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Unidade 1 Fundamentos do Direito Noções de Direito Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria CAMILA COELHO MOREIRA AUTORIA Camila Coelho Moreira Sou formada, pós-graduada e mestre em Direito, com experiência técnico-profissional na área. Atualmente sou diretora da área de contencioso civil de um escritório de advocacia no qual eu sou sócia na cidade de Vitória/ES. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO O direito e sua relação com a justiça e a moral ..............................12 Classificações, ramos e fontes do direito ........................................21 Classificações do direito ............................................................................................................ 21 Ramos do direito ............................................................................................................................22 Direito Público e Direito Privado ......................................................................23 Direito Público Interno .............................................................................................24 Direito Constitucional ............................................................................24 Direito Administrativo ............................................................................24 Direito Penal ................................................................................................24 Direito Previdenciário ............................................................................24 Direito Eleitoral ..........................................................................................25 Direito Processual ....................................................................................25 Direito Tributário .........................................................................................25 Direito Público Externo ...........................................................................................25 Direito Privado Interno ...........................................................................25 Direito Civil ....................................................................................................26 Direito Empresarial .................................................................................26 Direito do Trabalho .................................................................................26 Direito Privado Externo .........................................................................26 Fontes do direito .............................................................................................................................27 A Lei .......................................................................................................................................27 Costumes ...........................................................................................................................28 Jurisprudência ................................................................................................................28 Doutrina ...............................................................................................................................29 Princípios gerais do direito ..................................................................................29 Analogia ............................................................................................................................. 30 Normas jurídicas, processos e procedimento .................................32 Normas jurídicas ..............................................................................................................................32 Processo e procedimento ........................................................................................................ 36 Teoria Geral do Estado .............................................................................41 Conceito e evolução história do Estado ....................................................................... 41 Elementos do Estado ...................................................................................................................44 Povo .......................................................................................................................................44 Território ..............................................................................................................................45 Soberania ......................................................................................................................... 46 Formas de Governo ......................................................................................................................47 9 UNIDADE 01 Noções de Direito 10 INTRODUÇÃO O direito é uma área do conhecimento de extrema relevância, a qual todos estamos sujeitos até o fim de nossas vidas. Além de sua importância no mercado de trabalho, atos cotidianos, como atravessar a rua, pegar um ônibus ou fazer um lanche, estão sujeitos a normas jurídicas que devem ser observadas e respeitadas, sob pena de sanções. Meu objetivo nessa unidade é proporcionar conhecimentos jurídicos básicos para que você possa se destacar como profissional e enfrentar situações do dia a dia que envolvam essa temática. Isso significa que, ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo de leis, doutrinas, jurisprudências... vamos nessa comigo? Noções de Direito 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar o que é o direito e sua relação com a moral e com a justiça. 2. Explicar sobre as áreas, os ramos e as fontes do direito. 3. Identificar as espécies normativas e a diferença entre processo e procedimento 4. Interpretar a teoria geral do Estado e os regimes políticos. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Noções de Direito 12 O direito e sua relação com a justiça e a moral OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender em que consiste a ciência do Direito e como ela está relacionada com a moral e com a justiça. Certamente isto será fundamental para a compreensão dos capítulos a seguir. Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Para darmos inícioao estudo da disciplina, o nosso ponto de partida será entender o que é o direito. Pode parecer algo simples, mas conceituar o direito não é uma tarefa fácil, pois sua complexidade dificulta estabelecer uma única definição. Antes de adentrarmos no assunto propriamente dito, precisamos pensar o mundo em que vivemos sob duas perspectivas distintas: o natural e o cultural. O mundo natural é aquele que nos foi dado, ou seja, aquele em que não há a interferência do homem. No mundo natural os fenômenos como a chuva, o cair de uma fruta da árvore ou até mesmo as estações do ano acontecem de acordo com as leis da Física, Matemática, Gravidade e não têm a interferência direta dos sujeitos. Figura 1 – Mundo natural Fonte: Pixabay Noções de Direito 13 Já o mundo cultural é aquele que vem sendo construído pelo homem ao longo da história. Nele incluem-se a história, as tradições, os costumes, a moral e o direito. Desse modo, o homem tem o poder de planejar e construir esse mundo cultural, com base nas suas experiências e no modo de vida da sociedade e o direito segue o mesmo pensamento. Figura 2 – Mundo cultural Fonte: Pixabay Portanto, o direito surge como fruto da cultura social, a partir das regras que foram conduzindo o comportamento humano ao longo dos tempos. Se consultarmos um dicionário, por exemplo, encontraremos o termo Direito definido como um “conjunto de normas e princípios legais que regulam as relações dos indivíduos em sociedade” (PRIBERAM, 2020). Essa definição se assemelha à de Hans Kelsen, criador da Teoria Pura do Direito, a qual considerava ser o direito um conjunto de normas (KELSEN, 2003). Sob outra perspectiva, Pontes de Miranda define o direito como algo que está em função da vida social, conceituando-o como um “processo de adaptação social, que consiste em se estabelecerem regras de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da regra jurídica possa interessar” (PONTES DE MIRANDA apud NADER, 2012, p. 20). Perceba que como é complexo estabelecer um só conceito para o direito. Tal dificuldade está relacionada com o fato de ser o direito um fenômeno que se manifesta em diferentes situações e momentos e por Noções de Direito 14 esse motivo é classificado como ciência, denominada de ciência jurídica ou ciência do direito, que nas definições de Miguel Reale, trata-se uma “ciência complexa que estuda o fenômeno jurídico em todas as suas manifestações e momentos” (REALE, 2003, p. 321). VOCÊ SABIA? Quando o termo Direito for utilizado como sinônimo de ciência, deve ser usada a letra inicial maiúscula. Nos demais casos, deve-se utilizar a letra minúscula. Nesse ponto você já descobriu que o Direito é fruto do mundo cultural, consiste em uma ciência, mas afinal: o que é o Direito? Levando em conta os diferentes posicionamentos acerca do tema, para fins de conceito trataremos o Direito como um conjunto de normas e condutas que regulam as relações humanas vigentes em uma sociedade, que devem ser observadas e seguidas por todos e todas. Agora que você já sabe o que é o direito, é importante que você entenda a sua finalidade, para que ele serve. O direito busca a pacificação social e seu principal objetivo é promover a convivência em sociedade de forma harmônica e pacífica. Nas lições de Paulo Nader, o direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade (NADER, 2003). Para que isso ocorra, é necessário que se estabeleçam limites às vontades individuais de cada um com o fim de proporcionar o bem comum, sendo o direito esse limite e a justiça esse equilíbrio. Por esse motivo, a balança é um dos símbolos do direito. Noções de Direito 15 Figura 3 – Balança da justiça Fonte: Pixabay Temos, portanto, que o direito serve para disciplinar as condutas humanas na sociedade e que os preceitos jurídicos que o integram devem buscar o bem comum e a realização da justiça. Nesse ponto, faço-lhe outro questionamento: direito e justiça são a mesma coisa? Essa é uma dúvida muito recorrente entre as pessoas, no dia a dia. Certamente você já ouviu alguém falar que “fulano foi pra justiça”, ao dizer que alguém ingressou ou está respondendo a um processo judicial. É importante que nesse ponto você tenha em mente que esses conceitos não se confundem, apesar de estarem relacionados. Etimologicamente a palavra justiça deriva do latim iustitia, cujo conceito é abstrato, relacionado a um estado ideal e imparcial de interesses. Na Grécia antiga, a justiça era representada pela deusa Themis, que tinha três símbolos marcantes: os olhos vendados, a balança e a espada. Os olhos vendados simbolizam sua imparcialidade e ausência de preconceitos, a balança em suas mãos simboliza a desigualdade e a necessidade de equilíbrio e a espada simboliza seu poder. Noções de Direito 16 Figura 4 – Representação da Themis/Deusa da Justiça Fonte: Pixabay Pensadores desde a idade antiga tentam estabelecer definições sobre o que seria a justiça. Aristóteles define justiça como uma igualdade proporcional, no sentido de tratar de forma igual entre os iguais e desigual entre os desiguais, na proporção de sua desigualdade. Já Platão reconhece a justiça como uma harmonia social, sendo considerado justo tudo o que está de acordo com a lei. Na Idade Média, São Tomás de Aquino definiu justiça como a vontade de dar a cada um o que é seu. Já na idade moderna, Hanks Kelsen define justiça como felicidade social utópica, considerando ser impossível de ser alcançado, pois se o objetivo é alcançar a felicidade e que a felicidade tem uma definição para cada um, a justiça seria inalcançável. Partiremos dessa crítica estabelecida por Kelsen para discutir a questão da justiça e seus valores morais. Pense no seguinte exemplo: uma mulher dá à luz a uma criança e entrega-a para outra pessoa para que a criança não morra de fome. Digamos que após o ato da entrega, a mãe biológica dedicou-se dia após dia ao trabalho com o fim de retomar a guarda de sua filha. A mãe adotiva, por sua vez, passou os cinco anos dedicando-se aos cuidados da pequena criança. Eis que a mãe biológica procura a mãe adotiva para requerer a guarda da criança de volta e a mãe adotiva se nega a entregá- Noções de Direito 17 la. O que seria justo nesse caso? Há quem diga que deve a criança ficar com a mãe biológica e há quem defenda a mãe adotiva. O caso mencionado anteriormente nos serve de referência para refletirmos como o conceito de justiça está equiparado a outros fatores, como concepções morais, religiosas e pessoais. Certamente ao se decidir pelo caso anterior, você valorou questões, como a vulnerabilidade da criança, o fator biológico, o elo afetivo da mãe adotiva, entre outros. Note que involuntariamente sua concepção de justiça foi ventilada por uma série de preceitos e concepções que vão além de uma simples definição. Nesse sentido, não podemos negar a relação que se estabelece entre o direito, a justiça e a moral para a definição de normas de conduta de uma sociedade. Em um sentido amplo, a moral é um conjunto de normas e de comportamentos que foram criados e aceitos pela sociedade ao longo dos tempos e está relacionada com comportamentos subjetivos do homem. Note que não se confunde com os conceitos de direito e nem de justiça. O direito distingue-se da moral quando a moral permite que o indivíduo tenha uma liberdade de escolha entre o certo e errado ao praticar determinados atos, referindo-se a um sujeito, cujas consequências são individuais. Já o direito não proporciona tal discricionariedade, pois há uma norma a ser seguida, uma regra de conduta posta, cujas consequências são voltadas ao integrante da sociedade, não havendo liberdade de escolha e com consequências antea desobediência. EXPLICANDO MELHOR: Enquanto as normas morais consistem nos valores individuais e coletivos da sociedade, as normas jurídicas são impositivas, devendo ser obedecidas por todos, sob pena de punição. Noções de Direito 18 Apesar de espécies diferentes derivadas do mesmo gênero, é possível que haja coincidência entre as normas morais e jurídicas. É o caso de algumas condutas tipificadas no código penal, como roubo, homicídio, estupro. Além de serem normas de condutas reprovadas pela ótica da moral, também são vedadas pelas normas jurídicas, mais especificamente nos artigos 157, 121 e 129 do Código Penal, cuja pena é a de reclusão. É importante que você saiba que mesmo que seja possível que as normas jurídicas e morais coincidam, tal fato nem sempre é uma regra, pois existem fatos que, apesar de condenados moralmente, não constituem qualquer infração legislativa. EXEMPLO: Ana é filha de Carla. Por um capricho, Ana abre a carteira de sua mãe e furta considerável quantia de dinheiro. A conduta de Ana, apesar de ser reprovada moralmente, é isenta de pena, por força do art. 181, II do Código Penal. Neste ponto destacamos que o conceito de moral não se confunde com o conceito de ética, também importante para o nosso estudo aqui dentro dessa disciplina. A ética está relacionada com a avaliação fundamentada dos comportamentos humanos morais dentro da sociedade. A ética, portanto, consiste no conjunto de conhecimentos extraídos dessa avaliação do comportamento humano ao avaliar as normas morais de forma racionalizada, fundamentada, a partir da ciência e da teoria. NOTA: A ética é uma reflexão da moral. Em termos práticos, a ética e a moral possuem finalidades semelhantes, no sentido de construir bases para guiar o comportamento humano dentro da sociedade. Noções de Direito 19 São as normais morais e éticas responsáveis por construir as bases que irão guiar a forma de agir do homem, moldar seu caráter, construir conceitos de altruísmo e virtudes. São exemplos de ações que levam em conta os princípios éticos e morais. De cada indivíduo o ato de ajudar a quem precisa, de cometer ou não ato ilícitos, jogar lixo na rua, furar fila, maltratar animais, prejudicar colegas de trabalho para alcançar objetivos, entre outros. Nesse sentido, podemos concluir que os valores que formam a moral influenciam na construção das normas jurídicas, mas não necessariamente vinculam uma a outra. Embora ambos sejam normas de conduta humana, direito e moral não se confundem. Aprendemos que a moral orienta o comportamento do homem a partir das normas instituídas pela própria sociedade ou por um grupo social, fazendo as leis parte desse conjunto de normas. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Vídeo: “Saber Direito - Filosofia do Direito” (TV JUSTIÇA), acessível por este link. Sobre o que conversamos relacionados à moral, sugerimos o vídeo a seguir para o aperfeiçoamento dos seus conhecimentos. Vídeo “Casa do Saber – O que é Moral – Clovis de Barros Filho, acessível por este link. Caso você se interesse por esse tema, sugerimos o documentário “Justiça”, acessível por este link. Noções de Direito https://bit.ly/3aWgPF5 https://bit.ly/3cSIY1s https://bit.ly/2wRMdWo 20 RESUMINDO: E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou esse capítulo aprendendo sobre a diferença do mundo natural e mundo cultural, este último ao qual o direito faz parte e pode entender sobre a influência do homem para sua criação e transformação. Além disso, você conheceu algumas definições sobre o que é Direito dadas por pensadores como Kelsen e Pontes de Miranda e pode entender o porquê do direito ser considerado uma ciência. Além disso, definimos que direito é um conjunto de normas que regulam as relações humanas e qual é a finalidade do direito: regular tais relações, busca a pacificação social. Vimos também a relação entre direito e justiça, o significado da representação mitológica pela famosa Themis e as definições de justiça dadas ao longo da história. Por fim, você pode entender sobre a relação entre o direito e a moral e como essas regras de conduta podem influenciar a vida em sociedade. Noções de Direito 21 Classificações, ramos e fontes do direito OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será apresentado às subdivisões, aos ramos e às fontes do direito, de modo que você possa compreender aas peculiaridades e diferenças dessa ciência tão fascinante. Motivado para desbravar esse novo universo? Então vamos lá. Classificações do direito O termo direito pode ser empregado com diversos significados. Aqui chamaremos de classificações do direito, mas quero que você tenha em mente que não se trata de formas diferentes de direito, mas sim de diferentes significados para esse mesmo termo. Tudo bem? O direito natural, como o próprio nome já diz, é aquele proveniente da natureza, da existência humana. O direito natural não precisa estar escrito, criado por alguém ou formulado pelo Estado. Trata-se de direitos que são originados na própria existência ou razão do homem. Alguns acreditam que o direito natural deriva da vontade de Deus (teólogos), outros, que correspondem à natureza cósmica (helenistas), bem como há quem acredite que o direito natural derive da razão humana (racionalistas). EXEMPLO: São exemplos de direito natural o direito à vida, a liberdade, à reprodução, à constituição de uma família. O direito positivo, por sua vez, consiste no conjunto de normas jurídicas que podem ser escritas ou não, vigentes em determinada sociedade, impostas pelo Estado. O direito positivo surgiu a partir do século XIX, na transição da Idade Média para a Idade Moderna, diante da revolta da população com os reis absolutistas da época, que, sob o argumento de serem enviados por Deus, praticavam injustiças com as classes sociais menos privilegiadas. Noções de Direito 22 EXEMPLO: É um exemplo de direito positivo a Constituição e as leis de um Estado. O direito natural inspira e norteia a formação do direito positivo e tem uma importante influência na definição dos princípios gerais que norteiam o direito. O direito objetivo está relacionado com as normas jurídicas, com o conjunto de regras que regulam a vida em sociedade. O direito objetivo estabelece regras de conduta social, a forma com que os indivíduos devem ou não agir. Já o direito subjetivo está relacionado com uma situação jurídica, com o direito do indivíduo. O direito subjetivo está relacionado com a faculdade de agir e com o direito de um beneficiário da justiça invocar a aplicação das normas a seu favor. EXPLICANDO MELHOR: O Código Civil prevê a obrigação dos genitores prestarem alimentos (pensão alimentícia) a seus filhos. Esse é um direito objetivo previsto no Código Civil. Joana mora com a avó e não recebe pensão de seu pai, Jorge. Joana possui o direito subjetivo de requerer alimentos a Jorge. Agora que você já aprendeu sobre as classificações do direito, vamos aprender um pouco mais sobre os ramos do direito? Vem comigo! Ramos do direito Conforme você já aprendeu, integram o direito as normas jurídicas que se destinam a regular a convivência social. Considerando as múltiplas formas de relações sociais, quero que você pense as classificações do direito como ramos de uma árvore, subdivididos para facilitar a sua compreensão sobre o tema (não havendo o que se falar em diferenças nas categorias aqui apresentadas). Noções de Direito 23 Figura 5 – Ramos do direito Classificações do Direito INTERNO CIVIL EMPRESARIAL TRABALHISTA INTERNO CONSTITUCIONAL ADMINISTRATIVO PENAL PREVIDENCIÁRIO ELEITORAL TRIBUTÁRIO PROCESSUAL EXTERNO INTERNACIONAL EXTERNO INTERNACIONALPRIVADOPÚBLICO Fonte: Elaborada pela autora (2021). Direito Público e Direito Privado A primeira categoria que iremos abordar, o primeiro ramo nossa árvore será a diferença entre direito público e privado. Direito Público consiste nas normas jurídicas que são voltadas para a coletividade, para o todo, enquanto o Direito Privado está relacionado a normas que regulam as relações particulares entre os sujeitos. O Direito Público possui um maior poder normativo e uma menor margem de escolha das pessoas a ele subordinada, tendo em vista que no direito público o que prevalece é o interesse público, pois é voltado para a construção de normas coletivas. Já o Direito Privado consiste em um conjunto de normas que permitem uma maior liberdade de escolha por parte do indivíduo, considerando sua aplicabilidade nas relações entre particulares, associações civis e sociedades. Noções de Direito 24 Ainda mentalizando nossa árvore, o ramo do Direito Público se subdivide em duas categorias, o Direito Público Interno e o Externo. Direito Público Interno O Direito Público interno divide-se em sete categorias, sendo elas: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal, Direito Previdenciário, Direito Eleitoral, Direito Processual e Direito Tributário, as quais trataremos pormenorizadamente a seguir. Direito Constitucional O Direito Constitucional é o ramo do direito que inevitavelmente está relacionado com todos os demais ramos do direito, uma vez que se refere ao que se encontra previsto na Constituição. Dessa forma, ele engloba os direitos fundamentais, a política, as formas de governo do Estado e a organização da sociedade. Direito Administrativo O Direito Administrativo é ramo do direito responsável por reger tudo o que diz respeito à Administração Pública. Enquanto o Direito Constitucional determina a estrutura político-administrativa do Estado, as regras de funcionamento e observância dessa estrutura são ditadas pelo Direito Administrativo. Direito Penal O Direito Penal, terceiro integrante da categoria de Direito Público Interno, é o responsável por disciplinar os crimes e as contravenções penais. Sua principal finalidade é a manutenção da ordem pública e proteção dos direitos fundamentais, como a vida, a liberdade e a propriedade. Direito Previdenciário O Direito Previdenciário é um ramo do direito público interno que cuida dos direitos sociais. Esse ramo do direito é o responsável por regular a relação entre o Estado e os segurados que dele dependem. Noções de Direito 25 Direito Eleitoral O Direito Eleitoral é o ramo do direito que está relacionado com o processo eleitoral, estabelecendo regras desde a candidatura até a prestação de contas do mandato. Direito Processual O Direito Processual, sétima categoria do Direito Público Interno, disciplina em suma as normas jurídicas para o exercício do direito, ou seja, as formalidades e regras a serem obedecidas pelas partes no litígio. O direito processual subdivide-se em categorias, de acordo com a área do direito ao qual se refere, podendo ser do trabalho, civil, penal. Apesar dessa subdivisão, a finalidade é a mesma, ou seja, regular a aplicação do direito. Direito Tributário O Direito Tributário, por sua vez, rege as relações tributárias entre o fisco (Estado) e o contribuinte (indivíduo), de modo a garantir a receita do Estado e a prestação de serviços essenciais previstos na Constituição. Direito Público Externo O Direito Público Externo, denominado de Direito Internacional Público, cuida das relações públicas exteriores do Estado. Esse ramo do direito é o responsável por disciplinar as relações exteriores, ou seja, com outros Estados, nas esferas políticas, econômicas e sociais. É por meio desse ramo do direito que são celebrados acordos e tratados internacionais. Direito Privado Interno Assim como o direito público, ele subdivide-se em interno e externo. O direito privado interno divide-se em quatro categorias: Civil, Empresarial, Trabalho e Direito Internacional Privado. Noções de Direito 26 Direito Civil O Direito Civil é o ramo que regula as relações civis individuais em geral, desde o nascimento até a morte do indivíduo, disciplinando questões relativas a negócios jurídicos, casamento, filiação e sucessão. O Código Civil é dividido em 2.046 artigos e é objeto do estudante de direito durante toda a graduação. Direito Empresarial O Direito Empresarial é o ramo do Direito que trata da relação jurídica entre o indivíduo e empresas e/ou a sociedade empresarial. Em geral ele é formado por normas que regulam a atividade do empresário, atribuindo-lhe deveres e garantias. Direito do Trabalho O Direito do Trabalho é o responsável por regular as relações de emprego e trabalho. Derivado do Direito Civil, esse ramo do Direito surgiu no ordenamento jurídico para estabelecer medidas de proteção e proporcionar aos trabalhadores condições dignas de trabalho. Direito Privado Externo Integra a categoria de Direito Privado Externo um único ramo do direito, o Direito Internacional Privado. Esse ramo do direito é o responsável por estabelecer as normas que serão aplicadas às relações jurídicas particulares com outros Estados. EXPLICANDO MELHOR: O Direito Público Externo e o Direito Privado Externo estarão sempre relacionados com as relações exteriores do Estado, ou seja, com o Direito Internacional. Agora que você já pode entender quais são os ramos dessa árvore do direito, quero te convidar a conhecer as fontes do direito, vamos nessa? Noções de Direito 27 Fontes do direito Quando falamos de fontes do direito, estamos falando da origem, da causa. A fonte do é onde nasce o direito, pense em algo semelhante a uma fonte de água, de onde tudo começa. De acordo com Reale, “por fonte do direito designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa” (REALE, 2003, p. 140). As fontes do direito servem como uma espécie de garantia, auxiliando os operadores a aplicarem o direito ao caso concreto e delimitando a atuação do juiz, de modo a impedir que sejam aplicadas concepções pessoais nos casos concretos. As fontes do direito classificam-se em: primárias (também chamadas de diretas ou imediatas) ou secundárias (indiretas ou mediatas); materiais ou formais. As fontes primárias, também denominadas de fontes diretas ou fontes imediatas, são as normas jurídicas criadas pelo Estado, que emanam do Poder Legislativo ou do Poder Constituinte. São exemplos de fontes primárias a Constituição Federal, o Código Civil e o Código Penal. As fontes secundárias, também denominadas de fontes indiretas ou mediatas, são aquelas que atuam como auxiliares na aplicação das leis, auxiliando na interpretação de uma fonte primária. São exemplos de fontes secundárias os costumes, a analogia, os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina. Trataremos de cada uma dessas fontes a seguir. A Lei Principal fonte do Direito, o termo lei refere-se ao conjunto de normas gerais abstratas e de caráter imperativo existentes no ordenamento jurídico brasileiro. Fazem parte dessa classificação a Constituição, as emendas constitucionais, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas Noções de Direito 28 provisórias, os decretos e as resoluções legislativas. Todas essas normas de caráter legislativo integram a classificação de lei. Costumes Os costumes, classificados como fonte indireta ou imediata, referem-se ao conjunto de atos praticados por um povo reiteradamente e que, ao longo do tempo, passam a se tornarem obrigatórios. Os costumes se assemelham às leis, pois devem ser obrigatoriamente observados pelo aplicador do direito. As normas jurídicas que derivam dos costumes são denominadas denormas consuetudinárias. Importante destacar que um costume não pode ser imposto pelo Estado, nem revogar ou contrariar com uma lei, devendo os costumes servirem como fonte do direito de forma secundária, ou seja, na ausência de lei específica para regular o caso. EXPLICANDO MELHOR: Via de regra, diante de um conflito entre costume e lei, prevalecerá sempre a lei. Jurisprudência A jurisprudência consiste no conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, proferidas para a solução judicial de conflitos, envolvendo casos semelhantes (DINIZ, 2016). Nesse sentido, jurisprudência é “a forma de revelação do Direito” resultante do exercício da jurisdição, decorrente de uma “sucessão harmônica de decisões dos tribunais (REALE, 2003, p. 167). Aqui salientamos que não se tratam de julgamentos isolados sobre determinado assunto, mas sim julgamentos reiterados sobre o mesmo tema. Noções de Direito 29 IMPORTANTE: Julgamentos isolados de casos criam precedentes, mas não jurisprudência. A jurisprudência criada por esses tribunais pode, além de guiar o magistrado na decisão sobre assuntos que não possuem legislação específica sobre o tema, dar origem às súmulas. As súmulas consistem na publicação do enunciado de uma jurisprudência de forma resumida. Elas proporcionam uma maior estabilidade jurídica à jurisprudência. Uma espécie de súmula são as súmulas vinculantes, que entraram em vigor no ordenamento jurídico a partir da promulgação da Constituição de 1988 e diferem-se das súmulas por seu caráter obrigatório. ACESSE: Para conhecer as súmulas vinculantes, acesse aqui. Doutrina A doutrina, outra espécie de fonte indireta, é o fruto do estudo de operadores e pesquisadores da ciência do direito, por meio dos escritos publicados em formato de livro, artigo ou periódico. Apesar de não ser uma norma jurídica, a doutrina exerce uma importante função ao auxiliar na interpretação e aplicação da lei ao caso concreto. Princípios gerais do direito Os princípios gerais do direito estão para a ciência de direito como uma espécie de bússola, auxiliando os operadores do direito a alcançarem a justiça para o caso concreto. Como define Miguel Reale, “princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam Noções de Direito https://bit.ly/2Iz292l 30 a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas”. (REALE, 2002, p. 305) Os princípios podem estar previstos expressamente na Constituição, como é o caso do princípio da soberania, da cidadania, da dignidade da pessoa humana, mas também podem estar relacionados especificamente a determinados ramos do direito, como o princípio da autonomia da vontade e da afetividade. Analogia A analogia consiste em um método de interpretação jurídica que deve ser utilizado quando da ausência de uma norma jurídica específica para um caso e da existência de uma norma jurídica semelhante. Um exemplo clássico para você entender sobre a analogia está relacionado com união estável e o código civil. A união estável passou a ser reconhecida após a edição Código Civil, de modo que não há na lei civil nenhuma menção à união estável. Desse modo, os juristas analogicamente aplicam, no que não houver conflito, as disposições relativas ao casamento à união estável. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo: “O começo da história. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro” (BARROSO; BARCELLOS, 2003), disponível clicando aqui. Noções de Direito http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/https://scorm.onilearning.com.br/item-trilha.php?Componente=4a5dd7b393e8b4bfc40c0263f4ebbd27&sessao=l1ua4mkthqd94qn6g6ja16jpfg&aberto=true/rda/article/viewFile/45690/45068 31 RESUMINDO: E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou esse capítulo aprendendo sobre as classificações do direito, oportunidade em que você foi apresentado aos conceitos de direito natural, direito positivo, direito objetivo e direito subjetivo. Além disso, trabalhamos nesse capítulo com os ramos do direito e você aprendeu sobre a divisão do Direito Público e Privado e as áreas derivadas dessa classificação. Por fim, trabalhamos as fontes do direito, a classificação entre fontes primárias, secundárias, materiais e formais e quanto às fontes formais, você pode entender em que consiste a lei e sua diferença para as demais fontes formais, como a jurisprudência, doutrina e os princípios gerais do direito. Nesse capítulo eu espero que você tenha entendido como que o direito é uma construção social, fruto da evolução da sociedade, criado a partir da necessidade de regulação das condutas vividas ao longo dos tempos. Bom, chegamos à metade do caminho. Vamos continuar nessa jornada incrível em busca do conhecimento junto comigo? Noções de Direito 32 Normas jurídicas, processos e procedimento OBJETIVO: Ao término deste capítulo, iremos identificar as espécies normativas e a diferença entre processo e procedimento, de modo que você entenda quais são as espécies normativas e como se dá a sua aplicação nos casos concretos. Preparado? Então vamos lá. Normas jurídicas Conforme já aprendemos, as normas jurídicas consistem em uma fonte formal do direito que traduzem as normas de conduta determinadas pelo Estado. Consistem na vontade do Estado, traduzida pelo legislador e materializada na lei. São características das normas jurídicas: a. Generalidade – obriga a todos, sem exceção. b. Abstratividade – as normas abarcam situações abstratas, cabendo ao operador do direito aplicá-las aos casos concretos. c. Bilateralidade – as normas jurídicas estabelecem deveres e resguardam direitos. d. Imperatividade – trata-se de comandos imperativos, ou seja, que devem ser obrigatórios. e. Coercibilidade – sua não observância gera consequências aplicadas pelo Estado. f. Heteronomia – o comando é vindo de um único ente, o Estado. Quanto à esfera do Poder Público, as normas jurídicas podem ser municipais, estaduais ou federais. A própria Constituição estabelece as competências legislativas de cada ente da Federação e tal competência deve ser observada com rigor, sob pena de ser declarada a inconstitucionalidade. Noções de Direito 33 EXEMPLO: Ao município não cabe legislar sobre questões estaduais. Assim como há uma hierarquia entre os entes da federação, também existe uma hierarquia entre as normas jurídicas, tendo em vista a ordem de subordinação entre elas. Kelsen, a partir da sua teoria pura do Direito, é o autor de uma valiosa ilustração que traduz essa hierarquia das normas, conhecida popularmente como a pirâmide de Kelsen. Figura 6 – Pirâmide de Kelsen Fonte: Elaborada pela autora (2021). No primeiro plano dessa hierarquia figura a Constituição Federal e as Emendas Constitucionais, pois elas possuem o condão de condicionar a existência das demais normas bem como de revogá-las. VOCÊ SABIA? Qualquer norma jurídica que seja de categoria diversa e que tenha disposições contrárias ao que está estabelecido na constituição é considerada inconstitucional. Em segundo plano encontram-se as normas complementares, que são normas previstas com o fim de complementar as normas constitucionais, por meio de lei complementar. A aprovação desse tipo Noções de Direito 34 de norma requer um procedimento legislativo especial, previsto no artigo 69 da Constituição Federal. Em terceiro plano encontram-se as normas ordinárias. Consistem em normas ordinárias as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, as leis delegadas e os decretos. A lei ordinária é residual, de modo que será lei ordinária tudo o quenão for lei complementar, decreto ou resolução. A lei delegada, por sua vez, é fruto de uma delegação de competência do poder legislativo para o poder executivo. O art. 68 §1º da Constituição estabelece as hipóteses em que é vedada tal delegação. As medidas provisórias consistem em normas que precisam que ser criadas com urgência, diante de situações excepcionais. Elas possuem um trâmite mais célere do que as leis, mas possuem um período de vigência limitado a 120 (cento e vinte) dias. O decreto legislativo consiste em uma espécie de norma que traduz atos individuais ou gerais emanados dos chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governador e Prefeito) enquanto a resolução é uma espécie de norma privativa para regular atos internos do poder legislativo. Ambos possuem competência residual, para tratar de assuntos que não sejam objeto de lei. Por fim, na base da pirâmide de Kelsen encontram-se os negócios jurídicos e os atos celebrados por particulares. Derivados das relações privadas, o objeto dessa classificação são as relações entre particulares, como contratos e acordos. Agora que você já aprendeu sobre as classificações das normas, vamos aprender o processo legislativo que as coloca em vigor? O processo legislativo consiste no caminho que um projeto de lei deve seguir obrigatoriamente, até que ele se torne uma lei em vigor, sob pena da lei ser inconstitucional. Todas as determinações que você encontrar aqui estão expressamente inscritas na Constituição. O primeiro ponto que é importante você saber que hoje, no Brasil, vigora o regime bicameral, ou seja, que para uma lei ser aprovada, via Noções de Direito 35 de regra, ela deve passar obrigatoriamente pela Câmara e pelo Senado Federal. Nesse sentido, o projeto legislativo, via de regra, deve criado e apresentado para a casa revisora. Um projeto de lei pode ser proposto por qualquer deputado, qualquer senador, qualquer comissão da Câmara, do Senado ou do Congresso, pelo Presidente da República, pelo Procurador Geral da República, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos tribunais superiores e pelo povo obedecidas as regras da iniciativa popular. VOCÊ SABIA? O povo pode propor projetos de lei, desde que respeitados os requisitos estabelecidos na Constituição. A Lei da Ficha Limpa (LC135/2010) foi fruto de um projeto de lei que surgiu a partir da iniciativa popular. A etapa de revisão do projeto de lei, obrigatória dentro do processo legislativo, é feita pela casa oposta que criou o projeto. Isso significa dizer que se quem propôs o projeto foi a Câmara, cabe ao Senado fazer a revisão e o mesmo se aplica ao contrário. Após a revisão, o projeto de lei será encaminhado ao Chefe do Executivo. Uma das funções do Chefe do Executivo (prefeito, governador ou presidente) é a de sancionar as leis. Nesse sentido, o chefe do executivo terá duas opções: ou sancionar a lei ou vetá-la. Caso o Chefe do Executivo vete a lei, caberá ao Congresso (câmara + senado), dentro do prazo de 30 dias, para reapreciar o projeto e regularizar suas inconsistências. Caso o Chefe do Executivo sancione (aprove) a Lei, ela deverá entrar em vigor por meio de publicação no Diário Oficial. Passados 45 (quarenta e cinco) dias da publicação da lei, ela é considerada em vigor. Noções de Direito 36 VOCÊ SABIA? O prazo de 45 dias entre a publicação e a entrada em vigor da lei é chamado de vacatio legis. O legislador pode optar por um período diferente ou até suprimi-lo, a depender do caso concreto. Uma vez em vigor, a lei só será revogada pelo decurso do tempo, pela revogação por lei de hierarquia equivalente ou superior ou pelo desuso. IMPORTANTE: Pelo princípio da irretroatividade da lei, uma lei jamais poderá regular situações passadas, seus efeitos serão aplicados somente para situações que ocorrerem a partir da sua entrada em vigor. Bom, agora que você já está ambientado no mundo jurídico e está afiado no que diz respeito às leis, doutrinas, jurisprudências, vamos aprender a aplicação dessas leis nos casos concretos? Tenho certeza que você não vai se arrepender. Processo e procedimento A definição de processo e procedimento não se confunde, mas se correlaciona. O processo consiste no instrumento de provocação da jurisdição, o meio em que leva a pretensão de um indivíduo ao conhecimento do poder judiciário. Já o procedimento consiste na materialização do processo, no caminho a ser percorrido em busca da prestação jurisdicional do Estado. A relação jurídica processual consiste na relação entre autor, réu e o juiz. O autor figura como quem invoca ao Estado postulando um direito, o réu consiste na pessoa contra quem esse direito está sendo requerido e Noções de Direito 37 o juiz é o representante do Estado e aplicador do direito. Nesse sentido, a relação jurídica processual é triangular e via de regra pública. Figura 7 – Sujeitos processuais ESTADO Juiz Partes RÉU Requerido Reclamado Acusado AUTOR Requerente Reclamante Autor Fonte: Elaborada pela autora (2021) O juiz, dentro da estrutura processual, exerce a jurisdição, ou seja, o poder conferido pelo Estado de interpretar as leis e aplicá-las ao caso concreto. Nas lições de Maria Helena Diniz: Na determinação do direito que deve prevalecer no caso concreto, o juiz deve verificar se o direito existe, qual o sentido da norma aplicável e se esta norma aplica-se ao fato sub judice. Portanto, para a subsunção é necessária uma correta interpretação para determinar a qualificação jurídica da matéria fática sobre a qual deve incidir uma norma geral. (DINIZ, 2016, p.423) É possível que o juiz se depare com casos que não se enquadram perfeitamente nas normas jurídicas existentes, ou que quanto à determinada ocasião a lei seja omissa, obscura ou ambígua. Diante desses casos, caberá ao juiz utilizar técnicas de interpretação do direito para aplicá-lo ao caso concreto. Considerando que a estrutura judiciária brasileira se encontra cada vez mais abarrotada de processos, há uma tendência moderna de que as pessoas procurem meios alternativos de resolução de conflitos. Nesses casos não será o juiz quem irá exercer a jurisdição, mas sim esses órgãos e sujeitos que promovem a resolução dos litígios. Noções de Direito 38 É muito comum que nessa etapa da disciplina os alunos se questionem sobre a estrutura do judiciário, sobre como é escolhido o juiz que julgará o caso e será sobre isso que vamos aprender agora. O Poder Judiciário brasileiro encontra-se organizado por meio das competências que integram os âmbitos estaduais e federais. Toda a matéria relativa à organização encontra-se tipificada no artigo 92 da Constituição. O primeiro órgão integrante do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal (STF). O STF é órgão máximo do judiciário e guardião da Constituição. Ele é composto por onze ministros que devem ser reconhecidos pelo seu amplo saber jurídico e por sua reputação ilibada. O STF é denominado de guardião da Constituição, pois cabe a ele julgar as ações relativas a assuntos constitucionais. O presidente do STF é eleito pelos próprios ministros e tem um mandato de dois anos. O segundo órgão integrante do Poder Judiciário é o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O CNJ é o responsável pelo controle dos atos administrativos e financeiros de todos os órgãos integrantes do Poder Judiciário, além de ser o responsável por supervisionar e fiscalizar as atividades de seus integrantes. Seguindo, temos o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Esse órgão é o composto por 33 ministros e consiste na última instância de julgamento do Brasil de crimes infraconstitucionais, ou seja, que não sejam de competência do STF. Cabe ao STJ, entre outras coisas, a homologação de sentenças estrangeiras. Temos, no âmbito superior, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que figura como última instância no julgamentode causas de Direito Eleitoral, principalmente relacionadas aos direitos políticos da população. O TSE é composto por sete membros, sendo que três deles são escolhidos por meio de votação entre os ministros do STF; dois, entre os do STJ; e os outros dois são nomeados pelo presidente da República. Assim como o TSE está para o Direito Eleitoral, integra o Poder Judiciário o Tribunal Superior do Trabalho, cuja função é apreciar em última instância os casos relacionados com o Direito do Trabalho. Noções de Direito 39 Compõem esse tribunal vinte e sete ministros, que são nomeados pelo Presidente da República. Também integra o Poder Judiciário em sede superior o Tribunal Superior Militar (TSM), que é a mais antiga corte do país, especializado no julgamento de casos envolvendo a Marinha, a Aeronáutica e o Exército. O TSM é composto por quinze ministros, sendo eles três ministros são da Marinha, quatro do Exército e três da Aeronáutica, os outros cinco são civis. VOCÊ SABIA? Os tribunais superiores ficam todos localizados em Brasília, no Distrito Federal. Os tribunais regionais integram a segunda instância e podem ser divididos de acordo com a competência. Os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) integram a justiça do trabalho no Brasil, juntamente com as varas do trabalho e o Superior Tribunal do Trabalho (TST). Existem atualmente no Brasil 24 tribunais regionais, distribuídos nos estados da federação por região, sendo que o estado de São Paulo é o único que conta com dois tribunais. Os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) estão presentes em cada um dos estados brasileiros e, juntamente com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), integram a justiça eleitoral. Os TREs são compostos por sete julgadores: dois desembargadores do Tribunal de Justiça; um juiz do Tribunal Regional Federal, dois juízes de direito e dois advogados indicados pelo Tribunal de Justiça. Os Tribunais de Justiça integram a segunda instância e são os responsáveis por decidirem os processos em grau de recurso, após o julgamento do juiz singular. Eles podem ser estaduais ou federais, a depender da matéria de julgamento. Por fim, integra o Poder Judiciário os Juízes Singulares, magistrados que devem ser aprovados em concurso público que integram o juízo de Noções de Direito 40 primeira instância. Esses magistrados são os responsáveis, via de regra, a decidirem primeiro os casos. Integram a categoria de juízes singulares os juízes estaduais, federais, do trabalho, eleitoral e militar. Esses órgãos foram estabelecidos justamente com o objetivo de garantir a imparcialidade dos processos, de modo que qualquer pessoa que ingresse com um processo no Poder Judiciário hoje pode recorrer às três instâncias. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Que tal uma leitura rápida à Constituição, principalmente no Capítulo 3? Acesse e confira aqui. RESUMINDO: E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Iniciou esse capítulo aprendendo retomando os ensinamentos sobre as normas jurídicas como fontes formais objetivas do direito e descobrindo suas classificações: generalidade, abstratividade, bilateralidade, imperatividade, coercitividade e heteronomia. Além disso, aprendemos que as normas jurídicas podem ser municipais, estaduais ou federais, a depender do assunto sobre o que elas tratam. Aprendemos nessa unidade sobre a hierarquia das normas e a importância da Constituição perante as demais normas, além de conhecermos a diferença entre leis ordinárias, complementares e delegadas. Por fim, aprendemos a importância dos decretos legislativos e resoluções, além dos negócios jurídicos. Nesse capítulo você foi apresentado ao processo legislativo, de todo o caminho percorrido por um projeto de lei até que ele se torne uma lei em vigor. Por fim, aprendeu a diferença entre processo e procedimento e pode conhecer a estrutura do poder judiciário brasileiro. Noções de Direito https://bit.ly/33aNZxV 41 Teoria Geral do Estado OBJETIVO: Agora que você já aprendeu o que é o direito, seus conceitos, suas áreas, suas fontes, seus ramos, iremos trabalhar neste capítulo noções básicas sobre a Teoria Geral do Estado, abordando suas formas de organização e seus regimes políticos. Preparados para nosso quarto e último capítulo desta unidade? Conceito e evolução história do Estado O Estado consiste na organização política e jurídica de uma sociedade. De maneira sintetizada, constitui Estado uma ordem jurídica soberana que objetiva o bem de um povo situado em determinado território. A partir desse conceito, podemos concluir que são elementos constitutivos do Estado o povo, o território e um governo soberano. NOTA: Cuidado para não confundir o conceito de Estado com o de estados-membros. Pense em Estado como o Brasil e estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, por exemplo. O primeiro registro de Estado existente na sociedade é o denominado Estado Antigo surgiram nas antigas civilizações. Na época não havia muita distinção sobre a família, o Estado e, portanto, o pensamento político da época era um misto de moral, filosofia e religião. Esse período foi marcado pela unidade do Estado (não havia divisões entre estados e municípios) e o domínio da religiosidade, esta última utilizada como instrumento de coação e modo de agir, sob alegação de ser “a vontade de Deus. Noções de Direito 42 Seguindo a linha do tempo, tem-se como evolução do Estado Antigo o Estado Grego, cujas características eram o fortalecimento do Estado e o aumento da participação das pessoas na organização deste. Surge nessa época o conceito de cidades bem como se valoriza o pensamento de filósofos e cientistas. É no Estado Grego que surgem as primeiras noções do que é a democracia e a sociedade política, denominada de polis. A seguir surge o Estado Romano, cuja base organizacional do Estado eram as civitas, formadas por grupos familiares que possuíam privilégios e eram considerados os herdeiros e descendentes do próprio Estado. O Estado Romano foi marcado pela forte presença do cristianismo e onde surgiram os primeiros registros da figura do Magistrado para a resolução de conflitos do povo. Já na era medieval passou a vigorar o Estado Medieval, considerado por muitos um Estado cruel e desigual e, por outros, um importante período de transformação. Essa era sofreu uma forte influência do cristianismo e do feudalismo e foi marcada por conflitos entre os imperadores e papas da época, que viriam a acabar com o surgimento do Estado Moderno. Dos conflitos e batalhas travadas na Idade Média surge o Estado Absolutista, cujas principais características era o poder soberano e generalizado concentrado nas mãos do monarca. Essa forma de Estado foi construída a partir das ameaças que a Igreja Católica vinha sofrendo na época por conta do surgimento do liberalismo religioso e da filosofia racionalista que passou a questionar atos da Igreja na época. Fadado ao fracasso por conta da exagerada forma de controle social adotada pelo Absolutismo, surge a figura do Estado Moderno, época em que os senhores feudais passaram a questionar as exigências dos monarcas da época que cada vez impunham o aumento de tributos Noções de Direito 43 para custearem seus luxos e patrocinarem guerras enquanto a população vivia em situação miserável. O despertar do povo fez com que buscassem a unidade de um poder soberano, supremo, em prol da coletividade. É no Estado Moderno que surgem os primeiros elementos essenciais do Estado. Ainda sobre a evolução das formas de Estado cumpre destacar o Estado Liberal. Guiado pelas regras do direito natural, essa forma de Estado valoriza o pensamento racional e político do homem. Podendo variar a forma de governo como monarquia ou república, o EstadoLiberal passou a traduzir os ideais presentes nas revoluções francesas, americanas e inglesas, trazendo a soberania nacional, o regime constitucional assegurado pela supremacia da lei, a tripartição dos poderes, a separação do direito em público e privado, a laicidade do Estado e a liberdade do homem, a não intervenção do poder público na esfera privada, entre outros. Apesar de tentador, após o histórico de autoritarismo e desigualdade vivido ao longo da história, o Estado Liberal passou a ser um ideal a ser alcançado e não uma realidade, tendo em vista os problemas vividos na sociedade da época que não eram compatíveis com essa forma de Estado. Surge, portanto, o Estado Constitucional, cujas raízes são fruto da queda do sistema político medieval, marcado por sua crueldade e desigualdade. Influenciado pelo jusnaturalismo, o Estado Constitucional privilegia a soberania do indivíduo, condena o absolutismo monárquico, lutando pela limitação do poder dos governantes e valoriza o racionalismo político. Fruto da luta da sociedade pela queda dos regimes autoritários, o Estado Constitucional consagra a Constituição como a legislação soberana e absoluta que consagre o interesse de todo o povo, devendo conjugar os valores individuais e sociais do próprio povo. Pode-se dizer que o Estado Constitucional foi um marco na conquista de direitos e deveres da sociedade. Noções de Direito 44 Elementos do Estado Ao nos referirmos aos elementos do Estado estamos tratando do conjunto de requisitos essenciais para a existência do Estado. Esses elementos consistem no povo, território e soberania, os quais trataremos mais detalhadamente a seguir. Povo O povo consiste no conjunto humano de uma ordem estatal sujeito às mesmas leis. Para fazer parte do povo é preciso que esse conjunto humano exerça a cidadania, ou seja, que tenha participação política ativa no Estado. O povo é a entidade jurídica do Estado. O conceito de povo não se confunde com o conceito de população. Enquanto o povo consiste no conjunto de cidadãos de um Estado, a população é a soma aritmética dos habitantes que vivem dentro de uma fronteira, respeitando as mesmas leis de um determinado país (Estado). Figura 8 – População Fonte: Pixabay Já a cidadania, mencionada como elemento essencial a ser exercido pelo povo, consiste na participação ativa civil e política de todos os atos praticados pelo Estado. Noções de Direito 45 Relacionado com esse elemento estatal, é importante definirmos o que se entende por nação. A nação consiste no conjunto de pessoas reunidas por um interesse e ideais em comum. A nação é uma entidade histórica e é formada por um conjunto de pessoas que se encontram ligadas por vínculos que podem ser de sangue, idioma, religião. A nação é o elemento moral do Estado e não é sinônimo de Estado. EXEMPLO: A nação coreana está separada entre a República da Coreia (Coreia do Sul) e a República Democrática Popular da Coreia (Coreia do Norte). Ainda sobre a população, o critério raça constitui caráter exclusivamente biológico e antropológico, irrelevante para o Estado. Território O território, segundo elemento essencial do Estado, está ligado à geografia de um Estado, onde sua ordem jurídica é validada e exercida. Dessa forma, consiste na base física do Estado e não se confunde com o povo e a nação. O conceito de território não se confunde com o de fronteira, pois enquanto o território consiste na área pertencente a um Estado. A fronteira está relacionada com os limites do território, suas bordas, ou seja, uma linha que delimita a área entre dois ou mais territórios. Um exemplo de fronteira interessante é o existente na cidade de Foz do Iguaçu, que reúne as fronteiras dos países Brasil, Argentina e Paraguai. Noções de Direito 46 Figura 9 – Território e fronteiras Fonte: Wikimedia Soberania A soberania consiste no poder do Estado e pode se manifestar tanto interna quanto externamente. Internamente, a soberania se manifesta por meio da criação de leis, por exemplo, e de forma externa por meio de acordos entre os Estados. Segundo a escola clássica, possui as seguintes características: a. Una – exercida por somente uma autoridade, não podendo existir mais de uma autoridade soberana dentro do mesmo território. b. Indivisível – o poder conferido ao Estado permite a delegação de funções ou a repartição de algumas competências, mas jamais a divisão do poder conferido a alguém. c. Inalienável – a soberania não permite que a autoridade que a detém comercialize seus bens, pois a propriedade dos bens do Estado pertence ao povo. d. Imprescritível – a soberania não pode ter “prazo de validade” devendo nascer definitivamente junto com o estado. Noções de Direito 47 A soberania não é absoluta e é limitada pelos princípios oriundos do direito natural bem como dos costumes de modo a permitir um convívio pacífico dos povos. Formas de Governo O Governo, na estrutura estatal, consiste no conjunto de funções necessárias para manter a ordem jurídica de um Estado e administrar os bens públicos. Conforme vimos a partir da trajetória histórica dos Estados, existem diferentes as formas de governo, as quais detalharemos pormenorizadamente a seguir. Para fins didáticos, adotaremos a classificação de Aristóteles, que separou as formas de governo como em puras ou impuras (baseando-se no critério moral) e quanto ao número de governantes. Para tanto, seriam formas puras de governo a monarquia (governo de um só), aristocracia (governo de vários) e democracia (governo do povo). As formas impuras de governo são a tirania (corrupção da monarquia), oligarquia (corrupção da aristocracia) e demagogia (corrupção da democracia). A monarquia consiste em uma forma de governo cujo poder é concentrado nas mãos do monarca. O cargo de monarca é vitalício, ou seja, só será extinto com a morte e diante da morte, o próximo monarca a assumir o cargo deverá seguir a linha de sucessão. As críticas que se fazem a esse regime de governo estão relacionadas com o fato de que o futuro de um Estado não pode estar atrelado aos interesses de uma família, além do fato de ser um regime antidemocrático, ou seja, não há nenhuma participação do povo nas decisões do governo. EXEMPLO: Um exemplo de país que adota o regime da monarquia que prevalece até os dias atuais é a Inglaterra, comandada pela família real britânica composta pela rainha Elisabeth e seus familiares. Noções de Direito 48 Figura 10 – Família Real Britânica Fonte: Wikimedia Diante de tais críticas surge a república, forma de governo que se opõe à monarquia e aproxima-se da democracia. Sua origem foi marcada pelas lutas em prol da soberania popular. Suas características principais são a duração do mandato, que é por tempo limitado, a eletividade do chefe de Estado que é feita pelo povo e a responsabilidade do chefe de Estado por suas ações nas esferas civil e penal. A república pode ser dividida em aristocracia, que é quando uma classe privilegiada por direitos de nascimento ou conquista é a responsável pela administração pública, ou pela democracia, forma de governo em que todo o poder emana do povo. A democracia é o regime de governo que vigora no Brasil desde a Proclamação da República em 1889. A palavra democracia tem origem grega e significa que o poder emana do povo. A democracia surge no Estado Moderno e consiste em um regime político que o poder é do povo e exercido em prol dos interesses da coletividade, os mandatos são temporários e eletivos e a ordem pública é baseada na Constituição suprema e na tripartição dos poderes (executivo, legislativo e judiciário). Além disso, há pluralidade de partidos políticos, respeito aos direitos fundamentais, é assegurada a supremacia da lei e há responsabilidade dos governantes por seus atos. Noções de Direito 49 Os mecanismos departicipação do povo na democracia são o sufrágio universal (voto direito, secreto e de igual valor para todos), o plesbicito (os eleitores decidirem os destinos da sociedade – possui efeito vinculante), referendo (possui a função de confirmar – ou não – um ato de governo) e a iniciativa popular (poder de propor determinado projeto de lei). A democracia é o regime político adotado pelo Brasil. As eleições brasileiras acontecem em todo ano par, e é o meio utilizado para eleger prefeitos, vereadores, deputados, governadores, senadores e o presidente da república. A urna eletrônica é o meio utilizado pelos brasileiros, sendo destaque ao redor do mundo por conta de se tratar de um mecanismo desenvolvido aqui no Brasil. Figura 11 – Urna eletrônica brasileira Fonte: Wikimedia Noções de Direito 50 SAIBA MAIS: Gostou desse assunto? Recomendamos a leitura do seguinte material para se aprofundar um pouco mais sobre esse tema: CABRAL, João Francisco Pereira. “Os Regimes políticos e as Formas de governo segundo Aristóteles “; Brasil Escola. Disponível aqui. Ainda sobre o tema democracia, sugerimos a leitura do artigo a seguir caso você queira aprender um pouco mais sobre a evolução da democracia no Brasil. “Uma história política da transição brasileira: da ditadura militar à democracia” (Adriano Nervo Codato). Disponível aqui. RESUMINDO: Nesse capítulo você foi apresentado à Teoria Geral do Estado. Iniciamos o capítulo aprendendo sobre o conceito e a evolução histórica do Estado, desde o Estado Antigo até o Estado Moderno, passando pelos Estados Gregos, Romano e Medieval. Além disso, trabalhamos os elementos do Estado, povo, território e soberania, e as formas de governo existentes ao longo da história como a monarquia, aristocracia e, em especial, a democracia, forma de governo à qual prevalece no Brasil. Por fim, aprendemos sobre os mecanismos de participação do povo na democracia, como o sufrágio universal, o plebiscito, referendo e a iniciativa popular. Noções de Direito https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-regimes-politicos-as-formas-governo-segundo-aristoteles.htm https://bit.ly/2TNon7j 51 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm Acesso em: 20 jan. 2020. DINIZ, M.H. Curso de Direito Civil Brasileiro. Saraiva: São Paulo, 2016. DIREITO. In: DICIONÁRIO da língua portuguesa. Lisboa: Priberam Informática, 1998. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/direito. Acesso em: 20 jan. 2020. KELSEN, H. Teoria Pura do Direito: Introdução à problemática científica do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. NADER, P. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2003. REALE, M. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2003. Noções de Direito http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm O direito e sua relação com a justiça e a moral Classificações, ramos e fontes do direito Classificações do direito Ramos do direito Direito Público e Direito Privado Direito Público Interno Direito Constitucional Direito Administrativo Direito Penal Direito Previdenciário Direito Eleitoral Direito Processual Direito Tributário Direito Público Externo Direito Privado Interno Direito Civil Direito Empresarial Direito do Trabalho Direito Privado Externo Fontes do direito A Lei Costumes Jurisprudência Doutrina Princípios gerais do direito Analogia Normas jurídicas, processos e procedimento Normas jurídicas Processo e procedimento Teoria Geral do Estado Conceito e evolução história do Estado Elementos do Estado Povo Território Soberania Formas de Governo
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