Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Condutos equivalentes em série e em paralelo Prof. Dr. Delvio Sandri Brasília - DF Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária - FAV Disciplina: Hidráulica e Hidrologia Aplicadas. Código: FAV0032 Turmas A, Semestre: 2023/1 No caso do dimensionamento de tubulações pelo critério da perda de carga admissível, as vezes é necessário o acoplamento de tubos de diâmetros diferentes para conseguir chegar à perda de carga admitida. Um conduto é equivalente a outro ou a outros quando escoa a mesma vazão sob a mesma perda de carga total. Para o cálculo da perda de carga distribuída na tubulação, seja para tubos em série ou em paralelo, pode-se utilizar a fórmula de Hazen- Williams. 4,871,852 1,852 DC Q 10,646J = L DC Q 10,646hf 4,871,852 1,852 =ou Substituindo o termo constante e os numéricos n =1,852 e m = 4,87 na Equação anterior, chega-se a: 1,852C 10,646 β = L D Q βhf m n = Condutos em série 1. A perda de carga total ou equivalente corresponde ao somatório das perdas de carga em cada trecho; 2. A vazão é a mesma em todos os trechos; 3. O comprimento equivalente da tubulação corresponde ao somatório dos diversos trechos D1, L1, V1 D2, L2, V2 D3, L3, V3 Figura. Ilustração de um conduto em série com os respectivos diâmetros D1, D2 e D3 e comprimentos L1, L2 e L3. Para condutos em série, tem-se as seguintes considerações: O conduto equivalente, então, terá um comprimento equivalente (Le), correspondente à soma de (L1 + L2 + L3) e um diâmetro equivalente (De). As três equações seguintes representam a soma das perdas de carga ao longo da tubulação para os respectivos trechos. hf = hf1 + hf2 + ... + hfk Km K n KK1m 1 n 11 L D Q βhf,,L D Q βhf == Km K n K2m 2 n 21m 1 n 1 L D Q βL D Q βL D Q βhf +++= Se a rugosidade for a mesma tem-se: 1 = 2 = .....= k; e = e a Equação anterior se reduz a: +++= Km K n 2m 2 n 1m 1 n em e n e L D Q L D Q L D Q βL D Q β Como a vazão também é a mesma em todos os trechos pode-se escrever: m k k m 2 2 m 1 1 m e e D L D L D L D L +++= Condutos em paralelo 1. A vazão total corresponde à soma da vazão de cada conduto;Q = Q1 + Q2 + ... Qk 2. A perda de carga é igual em qualquer conduto correspondente do sistema; hf = hf1 = hf2 = ... = hfk 3. Os comprimentos L1, L2 e L3 são aproximadamente igual ao comprimento equivalente Le. Q L2, Q2 L1, Q1 L3, Q3 Q Figura. Conduto constituído por três tubulações em paralelo. Para condutos em paralelo, tem-se as seguintes considerações: Explicitando o valor de Q na Equação: L D Q βhf m n = = = n 1 m Lβ Dhf Q n 1 kk m k n 1 22 m 2 n 1 11 m 1 n 1 ee m e Lβ Dhf Lβ Dhf Lβ Dhf Lβ Dhf ++ + = Se a rugosidade for a mesma e lembrando da igualdade na perda de carga, tem-se: n 1 k m k n 1 2 m 2 n 1 1 m 1 n 1 e m e L D L D L D L D ++ + = Se os comprimentos forem iguais, tem-se: = =+++= k 1i n m i n m k n m 2 n m 1 n m e DDDDD Se os diâmetros forem iguais a D, tem-se: n m n m e DkD = em que: k = número de tubos em paralelo. Pressão de ruptura e pressão de trabalho das tubulações No mercado brasileiro é comum associar a expressão, classe do tubo, com a pressão de ruptura, e as mais comuns possuem variação de 10 a 30, significando que a pressão de ruptura dos tubos varia de 10 kgf cm-2 a 30 kgf cm-2, enquanto a de trabalho de 5 kgf cm-2 a 15 kgf cm-2 (50 m.c.a. a 150 m.c.a.). Diâmetro interno dos tubos: 12 mm a 2.500 mm. Padrões usuais em mm: 12, 18, 25, 32, 42, 50, 62, 75, 100, 125, 150, 200, 250, 300, 350, 400,450, 500, 550, 600, 650, 750, 750, 1.000, 1.250, 1500, 2.000 e 2.500, dentre outros. Exercício 3.1 Água é conduzida de um reservatório R1 para um canal, conforme Figura 3.5. A vazão é de 20 L s -1 em uma tubulação de aço zincado (C =120). Pede-se determinar o diâmetro do conduto forçado. Em se tratando de superfícies de líquidos em condutos livres (canais), as cargas piezométricas são nulas e por serem as velocidades muito baixas no sistema apresentado, as cargas cinéticas podem ser desconsideradas, por isso, na solução do problema serão consideradas apenas as cargas de gravidade cuja diferença é dada por: m.10720730ΔH =−= Figura 3.5 Condução de água por gravidade de um reservatório R1 com nível no ponto P1 para um canal no ponto P2, em que o comprimento da tubulação (L) é de 240 m. canal P2 P1 L= 240 m Cota: 720 m Cota = 730 m R1 NA Z Numeração dos exercícios: Ver apostila no aprender 3 elaborada por Cicero Lopes e Delvio Sandri A água para se movimentar no canal não requer outro tipo de energia a não ser a declividade longitudinal do mesmo, por isso, toda energia disponível do reservatório até ao canal pode ser dissipada na forma de perda de carga ao longo do trajeto de 240 m de tubulação, então se pode considerar que ΔH = hf = 10 m. Assim, o diâmetro pela equação de Hazen-Williams é: 1-m m0,0417 m240 m10 L hf J === 1,854,871,85 CDQ10,643J −− = m 0,115(120)D(0,020)10,643 0,0417 1,854,871,85 == −− D = 0,115 m ou 115 mm, é o diâmetro equivalente ao transporte de 20 L s -1 no comprimento de tubulação de 240 m e coeficiente de atrito de Hazen-Williams C = 120, no entanto, esse diâmetro não existe comercialmente no mercado, resta fazer uma conjugação com os diâmetros 125 mm e 100 mm, respectivamente o superior imediato e o inferior imediato, de forma a manter hf =10 m e Q = 20 L s -1 . Então: D1 = 125 mm, com comprimento L1; D2 = 100 mm, com comprimento L2; Considerando que ambos são de aço zincado, a rugosidade se mantém a mesma e a Equação 3.10 pode ser usada. m 2 2 m 1 1 m e e D L D L D L += , Considerando que: Le = L = 240 m, De = 0,115 m e m = 4,87, 2121 LLLouLLL −=+= , permitindo montar o seguinte sistema de equações: ( ) ( ) ( )4,87 2 4,87 2 4,87 0,100 L 0,125 L240 0,115 240 + − = 22 74131L25006L60014959007676 +−= Resolvendo, encontra-se L2 = 61 m e por diferença, L1 = 240 – 61 = 179 m. No mercado o comprimento padrão dos tubos é de 6 m, então, a solução seria a compra de 30 tubos de 125 mm (180 m) e 10 tubos de 100 mm (60 m). Este exemplo é um caso típico de dimensionamento de tubulação pelo critério de perda de carga admissível. Fazendo a conferência com a equação de Hazen-Williams, tem-se: hftotal = hf1 + hf2 m60,9 60 0,100120 0,02 10,643 180 0,125120 0,02 10,64310 4,871,85 1,85 4,871,85 1,85 = + = . A diferença de 0,40 m (10,0 m – 9,60 m) é devida principalmente ao uso de L1 de 180 m, diferente dos 174 m obtidos. Exercício 3.2 Cinco tubos de 75 mm e rugosidades equivalentes a um coeficiente C de Hazen-Williams de 120, conduzem cada um, uma vazão de 10 L s -1 do reservatório R1 para R2, com uma perda de carga de 5,46 m em um trecho de 60 m. Calcule o diâmetro equivalente considerando a mesma rugosidade e o mesmo comprimento. Na solução do problema para cinco condutos em paralelo de 0,075 m de diâmetro e comprimento de 60 m, em razão de ter os tubos o mesmo diâmetro e a mesma rugosidade, é possível usar a equação 3.14, n m n m e DkD = para o cálculo do diâmetro equivalente De, então: ( ) ( ) 1,85 4,87 1,85 4,87 e 0,0755D = ( ) m 0,138D0,00547D e 2,63 e =→= O valor deste diâmetro conduziria a mesma vazão dos cinco tubos anteriores desde que, o comprimento L e o coeficiente de rugosidade “C” sejam mantidos. No entanto, no mercado os diâmetros encontrados são de 150 e 125 mm e a solução é uma conjugação de diâmetros em série. Resolvendo para L = 60 m = L1 + L2 tem-se, conforme as equações e cálculos abaixo: L1 = 39 m com D1= 150 mm e L2 = 21 m e D2 = 125 mm. m 2 2 m 1 1 m e e D L D L D L += ( ) ( ) ( )4,87 2 4,87 2 4,87 0,125 L 0,150 L60 0,138 60 + − = , dessa equação encontrou-se: L2 = 21 m e por diferença, L1 = 60 m – L2 = 60 - 21 = 39 m. Cinco tubos de 60 m de comprimento e 75 mm de diâmetro e rugosidade “C”, conduzindo uma vazão total de 50 L s -1 , poderiam ser substituídos por um único tubo de 138 mm e rugosidade “C”. No entanto este diâmetro não é encontrado no mercado. O problema finalmente se resolve adotando L1 igual a 39 m e 150 mm de diâmetro e L2 igual a 21 m e 125 mm de diâmetro. Caso não se deseja fazer emenda nos tubos, pode-se utilizar, por exemplo, 36 m (6 tubos) de 150 mm e 24 m (4 tubos) de 125 mm. O esquema mostrado pela Figura 3.6 ilustra-se a situação antiga, com cinco tubos em paralelo (a) e a nova, os dois tubos em série (b). a R1 R2 L1 L2 L3 L4 L5 NA NA b R1 R2 L1 L2 NANA Figura 3.6. Ligação de cinco tubos em paralelo entre R1 a R2 para condução de água (a) e uma tubulação em série equivalente às cinco tubulações em paralelo (b). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO NETTO, J.M.; FERNANDEZ, M.F.; ARAÚJO, R; ITO, A.E. Manual de Hidráulica, São Paulo: Edgar Blücher, 8ªed. 1998. 669p. BAPTISTA, M.; LARA, M. Fundamentos de Engenharia hidráulica. Belo Horizonte: Editora UFMG, Escola de Engenharia da UFMG, 2ª ed. Revista, 2003. 437p. NEVES, E.T. Curso de Hidráulica. Porto Alegre: Globo, 8ª ed., 1986. 577p. PORTO, R.M. Hidráulica Básica. São Carlos: EESC-USP, 2ª ed. 1999. 519p. sandri@unb.br Arararinha Brasileira (Parque Nacional de Foz do Iguaçu) Fonte: sandri Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15
Compartilhar