitos que visam a orientar a compreensão do texto da Lei e podem, ainda, servir como base para a elaboração de novas normas a respeito do assunto — ou seja, leis, decretos ou outros atos administrativos. Legislação urbanística e transporte4 A seguir, são listados os princípios da Lei da Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012): acessibilidade universal; desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconô- micas e ambientais; equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da política nacional de mobilidade urbana; segurança nos deslocamentos das pessoas; justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; equidade no uso do espaço público de circulação, das vias e dos lo- gradouros; e eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. Segunda a Lei da Mobilidade Urbana, as diretrizes “[...] são orientações sobre os caminhos a seguir para que sejam atingidos os objetivos desta Lei. As diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana destacam a necessidade de integração com as demais políticas urbanas e a priorização dos modos não motorizados e do transporte público coletivo” (BRASIL, 2012, documento on-line). Veja abaixo a lista de diretrizes: integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motori- zados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado; integração entre os modos e serviços de transporte urbano; mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos desloca- mentos de pessoas e cargas na cidade; incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes; priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; 5Legislação urbanística e transporte integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. O último mecanismo apresentado pela Lei nº. 12.587/2012 são os objetivos. Eles trazem uma visão de futuro para o país. A Lei estabelece que “A partir do comprometimento dos governos e sociedade para a implementação desta política será possível reduzir as desigualdades sociais e melhorar as condições urbanas de mobilidade e acessibilidade” (BRASIL, 2012, documento on-line). Assim, os objetivos da Lei da Mobilidade Urbana são (BRASIL, 2012): reduzir as desigualdades e promover a inclusão social; promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais; proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade; promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades; e consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da cons- trução contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. Ao longo da Lei da Mobilidade Urbana, podemos ver que a norma tem como prioridade os modos não motorizados e o transporte coletivo. Ainda, ela aponta que os projetos e investimentos nos municípios devem se adequar aos princípios, às diretrizes e aos objetivos trazidos na lei expressa — caso contrário, podem ser contestados judicialmente. Já o SNT consiste em um conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Esse conjunto de órgãos dispõe sobre o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos. Além disso, trata de aspectos como: formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenha- ria e operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades (BRASIL, 1997). O SNT tem três objetivos básicos. O primeiro deles trata de estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, abordando a segurança, a fluidez, o conforto, a defesa ambiental e a educação para o trânsito. Já a segunda meta fixa a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito. Por fim, o terceiro objetivo estabelece a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos Legislação urbanística e transporte6 órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do sistema (BRASIL, 1997). O SNT é composto pelos seguintes órgãos e entidades: Conselho Nacional de Trânsito (Contran), coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; Conselhos Estaduais de Trânsito (Cetran) e Conselho de Trânsito do Distrito Federal (Contrandife), órgãos normativos, consultivos e coordenadores; órgãos e entidades executivos de trânsito da União (Departamento Nacional de Trânsito — Denatran), dos estados (Departamento Estadual de Trânsito — Detran), do Distrito Federal e dos municípios; órgãos e entidades executivos rodoviários da União (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes — DNIT), dos estados (De- partamento de Estradas e Rodagem — DER), do Distrito Federal e dos municípios; Polícia Rodoviária Federal(PRF); polícias militares (PMs) dos estados e do Distrito Federal; Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (Jari). No Quadro 1 a seguir, esses órgãos estão divididos de acordo com suas esferas e competências. Fonte: Adaptado de Brasil (1997). Federal Estadual Municipal Normativos Contran Cetran Contrandife Conselho municipal Executivos Denatran Detran Departamento municipal Executivos rodoviários DNIT/ANTT DER Prefeitura municipal Fiscalizadores PRF PM Agente municipal de trânsito Recursais Jari Jari Jari Quadro 1. Órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito 7Legislação urbanística e transporte Cabe destacar as atividades dos principais órgãos do SNT: o Contran estabelece as normas, cria resoluções, coordena o SNT e estabelece as Câmaras Temáticas; o Denatran é responsável pelo registro da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e pelo registro de veículos; o Detran trata da formação dos condutores e da expedição da CNH e da Licença de Aprendizagem de Direção Veicular; a Jari julga os recursos de infrações. A legislação em outros países A seguir, são descritas as legislações de trânsito de três outros países, com o objetivo de analisar as diferenças e semelhanças com as legislações de transporte urbano brasileiras. Alemanha O Road Traffi c Act é uma espécie de código de trânsito alemão, que contém inúmeras regras para o tráfego rodoviário, atendendo aos usuários do trânsito, como condutores, pedestres e ciclistas, conforme leciona Neubauer (2019). As regras de trânsito, na Alemanha, são severas e complexas, mas muito justas. O processo de formação de motoristas é mais rigoroso do que no Brasil. Na Alemanha, o motorista não pode ultrapassar oito pontos na habilitação (que é chamada de Führeschein). Ao ultrapassar esse limite, é necessário passar por um curso de reciclagem, assim como ocorre no Brasil. Porém, na Alemanha, quebrar as regras não é bem visto e não se trata de um fato comum. Assim como em outros países europeus, a Alemanha tem um limite de velocidade de 50 km/h em áreas construídas e 100 km/h fora de áreas cons- truídas. Não existe um limite de velocidade nas autoestradas (chamadas de autobahn, conforme mostra a Figura 1); nelas, os motoristas contam apenas com uma velocidade recomendada de 130 km/h. Os motoristas dirigem de acordo com as condições meteorológicas; em situações de gelo e neve, por exemplo, diminuem a velocidade. Legislação urbanística e transporte8 Figura 1. Autobahn na Alemanha. Fonte: Eight... (2016, documento on-line). Desde que você não fique mais de um ano na Alemanha, é possível obter uma permissão especial para dirigir no país. Para obter uma carteira perma- nente, o processo depende do país de origem que emitiu sua carteira original. Assim, é necessário consultar os regulamentos de acordo com o seu país. Portugal Em Portugal, utilizam-se rodovias de quatro pistas, conhecidas como auto- estradas. Existem, ainda, as rodovias de duas pistas, que conectam o interior do país. As estradas são bem sinalizadas e as vias apresentam bom estado de conservação. As leis de trânsito portuguesas são bem semelhantes às do Brasil. Veja a seguir os limites de velocidade no país: zonas urbanas: 50 km/h; estradas nacionais: 70 km/h; vias reservadas: 100 km/h; autoestradas: 120 km/h. Diferentemente do Brasil, em Portugal, o seguro do automóvel é obrigatório. O proprietário do veículo deve contratar uma empresa privada; depois de fazer 9Legislação urbanística e transporte o pagamento, a companhia de seguros envia um adesivo, que deve ser fixado no vidro dianteiro do carro. Em situações de acidente, é obrigatório que o motorista coloque um colete reflexivo. Todo veículo deve ter esse colete em um lugar acessível. Além disso, existe a Declaração Amigável de Acidente Automóvel: ela representa a participação no acidente e é composta por dois exemplares. Cada condutor deve ficar com um exemplar e entregá-lo para suas seguradoras. Índia A Índia é conhecida pelo caos que enfrenta na mobilidade urbana (Figura 2). Existe uma grande defi ciência na infraestrutura das vias e falta planejamento de trânsito. As estradas indianas, em geral, são bem estreitas, com diversos buracos e pouca sinalização. Devido à pavimentação precária, a demarcação das vias e calçadas praticamente não existe. Animais e pedestres disputam um lugar na rua com os ônibus, os carros e as bicicletas. Os limites de velocidade na Índia variam de acordo com o veículo e a região do país. As motocicletas podem trafegar até a velocidade de 50 km/h nas estradas. Já os caminhões e ônibus podem transitar com o limite de 65 km/h. No estado de Maharashtra, os carros podem dirigir com o limite de 65 km/h, enquanto em Uttar Pradesh não existe um limite estipulado. O país conta com projetos para aumentar o limite de velocidade nacional para 100 km/h para a maioria dos veículos. Para dirigir na Índia, você pode ter a habilitação local ou, ainda, a habi- litação internacional. Tendo a habilitação internacional emitida em seu país, não se encontra grandes dificuldades para obter a habilitação local da Índia. Já na questão de multas, se o motorista estiver dirigindo sob influência de álcool ou drogas, detectada por meio do bafômetro, será penalizado com até seis meses de prisão ou uma multa, ou ambos. Legislação urbanística e transporte10 Figura 2. Calcutá, Índia. Fonte: Where... ([2014], documento on-line). Na Índia, existem ainda os tuk tuks (Figura 3), espécies de triciclos mo- torizados com cabine. Trata-se de um transporte muito comum no país, que causa bastante tumulto no trânsito, especialmente em função de sua buzina. Figura 3. Tuk tuks na Índia. Fonte: Agra... (2019, documento on-line). 11Legislação urbanística e transporte AGRA fort rouge tuk tuk – Índia. Voyage Virtuel, 2019. Disponível em: https://www.voya- gevirtuel.com/inde/rajasthan/agra-fort-rouge-tuk-tuk-162.php. Acesso em: 16 set. 2019. ANTT. Institucional. [2019]. Disponível em: http://www.antt.gov.br/institucional/index. html. Acesso em: 16 set. 2019. BRASIL. Lei no. 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis no. 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e das Leis nos. 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providên- cias. Diário Oficial da União, 4 jan. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12587.htm. Acesso em: 16 set. 2019. BRASIL. Lei no. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Diário Oficial da União, 24 set. 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L9503.htm. Acesso em: 16 set. 2019. EIGHT things you never knew about the German Autobahn. The Local Germany, 2016. Disponível em: https://www.thelocal.de/20160406/eight-things-you-never-knew- -about-the-german-autobahn. Acesso em: 16 set. 2019. WHERE on the world is Kolkata? Wonderpolis, [2014]. Disponível em: https://www. wonderopolis.org/wonder/where-in-the-world-is-kolkata. Acesso em: 16 set. 2019. Legislação urbanística e transporte12 Dica do professor Os patinetes estão virando "febre" em muitas capitais brasileiras. Com uso desse meio de transporte se tornando cada dia mais comum pelas ruas e praça, a criação de regras sobre a utilização segura e eficiente do patinete se torna necessário. Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco sobre as regras de uso dos patinetes. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/cf7c55792abb90682a4b95ff1c225d2a Na prática Uma das dificuldades enfrentadas na rotina de urbanistas é a utilização da legislação vigente.É importante saber quais legislações atendem no âmbito federal, estadual e municipal, tendo que se atentar, ainda, para a vigência da norma, para não utilizar uma lei em desuso. Acompanhe uma situação problema enfrentada pelo estagiário Rafael na busca pelo entendimento da legislação urbanística. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a226a661-1c26-4a8d-96a1-1167f36462a0/14498a8a-e733-4f62-9be9-938a0090858d.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Problemas e soluções em mobilidade na maior cidade do país Reportagem sobre mobilidade de transporte e entrevista com especialistas no assunto, discutindo sobre questões de engarrafamento, diminuição do uso do transporte coletivo e eliminação de vagas para estacionamento. Trata, ainda, de medidas que induzam as pessoas a uma mudança de comportamento. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Mobilidade urbana Conversa sobre mobilidade urbana no Brasil, propondo melhorias para o trânsito.O programa retoma o passado para entender como ocorreu a escolha pelo automóvel nas décadas de 40 e 50. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/Le8smUv1O6w https://www.youtube.com/embed/Sac5E3giBR4 Mobilidade e Acessibilidade Apresentação Os problemas de mobilidade urbana estão estritamente relacionados com um conjunto de fatos urbanos e fenômenos sociais recentes, revelados por evidências empíricas, tais como a profunda crise habitacional, o crescimento das favelas e o agravamento da violência e da insegurança viária, assim como dos congestionamentos urbanos, nas últimas três décadas. O entendimento desses problemas e de suas possíveis soluções pode representar o primeiro passo para mudanças nas políticas de desenvolvimento urbano. Nesta Unidade de aprendizagem, você irá compreender os problemas de mobilidade urbana nas cidades brasileiras, a partir da análise do sistema de transporte e da acessibilidade universal, e então irá conhecer algumas soluções. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os problemas de mobilidade urbana.• Listar os atuais problemas de acessibilidade universal.• Apontar soluções de mobilidade.• Infográfico Um dos problemas da mobilidade urbana é que o espaço público do sistema viário é consumido de forma desigual pelas modalidades de transporte. O carro utiliza um espaço maior em relação ao transporte público ou em relação ao transporte não motorizado. No Infográfico a seguir, você poderá perceber a relação de espaço apropriado pelo usuário do carro, do transporte público e pelo ciclista. Você irá se surpreender ao perceber como o usuário do carro se aproveita prioritariamente do espaço viário. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/0e169f37-9968-40e0-a931-670f3afe9747/2d3ade5c-ddb1-4870-989d-fbb0b702e170.png Conteúdo do livro Os problemas da mobilidade urbana vêm sendo investigados em diferentes realidades urbanas brasileiras (Anápolis, Brasília, Fortaleza, Petrópolis, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo). É fundamental compreender que essas questões desafiadoras estão relacionadas à distribuição desigual e ao consumo desbalanceado da acessibilidade. No capítulo Mobilidade e Acessibilidade, da obra Planejamento de Transportes Urbanos, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, você verá como os problemas decorrentes do sistema de transporte e as lacunas no provimento da acessibilidade universal, normativamente instituída há mais de uma década, impactam negativamente em grupos sociais específicos. E vai conhecer algumas soluções de mobilidade urbana que vêm sendo ou podem ser utilizadas para mitigar os problemas analisados. Boa leitura. PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES URBANOS Diana Scabelo da Costa Pereira da Silva Lemos Mobilidade e acessibilidade Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os problemas de mobilidade urbana. Listar os problemas de acessibilidade universal atuais. Apontar soluções de mobilidade. Introdução Neste capítulo, você vai compreender os problemas de mobilidade urbana nas cidades brasileiras, a partir da análise dos problemas de acessibilidade provenientes do sistema de transporte e dos problemas de acessibilidade universal. Você também vai entender como esses problemas impactam negativamente grupos sociais específicos e, por fim, vai verificar algumas soluções de mobilidade urbana que vêm sendo utilizadas para mitigar os problemas analisados. Mobilidade urbana A mobilidade urbana compreende uma multiplicidade de conceitos, mas, neste capítulo, será considerado o conceito adotado na Lei da Mobilidade Urbana (Lei nº. 12.587, de 03 de janeiro de 2012), que a defi ne como a condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas no espaço urbano. Já a acessi- bilidade consiste nas facilidades disponibilizadas às pessoas, possibilitando a autonomia nos deslocamentos desejados. O conceito de mobilidade contempla a capacidade de um indivíduo de se deslocar e envolve: a acessibilidade proveniente do sistema de transporte e das atividades do uso do solo; e as características e as necessidades do indivíduo, como a disponibilidade de carro e a possibilidade de caminhar ou de usar o transporte público. Nesse sentido, a acessibilidade representa a oportunidade de interação entre as atividades cotidianas, ou seja, o potencial de deslocamento propiciado pelo uso do sistema de transporte, conforme leciona Lemos (2011). O espaço acessível, relacionado à autonomia nos deslocamentos, é aquele que pode ser alcançado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. Assim, a acessibilidade universal é a possibilidade e a condição de alcance para a utilização de edificações, do espaço e de equipamentos urbanos com segurança e autonomia, conforme aponta a norma NBR 9050/2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004). A acessibilidade proveniente do sistema de transportes é caracterizada pela infra- estrutura viária, constituída por ruas, calçadas, vias férreas e terminais e, no caso do transporte público, pelos veículos que farão o transporte, bem como pelos serviços e atividades que serão ofertados. A acessibilidade universal implica essa mesma facilidade, porém, necessariamente, com segurança e autonomia para portadores de deficiência ou mobilidade reduzida. Os problemas de mobilidade urbana têm impactos negativos na cidade e para grupos sociais específicos. Assim, na sequência, você vai identificar os problemas de acessibilidade provenientes do sistema de transporte e da acessibilidade universal. Acessibilidade no sistema de transportes Na análise das condições atuais de transporte e trânsito apresentada por Vasconcellos (2000), a conclusão mais importante a que o autor chega é que a acessibilidade é distribuída espacialmente de forma desigual no território e consumida de forma diferenciada. Deve-se partir da premissa de que a acessi- bilidade abrange um atributo locacional, defi nido como a característica — ou vantagem — inerente de um lugar para a superação de alguma forma de atrito, conforme leciona Ingram (1971 apud SALES FILHO, 1996). Lemos (2011) traz uma sistematização de trabalhos empíricos que eviden- ciam a distribuição espacial desigual proveniente do sistema de transporte em diversos municípios, como Anápolis, Fortaleza, Petrópolis, Recife, Rio de Mobilidade e acessibilidade2 Janeiro e São Paulo. A distribuição espacial desigual da infraestrutura e do serviço de transporte ocorre de forma associadacom o modelo de segregação espacial pautado no padrão de ocupação centro versus periferia. Esse modelo é conceituado por Lago (2000) e Villaça (2001) como a segregação no centro dos grupos de rendimento elevado da população. A periferia é caracterizada pela habitação de baixa renda e como um espaço de carência, longínquo e subequipado de serviço público e privado. Para Lemos (2011), o sistema de transporte passa a contribuir para o problema da exclusão social, quando reproduz o modelo de segregação espacial, de concentração e de disponibilidade na área central e de indisponibilidade na periferia. Segundo Vasconcellos (2000), a capacidade de consumir espaço é altamente desbalanceada a favor daqueles que utilizam o transporte particular (carro ou táxi), já que o carro se apropria de mais espaço nas vias de circulação e de estacionamento do que o ônibus e a bicicleta, por exemplo. Esse consumo diferenciado tem implicações quanto ao direito diferenciado do proprietário de carro, já que o mesmo direito implicaria em pagamento adicional para essa modalidade. Para Vasconcellos (2000), os problemas da mobilidade urbana também estão relacionados aos seguintes aspectos: grande variação nos tempos de deslocamento por modo; transporte privado sempre mais rápido do que o transporte público; tempos longos de acesso a pé ao transporte público; integração deficiente do transporte público; ausência ou precariedade de calçadas e ciclovias; baixa oferta espacial do transporte público; vias de baixa qualidade. A variação nos tempos de deslocamento por modo se refere ao tempo necessário para chegar ao destino por meio do transporte público. Para obter o tempo de deslocamento, você deve considerar o tempo bidirecional de 3Mobilidade e acessibilidade caminhada até o ponto de parada, o tempo de espera no ponto de embarque, o tempo de circulação do veículo e o tempo de transferência, quando existir. Os longos tempos de caminhada até o ponto de parada estão relacionados à limitada cobertura espacial das linhas e de pontos de transporte público, somada à ausência ou precariedade de calçadas e de ciclovias com destino aos pontos de embarque e desembarque. Em sistemas não congestionados, especi- ficamente, em relação ao tempo de circulação do veículo, enquanto os carros trafegam a 60 km/h, os ônibus transitam a 20 km/h. Apesar das limitações de velocidade dos ônibus, muitos atrasos se devem ao prejuízo causado pelos automóveis ou a deficiências na operação dos ônibus. Na realidade diária de operação dos ônibus das cidades brasileiras, pode-se adicionar os problemas da lotação dos ônibus e da ausência de padrão previsível do tempo de espera no ponto de embarque. Já a integração física que condiciona o tempo de transferência está rela- cionada à forma de operação do transporte público (integração tarifária) e à oferta de estações e de infraestrutura de diferentes modalidades, conforme aponta Vasconcellos (2000). Os problemas relacionados às difíceis condições de circulação dos ônibus conferem a esse modo de transporte baixa confiabilidade, o que afeta muito a sua atratividade como alternativa de deslocamento ao carro. Os problemas da mobilidade urbana podem ser medidos por indicadores de acessi- bilidade. No trabalho de Lemos (2011), foram normalizados e classificados indicadores relacionados ao sistema viário, ao transporte público e ao uso e à ocupação do solo, dentre outros. Acessibilidade universal Alguns autores vêm estudando os problemas de acessibilidade universal em pontos de embarque e desembarque de Recife, capital do estado de Pernambuco. Dantas et al. (2018), ao analisarem as condições de acessibilidade universal nas estações de metrô da região metropolitana de Recife, evidenciam os seguintes aspectos: Mobilidade e acessibilidade4 baixa qualidade na percepção do usuário em relação à sinalização externa ao carro do símbolo internacional de acesso; ausência do símbolo internacional de acesso e de sinalização de assentos preferenciais; problemas nas calçadas de acesso, nos pisos, nos equipamentos de cir- culação (elevadores e escadas rolantes) e de controle, na disponibilidade de assentos preferenciais, no vão entre os trens e as plataformas e nos dispositivos de auxílio ao embarque de pessoa com cadeira de rodas. No trabalho de Amorim e Gomes (2017), foi inferida a precariedade da acessibilidade em vias públicas. Na Rua de Santa Cruz, também em Recife, foram relatados problemas na inclinação da calçada, no alcance manual de telefone, caixa de correio e acionamento de semáforo e nas larguras e incli- nações das rampas. O trabalho de Oliveira e Barros (2017) evidencia, ainda, irregularidades nos acessos de instituições de ensino público e privado de Brasília, especialmente na sinalização e na manutenção de calçadas. Para esse estudo, foi adotado um checklist com base nos critérios da ABNT NBR 9050/2004 para a área de circulação, as condições do piso, o rebaixamento e a inclinação das calçadas e quanto à presença de obstáculos. Os problemas de mobilidade vêm sendo evidenciados e reparados por meio de soluções de acessibilidade universal estabelecidas pelas normas da ABNT. Algumas dessas normas tratam dos seguintes aspectos: acessibilidade à pessoa portadora de deficiência, de forma segura, em trens de longo percurso (ABNT NBR 14020/1997); padrões que visam a proporcionar à pessoa portadora de deficiência aces- sibilidade ao transporte em ônibus e trólebus (ABNT NBR 14022/1997); acessibilidade nos automotores para condutores com mobilidade redu- zida (ABNT NBR 14970/2003); acessibilidade à pessoa portadora de deficiência, de forma segura, em trens de longo percurso (ABNT NBR 14021/2005); padrões que visam a proporcionar à pessoa com deficiência a acessibi- lidade ao transporte rodoviário (ABNT NBR 15320/2005); acessibilidade de passageiros no sistema de transporte aquaviário (ABNT NBR 15450/2006); critérios técnicos de acessibilidade a serem observados em todos os elementos do sistema de transporte coletivo de passageiros de carac- terísticas urbanas (ABNT NBR 14022/2011); 5Mobilidade e acessibilidade parâmetros de área de circulação, de comunicação e sinalização, de equipamentos de acessos, para dimensionamento de faixas livres, de sanitários, de vagas de estacionamento, de equipamentos urbanos e de mobiliário (ABNT NBR 9050/2004). No Quadro 1, estão relacionados alguns dos problemas de acessibilidade universal identificados pelas normas da ABNT. Fonte: Adaptado de ABNT NBR 14020/1997, ABNT NBR 14022/1997, ABNT NBR 14970/2003, ABNT NBR 14021/2005, ABNT NBR 15320/2005, ABNT NBR 15450/2006, ABNT NBR 14022/2011 e ABNT NBR 9050/2004. Problema/ ABNT NBR Áreas de circulação Veículo Plataformas Comunicação e sinalização Equipamentos de controle e de acesso ABNT NBR 14020/1997 × × ABNT NBR 14022/1997 × × × ABNT NBR 14970/2003 × ABNT NBR 14021/2005 × × × × × ABNT NBR 15320/2005 × × × × ABNT NBR 15450/2006 × × ABNT NBR 14022/2011 × × × × ABNT NBR 9050/2004 × × × Total 3/9 7/9 5/9 6/9 4/9 Quadro 1. Síntese dos problemas de acessibilidade identificados nas normas da ABNT, por data de publicação Os problemas nas áreas de circulação consistem nos obstáculos e na indis- ponibilidade de largura para o deslocamento de pessoas em cadeira de rodas, seja em linha reta, em área de manobra, na área de aproximação e no alcance Mobilidade e acessibilidade6 manual para comando de diferentes tipos de controles. Os obstáculos para portadores de mobilidade reduzida representam qualquer elemento natural instalado que impeça a aproximação, a transferência ou a circulação no espaço, como desníveis, grelhas e juntas de dilatação, tampas de caixas de inspeção e visita e capachos, forrações, carpetes e tapetes. Esse problema abrange ainda a ausência de área reservada para cadeira de rodas em veículos e de áreas nas extremidades de rampas ou juntoaos equipamentos de circulação e de controle de acesso, sem interferir nas áreas de circulação. Os problemas relacionados aos veículos individuais ou coletivos vêm rece- bendo especial atenção da Associação. Trata-se dos requisitos de dirigibilidade, abrangendo problemas como: obstáculos localizados na entrada e na saída do veículo, pisos altos, porta em desnível, indisponibilidade de assento preferencial e de área reservada e de sistema de segurança para cadeira de rodas. Já os problemas nas plataformas dizem respeito à interferência do posicionamento do mobiliário e a equipamentos indevidamente instalados nas plataformas na rota de acesso de transportes públicos, além da não demarcação das plataformas. Os problemas de comunicação e de sinalização abrangem a indisponibi- lidade de elementos como piso tátil, símbolo internacional de acesso, demar- cação de ponto de parada e comunicação interna e externa no veículo, como sinalização de assento preferencial, dispositivo de segurança e simbologia de paradas. Por fim, nos equipamentos de controle e de acesso, evidenciam-se aspectos como rotas inacessíveis entre o acesso e as plataformas, considerando que pelo menos um equipamento de controle e de acesso deve permitir sua utilização por pessoas com mobilidade reduzida. Como vimos, alguns dos problemas de acessibilidade universal identificados pelas normas da ABNT também foram verificados nos trabalhos de Dantas et al. (2018), Oliveira e Barros (2017) e Amorim e Gomes (2017) nas cidades brasileiras, dentre eles: problemas de comunicação e sinalização; problemas relacionados à plataforma de embarque; problemas nos equipamentos de controle e nos equipamentos de acesso; problemas nas áreas de circulação. 7Mobilidade e acessibilidade A ABNT NBR 9050/2004 (ABNT, 2004) é a principal referência para o tema da acessibi- lidade universal, pois aborda: os parâmetros antropométricos determinados com base nas dimensões humanas extremas (baixa estatura e estatura elevada); a comunicação e a sinalização visual, tátil, sonora, vertical, permanente, direcional, de emergência e temporária; o acesso e a circulação para pisos, desníveis, rotas de fuga, rampas, corrimãos, elevadores, escadas, esteiras rolantes, corredores, portas, calçadas, travessias e vagas, sanitários, equipamentos urbanos e mobiliário. Baixa mobilidade Os grupos caracterizados como de baixa mobilidade são os portadores de defi ciência física, as mulheres, os idosos e as classes de baixa renda. De acordo com Hine e Grieco (2003 apud LEMOS, 2004), os idosos aderem mais ao transporte coletivo e às caminhadas, e os portadores de defi ciência física enfrentam barreiras para acessar o sistema de transporte coletivo. Quanto às mulheres, foram identifi cadas defi ciências no sistema de transporte público para atender a suas demandas específi cas. Segundo Gomide (2003), as mulheres possuem padrões de mobilidade diferentes, ao conciliar o trabalho com outras atividades relacionadas às crianças e aos trabalhos domésticos. Do ponto de vista dos grupos sociais, o impacto das políticas públicas, no decorrer dos anos, privilegiou as classes altas e médias, que utilizaram o automóvel de forma crescente a partir da implantação da indústria automobi- lística na década de 1960. Os produtores de carros não se responsabilizaram pela segurança integral dos seus produtos. A instalação dos equipamentos de segurança era realizada apenas quando obrigada pelo governo ou para seguir regras das matrizes, conforme aponta Vasconcellos (2013). O usuário do transporte público também foi considerado nas políticas públicas ao longo dos anos, tendo sido atendido, inicialmente, em condições mínimas de eficiência em todas as regiões do país, com a constituição de um sistema de transporte público por ônibus urbano e interurbano. Esses usuários só vieram a ser atendidos com melhores condições de conforto e segurança a partir da década de 1990. É destacado, ainda, que os moradores das áreas Mobilidade e acessibilidade8 rurais tiveram sua mobilidade praticamente ignorada, o que prejudicou dezenas de milhões de pessoas, conforme aponta Vasconcellos (2013). Ainda conforme Vasconcellos (2013), ao longo dos anos, os pedestres e ciclistas foram ignorados quanto à sua forma de deslocamento. A negação dos direitos do pedestre começou com a definição legal de que a construção e a manutenção das calçadas são responsabilidade do proprietário do lote, e não como parte do sistema de circulação. Essa posição começou a ser alterada somente a partir de 1997, com o Código Brasileiro de Trânsito (CBT). A inclusão da política da motocicleta, com direito a subsídios no processo de produção e venda, começou a partir de 1990. Porém, essa tecnologia já era consolidada no Brasil, representando elevado perigo, tendo sido forjada em condições altamente perigosas, de acordo com Vasconcellos (2013). Em síntese, os principais problemas de mobilidade apresentados para os grupos sociais são: elevada participação nos gastos com transporte no orçamento familiar, para as classes baixas; substituição total da viagem motorizada por modo não motorizado para classes baixas, idosos, mulheres e moradores de áreas rurais; restrição de acesso às atividades de trabalho, educação, saúde e lazer, para classes baixas, idosos, mulheres e portadores de mobilidade re- duzida e de deficiência; manutenção da situação de baixa mobilidade para todos os grupos identificados; necessidades de mobilidade de pedestres e de ciclistas desprezadas; deslocamento para os usuários do transporte coletivo atendido em condições mínimas de eficiência; mobilidade do motociclista apoiada por meio de subsídios no finan- ciamento e incentivada pela circulação em condições perigosas entre filas de veículos no CBT de 1997. Pode-se perceber que os problemas de mobilidade estão relacionados à acessibilidade proveniente do sistema de transporte e das atividades do uso do solo e às barreiras de acessibilidade universal. Como resultado da restrição de acesso às suas atividades pelo sistema de transporte público, os grupos sociais identificados acabam por substituir a viagem motorizada pelo modo não motorizado, restringindo suas atividades ao raio de distância passível de ser percorrida a pé ou de bicicleta. 9Mobilidade e acessibilidade A grave consequência da baixa mobilidade está na falta de acessibilidade aos serviços básicos e às atividades cotidianas, correspondendo a uma negação dos direitos do cidadão brasileiro e representando um fator decisivo para a ampliação da discriminação e da exclusão desses grupos, conforme leciona Lemos (2011). O desprezo pela mobilidade de pedestres e de ciclistas, as condições precárias do transporte público e o apoio à mobilidade por motocicleta em condições perigosas ampliaram consideravelmente os acidentes de trânsito. Segundo Vasconcellos (2013), entre 1960 e 2010, o trânsito no Brasil matou 1,5 milhão de pessoas. A substituição total da viagem do modo não motorizado para o transporte motorizado, na região metropolitana de São Paulo, vem ocorrendo desde 1977, quando a população de baixa renda (até três salários mínimos) realizava cerca de 50% de seus deslocamentos a pé, conforme Gomide (2003). Soluções de mobilidade No planejamento de transportes, as tendências apontadas na literatura abrangem a melhor investigação da natureza do problema e das alternativas de projeto, relacionadas à segurança, à acessibilidade e à integração multimodal, conforme leciona Vickerman (2000). Pode-se apontar também como tendências a garantia de acesso ao transporte coletivo e a prioridade aos modos de transporte não motorizados, de acordo com a cartilha Mobilidade urbana é desenvolvimento urbano, elaborada pelo extinto Ministério das Cidades e pelo Instituto Pólis (GOMIDE et al., 2005). Essas tendências buscam contribuir para mitigar os problemas de baixa oferta espacial do transporte públicoe de ausência de calçadas e de ciclovias, respectivamente. Segundo Vasconcellos (2000), o incentivo ao transporte não motorizado deve se dar por meio da pavimentação, da análise da integração espacial das redes de ciclovias e da avaliação das condições das calçadas e das condições de sinalização, sendo esses dois últimos aspectos relacionados com as propostas de acessibilidade universal. Essas propostas visam a diminuir os problemas de baixa qualidade das vias por meio da integração eficiente do transporte público com o não motorizado. Mobilidade e acessibilidade10 Como tendência, destaca-se, ainda, a inclusão do uso e da ocupação do solo como dimensão de análise para a defesa do acesso ao trabalho, à escola e ao lazer. Com isso, objetiva-se a otimização do uso do sistema de transporte público por meio da reorganização do uso do solo, de forma a reduzir a de- pendência de transporte motorizado e facilitar o transporte não motorizado. No planejamento urbano de Curitiba, observa-se a redução da distribuição espacial desigual das atividades, em função da redefinição do eixo de circulação de tráfego e de transporte público, com o uso do ônibus de trânsito rápido (BRT, do inglês bus rapid transit). Essa redefinição está associada com a instalação de novos empreendimentos comerciais na periferia e a implantação de áreas residenciais de alta densidade nessas regiões. O BRT permite a redução da grande variação nos tempos de deslocamento por transporte público, ao operar de forma segregada, ainda que não consiga, neces- sariamente, reduzir esse tempo. Segundo Vasconcellos (2013), as medidas de bilhete único e faixas exclusi- vas para corredores de ônibus implantadas nas cidades brasileiras garantiram melhores condições de uso e circulação para veículos de transporte público. O mesmo vale para as medidas de acessibilidade universal, implementadas desde 2004, para as quais são apresentadas soluções nas normas da ABNT; dentre elas, podemos destacar a rota acessível, a sinalização e o livre acesso. Nas plataformas de transporte, as soluções de acesso universal estão re- lacionadas à garantia de uma rota acessível entre os diferentes modos inte- grados de transporte. Quando existir, por exemplo, porta giratória ou outro dispositivo de segurança de ingresso que não seja acessível, deve ser prevista outra entrada que garanta a rota acessível. As bilheterias e os equipamentos de autoatendimento também precisam ser acessíveis. Existe uma preocupação quanto ao posicionamento do mobiliário e dos equipamentos instalados nas plataformas, que devem ser localizados de forma a não interferir na rota acessível. Salas operacionais devem estar interligadas à rota acessível, como salas de primeiros-socorros, salas de supervisão e sanitários acessíveis. Nas plataformas, assentos preferenciais devem estar disponíveis, próximos aos locais de embarque e desembarque (ABNT, 2004, 2005a). Quanto aos problemas de comunicação, a sinalização de emergência é utilizada para indicar as rotas de fuga e saídas das edificações, as áreas de 11Mobilidade e acessibilidade assistência de resgate e as áreas de refúgio. O símbolo de acesso universal deve indicar onde existem elementos acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida, sendo utilizado horizontal ou verticalmente principalmente nas entradas, nas vagas de estacionamento, nas áreas de embarque/desembarque, nos sanitários e nas áreas reservadas para pessoas em cadeira de rodas. Existe, também, os símbolos para pessoas com deficiência visual e surdez, que indicam a existência de equipamentos para pessoas com essas deficiências. Os símbolos complementares devem ser utilizados para indicar as facilidades existentes nas edificações, como sanitários e equipamentos de circulação (elevador, escada e rampa). A sinalização tátil no piso pode ser do tipo de alerta ou direcional; ambas devem ter cor contrastante com a do piso adjacente e podem ser so- brepostas ou integradas ao piso existente (ABNT, 2004). Existe, ainda, uma preocupação quanto ao livre acesso na entrada e na saída do veículo acessível, assim como nos equipamentos de acesso a outros pavimentos. O livre acesso abrange os seguintes elementos e aspectos: pisos nivelados (carpetes e grelhas precisam estar embutidos no piso, assim como as soleiras); largura de portas para passagem de cadeirantes; área adicional nas vagas de veículos motores; áreas de manobra para a circulação de cadeira de rodas; área reservada em veículos acessíveis. Deve-se destacar a necessidade de assentos preferenciais para idosos e portadores de outras deficiências. Os equipamentos de circulação precisam estar disponíveis para a utilização por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, dentre eles: elevador, rampa, plataforma de elevação vertical ou esteira rolante e escada rolante. Os controles e botões devem ser acionados por meio de pressão ou de alavanca e precisam obedecer às dimensões referenciais para o alcance manual frontal e lateral de uma pessoa em cadeira de roda. Em relação ao problema da restrição de mobilidade para a classe baixa, no trabalho de Vasconcellos (2013), são apontadas algumas soluções em favor desse grupo. Dentre essas soluções estão o vale transporte instituído em 1985, que reduziu o impacto da tarifa no orçamento dos grupos mais carentes, e o programa federal de transporte escolar na zona rural, instituído em 2004. O problema da insegurança no trânsito está intrinsicamente associado à velocidade do tráfego motorizado, velocidade essa que deveria garantir a se- gurança de pedestres, ciclistas, idosos, mulheres com crianças e portadores de necessidades especiais. Existem movimentos alternativos em favor de vias de Mobilidade e acessibilidade12 tráfego moderado ou livres de tráfego, com projetos específicos de travessias e circulação de pedestres, dentre eles a moderação de tráfego. Essa técnica, também denominada de traffic calming, tem como objetivo mudar o comportamento dos motoristas, que passam a conduzir seus veículos de maneira mais lenta. Assim, com a utilização dessa técnica, as ruas passam a ser mais seguras, calmas e atraentes aos moradores e visitantes do local, de acordo com Esteves (2003). Os dispositivos mais utilizados na moderação de tráfego são: as lombadas, para redução de velocidade dos carros; os platôs elevados ou speed table, para travessia de pedestres; as almofadas antivelocidade para o veículo motorizado; os estreitamentos de pista para os carros, em vias de mão dupla; os canteiros centrais, para pontos de apoio ao pedestre. Segundo Esteves (2003), a aplicação desses dispositivos deve estar asso- ciada a medidas de: sinalização, alertando que se trata de uma área de velocidade reduzida; pavimentação, com a adoção de materiais para pavimentação com cores diferenciadas; paisagismo, com utilização de vegetação para proteção de pedestres e absorção de ruído; e desenho urbano. Em síntese, as soluções de mobilidade urbana estão relacionadas aos prin- cípios de acessibilidade universal, de eficiência na prestação dos serviços de transporte urbano e de segurança nos deslocamentos de pessoas — princípios citados na Lei da Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012). Trata-se, principalmente, de soluções relacionadas à acessibilidade proveniente do sistema de transporte e à acessibilidade universal. Para a melhor compreensão de como deve ser a área para cadeira de rodas, o piso tátil, o símbolo internacional de acesso, os símbolos complementares, dentre outros desenhos universais, diversas ilustrações estão disponíveis nas normas abordadas neste capítulo. 13Mobilidade e acessibilidade ABNT. NBR 14020: transporte – acessibilidade à pessoa portadora de deficiência – trem de longo percurso. Rio de Janeiro, 1997a. ABNT. NBR 14021: transporte – acessibilidade no sistema de trem urbano ou metropo- litano. Rio de Janeiro, 2005a. ABNT. NBR 14022: transporte – acessibilidade à pessoaportadora de deficiência em ônibus e trólebus, para atendimento urbano e intermunicipal. Rio de Janeiro, 1997b. ABNT. NBR 14970-1: acessibilidade em veículos automotores. Rio de Janeiro, 2003. ABNT. NBR 15320: acessibilidade à pessoa com deficiência no transporte rodoviário. Rio de Janeiro, 2005b. ABNT. NBR 15450: acessibilidade de passageiros no sistema de transporte aquaviário. Rio de Janeiro, 2006. ABNT. NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. AMORIM, E. S.; GOMES, K. B. M.; G. Avaliação dos níveis de acessibilidade em vias públicas: estudo na Rua de Santa Cruz, Recife/PE. In: ANPET, 31., 2017, Recife. Anais [...]. Pernambuco, 2017. BRASIL. Lei no. 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943, e das Leis. 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 4 jan. 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12587.htm. Acesso em: 16 set. 2019. DANTAS, A. et al. Acessibilidade em estações metroviárias da região metropolitana do Recife: estudo da estação de metrô Recife. In: ANPET, 32., 2018, Gramado. Anais [...]. Rio Grande do Sul, 2018. ESTEVES, R. Cenários urbanos e traffic calming. 2003. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. GOMIDE, A. Á (coord.). et al. Mobilidade urbana é desenvolvimento urbano: conheça o anteprojeto de lei da política nacional de mobilidade urbana. Brasília: Ministério das Cidades, 2005. Disponível em: http://www.polis.org.br/uploads/922/922.pdf. Acesso em: 16 set. 2019. GOMIDE, A. Á. Transporte urbano, pobreza e inclusão social. In: ANPET, 17, 2003, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro, 2003. Mobilidade e acessibilidade14 LAGO, L. C. Desigualdades e segregação na metrópole: o Rio de Janeiro em tempo de crise. Rio de Janeiro: Revan Fase, 2000. LEMOS, D. S. C. P. S. Análise das relações existentes entre a acessibilidade e o desenvolvi- mento no município de Petrópolis. 2011.Tese (Doutorado em Engenharia de Transportes) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. LEMOS, D. S. C. P. S. Análise das relações existentes entre acessibilidade, mobilidade e desen- volvimento urbano: o caso da cidade do Rio de Janeiro. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Transporte) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. OLIVEIRA, A. D.; BARROS, A. P. B. G. Análise da acessibilidade a instituições de ensino superior: estudo comparativo entre instituições pública e provada de Brasília. In: ANPET, 31., 2017, Recife. Anais [...]. Pernambuco, 2017. SALES FILHO, L. H. O uso de indicadores de acessibilidade na avaliação de redes estruturais de transporte urbano. 1996. Tese (Doutorado em Engenharia de Transportes) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. VASCONCELLOS, E. A. Políticas de transportes no Brasil: a construção da mobilidade excludente. Barueri: Manole, 2013. VASCONCELLOS, E. A. Transporte urbano, espaço e equidade: análise das políticas públicas. 3. ed. São Paulo: Anablume, 2000. VICKERMAN, R. Evaluation methodologies for transport projects in the United Kingdom. Transport Policy, v. 7, n. 1, p. 7-16, 2000. Disponível em: http://www.elsevier.com/locate/ tranpol. Acesso em: 16 set. 2019. VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. 2. ed. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001. 15Mobilidade e acessibilidade Dica do professor A variação nas frequências dos ônibus e a baixa oferta espacial de estações de transporte de média e alta capacidade afetam respectivamente os tempos de deslocamento e o acesso ao transporte público, problemas vivenciados nas cidades brasileiras. Assista ao vídeo da Dica do Professor para compreender como a estimativa de dois indicadores de simples formulação matemática, a frota de ônibus e o número de estações de transporte, pode contribuir para identificar as regiões das cidades brasileiras que comparativamente apresentam desempenho inferior em relação aos dois problemas abordados. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/8702d08b67868a8e86df8a32a7519b2f Na prática A locomoção de pessoas portadoras de necessidades especiais pelas ruas de muitas cidades é bem difícil e limitada. O acesso ao transporte e às edificações também é muito precário ainda. É necessário que ocorram adaptações e muitas melhorias para a locomoção e garantia de melhores condições de vida dessa população. Neste Na Prática, você verá como o Símbolo Internacional de Acesso pode ser aplicado de diversas maneiras nos ônibus que dispõem de estruturas acessíveis para os portadores de deficiência. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/06764c7b-8c92-4e66-9b92-095fd3b87243/b7c9574b-19be-4987-a7aa-d1bb646b5969.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Oferta de transporte reflete a desigualdade Pesquisas do ITDP indicam que, nas cidades com mais de 500 mil habitantes, seria preciso triplicar a rede de transportes de média e alta capacidade para dar conta da demanda existente, evidenciando políticas que poderiam amenizar o problema. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Municípios reduzem acidentes no trânsito com redesenho urbano Neste material, são apresentadas possibilidades de desenho urbano que contribuam para reduzir acidentes de transito e para melhorar a mobilidade urbana e uma mudança da lógica urbana focada nos carros pela vivência da cidade a pé, com informações sobre a caminhabilidade nas cidades brasileiras. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Qual o impacto da primeira Rua Completa em São Paulo? Divulgação da primeira experiência do programa da Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono em São Paulo, cidade que recebeu um projeto de Rua Completa, que contemplou o redesenho da via para aumentar a segurança do pedestre. http://www.antp.org.br/noticias/clippings/oferta-de-transporte-reflete-a-desigualdade.html https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2018/06/municipios-reduzem-acidentes-no-transito-com-redesenho-urbano.shtml Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.archdaily.com.br/br/896600/qual-o-impacto-da-primeira-rua-completa-em-sao-paulo Modos de Transporte e suas características Apresentação Seja para trabalhar, estudar, fazer compras, ir ao médico, ir ao cinema, seja por qualquer outra razão, todos os dias, grande parte das pessoas do mundo necessita deslocar-se. Esses deslocamentos são realizados com algum modo de transporte. Em outras palavras, o acesso aos modos de transportes garante acessibbilidade e competitividade aos indivíduos e às empresas nas cidades. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os principais modos de transporte, suas características e como eles podem impactar a mobilidade no meio urbano. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar os principais modos de transporte aplicáveis aos centros urbanos.• Descrever as características dos modais.• Relacionar características e aplicações dos modais.• Infográfico Os modos de transporte são usualmente categorizados pela sua amplitude de atuação. Alguns atuam maisna escala regional, enquanto outros mais na escala local. No entanto, grande parte deles pode atuar nas duas frentes. Um sistema ferroviário, por exemplo, pode cruzar o país transportando soja, e pode também conectar estudantes até a estação da universidade em um metrô. Alguns modos, entretanto, só atuam na área local e em viagens normalmente curtas. Neste Infográfico, você saberá mais sobre a área de atuação dos modos, inclusive sobre aqueles que atuam na chamada micromobilidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b58e67a5-c848-4c9b-87ca-782ea9588809/d6a53bbc-0a91-401d-ab15-9e47e3da9c8c.png Conteúdo do livro A mobilidade urbana é um dos maiores desafios na atualidade, tanto para o Brasil quanto para vários outros países. As condições de mobilidade afetam o desenvolvimento econômico das cidades, podendo atrair ou afastar pessoas, investidores, indústrias e empregos. No capítulo Modos de transporte e suas características, da obra Planejamento de transportes urbanos, você conhecerá um pouco mais sobre as diferentes modalidades de transporte, seus aspectos e suas aplicações nas áreas urbanas. Boa leitura. Planejamento de Transportes Urbanos Shanna Lucchesi Modos de transporte e suas características Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar os principais modos de transporte aplicáveis aos centros urbanos. Descrever as características dos modais. Relacionar características e aplicações dos modais. Introdução O sistema de transporte de passageiros facilita o deslocamento das pes- soas, garantindo, assim, uma melhor qualidade de vida para a população, além de possibilitar uma diminuição no tempo gasto com percursos diários. A mobilidade proporcionada pelo transporte público possibilita o aprendizado e o aperfeiçoamento profissional contínuo das pessoas, o lazer e o acesso a equipamentos de saúde e centros culturais. Para compreender a importância dos transportes para a sociedade, destaca-se que a qualidade do sistema de transporte público de passageiros é um dos dados que caracterizam a qualidade de vida de uma cidade e, por consequência, indicam seu grau de desenvolvimento econômico e social. Neste capítulo, você vai aprender a respeito dos transportes públicos urbanos, verificando quais são os principais modos de transporte apli- cáveis aos centros urbanos, bem como suas características e aplicações. Principais modais de transporte De acordo com Vasconcellos (2006, p. 11), o transporte “[...] é uma atividade necessária à sociedade e produz uma grande variedade de benefícios, possi- bilitando a circulação das pessoas e das mercadorias utilizadas por elas e, por consequência, a realização das atividades sociais e econômicas desejadas”. Existem diversos modais de transportes nas cidades. O modo ou modal de transporte consiste no tipo de veículo utilizado para fazer o deslocamento de pessoas e mercadorias. A escolha por um modal de transporte está fortemente vinculada ao seu custo e ao tempo de deslocamento. De forma geral, podemos elencar os seguintes modais de transporte: terrestre, como carros, caminhões, ônibus e trens; aquático, como navios e barcos; aéreo, como aviões e helicópteros; tubular, como gasodutos e oleodutos. Segundo Oliveira e Cervilha (2013), no Brasil, os modais são classificados em três áreas distintas: aquática, aérea e terrestre. Os autores ressaltam que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior (extinto em 2019) subdividia os modais em cinco classes: rodoviário, ferroviário, aquático, aéreo e dutoviário. Outras classificações também foram criadas. Ferraz e Torres (2004), por exemplo, classificam os transportes com base no seu uso: privado ou individual; público, coletivo ou de massa; e semipúblico. No modo privado ou individual, o veículo é conduzido por um dos usuários, que pode escolher livremente o caminho e o horário de partida. Há, portanto, total flexibilidade de uso no espaço e no tempo. O transporte é feito porta a porta, sendo, em geral, pequenas as distâncias a serem percorridas a pé para completar as viagens. A capacidade do veículo é pequena, e a posse pode ser momentânea, pois ele pode estar emprestado, alugado ou a serviço. Os modos mais comuns de transporte privado são: a pé, bicicleta, motocicleta, carro (vocábulo utilizado neste texto para designar automóvel, perua/van ou camioneta/caminhonete), montado em animal e veículo com tração animal. A Figura 1 traz a ilustração de uma carruagem, veículo com tração animal utilizado desde a Idade Média. Modos de transportes e suas características2 Figura 1. As carruagens, um dos principais meios de transporte da Idade Média, hoje são atração turística em muitas cidades do mundo. Fonte: Maksim Shmeljov/Shutterstock. Já no modo público, coletivo ou de massa, os veículos pertencem, em geral, a uma empresa e operam em rotas predefinidas e horários fixos. Não há flexi- bilidade de uso no espaço e no tempo, e o transporte não é porta a porta, sendo muitas vezes necessário caminhar distâncias consideráveis para completar as viagens. A capacidade do veículo é grande, e a viagem é compartilhada por grande número de passageiros. Os modos mais comuns de transporte público são: ônibus, bonde, pré-metrô, metrô e trem suburbano (metropolitano). No modo semipúblico, o veículo pertence a uma empresa ou indivíduo e pode ser utilizado por determinado grupo de indivíduos ou por qualquer pessoa, tendo rota e horários adaptáveis aos desejos dos usuários em vários graus. Apresenta, portanto, características intermediárias entre os modos privado e público. Os modos mais comuns de transporte semipúblico são: táxi, mototáxi, carona programada, lotação (perua/van ou micro-ônibus), veículo fretado e veículo alugado. Atualmente, com os avanços da tecnologia digital, um novo modo de transporte semipúblico vem ganhando força: os aplicativos de transporte. Nesse caso, a pessoa instala um aplicativo no seu celular e pode chamar o motorista indicando o local de partida e o local de destino. É possível ainda ver a placa do carro, o nome do motorista e o tempo aproximado de espera e de chegada ao destino. 3Modos de transportes e suas características Existem duas definições a respeito dos transportes modais. O transporte multimodal trata dos deslocamentos de bens e pessoas que utilizam mais de uma modalidade integrada. Já o transporte unimodal envolve apenas uma modalidade de transporte. Características das modalidades de transporte Transporte rodoviário É um transporte terrestre, cujos veículos se deslocam sobre estradas pavimen- tadas ou não pavimentadas. A propulsão predominante desses veículos é o motor à combustão interna, e os combustíveis são, na sua maioria, derivados do petróleo (gasolina, diesel e gás natural veicular). Em menor proporção, existem outras formas de propulsão, como etanol, eletricidade e hidrogê- nio. Os veículos de transporte rodoviário se distinguem pela fi nalidade do deslocamento, dividindo-se entre os veículos de transporte de passageiros (passeio, ônibus, motocicleta e bicicleta) e os veículos de carga (caminhões e camionetas). A Figura 2 mostra um caminhão, veículo considerado de carga. Figura 2. O transporte de cargas no Brasil é, em grande parte, feito por caminhões. Fonte: Mais... (2013, documento on-line). Modos de transportes e suas características4 Transporte ferroviário Também é um transporte terrestre. O veículo, uma composição ou trem (Fi- gura 3), é constituído por uma locomotiva e vários vagões, que transportam cargas ou passageiros. A propulsão pode ser a vapor, elétrica ou diesel. A circulação ocorre sobre trilhos compostos por ligas especiais de aço, em uma estrada denominada via férrea, ou via permanente. Essa segunda designação tem uma razão histórica: no séculoXX, esse era o único modal a manter o transporte terrestre em geração em qualquer condição climática. No Brasil, o transporte ferroviário é bastante utilizado para o deslocamento de grãos, líquidos e minérios a distâncias médias ou grandes. Figura 3. Transporte ferroviário: trem. Fonte: Brasil (2018, documento on-line). Transporte aquaviário Esse modo de transporte também é chamado hidroviário. O deslocamento ocorre sobre a superfície das águas, em canais navegáveis — rios (fl uvial) e oceanos (marítimo) —, com barcos e navios (Figura 4). O transporte fl uvial está condicionado aos regimes dos rios e a operações de dragagem e derro- 5Modos de transportes e suas características camento sobre o leito, que infl uenciam a navegabilidade. A propulsão é feita com motores a vapor e diesel. Essa modalidade é utilizada quase que exclusivamente para o transporte de mercadorias. O transporte marítimo é voltado para o transporte a grandes distâncias de produtos pesados, volumosos ou, ainda, menores, mas acomo- dados em contêineres, condição que confere à modalidade custos bastante competitivos. Figura 4. Transporte aquaviário: navio com contêineres. Fonte: Bonfanti (2018, documento on-line). Transporte aéreo É a modalidade na qual os veículos circulam no ar, mediante coordenadas geográfi cas. As vias são chamadas de aerovias ou rotas aéreas. Os aviões mais modernos possuem turbinas acionadas com propulsão por querosene. O tráfego aéreo é controlado por pessoal especializado, por meio do uso de equipamentos sofi sticados, que proporcionam maior segurança para as aeronaves e seus usuários. Recentemente, essa modalidade ampliou sua função de transporte de pas- sageiros e está atuando também no transporte de cargas. Mercadorias com alto valor agregado (como aparelhos eletrônicos, flores e frutas), com dimensões e pesos menores, são transportadas de forma econômica por avião (Figura 5). Modos de transportes e suas características6 Figura 5. Transporte aéreo: avião. Fonte: Menezes (2019, documento on-line). Transporte dutoviário ou tubular Como modalidade de transporte, o transporte dutoviário ganhou importância a partir da exploração comercial do petróleo e da distribuição dos seus deri- vados líquidos e gasosos. Nos últimos 20 anos, seu emprego evoluiu para o transporte de grãos sólidos, como o minério de ferro e o carvão mineral, que, misturados com água, formam uma pasta fl uida e compatível com o desloca- mento. A via é constituída por uma sequência de tubos geralmente metálicos (Figura 6), posicionados de forma judiciosa sob o terreno. O traçado da via contém estações de bombeamento devidamente espaçadas e dimensionadas para dar continuidade ao fl uxo. 7Modos de transportes e suas características Figura 6. Transporte dutoviário: dutos subterrâneos. Fonte: Lemos (2017, documento on-line). Existe ainda uma modalidade mais recente chamada de transporte metroviário. Esse tipo de transporte utiliza trens movidos a eletricidade e é apontado como uma solução para os problemas de trânsito nas grandes cidades. Infelizmente, ainda é pouco utilizado no Brasil. Para saber mais a respeito do transporte metroviário, leia o livro Transporte metroferroviário de passageiros, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte e disponibilizado no link a seguir. https://qrgo.page.link/EMQgb Modos de transportes e suas características8 Aplicação dos modais nos centros urbanos O tema dos transportes tem uma ligação direta com os centros urbanos. O tamanho da cidade determina, em grande parte, o modo de locomoção dos seus habitantes. Nas cidades muito pequenas, a locomoção é feita quase ex- clusivamente a pé. Crescendo o tamanho da cidade, aumenta a utilização de veículos particulares (carro, motocicleta e bicicleta) e de táxis. Nas cidades de porte médio, já se observam ruas mais largas e transporte coletivo por ônibus. Se o porte da cidade for maior, utilizam-se as vias expressas, sobretudo nos fundos de vale (marginais aos rios); muitas vezes, há priorização do transporte coletivo, com o emprego de faixas exclusivas para ônibus e bondes. Mais um salto de tamanho e surgem o transporte coletivo tipo pré-metrô e muitos via- dutos e vias expressas (no nível do solo ou elevadas). Nas grandes metrópoles, é comum uma grande parte do transporte coletivo ser realizada por metrô, pré-metrô e ônibus articulados ou biarticulados em faixas segregadas. Além disso, essas cidades contam com extensa rede de vias expressas e elevado número de viadutos. De acordo com Wilheim (2013, documento on-line): A amplitude da questão da mobilidade urbana, assim como a complexidade dos temas nela envolvidos definem o problema como crucial dentro do pla- nejamento das cidades. Essa disciplina tem sido desafiada por outros temas igualmente cruciais, compondo o quadro de perplexidade, instabilidade e perspectivas polêmicas deste início do século XXI. Herdeiro da crise interna ao capitalismo, decorrente da relativa autonomia e domínio do setor financeiro sobre o restante da economia, o século em sua primeira década revela desafios de ordem social, ambiental e econômica. De acordo com Pimentel e Facca (2017), a história mostra que os meios de transporte sofrem transformações devido às necessidades, sejam das pessoas ou das empresas e indústrias. O objetivo primordial para os usuários dos meios de transporte é o transporte em si — ir do ponto A ao ponto B. A invenção de carroças, carros e navios surgiu da necessidade de carregar mais pessoas ou mercadorias em um menor espaço de tempo. Com a popularização do automóvel como um produto da mobilidade, a relação do homem com o carro e com as máquinas no geral foi se modificando, ficando mais complexa e mais emocional. O carro foi o objeto que transformou essa relação e criou a relação emocional com a máquina. O homem criou uma relação de paixão e toda uma cultura dentro do universo do automóvel como produto, conforme apontam Pimentel e Facca (2017). 9Modos de transportes e suas características Os autores citam ainda que as montadoras de veículos possuem um papel de extrema importância no futuro da mobilidade, devido a seus projetos e conceitos focados nos usuários. A necessidade do usuário de buscar experiências faz surgir uma forma de pensar na mobilidade de maneira eficiente, envolvendo fatores tecnológicos que causem sensações e novas experiências. Esse rumo cria projetos como o veículo ID BUZZ, da Volkswagen (Figura 7), um conceito de um carro que será efetivamente produzido e vendido em 2022. Figura 7. Veículo ID BUZZ, da Volkswagen. Fonte: Volkswagen... (2019, documento on-line). Os serviços como Uber (aplicativo de transporte de passageiros), Zipcar (serviço de compartilhamento de carros), entre outros, são uma opção que contempla a necessidade de muitas pessoas, além de serem interessantes economicamente para determinados estilos de vida e rotinas. Robin Chase, cofundadora da Zipcar, acredita que as pessoas estão mais dispostas a compar- tilhar, em vez de comprar carros. Chase (2015) comenta que muitos optam por usar o Zipcar por se tratar de uma escolha mais inteligente financeiramente, além de ter se tornado uma tendência. Pimentel e Facca (2017) acreditam que, em um futuro próximo, as cidades serão consideradas cidades inteligentes, conectadas digitalmente com os elementos que as compõem, como vias, vagas e sinalizações, e também às pessoas e seus dispositivos, como os próprios veículos. Os dados obtidos serão Modos de transportes e suas características10 usados e processados em prol de uma melhor convivência entre os indivíduos. Assim, podemos perceber que as possibilidades de projetos aplicados na questão da mobilidade são promissoras, considerando-se o surgimento de áreas de atuação e projetos inovadores ligados à mobilidade urbana. ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016. BONFANTI, C. Mais de 90% das empresas usam rodovias para transportar mercadorias
Compartilhar