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1 FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Gradu- ação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços edu- cacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhe- cimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no de- senvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que cons- tituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publica- ção ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma con- fiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissi- onal e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FUNDAMENTOS DO ENVELHECIMENTO ....................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................ 2 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4 2. DIMENSÃO BIOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO ................................ 8 3. MARCO INTERNACIONAL DAS POLÍTICAS PARA O IDOSO .......... 10 4. MARCO LEGAL DAS POLÍTICAS PARA O IDOSO NO BRASIL ........ 11 5. O MOMENTO ATUAL ............................................................................ 15 6. O MODELO PROPOSTO ....................................................................... 16 7. UM IMPORTANTE ESCLARECIMENTO REFERE-SE AO MÉDICO DO PACIENTE ....................................................................................................... 19 8. TRANSTORNOS MENTAIS ................................................................... 20 9. DÉFICES MNEMÔNICOS E DEMÊNCIA .............................................. 20 10. FATORES DE PROTEÇÃO AO ENVELHECIMENTO .......................... 24 11. REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA ............................................. 26 12. DIMENSÃO PSICOLÓGICA .................................................................. 28 13. DIMENSÃO ESPIRITUAL ...................................................................... 29 14. DIMENSÃO SOCIAL .............................................................................. 29 15. CONCLUSÃO ................................................................................................ 32 16. REFERÊNCIAS ...................................................................................... 34 file:///E:/FUNDAMENTOS%20DO%20ENVELHECIMENTO/FUNDAMENTOS%20DO%20ENVELHECIMENTO.docx%23_Toc70184353 4 1. INTRODUÇÃO Para Palácios (2004) 28, o envelhecimento não é um processo unitário, não acontece de modo simultâneo em todo o organismo nem está associado à existência de uma doença. De fato, envolve múltiplos fatores endógenos e exógenos, os quais devem ser considerados de forma integrada, sobretudo, em situações diagnósticas. Estima-se que o ser humano “esteja programado” para viver entre 110 e 120 anos. Seu ciclo vital atinge maturidade biológica, o ápice da vitalidade, por volta dos 25, 30 anos. Dos 25 até os 40 o indivíduo pode ser considerado um adulto inicial; até 65 anos, adulto médio ou de meia idade, dos 65 até 75 anos, adulto tardio na velhice precoce, e desta idade em diante, vem a chamada velhice tardia 28. O Brasil dobrou o nível de esperança de vida ao nascer em relativamente pou- cas décadas, numa velocidade muito maior que os países europeus, os quais levaram cerca de 140 anos para envelhecer. Para se ter ideia do que isso significa, a esperança de vida ao nascer dos brasileiros era de 33,7 anos em 1900; 43, em 1950; 65, em 1990; chega quase a 70 anos na entrada do novo século; e prevê-se que ultrapasse os 75 anos em 2025. De 1950 a 2025 terá crescido 15 vezes, quando o restante da população terá conseguido um incremento de 5 vezes. Apesar de todo esse incremento, a maioria das pessoas nessa faixa etária está entre os 60 e os 69 anos, constituindo ainda me- nos de 10% da população total (Veras, 1995), quando na Europa, por exemplo, são as faixas acima de 70 anos as que mais crescem. No entanto, um país já é conside- rado ‘velho’ quando 7% de sua população são constituídos por idosos. A previsão dos demógrafos é de que no ano 2020 existam cerca de 1,2 bilhões de idosos no mundo, dentre os quais 34 milhões de brasileiros acima de 60 anos, que, nesse caso, corresponderão à sexta população mais velha do planeta, ficando atrás apenas de alguns países europeus, do Japão e da América do Norte. Por tudo isso, é muito importante ouvir a “lógica interna desse grupo societário” e contar com ele para a realização de seus anseios e para a construção de um padrão de vida que lhes seja adequado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1994; 2002) estimam que o percentual de brasileiros com mais de 60 anos de idade até o ano 2025 5 passará de 8,9% para 18,8%. Entre os idosos, o segmento que mais cresce é o dos mais velhos: no grupo com 75 anos ou mais, o crescimento foi de 49,3% entre 1991 e 2000. Tamai (1997) 43 ressalta que a população idosa, no Brasil, apresenta uma taxa de crescimento maior do que a da população total e daquela abaixo de 15 anos. As- sim, o Brasil está se tornando um país da terceira idade e precisa voltar suas atenções para as necessidades dos senescentes 43. Observa-se nas últimas décadas avanço nas práticas médicas e aumento do número de pesquisas e publicações científicas sobre o assunto 102, as quais não se limitam mais aos idosos, mas incluem aqueles que se encontram em transição da adultez para a velhice. Neste sentido, destacamos a importância da prevenção como condição para uma senescência saudável. Com relação aos fatores neurobiológicos ao que parece, ocorre uma deteriora- ção geneticamente programada, posto que há um envelhecimento celular e uma fini- tude na capacidade das células de se dividir, renovar-se e regenerar-se. Este tipo de decrepitude é inevitável e ditado por regras biológicas não totalmente esclarecidas, como os processos primários (quando e como o envelhecimento se inicia na vida de um indivíduo) e secundários (qualidade e estilo de vida, dieta calórica, atividades físi- cas), vinculados ao aumento da idade e ao controle pessoal 28. Défices físicos, cognitivos e comportamentais observados no envelhecimento resultam de um conjunto de alterações biológicas que desencadeiam cascatas de eventos moleculares e celulares as quais geram apoptose, radicais livres, mudanças proteicas e outros danos secundários. No cérebro ocorrem mudanças em diversos âmbitos neurobiológicos e neurofisiológicos (sinapses diminuídas, lentidão do fluxo axoplasmático, decréscimo na plasticidade), neuroquímicos (alterações na circuitária colinérgica; ao nível das monoaminas) e estruturais (neocórtex, complexo hipocampal, núcleos da base) 16. Do ponto de vista morfológico, o cérebro do indivíduo idoso diferencia-se do cérebro do indivíduo jovem (redução do tamanho e do peso cerebral), particularmente daquele idoso que sofreu um envelhecimento patológico (alargamento ventricular e dos sulcos e afinamento dos giros). Nestes últimos é evidenciada, por meio de estudo post-mortem, a presença de placas senis e de produtos de degeneração celular não absorvida 17. 6 É complexoo tema do envelhecimento, pois complexos são todos os processos vitais experimentados desde o nascimento, a infância e a adolescência até a vida adulta. Recusamo-nos não a reconhecer a complexidade, mas sim a aceitar o enve- lhecimento como, doença, privação, dependência, tristeza e frustração. Aqui se trabalha para executar um movimento que positive o envelhecimento como um tempo produtivo específico da vida, emocional, intelectual e social, supe- rando assim os estigmas da discriminação. Pois é essa discriminação internalizada que frequentemente leva os idosos a uma atitude de negação, buscando parecerem mais jovens para serem aceitos e acolhidos, obscurecendo suas características, seus atributos e sua identidade. A positivação da identidade do idoso significa, por um lado, reconhecer o que há de importante e específico nessa etapa da vida para desfrutá-lo; por outro, com- preender, do ponto de vista desse grupo social, os sofrimentos, as doenças e as limi- tações com toda a carga pessoal e familiar que tais situações acarretam, embora nunca tratando tais acontecimentos dolorosos e tristes como sinônimos de velhice. O envelhecimento não é um processo homogêneo. Cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma, considerando sua história particular e todos os aspectos estruturais (classe, gênero e etnia) a eles relacionados, como saúde, educação e con- dições econômicas. Os capítulos que integram esta apostila demonstrarão que os fa- tores que contribuem mais e melhor para diferenciar a vivência do envelhecimento são as redes de apoio social e comunicação, com ênfase na solidariedade familiar. O que torna a velhice sinônimo de sofrimento, é mais o abandono que a do- ença; a solidão que a dependência. Assim, nesta introdução, quatro aspectos centrais serão enfatizados, pois traduzem a síntese do pensamento dos autores: o envelheci- mento como híbrido biológico-social; o envelhecimento como problema; o envelheci- mento como questão pública; o velho como ator social. 7 1.1METODOLOGIA Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de pes- quisa bibliográfica, com o intuito de proporcionar um levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. Através de pesquisa bibliográfica em diversas fontes, o estudo se desenvolve com base na opinião de diversos autores, concluindo que a formação e a motivação são energias que conduzem a atividade humana para o alcance dos objetivos de ex- celência na prestação de serviços públicos e podem também se converter nos princi- pais objetivos da gestão de pessoas no setor público e no fundamento de sua exis- tência. A pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e co- nhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já pu- blicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados. Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levan- tamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, pe- riódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes. 8 2. DIMENSÃO BIOLÓGICA DO ENVELHECIMENTO Os idosos representam 12% da população mundial, com previsão de duplicar esse quantitativo até 2050 45, e triplicar em 2100 46. A maior longevidade pode ser considerada uma história de sucesso para a humanidade 47. Esses anos extras de vida permitem à população planejar o futuro de modo distinto das gerações anteriores, dependendo de um elemento central: a saúde 48. Com esse entendimento, as políticas públicas têm ressaltado o sentido positivo do envelhecimento, a contribuição da pessoa idosa com sua riqueza de conhecimen- tos, habilidades, experiências na vida cotidiana e laboral 47,50. Para esse sentido posi- tivo do envelhecimento são utilizados diferentes termos: envelhecimento bem-suce- dido, envelhecimento ativo e, mais recentemente, a retomada do termo envelheci- mento saudável, proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 47. A OMS define o envelhecimento saudável como o “processo de desenvolvi- mento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avan- çada” 47,48. A capacidade funcional, por sua vez, pode ser compreendida como a as- sociação da capacidade intrínseca do indivíduo, características ambientais relevantes e as interações entre o indivíduo e essas características 47. A capacidade intrínseca é a articulação das capacidades físicas e mentais (in- cluindo psicossociais) 47. As características ambientais são o contexto de vida, inclu- indo as relações sociais. O bem-estar é singular e permeado de aspirações subjetivas, incluindo sentimentos de realização, satisfação e felicidade 47. Deste modo, a compreensão do envelhecimento saudável, segundo a definição da OMS, é abrangente e relevante para todas as pessoas idosas, mesmo para aque- las que convivem com a experiência de doenças crônicas; também não está centrada na ausência de agravos e nem tampouco restrita à funcionalidade do idoso, mas em um processo que possibilitará a construção de habilidades que lhe permitirão vivenciar o envelhecimento da melhor forma possível 48. Os idosos percebem o envelhecimento saudável como a adoção de hábitos e comportamentos inerentes ao estilo de vida, com destaque para a alimentação sau- dável 51, 52,53,54,55-57, práticas de atividades físicas 52,54,56,57 não ser tabagista e nem etilista 52,53,54,56,57. Esses hábitos e comportamentos são fatores de proteção e auxiliam no controle de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) 58, que correspondem às 9 maiores causas de mortalidade da população idosa, por desfechos como a doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral e doença pulmonar obstrutiva crônica 48,58. O conjunto desses hábitos e comportamentos mencionados pelos idosos é tema prioritário na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) brasileira 59 e esta previsto para ser trabalhado junto à população na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio de orientações em grupos de educação em saúde, consultas médicas e de enfermagem, visitas domiciliares, entre outras oportunidades 58. Assim, os esforços dos profissionais para prevenir ou controlar as DCNT se concentram fortemente no estilo de vida individual. Tal ação contribui para que os idosos assumam de modo isolado a auto res- ponsabilidade de adquirir esse estilo de vida saudável. Sob essa ótica, a literatura científica abrange dois posicionamentos distintos, que envolvem estimular essa pos- tura ou encorajá-la com cautela. Um estudo americano 60 que estimula a postura da auto responsabilidade para adquirir o estilo de vida saudável versa sobre um modelo apresentado como um pos- sível fundamento para potencializar as ações na APS junto aos idosos com alguma condição crônica. Esse modelo é constituído por quatro pilares: “centrado na perspectiva do idoso”– população idosa considerada como um grupo heterogêneo que requer aten- ção individualizada; “abordagem orientada por objetivos” – estabelecimento de metas que devem ser compartilhadas com o idoso, individualizadas, específicas e passíveis de ser alcançadas; “estratégia individualizada de ‘treinamento’ para mudança de com- portamento em saúde” – centrada no idoso e baseada na instrumentalização com co- nhecimentos que permitem gerar o entendimento que desencadeia a mudança de comportamento; e o “contexto em que ocorrem os comportamentos de saúde” – rede de relacionamentos significativos para os idosos que contribuem para impulsionar seus objetivos. De modo distinto, outro estudo americano defendeu encorajar com cautela as ações que visam auto responsabilizar o indivíduo na adoçãode um estilo de vida sau- dável. Apresentou amplamente a discussão acerca da pouca eficácia das ações vol- tadas para o estilo de vida individual, realçando a necessidade de atuação nas causas mais profundas das DCNT. 10 Ele reconhece que o ambiente econômico e social é capaz de restringir ou ex- pandir as oportunidades, como consequência interferir nos comportamentos da popu- lação 61. Por isso, nem todos podem se alimentar de modo saudável, exercitar-se ade- quadamente, perder peso, evitar o uso do tabaco, álcool e outras drogas25. Além de compreender o envelhecimento saudável como a adoção de hábitos e com- portamentos inerentes ao estilo de vida, os idosos destacaram que é necessário cuidar da saúde. Esse cuidado perpassa por realizar o acompanhamento médico de rotina, exa- mes, vacinação 52 e ter boa gestão da doença 51,54. Contudo, eles não associaram o envelhecimento saudável à ausência de doenças 51, 55-57. 3. MARCO INTERNACIONAL DAS POLÍTICAS PARA O IDOSO Os fatores demográficos e epidemiológicos não foram os únicos desafios para a Saúde Pública. Há outros, como reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde: a) Como manter a independência e a vida ativa com o envelhecimento? b) Como fortalecer políticas de prevenção e promoção da saúde, especialmente aque- las voltadas para os idosos? c) Como manter e/ou melhorar a qualidade de vida com o envelhecimento? Temos de encontrar os meios para: incorporar os idosos em nossa sociedade, mudar conceitos já enraizados e utilizar novas tecnologias, com inovação e sabedoria, a fim de alcançar de forma justa e democrática a equidade na distribuição dos serviços e facilidades para o grupo populacional que mais cresce em nosso país 62. Essas questões estavam na pauta mundial há muitos anos. As Nações Unidas, através de sua Assembleia Geral, convocou a primeira Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento em 1982, que produziu o Plano de Ação Internacional de Viena sobre o Envelhecimento. Este documento representa a base das políticas públicas do seg- mento em nível internacional e apresenta as diretrizes e os princípios gerais que se tornaram referência para a criação de leis e políticas em diversos países, evidenciando o envelhecimento populacional como tema dominante no século XXI. O Plano apresenta recomendações referentes a sete áreas: saúde e nutrição; proteção ao consumidor idoso; moradia e meio ambiente; bem-estar social; previdên- cia social; trabalho e educação e família 63. 11 Já em 1991 foram aprovados, na Assembleia Geral da ONU, os Princípios das Nações Unidas em prol das Pessoas Idosas, através da Resolução no 46/91, que se revestiu de fundamental importância para a consolidação do norteamento das políticas para idosos. Os princípios direcionam para respostas frente aos desafios do processo de envelhecimento com novos conceitos versando sobre independência, participação, cuidados, auto realização e dignidade. No ano seguinte, a Conferência Internacional sobre o Envelhecimento reuniu- se para dar seguimento ao Plano de Ação, adotando a Proclamação do Envelheci- mento. Seguindo a recomendação da Conferência, a Assembleia Geral da ONU de- clarou 1999 o Ano Internacional do Idoso. Constatou-se um reflexo imediato, nos anos 90, dessas assembleias e reuniões internacionais, através da transformação da repre- sentação do idoso, que deixou de ser visto como vulnerável e dependente, passando a dispor de uma imagem ativa e saudável. A ação a favor do envelhecimento continuou em 2002, quando a Segunda As- sembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento foi realizada em Madri. Objetivando desenvolver uma política internacional para o envelhecimento no século XXI, a Assembleia adotou uma Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento de Madri. O Plano de Ação pedia mudanças de atitudes, políticas e práticas em todos os níveis para satisfazer as enormes potencialidades do envelhecimento no século XXI. Suas recomendações específicas dão prioridade às pessoas mais velhas, melhorando sua saúde e bem-estar, assegurando habilitação e ambientes de apoio: “Uma socie- dade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de con- tinuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste sentido, é necessário re- mover tudo que representa exclusão e discriminação contra eles” 64. 4. MARCO LEGAL DAS POLÍTICAS PARA O IDOSO NO BRASIL A concepção que predominava no Brasil, no início do século XX, era a de se- gregação das pessoas idosas, originando a prática de internações em asilos, que pro- liferaram nesse período, numa lógica que oculta aspectos sociais, políticos e econô- micos. Os anos 1960 inauguraram um trabalho pioneiro no Serviço Social do Comércio 12 (SESC), voltado para pessoas idosas, em um cenário no qual predominava o assis- tencialismo. O primeiro reflexo no Brasil, no que se refere às mudanças radicais da visão do envelhecimento impactando a legislação, foi na Constituição Federal promulgada em 1988, na qual os movimentos constituintes imprimiram o conceito de “participação po- pular”. A Constituição reverteu à política assistencialista em curso na década de 1980, adquirindo “uma conotação de direito de cidadania”, acrescentando que essa década representou um período rico para a organização dos idosos e a comunidade científica, com a realização “de inúmeros seminários e congressos, sensibilizando dessa forma os governos e a sociedade para a questão da velhice”. A garantia dos direitos dos idosos na Constituição Federal está expressa em diversos artigos, versando sobre irredutibilidade dos salários de aposentadoria e pen- sões, garantia do amparo pelos filhos, gratuidade nos transportes coletivos e benefício de um salário-mínimo para aqueles sem condições de sustento. A influência das dire- trizes e orientações internacionais na Constituição Federal são evidentes 65,66. A Política Nacional do Idoso, Lei nº 8842, sancionada em 1994, nasceu com concepção avançada para sua época, mas não conseguiu ser aplicada em sua totali- dade. Esta lei também priorizou o convívio em família em detrimento do atendimento asilar, e definiu como pessoa idosa aquela maior de 60 anos de idade (em países da Europa, por exemplo, idosos são aqueles com 65 anos ou mais). Esta Política também sofreu influência das discussões nacionais e internacio- nais sobre a questão do envelhecimento, evidenciando não só o idoso como um su- jeito de direitos, mas preconizando um atendimento de maneira diferenciada em suas necessidades físicas, sociais, econômicas e políticas. Essa lei foi resultado de discus- sões e consultas por todo o país, com ampla participação de idosos, gerontólogos e a sociedade civil em geral. A Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI), criada através da Portaria nº 1395/1999, do Ministério da Saúde (MS), visou à promoção do envelhecimento sau- dável, à prevenção de doenças, à recuperação da saúde, à preservação/ melhoria/re- abilitação da capacidade funcional dos idosos com a finalidade de assegurar-lhes sua permanência no meio e sociedade em que vivem, desempenhando suas atividades de maneira independente 67. 13 Nesta política estão definidas as diretrizes norteadoras de todas as ações no setor saúde, e indicadas as responsabilidades institucionais para o alcance da pro- posta. Além disso, ela orienta o processo contínuo de avaliação que deve acompanhar seu desenvolvimento, considerando possíveis ajustes determinados pela prática. Na PNSI foram definidas várias diretrizes ainda bem atuais. Há ênfase na pro- moção do envelhecimento saudável voltado ao desenvolvimento de ações que orien- tem a melhoria de suas habilidades funcionais, mediante a adoção precoce de hábitos saudáveis de vida, a eliminação de comportamentosnocivos à saúde, além de orien- tação aos idosos e seus familiares quanto aos riscos ambientais favoráveis a quedas. Também menciona a importância da manutenção da capacidade funcional com vistas à prevenção de perdas funcionais, reforço de ações dirigidas para a detecção precoce de enfermidades não transmissíveis, com a introdução de novas medidas, como antecipação de danos sensoriais, utilização de protocolos para situações de risco de quedas, alteração de humor e perdas cognitivas, prevenção de perdas den- tárias e outras afecções da cavidade bucal, prevenção de deficiências nutricionais, avaliação das capacidades e perdas funcionais no ambiente domiciliar e prevenção do isolamento social. Fato relevante é que esta Política de Saúde foi realizada em articulação com o Ministério da Educação e com as instituições de ensino superior (IES), como forma de viabilizar a instalação dos Centros Colaboradores de Geriatria e Gerontologia, e da capacitação de recursos humanos em saúde do idoso, de acordo com as diretrizes fixadas. A PNSI passou pelo crivo da Organização Pan-Americana de Saúde, em abril de 1999, onde se realizou um seminário de três dias para uma ampla discussão de inúmeros técnicos da área do envelhecimento. Após as correções advindas desse en- contro, o texto foi submetido e aprovado no Ministério da Saúde na Reunião Ordinária da Comissão dos intergestores tripartites, em setembro de 1999, que contou com a presença de secretários estaduais e municipais de Saúde, além do Ministério da Sa- úde. Em 11 de novembro de 1999, foi submetida à instância máxima do Ministério da Saúde, na 92a Reunião Ordinária, quando o documento foi aprovado por unanimi- dade, fato raro para o Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A PNSI foi promulgada pelo Ministro da Saúde, Dr. Jose Serra, através da Portaria nº 1395, 14 em 9 de dezembro de 1999, sendo publicada no Diário Oficial da União em 13 de dezembro de 1999. Paralelamente a este fato, os movimentos de aposentados e pensionistas e o Fórum Nacional do Idoso mobilizaram-se durante um longo período, desde 1997, vi- sando à aprovação do Estatuto do Idoso, mas reivindicando barrar artigos indesejáveis e propondo emendas. Apesar da mobilização, a correlação de forças do movimento não permitia que o Estatuto saísse do papel. Somente no dia 1º de outubro de 2003 o Estatuto é sancionado, o que pode ser considerado como um dos efeitos da II Assem- bleia de Madri. O Estatuto representa um passo importante da legislação brasileira na sua ade- quação às orientações do Plano de Madri, cumprindo o princípio referente à constru- ção de um entorno propício e favorável para as pessoas de todas as idades. O Esta- tuto do Idoso possui 118 artigos que consolidam os direitos conferidos pelas diversas leis federais, estaduais e municipais, referentes à saúde, à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, à profissionalização e ao trabalho, à previdência social, à assistên- cia social, à habitação, ao transporte, à fiscalização de entidades de atendimento e à tipificação de crimes contra a pessoa idosa 68. O movimento dos aposentados, no Brasil, se destaca na luta pelo reajuste do valor das aposentadorias, que começa a perder poder de compra aceleradamente, coincidindo com a implantação do modelo neoliberal. A primeira grande mobilização que deu visibilidade à causa dos idosos, aposentados e pensionistas ocorreu por oca- sião da Constituinte de 1988. Idosos de todas as partes do Brasil demonstraram sua força política nas galerias do Congresso e Praça dos Três Poderes. O movimento dos 147% (diferença no reajuste de quem ganhava acima de um salário-mínimo) foi emblemático na organização dos aposentados, sendo considerado seu ápice. Foi pautado pela mídia de maneira constante e positiva, o que contribuiu para multiplicar as adesões ao movimento e dar visibilidade às mazelas do envelheci- mento. O movimento foi vitorioso, culminando com a vitória judicial, o que possibilitou uma ampliação do processo de empoderamento dos aposentados. Mas esta estraté- gia continha em si seu contrário, pois propiciou também um esvaziamento do movi- mento após a efetivação das conquistas financeiras. A saúde sempre foi uma pauta importante. Em 2006 foi instituído, pela Portaria nº 2528/ GM, de 19 de outubro de 2006, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI)11. Esta nova política de saúde voltada para o idoso foi uma resposta, talvez 15 necessária, à política anterior do Ministério de 1999, pois ela manteve todos os itens inovadores de sua antecessora, mas se preocupando com a implementação das ações e indicando as responsabilidades institucionais para o alcance da proposta. Além disso, ela orientou o processo continuo de avaliação que deveria acom- panhar seu desenvolvimento, considerando possíveis ajustes determinados pela prá- tica. A PNSPI, à semelhança da PNSI, teve por objetivo permitir um envelhecimento saudável, o que significa preservar sua capacidade funcional, sua autonomia e manter o nível de qualidade de vida, em consonância com os princípios e diretrizes do Sis- tema Único de Saúde (SUS), que direcionam medidas individuais e coletivas em todos os níveis de atenção à saúde. 5. O MOMENTO ATUAL O idoso tem particularidades bem conhecidas – mais doenças crônicas e fragi- lidades, mais custos, menos recursos sociais e financeiros. Envelhecer, ainda que sem doenças crônicas, envolve alguma perda funcional. Com tantas situações adver- sas, o cuidado do idoso deve ser estrutura do de forma diferente da que é realizada para o adulto mais jovem. A atual prestação de serviços de saúde fragmenta a atenção ao idoso, com multiplicação de consultas de especialistas, informação não compartilhada, inúmeros fármacos, exames clínicos e imagens, entre outros procedimentos. Sobrecarrega o sistema, provoca forte impacto financeiro em todos os níveis e não gera benefícios significativos para a saúde, nem para a qualidade de vida 69. Um dos problemas da maioria dos modelos assistenciais vigentes decorre do foco exclusivo na doença. Mesmo quando se oferece um programa com uma lógica de antecipação dos agravos, as propostas são voltadas prioritariamente para a redu- ção de determinada moléstia, esquecendo que numa doença crônica já estabelecida o objetivo não deve ser a cura, mas a busca da estabilização do quadro clínico e o monitoramento constante, de forma a impedir ou amenizar o declínio funcional 70. Estudos evidenciam que a atenção deve ser organizada de maneira integrada, e os cuidados precisam ser coordenados ao longo do percurso assistencial, numa lógica de rede desde a entrada no sistema até os cuidados ao fim da vida 71. Os ade- 16 quados modelos de atenção à saúde para idosos, portanto, são aqueles que apresen- tam uma proposta de linha de cuidados, com foco em ações de educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, postergação de moléstias, cuidado pre- coce e reabilitação 72. O modelo deve ser baseado na identificação precoce dos riscos de fragilização dos usuários. Uma vez identificado o risco, a prioridade é a reabilitação precoce, a fim de reduzir o impacto das condições crônicas na funcionalidade, busca-se intervir antes de o agravo ocorrer. A ideia é monitorar a saúde, não a doença; a intenção é postergar a doença, a fim de que o idoso possa usufruir seu tempo a mais de vida com qualidade. Assim, a melhor estratégia para um adequado cuidado do idoso é utilizar a ló- gica de permanente acompanhamento da sua saúde, tê-lo sempre sob observação, variando apenas os níveis, a intensidade e o cenário da intervenção 73. 6. O MODELO PROPOSTO Para que tudo pelo qual lutamos e preconizamos seja colocado em prática na saúde, é urgente um redesenho do modelo de cuidado ao idoso no Brasil 74.Com base em estudos nacionais e internacionais, construímos a proposta de um modelo de cui- dado focado no idoso e em suas necessidades e características 72. O modelo é estruturado em cinco níveis, conforme apresentado na Figura 1. Devemos considerar, no entanto, que os níveis 1 a 3 são as instâncias leves, ou seja, de custos menores e compostas basicamente pelo cuidado dos profissionais de sa- úde, todos bem treinados, e da utilização de instrumentos epidemiológicos de rastreio e tecnologias de monitoramento de saúde. O esforço deve ser realizado para manter os pacientes nesses níveis leves, visando preservar sua qualidade de vida e sua participação social. Já as instâncias 4 e 5, as instâncias pesadas, são de alto custo. Nelas se situam o hospital e as unidades de longa permanência. O empenho deve ser para tentar reabilitar o paciente e trazê- lo para as instâncias leves, apesar de isso nem sempre ser possível. 75 Sabemos que nem sempre é possível manter todos nas instâncias leves, mas é importante reforçar que, ao se falar que desejamos que os idosos fiquem nas ins- tâncias iniciais do modelo, não se trata de impedir sua progressão nas instâncias mais pesadas. 17 A utilização do hospital, por exemplo, busca-se, portanto, permanecer com o idoso nos três primeiros níveis de cuidado, com vistas a preservar sua qualidade de vida e reduzir os custos. A meta é concentrar nessas instâncias mais de 90% dos idosos deve ser uma exceção, se possível pelo menor tempo, e para tal organizamos a estratégia do cuidado integral e do monitoramento intenso. Os modelos de atenção para este segmento etário precisam ser centrados na pessoa, considerando suas necessidades especiais. O cuidado deve ser gerenciado desde a entrada no sistema até o fim da vida, com acompanhamento constante, pois os idosos possuem especificidades decorrentes de doenças crônicas, de fragilidades orgânicas e sociais. A reprodução gráfica do modelo auxilia na compreensão de aspectos importan- tes do modelo proposto. A entrada através do Nível 1 (acolhimento) garante um acesso consciente da atenção ofertada. A porta de entrada é, portanto, momento cru- cial para estabelecimento da empatia e da confiança, elementos fundamentais para a fidelização do usuário ao projeto. O Nível 2 é o local de integração das várias ações de educação, promoção e prevenção de saúde com profissionais através das equipes de saúde da família para idosos com baixo risco, centro de convivência e conveniência, serviços de reabilitação, serviços de apoio ao cuidado ao auto-cuidado, apoio à família; é onde o idoso é apre- sentado ao seu gerente de acompanhamento. 18 Figura 1: No Nível 3 (Ambulatório Geriátrico), destacamos a importância da equipe mul- tidisciplinar composta por médico, enfermeiro e assistente social, que realizam a ava- liação geriátrica multidimensional que permitirá intervenções específicas quando ne- cessário. Esta avaliação considera aspectos médicos, de cuidados, de suporte social, de meio ambiente, cognitivos, afetivos, de crenças religiosas e econômicas que cons- tituem o plano terapêutico, construído coletivamente e discutido com a equipe de sa- úde e o gerente de acompanhamento. Neste nível também é o local onde se localiza a organização do atendimento domiciliar e a reabilitação. 19 Outro diferencial importante do modelo é a proposição de registrar os “percur- sos assistenciais” do paciente por meio de um sistema de informação amplo e de qualidade, que registre não somente a evolução clínica da pessoa idosa, mas também sua participação em ações de prevenção, individuais ou coletivas, assim como o apoio do gerente de acompanhamento (navegador) e as chamadas telefônicas realizadas via GerontoLine - denominação que damos ao call-center qualificado e resolutivo, com pessoal treinado e qualificado. Adotamos esse nome para o serviço porque desejamos que o contato telefônico entre pacientes e profissionais se realize, e que haja total compartilhamento da informação com a equipe e uma avaliação mais integral do indi- víduo. 7. UM IMPORTANTE ESCLARECIMENTO REFERE-SE AO MÉDICO DO PACIENTE A centralidade deste modelo se dá por meio do médico gestor ou médico as- sistente, profissional condutor do processo. Caso ele precise de um parecer ou consi- dere que necessita da intervenção de um médico que domine uma área específica, encaminhará seu paciente para um especialista. A condução do caso, no entanto, é responsabilidade do generalista. Após a consulta com o especialista, tudo será regis- trado no prontuário único do paciente e este voltará para seu médico 76. Nos projetos internacionais, o médico generalista ou de família absorve inte- gralmente para si de 85% a 90% dos seus pacientes, sem necessidade da ação de um médico especialista. Além disso, o médico assistente pode utilizar os profissionais de saúde com formações específicas (em Nutrição, Fisioterapia, Psicologia ou Fono- audiologia). Portanto, o idoso terá uma gama muito maior de profissionais ao seu dis- por, mas é o médico assistente quem indica e encaminha. Importante também frisar que no Brasil há um excesso de consultas realizadas por especialistas. Isso ocorre porque o modelo atual de assistência prioriza a fragmen- tação do cuidado, como se evidencia ao observar o modelo inglês, o National Health Service (NHS), que tem como figura central de organização os general practitioners (GP), médicos generalistas com alta capacidade resolutiva, que permitem estabelecer a fidelização do paciente com o referido profissional. 20 O modelo americano, por sua vez, opta pelo encaminhamento para inúmeros médicos especialistas. Estamos falando de dois países ricos, de grande tradição na medicina, que utilizam modelos diferentes e proporcionam resultados também bas- tante distintos 77. 8. TRANSTORNOS MENTAIS Fatores neuropsiquiátricos como depressão e demência estão entre os trans- tornos médicos que mais comprometem a qualidade de vida dos idosos 19. A incidên- cia de admissões psiquiátricas por queixas isoladas de ansiedade após os 65 anos é baixa e não se caracteriza como um transtorno psíquico preeminente. Uma possível explicação é que os idosos substituiriam a clássica reação de "luta e fuga" diante de situações ameaçadoras por uma reação de "congelamento", baseada na aceitação e contemplação do estímulo, o que daria origem a manifesta- ções depressivas ou psicossomáticas mais do que ansiosas 19. Alguns estudos, porém, ressaltam que os sintomas de ansiedade e depressão podem ser muito similares e até coexistir. Beekman, Balkom, Deeg, Dyck e Tilburg (2000) 7, estudaram um grupo da terceira idade (55 a 85 anos) moradores do Reino dos Países Baixos (Holanda) e descobriram que a co-morbidade prevalecia em 47.5% dos pacientes, enquanto 26.1% tinham depressão sem ansiedade. 9. DÉFICES MNEMÔNICOS E DEMÊNCIA Entre as queixas cognitivas mais frequentes em idosos destacam-se os défices de memória, mas estas também podem ser influenciadas por fatores culturais. Em um estudo comparativo entre diferentes regiões brasileiras verificou-se que as queixas mais frequentes entre idosos da classe média em São Paulo foram: nomes, locais no quais foram deixados objetos, número de telefone que acabou de olhar, palavras 10. Por outro lado, idosos ribeirinhos de Manaus esqueciam predominantemente onde colocavam objetos e as estórias contadas e recados; e precisavam esforçar-se para lembrar determinada situação ou necessidade imediata 11. 21 De fato, o declínio da memória no decorrer do processo de envelhecimento tem sido amplamente estudado nestes últimos tempos 1,12,6,13,20,38,39. Estes estudos permi- tiram identificar que se encontram preservadas habilidades como, por exemplo a me- móriade procedimento e a pré-ativação, expressas pela capacidade de dirigir, ler, executar tarefas de completar palavras e leitura de palavras invertidas, assim como a memória semântica (lembrar-se do sabor de uma fruta, da capital de um país, da voz de um ente querido e de elementos de uma dada categoria) e a alça fonológica, me- dida pela recordação imediata de uma sequência de dígitos ou letras. Por outro lado, encontram-se comprometidas as memórias: episódica (lembrar- se de um evento pessoal e suas circunstâncias), prospectiva (tomar uma medicação a cada oito horas ou lembrar-se de desligar o forno em meia hora) e operacional, caracterizada pela capacidade de reter e manipular informações por um curto período de tempo (para revisão conceitual e histórica dos sistemas de memória, ver Bueno e Oliveira, 2004) 12. Uma tentativa para esclarecer a natureza destes défices mnemônicos foi a hi- pótese dos lobos frontais. Moscovitch e Winocur (1995) 26, avaliaram tanto pacientes com lesões frontais quanto idosos e observaram que ambos os grupos são prejudica- dos em testes que requerem recordação da ordem temporal do material apresentado, recordação da origem das informações, memória operacional e recordação livre de material organizado, portanto, tarefas mnésticas que envolvem estratégia ou compo- nentes inibitórios. A hipótese, embora não conclusiva, é corroborada por observações de outros autores que investigam a ineficiência dos processos inibitórios. De acordo Anderson e Craik (2000) 4, idosos podem sofrer um déficit de inibição dos mecanismos para supressão da ativação de informações irrelevantes às tarefas: 1) são mais susceptíveis a distração com informações irrelevantes; 2) mantêm por mais tempo informações irrelevantes; 3) recordam-se mais facilmente de informações que lhes tinha sido sugerido esque- cerem; 4) experimentam maior interferência da memória. Outra teoria que busca explicar o funcionamento cognitivo durante o envelhe- cimento diz respeito ao modelo de Redução da assimetria hemisférica em adultos mais velhos (do inglês “HAROLD” - Hemispheric asymmetry reduction in older adults). Segundo este modelo, o envelhecimento traz como consequência a reorgani- zação global das redes neurocognitivas, assim como mudanças neurais regionais, o 22 que pode ser demonstrado pelo desempenho de jovens e idosos em tarefas de me- mória episódica, operacional, percepção e controle inibitório em estudos de neuroima- gem funcional. Esta reorganização se caracteriza pela diminuição da lateralização he- misférica funcional em contraste com um aumento na atividade bilateral em adultos mais velhos 14. Um fenômeno de interesse desde a década de 60 é a distinção entre esqueci- mento benigno da senescência e esquecimento maligno (demência). Novos termos e descrições surgiram na década de 80 até os recentes critérios que definem o compro- metimento cognitivo leve (CCL): queixa de memória, preferencialmente confirmada por um familiar; prejuízo mnemônico em testes neuropsicológicos ajustados para idade e escolaridade; preservação das demais funções cognitivas; e manutenção in- tegral das atividades da vida diária – portanto, ausência de demência 29. O objetivo destes pesquisadores era investigar se o CCL seria um estágio in- termediário entre o envelhecimento normal e a demência, diagnóstico mais prevalente na senescência, caracterizado por déficit mnemônico e de pelo menos uma outra fun- ção cognitiva 18. A avaliação neuropsicológica na senescência tem um papel fundamental no diagnóstico precoce e diferencial entre comprometimento cognitivo leve e demência. As neurociências têm reunido evidências de que o CCL seria uma condição de alto risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer (DA). Por exemplo, estudos post mortem encontraram nos cérebros de uma grande porcentagem de idosos com CCL as alterações morfológicas compatíveis com (DA) 25. Estudos longitudinais revelaram que idosos com CCL que se transforma em DA também apresentam aumento nos níveis de proteína tau no líquido cefalorraquidiano 41. Na verdade, a maioria dos idosos com CCL evolui para DA numa razão entre 10 a 15% ao ano, comparando-se a uma razão de 1 a 2% ao ano para idosos sadios 30. Esta razão de progressão aumenta com o acompanhamento por vários anos: 80% em 6 anos (Petersen et al., 2001) 29, a 100% em 9 anos (Morris et al., 2001) 25. Esses achados reforçam consistentemente a necessidade de investimentos em medidas preventivas e políticas públicas de saúde. Em 2005, Engelhardt et al. 103, representando a Academia Brasileira de Neurologia, publicaram recomendações e su- gestões para o tratamento da DA em nosso país incluindo tratamento farmacológico e não farmacológico. O tratamento farmacológico para indivíduos portadores de DA 23 em grau leve ou moderado inclui os inibidores da acetilcolinesterase (donepezil, rivas- tigmina, galantamina), sendo mais recomendável em estágios mais avançados da do- ença a memantina; no entanto, há também outros fármacos em desenvolvimento e avaliação, com maior seletividade para outros tipos de demência 32. Deve-se também considerar o tratamento não farmacológico, que compreende a reabilitação neuropsicológica. Há relatos, porém, de que a associação entre ambas as abordagens de tratamento seja mais satisfatória 9. Cabe ressaltar que pessoas portadoras de deficiência intelectual (DI) também podem apresentar défices em dife- rentes tipos de memória e perfis cognitivos específicos relacionados à etiologia. Por exemplo, crianças com síndrome de Down têm prejuízo em testes de me- mória operacional para informações verbais, enquanto aquelas com síndrome de Wil- liams são afetadas na retenção em curto prazo de informações visuoespaciais 21. Por outro lado, crianças com DM inespecífica tendem a ser prejudicadas em sua memória de longo prazo (para revisão, ver Santos 2005, Santos 2006) 36. Em geral, a literatura discute estes achados, em termos de desenvolvimento cognitivo, no tocante às dificuldades de aprendizagem, e raramente estes défices são discutidos em relação ao prognóstico, particularmente a seu impacto sobre o envelhecimento 35,36. Conforme apontam estudos longitudinais, o declínio de memória pode ocorrer precocemente em pessoas com DI. De fato, adultos com síndrome de Down acima de 45 anos apresentam um risco elevado para DA, tendo-se em vista a associação ge- nética entre estas desordens. Isto ressalta a necessidade de se identificar o declínio cognitivo em seus estágios iniciais, bem como os instrumentos de investigação cogni- tiva que possam atuar como indicadores dos primeiros sinais da DA nesta população 35,36. Em geral, as funções cognitivas de idosos com DI são avaliadas satisfatoria- mente por baterias neuropsicológicas pediátricas, complementadas pela entrevista com o familiar/cuidador 35,36. Por outro lado, screening tests (testes de rastreio comu- mente administrados a idosos da população em geral, tais como o mini-exame do estado mental) não são adequados para pessoas com DI. Algumas escalas podem ser consideradas como instrumentos alternativos. En- tão, a validação de instrumentos especializados em diagnóstico para a população bra- 24 sileira precisa ser encorajada. Por exemplo, o uso de escalas que avaliam a participa- ção social, a integração comunitária e a tomada de decisão podem ser alternativas viáveis 35,36. 10. FATORES DE PROTEÇÃO AO ENVELHECIMENTO Os fatores de prevenção primária referem-se à atenção aos riscos ambientais ou pessoais que possam ser desencadeadores de doenças e não podem ser altera- dos, como idade, etnia e fatores genéticos. Assim, é possível que o envelhecimento saudável seja conquistado por indivíduos que desde a juventude, ou antes, tenham se preocupado em fazer uso de uma dieta adequada e de práticas esportivas, não setornar dependente químico ou de fatores debilitantes, como alto nível de estresse fí- sico e mental. Em outras palavras, a qualidade de vida é imperativa para um bom envelheci- mento. Um grupo de pesquisadores canadenses (Shatenstein, Kergoat & Nadon, 2001) 40, confirmou esta afirmativa por meio de um estudo científico. Sabiam que, com o envelhecimento, numerosas mudanças ocorrem na composição do corpo, por exem- plo, nos índices de massa corpórea e na altura; mas o que os pesquisadores queriam descobrir é se fatores ambientais como a qualidade e o estilo de vida, a realização de atividades e o bem-estar do indivíduo influiriam nestes índices, e para isso acompa- nharam dois grupos de idosos durante cinco anos. Um dos grupos foi composto por 140 idosos institucionalizados e o outro por 487 idosos pertencentes à comunidade. A massa corpórea foi acompanhada durante esse período, observando-se pre- juízo em ambos os grupos; no entanto, a perda de peso foi mais preeminente em homens institucionalizados acima de 75 anos (2 quilos). Além disso, a estatura de- cresceu mais entre os institucionalizados (2 cm) do que no grupo da comunidade (1.4 cm). A partir do estudo de 5874 pessoas acima de 65 anos, outro grupo canadense (Njegovan, Hing, Mitchell & Molnar, 2001) 27, demonstrou que o comprometimento cognitivo progressivo está associado a um padrão específico de perdas em tarefas funcionais hierárquicas, o que revela uma associação entre limiar cognitivo e autono- mia. 25 As escalas de qualidade de vida e de atividades diárias mostram idosos ativos, independentes, que se dizem capazes de fazer compras e pagamento de contas em bancos, cozinhar, cuidar das finanças, etc., enquanto os idosos dependentes respon- dem que comem, se vestem, caminham. Para cada item funcional o escore de pes- soas que perderam a autonomia foi maior do que para o grupo que permaneceu inde- pendente 27. Assim, os autores dos dois estudos concluem que uma boa qualidade de vida e um estilo de vida com dieta nutricional adequados, assim como um planejamento mais específico para esta época da vida, são fundamentais para um envelhecimento mais saudável. A prevenção secundária caracteriza-se pela avaliação de indivíduos que já pos- suam alguma disfunção ou pertençam a um determinado grupo de risco. As doenças crônicas não transmissíveis tais como as cardiovasculares e respiratórias, o diabetes e o câncer são responsáveis por 60% das mortes e incapacidades em todo o mundo e de até 73% em 2020. No Brasil essas doenças foram responsáveis por 62% de todas as mortes e 39% das hospitalizações 2. Um estudo domiciliar realizado no início dos anos 90 em dez subdistritos de cinco regiões do município de São Paulo, estratificado pelo nível socioeconômico, revelou que 86% dos idosos entrevistados apresentavam pelo me- nos uma doença crônica 31. Também a avaliação da acuidade auditiva ou visual por especialistas deve ser considerada. Estes índices refletem, em parte, a necessidade de melhora na quali- dade e no estilo de vida dos idosos, assim como do atendimento à sua saúde. Por fim, a prevenção terciária diz respeito ao tratamento, suporte e reabilitação para minimizar os efeitos da doença ou até mesmo buscar sua cura. No caso dos défices cognitivos, por exemplo, uma alternativa viável é a reabili- tação neuropsicológica. É crescente a busca de fatores de proteção como, por exem- plo, o desenvolvimento de atividades físicas para amenizar e prevenir tanto distúrbios emocionais quanto desordens somáticas, tais como as doenças cardiovasculares. Atividade física também é uma intervenção com potencial para reduzir a asso- ciação entre a depressão e a deterioração cognitiva dos idosos, produzindo efeitos positivos no seu humor 5. 26 Outro fator de proteção altamente pesquisado na atualidade é o nível de esco- laridade. Um estudo realizado pelo SABE - Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento - em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) avaliou 2.143 idosos residentes na cidade de São Paulo com idade acima de 60 anos 22. Este grupo tinha, em média, 69 anos de idade, com predomínio de mulheres (60%). Dentre os vários aspectos investigados, de particular interesse foi identificação de que 60% destes idosos têm menos de 7 anos de escolaridade. Problemas cogniti- vos, observados em 11% da amostra, foram mais frequentes em idosos que nunca frequentaram escola (em 17%) do que em idosos com mais de sete anos de estudos, dos quais apenas 1% relatou dificuldades 22. De acordo com Satz (1993) 33, a escola- ridade contribui para o desenvolvimento da “Reserva Funcional” – ou Reserva Cogni- tiva – conceito hipotético correspondente à capacidade de atenuar, nas habilidades cognitivas, os efeitos do declínio neural associados ao envelhecimento. 11. REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Neuropsicologia é um ramo das Neurociências e uma especialidade em Psi- cologia regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia, CFP, 2004, Resolução 002/2004, dedicada à investigação, avaliação e reabilitação de funções cognitivas. Considera-se “Reabilitação Neuropsicológica” a intervenção integrada de tra- tamentos: cognitivo, psicoterapêutico (individual e familiar), medicamentoso e ativi- dades de inserção social e profissional. É fundamental que haja investigação diagnóstica o mais precocemente possí- vel para que sejam implantadas medidas capazes de minimizar, temporariamente es- tabilizar ou postergar a progressão deste processo degenerativo, como o tratamento medicamentoso e o neuropsicológico. A recuperação de funções cognitivas depende tanto da plasticidade neural, que é a habilidade do cérebro em recuperar uma função através de proliferação neural, migração e interações sinápticas, quanto de plasticidade funcional, isto é, o grau de recuperação possível de uma função por meio de estratégias de comportamento alte- radas 24. 27 Tal recuperação é primeiramente determinada pela idade, localização neural e função envolvida, mas também por fatores como comprometimento cerebral bilateral, presença de comorbidades, níveis pré-mórbidos de funcionamento cognitivo, entre outros. Igualmente importantes são os fatores sociais, econômicos e culturais 34. A reabilitação cognitiva objetiva o restauro funcional, isto é, o fortalecimento de padrões de comportamento cognitivo aprendido e estratégias compensatórias, repre- sentados pelo aprendizado de novos padrões que permitam ao paciente lidar com as disfunções persistentes 42. Para cada caso é traçado um plano de tratamento de reabilitação cognitiva con- duzido pelo neuropsicólogo e apoiado por equipe interdisciplinar, uma vez que suas prioridades são: auto-ajuda, independência para atividades de vida diária, melhora no desempenho acadêmico ou profissional e capacitação de habilidades interpessoais e socioemocionais. O sucesso da reabilitação cognitiva depende de o paciente estar consciente do benefício potencial de cada exercício e motivado para o processo 8. Sessões de treinamento cognitivo incluem exercícios e atividades que estimu- lem as estratégias de memorização, como: reverberação, categorização, associação do estímulo-alvo com estórias, rimas e locais, imagem visual, etc. A estratégia de re- verberação da informação por intervalos de tempo tem se mostrado efetiva em paci- entes com DA. Orientação para uso de auxílio externo como agendas, alarmes, ca- lendários, modificações e adaptações no ambiente físico e nas rotinas nele realizadas e o uso de pistas para redução do erro durante a aprendizagem são efetivos 44,42. Há relatos brasileiros de experiências bem-sucedidas de reabilitação cognitiva de idosos 1,9,3. Perspectivas futuras da neurorreabilitação incluem o uso de técnicasde neuroimagem funcional tanto para compreensão dos mecanismos subjacentes aos fenômenos plásticos cerebrais como na avaliação dos programas de reabilitação cog- nitiva implantados 34. Incluem ainda intervenções que visem à restauração dos níveis normais de neurotransmissão e de atividade neuronal, como a estimulação encefálica profunda, transplantes de células produtoras de neurotransmissores, implantes neuronais de te- cidos fetais e cirurgias esterotáxicas para destruição de células em regiões específi- cas23. 28 12. DIMENSÃO PSICOLÓGICA Na dimensão psicológica, foram agregadas as perspectivas dos idosos sobre o envelhecimento saudável, sendo mais frequente o otimismo 79,80,81,82,83. Eles revelaram que é necessário ser positivo e otimista para envelhecer de modo sau- dável. Entende-se como otimismo a expectativa de que algo positivo acontecerá 90. O otimismo no envelhecimento pode ser resultante da articulação da rede de apoio social, qualidade de vida, atividades individuais e sociais realizadas por idosos no seu cotidiano 91. Com esse entendimento, um estudo brasileiro reuniu produções científicas sobre o otimismo e a saúde, e constatou que há um número significativo de estudos internacionais com essa temática, realizados com pessoas que apresentam DCNT. Segundo estes, o otimismo é considerado um fator de proteção e de enfrenta- mento das consequências desses agravos 92. Quanto à felicidade, não se tem um conceito bem definido, pois ele varia de acordo com o contexto cultural e social de cada país 93. Na Coreia do Sul, um estudo realizado com idosos mostrou associação entre a família e a felicidade percebida. Eles relataram com frequência a importância de estar junto com a família e viver em paz com seus membros 93. Assim, parece que os idosos que possuem contatos significa- tivos com familiares, pessoas próximas, desfrutam mais amplamente da sensação de bem-estar do que os que não têm esses contatos 94. O bem-estar de idosos é um componente importante a ser considerado em po- líticas públicas. Em 2002, em Madrid, a Segunda Assembleia Mundial sobre Envelhe- cimento fundamentou o Plano Internacional do Envelhecimento, elencando priorida- des de ação e entre elas estava o “bem-estar na velhice” 95. Em 2015, o relatório da OMS sobre envelhecimento e saúde englobou o bem-estar ao conceito de envelheci- mento saudável, ressaltando a importância de “promover a saúde e o bem-estar ao longo da vida” 78. Deste modo, no referido relatório, a OMS recomenda para o envelhecimento saudável que as políticas públicas, os serviços de saúde e os profissionais atuem sob a perspectiva intersetorial, articulada ao idoso, família e sociedade, e que desenvol- vam ações que promovam o desenvolvimento e a manutenção da capacidade funcio- nal, como uma estratégia de permitir o bem-estar da população idosa 78. 29 13. DIMENSÃO ESPIRITUAL Nessa dimensão, são agrupadas as perspectivas dos idosos sobre o envelhe- cimento saudável, relacionadas à fé e à espiritualidade. De acordo com os estudos que compuseram a amostra analisada, a fé e a espiritualidade fornecem suporte para lidar com os desafios de viver com esclerose múltipla 79 e enfrentar as dificuldades cotidianas 83. Para estes, a alimentação e o cuidado com o corpo estão relacionados com a espiritualidade, assim como a prática de cura e a adoração aos ancestrais. A prática de cura é cuidar de si mesmo antes de consultar um médico (como, por exemplo, fazer massagem corporal com um fragmento de madeira para aliviar dores musculares) e a adoração aos ancestrais para que conservem a sua saúde, caso contrário, é possível que fiquem doentes 82,84. Há evidências de que os idosos tendem a ser mais religiosos do que os mais jovens 96. Ainda, os idosos que vivem com doenças crônicas muitas vezes têm a ne- cessidade de se aproximar de um ser superior que lhes concede a força necessária para enfrentar os momentos de dificuldades 97. A religiosidade e a espiritualidade podem contribuir para estilos de vida mais saudáveis por atribuir pontos de vista negativos quanto ao consumo de drogas, bebi- das alcoólicas, uso do tabaco, sexo não conjugal, entre outros 96. Ademais, pode pos- sibilitar lidar com eventos de vida estressantes 94, contribuir para superação de adver- sidades, como perda de entes queridos, perda de capacidades físicas, promover um significado para a vida. Já a fé pode promover virtudes como a humildade, altruísmo, compaixão, sabedoria e gratidão 96. 14. DIMENSÃO SOCIAL A perspectiva dos idosos sobre o envelhecimento saudável está intimamente relacionada às relações sociais. Para eles, relacionar-se socialmente 79,80,81,88, com a família 85,87,83,84,88, amigos 85,86,83, com um companheiro 85 ou em atividades de lazer coletivas 80 é ingrediente para o envelhecimento saudável. 30 Ressalta-se também que a relação social com membros da família, crianças, parceiro ou relações informais com amigos, vizinhos, colegas, além das relações for- mais com os serviços de saúde e comunitários, são fundamentais para o bem-estar dos idosos30 e para o envelhecimento saudável 78. Ainda, as relações sociais fortes podem incrementar a qualidade de vida, a longevidade e promover a resiliência 78. Nas relações sociais, está presente a ambivalência 78, ou seja, ambos os atores envolvidos na relação social são influenciados de modo recíproco e singular. Contudo, uma pessoa pode influenciar ou contribuir em maior proporção do que a outra. Nesse caso, quando o idoso, participante da relação social, é apoiado por meio dessa inte- ração, pode-se compreender que está presente o apoio social 98. Este pode aliviar os problemas cotidianos e promover a saúde física e mental 99. Como subsídio para as ações em saúde, o apoio social também pode contribuir para ampliar a sensação de alegria, auto-estima e auto-confiança 98,99. Além de serem apoiados, os idosos tam- bém fornecem apoio. Para muitos deles, apoiar é mais importante do que receber, contribuindo para o fortalecimento da autoestima e para o envolvimento social 94. Isso pode ser evidenciado por sua contribuição social 89,82 e desejo de fazer o bem 88 por meio do trabalho voluntário 79,82. De acordo com a OMS, o trabalho volun- tário pode influenciar positivamente a saúde do idoso, favorecendo a auto-percepção de saúde, redução da hipertensão arterial sistêmica, aumento da força física, da velo- cidade da marcha e da redução dos sintomas depressivos 78. Principalmente por ser socialmente valorizado e reconhecido publicamente. Vale ressaltar que o trabalho voluntário precisa respeitar a autonomia da pes- soa idosa, pois ao invés de trazer benefícios, poderá influenciar de modo nocivo a sua saúde mental 100. A autonomia e a independência foram percebidas pelos idosos como compo- nentes para o envelhecimento saudável. A autonomia é poder agir e tomar decisões 80 e a independência é a capacidade de executar as atividades sem o auxílio de outras pessoas. Neste sentido, os estudos revisados relacionaram a autonomia à segurança financeira 79,85,86. De fato, a segurança financeira é um componente para o envelheci- mento saudável 78. No Brasil, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa refere que a renda é um elemento que contribui para a saúde do idoso, quando mostra que, para ter saúde, é necessário englobar independência financeira, saúde física, saúde mental, capacidade funcional e o suporte social 101. 31 Essa política também destaca que a assistência ao idoso, em todos os níveis de atenção, deve preservar a sua autonomia e independência 101. A independência para os idosos envolve o cuidado de si 87,81 e de outras pessoas 80, atividades que apreciam 80,81 e gerenciamento do lar 86. Os idosos que viviam com esclerose múltipla articularam o ambiente com a independência quandosituaram a necessidade de adaptação do ambiente no qual habitavam para terem a possibilidade de viver de modo independente 79. É com esse discernimento que a OMS destaca a relevância de considerar o ambiente para a promoção do envelhecimento saudável, assinalando que ele pode ser um recurso ou uma barreira3. De modo diferenciado da cultura ocidental, os estu- dos que tiveram como participantes os idosos tailandeses discutiram a interdependên- cia, em vez de discutir a autonomia e independência. Para a cultura tailandesa os idosos são centrais nos rituais, as crianças e netos demonstravam sentimentos de amor e respeito por eles, recebiam apoio de suas famílias de muitas formas (respeito, amor, cuidados, financeiro, roupas, entre outros) e eram homenageados em festivais da aldeia 82,84. Essa interdependência favorece a auto-estima, envolve companheirismo, con- tato, preocupação e reciprocidade no cuidado 82,84. Ressalta-se que este estudo teve como limitação o fato de ter englobado uma amostra reduzida de artigos, embora o levantamento tenha refletido a percepção de idosos em países diversificados em re- lação à cultura, aos aspectos políticos e sociais, os quais influenciam de maneira di- reta ou indireta a percepção da população acerca do envelhecimento saudável. 32 15. CONCLUSÃO Em síntese, um modelo de atenção à saúde do idoso que se pretenda eficiente deve aplicar todos os níveis de cuidado, isto é, possuir um fluxo bem de- senhado de ações de educação, promoção da saúde, prevenção de doenças evi- táveis, postergação de moléstia, cuidado o mais precocemente possível e reabili- tação de agravos. Essa linha de cuidado se inicia na captação, no acolhimento e no monitoramento do idoso e somente se encerra nos momentos finais da vida, na unidade de cuidados paliativos. Assim, para colocar em prática todas as ações necessárias para um en- velhecimento saudável e com qualidade de vida, é preciso repensar e redesenhar o cuidado ao idoso, com foco nesse indivíduo e em suas particularidades. Isso trará benefícios não somente aos idosos, mas também qualidade e sustentabili- dade ao sistema de saúde brasileiro. O estudo possibilitou compreender que a percepção de idosos sobre o envelhecimento saudável, congrega as dimensões: biológica, psicológica, espiri- tual e social. Na dimensão biológica, foi evidente a necessidade de adotar hábitos e comportamentos inerentes ao estilo de vida para envelhecer de modo saudável. Tal posicionamento abrange duas discussões distintas: estimular essa postura ou encorajar com cautela, reconhecendo que o ambiente econômico e social é capaz de restringir ou expandir as oportunidades e, como consequência, interferir nos comportamentos da população. Na dimensão psicológica, os idosos apontaram o otimismo e a felicidade como importantes para o envelhecimento saudável. Na dimensão espiritual, a maior parte dos idosos reconheceu a fé e a espiritualidade como elementos para o envelhecimento saudável, contudo os autores dos estudos não exploraram essa dimensão, com exceção dos estudos envolvendo idosos tailandeses. Na dimensão social, eles destacaram as relações sociais com a família, amigos e companheiro. Nesta dimensão existe a ambivalência, que é evidenciada por meio do relato da necessidade de receber apoio e de simultaneamente apoiar e contribuir, principalmente através do trabalho voluntário. 33 Há múltiplos fatores associados ao processo de envelhecimento: fatores moleculares, celulares, sistêmicos, comportamentais, cognitivos e sociais. Estes interagem e regulam tanto o funcionamento típico quanto o atípico do indivíduo que envelhece. É fundamental que o profissional, assim como os próprios idosos, seus familiares e cuidadores tenham uma visão integrada destes fenômenos. Muitos avanços têm sido feitos no sentido de apoiar medidas que propi- ciem um funcionamento saudável nesta faixa etária, bem como de intervir nos fe- nômenos associados ao envelhecimento patológico, podendo-se citar como exem- plo a reabilitação neuropsicológica associada ao tratamento farmacológico. Com o planejamento precoce desta época da vida, levando em consideração, desde ida- des anteriores, a qualidade e o estilo de vida, dietas de baixa caloria, atividades físicas e mentais, são possíveis de conquistar longevidade e saúde, uma díade desejada e perseguida por muitos. 34 16. REFERÊNCIAS 1. Abrisqueta-Gomez, J., Bueno O. F. A., Oliveira, M. G., & Bertolucci P. H. (2002). Recognition memory for emotional pictures in Alzheimer's patients. Acta Neurol Scand, 105(1), 51-4. 2. Achutti, A., & Azambuja, M. I. R. (2004). Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: repercussões do modelo de atendimento à saúde sobre a seguridade social. Recuperado em 09 setembro de 2005 em http://www.scielo.b r/pd f/ csc/v9n4/a 02v 9n4.pdf 3. Ávila, R. (2004). Resultados da reabilitação neuropsicológica em pacientes com doença de Alzheimer leve. Revista de Psiquiatria Clinica, 30(4), 139-146. 4. Anderson, N. D., & Craik, F. I. M. (2000). Memory in the Aging Brain. In E. Tulving., & F. I. M. Craik. 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