Baixe o app para aproveitar ainda mais
Leia os materiais offline, sem usar a internet. Além de vários outros recursos!
Prévia do material em texto
VULVOVAGINITES FISIOPATOLOGIA FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO VAGINOSE BACTERIANA Síndrome clínica polimicrobiana causada pelo crescimento anormal de bactérias anaeróbicas, devido ao desequilíbrio da flora vaginal normal, com substituição da flora dominada por lactobacilos por bactérias anaeróbicas e facultativas; - altera a resposta imune local, imunossuprimindo o meio vaginal e o tornando mais susceptível a outros agentes infecciosos; Situações que causam a alcalinização vaginal como intercursos sexuais frequentes, uso de duchas vaginais, sexo anal, exercício físico, estresse e período pré- menstrual - Assintomático em 50 a 70% das mulheres; - Corrimento de intensidade variável; - Secreção vaginal com odor de peixe (causados pelas aminas aromáticas voláteis resultantes do metabolismo aeróbico da bactéria em contato com a alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual), que piora após relação sexual e durante a menstruação; - Em 15% dos casos ocorre prurido e irritação vulvovaginal; - Exame ginecológico: parede vaginal íntegra, conteúdo vaginal de aspecto homogêneo, em quantidade variável, com coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada, com odor de peixe; Critérios Diagnósticos de Amstel - São 4 parâmetros diagnósticos, porém para a confirmação diagnóstica da vaginose bacteriana bastam 3 sinais ou sintomas associados; - pH vaginal > 4,5; - Leucorreia – secreção vaginal cremosa, homogênea, cinzenta e aderidas às paredes vaginais e ao colo uterino; - Teste das Aminas (Whiff Test) positivo – ao adicionar 1 a 2 gotas de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal, surge imediatamente odor desagradável, devido a volatilização das bases aminadas; - Exame a fresco com detecção de clue cells (células epiteliais vaginais recobertas por Gardnerella vaginalis, que ao aderir a membrana celular, torna o contorno celular granulomatoso e impreciso) – melhor indicativo de vaginose; - Primeira opção: metronidazol oral, 500mg, 2x/dia, por 7 dias; ou metronidazol gel 100 mg/g, 1 aplicador, à noite, ao deitar, por 5 dias; - Segunda opção: clindamicina 300mg VO, 2x/dia, 7 dias; - Vaginose Recorrente: metronidazol 500mg, 2x/dia, 10 a 14 dias; ou metronidazol gel 100mg/g, 1 aplicador, via vaginal, 1x/dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4 as 6 meses; TRICOMONÍASE - Doença sexualmente transmissível (DST), causada pelo protozoário Trichmonas vaginalis; - A Trichomonas vagilanis ao penetrar na vagina adere fortemente às células epiteliais, ligando uma proteína de sua superfície (lipofosfoglican) à membrana das células; - Para sobreviver o parasita adquire nutrientes do meio externo, fagocitando bactérias, fungos e células do hospedeiro; - Eritrócitos incorpora sua membrana celular para adquirir o ferro, que utiliza para seu metabolismo e aumento da virulência; - Provoca resposta inflamatória e facilita a aquisição de outras infecções, como o HIV; - Associa-se a complicações durante o ciclo gravídico puerperal; Relação sexual sem uso de preservativo, múltiplos parceiros - Período de incubação: varia entre 4 a 28 dias; - 30% dos casos são assintomáticos; - Varia entre quadros assintomáticos e quadros inflamatórios graves e agudos; - Principais sinais e sintomas: secreção vaginal abundante e bolhosa, de coloração amarelo-esverdeada, odor fétido, ardor genital, sensação de queimação, prurido vulvar intenso e hiperemia/edema de vulva e vagina; - Sintomas possíveis: queixas de disúria, dispareunia, polaciúria e dor suprapúbica; - Em gestantes se relaciona com a ruptura prematura de membranas e o parto pós-termo; - Os sintomas costumam ser mais intensos após o período menstrual ou durante a gravidez; - Exame ginecológico – hiperemia dos genitais externos, corrimento exteriorizando pela fenda vulvar, aumento do conteúdo vaginal de coloração amarelo-esverdeada com pequenas bolhas, paredes vaginais e ectocérvice hiperemiadas e colo uterino com sufusões hemorrágicas (microulcerações que dão aspecto de FRAMBOESA); - pH vaginal > 4,5; - Exame a fresco e bacterioscopia com coloração pelo Gram – identifica o Trichmonas vaginalis (organismo flagelado, ovóide, móvel no exame a fresco e imóvel na bacterioscopia e maior que os leucócitos; - Teste das aminas positivo – presença de germes anaeróbicos; - Primeira opção - Metronidazol 2g, via oral, dose única; ou metronidazol 500mg, VO, 2x/dia, por 7 dias; - Segunda opção – Tinidazol 2g, VO, dose unida; **trata o parceiro com o mesmo esquema, mesmo quando assintomático** - Recorrente - Metronidazol 500mg, VO, 2x/dia, por 7 dias; CANDIDÍASE VULVOVAGINAL - Proliferação de fungos Candida no meio vaginal; - A Candida albicans da flora vaginal passa do estado de saprófita para o estado infeccioso, ocorrendo invasão das camadas do epitélio vaginal, resposta inflamatória e aparecimento de sintomas; - São produzidas enzimas com atividade proteolítica (proteinases), que favorecem a aderência e o dano às células epiteliais, favorecendo a invasão; - Possuem a capacidade de formação de biofilmes, facilitando as recidivas; Gestação, diabetes, contato oral-genital, uso de estrogênios em altas doses, uso de corticoides, uso de antibióticos, uso de anticoncepcionais orais, uso de imunossupressore s, imunodeficiência, espermicidas, uso de diafragma, uso de DIU, hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local, contato com substâncias alergênicas e infecção pelo HIV - Prurido intenso vulvar e/ou vaginal; - Edema de vulva e/ou vagina; - Leucorréia branca em grumos - secreção vaginal esbranquiçada e grumosa – mais intensa no período pré-menstrual; - Ausência de odor; - Disúria terminal e dispareunia; - Cansidíase Não Complicada - ocorre esporadicamente, em intensidade leve ou moderada, causada pela Candida albicans e em mulheres sem comorbidades; - Candidíase Complicada - ao menos 1 dos critérios: sintomas intensos, recorrente ou severa, causada por espécies não albicans, em mulheres com diabete, debilitadas, com condições imunossupressoras ou gestantes; - Candidíase Recorrente – mais de 4 episódios de candidíase no último ano; - Exame ginecológico – hiperemia vulvar, edema, fissuras, escoriações, conteúdo vaginal esbranquiçado ou amarelado de aspecto fluido, espesso ou flocular, aderido às paredes vaginais em placas de cor branca, escoriações e lesões satélites pustulosas pelo ato de coçar; - O pH vaginal pode se manter normal (<4,5); - Exame microscópico a fresco ou coloração de Gram – demonstram em 40 a 60% dos casos a presença de hifas e pseudo-hifas (forma mais recorrente na fase sintomática); - Primeira opção – Miconazol creme a 2%, via vaginal, 1 aplicador cheio, ao deitar, por 7 dias; ou nistatina 100.000UI, 1 aplicação, via vaginal, ao deitar, por 14 dias; - Segunda opção – Fluconazol 150mg, VO, dose única; ou itraconozol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia; Complicada ou recorrente - Tratamento de indução: fluconazol 150mg, VO, 1x/dia, dias 1,4 e 7; ou introconazol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2xdia, por 1 dia; ou miconazol creme vaginal tópico diário por 10 a 14 dias; - Tratamento de manutenção: fluconazol 150mg, VO, 1x/semana, por 6 meses; ou miconazol creme vaginal tópico, 2x/semana; ou óvulo vaginal 1x/semana, por 6 meses; VAGINITE INFLAMATÓRIA DESCAMATIVA - Forma severa de vaginite purulenta crônica; - Pode apresentar Streptococcus B e Eschericchia coli, com processo inflamatório intenso; - As bactérias estimulam o sistema imune com intensa resposta inflamatória; Fatores imunológicos e deficiência de estrogênio -Corrimento profuso ou de moderada quantidade, acompanhado de desconforto acentuado, dispareunia e ardor; - Queixa de longa duração; - Exame ginecológico: processo inflamatório de intensidade variável, com eritema, petéquias ou equimoses na mucosa do trato genital; - Após exclusão de tricomoníase; - Busca reduzir a população bacteriana e o processo inflamatório; - Clindamicina creme vaginal 2%, 5g durante dias; - Hidrocortisona 10% intravaginal por 2 a 4 semanas; - Estrogênios por via vaginal periodicamente podem reduzir as recidivas; VAGINOSE CITOLÍTICA - Ocorre excessiva proliferação de Lactobacillus, redução do pH vaginal e pela citólise; - O excesso lactobacilar aumenta o processo citolítico, cujos produtos são responsáveis pelo aparecimento de sintomas; - Não se conhece os fatores que determinam a proliferação excessiva de Lactobacillus e do pH vaginal; _____ - Corrimento esbranquiçado e prurido de intensidades variáveis com piora no período pré-menstrual; - Ardor, queimação, disúria e dispareunia; - Exame ginecológico: conteúdo vaginal aumentado, de aspecto flocular, fluido ou em grumos, aderente ou não às paredes vaginais; - pH menor ou igual a quatro; - Bacterioscopia Gram do conteundo vaginal – aumento excessivo de Lactobacillus, raros leucócitos, núcleos desnudos e restos celulares devido à lise das células epiteliais; - Não existe um tratamento específico; - Recomenda-se a utilização de medidas que alcalizem o meio vaginal, como duchas vaginais com bicarbonato de sódio no período pré- menstrual; VAGINITE AERÓBICA - Alteração do meio vaginal caracterizadas por microflora contendo bactérias aeróbicas entéricas (como: Enterococcus fa- ecalis Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Streptococcus do grupo B), redução ou ausência de Lactobacillus e processo inflamatório de diferentes intensidades; - Em resposta à população bacteriana ocorre aumento na produção de citocinas em graus variados de processo inflamatório; ______ - Corrimento vaginal, com aspecto purulento; - Odor desagradável; - Dependendo do grau de inflamação, pode haver queixa de disúria e dispareunia; - Exame Ginecológico: inflamação do vestíbulo, hiperemia da mucosa vaginal e aumento do conteúdo vaginal; - O quadro clínico severo se assemelha ao da vaginite inflamatória descamativa; - A partir da microscopia do conteúdo vaginal avalia-se a flora microbiana e a presença de leucócitos; - Pode-se empregar antibióticos por via local ou sistêmica; - Hidrocortisona 10% por via vaginal – se houver predomínio de inflamação; - Estrogênios via vaginal – se houver predomínio de atrofia; - Clindamicina 2% por via local – se houver excessivo número de bactérias; DOR PÉLVICA FISIOPATOLOGIA FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO - Inflamação do trato genital superior feminino e suas estruturas adjacentes, atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, pelo orifício interno do colo uterino, de forma espontânea ou devido à manipulação (inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem); - É uma infecção polimicrobiana, ou seja, combina a transmissão sexual com a flora vaginal; - Teoria de Monif – a progressão da infecção por agentes aeróbios, aumenta o consumo de oxigênio e diminui o potencial de oxirredução local, que Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), múltiplos parceiros, atividade sexual desprotegida, vaginose bacterina, uso de anticoncepcionais, procedimentos recentes que quebrem a barreira cervical, uso de tampões e duchas vaginais - Fatores que favorecem a ascensão dos microorganismos: variações hormonais do ciclo menstrual (ocorre na menstruação ou logo após), menor efeito bacteriostático do muco cervical durante o fluxo menstrual, menstruação retrógrada (sucção do conteúdo vaginal pela contratilidade uterina) e características imunológicas individuais; - Assintomática – 60% dos casos; - Características: dor pélvica recente associada ou não à dispareunia, ao corrimento vaginal e ao sangramento pós-coital ou intermenstrual; - Características dos casos mais graves: febre, mal-estar, náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio superior direito (Síndrome de Ftz- Hugth-Curtis); - Ordem de progressão da doença: cervicite -> vaginose bacteriana -> endométrio (endometrite -> tubas uterinas (salpingite) -> cavidade peritoneal pélvica -> líquido peritoneal -> espaço infradiafragmático direito (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis); - Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis – fase aguda: exsudato purulento visível na cápsula de Glisson, na ausência de aderências ou acometimento do parênquima hepático – fase crônica: aderências do tipo corda de violino entre a - Precisa de 3 critérios maiores + 1 critério menor ou 1 critério elaborado; Critérios Maiores/Mínimos – Diagnóstico Clínico da Centers for Disease Control and Prevention (CDC) - Dor abdominal pélvica ou infraumbilical; - Dor à palpação dos anexos; - Dor à mobilização do colo uterino; Critérios Menores - Temperatura axilar > 37,5 °C ou temperatura retal > 38,3 °C; - Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal; - Massa pélvica; - Mais de 5 leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice; - Leucocitose em sangue periférico; - Proteína C reativa ou velocidade de hemossedimentação (VHS) elevada; - Devido à diversidade de agentes etiológicos na DIP, recomenda-se a associação de antibióticos; - Pode abranger além dos antibióticos, analgésicos, anti- inflamatórios e fluídos intravenosos; Tratamento Ambulatorial - Indicação: mulheres com quadro clínico leve, exame abdominal e ginecológico sem sinais de pelviperitonite, possam ingerir medicação por via oral e não incluídas nos critérios para tratamento hospitalar; - Esquemas: ceftriaxona 500 mg, intramuscular, dose única + doxiciclina 100mg, 1 comprimido, via oral, 2x/dia por 14 dias + metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, via oral, 2x/dia por 14 dias; ou cefotaxina 500 mg, intramuscular, dose única + doxiciclina 100mg, comprimido, via oral, 2x/dia por 14 dias + metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, via oral, 2x/dia por 14 dias; Tratamento Hospitalar - Indicação: abscesso tubo-ovariano, gravidez, ausência de resposta clínica após 72h do início do tratamento com antibioticoterapia oral, intolerância a antibióticos orais, dificuldade para seguimento ambulatorial, estado geral grave (náuseas, vômitos e febre) e dificuldade na exclusão de emergência médica (apendicite e gravidez ectópica); - Esquema: ceftriaxona 1g, intravenosa, 1x/dia, por 14 dias + doxiciclina 100mg, 1 comprimido, via oral, 2x/dia DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA de forma aliada à desvitalização de tecidos, proporcionam ambiente de microarofilia ou anerobiose, permitindo aos microorganismos normais passarem a uma fase de crescimento lento e desenvolverem agentes anaeróbios oportunistas, de modo a gerar uma condição infecciosa polimicrobiana; - Fator que pode explicar a alteração do ambiente cervicovaginal e a ascensão da infecção para o trato genital superior: redução da elafina (proteína com propriedades antimicrobianas e anti- inflamatórias) – causa: vaginose bacteriana, uso de pílulas anticoncepcionais e hidrossalpinge; parede abdominal anterior e a superfície hepática – manifestações clínicas: dor pleurítica e dor em hipocôndrio; Estágios da Infecção - Estágio I – endometrite e salpingite (inflamação das tubas uterinas) aguda sem irritação peritoneal (peritonite) – conduta: tratamento ambulatorial; - Estágio II – salpingite com peritonite – conduta: tratamento hospitalar; - Estágio III – salpingite aguda com oclusão tubárea ou abscesso tubo- ovariano - conduta: tratamento hospitalar; - EstágioIV – abscesso tubo- ovariano roto ou sinais de choque séptico – conduta: tratamento hospitalar e cirúrgico; Possíveis Complicações - Alterações Tubárias – a inflamação da superfície tubária pode acarretar a formação de aderências, que podem ocasionar dor pélvica crônica, oclusão do lúmen tubário ou a formação de traves, sendo que a oclusão tubária total justifica a infertilidade, enquanto as traves justificam o aumento de incidência de gestações ectópicas; - Comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou micoplasmas; Critérios Elaborados - Evidência histopatológica de endometrite; - Presença de abscesso tubo- ovariano ou de fundo de saco de Douglas em estudo de imagem – manifestação para impedir a infecção generalizada; - Laparoscopia com evidência de DIP; - Evidências da Síndrome de Ftz- Hught-Curtis: febre > 38,3°C, corrimento vaginal ou cervical mucopurulento, dispareunia, sangramento pós-coital ou intermenstrual em pouca quantidade, mal-estar, náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio superior direito; por 14 dias + metronidazol 400 mg, intravenoso, de 12/12h; ou clindamicina 900mg, intravenosa, 3x/dia, por 14 dias + gentamicina (intravenosa ou intramuscular), 3 a 5 mg/kg, 1x/dia, por 14 dias; ou ampicilina/sulbactam 3g, intravenosa, 6/6h, por 14 dias + doxiciclina 100mg, 1 comprimido, via oral, 2x/dia, por 14 dias; - O uso parenteral deve ser suspenso 24 horas após a cessação dos sintomas, mas a terapêutica antimicrobiana por via oral deve se estender por até 14 dias; Tratamento Cirúrgico - Indicação: falha no tratamento clínico, presença de massa pélvica que persiste ou aumenta apesar do tratamento clínico, suspeita de rotura de abscesso tubo- ovariano, hemoperitônio e abscesso de fundo de saco de Douglas; DIU x DIP - Não é necessário retirar o DIU na presença de DIP, sendo mantido em casos de DIP leve; porém na presença de abscesso da tubo-ovariano, necessidade de internação ou quando não há melhora clínica em 72 horas a remoção é indicada após 2 doses do esquema terapêutico; Tratamento do Parceiro Sexual - As parcerias sexuais que tiveram contato sexual, nos últimos 60 dias anteriores ao diagnóstico, com mulheres com diagnóstico de DIP, devem ser avaliados, testados e tratados sintomáticos ou assintomáticos para Neisseria gonohrroeae e Chlamdia trachomatis; - Tratamento padrão: ceftriaxona 500mg, intramuscular, dose única + azitromicina 1g, via oral, dose única; PATOLOGIAS OVARIANAS ETIOPATOGENIA FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO - É multifatorial e desconhecida, suspeitando-se da correlação entre origem genética multifatorial e poligênica com os fatores ambientais; - Fatores implicados na etiopatogenia da SOP: componentes genéticos, - A SOP é uma doença funcional que pode se desenvolver a partir da disfunção primária de qualquer órgão do sistema, que ocasiona o desenvolvimento de um padrão hormonal não cíclico autoalimentado; - Base fisiopatológica: hiperandrogenismo de origem ovariana, adrenal ou periférica; Gonadotrofinas – FSH e LH Disfunção Menstrual - Mesmo após os 2 anos de pós- menarca as meninas com SOP apresentam ciclos menstruais anovulatórios irregulares; - Formas de manifestação: amenorréia (a ausência da ovulação impede a produção de progesterona e assim não ocorrendo sua queda para desencadear a menstruação + níveis Definição do National Institutes of Health (NIH) 1990 - São necessários todos os critérios definidores: disfunção ovulatória + hiperandrogenismo clinico e/ou hiperandrogenemia - não considera o aspecto ultrassonográfico dos ovários; - A escolha do tratamento para cada sintoma da SOP depende da gravidade da disfunção endócrina e dos objetivos da paciente, sendo geralmente voltado a uma queixa singular; - Medidas de primeira linha: perda de peso, mudanças no estilo de vida, dieta e exercícios físicos; Tratamento dos Distúrbios Ovulatórios - Contraceptivos Orais Combinados (COCs)- tratamento de primeira linha – mecanismo SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO (SOP) fatores metabólicos pré e pós-natais, distúrbios endócrinos hereditários e fatores ambientais; - Prevalência familiar – irmãs apresentam prevalência de 32 a 66% e mães de 24 a 52%; - Transmissão autossômica dominante – expressa em indivíduos do sexo masculino e feminino, manifestando- se nos homens familiares em primeiro grau de mulheres com SOP a partir de níveis circulantes mais altos de sulfato de desisroepiandrosterona (SDHEA), calvície precoce e resistência à insulina; **atualmente existem evidências de um padrão mais complexo de hereditariedade, envolvendo múltiplos genes, ou seja, é uma doença oligo ou poligênica -> os diferentes genes propiciam uma ampla variedade de possíveis genótipos, com diferentes fenótipos** - Acredita-se que os genes envolvidos se relacionam à síntese de androgênios e à resistência à insulina (gene receptor de insulina do cromossomo 19p13.2); - Gene CYP11a – responsável pela codificação da enzima de clivagem da cadeia lateral do colesterol, sendo essa uma etapa limitante da taxa de biossíntese de esteroides - suspeita-se - A disfunção hipotalâmica (menor sensibilidade ao retrocontrole pelos estrogênios e pela progesterona), de forma primária ou secundária ao feedback anormal dos esteróides, causa alterações nos pulsos do GnRH do hipotálamo, que fazem com que o LH seja produzido de forma preferencial em relação ao FSH, aumentando os níveis séricos de LH; - Aumento de LH – ocasiona uma hiperatividade das células da teca, estimulando-as a produzirem androgênios ovarianos de forma aumentada (predominantemente testosterona); - Escassez de FSH – evita a estimulação adequada da enzima aromatase, presente nas células da granulosa, reduzindo a conversão de androgênio no estrogênio potente (estradiol); dificulta o crescimento completo do folículo até estágios maduros, fazendo com que esses estacionem em estágios intermediários, conferindo ao ovário a morfologia policística; - A secreção inadequada das gonadotrofinas (FSH e LH) provoca a secreção aumentada de androgênio, sem conversão proporcional em estrogênio, gerando hiperandrogenismo e a consequente anovulação; Resistência à Insulina - Absorção reduzida de glicose em resposta a uma determinada quantidade de insulina, devido à uma redução na sensibilidade à insulina, causada pela anormalidade pós- ligação na transdução do sinal mediado pelo receptor insulínico – ocorre tanto para a ação da insulina no músculo estriado, quanto no tecido adiposo - pode se associar ao aumento de distúrbios como: diabetes melito tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e doença cardiovascular; - O aumento da insulina circulante tem efeito direto na produção de androgênios ovarianos, uma vez que esta possui ação sinérgica ao LH nas células da teca, estimulando a produção de androgênios; e na redução da proteína carreadora de elevados de androgênios neutralizam o estrogênio e produzem endométrio atrófico, tornando o endométrio uma camada fina), oligomenorréia (anovulação) e menometrorragia episódica com anemia (a ausência de produção de progesterona, expõe a mulher cronicamente a estrogênio, que ao estimular constantemente a poliferação endometrial, torna-o instável e suscetível ao sangramento intenso e imprevisível); - A medida que o tempo passa pacientes com SOP podem desenvolver ciclos menstruais regulares, pois na faixa dos 40/40 anos de idade ocorre a redução dos folículos antrais, podendo diminuir a produção androgênica; - A anovulação pode produzir infertilidade ou subfertilidade; Hiperandrogenismo Clínico - Hirsutismo - Presença de pelos terminais (escuros e ásperos), distribuídos com padrão masculino, devido a ação da testosterona em excesso dentrodo folículo piloso de áreas sensíveis a androgênios (lábio superior, queixo, costelas, tórax e linha Alba), onde é convertido em um metabólito mais ativo, o di- hidrotestosterona (DHT), pela enzima 5-alfa-redutase, alterando de forma irreversível esse padrão de pelos – o Sistema de Pontuação de Ferriman- Gallwey quantifica o grau de hirsutismo em áreas androgênios dependentes, pontuando a variação de 0 (ausência de pelos terminais) a 4 (grande número de pelos terminais), de modo a definir como hirsutismo o somatório da pontuação das áreas ser igual ou superior a 8; - Acne persistente ou de início tardio – o excesso de testosterona dentro da glândula sebácea é convertida pela 5- alfa-redutase em DHT, que estimula de forma excessiva os receptores Critérios de Rotterdam Definição do ESHRE/ASRM 2004/2012 - É necessário ao menos 2 dos 3 critérios definidores; - Critérios Definidores: história de anovulação crônica (oligo-ovulação e anovulação)+ hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial + ovários policísticos comprovados ao exame ultrassonográfico, com exclusão de outras condições clínicas que cursam com anovulação crônica e/ou hiperandrogenismo; - Critérios para ovários policísticos na ultrassonografia: número de cistos pequenos (2 a 9 mm de diâmetro) maior ou igual a 12 e/ou volume ovariano superior a 10 mL – não se aplicam a mulheres que usam contraceptivos orais combinados; **documento mais amplamente seguido na prática clínica, sendo mais flexível** Definição da organização The Androgen Excess and PCOS Society (AE-PCOS) - 2009 - Busca reverter controvérsias diagnósticas e evitar o excesso de diagnósticos em mulheres que não apresentem todos os sinais clássicos da síndrome; - Para diagnosticar a SOP são necessários todos os critérios definidores; - Critérios: hiperandrogenismo (hirsutismo e/ou de ação: promove a supressão do LH, inibindo a síntese de androgênios ovarianos, estimulando a SHBG (ocasiona à diminuição dos androgênios livres) e provoca moderada redução na síntese de androgênios adrenais, de modo a induzir ciclos menstruais regulares, suprime a liberação de gonadotrofina – sua progesterona antagoniza o efeito proliferativo endometrial do estrogênio, reduzindo os riscos de hiperplasia endometrial pela presença de estrogênio sem oposição - esquema de tratamento para desencadear o sangramento menstrual: 10 mg/dia de acetato de medroxiprogesterona (MPA), por via oral, durante 10 dias; 200 mg/dia de progesterona micronizada, por via oral, durante 10 dias; - Progesteronas Cíclicas – indicadas para pacientes que não são candidatos ao uso de COCs, por período de 1 a 3 meses - esquemas terapêuticos: 5 a 10 mg/dia de acetato de medroxiprogesterona (MPA), por via oral, durante 12 dias; 200 mg/dia de progesterona micronizada, por via oral, todas as manhãs, durante 12 dias; - Agentes Insulino-Sensibilizantes - exercem efeitos também sobre o hirsutismo, o retorno dos ciclos ovulatórios e a perda ponderal, porém seu uso na SOP não foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) – Ex: Metformina (além dos efeitos sobre a insulina reduz a concentração de androgênios, aumentando as taxas de ovulação espontânea) - sua manutenção na gravidez auxilia na prevenção do aborto no primeiro trimestre - dose padrão: 850 a 2500 mg/dia, em doses fracionadas (2 a 3 vezes) administradas junto com as refeições; - Tratamentos Cirúrgicos - ressecção em cunha dos ovários (recupera a ovulação em um número significativo de mulheres com SOP, melhorando a regularidade menstrual), ooforectomia (indicação: mulheres que não estejam interessadas em ter filhos e que apresentem sinais e sintomas de hipertricose ovariana e hiperandrogenismo grave); possível suprarregulação desse gene em pacientes com SOP; androgênios (SHBG) pelo fígado, de modo que esses efeitos somam-se, aumentando a concentração de testosterona livre (fração ativa do hormônio); Androgênios - A produção de androgênios pelas células da teca ovariana é estimulada pela insulina e pelo LH, fundamentando a secreção de níveis elevados de testosterona e androstenediona; - Mecanismo de interferência dos androgênios sobre a dinâmica ovulatória – os androgênios influenciam negativamente o funcionamento do eixo hipotálamo- hipófise-ovário-adrenal, uma vez que ocasiona o aumento da produção periférica de estrona, inibe a ação hipotalâmica da dopamina e interfere na sensibilidade do hipotámalo ao feedback exercido pelo estrogênio e pela progesterona ovariana, de modo a ocasionar pulsos atípicos de GnRH e a secreção anárquica das gonadotrofinas, com hipersecreção do LH, culminando na hiperestimulação das células tecais ovarianas e na produção de mais androgênios; - Consequência dos níveis elevados de androgênios intrafoliculares: os androgênios em excesso interferem negativamente sobre o desenvolvimento folicular, acarretando o recrutamento inicial de múltiplos folículos, porém sem a maturação completa, de modo a mantê-los retidos em estágio intermediário de desenvolvimento e ocasionar a atresia folicular com acúmulo de folículos atrésicos (microcistos); - De forma secundária aos níveis elevados de androgênios intrafoliculares, ocorre a anovulação, ocasionando atraso menstrual, com ciclos longos normoestrogênicos, já que o crescimento folicular ocorre parcialmente, ocasionando oligo-amenorreia e infertilidade; - Os folículos atrésicos são produtores de inibina, de modo a aumentar o retro- controle negativo sobre a secreção androgênicos na unidade pilossebácea, aumentando a produção de sebo, que causa inflamação e formação de comedão; - Alopecia – achado menos comum em mulheres com SOP, que pode se ocasionado pela conversão da testosterona pela 5-alfa-redutase em DHT, no folículo piloso, determinando uma alopecia que ocorre lentamente, que inicia por afinamento difuso na coroa, com preservação do contorno frontal do couro cabeludo e pela recessão bitemporal; Resistência à Insulina - Acontose Nigricante – placas aveludadas espessas de cor marrom acinzentada na pele das áreas de flexão (pescoço, axilas, região inguinal), determinada pela resistência insulínica que estimula o crescimento de queratinócitos e fibroblastos dérmicos; - Intolerância à Glicose – ocorre disfunção das células Beta- pancreáticas, de forma independente à obesidade, predispondo as mulheres com SOP a desenvolverem diabetes tipo 2; Dislipidemia + Obesidade + Síndrome Metabólica - Na SOP ocorre alteração do perfil lipoproteico, com níveis elevados de LDL e de tiglicerídeos, enquanto ocorrem baixos níveis de HDL, aumentando os riscos de doenças cardiovasculares; - As mulheres com SOP são mais propensas a serem obesas; - As anormalidades metabólicas da SOP predispõe as mulheres à apnéia obstrutiva do sono; - A síndrome metabólica resulta da soma da resistência à insulina, com a dislipidemia e a obesidade – aumenta o risco de doença cardiovascular; Neoplasia Edometrial hiperandrogenemia) + disfunção ovariana (oligo- ovulação e/ou ovários policísticos à ultrassonografia) + exclusão de outras causas de excesso de androgênio; Diagnóstico Diferencial - Doença de Tireoide – dosagem sérica de TSH; - Hiperprolactinemia – dosagem dos níveis de prolactina; - Tumores Ovarianos – história clínica de virilização e dosagem sérica de testosterona; - Tumores Suprarrenais – história clínica de virilização e dosagem dos níveis séricos de SDHEA; - Insuficiência Ovariana Prematura e Hipogonadismo Hipotrófico – dosagem dos níveis de FSH e LH na presença de amenorréia; - Hiperplasia Suprarrenal Congênita (HSRC)- dosagem sérica da 17- hidroxiprogesterona e teste de estimulação com ACTH; - Síndrome de Cushing – exame de cortisol livre na urina de 24 horas e teste de supressão da dexametasona; - Diabetes Melito – níveis de glicemia em jejum, teste de tolerância a glicose de2h, avaliação de modelo homeostático de resistência insulínica (HOMA IR), verificação quantitativa de sensibilidade à insulina (QUICKI) e cálculo da razão glicose sérica/insulina; - Neoplasia Endometrial – biópsia endometrial – Hirsutismo - Objetivo: reduzir os níveis androgênicos para evitar novas conversões de pelos finos não pigmentados em pelos terminais; - Não conseguem eliminar o crescimento dos pelos anormais já presentes; - Pode necessitar de 6 a 12 meses antes que a melhora clínica seja evidente; - Terapias estéticas de caráter permanente – podem ser implementadas após os medicamentos atingirem o efeito terapêutico máximo – ex: depilação a laser; - Contraceptivos Orais Combinados (COCs) - reduz a produção de androgênios ovarianos e reduz os níveis de testosterona livre, ao elevar os níveis de SHBG, que se ligam a testosterona livre, tornando-a indisponível no folículo piloso; promovem a supressão do LH, inibindo a síntese de androgênios, estimulando a SHBG (ocasiona à diminuição dos androgênios livres) e provoca moderada redução na síntese de androgênios adrenais - tratamento de primeira linha do hirsutismo moderado e acne: anticoncepcionais combinados de estrogênio e progestágeno; - Agonistas do Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH) - diminuem os níveis de gonadotrofinas, reduzindo os níveis de androgênios – pontos negativos: custo elevado, perdas ósseas e efeitos colaterais menopáusicos; - Cloridrato de Eflornitina - creme tópico antimetabólico utilizado no hirsutismo facial que inibe irreversívelmente a ornitina- descarboxilase, enzima importante para a divisão e para a função das células do folículo piloso, lentificando o crescimento dos pelos; - Antagonistas de Receptores Androgênicos / Antiandrogênicos – inibidores competitivos da ligação do androgênio ao seu receptor - são usados de forma extrabula (offlabel), uma vez que não foram aprovados para o tratamento do hiperandrogenismo – ex: espironolactona e acetato de ciproterona; - Inibidores da 5Alfa-Redutase – impedem a conversão de testosterona em sua forma hipofisária de FSH, levando ao aumento na relação LH/FSH; - Os níveis séricos elevados de androgênios são convertidos a estrogênios, em células estromais do tecido adiposo na periferia, de modo que a produção estrogênica faz- se maior em pacientes obesas com SOP; Globulina de Ligação ao Hormônio Sexual (SHBG) - Essa glicoproteína, produzida no fígado, que se liga a maior parte dos esteróides sexuais, pode ser suprimida por insulina, androgênios, corticóides, progesterona e hormônios do crescimento, assim apresenta-se diminuída em mulheres com SOP; - A produção suprimida de SHBG faz com que haja menos androgênios circulantes livres e disponíveis para se ligarem aos receptores nos órgãos-alvo, podendo gerar níveis normais de testosterona total em mulheres com SOP, que sejam clinicamente hiperandrogênica; - A anovulação crônica apresenta como riscos em longo prazo a hiperplasia endometrial e o câncer endometrial, devido à estimulação estrogênica crônica sem oposição no endométrio; - Os efeitos do hiperandrogenismo e da hiperinsulinemia reduzindo os níveis de SHBG e aumentando os níveis de estrogênio circulante, contribuem para elevar os riscos de neoplasia endometrial; Problemas na Gestação - Alta taxa de abortamento precoce, porém sem etiologia clara, podendo estar associada à hipersecreção de LH e à resistência insulínica; - Altos riscos de diabetes gestacional, hipertensão arterial induzida por gravidez, nascimento prematuro e mortalidade perinatal; indicação: mulheres com mais de 35 anos e sangramento anormal, mulheres mais jovens com sangramento anovulatório refratário aos tratamentos hormonais; mais ativa, DHT, no folículo piloso – ex: finasterida; - Remoção de Pelos – depilação (remoção temporária do pelo acima da pele – raspar ou depiladores químicos tópicos) ou epilação (remoção da raiz dos pelos – pinça, cera, linha, laser) Acne - Pode emprega meios semelhantes ao tratamento do hirsutismo para reduzir os níveis androgênicos; - Retinoides Tópicos – derivados de vitamina A, que regulam o queratinócito folicular, normalizam a descamação do epitélio folicular e apresentam propriedades anti- inflamatórias diretas – ex: tretinoína, adapaleno e tazaroteno; - Peróxido de Benzoíla Tópico - agente antimicrobiano e anti-inflamatório; - Antibióticos Tópicos - eritromicina e clindamincina; - Antibióticos Sistêmicos - doxiciclina, minociclina e eritromicina; - Isotretinoína oral / Accutane - análogo da vitamina A altamente efetivo no tratamento da acne recalcitrante grave; CLIMATÉRIO PATOGÊNESE MUDANÇAS FÍSICAS CONDIÇÕES CLÍNCAS ASSOCIADAS ABORDAGEM CLÍNICA DIAGNÓSTICA TERAPÊUTICA HORMONAL - Fase do processo de envelhecimento em que a mulher devido a uma progressão endocrinológica gradual passa do estágio reprodutivo para o não reprodutivo, com o fim dos períodos menstruais regulares, cíclicos, previsíveis e ovulatórios; - A mulher nasce com cerca de 1 a 2 milhões de oócitos, tendo esse número reduzido para 300.000 a 500.000 na puberdade e sofrendo uma redução continuada durante os anos reprodutivos a partir da ovulação e da atresia – entre os 40 e os 50 anos se inicia uma taxa acelerada de perda dos folículos ovários que prossegue até o momento em que o ovário menopáusico estiver praticamente Trato Reprodutivo - Ocorrem mudanças substanciais na aparência de todos os órgãos reprodutores, devido aos baixos níveis do estrogênio; - Epitélio vaginal – sofre mudanças atróficas, uma vez que suas rugas vaginais se achatam e o epitélio se afina, podendo Vaginite Atrófica - Após a menopausa, as mudanças físicas do trato reprodutivo (atrofia do epitélio vaginal, fácil ruptura de capilares da superfície, carência de glicogênio, aumento do pH, desaparecimento dos lactobacilos) favorecem a invasão bacteriana local da vagina, podendo ocasionar a vaginite atrófica; - Sinais e sintomas: prurido, leucorreia vaginal, ardência vaginal, dor, dispareunia, secreção aquosa fina ou - O diagnóstico da síndrome menopáusica é essencialmente clínico; Anamnese - Idade da menopausa – cronologia dos sintomas, desenvolvimento das doenças cardiovasculares e da osteoporose; - Presença dos sinais da menopausa – fogachos e modificações atróficas -> indicam o - Terapêutica realizada em mulheres durante a peri e a pós-menopausa; - Grupo com maiores benefícios com o uso da terapia hormonal: mulheres com idade entre 50 e 59 anos ou com menos de 10 anos de pós-menopausa; - Prevenção da osteoporose – o início precoce da profilaxia após a interrupção da função ovariana mantém a mais alta densidade óssea, enquanto o início da terapia hormonal após a menopausa interrompe a perda óssea, mas não permite o retorno da densidade óssea MENOPAUSA destituído de folículo, assim no final da transição menopáusica, a mulher apresenta redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios; - Processos que ocasionam a menopausa: desaparecimento dos oócitos que respondem pelas gonadotrofinas e poucos oócitos remanescentes que não respondem às gonadotrofinas; Alterações no Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovário - Na menopausa os níveis de LH e FSH sobem substancialmente, principalmente do FSH que apresenta liberação mais lenta na circulação; - O aumento é ocasionado pela ausência do feedback negativo dos esteroides ovarianos e inibina na liberação da gonadotrofina, principalmente do FSH, assim o GnRh é liberado em frequência e amplitude máxima, aumentando os níveis circulantes de FSH e LH; Estrogênios - Ao entrar na menopausa ocorre uma redução na produção de estrogênio endógeno na maioria das mulheres, principalmente nos níveis de estradiol, atingindo níveis mais baixos dos que os presentes nas mulheres jovensem qualquer fase do ciclo menstrual; - A queda deste estrogênio é a última mudança hormonal associada com a perda da função ovariana; - Após a menopausa não ocorre variação circadiana na concentração circulante de estradiol - nas mulheres mais velhas as glândulas suprarrenais tornam-se as principais fontes de estradiol, uma vez que a secreção ovariana direta passa a contribuir apenas minimamente - a conversão de estrona em estradiol nos tecidos periféricos é responsável pela maior parte do estradiol nas mulheres mais velhas; - O nível de estrona circulante diminui após a menopausa – é produzida principalmente pela glândula suprarrenal, sendo minimamente produzida pelos ovários, ademais ocorre aromatização periférica da androstenediona que gera a maior parte da estrona nas mulheres na pós- menopausa - ocorre variação circadiana da estrona (pico pela manhã e menor nível entre o final da tarde e a noite); ocasionar a vaginite atrófica sintomática; - Cérvice – sofre mudanças atróficas, que fazem com que a cérvice diminua de tamanho e o canal se torne estenótico + reduz a secreção do muco cervical, contribuindo para a secura vaginal excessiva e assim podendo ocasionar a dispareunia; - Útero – sofre atrofia, com encolhimento do endométrio e miométrio, uma vez que a cessação da atividade folicular faz com que a estimulação do endométrio cesse – pode apresentar sangramento pós-menopausa espontâneo, causado pela própria atrofia; **a atrofia uterina pode ser benéfica para mulheres que entram no climatério com miomas uterinos (reduz tamanho e elimina sintomas), adenomiose e endometriose (passa a atingir áreas menores)** - Trompas e Ovários – diminuem de tamanho na pós-menopausa, dificultando a palpação no exame pélvico; - Estruturas de suporte dos órgãos reprodutores – sofrem perda de tônus à medida que os níveis de estrogênio declinam, podendo ocasionar um relaxamento pélvico progressivo; Trato Urinário serossanguinolenta, hemorragia vaginal em trauma mínimo ao exame ou na relação sexual, queixas urinárias (frequência, urgência, disúria e incontinência de urgência); - Tratamento dos sintomáticos: aplicação de lubrificantes solúveis em água e/ou estrogênios vaginais tópicos, comprimidos ou anéis de liberação de estradiol; Fogachos - Episódio de rubor repentino (sensação de calor no rosto, pescoço ou peito) e surto de transpiração por todo o corpo (+ proeminente nas regiões afetadas pelo rubor), que são geralmente iniciados pela sensação de pressão na cabeça crescente e acompanhados de palpitações, com duração de até 10 min, ocorrendo 1 a 2/hora até 1 a 2/semana; - É o sintoma mais comum e característico do climatério; - Resulta de alterações reais na vasodilatação cutânea, respiração, reduções na temperatura central e elevações na frequência de pulsação – devem-se ao estreitamento da referência termorregulatória da temperatura central do corpo, assim aumentos pequenos e até mesmo menores que o normal ativam respostas de perda de calor fisiológicas e comportamentais, buscando alinhar a temperatura corporal com a temperatura central de referência; - Mecanismo subjacente - como ocorrem após a cessação da função ovariana, o mecanismo etiopatogênico do fogacho é iniciado pelas mudanças endocrinológicas relacionadas com a privação do estrogênio ovariano após sua presença, ou seja, seus baixos níveis isolados sem a presença prévia (ex: hipoestrogenismo, dispensando comprovação laboratorial; - Alterações menstruais – demonstram irregularidades da maturação folicular que podem aparecer no período pré-menopausa; - Sintomas associados à síndrome menopáusica: depressão, insônia, cefaléia, transtornos emocionais, disfunções sexuais (diminuição do libido e da satisfação), dispareunia; - Antecendentes familiares – investiga doenças que possam ter fundamentação hereditária, como: doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, osteoporose e câncer de mama e de útero; - História nutricional, prática de exercícios físicos e exame de cognição; Exame Físico - Dados vitais; - Ectoscopia: busca alterações relacionadas à deficiência estrogênica; - Exame do sistema cardiovascular (ausculta), exame das mamas e exame do abdômen; - Exame Ginecológico – sinais que indicam atrofia urogenital: coloração rosa-pálida (indica adelgaçamento da mucosa vaginal) e perda da rugosidade (indica para o nível presente no momento da menopausa; - Tratamento dos sintomas vasomotores (fogachos) moderados a severos; - Síndrome genitunirária da menopausa (tratamento da atrofia vulvovaginal) moderada a severa – a terapia estrogênica promove o crescimento celular vaginal, a maturação celular, a recolonização com lactobacilos, aumenta o fluxo sanguíneo vaginal, diminui o pH vaginal para os níveis da menacme, melhora a espessura e a elasticidade vaginal e melhora a resposta sexual; **apesar da associação da terapia estrogênica como opção para prevenção e tratamento de variados sintomas e doenças presentes na população feminina idosa (doença cardiovascular, diabetes, demência, distúrbios de sono e humor), esse tratamento não deve ser utilizado exclusivamente com essas indicações, pois são benefícios secundários, sendo necessários estudos científicos para comprovação** - Contraindicações: sangramento vaginal anormal de causa desconhecida, história de câncer de mama, história de câncer endometrial, história de neoplasia dependente de estrogênio, história de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar, antecedentes pessoais de doença coronariana e cerebrovascular,doença hepática e biliar descompensada, porfiria, lúpus eritematoso sistêmico (LES), condições prévias de convulsões, hipertensão, doença fibrocística das mamas, leimioma uterino, doença do colágeno, hiperlipidemia familiar, enxaqueca, tromboflebite crônica e doença da vesícula biliar; - Exames Complementares Antes da Prescrição – identifica as possíveis contradições absolutas e definir melhor a via de administração hormonal, sendo direcionados especificamente a possível Progesterona - Na pós-menopausa os níveis de progesterona correspondem a 30% da concentração das mulheres jovens durante a fase folicular, uma vez que os ovários na pós-menopausa não contêm folículos funcionais, não ocorrendo ovulação e mantendo os níveis de progesterona baixos; - Os pequenos níveis de progesterona nas mulheres mais velhas são causados pela secreção suprarrenal; Androgênios - Na pós-menopausa ocorre uma redução de cerca de 50% da androstenediona (androgênio ovariano primário), devido à ausência da atividade folicular - Fonte da androstenediona nas mulheres na pós- menopausa: glândulas suprarrenais; - O nível de testosterona nas mulheres na pós- menopausa é apenas minimamente mais baixo do que o presente em mulheres na perimenopausa, pois não há diferença na taxa de liberação da testosterona antes e após a menopausa; - A secreção ovariana de testosterona direta no ovário na pós-menopausa é maior do que a quantidade secretada por esse na pré-menopausa, devido à estimulação de células gonadais ainda capazes de produzir androgênio pelas gonadotrofinas endógenas em excesso, que aumentam devido à produção reduzida de estrogênio pelos ovários - sintomas de desfeminilização, hirsutismo e virilismo ocasionalmente presente em mulheres mais velhas – deve-se ao aumento na secreção de testosterona ovariana + redução da produção de estrogênio + diminuição na globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), aumentando os níveis de testosterona livres; - Os níveis do DHEA reduz em 60% e do SDHEA em 80% com a idade – como o ovário contribui apenas com menos de 15% da sua produção e sua fonte primária são as glândulas suprarrenais, fazendo com que as diminuições da sua secreção reflitam a secreção suprarrenal -> adrenopausa; - Epitélio da Bexiga e Uretra – sofre mudançasatróficas, uma vez que o estrogênio exerce importante papel na sua manutenção; - Possíveis consequências: cistite atrófica (urgência, frequência, incontinência urinária e disúria), infecção recorrente do trato urinário, perda do tônus uretral (pode ocasionar a formação da carúncula uretral -> dsúria, sensibilidade do meato e hematúria); Glândulas Mamárias - As mamas diminuem de tamanho durante e após a menopausa; - Cessam alguns sintomas cíclicos que acompanham os ciclos menstruais de algumas mulheres como dor nas mamas e formação de cistos; crianças pré-puberes) não causam a sintomatologia; - Apresenta associação temporal próxima com a liberação pulsátil de LH, porém os fogachos não são diretamente causados pela liberação de LH; - O tratamento engloba a reposição hormonal de estrogênios (principal), porém em mulheres que não podem tomar estrogênios têm-se como opções: progestogênios, inibidores de captação de serotonina e norepinefrina, cimifuga racemosa, gabapentina, tibolona e hormônio bioidênticos (BHT); Osteoporose - Distúrbio esquelético sistêmico caracterizado por baixa massa óssea e deteriorização da microarquitetura do tecido ósseo, aumentando a fragilidade e a suscetibilidade óssea à fratura, apesar dos sintomas mínimos, pode ter como fator contribuinte a cessação da função ovariana, uma vez que os esteróides sexuais auxiliam na regulação da remodelagem óssea, inibindo os osteoclasto e regulando a interleucina e (IL-1) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa); - É diagnosticada pela densitometria óssea (DEXA), que indica DP no escore T < -2,5; - Tratamento: parar de fumar, evitar a ingestão excessiva de álcool, praticar exercícios de sustentação de peso, fortalecimento muscular regulares, suplementação de cálcio e/ou vitamina D, uso de bifosfonatos (antirreabsortivos), calcitonina (hormônio inibidor dos osteoclastos) e reposição hormonal com estrogênios; diminuição da distensibilidade e encurtamento da vagina) – outros aspectos a serem avaliados: relaxamento pélvico (pode ser evidenciado pelas distopias uterogenitais), contração dos lábios maiores, desaparecimento quase completo dos lábios menores, estreitamento do intróito vaginal, avaliação uterina e presença de massas anexiais; Exames Complementares - O diagnóstico da síndrome menopáusica é essencialmente clínico, não necessitando na maioria dos casos da realização de exames complementares; - Não se realiza rotineiramente as dosagens de gonadotrofinas, esteróides sexuais e colpocitologia hormonal, sendo esses reservados para situações em que existam dúvidas diagnósticas, como para constatação das falências ovarianas prematuras; contraindicação identificada pela história clínica e exame físico – inclui: mamografia, avaliação do risco cardiovascular e ultrassonografia vaginal; - Terapia Estrogênica - doses distintas para os diferentes objetivos, correspondendo em média a 0,625mg/dia - Efeitos colaterais: sangramento uterino, edema generalizado, mastodinia, aumento das mamas, distensão abdominal, sinais e sintomas da tensão pré-menstrual, cefaléias, muco cervical excessivo, sintomas de urgência urinária, bexiga hiperativa e risco de infecção urinária recorrente – relacionam-se com a dose da terapia hormonal, sendo manejados com a diminuição da dosagem ou pela interrupção da medicação; - Associa-se ao desenvolvimento de câncer endometrial (a estimulação do estrogênio no endométrio sem a oposição da progesterona, causa proliferação endometrial, hiperplasia e neoplasia local); - Terapia Estrogênio-Progesterona - os progestogênios opõem-se à ação do estrogênio, que pode ocasionar a hiperplasia ou câncer endometrial - formas de administração: 5 a 10 mg/dia de acetato de medroxiprogesterona por 12 a 14 dias a cada mês ou dosagem continuada de 2,5mg/dia de acetato de medroxiprogesterona ou formulações de estrogênio e progestogênio - malefícios da associação com progesterona: efeitos colaterais adversos, aumento do risco de carcinoma de mama; - A terapia de reposição hormonal é fator de risco para a doença tromboembólica, para o AVE e para o sangramento uterino e doença da vesícula biliar; - Deve ser acompanhado por exames complementares, como: mamografia anual, avaliação periódica de fatores de risco cardiovascular, rastreamento para diabetes tipo 2 e dislipidemias; - Não há definição para a duração máxima obrigatória para terapia hormonal ou idade máxima em que a terapia hormonal deve ser suspensa; DEFINIÇÃO ETIOLOGIA – > PALM-COEIN DIAGNÓSTICO TRATAMENTO - Distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal está alterado; - Parâmetros de sangramento uterino: quantidade, duração ou frequência; - Sangramento uterino normal – fluxo menstrual com duração de 3 a 8 dias, com perda sanguínea (quantidade) de 5 a 80 ml e ciclo que varia (frequência) entre 24 e 38 dias (variabilidade de 3 dias) – sangramentos que não tenham essas características são considerados anormais; - Essa perda menstrual excessiva gera repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher; - Pode ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas; - Sangramento uterino anormal crônico – sangramento originado no corpo uterino, na ausência de gravidez, anormal em frequência, regularidade, duração e/ou volume, persistente por mais de 6 meses – não necessita de - Apresenta etiologia múltipla, determinada pelo acrônimo PALM-COEIN que determina 9 categorias causais do sangramento uterino anormal; - Deve ser aplicado após excluir causas de sangramento relacionadas à gravidez; PALM - Causas estruturais -> podem ser diagnosticadas por exames de imagem ou análise histopatológica; (SUA -P) Pólipo - Proliferações endometriais envolvendo estroma e glândulas; - Mais comum em mulheres na peri e pós- menopausa; - Sinais e sintomas: aumento do volume menstrual, menstruações irregulares, sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual; (SUA-A) Adenomiose - Implantação heterotópica de células endometriais no interior do miométrio; - Sinais e sintomas - variam conforme a profundidade do miométrio atingido – as formas superficiais (atinge 0,5 mm abaixo do endométrio) geram SUA, enquanto as formas profundas (ultrapassa 0,5 mm abaixo do endométrio) geram SUA com sintomatologia dolorosa (dismenorreia e dispareunia); (SUA-L) Leimioma - Tumor fibromuscular do endométrio de caráter benigno; - Sinais e sintomas – variam conforme a localização do mioma; - A SUA se relaciona principalmente com os miomas com componente submucoso, que distorce a cavidade uterina; (SUA-M) Malignidade e Hiperplasia - Os procedimentos propedêuticos são realizados em etapas; - (1) – Obtenção da história clara do sangramento e ananmese detalhada – guiada pelo PALM-COEIN - história detalhada do padrão menstrual comum e do sangramento alterado (frequência, intensidade, periodicidade e duração), foco em fatores de risco para câncer de endométrio, coagulopatias, medicações em uso e doenças concomitantes; - (2) – Avaliação inicial com exame físico geral, abdominal e pélvico – foco em sinais de síndrome dos ovários poliscísticos, resistência insulínica, doenças da tireóide, petéquias, equimoses, lesões da vagina ou do colo do útero e tamanho uterino; - (3) – Quantificação do fluxo pelo escore Pictorial Blood Assessment Chart (PBAC) – atribui-se pontos ao absorvente levemente encharcado (para cada absorvente multiplica–se constante de 1), absorvente moderadamente encharcado (para cada absorvente multiplica-se constante de 5), absorvente completamente encharcado (para cada absorvente multiplica-se constante de 20), ou aos tampões vaginais na mesma proporção, e aos coágulos constante 1 para cada coágulo pequeno econstante 5 para cada coágulo grande, de modo que para obter o escore soma-se os valores obtidos em cada ponto TRATAMENTO SUA AGUDA - A depender da gravidade do quadro clínico e das condições de atendimento, a terapêutica para estancar a hemorragia e estabilizar a hemodinâmica da paciente precede a investigação da causa do sangramento, sendo essa orientada pelo raciocínio sobre as causas prováveis, para investigação posterior após o controle do sangramento; - Objetivos: controlar o sangramento atual, estabilizar a mulher e reduzir o risco de perda sanguínea excessiva nos ciclos seguintes; - Fatores que determinam a escolha do tratamento: estabilidade hemodinâmica, nível de hemoglobina, suspeita da etiologia do sangramento, comorbidades apresentadas e desejo reprodutivo; - Fatores que determinam a necessidade de internação: volume do sangramento, estabilidade hemodinâmica e níveis de hemoglobina no momento do atendimento; - Primeiro passo em paciente com perda sanguínea aguda e acentuada, anêmica e hipovolêmica – reestabelecimento do equilíbrio hemodinâmico, com o emprego de soluções cristalóide e colóide, podendo haver necessidade de transfusão sanguínea; - Tratamento Medicamentoso Hormonal – estrogênio endovenoso (25mg a cada 4 a 6 horas por 24 horas + estrogênio combinado a progestagênio ou progestagênio isolado após o controle inicial do sangramento), contraceptivos orais combinados (50 mcg de etinilestradiol 1 comprimido, 6/6 horas até parar o sangramento, seguido de 1 cp a cada 8 horas por 2 a 7 dias, seguido com 1 cp a cada 12 horas por 2 a 7 dias e finalizando com 1 cp por dia; ou etinilestradiol 35mcg + noretisterona 1mg de forma monofásica – dose de 1 comprimido, 3 vezes/dia por uma semana + dose de 1 comprimido/dia por mais 3 a 6 semanas) ou progestagênios ( medroxiprogesterona 20mg, 3 vezes ao dia, por 7 dias (totaliza 60 a 120 mg/dia) + 1 dose de 20 a 40 mg/dia por 3 a 6 semanas) - após o controle do sangramento com fármacos hormonais, deve-se manter a terapêutica em doses menores por tempo semelhante ao ciclo menstrual, podendo ser necessário a manutenção do controle do ciclo com medicação por 3 meses consecutivos; - Tratamento Medicamentoso Não Hormonal – ácido tranexâmico (droga antifibrinolíticia – por via endovenosa 10 mg/kg de 8 em 8 horas ou 3 a 4 vezes por dia com dose total de 1300mg/dia) e AINEs; SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL intervenção médica imediata; - Sangramento uterino anormal agudo – episódio de sangramento intenso, na ausência de gravidez, em quantidade suficiente para determinar a necessidade de intervenção rápida, com cuidados urgentes ou de emergência, buscando evitar a perda sanguínea adicional – pode ocorrer na vigência de um quadro crônico de SUA; - Pode se apresentar na forma de hiperplasia endometrial atípica ou carcinoma de endométrio; - Principal hipótese diagnóstica em mulheres no período pós-menopausa com sangramento uterino anormal; COEIN - Causas não estruturais -> não podem ser visualizadas nos exames de imagem, nem avaliadas pela histopatologia; (SUA-C) Coagulopatia - As alterações dos mecanismos de coagulação podem se expressar clinicamente pelo sangramento uterino anormal; - Causas: doença de Von Willebrand (DVW – causa mais comum), hemofilia, disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica, hepatopatias e leucemia; (SUA-O) Distúrbio Ovulatório - Etiologia: síndrome dos ovários policísticos, hipotireoidismo, hiperprolactinemia, estresse, obesidade, anorexia, atividade física extrema e fármacos que modificam os níveis de dopamina (antidepressivos tricíclicos); (SUA-E) Endométrio - Os distúrbios primários do endométrio podem se manifestar como alterações de hemostasia endometrial local, devido à resposta inflamatória, como na doença inflamatória pélvica; - Sangramento anormal em periodicidade regular, sugerindo ciclo ovulatório, sem outras causas identificadas -> alterações primárias do endométrio, como disfunções no mecanismo de homeostase local; - Sangramento anormal intermenstrual -> secundário a quadros inflamatórios ou infecciosos do endométrio, do colo uterino e das tubas, à presença de Clamidia no trato urogenital, ao aumento da resposta inflamatória local e às alterações da vasculogênese do endométrio; (SUA-I) Iatrogenia - Possíveis causas: sistemas intrauterinos medicados ou inertes e agentes farmacológicos (hormônios exógenos sistêmicos) que alteram o endométrio, interferindo nos mecanismos de avaliado - perda sanguínea excessiva - > escore maior ou igual a 100, que indica perda acima de 80 ml; - (4) – Solicitação do beta-HCG (quando em idade reprodutiva) e hemograma completo; - (5) – Avaliação ultrassonográfica para afastar causas estruturais: - nessa etapa pode se acrescentar estudo da cavidade uterina por meio de histerossonografia e métodos diretos, como histeroscopia e biópsia do endométrio, sendo indicados em lesões intracavitárias sem conclusão diagnóstica; - O diagnóstico etiológico direciona à terapêutica; - Diagnóstico diferencial das neoplasias endometriais – a partir da biópsia de lesão difusa ou focal – indicação: rastreamento de câncer em mulheres com idade inferior a 35 anos com estimulação estrogênica prolongada; mulheres com 35 anos ou mais com suspeita de sangramento anovulatório; mulheres não responsivas ao tratamento medicamentoso hormonal; mulheres sem evidência de lesão estrutural com espessamento do endométrio (comum em mulheres obesas acima dos 45 anos), mulheres com fatores e risco para câncer de endométrio, uso de estrogênio persistentemente sem oposição por progestagênio, SUA com dúvida diagnóstica - Pesquisa das causas sistêmicas hemograma + análise do tempo de sangramento e de coagulação + contagem de plaquetas + provas de função tireoidiana; - Dosagens hormonais – indicadas apenas em caso de suspeita de tumores virilizantes; - Tratamento Cirúrgico – segunda linha de tratamento, indicada quando: ocorre instabilidade clínica da mulher, sangramento severo, contraindicação para tratamento clínico ou falha do tratamento clínico - opções: curetagem, ablação endometrial, embolização da artéria uterina, histerectomia ou sonda Folley insuflada com 30 ml (balão no interior da cavidade uterina durante 2 a 48 horas, a depender da severidade e da provável etiologia do sangramento, tamponando o sangramento); TRATAMENTO SUA CONFORME A ETIOLOGIA - Causas estruturais PALM - apresentam tratamento específico de acordo com o diagnóstico; - Causas não estruturais (COEIN) - o tratamento para essas causas é realizado por meio farmacológico ou cirúrgico, em mulheres com baixo risco para câncer de endométrio, com ultrassonografia normal, excluídas causas estruturais do sistema PALM; Pólipo - Polipectomia Histeroscópica – opção diagnóstica e terapêutica segura e eficaz, que proporciona recuperação rápida e retorno precoce às atividades; - Pequenos pólipos (menores que 0,5 cm) – remoção ambulatorial, com tesoura e/ou pinças de agarrar; - Grandes pólipos (maiores que 0,5 cm) – remoção em bloco cirúrgico, a partir da ressecção no local de implantação da lesão, a partir de eletrodo mono ou bipolar, ou a partir da secção em fragmentos; Adenomiose - Na maioria dos casos é tratada com histerectomia; - Pode empregar terapias supressivas semelhantes às empregadas para a SUA sem alteração estrutural, para controle sintomático, como: contraceptivos combinados, progestagênios, sistema intrauterino liberador de levonorgestrel – indicação: desejo de manter a capacidade reprodutiva; Leimioma – Mioma - Tratamento Clínico Farmacológico – é indicado para útero miomatoso sintomático – emprega-se os mesmos medicamentos disponíveis para redução do sangramento não estrutural: terapia hormonal (ACO, progestagênios, SIU-LNG) e não hormonal (AINEs); - Tratamento Cirúrgico – é indicado em casos sintomáticos com ausência de resposta ao tratamentoclínico - formas de abordagem cirúrgica: miomectomia, histerescopia, embolização das artérias uterinas (EUA), ligadura das artérias uterinas e miólise por ultrassom focalizado de alta intensidade (HIFU); Malignidade e Hiperplasia - As alterações neoplásicas e pré-neoplásicas têm grande importância no diagnóstico diferencial e apresentam conduta particularizada; SUA de Causa Não Estrutural (COEIN) - Princípio: atuar na estabilidade endometrial ou no controle dos fatores que levam à descamação e à cicatrização do endométrio; coagulação do sangue ou influenciando a ovulação; - Agentes farmacológicos que podem ocasionar SUA: anticoncepcionais (pode gerar spotting - sangramentos intermenstruais e manchas), anticoagulantes, ácido acetilsalicílico, antiepilépticos, hormônios da tireóide, antidepressivos, tamoxifeno e corticosteróides; (SUA-N) Não Diagnosticadas - Situações ainda não totalmente relacionadas ao SUA ou condições não identificadas; - Inclui lesões locais ou condições sistêmicas raras, como malformações arteriovenosas, hipertrofia miometrial, alterações mullerianas e istmocele; - Tratamento Hormonal – contraceptivos combinados em esquemas cíclicos, progestagênio isolado sistêmico, progestagênio injetável de depósito, implante subcutâneo de etonogestrel, sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG); - Tratamento Não Hormonal - indicação: mulheres que não desejam utilizar hormônios, mulheres com contraindicação ao uso de hormônios e mulheres com desejo de gestação – opções: antifibrinolíticos (ácido tranexâmico), anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs); - Análogos de GnRH – indicação: tratamento curto anterior a cirurgia de miomas, para recuperação do organismo e redução do volume, quando outros métodos hormonais estão contraindicados por curto período de tempo; - Tratamento Cirúrgico – indicação: falha do tratamento clínico – opções: ablação endometrial (destrói o endométrio com a lesão da sua camada basal, de modo a impedir sua regeneração), histerectomia ETIOPATOGÊNESE FISIOPATOLOGIA CLASSIFICAÇÃO QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO - É controversa, discutindo-se se há uma origem única ou distinta para as 3 formas da doença, uma vez que nenhuma das teorias isoladamente justifica as variadas localizações das lesões; Teoria da Menstruação Retrógrada - Durante o período menstrual, em 76 a 90% das mulheres, ocorre certo grau de refluxo tubário, permitindo que células endometriais viáveis se disseminam na cavidade peritoneal pelas tubas uterinas e se implantam no peritônio e nos demais órgãos pélvicos, de modo a predispor à endometriose; - O quadro de endometriose só se desenvolve em 10% dessas, que apresentam diferenças genéticas, imunológicas e/ou bioquímicas/hormonais fundamentais, que contribuem para que o tecido endometrial seja - Processo de estabelecimento da endometriose: tecido endometrial sobrevive às defesas do organismo -> tecido endometrial se adere à superfície -> tecido endometrial invade e modifica o peritônio para estabelecer o foco endometriótico (endométrio ectópico); - Características dos endométrios eutópicos e ectópicos de pacientes com endometriose: maior capacidade proliferativa, resistência à resposta imunológica celular, maior atividade da Classificação por Estágios - Pontos de análise para classificação: profundidade da invasão, bilateralidade, envolvimento ovariano, presença de aderências e comprometimento do fundo de saco de Douglas; - Endometriose Mínima: escore entre 1 e 5 - Endometriose Leve: escore entre 6 e 15; - Endometriose Moderada: escores entre 16 e 40; - Endometriose Grave: escores acima de 40; - Manifesta-se durante a vida reprodutiva, principalmente durante o período menstrual; - As formas mais complexas da doença costumam a se relacionar com os quadros clínicos mais exuberantes e de maior dificuldade de tratamento clínico; - Os sintomas podem variar de intensidade entre pacientes com o mesmo grau da doença, devido ao polimorfismo dessa afecção e a variação da percepção da dor; -Sinais/sintomas principais: infertilidade, dor - A hipótese diagnóstica de endometriose surge a partir da associação dos sintomas clínicos com o exame físico; - Associa-se ao atraso diagnóstico de cerca de 7 anos desde o início dos sintomas; - Anamnese – deve ser detalhada e focada nas características da dor pélvica; - Exame Físico Abdominal - pode evidenciar anexos fixos e dolorosos e massas anexiais relacionadas à endometriomas ovarianos; - Exame Físico Pélvico – identifica achados no exame especular (evidencia nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior), no toque (evidencia útero com pouca mobilidade sugerindo aderências pélvicas; nódulos dolorosos em fundo de saco posterior Tratamento Clínico - Objetivo: redução dos sintomas, sendo estabelecido de forma direcionada para as queixas da paciente e para a localização e extensão da doença; - Tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia; - Princípio geral do tratamento medicamentoso: reduzir a ação estrogênica endógena e/ou produzir diferenciação/bloqueio dos focos de endométrio; - Progestagênios – bloqueiam a ovulação e inibem o crescimento endometrial, com consequente atrofia endometrial e dos focos ectópicos de endometriose, além de exercer ação anti-inflamatória, sendo efetivos no tratamento dos sintomas álgicos relacionados à endometriose – formas possíveis: progestagênios orais [acetato de norentindrona (2,5 a 10 mg/dia de forma contínua), dienogeste (2 mg/dia) e gestrinona (2,5 a 10 mg/dia)], progestagênios injetáveis (acetato de medroxiprogesterona, 150 mg por via intramuscular a cada 3 meses), o ENDOMETRIOSE Doença ginecológica, benigna e crônica definida pela presença de tecido que se assemelha à glândula e/ou estroma endometrial fora da cavidade uterina, em um meio caracterizado por dependência estrogênica e inflamação, com predomínio na pelve feminina, podendo atingir o peritônio, os ovários e os órgãos pélvicos; implantado, preservado (não o elimina) e permaneça viável na cavidade peritoneal; Teoria da Metaplasia Celômica - Os tecidos normais podem originar diretamente as lesões da endometriose, a partir de um processo de diferenciação metaplásica em que ocorre a transformação do epitélio celômico ovariano e peritoneal parietal e visceral em tecido endometrial, devido a estímulos hormonais, ambientais ou infecciosos; **essa transformação é possível pois o peritônio e o endométrio são originados embriologicamente do epitélio celômico** Teoria da Menstruação em Neonatos / Teoria das Células- Tronco - Após o nascimento, a progesterona materna exerce efeito variável sobre o útero da criança, podendo ocasionar a decidualização da cérvix uterina dos neonatos, assim esse sangramento uterino neonatal pode refluir pelas tubas uterinas, devido à obstrução da cérvix, e levar fragmentos da camada basal do endométrio composta por células-tronco totipotentes progenitoras do epitélio endometrial para a cavidade pélvica, de modo que essas células progenitoras se aderem ao peritônio e permanecem quiescentes até as mudanças estrogênicas associadas à menarca, quando desenvolve lesões endometrióticas; Teoria dos Restos Embriônicos - As células remanescentes da migração dos ductos de Muller durante o desenvolvimento embrionário, devido aos estímulos estrogênicos específicos, geram aromatase (aumenta as concentrações locais de estrogênio) e resistência à ação da progesterona; - Características da lesão endometriótica que contribuem para a patogênese da endometriose: expressão anormal da aromatase P450 (aumenta a ação do estradiol em nível local) e resistência à progesterona (fisiologicamenteresponsável pelo controle da espessura do tecido endometrial) -> propicia a angiogênese e a vasculogênese da endometriose; - A angiogênese e a vasculogênese da endometriose associadas à disfunção imune permite a implantação e manutenção da atividade do foco endometriótico implantado; - Essa classificação não se correlaciona com a infertilidade, sintomas dolorosos ou resposta ao tratamento; Classificação Segundo o Tipo de Lesão e a Localização - Auxilia no planejamento do tratamento cirúrgico das pacientes; - Endometriose Superficial – endometriose peritoneal; - Endometrioma – cistos de endometriose no ovário; - Endometriose Profunda – foco de endometriose com invasão tecidual no espaço retoperitoneal maior que 5 mm ou que atinge a camada muscular do tecido afetado – apresenta sintomas dolorosos mais intensos; pélvica e massa pélvica - Alterações urinárias –disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional; - Alterações intestinais –distensão abdominal, sangramentos nas fezes, constipação, disquezia e dor anal; - Sintomas atípicos que podem estar presentes: dor irradiada para membros inferiores, vulvodínia, dor em região glútea, dor torácica, hemoptise, dor epigástrica – refletem lesões em localizações menos usuais; - Dismenorreia – dor uterina prévia a menstruação – é o principal sintoma relacionado à endometriose; - Dor pélvica crônica ou acíclica – características: desconforto, dor pulsante e aguda, piora no decorrer do tempo - ocorre de forma imprevisível ou intermitente ao longo do ciclo menstrual; - Dispareunia de profundidade – dor ao ato sexual – relaciona-se com lesões profundas na vagina e nos associando-se a lesões retrocervicais, dos ligamentos uterossacros, do fundo de saco vaginal posterior ou intestinal; útero retroverso fletido, que sugere comprometimento pélvico posterior com comprometimento uterossacral ou de fundo de saco de Douglas), que podem indicar endometriose; - Antígeno tumoral 125 (CA- 125) – pode estar aumentado na endometrioma, adenomiose, miomatose e neoplasia ovariana; - Prolactina – sua dosagem pode auxiliar na triagem de pacientes com endometriose, conferindo melhor sensibilidade e especificidade com a associação dos exames; - Ultrassonografia - permite diagnosticar e estadiar a endometriose profunda e os endometriomas ovarianos de forma menos invasiva, porém não auxilia de forma significativa a endometriose mínima ou leve; - Ressonância Magnética - permite diagnosticar e estadiar com alta acurácia a endometriose profunda e os endometriomas ovarianos de forma menos invasiva, sendo indicada principalmente para o mapeamento pré-cirúrgico; - Videolaparoscopia - permite o estabelecimento de diagnóstico definitivo até da endometriose mínima ou leve, porém por ser um método invasivo não é indicado para todos os pacientes, sendo indicado sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) e o implante intradérmico liberador de etonogestrel; - Contraceptivo Combinado (ACO) - primeira linha, para pacientes sem fatores de risco para eventos de tromboembolismo, agindo na decidualização e atrofia do tecido endometrial ectópico – geralmente empregado em uso contínuo (mais eficaz na redução de sintomas álgicos) por via oral, intramuscular, subcutânea ou por anel vaginal; - Danazol - derivado da 17 a- etiniltestosterona, que age inibindo a liberação do LH e a esteroidogênese, enquanto aumenta a testosterona livre, de modo a criar um ambiente hipoestrogênico que bloqueia o eixo hipotalâmico-hipofisário- ovariano e a ovulação, sendo benéfico para o tratamento dos sintomas álgicos – usado por via oral, na dose de 100 a 200 mg/dia ou uso vaginal; - Agonistas do GnRH - agem no hipotálamo, ocupando os receptores do GnRH e assim inibindo o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, responsável pela liberação de FSH e de LH pela hipófise, de modo a gerar um estado de hipoestrogenismo e de anovulação, como no climatério – são menos indicadas pois apresentam eficácia similar às outras formas de tratamento; - Inibidores de Aromatase - medicação de uso off-label no tratamento da endometriose, que inibe a aromatase, resultando na redução dos níveis de estradiol circulantes – é indicada apenas em casos refratários de dor severa e persistência dos sintomas após a menopausa, sendo aplicada em conjunto com outras medicações, como os progestagênios ou anticoncepcionais orais - modo de uso: letrozol 2,5 mg/dia ou anastrozol 1 mg/dia; - Anti-Inflamatórios Não Hormonais (AINEs) – são empregados na dismenorreia primária, pois não existe evidência científica para o uso nas pacientes com endometriose, mas auxiliam no alívio temporário da dor; lesões de endometriose que possuem papel crucial na patogênese da endometriose; Teoria das Alterações Genéticas ou Epigenéticas - Independentemente da origem da célula inicial (resquícios embriológicos, células indiferenciadas ou menstruação neonatal), a predisposição genética ou as alterações epigenéticas, associadas a alterações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, estresse oxidativo), iniciam a doença em suas formas ovariana, peritoneal, profunda ou fora da pelve; ligamentos uterrossacros; apenas para confirmação diagnóstica em pacientes com sintomatologia dolorosa pélvica, história familiar, abstenção escolar ou do trabalho, alteração do exame físico e massa anexial, mas com exames de imagem normais, ou falha no tratamento clínico; - Pode-se empregar tratamentos complementares como acupuntura e fisioterapia pélvica; Tratamento Cirúrgico - É a primeira linha de tratamento; - Indicação: pacientes em que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado; - Objetivo: remoção completa dos focos de endometriose, que afetem as funções de outros órgãos, restaurando a anatomia e preservando a função reprodutiva; - Formas de realização: laparoscopia ou laparotomia; - Pode ser antecedido pelo tratamento medicamento – vantagens: redução da inflamação e vascularização dos implantes, permitindo procedimentos cirúrgicos menos traumáticos e mais efetivos – desvantagens: pequenas lesões endometrióticas podem regredir e passar despercebidas durante o procedimento; - Endometriose Peritoneal – essas lesões presentes ao longo da membrana peritoneal são excisadas por eletrocirurgia; - Endometriose Retrocervical – deve-se excisar completamente os focos, com liberação do reto quando aderido na região retrocervical, a partir do uso de pontos de referência e dissecção de espaços avasculares da pelve, assim desfazendo a obliteração do fundo de saco e individualizando os órgãos da pelve; - Endometriose Intestinal – o tratamento cirúrgico a partir da laparoscopia é a forma terapêutica mais efetiva, podendo empregar as técnicas de shaving (menos agressiva), ressecção discoide (mais agressiva, incluindo todas as camadas da parede – indicada para nódulos de até 3 cm) e ressecção segmentar (indicada para lesões maiores que 3 cm ou quando há 2 ou + lesões intestinais, com subsequente anastomose terminoterminal), conforme a característica da lesão; - Endometrioma Ovariano – pode ser abordado por excisão da cápsula do endometrioma (melhor tratamento), drenagem (altos índices de recidiva) ou cauterização da cápsula; - Endometriose do Trato Urinário – o tratamento depende do estágio da doença, sendo que o tratamento cirúrgico da lesão do ureter não infiltrativa é realizado por ureterólise (cirurgia conservadora para alívio dos sintomas obstrutivos), enquanto o tratamento cirúrgico da lesão do ureter infiltrativa para a luz uretral é a ressecção da área afetada com anastomose terminoterminal ou reimplante ureteral; já quando a bexiga é afetada resseca-se as lesões; PRIMÁRIA SECUNDÁRIA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO AMENORREIA - Sintoma caracterizado pela ausência
Compartilhar