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ENGENHARIA DE SANEAMENTO BÁSICO E AMBIENTAL Hidrologia Aplicada INTRODUÇÃO A HIDROLOGIA 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA HIDROLOGIA É a ciência que trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físico-químicas, e sua relação com o meio ambiente, incluindo sua relação com as formas vivas (Chow, 1959). A hidrologia aplicada está voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, preservação do meio ambiente e ocupação da bacia. 3 APLICAÇÕES DOS ESTUDOS HIDROLÓGICOS ü Definição de fontes de abastecimento doméstico e industrial ü Dimensionamento hidráulico de sistemas de drenagem e obras fluviais, como bueiros, canais, pontes; ü Projeto de barragens e reservatórios (regularização dos cursos d´água e controle de inundações; previsão de vazões máximas); ü Projetos de sistemas de irrigação: definição do manancial e estudos de evapotranspiração e infiltração; ü No controle da poluição e da erosão; ü Na operação de sistemas hidráulicos complexos; ü Na recreação, preservação ambiental e desenvolvimento da vida aquática. 4 6 Controle de erosão Obras de Drenagem Barragens CICLO HIDROLÓGICO 8 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9 CICLO HIDROLÓGICO é um fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar associada à ”gravidade” e à ”rotação terrestre”. Sendo cíclico, não tem começo ou fim estritamente definidos, e os diversos processos envolvidos ocorrem de forma contínua e dinâmica. A água evapora dos espelhos d´água e solos para fazer parte da atmosfera; esse vapor d´água transporta-se e eleva-se na atmosfera até condensar-se e precipitar-se sobre as superfícies líquidas e solo. A precipitação pode ser (1) interceptada pela vegetação, (2) ficar retida em depressões do solo ou estruturas existentes, (3) se transformar em escoamento superficial, (4) infiltrar no solo, (5) escoar através do solo como escoamento subsuperficial e ser descarregada (6) direta ou indiretamente nos cursos/espelhos d´água. 10 Parte da precipitação interceptada e transportada superficialmente retorna à atmosfera através da evaporação. A parte infiltrada no solo pode percolar profundamente e recarregar os lençóis subterrâneos, depois emergir em nascentes ou aflorar nos cursos d´água, a partir do escoamento superficial, e finalmente escorrer em direção ao mar ou evaporar-se de volta à atmosfera, a medida que o ciclo continua (Chow et al., 1988). Essa movimentação da água pode ser imaginada como uma troca de volumes hídricos entre dois grandes reservatórios: um terrestre (superfície da Terra) e outro aéreo (atmosfera), que transferem água entre si, dando origem a dois dos mais importantes processos hidrológicos, como são a precipitação e a evaporação. 11 Fluxos superficiais para os rios 32 bilhões de m3/ano Vazões dos rios 45 bilhões de m3/ano Evaporação nos oceanos: 503 bilhões de m3/ano Precipitação nos Continentes 119 bilhões de m3/ano Fluxos subterrâneos para os rios 13 bilhões de m3/ano Evaporação nos continentes 74 bilhões de m3/ano Precipitação nos oceanos 458 bilhões de m3/ano Precipitação nos oceanos? CICLO DA ÁGUA E BALANÇO HÍDRICO GLOBAL 36% de toda a energia do SOL que chega a terra é utilizada para a evaporação da água na terra e nos oceanos. A água evaporada para a atmosfera permanece em média dez dias na atmosfera. VAZÃO SUPERFICIAL PRECIPITAÇÃO TRANSPIRAÇÃO EVAPORAÇÃO S VAZÃO RIOS OCEANOS VAZÃO SUBSUPERFICIAL VAZÃO SUBTERRÂNEO RECARGA LENÇOL INFILTRAÇÃO EXCESSO INFILTRAÇÃO INTERCEPÇÃO S ÁGUA ATMOSFERA ÁGUA SUPERFICIAL ÁGUA SUBSUPERFICIAL E SUBTERRÂNEA DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA HIDROLÓGICO 12 (Chow et al., 1988) BACIA HIDROGRÁFICA 14 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA BACIA HIDROGRÁFICA é uma região definida por topografia, drenada por um curso d´água ou um sistema interconectado por cursos d´água de modo que toda vazão efluente seja descarregada numa simples saída. Conshtui-se no sistema isico ou área coletora da água da precipitação, que converge para uma única seção de saída, denominada exutório, foz ou desembocadura. 15 16 DIVISORES HIDROGRÁFICOS Divisor topográfico Divisor freático Corte A-A: Seção transversal de uma bacia hidrográfica Divisor Topográfico Cota topográfica mais elevada do terreno Cota mais elevada do terreno Divisor freáhco no período de cheias Divisor freático no período de secas Rio Y intermitente Rio X perene A A Divis or to pográfico Rio X Rio Y BACIAS Vista em Planta Divisor topográfico: condicionado pela topografia, baseado nas curvas de níveis do terreno; Divisor freáaco: determinado pela estrutura geológica e condicionado à sazonalidade das chuvas, uma vez que estabelece os limites dos reservatórios de água subterrânea, de onde se deriva o escoamento de base da bacia. 17 CLASSIFICAÇÃO DOS CURSOS D´ÁGUA Perenes - Contém água durante todo o tempo, o lençol subterrâneo mantém uma alimentação contínua e não desce nunca abaixo do leito do curso d´água, mesmo durante as secas mais severas. Intermitentes - Geralmente, escoam durante as estações de chuvas e secam nas estiagens. Durante as estações chuvosas, transportam todos os tipos de deflúvio, pois o lençol d´água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial, alimentando o curso d´água. Efêmeros - Estes cursos d´água existem apenas durante ou imediatamente após os períodos de precipitação e só transportam escoamento superficial. A superfície freática encontra-se sempre a um nível inferior ao do leito fluvial, não havendo portanto a possibilidade de escoamento de deflúvio subterrâneo. 18 19 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA ÁREA DE DRENAGEM A área de drenagem de uma bacia é definida como a área plana (projeção horizontal) inclusa entre seus divisores topográficos. A área de drenagem é tradicionalmente determinada por planimetria em mapas preferencialmente com escalas razoavelmente grandes (1:50.000 por exemplo). Atualmente, existem softwares de geoprocessamento que determinam não só os limites de uma bacia hidrográfica, como a sua área de drenagem. A área da bacia é dada geralmente na unidade de km2 (1 km2 = 106 m2), ou no caso de bacias pequenas em hectares (1 ha = 104 m2). 21 22 DELIMITAÇÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS Informações de topografia: ü Identificar para onde escoa a água sobre o relevo usando como base as curvas de nível – a água escoa na direção da maior declividade, o escoamento é ortogonal às curvas de nível. ü Diferenciar as áreas que contribuem para um ponto no curso d’água (seção transversal de referência ou exutório) => divisor (cumeada, espigão, crista) – o divisor não corta a drenagem exceto no exutório e passa pelas regiões mais elevadas da bacia, mas podem existir pontos internos mais altos. 23 FORMA DA BACIA Em geral as bacias hidrográficas dos grandes rios apresentam a forma de uma “pera” ou um “leque”, mas as pequenas bacias variam muito no formato, dependendo da estrutura geológica do terreno. A forma superficial da bacia hidrográfica é importante devido ao tempo de concentração, que é definido como o tempo, a partir do início da precipitação, necessário para que toda a bacia hidrográfica contribua na seção em estudo. Existem vários índices aplicados para determinar a forma de uma bacia. Esses índices procuram relacionar a bacia à formas geométricas conhecidas; círculo e retângulo, por exemplo. Dentre as bacias de mesma área, aquelas arredondadas são mais susceptíveis às inundações que as alongadas. 24 25 Coeficiente de compacidade (Kc) É a relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de um círculo de área equivalente. Este coeficiente informa sobre a susceptibilidade da ocorrência de inundações nas partes baixas da bacia. onde: P: o perímetro e A: a área da bacia, Kc: coeficiente de compacidade (adimensional). A PKc 280,= Bacias que apresentam este coeficiente próximo de 1 são mais compactas, tendema concentrar o escoamento e são mais susceptíveis às inundações. O coeficiente de compacidade das bacias hidrográficas é sempre um número superior à unidade, uma vez que o círculo é a figura geométrica de menor perímetro para uma dada área A. 26 Fator de forma (Kf) ou Índice de Conformação É a relação entre a largura média e o comprimento axial da bacia hidrográfica: onde: L: o comprimento da bacia ou comprimento axial, dado pelo comprimento do curso d´água mais longo da bacia (cabeceira até a desembocadura) mais a distância da nascente ao divisor topográfico. A: a área da bacia. Kf: fator de forma (adimensional). Kf alto: cheias rápidas ; Kf baixo: cheias lentas 2L AKf = Bacias alongadas apresentam pequenos valores do fator de forma e são menos susceptíveis às inundações, uma vez que se torna menos provável que uma chuva intensa cubra toda a sua extensão. 27 Forma Circular - Maior concentração do escoamento - Sujeito às inundações Forma Alongada - Distribuição do escoamento - Menos susceptível às inundações SISTEMA DE DRENAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA O sistema de drenagem da bacia é constituído por um rio principal e seus afluentes. O estudo da malha de drenagem é importante no sentido em que reflete a maior ou menor rapidez com que a água deixa a bacia hidrográfica. Ordem dos cursos d´água A classificação de acordo com a ordem dos cursos d´água reflete o grau de ramificação dos cursos d´água na bacia hidrográfica. Uma das metodologias de classificar a bacia de acordo com a ordem foi proposta por Strahler: 1 1 2 1 1 1 4 2 3 2 1 2 1 1 3 28 29 Hierarquia da Rede de Drenagem Ordenamento dos Canais em uma Bacia de Drenagem São considerados de primeira ordem os cursos d´água formadores, pequenos canais que não tenham afluentes; dois canais de primeira ordem se unem formando um de segunda ordem; e dois de segunda ordem formam um de terceira; e assim por diante: ordem n + ordem n >>>> ordem n+1 Densidade de drenagem Fornece informação sobre o grau de desenvolvimento da rede de drenagem. Representando o comprimento total dos cursos d’água de uma bacia ou região hidrográfica por (LL) e sua área de drenagem por (A), a densidade de drengem (Dd) é dada por: A LLDd = 30 Sinuosidade do curso d´água (sin) É a relação entre o comprimento do rio principal (L) e o comprimento do talvegue (Lt) . Lt: medida em linha reta entre os pontos inicial e final do curso d’água principal. Extensão Média do Escoamento Superficial (l) Índice definido com base na representação da bacia hidrográfica como um retângulo de área equivalente, com dimensões L (igual ao comprimento do curso d’água principal) e 4.l a outra dimensão. tL LSin = L Al .4 = 31 Declividade de álveo (declividade do curso d’água) As águas precipitadas nas bacias hidrográficas acabam se concentrando nos leitos dos rios, e então são conduzidas à sua desembocadura (exutório). A velocidade do escoamento depende da declividade do leito fluvial. Quanto maior a declividade, maior será a velocidade de escoamento. A declividade de álveo é dada entre dois pontos, podendo ser calculada por: S1: linha com declividade obhda tomando a diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’ água. S2: linha obhda a parhr da consideração do tempo de percurso; é a média harmônica ponderada da raiz quadrada das declividades dos diversos trechos rehlíneos, tomando-se como peso a extensão de cada trecho. 32 33 S1: linha com declividade obhda tomando a diferença total de elevação do leito pela extensão horizontal do curso d’ água. S: declividade ΔH: variação de cota entre 02 pontos extremos L: comprimento em planta do rio Declividade de álveo (declividade do curso d’água) 34 S2: linha obhda a parhr da consideração do tempo de percurso; é a média harmônica ponderada da raiz quadrada das declividades dos diversos trechos rehlíneos, tomando- se como peso a extensão de cada trecho. S: declividade L: comprimento em planta do rio Li: extensão horizontal em cada trecho Di: declividade em cada trecho (Δh/Li) Declividade de álveo (declividade do curso d’água) BACIA HIDROGRÁFICA REPRESENTATIVA E EXPERIMENTAL Além das características fisiográficas influenciadas pela formação geológica e topográfica, o ciclo hidrológico também é influenciado pelo clima. As bacias representativas possuem características que incorporam semelhanças com determinada região hidrográfica. De forma contemporânea, as bacias representativas buscam representatividade também com relação às propriedades sócio-econômicas. De preferência são bacias ainda pouco alteradas. Muitas vezes, constituem bacias monitoradas de forma detalhada, para inferência e análise dos processos envolvidos na fase terrestre do ciclo hidrológico. Como se fosse um laboratório, onde se pode inferir, inclusive, a sensibilidade às mudanças antrópicas. Nesse caso, constituem-se também em bacias experimentais. Bacia Hidrográfica representativa e experimental do rio Morto em Vargem Grande, Rio de Janeiro-RJ (PIMENTEL DA SILVA, et al., 2010)35 36 Exercício 1: calcular o fator de forma e o índice de compacidade das bacias da Figura 1 e comente os resultados obhdos. Figura 1: Exemplo de formatos de bacias hidrográficas (PORTO et al., 1999) PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA 37 HIDROLOGIA APLICADA 38 A precipitação é formada basicamente pelo processo do ar úmido das camadas baixas da atmosfera que é aquecido por condução, torna-se mais leve que o ar das vizinhanças e sofre uma ascensão adiabáhca e, ao resfriar-se pode ahngir o ponto de saturação. Nesse senhdo, considera-se a umidade atmosférica, como elemento central do processo. Nesse momento, há condensação do vapor d’água em forma de minúsculas gotas manhdas em suspensão, como nuvens ou nevoeiros. Essas gotas não possuem ainda massa suficiente para vencer a resistência do ar, até ahngir tamanho suficiente e precipitar-se. FORMAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS 39 GRANDEZAS CARACTERÍSTICAS É comum referir-se à chuva em termos de altura de lâmina d’água, como se as quantidades precipitadas fossem distribuídas de maneira homogênea e uniforme sobre toda a área de estudo (bacia hidrográfica, telhado, etc). A unidade de medida mais difundida é o ”mm”. As grandezas associadas às quantidades precipitadas são: duração do evento, ou seja, o intervalo de tempo da ocorrência da precipitação; e a intensidade pluviométrica, ou a relação da altura precipitada pela duração do evento. A unidade de “mm/h” é a mais utilizada. OBS: O valor de precipitação isolado não tem significado. Por ex. 100 mm é muito em 1 hora e pouco num ano. 40 A frequência que o evento ocorre é outra grandeza característica associado a precipitação. Como trata-se de um fenômeno aleatório, a probabilidade de ocorrência de uma chuva de uma dada magnitude define sua freqüência. Período de retorno (TR) é o período de tempo médio que um determinado evento hidrológico é igualado ou superado pelo menos uma vez. A frequência é o inverso do TR. Por exemplo, se ao longo de 20 anos, a intensidade de 100 mm/h ocorreu 5 vezes, pode-se dizer que esta chuva tem um freqüência de ocorrência de 1⁄4 = 0,25 , ou seja, um período de retorno TR de 4 anos. 41 Na prática os processos hidrológicos de cheias urbanas referem-se a: “ocorrência de inundação de 100 anos” e então… entende-se de forma equivocada que a inundação irá ocorrer uma vez a cada 100 anos. A ASCE (American Society Civil Engineer, 1992) recomenda para divulgação pública evitar o termo “período de retorno” e sim uhlizar o termo “probabilidade anual”. Dessa forma, dizer que a obra foi projetada para “inundação de 100 anos”, significa dizer que a inundação tem probabilidade de 1% de acontecer num dado ano. A sazonalidade de processos hidrológicos de cheias 42 Principais aplicações dos estudos de precipitação pluviométrica • Projetos de drenagem como estradas • Projetos de obras hidráulicas• Planejamento/controle de enchentes • Questões ambientais, como qualidade das águas • Gerenciamento dos recursos hídricos • Setor Agrícola 43 Ventos quentes e úmidos provenientes do oceano encontram barreiras físicas, sobem, condensam e precipitam sobre áreas montanhosas. O vento que ultrapassa a barreira é seco, retira umidade do ambiente e pode gerar áreas desérticas; a precipitação varia com a altitude, tendo algumas alturas onde a precipitação é muito alta; atua sobre bacias pequenas com intensidade variável; são consideradas chuvas localizadas e intermitentes. O ar úmido aquecido na vizinhança do solo fica menos denso, sobe, e como a temperatura diminui, condensa e precipita. São formações locais com pequena abrangência espacial e alta intensidade. Ocorre principalmente no verão em climas tropicais tem curta duração temporal; útil para pequenas bacias hidrográficas com pequeno tempo de concentração; para galerias de águas pluviais, etc. Na chegada de uma frente fria forma-se um gradiente de temperatura. Os dias anteriores a chegada da chuva são quentes; O ar frio é mais denso e penetra na massa de ar quente que é mais leve, sobe, condensa e precipita. Atua sobre grandes bacias com intensidade variável. Tende a ter duração prolongada e abrange grandes áreas Processos frontais de grande extensão e duração são os que produzem inundações em grandes bacias. Interessam em projetos de obras hidrelétricas, controle de cheias regionais e navegação. (P EN A, 2 01 7. B ra sil E sc ola ) 44 Tipo Orográfica Convectiva Frontal Distribuição Relevo Localizada Generalizada Intensidade Moderada Moderada a Forte Fraca a Moderada Predominância Não há Tarde / Noite Não há Duração Média Curta a Média Média a Longa Região Serra Áreas Urbanas Sul Características das chuvas no Brasil: 45 MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIÔMETROS MANUAIS Instrumento, em geral, de operação manual, que consiste de dispositivo de recepção de água de chuva (ver figura). Possuem na extremidade inferior um registro. Para fazer-se as leituras, drena-se a água acumulada em seu interior abrindo-se o registro. As leituras são feitas na proveta pluviométrica. Em geral, são construídos de aço inoxidável e possuem no bordo superior um crivo para retenção de sujeiras, folhas e penas de aves. No Brasil, o tipo mais usualmente encontrado, é o Ville de Paris, que possui uma seção circular de intercepção de 400 cm2. 46 Posto pluviométrico Taubaté em São Paulo – foto Wagner Acciolly durante viagem com a equipe da CPRM Pluviômetro Ville de Paris (Estação Climatológica Urbana CEFET Maracanã – Rio) Proveta Pluviométrica PLUVIÔMETROS MANUAIS 47 Instrumentos de características semelhantes ao pluviômetro manual, no entanto com memória interna no data-logger que armazena os dados de precipitação, conforme a configuração desejada permitida pelo equipamento. Os pluviômetros automáticos diferem dos pluviômetros semi-automáticos na transmissão dos dados. A partir de recursos de telemetria, rádio ou internet, é possível carregar os dados a partir de sistemas computacionais, sem a necessidade de ida periódica a campo para coleta dos dados, sobretudo devido a capacidade do data- logger associado à programação do intervalo de discretização dos eventos. PLUVIÔMETROS AUTOMÁTICOS E SEMI-AUTOMÁTICOS 48 PLUVIÓGRAFOS Há vários tipos de pluviógrafos, os de bóia, os de balança e os de cuba basculante. Quando não é provido de mecanismo eletrônico para registro de dados, o aparelho é provido de um sistema mecânico de registro por uma pena em papel fixado num cilindro acoplado a um mecanismo de relógio. É comum a instalação de um pluviômetro próximo ao pluviógrafo, para os casos de falha nos mecanismos dos pluviógrafos. Pluviógrafo - Laboratório de Meteorologia do IFRJ, Maracanã – RJ Pluviógrafo - Notas de aula do Professor Emerson Galvani (LCB-USP) 49 Área da bacia = 10 km2 10km2 = 10.000.000 m2 Total = 26,4 mm 1 mm = 1litro/m2 Qual o volume de água produzido na bacia? 26,4 litro--------------------1 m2 X --------10.000.000 m2 Volume total x 0,5 = 132.000.000 litros ou 132.000 m3 Exercício 2: Uma dada bacia com área de 10 km2 recebe uma determinada precipitação registrada em pluviômetro de aproximadamente 26,4 mm. Determine o volume de água produzido na bacia, para um coeficiente de escoamento médio de 0,5. 50 Total=26,4 mm, Duração= 9h20min=9,3h, I = 2,83 mm/h Notas de aula Professor Emerson Galvani LCB USP Exercício 3: Dado o pluviograma acima, determine a intensidade pluviométrica média no período considerado. PLUVIÓGRAFOS PLUVIOMETRIA POR RADARES E SATÉLITES METEOROLÓGICOS Equipamentos de alta cobertura espacial, as estimativas de precipitação podem também ser obtidas por radares e satélites, sobretudo como alternativas para regiões agrícolas de modo a possibilitar o alcance em áreas não contempladas pela operação de redes de pluviômetros automáticos e semi-automáticos. Considerada como ferramenta essencial de previsão de chuva de curtíssimo prazo (nowcasting), radares meteorológicos pode se aliar a outros tipos de dados, como detecção de descargas elétricas, pluviômetros automáticos, estações totais robotizadas, estações hidrológicas e telemétricas. O objetivo é compor uma base completa e diversificada de monitoramento, cujo cruzamento com as áreas de risco mapeadas, torna-se base fundamental para o envio de alertas de desastres naturais. (CEMADEN, Radares Meteorológicos) http://sigma.cptec.inpe.br/radar/# http://sigma.cptec.inpe.br/radar/ 53 As grandezas características da precipitação estabelecem portanto relações entre a intensidade pluviométrica (I), a duração (D) e a frequência (F) de ocorrência de um determinado evento, de modo que auxiliam na construção de equações IDF’s de chuvas, consideradas fundamentais em projetos de obras hidráulicas, sistemas de drenagem, canalização de córregos, etc. i = intensidade pluviométrica em mm/h Tr = tempo de recorrência em anos t = tempo de duração da precipitação em minutos a, b , c e d , valores de coeficientes obtidos pra cada local RELAÇÃO INTENSIDADE - DURAÇÃO - FREQÜÊNCIA Coeficientes da IDF pelo Software Pluvio 2.1 (UFV) ftp://ftp.ufv.br/dea/GPRH/Pluvio/PluvioInstall.EXE OBSERVAÇÕES SOBRE OS PERÍODOS DE RETORNO UTILIZADOS PARA PROJETOS HIDRÁULICOS Quanto maior o período de retorno, T, maiores serão os picos de vazão, mais seguras e mais caras serão as obras. Assim, o período de retorno pode ser estabelecido com base em estudos econômicos. Barragens: 1.000 a 10.000 anos. Galerias de águas pluviais: 5 a 10 anos. Canais em terra: 10 anos. Pontes e bueiros em córregos mais importantes; e que dificilmente permitirão ampliações futuras: 25 anos. Obras em geral em pequenas bacias urbanas: 5 a 50 anos. EXEMPLO DE PERÍODOS DE RETORNO Barragem da Usina de Tucuruí no Rio Tocantins TR = 10.000 Anos (MILLER et al, 2005) 61 Exercício 3: Dado o ietograma no gráfico, determine: a) total precipitado; b) duração da chuva; c) intensidade média; d) intensidade máxima; e) intensidade média diária. Resp: a) 109 mm; b) 16 h; c) 6,8 mm/h; d) 13 mm/h; e) 4,5 mm/h t (h) P (mm) 0 1 2 3 4 3 5 5 6 6 7 8 8 10 9 13 10 11 11 9 12 7 13 6 14 11 15 8 16 5 17 4 18 2 19 1 20 21 22 23 24 3 5 6 8 10 13 11 9 7 6 11 8 5 4 2 1 0 2 4 6 8 10 12 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 PR CP (m m ) Horas 62 ESCOLHA DA LOCALIZAÇÃO DO POSTO PLUVIOMÉTRICO Geralmente dois aspectos principais são levados em consideração na escolha da localização do posto pluviométrico: um está relacionado com as questões de acessibilidade, vigilância e apoio ao local e, o outro, está relacionado com as propriedades naturais do local; como inexistência de barreiras, como árvores e prédios, que interfiram com a captação da precipitação por parte do pluviômetro ou pluviógrafo. Deve-se também observar a localização dospostos já existentes na região de estudo, de modo a maximizar a representatividade da rede hidrométrica de observação. 63 MÉDIA ARITMÉTICA É a média das alturas de precipitação registradas em vários pluviômetros. Somam-se os totais pluviométricos de mesma escala temporal de cada uma das estações e divide-se pelo número de estações. É satisfatória se os postos forem distribuídos uniformemente sobre a bacia e a altura individual de cada posto não variar mais do que 10%. DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA MÉDIA POLÍGONO DE THIESSEN São áreas de “domínio” de um posto pluviométrico. Todo interior dessas áreas considera-se a mesma altura pluviométrica do posto. Método p/ traçar os polígonos: 1) Dois postos adjacentes são ligados por um segmento de reta; 2) Traça-se a mediatriz deste segmento de reta, de modo a dividir, de um lado e do outro, as regiões de “domínio”. 64 POLÍGONOS DE THIESSEN 65 66 P=50 x 0,30 + 75 x 0,05 + 82 x 0,10 + 120 x 0,15 + 70 x 0,40 = P = 72,95mm 69 ISOIETAS De acordo com o método das isoietas, em vez de pontos isolados de precipitação determinados pelos aparelhos de medida, utilizam-se curvas de igual precipitação, cujo traçado é simples e semelhante ao das curvas de nível, onde a altura da chuva substitui a cota do terreno. A precipitação média de uma área é calculada ao ponderar a precipitação média entre isoietas sucessivas (normalmente se faz a média dos valores de duas isoietas) multiplicada pela área entre as isoietas (Ai). O total desses produtos divide-se pela área total da bacia (AT). Cálculo análogo ao da elevação média da bacia. DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA 702012 70 71 72 75 - observações marcadas em dias que não existem; - quantidades absurdamente altas; - erros de transcrição, como por exemplo com 2 decimais, no caso de proveta, que permite ler apenas 1; - soma errada do número de provetas quando a precipitação é alta; - valor estimado pelo observador por não estar no local no dia de fazer a medição; - crescimento de vegetação ou outra obstrução próximo ao posto; - danificação do aparelho; - problemas mecânicos no registro gráfico; - mudanças climáticas. ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DOS DADOS Causas de erros comuns encontrados 76 Eventualmente verifica-se na prática a existência de falhas em dados hidrometeorológicos. Os procedimentos mais simples para o preenchimento de falhas envolvem o uso de dados consistidos de postos próximos ao posto com perda de dados. Geralmente os métodos de preenchimento são aplicados na escala mensal ou anual. A agência US Environmental Data Service recomenda usar pelo menos três postos de observação localizados próximos ao posto que possui falhas. Caso a diferença entre as médias dos totais anuais entre os valores do posto com falhas e os demais for menor que 10%, adota-se a média aritmética dos valores dos outros postos para o preenchimento da falha. Caso contrário, aplicam-se os métodos da Ponderação Regional e da Regressão Linear Simples. PREENCHIMENTO DE FALHAS DE DADOS 1) Método da Ponderação Regional: onde: Px é o valor a ser estimado para o preenchimento da falha PA, PB, PC são os valores observados nos postos auxiliares A, B e C, respectivamente, no mesmo período Nx, NA, NB, NC são as médias dos totais anuais de longo termo (MLT) observados para os postos X, A, B e C respectivamente. ÷÷ ø ö çç è æ ++= C C x B B x A A x x P N NP N NP N NP 3 1 Onde: RA, RB, RC correspondem ao desvio quadrático e WA, WB, WC são coeficientes de ajuste da regressão linear. Alternativamente é também recomendada a aplicação de regressão linear múltipla, onde o valor a ser estimado para preenchimento da falha é definida como variável dependente e os valores observados nos postos auxiliares são as variáveis independentes. Nesse caso: 2) Método da Regressão Linear Múltipla: 79 O objetivo é verificar se os valores do posto em questão foram bem medidos, uma vez que erros podem ocorrer devido à alteração do local de instalação do aparelho. Outra aplicação consiste do estudo da homogeneidade hidrológica de diferentes regiões. Para isto, os dados da estação que se deseja verificar devem constituir uma reta em relação aos valores médios das outras estações. Se houver alteração da reta, significa que os dados não foram corretamente medidos ou são hidrologicamente diferentes. HOMOGENEIDADE OU CONSISTÊNCIA NOS DADOS Método de Dupla Massa 80 A análise de dupla massa consiste na observação das tendências na dispersão dos pontos em gráfico formados pelos valores acumulados dos totais anuais de precipitação num posto e a médias dos totais acumulados dos outros postos localizados na mesma região. Em geral o eixo vertical do gráfico é adotado para a representação dos valores acumulados do posto em análise. Quando obtém-se a tendência de uma reta, conclui- se que existe homogeneidade dos dados de precipitação entre o posto em análise e os demais. HOMOGENEIDADE OU CONSISTÊNCIA NOS DADOS Método de Dupla Massa Casos Típicos na aplicação do método da dupla massa 81
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