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2018 GerontoloGia em estética Prof.a Sílvia Saldanha Corrêa Prof.a Talita Cristiane Sutter Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Prof.a Sílvia Saldanha Corrêa Prof.a Talita Cristiane Sutter Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 610 C824g Corrêa, Sílvia Saldanha Gerontologia em Estética / Sílvia Saldanha Corrêa; Talita Cristiane Sutter. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 196 p. : il. ISBN 978-85-515-0157-3 1.Ciências Médicas. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresentação Prezado acadêmico, iniciamos aqui mais uma etapa de seu conhecimento. Nesta unidade, propomos apresentar-lhe a história e os conceitos que envolvem a geriatria e a gerontologia. Hoje, fala-se muito sobre o crescimento do envelhecimento da população mundial, e no Brasil não é diferente. Há pouco mais de um século se criou os conceitos geriatria e gerontologia, especialidades responsáveis pelo estudo do envelhecimento e causas do “desgaste” que o corpo humano sofre. Portanto, buscar-se-á introduzi-lo nesta complexa rede de informações e pesquisas existentes, visando proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida dessa nova classe social. A Gerontologia é muito importante não somente para sua formação enquanto acadêmico e futuro profissional da área de estética, mas também para sua formação como cidadão. Como a estética, deve ser também associada ao bem-estar e qualidade de vida, propomos, nesta disciplina, que você compreenda e entenda o processo e as mudanças que ocorrem no corpo humano e levam ao envelhecimento. Em nosso dia a dia, ouvimos termos como terceira idade, idoso, velho, velhice, termos que muitas vezes são utilizados de maneira errônea e preconceituosa, e ao conhecer um pouco sobre as políticas públicas de proteção e atenção ao idoso, acreditamos sermos capazes de tratar e conviver com mais respeito com o idoso, buscando sempre proporcionar-lhes atenção, bem-estar e qualidade de vida. É fato que o envelhecimento populacional é um crescente mundial. Já que precisamos nos preparar para uma população que envelhece rapidamente, vamos aferir sobre a criação e aplicabilidade das leis e estatutos que regem e protegem o idoso. Identificar a importância e contribuições dos profissionais da estética para a qualidade de vida do idoso e abordamos o perfil do profissional da estética e suas ações que contribuirão para a qualidade de vida do idoso. Prezado acadêmico, desejamos um excelente aprendizado e que ao término desta etapa você tenha assimilado o conteúdo e que em sua aplicabilidade no âmbito profissional o faça buscar cada vez mais conhecimento. Bons estudos! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – GERIATRIA E GERONTOLOGIA ............................................................................1 TÓPICO 1 – CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO ......................................................................3 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................3 2 CONCEITOS ......................................................................................................................................4 2.1 GERIATRIA.......................................................................................................................................5 2.2 GERONTOLOGIA ...........................................................................................................................5 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................9 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................15 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................16 TÓPICO 2 – ENVELHECIMENTO POPULACIONAL ....................................................................17 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................17 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................23 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................24 TÓPICO 3 – TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO ................................................25 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................25 2 ENVELHECIMENTO INTRÍNSECO ...............................................................................................26 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................31 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................32 TÓPICO 4 – DIREITOS DOS IDOSOS ...............................................................................................33 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................33 2 ESTATUTO DO IDOSO: NOÇÕES BÁSICAS ...............................................................................35 3 LEGISLAÇÃO DO IDOSO .................................................................................................................38 4 TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO ................................................................................42 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................48 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................52 AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................53 TÓPICO 5 – O PAPEL DO PROFISSIONAL ESTETA COM A QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO .............................................................................................................55 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................55 2 O PAPEL DO PROFISSIONAL ESTETA COM A QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO ......56 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................60 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................61 sumário VIII UNIDADE 2 – SISTEMAS DO CORPO HUMANO .......................................................................63 TÓPICO 1 – FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO E SISTEMA TEGUMENTAR .............65 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................65 2 SISTEMA TEGUMENTAR .........................................................................................................65 3 ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS E HISTOLÓGICAS DO SISTEMA TEGUMENTAR .................................................................................................................66 4 CRONOLOGIA DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ................................................69 5 DOENÇAS CUTÂNEAS COMUNS AO IDOSO .........................................................................71 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................82 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................83 TÓPICO 2 – SISTEMAS ENDÓCRINO E CARDIOVASCULAR ...............................................85 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................85 2 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA ENDÓCRINO .................86 3 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA ENDÓCRINO ....................................................................................................................................88 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ....91 5 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR .........................................................................................................................91 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................96 TÓPICO 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E GENITOURINÁRIO ............................................97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................97 2 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ............98 3 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ....98 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA GENITOURINÁRIO .....100 5 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA GENITOURINÁRIO ..........................................................................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103 TÓPICO 4 – SISTEMAS LOCOMOTOR E IMUNOLÓGICO .....................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA LOCOMOTOR ...............106 3 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA LOCOMOTOR .......106 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ...........107 5 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO ...108 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................111 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................112 TÓPICO 5 – SISTEMAS NERVOSO E DIGESTÓRIO ..................................................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA NERVOSO .......................113 3 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA NERVOSO ..............114 4 ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS DO SISTEMA DIGESTÓRIO.................118 5 DOENÇAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO ........118 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................121 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 IX UNIDADE 3 – ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DO ENVELHECIMENTO .................................127 TÓPICO 1 – DEPRESSÃO E TRISTEZA ...........................................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS EM IDOSOS..........................................................................131 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................139 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140 TÓPICO 2 – ENVELHECIMENTO ATIVO ......................................................................................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 EDUCAÇÃO E CULTURA PARA IDOSOS ..................................................................................142 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................148 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149 TÓPICO 3 – REDE DE APOIO SOCIAL ...........................................................................................151 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................151 2 O PAPEL DA FAMÍLIA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO ....................................151 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................156 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................157TÓPICO 4 – PROMOÇÃO DE SAÚDE .............................................................................................159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL ......................................................160 3 NUTRIÇÃO ADEQUADA NA TERCEIRA IDADE ....................................................................162 4 IMPLICAÇÕES DO SONO NO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL ......................................163 5 PREVENÇÃO DE QUEDAS .............................................................................................................166 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................172 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................181 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183 X 1 UNIDADE 1 GERIATRIA E GERONTOLOGIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de: • apresentar os conceitos e a importância da Geriatria; • entender sobre envelhecimento populacional; • compreender as principais características do envelhecimento intrínseco e o envelhecimento extrínseco; • identificar os direitos dos idosos; • verificar o papel do profissional de estética na qualidade de vida do idoso. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO TÓPICO 2 – ENVELHECIMENTO POPULACIONAL TÓPICO 3 – TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO TÓPICO 4 – DIREITOS DOS IDOSOS TÓPICO 5 – O PAPEL DO PROFISSIONAL ESTETA COM A QUALIDADE DE VIDA DO IDOSO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 1 INTRODUÇÃO FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO HUMANO FONTE: Disponível em: <https://100mim.files.wordpress.com/2011/05/vida-2. jpg>. Acesso em: 20 jan. 2018. Iniciamos este tópico com uma bela imagem, a qual nos reporta a vários sentimentos, como: proteção, afeto, carinho, delicadeza, amor e tantos outros. Em resumo, a delicadeza expressada pela imagem nos aponta dois momentos muito especiais também do ciclo da vida! Assim como a imagem nos mostra, todo ciclo da vida apresenta fragilidade. A vida apresenta fases que exigem mais atenção e cuidado. O termo fragilidade voltado à terceira idade não tem o intuito de identificar a velhice como sinônimo de doença, mas que está vulnerável a muitas intercorrências que exigem atenção do profissional de saúde. 4 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA Para falarmos de gerontologia, geriatria, idoso e velhice, precisamos compreender esse universo e seus conceitos. Segundo Leal (2016), as estimativas do IBGE (2016) apontam que em 40 anos a população idosa vai triplicar no país e passará de 19,6 milhões (10% da população brasileira), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas, em 2050 (29,3%). As estimativas são de que a "virada" no perfil da população acontecerá em 2030, quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade vão ultrapassar o de crianças de 0 a 14 anos. Daqui a 14 anos os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população) e as crianças serão 39,2 milhões, ou 17,6%. Para tentar garantir uma equidade entre os indivíduos, a população necessita de um diálogo e reflexão sobre as bases do envelhecimento, as teorias biológicas do envelhecimento e os direitos dos idosos. Além deste papel como cidadão, observaremos o seu papel, profissional esteta, na qualidade de vida do idoso. 2 CONCEITOS Para Groisman (2002), com a ascensão do envelhecimento da população brasileira ao posto de “problema social”, assistimos a um crescimento cada vez maior do número de especialistas dedicados a este “grupo etário”: os geriatras e gerontólogos, que ocupam papel de destaque na formulação das novas formas de gestão da velhice. No entanto, a gerontologia parece ter problemas internos na sua formulação como campo de saber, que parecem comprometer sua consolidação como profissão e seu reconhecimento como disciplina científica. Desta forma, é necessário um olhar especial para a gerontologia e a geriatria, pois a missão maior é compreender e definir sua área de alcance, bem como o perfil de seu objeto. Para Costa (1998) e Minayo e Coimbra Jr. (2002), a transição do ser jovem para o ser velho é observada a partir de mudanças corporais, bem como de formas de tratamento sociais, nas quais os “limites” impostos pela idade se evidenciam, fazendo com que o sujeito (colaborador) entre em contato com essa fase de transição que o colocará como parte do grupo de pessoas idosas. Considerando velhice e envelhecimento como realidades heterogêneas, Néri e Cachioni (1999) afirmam as possíveis variações em sua concepção e vivência conforme tempos históricos, culturas, classes sociais, histórias pessoais, condições educacionais, estilos de vida, gêneros, profissões e etnias, dentre outros. Ressaltam a importância de compreender tais processos como acúmulo de fatos anteriores, em permanente interação com múltiplas dimensões do viver (ASSIS, 2005, p. 2). TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 5 2.1 GERIATRIA Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG, s.d.), geriatria é a especialidade médica que se integra na área da Gerontologia com o instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos cuidados paliativos. Abrange desde a promoção de um envelhecer saudável até o tratamento e a reabilitação do idoso. O processo de envelhecimento impacta no comportamento orgânico, demandando abordagens diferenciadas. Dentre as propostas de um envelhecer saudável, algumas clínicas, centros de estética e spas oferecem profissionais capacitados para realizar procedimentos como: • Peeling químico: consiste na aplicação tópica de determinadas substâncias químicas capazes de provocar reações que vão desde uma leve descamação até necrose da derme, com remoção da pele em diferentes graus. Isso significa que haverá descamação e troca da pele, atuando no tratamento de manchas, acne e envelhecimento cutâneo. • Preenchimento: existem várias indicações para o preenchimento cutâneo, tais como rugas de repouso, sulcos da pele, delineamento dos lábios, aumento do volume dos lábios, cicatrizes de acne e cicatrizes em geral. • Toxina botulínica: seu uso para o tratamento de rugas tornou-se muito popular nos últimos anos. “Ela é produzida pela bactéria Clostridium botulinum e provoca relaxamento muscular por meio da inibição de uma substância química chamada acetilcolina, na junção entre o nervo e o músculo (placa neuromuscular). Trata-se de um procedimento seguro, desde que seja aplicada por um profissional capacitado, pois a dose necessária para causar efeitos tóxicos precisa ser mil vezes maior do que a usada habitualmente num procedimento cosmético. A ação da toxina é localizada, provocando paralisia muscular que permanece de dois a seis meses. • Laser: tornou-se uma das técnicas mais modernas no tratamento das rugas faciais, removendo os tecidos envelhecidos com mínima lesão. • Limpeza de pele: o profissional analisará o tipo de pele e sua adequação aos cosméticos e princípios ativos a serem utilizados, para definir qual o melhor tipo de limpeza a ser realizada,por exemplo, esfoliação, assepsia, extração etc. (ROMANELLI, 2018, s.p.). 2.2 GERONTOLOGIA Ainda conforme a SBGG (s.d.), gerontologia é o estudo do envelhecimento nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros. Os profissionais da gerontologia têm formação diversificada, interagem entre si e com os geriatras – campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do envelhecimento e da velhice, tendo por objetivo a descrição e a explicação do processo de envelhecimento nos seus mais variados aspectos –. A gerontologia apresenta uma natureza multidisciplinar e interdisciplinar, trata-se de uma área que objetiva a prevenção e ações para garantir a melhor qualidade de vida possível dos idosos até o momento final da sua vida. 6 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA Para conhecer a Lei nº 8.842, de 1994, da Política Nacional do Idoso (PNI), acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm>. E sobre o Estatuto do Idoso: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. DICAS Outros conceitos importantes para nossa compreensão são o de idoso e envelhecimento, pois eles sofrem adaptações conforme as políticas e ações dos países em desenvolvimento e os desenvolvidos. No Brasil, a Política Nacional do Idoso (PNI), Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, e o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, definem como idoso pessoas com 60 anos ou mais. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) define o idoso a partir da idade cronológica, portanto, idosa é aquela pessoa com 60 anos ou mais, em países em desenvolvimento, e com 65 anos ou mais em países desenvolvidos. É importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento. Existem diferenças significativas relacionadas ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre pessoas que possuem a mesma idade (BRASIL, 2005). Para Neri (2001), o envelhecimento compreende os processos de transformação do organismo que ocorrem após a maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de sobrevivência. É interessante notar que o processo de envelhecimento engloba a velhice, que, distintamente, é definida em termos mais amplos: É a última fase do ciclo vital e é delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afastamento social, restrição em papéis sociais e especialização cognitiva. À medida que o ciclo vital humano se alonga, a velhice passa a comportar subdivisões que atendem a necessidades organizacionais da ciência e da vida social (PRADO; SAYD, 2006). A velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. Em que consiste este processo? Em outras palavras, o que é envelhecer? Esta ideia está ligada à ideia de mudança. Mas a vida do embrião, do recém-nascido, da criança, é uma mudança contínua. Caberia concluir daí, como fizeram alguns, que nossa existência é uma morte lenta? É evidente que não. Semelhante paradoxo desconhece a verdade essencial da vida: ela é um sistema instável no qual se perde e se reconquista o equilíbrio a cada instante; a inércia é que é o sinônimo de morte. A lei da vida é mudar (BEAUVOIR, 1990, p. 17). A experiência de envelhecer constitui-se, então, em uma busca por evitar ou adiar o “inevitável”, a própria velhice, e se apresenta como uma vivência estigmatizada, reveladora de sentidos diversos em um contexto perpassado por valores segundo os quais ser velho é ser desvalorizado, diminuído e excluído. O envelhecer passa, portanto, a representar uma batalha contínua quanto à aceitação de si mesmo e do curso natural da existência humana, um fluxo em que o “inevitável” é experienciado como “indesejável” (NOGUEIRA; MOREIRA, 2008, p. 75). TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 7 O envelhecimento, segundo Moraes (2012), é o comprometimento dos principais sistemas funcionais, pois gera as incapacidades e, por conseguinte, as grandes síndromes geriátricas: a Incapacidade cognitiva, a Instabilidade postural, a Imobilidade, a Incontinência e a Incapacidade comunicativa. Estas alterações e particularidades do processo de envelhecimento é que necessitam de estudos e pesquisas que proporcionem atenção e cuidado ao idoso, evitando assim possíveis agravos de seu estado de saúde. Dentre as questões que cercam o envelhecimento, a saúde aparece como elemento balizador pelo seu forte impacto sobre a qualidade de vida, constituindo-se como uma das principais fontes de estigmas e preconceitos em relação à velhice. A representação negativa, normalmente associada ao envelhecimento, tem como um de seus pilares o declínio biológico, ocasionalmente acompanhado de doenças e dificuldades funcionais com o avançar da idade (ASSIS, 2005, p. 3). É importante que todos os envolvidos no propósito de compreender e buscar a qualidade de vida para o idoso notem que além de procedimentos estéticos faciais, a massagem é uma excelente forma de proporcionar aos idosos qualidade de vida, alívio da dor e até mesmo problemas emocionais. Além dos benefícios físicos e mentais e da melhora na qualidade de vida, a massagem no idoso ajuda no aumento da autoestima, pois ela tem o poder de resgatar o bem-estar pessoal, devolvendo o prazer e a vontade de viver. Nossos idosos já viveram tanto tempo e têm tanto a nos ensinar que merecem chegar a essa fase da vida com um pouco mais de carinho e atenção. A massagem traz ótimos resultados à terceira idade, pois esta é uma fase tão sensitiva que apenas um toque pode mudar a vida de um idoso, trazendo estímulo para ver a vida com mais expectativa. Ela representa apenas uma das várias portas a serem abertas pelo idoso para continuar a viver com mais alegria, tranquilidade e positividade. Sua aplicação é tão gratificante para quem aplica quanto para quem recebe, e a oportunidade de desfrutar o simples prazer do toque humano, mesmo que num breve período de tempo, é para muitos idosos um momento de alegria e descontração (SANTOS; SOUZA, 2015). Entre os mais variados tipos de massagens recomendadas por geriatras, podemos citar algumas, são elas: • Relaxante - são tratamentos que usam as mãos ou aparelhos simples. Todo tipo de massagem relaxante tenta promover o relaxamento muscular e combater o estresse. A maioria deles libera um hormônio chamado ocitocina que combate a tensão muscular, o estresse, ajuda o intestino e baixa a pressão arterial (GRAND HYATT, 2018). • Reflexologia - é a disciplina que promove o tratamento de diversas afecções através de massagens nas mãos ou nos pés. De acordo com esta doutrina, as massagens que se aplicam em certos pontos do corpo provocam um reflexo noutras regiões corporais, permitindo o alívio de um mal-estar (CONCEITO.de, s.d.). 8 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA • Drenagem linfática - o sistema linfático contribui para a drenagem do organismo. Em caso de disfunção ou formação de edema, a drenagem linfática manual faz parte das técnicas utilizadas para favorecer a circulação “de retorno”. A drenagem linfática é muito importante em pré e pós-operatório (PORTAL EDUCAÇÃO, s.d.). • Sushô - é uma massagem de origem coreana bastante leve, ideal para o relaxamento e equilíbrio do sistema corpo-mente. É realizada com esferas de cristal de quartzo que potencializam o efeito curativo da massagem e proporcionam uma incrível sensação de bem-estar, pois transforma nossa energia estática em elétrica e sutil. As esferas de cristais ainda atuam como vitaminas energéticas para o corpo. Essa técnica é procurada por pessoas que estão grande parte do dia em contato com aparelhos eletrônicos (computadores, celulares etc.), para alívio de dores e distúrbios emocionais, insônia, tensão, estresse, ansiedade, fibromialgia, entre outros (CORPO E ALMATERAPIAS, s.d.). O envelhecimento pode ser compreendido como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos – senescência – o que, em condições normais, não costuma provocar qualquer problema. No entanto, em condições de sobrecarga, como doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência – senilidade. Cabe ressaltar que certas alterações decorrentes do processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo (BRASIL, 2006, p. 8). Propomos que efetue a leitura do texto a seguir, nele constam alguns tópicos importantes que irão corroborar para uma melhor compreensão de nosso conteúdo inicial. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 9 GERIATRIA, UMA ESPECIALIDADE CENTENÁRIA Adriana Vianna Benke Pereira Rodolfo Herberto Schneider Carla Helena Aigustin Schwanke O século XX foi marcado por dois fenômenos que modificaram o panorama demográfico e o perfil de morbimortalidade da população. O primeiro refere-se ao incremento da parcela idosa da população e o segundo ao aumento da morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis em detrimento às infectocontagiosas. Classificam-se como idosas as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento. Estima-se que a população mundial de idosos em 2009 seja de 737 milhões de indivíduos e prevê-se que este número triplique em 2050, alcançando a cifra de 2 bilhões. Atualmente, 64% da população idosa mundial vive em regiões menos desenvolvidas e espera-se que este percentual aumente para 79% em 2050. Para a América Latina, há previsão de que em 2025, em cada grupo de 10 idosos, um terá mais que 80 anos. Estimativas recentes indicam que os idosos já compõem 11,1% da população total do Brasil, com um contingente de mais de 21 milhões de indivíduos. Em 2025 deverá superar em até cinco vezes aquele observado em 1975, sendo que, para cada grupo de 100 indivíduos menores de 15 anos, haverá 46 idosos (contra 10 existentes em 1975). Finalmente, em 2050 o número de pessoas idosas deverá superar o de menores de 15 anos. No entanto, envelhecimento é mais que uma questão de números. Pessoas idosas apresentam aspectos particulares de saúde e necessidades médicas diferentes daquelas apresentadas por indivíduos jovens, além de constituir um segmento heterogêneo em termos de capacidade funcional. O desafio que se coloca é o de atender a uma sociedade progressivamente mais envelhecida através da oferta de serviços e benefícios que lhes permitam uma vida digna e ativa. Neste contexto, a Geriatria, além de ser uma das especialidades médicas mais recentes, tem sido considerada como uma especialidade de importância fundamental e em franca expansão no mercado de trabalho. Geriatria refere-se à especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do envelhecimento e pelos amplos cuidados de saúde necessários às pessoas idosas. É a área da medicina que cuida da saúde e das doenças da velhice; que lida com os aspectos físicos, mentais, funcionais e sociais nos cuidados agudos, crônicos, de reabilitação, preventivos e paliativos dos idosos; e que ultrapassa a “medicina LEITURA COMPLEMENTAR 10 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA centrada em órgãos e sistemas”, oferecendo tratamento holístico, em equipes interdisciplinares e com o objetivo principal de otimizar a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida e a autonomia dos idosos. O INDIVÍDUO IDOSO Uma vez que o foco de atuação do geriatra é o idoso, uma questão torna- se importante de ser debatida: afinal, quem é e como se pode caracterizar o indivíduo idoso? Geralmente, o principal marcador utilizado para caracterizar a velhice é a idade. Entretanto, quando se fala em idade, é importante salientar que se fala em vários tipos de idade, ou seja, idade cronológica, biológica, funcional, psicológica e social. No que tange à idade cronológica, os indivíduos passam a ser considerados idosos quando atingem a idade de 60 anos em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, e a idade de 65 anos em países desenvolvidos. Contudo, os indivíduos envelhecem ao longo do seu desenvolvimento, e não a partir dos 60 ou 65 anos. O envelhecimento é um processo contínuo, complexo, multifatorial e individual, envolvendo modificações do nível molecular ao morfofisiológico, que ocorrem em cascata, principalmente após o período pós- reprodutivo. Segundo Kirkland, o envelhecimento é um processo progressivo, universal e intrínseco, e suas alterações ocorrem em diferentes taxas entre os vários órgãos de um indivíduo (envelhecimento segmentar). Troen, em uma revisão sobre a biologia do envelhecimento, afirma que o envelhecimento é inexorável e que as tentativas de entendimento de suas causas são limitadas pela complexidade do fenômeno. Segundo o autor, as modificações do envelhecimento são caracterizadas por: • Mudança na composição bioquímica dos tecidos. • Diminuição progressiva na capacidade fisiológica. • Redução na capacidade de adaptação aos estímulos. • Aumento na suscetibilidade e vulnerabilidade às doenças. • Aumento da mortalidade. Segundo Fries, em geral, o declínio linear na capacidade de reserva dos órgãos inicia-se em torno dos 30 anos de idade cronológica. AS PECULIARIDADES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EM IDOSOS O atendimento dos indivíduos idosos pelos profissionais da área da saúde em diversos níveis (primário, secundário e terciário) traz à tona algumas peculiaridades, como: (1) a doença física pode se apresentar como um transtorno mental com confusão e desorientação (delírio ou delirium), frequentemente como um dos primeiros sinais das enfermidades mais comuns; (2) as capacidades funcionais ou fisiológicas estão diminuídas (como a depuração de creatinina); (3) TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 11 as reações adversas a medicamentos são mais pronunciadas e mais prováveis; (4) os sinais e sintomas típicos de doenças podem estar ocultos ou ser muito leves (ex.: a febre pode ser mínima ou ausente durante uma pneumonia); (5) múltiplos problemas orgânicos, psicológicos e sociais estão presentes. Porém, entre idosos, muito mais do que apenas a ausência de doença, a qualidade de vida é um reflexo da manutenção da autonomia, ou seja, a capacidade de determinação e execução dos próprios desígnios. Uma vez que a ausência de doença é rara entre os idosos, mas a satisfação com a vida é muito frequente, a capacidade funcional passa a ser um paradigma da saúde geriátrica. A saúde do idoso, sob este prisma, passa a ser resultante da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental (aspectos cognitivos e emocionais), autonomia, integração social, suporte familiar e independência econômica. O comprometimento de qualquer uma destas dimensões pode afetar a capacidade funcional do idoso, apresentando um impacto na qualidade de vida. Outro conceito de fundamental importância para a saúde da população idosa é a vulnerabilidade ou fragilidade. Saliba et al. (2001) definem idoso vulnerável como aquele que se encontra com risco elevado de declínio funcional e morte em dois anos. Finalmente, a atenção adequada à saúde dos idosos requer conhecimentos específicos diferentes daqueles necessários ao cuidado de adultos. Assim, justifica-se a formação do médico especializado no cuidado do indivíduo idoso, o geriatra, assim como se justifica a formação do médico especializado no cuidado da criança, o pediatra. HISTÓRIA DA GERIATRIA Preocupações com longevidade, imortalidade e busca pela vida eterna estiveram sempre presentes na história da humanidade, podendo ser observadas na mitologia grega, em papiros do antigo Egito e em escritos bíblicos.Em busca da Fonte da Juventude, Ponce de Leon descobriu a Flórida, nos Estados Unidos da América, no século XVI. Médicos e filósofos da antiguidade fizeram observações sobre doenças associadas ao envelhecimento. Na Grécia antiga, a teoria predominante de envelhecimento referia-se ao calor intrínseco, um dos elementos essenciais e o principal relacionado à vida. Hipócrates descreveu a velhice como fria e úmida, o que pode ter sido o início do reconhecimento da insuficiência cardíaca como afecção comum da terceira idade. Aristóteles, um século depois, apresentou sua teoria, também relacionando envelhecimento à perda de calor intrínseco. A vida consistiria na manutenção desse calor e de sua relação com a alma, que se localizaria no coração. Para se manter, o calor intrínseco necessitaria de combustível e, na medida em que este combustível fosse consumido, sobreviria o envelhecimento. 12 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA Na Roma antiga sobressai-se o legado de Marco Túlio Cícero, que em seu livro De Senectude traz soluções válidas até os dias atuais. Galeno combinou a teoria dos quatro humores, a noção aristotélica do calor intrínseco, a noção de pneuma (espírito) e crença num só deus. Considerava a velhice fria e seca, e aconselha, em seu livro Gerontomica, a manter os idosos aquecidos e umedecidos. No século XII, para Bacon, seria possível proteger-se do envelhecimento através da adoção de dieta controlada, repouso, exercícios e estilo de vida moderados, bons hábitos de higiene e inalações frequentes da respiração de uma jovem mulher virgem. Na segunda metade do século XV, o médico italiano Gabriele Zerbi produziu o primeiro livro impresso destinado exclusivamente à Geriatria, no qual, além de abordar características normais e aspectos patológicos e descrever virtudes necessárias àqueles que pretendessem se dedicar ao cuidado desta população, refere-se ao uso de leite humano para a melhoria das condições dos idosos. Ainda no século XV, o médico francês André Laurens escreve o primeiro livro de Geriatria em língua francesa, em que, a partir da observação de autópsias em idosos, discute a teoria de que o coração diminui a partir dos cinquenta anos. Durante os séculos XVIII e XIX, vários médicos escreveram especificamente sobre doenças do envelhecimento e seu tratamento, porém, o século XX marcou definitivamente a importância do estudo da velhice. Em 1903, Elie Metchnikoff defendeu a ideia da criação de uma nova especialidade, a GERONTOLOGIA, a partir das expressões gero (velhice) e logia (estudo). Por definição, Gerontologia é o campo multiprofissional e multidisciplinar que visa à descrição e explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais. Abrange aspectos do envelhecimento normal e patológico. A Gerontologia é intrinsecamente interdisciplinar, pois o processo de envelhecimento permeia todos os aspectos da vida. Em 1909, Ignatz Leo Nascher, médico vienense radicado nos Estados Unidos, propôs a criação de nova especialidade médica, destinada a tratar das doenças dos idosos e da própria velhice, a qual denominou GERIATRIA. Nasher é considerado o “pai da Geriatria”. Na década de 1930, a médica inglesa Marjorie Warren desenvolveu princípios até hoje tidos como centrais na prática da Geriatria moderna, sendo considerada a “mãe da Geriatria”. Pela primeira vez estimulou os pacientes a sair da cama e caminhar, introduzindo o conceito de reabilitação. TÓPICO 1 | CONCEITOS DE ENVELHECIMENTO 13 Em 1942 foi criada a American Society of Geriatrics e, em 1946, a Gerontological Society of America. Em 1946, foram publicados pela primeira vez o Journal of Gerontology e o periódico Geriatrics. Em 1953 foi lançado o Journal of the American Geriatrics Society e em 1961 teve início a publicação do The Gerontologist. Na Espanha, a Sociedad Española de Geriatría y Gerontología foi fundada em 1948. De 1946 até meados dos anos 50, foram organizados vários cursos médicos de pós-graduação, que provavelmente são os primeiros cursos oficiais de Geriatria em todas as escolas europeias de Medicina. Em 1950, na cidade de Liège, Bélgica, foi fundada a International Association of Gerontology (IAG). Em 2005, passou a se denominar International Association of Gerontology and Geriatrics, que atua na promoção e desenvolvimento da Gerontologia e Geriatria como uma ciência, congregando sociedades científicas de todo o mundo. Periodicamente, promove o World Congress of Gerontology, atualmente a intervalos de quatro anos, sendo que o último foi realizado no mês de julho de 2009, na cidade de Paris. Em 1954, Tibbits introduziu o termo GERONTOLOGIA SOCIAL, que é a área da Gerontologia que se ocupa do impacto das condições sociais e socioculturais sobre o processo de envelhecimento e das consequências sociais deste processo. Mais recentemente, tem-se utilizado a terminologia BIOGERONTOLOGIA, GERONTOLOGIA BIOLÓGICA ou GERONTOLOGIA BIOMÉDICA, que se refere ao estudo do fenômeno do envelhecimento (como e por que envelhecemos) do ponto de vista molecular e celular, orgânico, evolutivo e de todas as interfaces entre eles, de estudos populacionais e de prevenção de doenças associadas ao envelhecimento. Adicionalmente, visa aplicar os conhecimentos do processo de envelhecimento na sua desaceleração, ou mesmo, no aumento do tempo de vida e da vitalidade dos seres humanos. No Brasil, o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), criado em 1973, é considerado a instituição pioneira no ensino de Geriatria na graduação em Medicina. O site da SBGG apresenta uma linha do tempo com os marcos da Geriatria no Brasil. A Geriatria, com suas facetas de assistência, ensino e pesquisa, certamente florescerá cada vez mais devido à realidade do rápido envelhecimento populacional, que é reconhecido como fenômeno mundial e irreversível. Passados 15 anos do lançamento do livro que apresentou os dados da tese de doutorado do Dr. Renato Veras, realizada no Guy’s Hospital da Universidade de Londres, pode-se afirmar que o Brasil é realmente “um país jovem com cabelos brancos”. 14 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA CONCLUSÕES Geriatria refere-se à especialidade médica responsável pelos aspectos clínicos do envelhecimento e pelos amplos cuidados de saúde necessários às pessoas idosas. Pela sua complexidade somada ao envelhecimento populacional, torna-se uma especialidade instigante, desafiadora e contemporânea. Que a legião de idosos e de “envelhescentes” brasileiros seja a inspiração para o envolvimento de todos os geriatras, gerontólogos e profissionais que atuam na área para a busca de caminhos que levem ao envelhecimento digno, ativo e com qualidade de vida. FONTE: PEREIRA A. M. V. B.; SCHNEIDER R. H.; SCHWANKE C. H. A. Geriatria, uma especialidade centenária. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 154-161, out./dez. 2009. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/download/6253/4734>. Acesso em: 25 jan. 2018. 15 Neste tópico, você aprendeu que: • Existe diferença entre os conceitos de geriatria e gerontologia, geriatria é uma especialidade médica e a gerontologia o estudo do envelhecimento. • É importante a criação de cada área, uma vez que o processo de envelhecimento é impactante, orgânico e necessita de abordagens diferenciadas. • A geriatria não é uma especialidade médica nova, mas centenária. • Há diferença entre os termos velhice e idoso. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 Quanto ao ciclo da vida, faça uma reflexão e responda: Como você imagina que era o ciclo de vida (início, percurso e fim) desde o homem primitivo até os dias atuais? Onde viviam? Como viviam? 2Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as asserções sobre o Estatuto do Idoso: a) ( ) Devemos considerar o envelhecimento algo patológico, por isso é importante sua institucionalização. b) ( ) O envelhecimento deve ser considerado um direito do indivíduo e a sua proteção um direito social. c) ( ) O idoso tem garantido pelo Estado proteção à vida e à saúde, que consistem no respeito à integridade física e moral. d) ( ) É dever e obrigação da sociedade e Estado garantir aos idosos: respeito, liberdade e dignidade. e) ( ) O idoso tem o direito e liberdade de ir e vir, de opinar e de se expressar, de credo e culto religioso, prática de esportes e diversão, entre outros. AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para melhor compreender o envelhecimento populacional, precisamos nos lembrar e reportar a importância da epidemiologia para a saúde. Segundo Montilla (2008), embora não se tenha certeza de quando e quem foi o primeiro a definir a epidemiologia, sabemos que a história dessa ciência acompanha a história da medicina, especialmente da medicina preventiva. Por isso, considera-se que Hipócrates lançou as principais bases dos estudos epidemiológicos. A figura a seguir ilustra os fatores que, em conjunto, lapidam o conceito de envelhecimento ativo e como o mesmo é observado dentro da epidemiologia Envelhecimento ativo Determinantes Econômicos Determinantes Sociais Determinantes Pessoais Ambiente Físico Renda, proteção social, trabalho Apoio social, violência e maus- tratos, educação e alfabetização Estilo de vida: tabagismo, atividade física, alimentação, saúde oral, álcool etc. Prevenção de doenças Promoção da saúde, acesso aos serviços Serviços sociais e de Saúde Determinantes Comportamentais Contexto urbano/ rural, serviços de transportes, moradia segura Genética condição biológica, capacidade cognitiva Gênero Cultura FIGURA 2 – ENVELHECIMENTO ATIVO FONTE: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2005) UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA 18 Segundo Ciosak et al. (2011), envelhecer é um processo natural que implica mudanças graduais e inevitáveis relacionadas à idade e sucede a despeito de o indivíduo gozar de boa saúde e ter um estilo de vida ativo e saudável. No ser humano, esse fenômeno progressivo, além de desencadear o desgaste orgânico, provoca alterações nos aspectos culturais, sociais e emocionais, que contribuem para que se instale em diferentes idades cronológicas. Ainda sobre análise e interpretação das informações obtidas através das pesquisas demográficas e epidemiológicas, necessitamos saber como interpretar e quais as possíveis informações que esses dados estatísticos, agora tabulados em pirâmide ou tabela, trazem. Vejamos a classificação das pirâmides. Existem quatro tipos principais de pirâmides populacionais, que são classificadas conforme a idade predominante da população. • Pirâmide Jovem: possui uma base mais larga, em virtude dos altos índices de natalidade, e um topo muito estreito, em função da alta mortalidade e da baixa natalidade em tempos anteriores. Esse tipo de pirâmide é visto com mais frequência em países subdesenvolvidos. • Pirâmide Adulta: possui uma base também larga, porém com uma taxa de natalidade menor em face da população infantil e jovem. • Pirâmide Rejuvenescida: apresenta um relativo aumento do número de jovens em relação a um período anterior, em função do aumento da fecundidade, geralmente em países desenvolvidos que estimulam a natalidade. • Pirâmide Envelhecida: a população adulta é predominante e a base bem reduzida, apresentando uma quantidade de idosos significativamente maior em comparação às demais pirâmides. Esse tipo de pirâmide é mais comum em países desenvolvidos. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ piramide-etaria.htm>. Acesso em: 4 mar. 2018. Vamos observar o gráfico a seguir, duas pirâmides sobrepostas e com um potencial muito grande de informação sobre o crescimento populacional de idosos em ambos os sexos. Esse aumento na população idosa, ou seja, no envelhecimento populacional, está estimado até meados de 2035 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. TÓPICO 2 |ENVELHECIMENTO POPULACIONAL 19 GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO Distribuição etária da população De 2000 A 2040 HOMENS 2040 HOMENS 2000 MULHERES 2040 MULHERES 2000 80+ 75-79 70-79 65-69 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 66 4 2 0 2 4 60-64 FONTE: Disponível em: <http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2010/10/12/640x340_grafico3.jpg>. Acesso em: 20 jan. 2018. Conforme vimos, o envelhecimento é um processo natural nos seres vivos, na população humana envolve uma série de fatores e ações geradas pelas políticas sociais, econômicas, culturais e de saúde e a qualidade do desenvolvimento de uma nação. O conjunto destas políticas acaba por refletir em um aumento da expectativa de vida e na queda de fecundidade. Fortuitamente, o aumento da expectativa de vida e a queda de fecundidade da população acabam por resultar no aumento da população idosa e diminuição de nascimentos, logo, temos uma diminuição de crianças e jovens, como podemos observar na sobreposição apresentada no gráfico. Agora, vejamos uma comparação entre os anos 2000, 2025 e 2050, também sobre o envelhecimento da população brasileira, apontando o crescimento da população idosa. UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA 20 GRÁFICO 2 – ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA FIGURA I: ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, POR SEXO, NOS ANOS 2000, 2025 E 2050. BRASIL 80 e mais Idade 75-79 70-79 65-69 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 60-64 2000 80 e mais Idade 75-79 70-79 65-69 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 0-4 60-64 2025 80 e mais Idade 75-79 70-79 65-69 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 0-4 60-64 2050 % Masculino Feminino % Masculino Feminino % Masculino Feminino FONTE: Disponível em: <https://senescenciaativa.files.wordpress.com/2013/01/fig_01.jpg>. Acesso em: 20 jan. 2018. Ao propor uma discussão sobre o envelhecimento da população, não conseguimos estabelecer um dado histórico, pois hoje não tratamos mais a velhice como doença e até mesmo um descarte da sociedade, e com base nos tempos de hoje, necessitamos esclarecer e diferenciar os tipos de envelhecimento propostos em sua teoria. Para se inteirar mais sobre o envelhecimento da população brasileira, sugerimos a leitura do artigo O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras, de Gabriella Morais Duarte Miranda (2014). Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rbgg/v19n3/pt_1809-9823-rbgg-19-03-00507.pdf>. O artigo tem uma proposta reflexiva, com apontamentos sobre a falta de suporte e despreparo populacional e do Estado em políticas específicas para o idoso, que assegurem uma atenção integral, reconheçam as características do envelhecimento e promovam a qualidade de vida. Boa leitura! DICAS Ao diferenciar e elaborar os conceitos de velhice, idoso, gerontologia e geriatria, nos deparamos com outras duas nomenclaturas, a senescência e a senilidade. Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), estes dois termos estão interligados à velhice, porém sua ação pode ser mais ou menos agressiva no indivíduo. TÓPICO 2 |ENVELHECIMENTO POPULACIONAL 21 WilsonJacob Filho (2016, s.p.) afirma que “a senescência abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo – seja do reino animal ou vegetal – e que são diretamente relacionadas à sua evolução no tempo, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido”. As alterações a que o médico se refere são aquelas sofridas comumente por todos e com variações biológicas. Como os cabelos brancos e/ou sua queda, as rugas e a dificuldade para executar certos movimentos. Filho (2016) ainda ressalta que a senilidade é um complemento da senescência no fenômeno do envelhecimento. O geriatra (s.p.) define como “condições que acometem o indivíduo no decorrer da vida baseadas em mecanismos fisiopatológicos”. São, dessa forma, doenças que comprometem a qualidade de vida das pessoas, mas não são comuns a todas elas em uma mesma faixa etária. “Assim são a perda hormonal no homem, que impede a fertilidade, a osteoartrose, a depressão e o diabetes, entre outros comprometimentos”, explica Jacob Filho. “Todas essas circunstâncias não são normais da idade e nem comuns a todos os idosos, por isso são caracterizadas como quadro de senilidade” (Grifo nosso). Diante do apresentado, percebe-se que diferenciar senescência de senilidade exige mais atenção. Atitudes como uma alimentação saudável, a prática de atividades físicas, acompanhamento médico e vida social permitirão qualidade de vida. FIGURA 3 – NUTRIÇÃO FONTE: Disponível em: <http://blogeducacaofisica.com.br/wpcontent/uploads/ 2017/05/alimenta%C3%A7%C3%A3o-correta.jpg>. Acesso em: 6 mar. 2018. Uma pessoa que se alimenta adequadamente, faz atividade física, desenvolve papéis sociais e afetivos ao longo de toda a vida e está atenta à prevenção de doenças, com vacinação em dia, controle de hipertensão, diabetes e outros problemas crônicos, a chance de evitar a senilidade e promover uma senescência saudável é bastante alta (FILHO, 2016, s.p.). UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA 22 FIGURA 4 – ATIVIDADE FÍSICA FONTE: Disponível em: <https://www.jexpoente.com.br/wp-content/uploads/2017/12/ idoso.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2018. 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O envelhecimento populacional é um processo natural dos seres vivos, mas que envolve uma série de fatores e ações geradas pela economia, políticas sociais, culturais e desenvolvimento da nação. • A importância da aplicabilidade, compreensão e importância dos conceitos de senescência e senilidade na construção de novas políticas e atenção à saúde do idoso, proporcionando-lhe qualidade de vida. 24 1 Produza um texto, breve e reflexivo, sobre o perfil do idoso em sua região, pesquise como é o tratamento e os tipos de ações executadas em prol desta classe chamada “melhor idade”. Se necessário, faça uso dos artigos sugeridos aqui no seu livro, e acredite, essa pesquisa lhe proporcionará e fornecerá dados interessantíssimos. Bom trabalho! 2 Com relação ao envelhecimento populacional, percebe-se que o percentual de idosos na população brasileira segue em crescimento. Considerando os indicadores estudados na unidade e as atuais mudanças no processo de envelhecimento da população brasileira, assinale a alternativa correta: a) ( ) A taxa de fecundidade no Brasil vem declinando, e a proporção de idosos vem crescendo mais rapidamente que a proporção de crianças. b) ( ) Os jovens brasileiros estão indo tentar a vida no exterior cada vez mais cedo. c) ( ) Notamos um predomínio maior da população masculina frente à feminina. d) ( ) As políticas públicas e privadas para atender às necessidades diversificadas da parcela da população brasileira que envelhece são difundidas em muitos países pelo seu sucesso e qualidade. AUTOATIVIDADE 25 TÓPICO 3 TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO “Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente” (VARELLA, 2016, s.p.). Segundo Chaimowicz (1997), o Brasil, mesmo tendo iniciado seu processo de envelhecimento somente na década de 60, acompanha essa tendência mundial com um envelhecimento rápido e intenso. Para Farinatti (2002), as teorias biológicas do envelhecimento examinam o assunto sob a ótica do declínio e da degeneração da função e estrutura dos sistemas orgânicos e das células. O processo de envelhecimento é definido no contexto de um conjunto de variáveis mensuráveis, como a aptidão física ou eventos mórbidos. O envelhecimento populacional é tão enérgico mundo a fora que instiga cientistas, médicos, sociólogos e psicólogos a estudarem e investigarem formas capazes de minimizar ou evitar os efeitos do envelhecimento, fato que proporcionou nos últimos anos um aumento de pesquisas voltadas para o envelhecimento humano, surgindo várias teorias com o propósito de explicar as causas desse fenômeno (BARROS NETO; MATSUDO; MATSUDO, 2000). Dentre as inúmeras teorias que buscam apontar as causas do envelhecimento, podemos destacar: a Teoria Genética, a Teoria Imunológica, a Teoria do Acúmulo de Danos, a Teoria das Mutações, a Teoria do Uso e Desgaste e a Teoria dos Radicais Livres (RLs), uma das teorias mais plausíveis até o momento. Esta teoria sustenta a ideia de que o envelhecimento celular normal seja desencadeado e acelerado pelos RLs, moléculas instáveis e reativas capazes de reagir com os constituintes do organismo em busca de uma maior estabilidade (FRIES; PEREIRA 2011). 26 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA 2 ENVELHECIMENTO INTRÍNSECO Intrínseco é um adjetivo masculino singular que tem origem na palavra em latim intrinsecus, que tem como significado “interior”. Intrínseco significa íntimo, interno, inerente, constitutivo. A palavra serve para classificar algo que está no interior, próprio, fundamental e da essência de alguém (SIGNIFICADOSBR, 2017). Intrínseco é a expressão empregada para descrever algo característico, que está dentro, incluso, um atributo intrínseco. Sabemos que envelhecer faz parte do ciclo da vida, e só o notamos a partir do surgimento dos primeiros "pés de galinha", algumas manchinhas na pele, uma certa e indesejável flacidez, entre outros fatores característicos do próprio envelhecimento. Quando falamos em envelhecimento intrínseco, infelizmente estamos nos reportando a uma etapa de desgaste natural do corpo, ou seja, nossas células envelhecem, mesmo que busquemos combatê-las, preveni-las através da mudança de hábitos ou até mesmo intervenções cirúrgicas. Esse envelhecimento natural é comandado pelas nossas heranças genéticas. O antônimo de intrínseco é a palavra extrínseco, que significa algo que está no exterior de alguém ou algo. Portanto, o envelhecimento intrínseco pode também ser chamado de envelhecimento cutâneo ou cronológico. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017), envelhecimento cutâneo intrínseco ou cronológico é aquele decorrente da passagem do tempo, determinado principalmente por fatores genéticos, estado hormonal e reações metabólicas, como estresse oxidativo. Nele estão presentes os efeitos naturais da gravidade ao longo dos anos, como as linhas de expressão, a diminuição da espessura da pele e o ressecamento cutâneo. A pele tem efeitos degenerativos semelhantes aos observados em outros órgãos, mas reflete também certos aspectos da nossa saúde interior, como: TÓPICO 3 | TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO 27 QUADRO 1 – ENVELHECIMENTO INTRÍNSECO Genética: Com o tempo, as células vão perdendo sua capacidade de se replicar. Este fenômeno é causado por danos no DNA decorrentes da radiação UV, de toxinas ou da deterioração relacionada à idade. Conforme as células vão perdendo a velocidade ao se replicar,começam a aparecer os sinais de envelhecimento. Hormônios: Ao longo dos anos há diminuição no nível dos hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, e dos hormônios do crescimento. Equilíbrio é fundamental quando se fala de hormônios. Diminuindo os níveis hormonais com o envelhecimento, acelera-se a deterioração da pele. Em mulheres, a variação nos níveis de estrogênio durante a menopausa é responsável por mudanças cutâneas significativas: o seu declínio prejudica a renovação celular da pele, resultando em afinamento das camadas epidérmicas e dérmicas. Estresse oxidativo: Desempenha papel central na iniciação e na condução de eventos que causam o envelhecimento da pele. Ele altera os ciclos de renovação celular, causa danos ao DNA que promove a liberação de mediadores pró- inflamatórios, que, por sua vez, desencadeiam doenças inflamatórias ou reações alérgicas na pele. Além disso, células do sistema imunológico, chamadas langerhans, diminuem com o envelhecimento. Isto afeta a capacidade da pele de afastar o estresse ou as infecções que podem prejudicar sua saúde. Com o avançar da idade, diminui-se a imunidade, aumentando a incidência de infecções, malignidades e deterioração estrutural. Níveis elevados de açúcar no sangue e glicação: Glicose é um combustível celular vital. No entanto, a exposição crônica à glicose pode afetar a idade do corpo por um processo chamado de glicação. Ela pode ocorrer pela exposição crônica ao açúcar exógeno, nos alimentos, ou endógeno, como no caso do diabetes. A consequência principal desse processo é o estresse oxidativo celular, tendo como consequência o envelhecimento precoce. FONTE: SBD (2017) 28 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA Se o envelhecimento intrínseco é natural do organismo e comandado pelos nossos genes, ou seja, de dentro para fora, o envelhecimento extrínseco ocorre ao inverso. No envelhecimento extrínseco notamos a ação do tempo e de fatores externos. A forma como lidamos, reagimos e conduzimos nosso dia a dia refletirá no futuro. Elementos como o tabagismo, álcool, estresse, a falta de atividade física e até mesmo a poluição são condutores do envelhecimento extrínseco. FIGURA 5 – ENVELHECIMENTO EXTRÍNSECO FONTE: Disponível em: <http://www.biomodulacaocorporal.com.br/img/ envelhecimento%20da%20pele.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2018. Para a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2017), o Envelhecimento extrínseco da pele é aquele provocado pela exposição ao Sol e a outros fatores ambientais, como: o estilo de vida (exercício físico, alimentação) e o estresse fisiológico e físico. Um dos agentes mais importantes é a radiação solar ultravioleta. As toxinas com as quais entramos em contato, como tabaco, álcool e poluição do ar, entre outras, também ajudam no processo de envelhecimento da pele e, dependendo do grau de exposição, podem acelerá-lo, como: QUADRO 2 – ENVELHECIMENTO EXTRÍNSECO Radiação solar Atua na pele causando desde queimaduras até fotoenvelhecimento e aparecimento de câncer da pele. Várias alterações de pigmentação da pele são provocadas pela exposição solar, como manchas, pintas e sardas. A pele fotoenvelhecida é mais espessa, por vezes amarelada, áspera e manchada, e há um maior número de rugas. TÓPICO 3 | TEORIAS BIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO 29 Tabaco Fumantes possuem marcas acentuadas de envelhecimento na pele. O calor da chama e o contato da fumaça com a pele provocam o envelhecimento e a perda de elasticidade cutânea. Além disso, o fumo reduz o fluxo sanguíneo da pele, dificultando a oxigenação dos tecidos. A redução deste fluxo parece contribuir para o envelhecimento precoce da pele e para a formação de rugas, além de dar à pele uma coloração amarelada. Rugas acentuadas ao redor da boca são muito comuns em fumantes. Álcool Altera a produção de enzimas e estimula a formação de radicais livres, que causam o envelhecimento. A exceção à regra é o vinho tinto, que, se consumido moderadamente, tem ação antirradicais livres, pois é rico em flavonoides e em resveratrol, potentes antioxidantes. Movimentos musculares Movimentos repetitivos e contínuos de alguns músculos da face aprofundam as rugas, causando as chamadas marcas de expressão, como as rugas ao redor dos olhos. Radicais livres São uns dos maiores causadores do envelhecimento cutâneo. Os radicais livres se formam dentro das células pela exposição aos raios ultravioleta, pela poluição, estresse, fumo etc. Acredita-se que os radicais livres provocam um estresse oxidativo celular, causando a degradação do colágeno (substância que dá sustentação à pele) e a acumulação de elastina, que é uma característica da pele fotoenvelhecida. Bronzeamento artificial A Sociedade Brasileira de Dermatologia condena formalmente o bronzeamento artificial, pois pode causar o envelhecimento precoce da pele (rugas e manchas) e a formação de câncer de pele. A realização desse procedimento por motivações estéticas é proibida no Brasil desde 2009. Alimentação Uma dieta não balanceada contribui para o envelhecimento da pele. Existem elementos que são essenciais e devem ser ingeridos para repor perdas ou para suprir necessidades, quando o organismo não produz a quantidade diária suficiente. O excesso de açúcar também “auxilia” a pele a envelhecer mais depressa. FONTE: SBD (2017) Na Unidade 2 deste livro você conhecerá um pouco mais sobre a fisiologia do envelhecimento. Na leitura complementar, apresentamos um artigo de opinião sobre as teorias do envelhecimento nos dias de hoje. Destacamos aqui também alguns tópicos importantes, e reforçamos a ideia de que você deve salvar o artigo completo em seu computador, para tê-lo à mão para consulta e estudo. ESTUDOS FU TUROS 30 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA FIGURA 6 – ASPECTO DA APARÊNCIA DO ENVELHECIMENTO FONTE: Disponível em: <http://dermatosaude.com.br/wp-content/uploads/2015/12/ capa-envelhecimento.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2018. FIGURA 7 – ASPECTO DA APARÊNCIA DO ENVELHECIMENTO FONTE: Disponível em: <http://sciencemeetsbusiness.com.au/wpcontent/uploads/ 2016/07/Feature_reverseageing.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2018. 31 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O estudo do envelhecimento nos aponta alguns tipos de teorias sobre o envelhecimento, que tangem entre os fatores biológicos, psicológicos e sociológicos. • As características que distinguem o envelhecimento intrínseco do envelhecimento extrínseco agem distintamente no organismo vivo e ambas necessitam de atenção primária. • Os fatores externos e ambientais, como a luz solar e a poluição ambiental, contribuem e muito para o envelhecimento. • O relógio biológico é implacável e os fatores internos, como produção hormonal e a perda de colágeno, entre outros, contribuem para o envelhecimento. 32 1 O envelhecimento ainda é um grande enigma para a sociedade científica. Quando falamos sobre as teorias do envelhecimento, observamos várias linhas de pesquisa, uma das mais utilizadas é a Teoria com base na genética. Como profissional da área de estética, liste onde e como podemos notar a aplicabilidade da teoria genética. 2 Falando sobre o envelhecimento, independente das classificações, percebemos situações características e próprias no ser humano, com base em seus conhecimentos, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para os itens abaixo. a) ( ) Independência: representa o comprometimento de, pelo menos, uma das funções influenciadas pela cultura e aprendizado (banhar-se e/ou vestir-se e/ou uso do banheiro). b) ( ) Dependência incompleta: apresenta comprometimento de uma das funções vegetativas simples (transferência e/ou continência), além de, obviamente, ser dependente para banhar-se, vestir-se e usar o banheiro. c)( ) Atividades como transferência, continência e alimentar-se são funções vegetativas simples, portanto, mais difíceis de serem perdidas. d) ( ) O comprometimento dos principais sistemas funcionais gera as incapacidades e, por conseguinte, as grandes síndromes geriátricas. e) ( ) O desconhecimento das particularidades do processo de envelhecimento pode gerar intervenções capazes de piorar a saúde do idoso, conhecidas como Iatrogenia. AUTOATIVIDADE 33 TÓPICO 4 DIREITOS DOS IDOSOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Se a velhice é um fenômeno normal, o qual é desejado que todos passem, por que então criar resoluções, estatutos e/ou uma legislação para assegurar seu devido respeito e direitos? O envelhecimento populacional é um dos grandes desafios a serem enfrentados nas próximas décadas. A sociedade terá de encontrar soluções para manter a qualidade de vida para os seres humanos, pois se sabe que, à medida que os anos passam, pode aumentar a incapacidade funcional, o que compromete a independência física, mental e autonomia da pessoa (GUEDES; SILVEIRA, 2004, p. 11). FIGURA 8 – IDOSO FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/ velhinho.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2018. Infelizmente, a população vive uma fase tão descrente de suas ações e atitudes que se faz necessária a fiscalização e cumprimento de normas que respeitem o ser humano na velhice. Fazendo uma breve retrospectiva sobre o idoso no mundo, até o século XIX, o idoso era expulso do trabalho e da comunidade; já no século XX – após muitas décadas e certas pendências – o Brasil busca uma maneira para minimizar a forma como o idoso é tratado. 34 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA FIGURA 9 – DIREITOS DO IDOSO A ação deve ser de largo alcance, e em cada setor explicitamente apontados direitos, deveres e responsabilidades, respeitosamente apresentados na Constituição de 1988, através do artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção e recuperação” (BRASIL, 2015, p. 1). Camarano e Pasinato (2004) acreditam que o sistema de proteção ao brasileiro ocorreu no período colonial, com a Santa Casa de Misericórdia de Santos, o que seria um sistema de assistência. E em 26 de março de 1888, os funcionários do Correio passaram a ganhar uma aposentadoria ao completarem 30 anos de trabalho e/ou no mínimo 60 anos de idade. Segundo Ottoni (2012), em 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas promulgou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Onde afirma que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e define, em seu artigo 25, os universais direitos dos idosos: Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança, em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora do seu controle (ONU, 1948, p. 13). Autonomia Assistência adequada Envolvimento da família Preservação dos laços de sociabilidade Convivência e acolhimento Identidade e privacidade Lazer e cultura Direito de ir e vir Liberdade de credo IDOSO Intergeracio- nalidade FONTE: Disponível em: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/2587>. Acesso em: 25 fev. 2018. TÓPICO 4 | DIREITOS DOS IDOSOS 35 2 ESTATUTO DO IDOSO: NOÇÕES BÁSICAS Na história há indícios de que os idosos, além de não apresentarem força, agilidade e produtividade, acabam por apresentar doenças e despesas, sendo assim, eles eram expulsos de suas próprias comunidades. Seria essa a maneira correta de tratarmos nossos idosos? Não podemos esquecer do quanto eles contribuíram para nossa existência e construção de uma nação. Sob este olhar reflexivo, surgem propostas de proteção e “bonificação” por suas contribuições. Finalmente, após sete anos tramitando no Congresso Nacional, o Estatuto do Idoso foi aprovado em 2003. Notamos que o propósito do Estatuto é não somente a integridade física e direitos da pessoa idosa, mas sua dignidade. O Estatuto do Idoso apresenta 118 artigos, com o objetivo de promover a transformação da sociedade diante de uma postura econômica, cultural, social e política em prol de uma população idosa. Os direitos sociais, direito à saúde, previdência, educação etc. são direitos que permitirão à pessoa idosa envelhecer com respeito e dignidade. O texto Princípio da Dignidade Humana e Direitos dos Idosos no Brasil (BRASIL, 2013, p. 71) nos aponta inovações no reconhecimento da dignidade na velhice, como: No que diz respeito à saúde, o artigo 15 e os artigos seguintes do Estatuto do Idoso estabelecem o acesso universal e prioritário do idoso à saúde plena, garantida pelo Sistema Único de Saúde mediante prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde. Na rede hospitalar, o idoso internado tem o direito de exigir a permanência de acompanhante em tempo integral, podendo optar pelo tratamento mais favorável à saúde. Em caso de necessidade, deverá ser assegurado o atendimento domiciliar, o que inclui internação, inclusive para aqueles idosos que se encontram abrigados em instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos, seja no meio urbano, seja no meio rural. Também é dever do país fornecer a todos medicação gratuita, especialmente quando se tratar de remédios de uso continuado, de próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, à habilitação ou à reabilitação. Os idosos portadores de deficiência ou que tenham algum tipo de limitação incapacitante têm o direito a atendimento especializado. Além disso, é obrigatório o treinamento dos profissionais da saúde para que estejam capacitados para tratarem com esse segmento da população, como também os cuidadores desses idosos, sejam eles familiares ou de grupos de autoajuda, devem receber orientação sobre como efetivar esses cuidados. Por fim, no que diz respeito ao acesso pago à saúde, o Estatuto do Idoso prevê que planos de saúde não poderão tarifar valores diferenciados em razão da idade dos usuários. 36 UNIDADE 1 | GERIATRIA E GERONTOLOGIA Conforme o artigo 19 desse Estatuto, quando houver suspeita ou confirmação de violência contra idoso, os profissionais de saúde que prestarem atendimento a este deverão, obrigatoriamente, comunicar quaisquer dos seguintes órgãos: Polícia, Ministério Público e/ou Conselhos Municipais, Estaduais ou Nacionais do Idoso. Destaca-se que o Estatuto considera violência qualquer ação ou omissão capaz de causar morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico ao idoso, praticada em local público ou privado. No que diz respeito ao direito de moradia, o texto constitucional prevê que o idoso tem “direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada” (art. 37, caput). A assistência integral em entidade pública de longa permanência somente se dará quando for “verificada a inexistência de grupo familiar, casa/lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família” (art. 37, parágrafo 1). Essas instituições têm a obrigatoriedade de manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades dos idosos, fornecendo a eles alimentação e higiene, sob as penas da lei (art. 37, parágrafo 3). Salienta-se que o artigo 38 do Estatuto do Idoso determina a obrigatoriedade de o governo rever sua política habitacional, dando prioridade aos idosos na aquisição da casa própria. Para tanto,
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