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E-BOOK GESTÃO ECONÔMICA AMBIENTAL Introdução à gestão ambiental APRESENTAÇÃO A preocupação com as questões ambientais é recente, o crescimento populacional trouxe grandes consequências e maiores demandas de recursos naturais. Gestão ambiental é um princípio de gerência empresarial que dá destaque na sustentabilidade. Assim, a gestão ambiental visa o uso de métodos e processos administrativos que visam reduzir ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas no meio ambiente. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o sistema conceitual básico da gestão ambiental e a evolução das questões ambientais ao longo da história, que motivaram as medidas de gestão atuais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o significado da gestão ambiental.• Reconhecer o surgimento e a evolução das questões ambientais, e a gestão empresarial.• Diferenciar os conceitos de gestão e gerenciamento ambientais.• DESAFIO Atualmente existem problemas ambientais em todos os níveis, desde o local até o global. Estes problemas também se manifestam nas organizações empresarias, e nelas devem ser resolvidos. Este seria o primeiro momento para a solução de todos os níveis. Numa empresa que presta consultoria na área de engenharia, verificou-se a geração de grande quantidade de resíduos sólidos que poderiam ser reciclados em suas atividades diárias, porém, nada era feito. Caso você fosse o responsável pelo setor de meio ambiente da empresa como enfrentaria esse problema? Para responder essa questão, considere os seguintes aspectos: 1. Quais práticas, que geram resíduos, poderiam ser evitadas? 2. Quais atitudes os funcionários da empresa poderiam tomar para a solução do problema? 3. Quais são os recursos que disponho para solucionar o problema? INFOGRÁFICO A gestão ambiental e o gerenciamento ambiental são as formas mais importantes de se administrar os problemas ambientais. Elas têm como foco dois grandes grupos de problemas: os relacionados à gestão pública e os chamados organizacionais, que estão relacionados aos empreendimentos privados. Veja como isso pode ser representado de forma gráfica. CONTEÚDO DO LIVRO O processo de gestão ambiental surgiu como uma alternativa para buscar a sustentabilidade dos ecossistemas antrópicos, harmonizando suas interações com os ecossistemas naturais. Para se obter essa harmonização, por meio da gestão ambiental, é necessário lidar com situações extremamente complexas. Isso envolve, na maioria das vezes, lidar com interventores ou agentes que apresentem interesses conflitantes em relação à forma de utilização de um determinado bem ambiental. Em virtude disso, foi necessária a criação, ao longo dos anos, de instrumentos de gestão ambiental de várias naturezas, como uma forma de medir essa complexidade. Leia trecho do capítulo 12 do livro Ambiente, organizado por Cibele Schwanke, e aprofunde seus conhecimentos sobre gestão ambiental. Boa leitura. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Este vídeo define gestão e gerenciamento ambientais, apresenta os instrumentos da política nacional de meio ambiente, além de abordar a gestão ambiental pública e organizacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Um dos primeiros modelos que visaram resolver alguns dos problemas ambientais foi o chamado sistema aberto. Para que tal modelo tenha sucesso, algumas premissas devem ser consideradas. Assinale a alternativa que NÃO indica uma dessas premissas. A) Suprimento inesgotável de matéria. B) Suprimento inesgotável de energia. C) Capacidade infinita do meio para reciclar matéria. D) Incorporação do reuso e a reciclagem. E) Capacidade infinita do meio para absorver energia. 2) O problema dos poluentes foi, historicamente, um sério problema ambiental, embora não existisse consciência deste fato. Na evolução das ideias acerca desta situação aparecem diferentes paradigmas em diferentes épocas. Um deles foi o da dispersão dos poluentes produzidos o mais longe possível da fonte geradora, como forma de não "sentir" as consequências desta poluição. Em que época este paradigma foi o imperante? A) Até 1970. B) Anos 1970. C) Década de 1980. D) Década de 1990. E) A partir do ano 2000. 3) A Lei no 6.803 dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição. Segundo tal legislação, as zonas de uso estritamente industrial destinam-se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais que emitem materiais que possam causar prejuízo à saúde. Tal emissão refere-se APENAS aos: A) resíduos líquidos e sólidos perigosos. B) ruídos e emanações gasosas nocivas à saúde humana. C) radiações, emanações perigosas e ruídos. D) resíduos sólidos e líquidos, gases, ruídos, emanações, vibrações e radiações perigosas. E) resíduos sólidos, líquidos e gasosos. “Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente”. (WWF Brasil. O que é desenvolvimento sustentável). 4) Assinale a alternativa que NÃO aponta uma maneira correta de promover o desenvolvimento sustentável: A) Optar por recursos naturais renováveis, tais como os ventos e a energia solar. B) Praticar a agricultura orgânica com maior freqüência, sem o uso de agrotóxicos. C) Redução da queima de combustíveis fósseis. D) Ampliação da área de cultivo agrícola em larga escala. E) Conservação das florestas e reflorestamento. 5) Entre os instrumentos definidos pela PNMA e aplicados à gestão ambiental pública, destaca-se o zoneamento ambiental que é um instrumento pontual e regional, cuja finalidade é, justamente, dividir a porção territorial em zonas, conforme os padrões característicos do ambiente e sua aptidão de uso. Sobre o zoneamento ambiental, analise os itens a seguir: I. Pode impedir a ocupação anárquica dos espaços territoriais, fazendo estes se enquadrarem em determinado padrão de racionalidade (socioeconômico-ambiental). II. Estabelece zonas climáticas que influenciam o meio ambiente brasileiro. III. Delimita geograficamente áreas territoriais, definindo diretrizes para uso da propriedade e dos recursos naturais nela existentes. IV. Estabelece normas para a seleção de áreas protegidas. V. Permite reconhecer os impactos ambientais nas diferentes regiões do país. Estão CORRETAS apenas as afirmativas: A) I e II B) I e III C) III e IV D) I e V E) IV e V NA PRÁTICA Veja a seguir uma situação em que é necessário aplicar os princípios de gerenciamento ambiental na gestão pública. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão de resíduos sólidos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Meio ambiente e sustentabilidade Para compreender melhor o assunto, leia no capítulo 16, o trecho que vai da página 375 até a 381. Sistemas de Gestão Ambiental na Indústria Alimentícia Para entender mais sobre a Percepção Ambiental acesse as páginas 11 a 30. Consciência Ambiental Veja por meio deste vídeo porque é importante prezar pela conservação do meio ambiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Princípios de um sistema de gestão ambiental APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem conheceremos os princípios de um sistema de gestão ambiental (SGA), o qual se constitui em um conjunto de procedimentos a serem adotados pela empresa com o objetivo de resolver e prevenir impactos ambientais. Para tanto, utiliza-se como base a série de normas ISO 14.000, que fornecemdiretrizes técnicas para o SGA. Estudaremos seus objetivos, sua importância e as principais normas que compõem a série ISO 14.000. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar auditoria, certificação e selos ambientais.• Definir os princípios da auditoria de acordo com a norma ISO 19.011.• Identificar selos ambientais utilizados no Brasil.• DESAFIO O mercado da construção civil passa, no momento atual, por uma desaceleração, resultado da situação econômica do País. Um dos desafios da engenharia é buscar tecnologias, materiais e insumos alternativos e sustentáveis, a fim de atrair novos clientes que buscam adquirir imóveis com diferenciais. A adoção de certificações ambientais de construção é uma das alternativas que visam dar destaque à obra, uma vez que garante que se trata de uma construção com padrões sustentáveis. Como forma de identificar as potencialidades das certificações nos projetos construtivos, realize um levantamento das principais características de três selos ambientais para construções sustentáveis: LEED, AQUA e Selo Azul da Caixa INFOGRÁFICO A auditoria ambiental deve estar baseada em princípios definidos na normatização. CONTEÚDO DO LIVRO A certificação ambiental é um diferencial para as empresas. No livro Meio ambiente e sustentabilidade, capítulo 16, são apresentados conceitos sobre certificação e selos ambientais. Boa leitura. André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 400 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) produto, desde a extração do material até a disposição final do produto; e en- coraja a exploração de alternativas mais econômicas e o desenvolvimento de produtos e tecnologias mais limpas. n Princípio do controle democrático: a pro- dução limpa envolve todos aqueles afeta- dos pelas atividades industriais, como os trabalhadores, consumidores e comuni- dades. Por esse motivo, o acesso à infor- mação e envolvimento na tomada de de- cisões sobre questões que dizem respeito à segurança e ao uso de processos e pro- dutos, por todos os interessados, ajudará a garantir o controle democrático. n Princípio da integração: a sociedade tem de adotar uma abordagem integrada para o uso de recursos naturais e o consumo. Nesse aspecto, torna-se importante o en- tendimento do conceito de avaliação do ciclo de vida dos produtos e ter acesso a informações sobre materiais, energia e pessoas envolvidas na sua fabricação. Produção Limpa (PL) implica evitar (prevenir) a geração de resíduos, com pro- fundos reflexos no comportamento da em- presa quanto ao processo, produto, embala- gens, descarte, destinação, manejo de lixo industrial e restos de produtos, comporta- mento de consumidores e política ambien- tal da empresa (Tomazela, 2007). Os demais princípios têm maior objetividade e efetivi- dade do que o compromisso de aprimora- mento da conduta ambiental proposto pela ISO 14001. Apesar de distintas quanto a de- terminados princípios, Produção Limpa (PL) e Produção Mais Limpa (P+L) defendem a prevenção de resíduos na fonte, a explora- ção sustentável de fontes de matérias-pri- mas, a economia de água e energia e o uso de outros indicadores ambientais para a in- dústria. Tecnológica e gerencialmente, o sis- tema produtivo baseado em P+L e PL supe- ra a Série ISO 14000 (Tomazela, 2007). Rotulagem ambiental A rotulagem ambiental surge com o objetivo de atender a uma demanda do mercado con- sumidor ou de usuários desejosos de infor- mações sobre os impactos ambientais de produtos e serviços específicos, como biode- gradabilidade, retornabilidade, uso de mate- rial reciclado, eficiência energética e outros (Barbieri, 2007). Ela faz parte do conjunto de normas da série ISO 14000, expresso pela ISO 14020, e está relacionada à avaliação do ciclo de vida do produto (ACV). A ACV, também referenciada pela ex- pressão do berço ao túmulo (cradle to grave), é um instrumento de gestão am- biental que considera todos os estágios de produção, identificando os aspectos am- bientais e os impactos potenciais associados de todos os componentes e processos envol- vidos, desde a retirada da natureza das ma- térias-primas elementares que entram no sistema produtivo (berço) até a disposição do produto final (túmulo) (Valle, 2009). Nessa avaliação, são considerados: a produção de energia; os processos que en- volvem a manufatura; as questões relacio- nadas com as embalagens; o transporte; o consumo de energia não renovável; os im- pactos relacionados com o uso ou aprovei- tamento e o reuso do produto ou mesmo questões relacionadas com o lixo ou recu- peração/reciclagem. Os rótulos ambientais não certificam processos, como a ISO 14001, mas linhas de produtos que devem apresentar caracterís- ticas específicas (Valle, 2009). Esses rótulos ambientais são classificados em três tipos: a) Rotulagem tipo I (ISO 14024): rótulos ou selos verdes concedidos por terceiras partes credenciadas; b) Rotulagem tipo II (ISO 14021): autode- clarações ambientais pelas quais o pro- dutor identifica seu produto por decla- Meio ambiente e sustentabilidade 401 rações como reciclado, reciclável ou bio- degradável. Essa norma faz parte do cotidiano do consumidor, por sua sim- plicidade, e apresenta grande capacida- de de crescimento no seu uso (Nakahira e Medeiros, 2009). c) Rotulagem tipo III (ISO 14025): identifi- ca e descreve informações quantitativas do produto rotulado, baseadas na ava- liação do ciclo de vida. A ISO 14025 sur- giu para estabelecer dados quantificados sobre categorias e parâmetros preesta- belecidos por uma terceira parte qualifi- cada. Ela se assemelha muito com a de Tipo I (ISO 14024), porém, seu grande diferencial está na inclusão da avaliação do ciclo de vida, que também deve ser conferido por esta ou outra entidade ha- bilitada (Nakahira e Medeiros, 2009) Seiffert (2007) aponta que a rotula- gem ambiental também tem sido designada por uma série de outros termos como: ecor- rótulos, rótulo ambiental, rótulo ecológico, selo ecológico, selo verde, ecosselos, etique- ta ecológica, selo ambiental entre outros. Os referidos selos representam marcas ou símbolos criados para orientar o consu- midor sobre a qualidade ambiental de um produto e os impactos ambientais provoca- dos por ele durante o seu ciclo de vida e, portanto, devem ser concedidos por orga- nismos de certificação independentes, que tenham credibilidade e atuem com isenção. Apesar dessa diversidade de termos para designar a rotulagem ambiental, exis- tem distinções que devem ser consideradas com relação à rotulagem ambiental e certi- ficação ambiental. A certificação ambiental é um meca- nismo que ajuda a identificar a origem e qualidade de um produto ou processo de produção e trata-se da confirmação de que determinada empresa está de acordo com os padrões previamente estabelecidos pelo órgão certificador (Nakahira e Medeiros, 2009). A partir do momento em que a certifi- cação é concedida à empresa, fica a seu cri- tério a forma de divulgação, seja na embala- gem, ou em veículos de comunicação quais- quer. Já os rótulos ambientais fornecem informações sobre o produto ou serviço, usando expressões relevantes e compreensí- veis ao usuário. As características do produ- to podem ser explicitadas mediante símbo- los, declarações ou gráficos marcados sobre o produto ou embalagem (Valle, 2009). A rotulagempode ser fornecida por uma ins- tituição de terceira parte ou mesmo pelo produtor/fabricante, por meio de autode- claração. Dois aspectos devem ser destacados sobre a adoção da rotulagem ambiental. O primeiro se refere ao aumento da competi- tividade do produto e a melhoria do seu de- sempenho financeiro e mercadológico de- vido à crescente exigência do consumidor estrangeiro. Por esse motivo, observa-se uma variedade de produtos buscando e apresentando algum tipo de rotulagem am- biental ou selo verde, como o setor movelei- ro (Jacovine et al., 2006), de cosmético (Nakahira e Medeiros, 2009), entre outros. O segundo aspecto é a contribuição da ro- tulagem para a conscientização ambiental, pelo incentivo à adesão dos demais concor- rentes às práticas socioambientais respon- sáveis, contribuindo para o estimulo à ino- vação e melhoria ambiental contínua de todo um setor (Nakahira e Medeiros, 2009). Segundo Seiffert (2007), o primeiro selo verde foi criado na Holanda em 1972; todavia o de maior repercussão surgiu na Alemanha, no ano de 1978, chamado Blue Angel (Anjo Azul), concebido pelo governo alemão. Dez anos depois, em 1988, é criada a segunda rotulagem ambiental, o Environ- mental Choice Program, conhecido popu- larmente como EcoLogo, pelo Ministério 402 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) do Meio Ambiente canadense, (Seiffert, 2007). No Brasil, a primeira iniciativa para se estabelecer um selo verde nacional foi fruto de uma parceria da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Bra- sileiro de Proteção Ambiental, em 1990. Esse selo, denominado ABNT – Qualidade Ambiental teve como objetivo estabelecer um esquema voluntário de certificação ambiental, a ser iniciado com uma catego- ria de produtos previamente selecionados (papel, calçados, eletrodomésticos, etc.), exercendo um papel de instrumento de educação ambiental no mercado interno, compatível com modelos internacionais. Além disso, apoiaria os exportadores brasi- leiros (Seiffert, 2007). Todavia, ele pratica- mente não tem sido utilizado no Brasil (CEMPRE, ABRE, 2008). O Quadro 16.6 apresenta selos e rotu- lagens ambientais adotados por diferentes segmentos como os agrícolas, industriais e de serviços: QUADRO 16.6 Exemplos de selos ambientais Selo ABNT Qualidade Ambiental Selo Blaue Engel Anjo Azul Green Seal Eco Label Europeu (Flor) Selo ecológico francês Selo Energy Star Rótulo Ecológico ABNT, iniciado em 1993, esse selo identifica produtos com menor impacto ambiental em relação a outros compatíveis, disponíveis no mercado. Está estruturado de acordo com o esboço das versões das normas ISO 14020 e ISO 14024. É um programa de terceira parte, positivo, que concede selo do Tipo I (Siqueira, 2009). Rótulo concebido pelo Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natu- reza e Segurança Nuclear da Alemanha em 1978. Esse selo considera o ciclo de vida do produto e contém a descrição da razão pela qual o selo foi con- cedido (Seiffert, 2007). Criado em 1989, corresponde à rotulagem de produtos e educação ambien- tal nos Estados Unidos. Entre os produtos e serviços avaliados, encontram-se lâmpadas fluorescentes, refrigeradores e freezers, produtos de limpeza, cos- méticos, entre outros (Green Seal, 2010). Rótulo ecológico da União Europeia (UE), criado em 1992, gerenciado pela Comissão da União Europeia para o Rótulo Ecológico (CREUE). Todos os produtos que ostentam a “Flor” foram auditados por organismos indepen- dentes quanto à sua conformidade com os critérios ambientais e critérios rigorosos padrões de desempenho (EC, 2010). É uma certificação voluntária emitida pelo AFAQ AFNOR Certification. Criada em 1991, a marca distingue os produtos que têm um reduzido impacto ambiental, sendo o selo oficial francês de certificação ecológica. Na avaliação se incluem os impactos ambientais em todo ciclo de vida do pro- duto. (NF Mark, 2010). Criado em 1992 pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) e Departamento de Energia dos Estados Unidos. O selo é conferido a produtos capazes de manter o mesmo desempenho economizando de 20 a 30% de energia. Atu- almente possui parceria com mais de 17.000 empresas do setor público e privado (Energy Star, 2010). Meio ambiente e sustentabilidade 403 QUADRO 16.6 Exemplos de selos ambientais Green Building Certificação Forest Stewardship Council (FSC) Selo IBD de certificação orgânica Selo americano da construção civil, de terceira parte, reconhecido interna- cionalmente. Alguns requisitos dos empreendimentos para a obtenção desse selo: o uso de iluminação natural; gestão de perdas e resíduos; admi- nistrações do consumo de água e energia elétrica; uso de materiais renová- veis, redução na emissão de CO2, a qualidade interna do ambiente e ideias inovadoras (USGBC, 2010). O selo FSC indica a certificação de empreendimentos e produtos da floresta. Essa certificação pode ser referente ao manejo florestal ou cadeia de custó- dia. No Brasil, o Imaflora verifica a adequação dos empreendimentos flores- tais conforme os critérios do FSC (Imaflora, 2010). Esse selo indica que a empresa certificada está em conformidade com as leis sanitárias, ambientais e trabalhistas nacionais, e que essa garantia se estende aos fornecedores de matéria-prima certificados pelo IBD. Entre os produtos orgânicos que podem ser certificados encontram-se: sucos, geleias, laticí- nios, óleos, doces, palmito, extratos vegetais secos, camarão, frango e car- nes, entre outros (IBD, 2010). ESTUDO DE CASO Redução da geração de resíduos na fabricação e montagem do arco de serra (alumínio, borracha, tinta e retrabalho) pela introdução de conceitos da qualidade (pontos de inspeção). Disponível em <http://www.senairs.org.br/cntl/> NOME DA EMPRESA: Metalúrgica Fundisul Ltda. FUNDAÇÃO: 1973 Nº DE FUNCIONÁRIOS: 18 PRINCIPAIS PRODUTOS: Peças injetadas de alumínio e zamak. MERCADO: Nacional e internacional. LOCALIZAÇÃO: Caxias do Sul / RS. Caso A empresa fornecia cerca de 500 peças/semana de Arcos de serra em alumínio injetado montados e pinta- dos com tinta epóxi para um cliente em São Paulo, que exporta para os Estados Unidos, Espanha, França e Alemanha. Muitas dessas peças apresentavam diversos defeitos de fabricação (que variavam de 10% a 94,13% da produção) que só eram detectados em São Paulo, na inspeção que o cliente fazia. As peças defeituosas eram devolvidas pelo cliente. Avaliando-se a quantidade de peças defeituosas que retornavam, conversou-se com a empresa sobre a necessidade de introduzir pontos de inspeção na linha de montagem, a fim de evitar o desperdício de produção. 404 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) REFERÊNCIAS AFNOR CERTIFICATION. The NF Environnement Mark. Paris: AFNOR, [200-]. Disponível em: <http:// www.marque-nf.com/pages.asp?ref=gp_reconnaitre_nf_ nfenvironnement&Lang=English>. Acesso em: 3 jul. 2010. Apresenta informações sobre procedimentos e produtos relacionados à certificação francesa NF Environment. BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. BITAR, O. Y.; ORTEGA, R. D. Gestão ambiental. In: OLI- VEIRA, A. M. dos S.; BRITO, S. N. A. de (Ed.). Geologia de engenharia. São Paulo: ABGE, 1998. p. 499-508, cap. 32. BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS E BOLSA DE VALORES DO ESTADO DE SÃO PAULO. Sobre a bolsa. São O cliente solicitou um aumento de produção para avaliar a capacidade produtiva da empresa. A em- presa conseguiu produzir 1.500 peças/semana, gerando de 91% à 97% de defeitos. Com esse índice de rejeição, o cliente veio verificar in loco as condições da produção. Nessa visita, veio a solicitação do cliente para que esse fornecimento passasse para 2.000 peças por semana, (em função das exportações). PROCEDIMENTO ADOTADO: Realizou-se um controle de qualidade das peças fornecidas, por meio do início de um trabalho de categorização e quantificação de defeitosque possibilitou a identificação dos pontos cruciais de produção com redução da geração de rejeitos. INVESTIMENTO: Não houve investimento. BENEFÍCIO ECONÔMICO ANUAL: R$ 58.560,00. BENEFÍCIO AMBIENTAL ANUAL: n eliminação de resíduo de borracha: 1.080 kg de borracha/ano; n redução de resíduo de alumínio: 2.199 kg alumínio/ano; n redução de consumo de tinta em 1,65%; n redução do uso de energia elétrica (por não necessitar de refundir as peças) – não medido. ESTUDO DE CASO Rotulagem ambiental no setor de cosméticos (Nakahira e Medeiros, 2009) A Natura S/A é uma empresa brasileira de produtos cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal. Além de no Brasil, essa empresa está presente na Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela, México, Bolívia e França. A Natura realiza diversos programas voltados à minimização dos impactos ambientais, sobretudo nos locais de extração da matéria-prima, por meio da certificação de práticas de manejo florestal sustentá- vel e outros procedimentos, como o uso de embalagens recicláveis, redução da emissão de CO2, avaliação do ciclo de vida das embalagens no processo de desenvolvimento de produtos, etc. (Nakahira e Medeiros, 2009). A Tabela Ambiental da empresa é um tipo de autodeclaração divulgada pela Natura, na qual são demonstrados dados sobre a origem e o destino do produto. Essa tabela foi inspirada naquelas relaciona- das a informações nutricionais de produtos alimentícios. Ela possui caráter neutro, uma vez que as informa- ções fornecidas nem sempre são favoráveis, o que, com frequência, não reflete o que o consumidor espe- ra. A linha Ekos apresenta as seguintes informações no contrarrótulo dos produtos: n Origem vegetal renovável: parte da formulação teve sua origem de fonte vegetal e, se cultivada ou ex- traída de forma sustentável, é renovável. n Vegetal natural: parte da formulação que teve sua origem de fonte vegetal e que não sofreu modifica- ções em processos químicos. n Com certificação de origem: parte da formulação que teve sua origem certificada e verificada por insti- tuição independente. Tal certificação comprova que as condições de plantio e extração são realizadas de forma sustentável. n Material reciclado: parte da embalagem onde foi utilizado material reciclado pós-consumo, ou seja, ma- terial que fora utilizado em algum produto e que, posteriormente, foi reprocessado; n Material reciclável: parte da embalagem que é possível reciclar depois do seu uso; n Número recomendado de refilagens: indica o número de vezes que a embalagem original pode ser re- filada. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Assistindo ao vídeo a seguir, poderemos analisar os princípios e os tipos de auditoria ambiental! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre auditoria ambiental, é CORRETO afirmar que: A) A auditoria ambiental consiste em processo sistemático de inspeção, análise e avaliação das condições de uma empresa em relação a fontes de poluição. B) O sistema de gestão ambiental não depende da auditoria para poder evoluir em melhoria contínua. C) A auditoria ambiental visa a melhorar práticas gerenciais e reduzir o risco de processos judiciais, mas não diminui os custos ambientais da empresa. D) O termo "auditoria ambiental" é usado somente para a auditoria interna independente. E) A auditoria ambiental constitui um critério de análise de investidores e acionistas sobre o passivo ambiental da empresa e, dessa forma, pode fazer projeções emergenciais. 2) O objetivo da auditoria ambiental define sua classificação. Dentre as categorias apresentadas, aponte a INCORRETA. A) Auditoria de conformidade legal: avalia a adequação à legislação e aos regulamentos aplicáveis. B) Auditoria de desempenho ambiental: verifica a conformidade com a legislação, os regulamentos e os indicadores de desempenho ambiental. C) Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental: avalia o cumprimento dos princípios estabelecidos no SGA. D) Auditoria de cadeia produtiva: avalia toda a cadeia produtiva. E) Auditoria pontual: objetiva avaliar as causas e os responsáveis de acidentes ambientais. 3) A certificação ambiental é concedida a empresas que, nos processos de geração de produtos, respeitam os dispositivos legais referentes às questões ambientais e apresentam determinados procedimentos exigidos pelo órgão certificador. Sendo assim, assinale a alternativa CORRETA. A) A certificação ambiental pode ser concedida apenas para empresas que geram produtos. B) Depois de concedida a certificação, a empresa não precisa se preocupar com sua renovação e reavaliação. C) A certificação ambiental visa ao uso de práticas e métodos administrativos que reduzem ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas. D) Para ser concedida a certificação ambiental, basta os funcionários estarem de acordo com todas as normas. E) O objetivo principal a ser alcançado por empresas que pretendem conseguir a certificação ambiental é com a qualidade ambiental de todo seu processo de produção, transporte e comercialização. Diretrizes básicas de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Para a maior parte das 4) empresas, obter esta certificação é suficiente para demonstrar o comprometimento com práticas sustentáveis e mesmo exportar seus produtos para o exterior. Ao permitir o estabelecimento de um SGA, torna-se uma importante ferramenta em busca do desenvolvimento sustentável na empresa, além de ser um excelente auxiliar no cumprimento de legislações ambientais. A afirmação anterior se refere a: A) ISO 14.001. B) Logística reversa. C) ABNT NBR 16.001. D) Lei nº 12.651/2012 Política Nacional do Meio Ambiente. E) A Lei nº 12.305/2010. 5) O selo verde auxilia a comunicar as ações de responsabilidade ambiental tomadas por uma empresa para clientes e fornecedores. Sobre o Selo Verde, assinale a alternativa INCORRETA. A) É uma certificação de produtos que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos disponíveis no mercado. B) O selo verde/rotulagem ambiental podem ser Rotulagem Tipo I (ISO 14024), em que os ro ́tulos ou selos verdes são concedidos por terceiras partes credenciadas. C) Na Rotulagem Tipo II (ISO 14021), o produtor identifica seu produto por declarações como reciclado, reciclável ou biodegradável. D) O selo verde identifica os produtos que causam mais impacto ao meio ambiente em relação aos seus similares. E) A Rotulagem Tipo III (ISO 14025) identifica e descreve informações baseadas na avaliação do ciclo de vida. NA PRÁTICA A rotulagem ambiental busca informar aos compradores sobre os impactos ambientais causados pelos produtos e serviços que adquire. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Auditoria ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cidades e soluções - certificação ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Inmetro cria programa de rotulagem ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Comparação entre os critérios de avaliação envolvidos nos sistemas de certificação de edificações AQUA e LEED for Schools Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Uma análise das práticas de Green Supply Chain Management e certificação ISO 14001 no setor automobilístico brasileiro Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Percepções de gestores sobre as contribuições do processo de certificação ISO 14001 nas práticas de gestão ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Avaliando impactos ambientais APRESENTAÇÃO As atividades humanas produzem impactos no meio ambiente. Muitas vezes, achamos que esses impactos sempre são negativos e, realmente, estes são os mais preocupantes. Noentanto, também produzimos impactos positivos, como a recuperação de uma área degradada, a geração de emprego em um novo empreendimento, etc. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os impactos ambientais em geral, tema muito importante na gestão ambiental. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as etapas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).• Apontar as características do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). • Reconhecer os métodos utilizados para avaliar os impactos ambientais.• DESAFIO Pode-se dizer que há impacto ambiental quando uma atividade produz uma alteração no meio ou em qualquer um de seus componentes. Analisar os impactos ambientais é qualificar e quantificar estas alterações, avaliando a qualidade ambiental com e sem determinada ação ou empreendimento. Para resolver este desafio, considere a seguinte situação: Uma oficina mecânica é, evidentemente, um empreendimento pequeno. Ela não precisa realizar Estudo de Impacto Ambiental para começar a funcionar, mas, sem dúvidas, provoca alguns impactos (físico, biológico e social) no meio ambiente, mesmo que de baixa magnitude. Determine alguns desses impactos e responda se existe alguma medida mitigatória, ou seja, uma medida que tente, pelo menos, minimizá-los. Lembre-se de que os impactos também podem ser positivos. INFOGRÁFICO Observe neste infográfico uma síntese das características das licenças ambientais necessárias à execução de um projeto. CONTEÚDO DO LIVRO Para saber mais sobre a avaliação de impactos ambientais, leia no Capítulo 8, do livro Ambiente: tecnologias, organizado por Schwanke, os seguintes aspectos: • Política Nacional do Meio Ambiente. • Características das licenças ambientais. • Processo de avaliação de impacto ambiental. • Utilização de métodos de avaliação de impactos ambientais. • Utilização de indicadores para o diagnóstico e/ou monitoramento. Boa leitura. DICA DO PROFESSOR O vídeo da Dica do professor apresenta os aspectos principais que compõem a avaliação de impacto ambiental, principalmente revisando o que é um impacto ambiental e quais os tipos de impactos ambientais, e aborda conceitos importantes, como o licenciamento ambiental (incluindo as principais licenças). Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) (ENEM 2006). A produção industrial de celulose e de papel está associada a alguns problemas ambientais. Um exemplo são os odores característicos dos compostos voláteis de enxofre (mercaptanas) que se formam durante a remoção da lignina da principal matéria-prima para a obtenção industrial das fibras celulósicas que formam o papel: a madeira. É nos estágios de branqueamento que se encontra um dos principais problemas ambientais causados pelas indústrias de celulose. Reagentes como cloro e hipoclorito de sódio reagem com a lignina residual, levando à formação de compostos organoclorados. Esses compostos, presentes na água industrial, despejada em grande quantidade nos rios pelas indústrias de papel, não são biodegradáveis e acumulam-se nos tecidos vegetais e animais, podendo levar a alterações genéticas. (Celênia P. Santos et al. Papel: como se fabrica? In: Química nova na escola, n. 14, nov./2001, p. 3-7 - com adaptações). Para diminuírem os problemas ambientais decorrentes da fabricação do papel, é recomendável: A) A criação de legislação mais branda, a fim de favorecer a fabricação de papel biodegradável. B) A diminuição das áreas de reflorestamento, com o intuito de reduzir o volume de madeira utilizado na obtenção de fibras celulósicas. C) A distribuição de equipamentos de desodorização à população que vive nas adjacências de indústrias de produção de papel. D) O tratamento da água industrial, antes de retorná-la aos cursos d'água, com o objetivo de promover a degradação dos compostos orgânicos solúveis. E) O recolhimento, por parte das famílias que habitam as regiões circunvizinhas, dos resíduos sólidos gerados pela indústria de papel, em um processo de coleta seletiva de lixo. 2) O processo de licenciamento estabelece três licenças ambientais: a licença prévia, a licença de instalação e a licença de operação. Das seguintes proposições, assinale a alternativa INCORRETA sobre a licença prévia: A) É solicitada na fase preliminar de planejamento do empreendimento. B) Estabelece os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de instalação e operação. C) Estabelece as condições para o empreendedor seguir adiante com a elaboração do projeto. D) É indispensável para solicitar financiamentos e incentivos fiscais. E) Autoriza o início da obra/empreendimento. 3) Uma das classificações dos impactos ambientais os define como permanentes e temporários. Entre as alternativas, marque aquela que apresenta um impacto que pode ser considerado permanente: A) Geração de ruídos em uma exploração mineral. B) Geração de resíduos líquidos poluentes. C) Alagamento de uma área para a construção de uma hidrelétrica. D) Geração de emprego e renda. E) Destruição da vegetação em uma exploração mineral. 4) A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) são exigências para o licenciamento de diversas atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio. Sua obrigatoriedade foi fixada pela Constituição Federal de 1988, artigo 225, inciso IV. Analise os empreendimentos a seguir: I. Ferrovias. II. Projetos urbanísticos em áreas de até 50 hectares (ha). III. Linhas de transmissão elétrica de qualquer intensidade. IV. Empreendimento potencialmente lesivo ao patrimônio espeleológico. V. Oleodutos, gasodutos e minerodutos. Segundo as leis brasileiras, assinale a alternativa que indica, dos itens mencionados, aqueles que estão sujeitos ao EIA/RIMA: A) Apenas I, II, e III. B) Apenas I, III e IV. C) Apenas I, IV e V. D) Apenas II, III e V. E) Apenas III, IV e V. 5) (ENEM 2000) No ciclo da água, usado para produzir eletricidade, a água de lagos e oceanos, irradiada pelo Sol, evapora-se dando origem a nuvens e se precipita como chuva. É então represada, corre de alto a baixo e move turbinas de uma usina, acionando geradores. A eletricidade produzida é transmitida através de cabos e fios e é utilizada em motores e outros aparelhos elétricos. Assim, para que o ciclo seja aproveitado na geração de energia elétrica, constrói-se uma barragem para represar a água. Entre os possíveis impactos ambientais causados por essa construção, devem ser destacados: A) Aumento do nível dos oceanos e chuva ácida. B) Chuva ácida e efeito estufa. C) Alagamentos e intensificação do efeito estufa. D) Alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora. E) Alteração do curso natural dos rios e poluição atmosférica. NA PRÁTICA Existem empreendimentos que são obrigados a desenvolver o EIA/RIMA, mas isso depende do seu tipo e de sua magnitude. Podemos citar, como exemplo, a exploração de minério, as vias férreas, as rodovias, as indústrias de grande porte, dentre outros. Veja a seguir os possíveis impactos que podem ser causados por uma mineradora de exploração de minério de ferro e as medidas cabíveis para minimizá-los. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Avaliação do impacto ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Avaliação de Impacto Ambiental: Eia e Rima como instrumentos técnicos e de gestão ambiental Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O impacto ambiental das atividades humanas APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as questões ambientais por trás dos principais problemas que a sociedade enfrenta atualmente emvirtude de suas atividades diárias. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a questão ambiental atual.• Construir o conceito de meio ambiente.• Identificar as consequências das atividades humanas sobre o meio ambiente.• DESAFIO Você já parou pra pensar no que acontece com o planeta? Cada vez mais vemos acontecimentos extremos como tufões, inundações de grandes magnitudes, aquecimento global, invernos e verões cada vez mais rigorosos e em épocas inesperadas. Será que a Terra mudou? E a discussão sobre o uso de nossos recursos naturais e sua inesgotabilidade? Será que são inesgotáveis? Será que todos nós somos responsáveis por estes acontecimentos? Qual a relação entre minha vida, meu trabalho, minhas atitudes e minhas ações com a sociedade e o ambiente em que vivo? Estamos em meio a crise hídrica, crise energética, entre outras... Posso desperdiçar estes recursos? A água, recurso precioso à vida... O que acontece com ela quando a descarto? E o lixo de minha casa? Você sabe o caminho que ele faz da sua casa até o local onde é descartado? A empresa que você trabalha respeita o meio ambiente e a comunidade da qual faz parte? Sou um poluidor em potencial? Será que você não faz a mínima diferença para estas questões? O que você acha? Para resolver este desafio, você deverá refletir sobre o seu dia a dia e a sua relação com o meio ambiente. O que você consome ao longo dele? Faça uma lista daquilo que consome regularmente e nos bens que você compra. Após fazer a sua lista, vamos calcular a sua pegada ecológica (método que contabiliza a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais). Veja a definição completa em: Pegada Ecológica? O que é isso? Leia aqui Agora, vamos ver como você está se saindo no consumo de recursos naturais. No link a seguir, confira sua pegada ecológica. Footprint Calculator Leia aqui Após calcular a sua pegada ecológica, desenvolva um texto no qual você deverá descrever aquilo que consome, o seu grau de consumo (baixo, médio e alto) e as consequências deste consumo no seu dia a dia e na sua comunidade. Além disso, pensando sobre o meio ambiente, complemente o seu texto refletindo sobre o seu conceito e o papel que você exerce nele. Para tal, acesse o link a seguir e veja o conceito legal de meio ambiente. O que é meio ambiente? Leia aqui INFOGRÁFICO O Infográfico apresenta as relações da sociedade, suas atividades e o meio ambiente. Onde você se encontra nestas relações? https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_ecologica/ http://www.suapegadaecologica.com.br/ http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2014/09/o-que-e-meio-ambiente CONTEÚDO DO LIVRO A relação do homem e da sociedade para com o ambiente pode ser entendida através da compreensão das consequências das atividades humanas sobre o ambiente e deste sobre a saúde da população. Acompanhe os trechos dos capítulos 1 e 7 do livro Meio Ambiente e Sustentabilidade, organizado por André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto e Viviane Moschini-Carlos. Esta obra foi escolhida como base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. André Henrique Rosa Leonardo Fernandes Fraceto Viviane Moschini-Carlos Organizadores M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] / Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2012. Editado também como livro impresso em 2012. ISBN 978-85-407-0197-7 1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini- Carlos, Viviane. CDU 502-022.316 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 INTRODUÇÃO Nos últimos 50 anos, devido ao elevado crescimento populacional associado à busca por melhor qualidade de vida, ocorreu um aumento na produção industrial e agrícola caracterizada pela intensa fabricação e utili- zação de compostos químicos sintéticos (inseticidas, herbicidas, plásticos, entre ou- tros). Seja de maneira natural ou antrópica, os resíduos gerados por esses compostos aportam aos recursos hídricos com conse- quente alteração da qualidade da água. Por ser um recurso natural de fonte esgotável, a Organização Mundial da Saúde estima que a água se tornará cada vez mais uma fonte de tensão e competição por parte de diversas nações, fazendo com que os pro- blemas referentes à deterioração da quali- dade da água se tornem objeto de preocu- pação. O conhecimento e a compreensão das fontes de poluição, interações e efeitos dos poluentes aquáticos são essenciais para o controle destes em um ambiente seguro e economicamente sustentável. O planeta Terra é o único do nosso sistema solar que apresenta moléculas de água na forma líquida, na maior parte da superfície, sendo 97,5% da água existente no planeta, marinha, enquanto apenas 2,5% restantes são de água doce. Ressalta-se que a maior parcela dessa água doce (68,9%) forma as calotas polares, geleiras e neves. Os 29,9% restantes constituem as águas sub- terrâneas. A umidade dos solos e as águas dos pântanos representam cerca de 0,9% do total, e a água de rios e lagos aproximada- mente 0,3% (Rebouças et al., 2006). De acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura (UNESCO), du- rante a terceira edição do Fórum Mundial da Água ocorrido em Kyoto em 2003, o Brasil é o país mais rico do mundo em recursos hí- 1 Poluição aquática SONIA DOS SANTOS, LUCIANA CAMARGO DE OLIVEIRA, ADEMIR DOS SANTOS, JULIO CÉSAR ROCHA e ANDRÉ HENRIQUE ROSA Objetivos do capítulo Neste capítulo são abordadas as principais fontes e tipos de poluição em sistemas aquáticos, destacando as características e propriedades dos principais contaminan- tes orgânicos, inorgânicos e emergentes em águas superficiais e subterrâneas. Os aspectos gerais relacionados ao transporte, à reatividade e aos processos que os poluentes podem sofrer no corpo hídrico são discutidos, assim como a preocupa- ção atual em relação à contaminação de águas subterrâneas. 18 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) dricos, com 6,2 bilhões de m3 de água doce (17% do total disponível no planeta) (Água: Fórum Econômico Mundial, 2008). Sabe-se, porém, que a distribuição de água em nosso país é bastante desigual, pois a maior parte desse recurso está disponível em regiões com baixa densidade populacional (região norte), sendo frequentes os problemas de abastecimento nas regiões mais populosas (grandes capitais da região sudeste). A água própria para o consumo huma- no se chama água potável e, para ser conside- rada como tal, ela deve obedecer a certos pa- drões de potabilidade necessitando muitas vezes de tratamento para se adequar ao con- sumo. Os métodos vão desde a simples fer- vura até operações mais complexas. A água potável e de boa qualidade é fundamental para a saúde dos seres huma- nos (o corpo humano é constituído por 70 a 75% de água e, na ausência dela, alguns órgãos vitais deixam de funcionar), entre- tanto, a maioria da população mundial não tem acesso a esse bem precioso. Apesar da importância da água para os seres humanos, ela também é considera- da um dos meios mais comuns de transmis- são de doenças. Se a água que utilizamos, seja para aliviar a sede ou para regar os ali- mentos, não apresentar a qualidade neces- sária, estes serão igualmente infectados e, consequentemente, o corpo que os ingere será alvo de inúmeras doenças. O Quadro 1.1 apresenta algumas doenças infecciosas de veiculação hídrica. Muitas das doenças transmitidas por veiculação hídrica podem ser prevenidas por um tratamento adequado da água antes de seu uso. As estações de tratamento de água se utilizam de vários procedimentos como a decantação, a filtração, além da clo- raçãopara eliminar os microrganismos causadores de doenças. DEFINIÇÃO, FONTES E TIPOS DE POLUIÇÃO A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei No 6.938, de 31 de agosto de 1981) defi- ne como poluição: (...) a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indi- retamente: a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população. QUADRO 1.1 Doenças de veiculação hídrica DOENÇAS TRANSMISSÃO PREVENÇÃO Cólera, febre tifoide Contaminação no Desinfecção adequada sistema de distribuição Sarna, infecções Falta de água suficiente para Provisão de quantidades suficientes para oculares, diarreia um consumo adequado banhos e limpezas gerais Esquistossomose Invertebrados aquáticos Distribuição de água potável, e educação sanitária Malária, febre Organismos patogênicos Aplicação de inseticidas, evitar acúmulo amarela, dengue de água em recipientes abertos, drenar áreas inundadas e evitar saturação de áreas agrícolas Meio ambiente e sustentabilidade 19 b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas. c) Afetem desfavoravelmente a biota. d) Afetem as condições estéticas ou sanitá- rias do Meio Ambiente. e) Lancem matéria ou energia em desacor- do com os padrões ambientais estabeleci- dos (art.3o, III). A poluição das águas é consequência principalmente de atividades humanas (an- trópicas) como: lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento prévio. Condições geoquímicas específicas, como chuvas e atividade vulcânica, também podem elevar a concentração de alguns compostos em determinado ecossistema podendo causar problemas locais (poluição natural). A poluição aquática pode ser classifi- cada em: n Poluição térmica: proveniente do des- carte nos rios de grandes volumes de água aquecida utilizada em processos de refrigeração em refinarias, siderúrgi- cas e usinas termoelétricas. Como con- sequências têm-se: diminuição do tem- po de vida de espécies aquáticas e altera- ção nos ciclos reprodutivos, diminuição da solubilidade dos gases, inclusive a concentração de oxigênio dissolvido di- ficultando a respiração de peixes e ani- mais aquáticos. O aumento de tempera- tura também pode potencializar a ação de poluentes presentes na água, pois au- menta a velocidade das reações, bem como a solubilidade de compostos. n Poluição sedimentar: se dá mediante o acúmulo de partículas em suspensão (partículas de solo e/ou produtos quí- micos orgânicos ou inorgânicos insolú- veis). Tais partículas bloqueiam a entra- da de raios solares na lâmina d’água, in- terferindo na fotossíntese de plantas aquáticas, podendo também carregar poluentes químicos e biológicos absor- vidos em sua superfície. O assoreamento dos corpos d’água é uma das consequências mais graves da poluição sedimentar e deve ser evitado com medidas preventivas no controle da erosão. n Poluição biológica: resulta da presença de microrganismos patogênicos causa- dores de doenças que se encontram fre- quentemente presentes nos excrementos humanos e animais, tais como: a) Bactérias: provocam infecções intesti- nais epidêmicas e endêmicas (febre tifoide, cólera, leptospirose); b) Protozoários: amebíase e giardíase; c) Vírus: provocam hepatites e infecções nos olhos; d) Verminoses: esquistossomose. Por meio de águas residuárias, os mi- crorganismos aportam em corpos aquá- ticos receptores podendo contaminar outros indivíduos. Medidas de saúde pública como desinfecção da água desti- nada ao consumo humano, coleta e tra- tamento de efluentes (esgotos) têm sido adotadas visando minimizar os efeitos de tais doenças. n Poluição radioativa: a existência de ra- dioatividade natural na água não traz efeitos nocivos para a saúde por apre- sentar níveis muito baixos. A poluição por resíduos radioativos lançados ao mar, afundamento de arsenais nuclea- res, explosões atômicas submarinas ou fugas radioativas, po rém, têm consequ- ências graves. Em geral, os tecidos mais prejudicados pela radiação são os que se reproduzem em velocidade rápida, como a medula óssea, os tecidos forma- dores do sangue e os nódulos linfáticos. Compostos radioativos não apresentam cor, sabor e odor na água, sen do de difí- cil detecção e, geralmente, o principal efeito da exposição prolongada a baixas doses de radiação é o câncer. n Poluição química: causada pela presença de compostos químicos indesejáveis, tais como: 20 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) a) Compostos biodegradáveis: produtos químicos que, após determinado tem- po, são decompostos pela ação de bac- térias. Alguns exemplos desses contami- nantes são: matéria orgânica, sabões, proteínas, carboidratos e gorduras. b) Compostos persistentes: milhões de toneladas de compostos químicos são produzidos e utilizados mundial- mente na produção de plásticos, fi- bras sintéticas, tintas, borracha, sol- ventes, agroquímicos, agentes preser- vantes em geral, entre outros. Em função de sua estrutura química, são muito estáveis (resistentes), caracte- rística desejável que torna tais com- postos de grande utilidade. Tal pro- priedade, porém, tem se tornado um grave problema ambiental visto que esses compostos não se degradam fa- cilmente. Os efeitos de tais compos- tos sobre a biota aquática estão sendo estudados e muitos ainda são desco- nhecidos, particularmente no caso de exposições prolongadas a concen- trações muito baixas (toxicidade crô- nica) podem ser mutagênicos, carci- nogênicos ou teratogênicos (proble- mas em recém-nascidos), podendo ainda causar disfunções nos rins e fí- gado, esterilidade e problemas neu- rológicos. Os poluentes alcançam águas superfi- ciais e subterrâneas de diversas formas, que podem ser classificadas para efeitos de legislação como: n Fontes pontuais: são fontes de fácil iden- tificação e monitoramento. É possível identificar a composição dos resíduos, bem como prever seu impacto ambien- tal e responsabilizar o agente produtor. Como exemplos, pode-se citar: a descar- ga de efluentes de indústrias e de esta- ções de tratamento água/efluentes. n Fontes difusas: apresentam característi- cas diferenciadas e se espalham por inú- meros locais sendo difíceis de serem de- terminadas em função das característi- cas intermitentes de suas descargas e da abrangência sobre extensas áreas. As ati- vidades agrícolas, deposições atmosféri- cas, os resíduos de construção civil são exemplos de fontes difusas de poluição. POLUENTES AQUÁTICOS Efluente (esgoto) é o termo usado para as águas que, após a utilização humana, apre- sentam as suas características naturais alte- radas. São constituídos por excretas huma- nos (fezes e urina) e água de origem domés- tica, comercial e industrial. Um dos principais problemas enfren- tados pelo Brasil, no que diz respeito à pre- servação de seus recursos hídricos, é a po- luição por efluentes domésticos, apesar de ser bastante difundida a crença de que os efluentes industriais sejam os grandes res- ponsáveis pela degradação de tais recursos (Rocha et al., 2009). O Brasil apresenta um quadro bastan- te crítico com relação à coleta e tratamento de efluentes. A população brasileira estima- da pelo IBGE em 2007 é de 183.987.291 de habitantes, distribuídos em 5.564 municí- pios. As Figuras 1.1 e 1.2 mostram a situa- ção do Brasil com relação ao tratamento e coleta de efluentes. Com relação ao tratamento de efluen- tes, dos 184 milhões de brasileiros apenas 59,8 milhões (32,5%) têm seus efluentes tra- tados, enquanto a maioria, 124,2 milhões (67,5%) não é beneficiada com o sistema de tratamento como mostra a Figura 1.2. Na Figura 1.3 tem-se um panorama nacional mostrando o índice de atendimen- to de efluentes em 2007, tal parâmetro indica apenas o percentual de efluente coletado, não incluindo o tratamento do mesmo. Meio ambiente e sustentabilidade 21 No Brasil, os sistemas locais de trata- mento de efluentes ainda são caracterizados principalmente pelo uso de fossase sumi- douros. Tais procedimentos são utilizados nas zonas rurais, onde a densidade popula- cional é baixa, e na zona urbana, principal- mente nas periferias, onde o nível socioeco- nômico da população é baixo, não existindo rede pública para coleta e tratamento de efluentes. De maneira geral, os poluentes aquáti- cos podem ser divididos em categorias. No caso de efluentes domésticos os principais poluentes são: matéria orgânica e organis- Figura 1.1 Coleta de efluentes no Brasil. Fontes: IBGE e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2007. Sem coleta de esgotos efluentes 77,3 milhões 42% 106,7 milhões 58%Com coleta de esgotos Figura 1.2 Tratamento de efluentes no Brasil. Fontes: IBGE e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2007. 59,8 milhões 32,5%124,2 milhões 67,5% Sem tratamento dos efluentes gerados Com tratamento dos efluentes gerados 22 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) mos patogênicos. Com relação aos efluentes industriais, a contaminação, além da maté- ria orgânica, envolve espécies metálicas (es- senciais e/ou potencialmente tóxicas) e compostos organossintéticos. O Quadro 1.2 apresenta a classificação dos poluentes aquáticos discutidos neste capítulo e os possíveis efeitos que podem causar ao am- biente. Poluentes inorgânicos Metais: essencialidade X toxicidade Os metais apresentam propriedades físicas comuns como: maleabilidade, ductibilida- de, conduzem eletricidade e calor, além de, via de regra, serem sólidos (com exceção do Figura 1.3 IN056 – Índice de atendimento total de esgotos no Brasil. Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, 2007. Índice de atendimento total de efluentes < 10,0% 10,0 a 20% 10,0 a 20% 40,1 a 70% > 70% Meio ambiente e sustentabilidade 23 mercúrio que é líquido). Algumas caracte- rísticas químicas também são comuns aos metais, dentre elas podemos citar: presença de 1 a 4 elétrons no orbital mais externo, baixo potencial de ionização com formação de cátions por perda de elétrons, são bons agentes redutores, apresentam estados de oxidação positivos, reatividade frente a áci- dos, formam óxidos básicos e halogenetos iônicos (Atkins, 2006). Os metais se diferenciam dos poluen- tes orgânicos por serem não degradáveis podendo se acumular nos diversos compar- timentos ambientais influenciando em sua toxicidade. São amplamente utilizados na indústria, particularmente na laminação de metais, estando também presentes nas for- mulações de pesticidas e até mesmo em me- dicamentos podendo ser utilizados em pig- mentos, esmaltes, tintas e corantes. Devido ao vasto espectro de utilização, tais elementos podem chegar aos sistemas aquáticos mediante várias fontes sendo em sua maioria transportados de um lugar a outro por via aérea, como gases ou espécies adsorvidas sobre ou absorvidas no material particulado em suspensão. A persistência dos metais no ambiente garante os efeitos ao longo do tempo ou de longo prazo mesmo depois de interrompidas as emissões. As fontes de metais para o ambiente podem ser de origem natural (geoquímica) ou antrópica. Muitos metais presentes no ambiente são originários de rochas sendo extraídos por processos naturais (atividades geológicas) como: intemperismo e vulca- nismo. Em relação às atividades antrópicas (oriundas de ações humanas), as principais fontes de poluição por metais são: minera- ção, efluentes industriais, domésticos e agrí- colas (Alloway e Ayres, 1997). Além dessas fontes, os metais podem se distribuir no ambiente devido a: a) impurezas em fertilizantes: cádmio, cro- mo, molibdênio, chumbo, urânio e va- nádio (cádmio e urânio em fertilizantes fosfatados); b) formulação de pesticidas: cobre, mercú- rio, chumbo, manganês, zinco (cobre, zinco e manganês em fungicidas); c) preservativos de madeira: cobre e crômio. QUADRO 1.2 Classificação e efeitos ao ambiente por poluentes aquáticos. CLASSES DE POLUENTES EFEITOS AO AMBIENTE Poluentes inorgânicos Espécies metálicas essenciais Alterações na biota aquática e toxicidade Espécies metálicas potencialmente tóxicas Alterações na biota aquática e toxicidade Amônia, cianeto, compostos de enxofre Alterações na biota aquática e toxicidade e dióxido de carbono Fosfatos e nitratos Eutrofização Poluentes orgânicos Tensoativos: sabões e detergentes Eutrofização, alterações na biota, alterações estéticas Petróleo e BTX Alterações na biota, alterações estéticas Interferentes endócrinos Efeitos biológicos Bifenilas policloradas Toxicidade e efeitos biológicos Pesticidas Toxicidade e efeitos biológicos Dioxinas Toxicidade e efeitos biológicos 24 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) d) dejetos da produção intensiva de porcos e aves: cobre e zinco. A toxicidade do metal está diretamen- te relacionada à dose ou tempo de exposi- ção, à forma físico-química do elemento e da via de administração, podendo esses me- tais serem classificados de acordo com o grau de toxicidade em metais essenciais ou potencialmente tóxicos. Metais essenciais são importantes para a vida vegetal e animal em baixas concen- trações se tornando tóxicos quando encon- trados em altos níveis: sódio, potássio, cál- cio, cobre, ferro e zinco são exemplos de metais essenciais. Tais espécies químicas são utilizadas para manter funções fisiológicas vitais e sua deficiência impede um ciclo de vida normal, pois muitos estão presentes em proteínas que exercem funções biológi- cas importantes como é o caso do ferro na hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio pelo corpo humano. Alguns metais, no entanto, não apre- sentam nenhuma função fisiológica conhe- cida sendo denominados não essenciais, muitos deles como: chumbo, mercúrio e ar- sênio são considerados potencialmente tó- xicos, pois os organismos vivos tendem a ser tolerantes na presença de baixas concen- trações, se tornando tóxicos e até letais em altas concentrações. Um aspecto importante a ser consi- derado quando nos referimos aos metais diz respeito à forma físico-química na qual se encontram em solução, sendo tal consi- deração denominada especiação química. A compreensão da especiação de um ele- mento metálico é fundamental, pois in- fluencia diretamente as propriedades, a biodisponibilidade e a toxicidade dos mes- mos tanto em águas naturais como em águas residuárias. Os metais potencialmente tóxicos estão entre os mais perigosos poluentes aquáti- cos, principalmente pelas altas concentra- ções em que podem ser encontrados em águas superficiais e/ou subterrâneas, bem como pela sua capacidade de se acumular ao longo da cadeia trófica. Em geral, são metais de transição e alguns elementos re- presentativos como chumbo e estanho, além de metaloides (elementos localizados entre metais e não metais) como, por exem- plo, o arsênio e antimônio. Os metais potencialmente tóxicos: mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsênio (As), nas suas formas de elemen- tos livres condensados (exceto o vapor de mercúrio) não são particularmente tóxi- cos, porém, em suas formas catiônicas e também quando ligados a cadeias curtas de átomos de carbono são considerados peri- gosos. Compostos orgânicos de mercúrio, por exemplo, possuem grande afinidade por componentes celulares de organismos vivos (baixa solubilidade em água e grande afinidade por gorduras) podendo ser bioa- cumulados em tecidos biológicos (concen- trados na biomassa de seres vivos). Muitos metais potencialmente tóxicos apresentam forte afinidade por enxofre al- terando a velocidade de reações metabóli- cas importantes para o corpo humano ao formar ligações com grupos sulfidrila (-SH). Grupos carboxílicos e amino de pro- teínas também são quimicamente atraídos por mercúrio (Hg), chumbo (Pb), cádmio (Cd) e arsênio (As). Íons cádmio, cobre, chumbo e mercú- rio são danosos para membranas celulares, dificultando o processo de transporte celu- lar. Podem precipitar biocompostos de fos- fato ou catalisar sua decomposição.As concentrações da maioria dos me- tais potencialmente tóxicos encontrados em água potável são normalmente peque- nas não causando problemas diretos à saúde. Na sequência são descritos alguns metais potencialmente tóxicos de impor- tância ambiental. Página em branco propositalmente. 7 Saúde e meio ambiente MARCELA PELLEGRINI PEÇANHA, NOBEL PENTEADO DE FREITAS, ROBERTO WAGNER LOURENÇO, MARIA RITA DONALISIO CORDEIRO, RICARDO CARLOS CORDEIRO e MARIA APARECIDA VEDOVATO tos e assimilá-los retornando ao equilíbrio. A capacidade de assimilar essas alterações é denominada capacidade de suporte. Quan- do a intensidade das alterações provoca o desequilíbrio do ecossistema, e este não re- torna ao estágio de equilíbrio, isso significa que a capacidade de suporte desse ecossiste- ma foi superada. O Relatório Planeta Vivo, publicado pela WWF em 2008, indica que a pegada ecológica do homem hoje chegou a 2,7 hec- tares globais por pessoa. De acordo com esse indicador de sustentabilidade, isso sig- nifica que o homem necessita em média de Objetivos do capítulo A necessidade de enfrentamento das alterações ambientais e de seus efeitos sobre a saúde humana e a compreensão de que a promoção da saúde só se dá em um ambiente equilibrado, consolida a importância da Saúde Ambiental. Isso exige que se busque, por meio de políticas públicas, articular, estruturar, instrumentalizar as distintas esferas envolvidas, favorecendo o aprofundamento de estudos que auxi- liem a compreensão da dinâmica do binômio ambiente-saúde e o desenvolvimento de ações corretivas e preventivas. É urgente que fique claro que os desafios dos profissionais da área de saúde e de meio ambiente devem focalizar um só caminho, o do esforço para manter um ambiente saudável no qual todos os seus elementos interajam de forma equilibrada e em harmonia. Para isso, é preciso investir na for- mação de equipes integradas e com visão sistêmica capaz de executar um trabalho contínuo de investigação, com novas ferramentas que subsidiem ações eficientes de gestão ambiental e a consequente promoção de saúde, buscando a reafirmação do valor da vida e da equidade para todos os seres humanos. A SAÚDE E A AÇÃO DO HOMEM SOBRE O AMBIENTE A vida de todos os seres vivos causa altera- ções no meio ambiente. Estas podem ser al- terações químicas, físicas e até biológicas, cuja extensão depende da sua intensidade e frequência. O crescimento populacional in- tensifica as alterações localmente e faz com que possam ser amplificadas até atingir efeitos ecossistêmicos. Essas alterações in- terferem na dinâmica dos ecossistemas e podem ser neutralizadas pela capacidade que o ambiente tem de receber esses impac- 156 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) 2,7 hectares da superfície terrestre para for- necer os subsídios para manutenção da sua vida e para receber os resíduos provenientes de seu consumo. Considerando-se que a área disponível hoje, per capita, é de 2,1 hectares, fica evidente que a necessidade por recursos naturais para suprir as ativida- des humanas e a área necessária para rece- ber os resíduos dessas atividades, já superou a capacidade do nosso planeta. A pegada ecológica de países como os Estados Unidos chega a 9,4 hectares. Se toda a população mundial apresentasse esse padrão, seriam necessários mais de 4 planetas Terra para suprir as necessidades das pessoas. O cresci- mento demográfico intensifica esses impac- tos, mas este não é o determinante dessa crise ambiental. O mesmo relatório indica a emissão de CO2, proveniente da queima de combustíveis fósseis, nossa principal matriz energética, como o componente que mais influencia a pegada ecológica mundial. Por- tanto, fica evidente que o grande desafio a ser enfrentado é a forma como o homem vem ocupando os ambientes, resultante do modelo de desenvolvimento adotado e não apenas do número de habitantes na face da Terra. Esse modelo foi edificado sobre a crença de que a sociedade deve ter como meta o aumento contínuo e ilimitado da produção e o crescimento econômico a qualquer custo, mesmo que esse custo seja social ou ambiental. A consolidação do mo- delo capitalista repercute praticamente em todas as esferas das sociedades atuais, o que engloba os aspectos não só do trabalho, mas da saúde e do meio ambiente. O avanço científico e tecnológico corroborou para essa postura fortalecendo a falsa ideia de que o homem pode dominar a natureza e explorá-la de acordo com os seus objetivos imediatos, como se não fôssemos parte in- tegrante desse cenário e, portanto, sujeitos às consequências dessa intervenção tecno- lógica, contínua e intensiva na natureza. A Figura 7.1 mostra o intensivo avanço da ur- banização sobre as matas e cursos da água provocando diversos processos que levam à Figura 7.1 Avanço da urbanização sobre áreas naturais. Meio ambiente e sustentabilidade 157 poluição das águas, à contaminação, ao as- soreamento e à erosão dos solos. Os efeitos dessas intervenções se vol- tam para o próprio homem. A história apresenta uma série de eventos que afeta- ram significativamente a vida da humani- dade como consequência da própria ação antrópica sobre o meio. Essa afirmação pode ser ilustrada com a análise de uma das doenças mais devastadoras da história, a peste negra. Trata-se de uma doença cujo agente etiológico, a Yersinia pestis, é uma bactéria transmitida pelas pulgas que podem infestar ratos e se disseminar pelo ambiente por meio deles. Os ratos prolife- ram atraídos pela oferta de alimentos no lixo (Figura 7.2). Portanto, o crescimento de centros urbanos favoreceu a infestação por ratos e, consequentemente, a ocorrên- cia da doença. Várias pandemias dessa do- ença já foram registradas. Estima-se que em uma delas, a peste urbana, tenha dizimado 30% da população europeia, causando 25 milhões de mortes na pandemia iniciada em 1320, que teria perdurado cinco anos. A aná- lise desse evento exemplifica a consequên cia para o próprio ser humano da ação humana sobre o ambiente. O avanço tecnológico permitiu e exi- giu a amplificação e intensificação da com- plexidade dos efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente. A falta de conheci- mento da rede que conecta os elementos ambientais não permitiu ao homem a com- preensão imediata dessas consequências. No entanto, o impacto de alguns eventos e a contribuição de alguns trabalhos ajudaram essa compreensão. Na década de 1960, a pu- blicação do livro “Primavera Silenciosa”, da cientista Rachel Carson, chamou definitiva- mente a atenção para a extensão dos efeitos da introdução de pesticidas e inseticidas sintéticos, como o DDT no ambiente. Essa publicação, aliada a uma série de publica- ções anteriores que já apontavam para os efeitos dessas substâncias no ambiente, comprovou a necessidade da avaliação glo- bal dos efeitos de agentes químicos antes de Figura 7.2 Áreas de acumulação de lixo propiciam a proliferação de doenças. 158 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) autorização para o seu uso indiscriminado. A divulgação dessas informações sensibili- zou as pessoas e influenciou mudanças das políticas de aprovação e normas para a uti- lização desses compostos. Posteriormente, inúmeras ocorrências mostraram direta- mente os efeitos da contaminação ambien- tal sobre o equilíbrio dos ecossistemas e es- pecificamente sobre a saúde humana. Al- guns eventos mostraram essa associação em função da abrangência e do caráter agudo de seus efeitos. Podemos citar fatos marcan- tes como o lançamento das bombas atômi- cas em agosto de 1945 em Hiroshima e em Nagasaki, com cerca de 200 mil mortos e inúmeras pessoas com sequelas dos efeitos imediatos ou tardios. Em 1948, 43% da população de Do- nora, centro siderúrgico da Pensilvânia, nos EUA, adoeceram, sendo que 20 dessas pes- soas morreram após a ocorrência de um ne- voeiro sulfuroso. Em dezembro de 1952, em Londres, berço da Revolução Industrial movida a carvão,condições atmosféricas favoreceram a formação de um smog extre- mamente tóxico que causou a morte ime- diata de 445 pessoas, chegando posterior- mente a mais de 4 mil óbitos em decorrência de complicações circulatórias e respira tórias. Essas foram, talvez, as primeiras manifesta- ções da poluição industrial urbana a desen- cadear a percepção desses efeitos e as ações de controle, como a Lei do Ar Puro em 1956, em Londres, quando foram estabele- cidos limites para emissão de poluentes e os níveis aceitáveis de qualidade do ar. A partir daí, novas leis foram aprovadas na América do Norte, como o “Clean Air Act” nos EUA, em 1970, ano da criação da Agência de Pro- teção Ambiental Americana, a EPA, e em di- versos países da Europa Ocidental e no Japão, propiciando a criação de agências para monitorar, regulamentar e avaliar a qualidade ambiental nesses países. É dessa década também a criação, no Brasil, da SEMA, Secretaria Especial de Meio Am- biente. Foi também em 1956, no Japão, que ocorreram inúmeras mortes decorrentes da contaminação da Baía de Minamata por mercúrio. Estima-se que cerca de 3 mil pes- soas possam ter sido vítimas dessa contami- nação decorrente da atividade industrial local que causava uma neuropatia. Além do homem, a contaminação vitimou também outros animais, como peixes, polvos, pássa- ros e animais domésticos. Apenas em 1969, a Chisso-Minamata, indústria de fertilizan- tes responsável pela contaminação, foi pro- cessada, sendo que a região foi considerada livre da contaminação apenas em 1997. A atividade industrial pode ser rela- cionada a vários outros eventos como o aci- dente de Bhopal, na Índia, em 1984, com o vazamento de cerca de 40 toneladas de gases tóxicos de isocianato de metila da produção de agrotóxicos da Union Carbide. Embora a literatura apresente diferentes números, es- tima-se que o acidente tenha causado a morte imediata de 2.800 pessoas por quei- maduras e sufocamento e a intoxicação de outras 200 mil, caracterizando, assim, a maior catástrofe da indústria química. Iro- nicamente, o isocianato de metila é utiliza- do na fabricação de carbonatos, produzidos em substituição aos organoclorados como o DDT. A busca pela diversificação das matri- zes energéticas envolve a utilização da ener- gia nuclear. Nesse caso, também há registros de acidentes em decorrência do efeito dele- tério que a radioatividade pode causar nos seres humanos. Em 26 de abril de 1986, ocorreu o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia. Os relatórios locais citam 4 mil mortes diretas ou de áreas adjacentes por exposição direta à radiação, bem como as próprias equipes de socorro, além dos nas- cidos com sequelas decorrentes dos efeitos teratogênicos da radiação. Na ocasião, foi li- berada uma radiação aproximadamente 90 vezes maior que a das bombas de Hiroshi- ma e Nagasaki. A nuvem nuclear que atin- giu a Europa contaminou milhares de qui- Meio ambiente e sustentabilidade 159 lômetros de florestas e causou doenças em mais de 40 mil pessoas. No ano seguinte, em 10 de setembro de 1987, no Brasil, ocorreu o acidente com o Césio-137 na cidade de Goiânia. O desman- che de um equipamento de radioterapia em um ferro velho da cidade e a posterior viola- ção de uma cápsula contendo Césio-137 ex- puseram várias pessoas à radioatividade. A exposição direta levou 4 dessas pessoas a óbito cerca de um mês depois e outras 60 pessoas em seguida. Mais 628 pessoas se con- taminaram pelas ações de atendimento aos expostos e remoção do material. A Associa- ção de Vítimas do Césio-137 estima que cerca de 6 mil pessoas tenham sido contami- nadas, sendo que, mesmo após mais de 20 anos do acidente, uma centena de pessoas dependem do recebimento de medicamen- tos para tratamentos dos efeitos crônicos ad- vindos da exposição. As regiões costeiras e sua população, também já foram muito castigadas. A utiliza- ção do petróleo como principal matriz ener- gética não traz apenas consequências em função da emissão de CO2, mas também em função da contaminação das águas dos ocea- nos pelos inúmeros derramamentos aciden- tais e operacionais decorrentes do transporte desse tipo de produto. Em março de 1989, o petroleiro Exxon Valdez colidiu com rochas submersas na costa do Alasca e deu início ao mais danoso derramamento de óleo por um navio. O saldo do despejo foi de 40 milhões de litros de óleo, com 100 mil aves mortas e 2 mil quilômetros de praias contaminadas. O problema se agravou porque o frio prolonga o período de biodegradação. Apesar da lim- peza, que mobilizou 10 mil pessoas, cerca de 2% do petróleo que vazou continua poluin- do a costa da região. A partir desse acidente, foram criados protocolos de conduta utiliza- dos em posteriores situações semelhantes. A Figura 7.3 mostra a expansão da emissão de CO2, principal gás de efeito estufa a partir do século XIX. Figura 7.3 Gráfico da evolução do CO2. p p m v Ano 160 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.) EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL Alguns eventos internacionais geraram do- cumentos norteadores que podem ser apontados como marcos políticos. A partir desses eventos, a sociedade iniciou uma mudança de paradigmas, apontando para a necessidade de desregulamentar a ação dos agentes econômicos sobre o meio ambiente. Durante muitos anos, o desenvolvimento econômico decorrente da Revolução Indus- trial impediu que os problemas ambientais fossem considerados com a devida impor- tância. Embora a poluição e os impactos ambientais do desenvolvimento desordena- do fossem visíveis, os benefícios proporcio- nados pelo progresso sempre foram usados como justificativa para manutenção desse modelo em detrimento da atenção às ques- tões ambientais. O relatório do Clube de Roma, “Limites ao crescimento”, já aponta- va para restrições à forma de crescimento decorrente do esgotamento de certos recur- sos naturais e da contaminação ambiental associada aos processos produtivos e forma de ocupação do ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972 (Estocolmo – Suécia) já reforçava a necessi- dade de medidas que coibissem a acelerada degradação do meio ambiente e suas possí- veis consequências sobre a saúde humana. Foi prevista a intensificação e ampliação das ações do Estado na conservação e prote- ção do meio ambiente, e esse é visto não só em relação às questões associadas à gestão da vida selvagem, conservação do solo e am- biente aquático, mas contemplando tam bém as questões relativas à inserção social e inse- rindo as questões ambientais na agenda da política nacional e internacional. Fica explí- cita a íntima relação entre as questões am- bientais e a pobreza, que coloca os menos favorecidos economicamente e a saúde des- tes como principais vítimas das consequên- cias do desequilíbrio ambiental. Os riscos associados aos processos de produção e de consumo da sociedade e a consequente de- gradação ambiental e agravos à saúde são distribuídos espacial e socialmente de for- ma desigual. Em 1987, a publicação do documento “Nosso Futuro Comum”, Relatório da reu- nião da Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, ocorrida em Oslo, na Noruega, apontou para o modelo de Desenvolvimento que contemplasse o princípio de solidariedade entre as gera- ções, visando ao compromisso com esta e as futuras gerações, ou seja, um desenvolvi- mento solidário e sustentável. Os documentos gerados na Conferên- cia das Nações Unidas para o Meio Am- biente e o Desenvolvimento (Rio-92), pre- conizam o direito a um ambiente sadio, que proteja a saúde, o bem-estar e os valores culturais. A Agenda 21, programa de ações para o século XXI, em seu Capítulo 6 – seção I – já reconhecia a saúde ambiental como prioridade social para a promoção da saúde. O CONCEITO DE SAÚDE AMBIENTAL E SUA INSERÇÂO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um completo estado
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