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TEOLoGIA BAcHAREL EM O Novo Testamento EPÍSTOLAS GERAIS As Epístolas de Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas, pertence àquela classe de epístolas do Novo Testamento chamadas " Gerais. Tal designação foi dada a estas sete cartas nos primórdios da história da igreja, pelo fato de cada uma ser endereçada à igreja em geral, e não a uma única congregação. A igreja primitiva incluiu 2 e 3 João como epístolas gerais. Essas, contudo, são epístolas pessoais dirigidas a indivíduos. EPÍSTOLA DE SAO TIAGO I - Introdução A primeira menção nominal à epístola de Tiago aparece no início do terceiro século. Entre os primeiros textos cristãos não-canônicos, o Pastor de Hermas é o que mais apresenta paralelos com Tiago, encontra-se vários temas característicos de Tiago; estímulos à oração com fé. Entre o quarto e quinto século a influência de Jerônimo foi importante na aceitação final pela igreja da epístola de Tiago. Em um documento que devia possuir uma certa importância, Jerônimo identificou o autor como o "irmão" do Senhor. Por volta desta época, Agostinho acrescentou a força de sua autoridade e nenhuma outra dúvida foi levantada até o período da Reforma. Assim Tiago passou a ser reconhecida como canônica em todos os segmentos da igreja primitiva. Mas é importante enfatizar que Tiago não foi rejeitada, mas negligenciada. Como se explica tal negligência ? Pode ter sido a incerteza da origem apostólica do livro, uma vez que o autor se identifica apenas pelo nome de Tiago. Outro fator pode ter sido o caráter tradicional do ensino de Tiago, contendo pouca doutrina, portanto pouco combustível para os ardentes debates teológicos na igreja primitiva. Talvez, a natureza e o destino da epístola. A epístola tem forte orientação judaica, e provavelmente foi escrita para os judeus. II - Autoria O autor da carta simplesmente se identifica como "TIAGO" Quem é este indivíduo ? Sabemos que no Novo Testamento há pelo menos três pessoas com esse nome no Novo Testamento: Tiago, filho de Zebedeu; Tiago, filho de Alfeu; e Tiago, irmão de nosso Senhor Jesus Cristo. Embora as escrituras não sejam precisas sobre esta questão, a maioria dos eruditos concorda em identificar o autor desta epístola com Tiago, irmão de Jesus. Tiago filho de Zebedeu foi morto por Herodes (Atos 12:2). Tiago filho de Alfeu só vem mencionado na lista dos apóstolos e talvez Mar. 15:40 se refere a ele. Resta o Tiago; irmão do Senhor, homem que ocupava uma posição de grande autoridade na igreja em Jerusalém, presidindo as assembléia e pronunciando palavras de autoridades. O tom de autoridade desta epístola condiz bem com a posição de primazia atribuída a ele. (Atos 15: 6 - 29; 21: 18) Ficamos, então, com Tiago, o irmão do Senhor, como o mais provável autor desta epístola. III - Autor Forte antagonista do Senhor, durante seu ministério terreno. João 7:5 Tiago veio a se converter após a ressurreição de Cristo, (I Cor.15:7) em um encontro especial, com Cristo já ressuscitado. Tornou-se Bispo da igreja em Jerusalém (Atos 15:13) e foi reconhecido como superior até mesmo pelos apóstolos. Atos 12:17. Tinha grande preocupação com os Judeus (Tiago 1:1) e dava apoio a evangelização dos gentios. Atos 15:19 O Apóstolo Paulo aconselhava-se com Tiago. Atos 21:18 Diz-se que orava intensamente. Foi assassinado pelos Judeus no ano 62 A.D. IV - Data Sendo Tiago, o irmão do Senhor, quem escreveu a carta, conforme argumentos, ela deve ser datada em algum tempo antes de 62 AD. Ano em que Tiago foi martirizado. Algumas autoridades apresentam argumentos na defesa de uma data entre os anos de 45 a 53 AD, pelo fato da epístola omitir alguns fatos ocorridos na época como o Concílio de Jerusalém e a resolução que lá fora tomada. COMENTÁRIOS I - PROPÓSITO - Os cristãos Judeus atravessaram um período de provas e tentações terríveis, e Tiago escreve para anima-los e para conforta-los. - Sucediam-se grandes desordens nas assembléias cristãs, judaicas e ele escreve para instruir as mesmas. - Havia a tendência de divorciarem a fé das obras. II - CONTEÚDO Há pouca doutrina. nesta epístola, mas muito de prática e de moral. Tiago, soube ser muito prático, vivia o que pregava. Este é o livro do viver santo. Seu verso chave é 2:26, na verdade, um tratado muito prático, sobre a fé, sua natureza e obras. III - ANALISE a - Saudação Notemos sua humildade não fazendo referência a sua relação com Jesus. Quando se refere a Jesus, o faz com reverência (Família) b - A Fé e Provações - Tiago 1: 2 - 21 Tentações no grego (pairasmos) significa provações com um propósito e efeito benéfico, divinamente permitida ou enviada. (Para aperfeiçoar o cristão). Devemos ter em conta que as Tentações (Provações) é uma gloriosa oportunidade para por à prova a nossa fé. 2 - 4 Pedir a Deus a sabedoria afim de enfrentar as tentações, 5 - 1 1 Observar o verso 12 (Bem aventurado) Tentações com efeito maléfico não vem de Deus. 13 - 18 Sob a provação sede paciente. 19 - 21 2 Timóteo 3 12 - as provações são constantes. Romanos 8:18 não se compara com a glória futura. c - Fé e Obras - Tiago 1: 22 - 26 Este tema é ponto principal desta epístola e contém declarações que tem dado lugar a infindáveis debates na igreja. Foi este tema que levou Lutero a proferir sua famosa critica, quando chamou esta carta de palha. Tiago 2: 24 Vede então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pelas... Romanos 3: 28 Concluímos pois que o homem é justificado pela Fé sem as obras da lei. Para interpretarmos corretamente estes dois versos, devemos observar o propósito de cada autor. TIAGO PAULO Pastor Missionário Se preocupa com a santificação Se preocupa com a salvação Fala da vida após a conversão Fala da vida do novo convertido A FÉ e as obras se completam, Efésios 2:8-10 Este tema tem mostrado que, a fé, quando viva e real, se evidencia pelos seus frutos, ou seja, através das obras. d - A Fé e as Palavras - Tiago 3: 1 - 12 Tiago já demonstrou sua preocupação com os pecados da língua. Em 1: 19, ele encorajou seus leitores a serem tardios para falar. Aqui, ele revela que uma das provas de sermos justificados é nas nossas - palavras - essas dirão quem somos. Vejamos os efeitos nocivos de uma língua sem controle: Lucas 6:45 - O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. Filipenses 2:14 - Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; Apocalipse 22:15 - Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira. Mateus 12:36 - Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. e - A Fé e a Sabedoria - Tiago 3: 13 - 18 Há uma distinção entre conhecimento e sabedoria. O sábio é aquele que tem fé, é submisso a Deus e ensinado por Ele. É possível alguém conhecer muita coisa e ter pouca sabedoria. Há entretanto uma sabedoria falsa, simulada, que produz invejas e rivalidades. Tal espécie de sabedoria não é divina, e pode ser: Tiago 3: 15 Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Terrena, sabedoria do mundo I Coríntios 1: 20-21 Animal, sabedoria natural sem relação espiritual, Demoníaca, sabedoria de proveniência satânica. A sabedoria verdadeira é de origem lá do alto verso 15, sua natureza não é terrena, sensual ou demoníaca; antes é sobrenatural, sua excelência é setupla: - Pura, Pacifica, Meiga, Conciliadora, Misericórdia, Bons frutos, Simples, Sincera. f- Fé e Oração - Tiago 4: 1 - 17; 5: 7 - 20 Este parágrafo final da epístola contém uma de suas notas características. Desde o principio Tiago vem insistindona necessidade de orar e no valor da oração. Tiago cultivava o habito de orar. Uma tradição a seu respeito diz terem- se calejado os seus joelhos, ficando como os de camelo, devido as constantes orações. Por conseguinte, seu conselho aos que sofrem é que orem pois dai vem o auxílio e conforto. - A falta de oração 4:2 ... Nada tendes porque não pedis. Nunca dizem se o Senhor quiser. Ver 13 - 15 Não prosperam e nada perduram. Jeremias 10: 21 - Orações não respondidas. 4:3 Pedis, e não recebeis, por que pedis mal... Pedem para seu deleite próprio Isaías 59:2 Por causa do pecado Hebreus 2:2 Por causa da desobediência Tiago 1:5-7 Por causa das dúvidas II Cor. 12:9 Contra a vontade de Deus Mateus 21;22 Sem fé Jonas 4:3 Sem sentido I EPÍSTOLA DE SÃO PEDRO I - Introdução Esta epístola nos oferece uma ilustração esplêndida de como Pedro cumpriu a missão que lhe foi dada pelo Senhor: "tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" Lucas 22:32 Purificado e confirmado por meio do sofrimento e amadurecido pela experiência, Pedro podia pronunciar palavras de encorajamento a grupos de cristãos que estavam passando por duras provas. Muitas das lições que ele aprendeu do Senhor, ele fez saber aos seus leitores. Aqueles a quem esta epístola se dirige, estavam passando por tempos de prova. Assim, Pedro os anima demonstrando-lhes que tudo quanto era necessário para Ter força, caráter e coragem havia sido provido na graça de Deus. Ele é o Deus de toda a graça(5:10), cuja mensagem ao seu povo é: " A minha graça é suficiente ". O tema desta epístola pode ser: a suficiência da graça divina e a sua aplicação prática com relação à vida cristã e para suportar a prova e o sofrimento. II - Autoria Aparentemente, a questão da autoria de I Pedro é simples. Logo no início da carta, lemos o seguinte: Pedro, apóstolo de Jesus Cristo... Conforme o costume da época, começava-se uma carta dizendo-se o nome e a quem se estava escrevendo. I Pedro, então, apresenta-se como tendo sido escrita pelo conhecido apóstolo Pedro. Alguns argumentos contra a autoria petrina, vejamos: 1. I Pedro foi escrita num grego bastante culto, revelando por parte de quem a escreveu um bom domínio dessa língua. Pedro era um homem pescador da Galiléia, das margens do, judeu: como poderia ele conhecer tão bem o grego? Ademais, em Atos 4:13, ele, junto com João, é chamado de "Homem Iletrado e inculto". Poderia esse Pedro ser o mesmo que aqui está escrevendo uma carta em bom e fluente grego, mostrando aqui e ali detalhes retóricos que indicam alguém bastante capaz no uso dessa língua ? Foi utilizado, na escrita, um grego polido, culto de alta sociedade, 36 termos utilizados não se acha em nenhum autor clássico da época. 2. I Pedro estaria pressupondo a "teologia paulina". Ou seja parece mais que o autor é um discípulo de Paulo do que o apóstolo Pedro, homem de uma tradição independente, que não precisaria estar modelando o seu ensino pelo de Paulo (por exemplo no que Gálatas 2 nos fala de certas diferenças de pontos de vista, ou prática, entre os dois). Tais dificuldades se dissipam a vista de I Pedro 5:12. Por Silvano, nosso fiel irmão, como o considero, escravo abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus; nela permanecei firmes. Silvano, de I Tes. 1:1 e II Tes. 1:1 Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses,... e Silas de Atos 15:18 é o mesmo que auxiliou Pedro na elaboração desta epístola. III - Autor Pedro no grego pedra o equivalente em aramáico é Cefas. Tinha um irmão também discípulo, André e eram pescadores de profissão. Mateus 4:18 E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Casado, porém não sabemos quem era sua esposa. Mateus 8:14 Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre. Residia em Cafarnaum. Marco 1:21-29 Era impulsivo. Mateus 14:28 Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas. Indouto (Não doutor). Atos 4:13 Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus. Sincero. Mateus 18:21 Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete? (Ver a vida de Pedro e André) Demonstrava lealdade. João 6:68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. Corajoso. João 18:10 Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. Falava muitas coisas sem pensar. João 13:6-10 Foi martirizado na época de Nero. Segundo a tradição ele fora crucificado de cabeça para baixo por opção própria pois achava que não era digno de ser crucificado como Cristo IV - Data Provavelmente esta carta tenha sido escrita por volta de 62 a 64 AD, devido as grandes perseguições da época. Em 62 ocorreu o martírio de Tiago causando assim a separação entre o cristianismo e o judaísmo, abrindo caminho à tempestade de perseguições. Dois anos depois em 64 AD o cristianismo foi considerado ilegal, nesta época Nero os acusa de incendiários. COMENTÁRIOS I - PROPÓSITO Evidentemente foi escrita com duplo propósito: A - Muitos crentes primitivo chegaram a pensar que Paulo e Pedro esboçavam diferentes idéias sobre os fundamentos da Fé cristã, para destruir estes maus pensamento é que Pedro a escreveu e a remeteu, justamente, por um companheiro de Paulo ás igreja Asiáticas. B - Outro propósito do escritor, foi o de animar e fortalecer os judeus convertidos, os quais, a essa altura, passavam por duas provações e enfrentevam amargas perseguições, assim fazendo, Pedro cumpria o ministério que impusera o nosso Senhor. Lucas 22:31-32 Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos. II - CONTEÚDO Esta é essencialmente a epístola da esperança, esperança viva, fundada na ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. É portadora da certeza de uma herança gloriosa, descrita como incorruptível, incontaminada. Pedro coloca estes pensamentos, acerca da viva esperança e da herança gloriosa, no princípio de sua carta, para encorajar seus companheiros de fé com as consolações do evangelho, a fim de que permaneçam firmes no dia da prova de fogo, suportando pacientemente sobre as perseguições, aflições e tentações. III - ANÁLISE a - A Grande Salvação - I Pedro 1: 3 - 13 A Salvação não somente é uma bênção presente, por meio da qual recebemos perdão, justificação, santificação e outros dons divinos; atingirá sua plenitude somente quando formos apresentados sem defeito diante do Trono, feitos semelhantes a Cristo. Tal Salvação, em seu sentido mais amplo, está preparado agora e aguarda sua manifestação no último Tempo. Ver 5. Esta salvação gloriosa que, pela graça, é nossa através de sofrimento e provas nos leva ao gozo inefável e glorioso eternamente. b - O Convite a Santidade - I Pedro 1: 4; 2: 10 O convite para a santidade é necessariamente um convite para a obediência. Pedro emprega muito nesta epístola a palavra obediência. O primeiro dever do homem sempre foi obedecer a Deus, guardando-lhe os mandamentos e fazendo-lhe a vontade. Cristo em seus ensinos deu ênfase a isto constantemente. Esta exortação vem reforçada por uma citação em Levítico 11:44, livro cuja palavra chave é Santidade. O sentido fundamental da Palavra SANTO é separado, retirado do uso ordinário e posto a parte para uso sagrado. c - Deveres Cristãos Havendo tratado dos privilégios especiais que lhes pertenciam como novo cristão, o apóstolopassa a esboçar alguns princípios que devem governar a vida deles como membros da comunidade de que agora fazem parte. Devem manifestar este comportamento conveniente submetendo-se ás autoridades. Surge a questão; até onde o cristão está obrigado a obedecer as ordens das autoridades ? - Submissão as autoridades I Pedro 2:11-25 Civis Ver. 14; Superiores Ver. 18 - Boa Conduta no Lar I Pedro 3:1-7 O porte da esposa. Ver 1 - Amor Fraternal I Pedro 3:8-22 Até para com os inimigos. Ver. 16 - Ofício Pastoral I Pedro 5:1-9 Dedicação ao rebanho. Ver. 2 II EPÍSTOLA DE SÃO PEDRO I - Introdução A primeira epístola de Pedro trata do perigo fora da igreja: perseguições. A Segunda epístola, do perigo dentro dela: a falsa doutrina. A primeira foi escrita para animar, a Segunda, para advertir. O tema pode-se resumir da seguinte maneira: um conhecimento completo de Cristo é uma fortaleza contra a falsa doutrina e uma vida impura. II - Autoria A epístola declara, explicitamente, ser a obra de Simão Pedro, 1: 1. O autor apresenta-se como tendo presenciado a transfiguração de Cristo 1:16- 18, e sido avisado por Cristo de sua morte próxima, 1: 14. Significa que a epístola é um escrito autêntico de Pedro, ou de alguém que se declara ser Pedro. Se bem que demorasse a ser recebida no Cânon do N.T. Não há, no Novo Testamento, um livro que suscite tanta questão como esta epístola, no que diz respeito a sua autoria. Esta epístola tem passado pelos séculos em meio a tempestades. Sua entrada no Cânon foi extremamente precária. Na Reforma, foi considerada por Lutero como Escritura de Segunda classe, foi rejeitada por Erasmo e olhada com hesitação por Calvino. As perguntas críticas que levanta são muito desconcertantes. Vejamos algumas objeções sobre esta autoria, porém essas objeções podem ser resolvidas de maneira satisfatória; 1. Não podia Ter sido escrito o ver. 16 do capítulo 3 durante a vida de Pedro (66-67) 2. O Cap. 2 igual a Epístola de Judas (Não se admite que Pedro fosse um plagiador de Judas) Leiamos e vejamos a diferença 2 Pedro 2:1; Judas 4, 12, 16, e 19 3. O contraste com I Pedro A linguagem é bem diferente (e isto de modo marcante no original) e o pensamento também é muito diferente. O Grego de I Pedro é polido, culto de alta sociedade (dos melhores da Bíblia), dignificado. O grego de II Pedro e rude, fraco e limitado com frases desajeitadas. Obs. II Pedro 1:17-18 A experiência no monte da transfiguração. III - Data Se I Pedro foi escrita durante as perseguições desencadeadas por Nero, e se Pedro foi martirizado nela, então esta epístola deve Ter sido escrita pouco antes de sua morte, provavelmente, por volta de 67AD. COMENTÁRIOS I - PROPÓSITO A Segunda epístola de Pedro foi escrita com um propósito bem diferente da primeira. A primeira foi delineada para animar e fortalecer os cristãos sob as provações. II Pedro foi escrito para advertir contra a apostasia vindoura, quando líderes na igreja, por interesses pecuniários, permitiriam licenciosidade e toda má ação; apostasia em que a igreja deixaria de aguardar a vinda do Senhor, e para dar a entender que essa vinda podia demorar longo tempo. II - CONTEÚDO Esta carta contém referências sobre a Exortação na graça e no conhecimento divino, as advertências contra os falsos mestres as promessas da vinda do senhor. III - ANÁLISE É feita em três divisões, como segue: 1. O Progresso dos Cristãos 1:3-21 Deus é a fonte de todo crescimento espiritual, Ele tem feito tudo quanto é necessário implantando a natureza divina mas o cultivo da nova vida, assim recebida, deve ser providenciado por quem a recebeu, na dependência do Espírito Santo. II Pedro 1:5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai a vossa fé a virtude, e à virtude a ciência. Cada qualidade é considerada uma espécie da camada em que nutre a qualidade seguinte. A existência abundante desta coisas, levam o crente a frutuosa atividade em Cristo, porém a ausência destas coisas leva a cegueira espiritual. II Pedro 1:8-9 Josué 1:8b... porque então farás prosperar o teu caminho e então prudentemente te conduzirás 2. Os Falsos Mestres 2:1-22 Em volta deste capítulo tem-se travado a controvérsia denominada de Pedro-Judas. A semelhança entre os dois documentos é muitíssimo impressionante, especialmente 2:2,4,6,11,17; Judas 4-18 Começa este capítulo lembrando Que na história de Israel muitos falsos mestres surgiram. Nosso Senhor também advertiu contra falsos mestres. Pedro confirma agora tais advertências Da parte final deste capítulo colhe-se que esse falsos mestres já haviam aparecido e estavam agindo na Igreja. 3. A Esperança dos Cristãos O capítulo final da epístola começa referindo o propósito que o apóstolo teve em escrever, a saber, " despertar com lembrança a vossa mente esclarecida" recordar-lhes o ensino dos profetas e dos apóstolos, especialmente os avisos de que nos últimos dias se levantariam homens que ridicularizariam a idéia da Segunda vinda do Senhor. Ver. 4 Por que a Segunda vinda do Senhor era ridicularizada? Leiamos II Pedro 3:8-9 A esperança do cristão sempre foi a vinda do Senhor e a demora foi motivo de desanimo para alguns. Esta demora tem sua razão de ser no caráter e no propósito de Deus. Qualquer aparente demora deve-se antes interpretar como oriunda de compaixão misericordiosa. Sua demora é mais uma oportunidade de salvação, e não é sinal de esquecimento I EPÍSTOLA DE SÃO JOÃO I - Introdução O Evangelho de São João expõe os atos e palavras que provam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; A primeira epístola de São João expõe os atos e palavras obrigatórios àqueles que crêem nesta verdade. O Evangelho trata dos fundamentos da fé cristã, a epístola, dos fundamentos da vida cristã. O Evangelho foi escrito para dar um fundamento de fé; a epístola para dar um fundamento de segurança. A epístola é uma carta afetuosa de um pai espiritual a seus filhos na fé, na qual ele os exorta a cultivar a piedade prática que produz a união perfeita com Deus, e a evitar a forma de religião em que a vida não corresponde à profissão. II - Autoria Esta epístola foi escrita pelo velho apóstolo João, mais ou menos no ano 90 AD., provavelmente de Éfeso. Não foi endereçada a uma igreja, em particular, nem a um indivíduo, mas, a todos os cristãos. As epístolas que trazem o nome de João são anônimas. A primeira não tem dedicatória nem assinatura. Há porém, afinidade tão íntimas entre ela e o quarto evangelho, no tocante ao estilo e a matéria versada, que a maioria dos eruditos concordam que os quatro escritos tiveram um só autor. III - O Autor Pescador, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. Mateus 4:21 Conhecido como apóstolo do amor, um dos discípulos mais íntimos de Jesus. De acordo com a antiga tradição, João fez de Jerusalém seu centro de operações, cuidando da mãe de Jesus enquanto ela viveu, e, depois da destruição, fixou residência em Éfeso, que, no fim da geração apostólica, tornara-se o centro da população cristã, tanto em número como pela posição geográfica. Aí viveu e chegou à idade avançada. Seu cuidado especial era pelas igreja da Ásia. Entre seus discípulos, contavam-se Policarpo, Papias e Inácio, que vieram a ser, respectivamente, bispos de Esmirna, Hierápolis e Antioquia. Escreveu o Evangelho, três epístolas e o Apocalipse, perto do fim do século. Responsável para cuidar de Maria. João 19:27 São João não morreu mártir porém fora exilado na Ilha de Pátmos para que ali morresse e então O Senhor deu-lhe a visão descrita no livro do Apocalipse. Segundo tradição João foi jogado em um tacho de óleo fervente e mesmo assim o Senhor o preservou com vida. IV - Data _ / Provavelmente por volta do ano 90 AD em Éfeso, onde João vivia. COMENTÁRIOS I - PROPÓSITO A epístola foi escrita num tempo em que a falsa doutrina, do tipognóstico, havia surgido e até levado alguns a se afastar da igreja 2:19 Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos. Sem dúvida, ao escrever esta epístola, João tinha em mente combater o gnosticismo. Nota: GNOSTICISMO (Conhecimento) filosofia falsa que se propagou nos dois primeiros séculos do cristianismo. A matéria é má, só o espírito é bom porém somente através do saber 0 espírito do homem pode libertar-se desta prisão e ergue-se para Deus. Negava a encarnação de Cristo, porque, sendo Deus bom não lhe era possível entrar em uma matéria má. Não aceitava a salvação pelo sacrifício da cruz, se a salvação vinha pelo saber. III - CONTEÚDO Não tem saudações ou quaisquer alusões pessoais. Tem mais a natureza de uma dissertação sobre a crença e deveres dos crentes, do que a de uma certa igreja. O livro é uma carta íntima do Pai aos Seus filhinhos. A freqüente repetição da palavra "Amor" e a expressão "filhinho", faz com que a carta tenha uma atmosfera de ternura IV- ANÁLISE a - As Condições para Comunhão com Deus 1 João 1: 1 - 10; 2: 17 A mensagem desta epístola fora proclamada afim de que possam gozar de comunhão com aqueles que proclamam. João passa a deduzir da natureza de Deus as condições dessa comunhão. Veremos dois obstáculos à comunhão: 1. Alegação de estarmos em comunhão com Ele, enquanto andamos em trevas. I João 1:6-7 2. Sustentar que não temos pecado nenhum. I João 1:8 O termo pecado significa mais que pecar, e inclui a idéia de responsabilidade pelos pecados cometidos, contrariando aqueles que dizem que o pecado é apenas uma fraqueza e que é destino do homem e portanto não falta sua. Tais pessoas só fazem enganar-se a si mesmas. b - O Cristão e o Anti-Cristo João 2: 18 - 29 0 termo Anti-Cristo significa um rival, um que é contra o nome e as prerrogativas de Cristo. 1 João 2:18... muitos se tem feito anti-cristos... Conforme o verso 19, observamos que essas pessoas pertenciam a igreja. Isto nos adverte que se quisermos ser membros do corpo de Cristo, é necessário que sejamos membros da igreja invisível. c - Os Filhos de Deus I João 3: 1 - 24 Filhos de Deus são aqueles que demonstram qualidades de caráter iguais as Dele, estes demonstram que nasceram do céu. I João 3:1 Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados de filhos de Deus. Somos considerados filhos de Deus pelo próprio Deus não como adotados mas como nascidos do Espírito. II e III SÃO JOÃO I - Introdução A Segunda e a Terceira epístolas de São João são os documentos mais curtos do Novo Testamento. A Segunda epístola é uma carta a um membro particular da igreja, especificamente a uma senhora, escrita com propósito de instruí-la quanto à atitude correta para com os falsos mestres. Não devia dar-lhe hospitalidade. João não ensinava o mau tratamento aos cristãos que doutrinariamente diferem de nós ou que se encontram nos laços do erro. Alguns comentadores afirmam ser uma igreja. A terceira epístola dá uma idéia de certas condições que existiam numa igreja local no tempo de João. João tinha enviado um grupo de mestres itinerantes, com cartas de recomendação, a diferentes igrejas, uma das quais, era assembléia a que pertenciam Gaio e Diótrefes. Esta foi escrita para elogiar Gaio por Ter recebido os obreiros cristãos que dependiam inteiramente da hospitalidade dos crentes e para denunciar a falta de hospitalidade de Diótrefes. II - Autoria As epístolas de II e III João, não trazem o nome do seu autor, que se apresenta simplesmente debaixo do nome de presbítero, e da a entender que os destinatários dela sabem quem ele é. No estilo e na matéria que versa muito se assemelham a primeira epístola, de sorte que a maioria dos eruditos estão convencidos de que todas as três tiveram um mesmo autor. COMENTÁRIOS - II João I - PROPÓSITO Prevenir uma bondosa senhora a respeito da hospedagem de alguns falsos mestres. II - ANÁLISE "O Presbítero" O título descrevia, não simplesmente a idade, mas a posição de ofício. É evidente que ele era conhecido desse modo. Ele não tinha dúvida de que eles o identificariam imediatamente por esse título, que dá testemunho da sua autoridade reconhecida "A Senhora Eleita" Não meio de saber se a palavra Cyria traduzida por senhora, se refere a uma pessoa, ou a igreja. Onde os seus filhos seriam os membros da igreja. Se era uma pessoa então era muito conhecida e residia próximo a cidade de Efeso em cuja casa a igreja se reunia. "A Verdade" A palavra favorita de João verdade aparece cinco vezes nesta epístola. Esta palavra é usada em três sentidos: - Como base do ensino cristão - Como próprio Cristo - Sinceramente Temos, assim um ensino maravilhoso Verso 1 - A Verdade: como fonte de Amor, Natureza do Amor, Razão para o Amor Verso 2 - A Verdade: Cristo é a Verdade, Em nós, Conosco Verso 3 - A Verdade: A graça, A Misericórdia, Paz, Fruto da verdade Verso 4 - A Verdade: Como caminho, Como mandamento divino COMENTÁRIOS - III João I - PROPÓSITO Agradecer ao simpático e generoso Gaio pelos benefícios prestados. II - ANÁLISE É uma carta pessoal do Presbítero a seu amigo Gaio, a quem saúda calorosamente e com quem se congratula por sua bem conhecida hospitalidade. Muitos dos cristãos dedicavam suas vidas na evangelização itinerante, sem salário ou recompensa, e dependiam da hospitalidade dos cristãos. Analisemos os três personagens mencionados nesta epístola: 1. Gaio Ver. 1 Havia um Gaio em Corinto, I Cor. 1: 14, que, depois de batizado por Paulo tornou-se hospedeiro do apóstolo e de toda a igreja. Segundo uma tradição de que ele mais tarde veio a ser escriba de João. Homem de bom testemunho. Verso 3 Homem bondoso, cheio de caridade. Verso 6 Homem hospitaleiro. Verso 10, Comparar com Romanos 16:23 Provável filho na fé de João. Verso 4 2. Diótrefes Ver. 9 Diótrefes era, provavelmente, um dos falsos mestres arrogantes referidos em I João. No caráter e na conduta ele era inteiramente diferente de Gaio. Diótrefes é visto como alguém que se ama a si próprio mais que os outros, e que recusa a acolher os evangelistas em viagem Queria ser o principal. Verso 9 Não hospitaleiro. Verso 9 Homem de mal testemunho. Verso 10 Homem de palavras maliciosas. Verso 10 Homem que influenciam os outros. Verso 10 Provavelmente escondeu uma carta de João. Verso 9 3. Demétrio Nada sabemos ao certo, deste Demétrio, fora o que nos é dito neste único versículo. Tem-se feito a conjetura de que João o recomendou desse modo porque foi ele o mensageiro da epístola. Homem de bom testemunho. Verso 12 Um homem cristão EPÍSTOLA DE JUDAS I - Introdução Há certa semelhança entre a Segunda epístola de Pedro e a de Judas; ambas tratam da apostasia na igreja. Pedro descreve a apostasia como futuro e judas, como presente. Pedro expõe os falsos mestres como perigosos; Judas descreve-os em extrema depravação e na maior desordem. II - Autoria O autor desta epístola descreve-se como "Judas", servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago. Sabemos que no Novo Testamento há vários homens com este nome. Como identificar o autor desta carta? 1. Judas Iscariotes, o traidor. Mateus 26:14 2. Judas (Tadeu) filho de Tiago. Lucas 6:16 Alguns estudiosos tem atribuído a este Judas a autoria da epístola, pois segundo a ARA aparece "irmão de Tiago" Leiamos o verso 17. 3. Judas irmão de Jesus. Mateus 13:55 Este tem recebido o apoio da grande maioria dos eruditos da Bíblia. Não pode haver dúvida quanto a sua autoria. Devemos observar a expressão de Judas quando diz " irmão de Tiago". Fica caracterizado de modo suficientemente claro, que havia um só Tiago eminente e bem conhecido, o irmão do Senhor. III - Autor Conformevimos acima Judas era irmão do Senhor, fora disto, nada sabemos a seu respeito. Podemos aprender muita coisa de Judas ao escutar o que tem a dizer de si mesmo. - Era homem humilde (se identificava como servo de Cristo) Devemos observar Romanos 1:1, I Pedro 1:1 • Era reconhecido como irmão do Senhor. I cor. 9:5 IV - Data Devia Ter sido escrita, provavelmente no ano 70 AD, visto que faz referência à profecia de II Pedro que por sua vez, não foi escrita antes do ano 66 COMENTÁRIOS I - PROPÓSITO Pelo verso 3 deduz-se que, Judas pretendia escrever um tratado sobre salvação, quando, foi constrangido pelo Espírito a mudar o tema. Judas então passou a escrever uma defesa veemente do padrão moral da fé cristã. II - ANÁLISE Dividiremos o estudo em seis partes: 1. Guardados por Deus para o Senhor Jesus. Verso 1,2 - Foi escrito aos que são: Chamados, Amados, Conservados em cristo e Conservados por Cristo. 2. Guardar a fé. Verso 3,4 - O Espírito constrange a mudar o tema - Salvação comum(esta ao alcance de todos) 3. Guardados para o juízo. Verso 5-7 - Como solene aviso - Deve-se guardar os mandamentos 4. Não guardar a fé. Verso 8,19 - Abandonando a Fé, segue-se uma terrível deterioração do caráter. Sensualidade, Pensamentos corruptos, Incontinentes, Espírito Zombeteiro 5. Guardados no Amor de Deus. Verso 20-23 - O Amor é tudo. - Como devemos proceder. Edificando, Orando, Conservando, Olhando, Compaixão, Salvando Etc.. 6. Guardados de tropeçar. Verso 24,25 - Tropeçar precede cair - Ele nos livra dos tropeços BIBLIOGRAFIA Manual Bíblico H.H.Halley Vida Nova Pequena Enciclopédia Bíblica Orlando Boyer IBAD Novo Comentário da Bíblia F. Davidson E. Vida Nova Tiago Douglas J. Moo Mundo Cristão I Pedro Enio R. Mueller Mundo cristão II Pedro e Judas Michael Green Mundo Cristão I,II,III João John R. W. Stott Mundo Cristão Os Amigos de Jesus E. Percy Ellis CPAD Apostila IBB Bíblia Sagrada Várias versões TEOLoGIA BAcHAREL EM Atos dos Apóstolos ATOS DOS APÓSTOLOS A igreja em jerusalém 1. A comissão dos Apóstolos 2. A Fundação da Igreja de Jerusalém. 3. A Descida do Espírito Santo (1:12-2.13) 4. A conversão de Saulo de Tarso. 5. A Chamada de Paulo ii - as missões do apóstolo Paulo 1. A Primeira Viagem Missionária 2. A segunda viagem missionária 3. A terceira viagem missionária iii - as prisões do apóstolo Paulo 1. O Resumo dos últimos capítulos de "Atos dos Apóstolos" 2. A Prisão de Paulo em Jerusalém (Atos 21, 22 e 23) 3. A Prisão de Paulo em Cesaréia (Atos 24, 25 e 26) 4. A prisão de Paulo em Roma 1. Título do livro: O título do livro de "Atos dos Apóstolos" tal como o conhecemos não fazia parte do livro original mas sim foi lhe dado depois do ano 200 da era cristã. O Evangelho de Lucas e Os Atos são dois volumes de uma só obra. Isso fica claro comparando Lc 1.1-4 com At 1.1-4. 2. Tema do livro: O livro dos Atos contém a história do estabelecimento e desenvolvimento da igreja cristã, e da proclamação do evangelho ao mundo então conhecido na época (At 1.8). 3. Palavras chaves de Atos: "Ascensão", "descida" e "expansão". 4. Escritor do livro: a) Pistas para descobrir o escritor: Considerando a dedicatória do livro a Teófilo (At 1:1; comparemos com Lc 1:3), a referência a um tratado anterior (1:1), o seu estilo, o fato de o autor ter sido companheiro de Paulo, o que fica muito claro por estarem certas partes do livro escritas na primeira pessoa do plural ("nós"), e ter acompanhado Paulo à Roma (At 27:1; comparemos com Cl 4:14; Fm 24; 2 Tm 4:11), chegamos a conclusão que o livro de Atos foi escrito por Lucas. A impressão que se dá é que ele teria usado o diário de viagem como fonte de material. b) Quem foi Lucas? Pouco se sabe dele. Seu nome é mencionado só três vezes no NT . Paulo chama-o de "médico amado". O único escritor da Bíblia que não era judeu. A tradição e os estudiosos dizem que Lucas era homem de cultura e erudição científica, versado nos clássicos hebraicos e gregos. É possível que tivesse estudado medicina na Universidade de Atenas. c) Relação de Lucas com Paulo: Ficou em Filipos até à volta de Paulo, seis ou sete anos depois, At 16:40 ("dirigiram-se"), quando tornou a se juntar a ele, 20:6 ("navegamos") e com ele ficou até o fim, possivelmente até a morte de Paulo em Roma. 5. Para quem Atos foi escrito: Foi escrito particularmente a Teófilo, um nobre cristão, mas de um modo geral a toda a igreja. 6. Propósitos do livro de Atos: a) Propósito Informativo/ Evangelístico: Lucas queria informar ao excelentíssimo Teófilo sobre como o evangelho se propagou desde de Jerusalém a Roma. Teófilo já havia recebido alguma informação a respeito da fé cristã, e foi para lhe fornecer uma explicação mais precisa de sua fidedignidade que Lucas, em primeiro lugar, escreveu a história inicial do Cristianismo, começando do nascimento de João Batista e de Jesus até o fim dos dois anos de prisão de prisão de Paulo em Roma (cerca de 61 a. D.). Atos trata principalmente dos atos de Pedro e de Paulo, mais deste último. b) Propósito Apologético: O livro mostra principalmente como o evangelho se estendeu aos não judeus (os gentios). O A. T. é a história das relações de Deus, desde os tempos antigos, com a nação judaica, que tinha a função de abençoar as outras nações. É no livro de Atos que a família de Deus deixa de ser uma questão nacional e passa a ter um sentido universal (intenção divina em At 2:7- 11). Assim, o escritor defende veementemente que o Cristianismo não é um ramo herético do judaísmo, mas antes, uma elevação e melhoria do judaísmo, com raízes profundas no mesmo, mas retendo apenas os elementos nobres e úteis, ficando rejeitados todos os seus males, especialmente a apostasia para a qual havia decaído, como também o seu escopo provincial. c) Propósito Político: Mostrar aos líderes romanos que o cristianismo não deveria ser temido e perseguido, como ameaça ou movimento traiçoeiro ao estado romano; pelo contrário, que era digno da proteção romana, com permissão de funcionar livremente, tal como o judaísmo havia obtido de seus conquistadores militares. Por este motivo é que o livro de Atos apresenta os oficiais romanos como ordinariamente favoráveis aos movimentos dos missionários cristãos. Embora Lucas houvesse escrito após Paulo haver sido martirizado, e a perseguição de Roma contra os cristãos já houvesse começado, ele não ignora e nem põe em perigo o seu propósito apologético encerrando o seu livro numa atitude negativa, a saber, narrando a execução do maior advogado do cristianismo às mãos das autoridades romanas. (Ver Atos 18:12-17, onde se expõe a idéia da proteção do cristianismo, pelas autoridades romanas, tal como o judaísmo já vinha sendo protegido pelas leis do império). Lucas, portanto, quis mostrar que os levantes e as perturbações de ordem pública que seguiam na cauda do movimento dos missionários cristãos resultavam das perseguições efetuadas pelos judeus, e não de qualquer espírito malicioso dos próprios cristãos. Lucas endereçou a sua dupla obra (Lucas-Atos) a um oficial romano, de nome Teófilo. Por conseguinte, dirigiu seu trabalho à aristocracia romana, esperando que se os argumentos ali contidos fossem recebidos e digeridos, o novel movimento cristão viesse a ser protegido, e não perseguido. Todavia, o seu grande alvo, do ponto de vista humano, fracassou, porque sobrevieram severas e prolongadas perseguições, desde muito tempo antes o evangelho de Lucas e do livro de Atos terem sido escritos e postos em circulação. d) Propósito Jurídico: Alguns estudiosos supõem que um objetivo do Médico amado seria o de usar o relato de Atos dos Apóstolos para ser lido como sumário de argumentopara a defesa, no julgamento de seu amigo, o Apóstolo Paulo. i. a igreja em jerusalém 1. A comissão dos Apóstolos Entende-se por comissão o ato de cometer; encarregar; também significa encargo, incumbência. Os missiólogos chamam a missão dada por Jesus aos seus primeiros discípulos de "Grande Comissão". Ele ordenou aos onze homens, com os quais mais dividira seu ministério terreno, que fossem ao mundo inteiro e fizessem discípulos em todas as nações, Ele lhes disse que ensinassem a esses novos discípulos tudo que haviam aprendido d'Ele (Mateus 28:18-20). Mais tarde, o apóstolo Paulo deu as mesmas instruções a Timóteo: "E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros" (2 Timóteo 2:2). Mas, somente em nossas próprias forças não poderemos cumprir nossa comissão. Por isso, o Senhor nos deus uma capacitação além da natural: "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra". Ma podemos questionar: Qual o coração da Grande Comissão? Infelizmente, não aparece na Versão Corrigida, que traduz assim o começo do versículo 19: "Portanto, ide e ensinai". Na Atualizada, podemos descobrir o coração da Grande Comissão, identificando os imperativos (tempos verbais que expressam ordem, determinação) nela: "Ide" e "fazei discípulos". Assim como nas traduções inglesas e espanholas, a Versão Atualizada em português traz dois imperativos. Mas não é assim na linguagem original. No grego, matheteusate ou "fazei discípulos" é o único imperativo nesse texto. Os outros três verbos nos versículos 19 e 20 são gerúndios, ou seja, traduzindo literalmente, teríamos, por exemplo, indo, em lugar de ide. Os três gerúndios - "indo", "batizando" e "ensinando" - são as três funções indispensáveis de como fazer discípulos. Assim, uma vez que esses versículos não são a Grande Sugestão, mas, sim, a Grande Comissão, o discipulado é imprescindível na vida da igreja e na vida de cada cristão. Para David Kornfield, hoje, infelizmente, a Grande Comissão muitas vezes passa a ser a Grande Omissão. E teremos de prestar contas a Jesus a esse respeito. Essa Comissão de Mateus 28.18-20 e paralelamente em Atos 1:8 é grande por, pelo menos, por cinco razões: a) É Grande em sua Autoridade. Das dezenas ou centenas de mandamentos de Jesus, este é o único em que Jesus se veste de toda a autoridade do Universo. Ele se coloca como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Na época bíblica, um súdito que ignorasse ou negligenciasse um mandato declarado com toda a autoridade real arriscava a própria vida. É com essa autoridade que fazemos a obra do Senhor (At 1:8). b) É Grande em seu Efeito Multiplicador. É assim que o reino de Deus pode explodir! Até então, havia só um discipulador multiplicando-se em outros - Jesus Cristo. Agora vem a Comissão para começar um movimento multiplicador, contra o qual nem as portas do inferno prevalecerão. Pouco depois, os discipuladores não eram só 11, mas 120. Um pouco mais depois não eram só 120, mas milhares. De pouco em pouco! c) É Grande por sua Extensão Geográfica. Estende-se a todas as nações. Várias vezes o próprio Jesus limitou seu ministério e ordenou que os apóstolos também limitassem seus ministérios aos judeus. Aqui, ele abre o leque e abraça todo o mundo. na Comissão de fazer discípulos em todas as nações, encontramos o coração de missões mundiais. Deus não admitiu que Sua igreja entrasse em um ostracismo, vivendo só para si, e encapsulada em um único ponto geográfico. Ele quer, na verdade, que Seu povo se expanda territorialmente e anuncie o evangelho a toda criatura, tanto é que esse foi o objetivo da perseguição de Atos 8: 1-4. A ordem que aparece em Atos 1:8 não é cronológica, ou seja, Cristo não falou para evangelizar primeiro Jerusalém, segundo Judéia, terceiro Samaria e por último os confins da Terra. Essa interpretação é errada, perigosa, e fora da vontade do Senhor. O próprio texto de Atos 1:8 deixa claro que Jesus determinou que a obra da Sua igreja na Terra deveria ser desenvolvida simultaneamente nas três dimensões que Ele deseja que o Evangelho seja pregado. Isso fica claro nas expressões: "tanto em"; "como em"; e "até os". d) É Grande por sua Extensão a todos os aspectos da vida. Jesus nos chama a ensinar outros a guardarem tudo o que Ele ensinou. Esse mandato inclui toda a humanidade e, mais do que isso, implica não apenas o ensino, mas a prática desses mandamentos. No discipulado, o ensino sempre tem por fim a prática. Ou seja, o ensino que não leva à pratica não é discipulado. e) É Grande por sua Extensão no Tempo. Estende-se até a consumação do século, até a volta de Cristo. Cada pastor e igreja que se envolve no discipulado conforme o exemplo de Jesus constrói os alicerces para um movimento que fluirá de sua igreja a todas as nações, até a consumação dos séculos. 2. A Fundação da Igreja de Jerusalém: a) Na festa de Pentecostes, em 30 ou 33 d.C, deu-se o aniversário da Igreja. 50 dias depois da crucifixão de Jesus. 10 dias após sua Ascensão. Pensa-se que esse Pentecostes caiu no primeiro dia da semana. A festa de Pentecostes era também chamada festa das Primícias da colheita eram por essa ocasião apresentadas a Deus. Outrossim, comemorava a promulgação da Lei no Sinai. Apropriava-se, pois, para ser o dia da promulgação do Evangelho e da recepção das primícias da colheita mundial do mesmo Evangelho. Jesus, em Jo 16:17-24, tinha falado da inauguração da época do Espírito Santo. E agora, está sendo de fato inaugurada, numa poderosa manifestação milagrosa do Espírito Santo, com o som como de um vento impetuoso, e com línguas como de fogo pousando sobre cada um dos Apóstolos, esta feita para representantes do mundo inteiro, a judeus e a prosélitos ao judaísmo reunidos em Jerusalém para celebrar o Pentecostes, vindo de todas as terras do mundo que então se conheciam (mencionando- se 15 nações, 2:9-11) - e os Apóstolos da Galiléia falavam para eles nas suas próprias línguas. b) O Sermão de Pedro (2:14-16). O espetáculo espantoso de Apóstolos falando, sob a influência das línguas de fogo, nas línguas de todas as nações ali representadas. Isto, segundo a explicação de Pedro, vv. 15-21, era o cumprimento da Profecia registrada em Jl 2:28-32. Pode ser o que aconteceu naquele dia não foi o cumprimento total e final daquela profecia, e que aquilo seria o começo apenas, de uma era grandiosa e notável que foi iniciada; a profecia pode se aplicada também, ao fim desta era. c) O Cumprimento das Profecias. Nota-se as declarações repetidas que o que acontecia já tinha sido predito: A traição de Judas, 1:16-20; a Crucifixão, 3:18; a Ressurreição, 2:25- 28; a Ascensão de Jesus, 2:33-35; a vinda do Espírito Santo, 2:17. "Todos os profetas", 3:18-24. 3. A Descida do Espírito Santo (1:12-2.13) O rei Davi planejou a edificação do templo e reuniu os materiais necessários. Mas foi Salomão, seu sucessor, quem o erigiu (1 Cr 29: 1,2). Jesus igualmente planejou a Igreja durante seu ministério terreno (Mt 16:18; 18:17). Preparou os materiais humanos, porém deixou ao seu sucessor e representante, o Espírito Santo, o trabalho de erigi-la. Foi no dia de Pentecoste que esse templo espiritual foi construído e cheio da glória do Senhor (cf. Êx 40:34,35; 1 Rs 8:10,11; Ef 2:20). O dia de Pentecoste era a inauguração da Igreja, e o cenáculo, o local dessa comemoração. a) O Dia de Pentecostes "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes..." O nome "Pentecoste" (derivado da palavra grega "cinqüenta") era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A festa era assim denominada por ser realizada 50 dias após a Páscoa (ver Lv 23:15-21). Observe sua posição no calendário das festas. Em primeiro lugar festejava-se a Páscoa. Nela se comemorava a libertação de Israel no Egito. Celebravam anoite em que o anjo da morte alcançou os primogênitos egípcios, enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo divino. No sábado, após a noite de Páscoa, os sacerdotes colhiam o molho da cevada, previamente selecionado. Eram as primícias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, "as primícias dos que dormem" (1 Co 15:20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir ao Pai e nunca mais morrer. Sendo as primícias, é a garantia de que todos quantos nele crêem seguí-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna. Quarenta e nove dias eram contados após o oferecimento do molho movido diante do Senhor. E no qüinquagésimo dia - o Pentecoste - eram movidos diante de Deus dos pães. Os primeiros feitos da ceifa de trigo. Não se podia preparar e comer nenhum pão antes de oferecer os dois primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava sua soberania sobre O mundo. Depois, outros pães podiam ser assados e comidos. O significado típico é que os 120 discípulos no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas diante do Senhor por meio do Espírito santo, 50 dias após a ressurreição de Cristo. Era a primeira das inúmeras igrejas estabelecidas durante os últimos 19 séculos. O Pentecoste foi a evidência da glorificação de Cristo. Para Myer Pearlman, a descida do Espírito era como um "telegrama" sobrenatural, informando a chegada de Cristo à mão direita de Deus. Também testemunhava que o sacrifício de Cristo fora aceito no Céu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada. O Pentecoste era a habilitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no Sinai, o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a fim de administrar, dali, os assuntos de Cristo. b) O Falar em Línguas Apareceu em seguida a realidade da qual o vento é símbolo: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem". O que produz esta manifestação? O impacto do Espírito de Deus sobre a alma humana. É tão direto e com tanto poder, que a pessoa fica extasiada, falando de modo sobrenatural. Isto pelo fato de a mente ficar totalmente controlada pelo Espírito. Para os discípulos, era evidência de estarem completamente controlados pelo poder do Espírito prometido por Cristo. Quando a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre ela. Alguns argumentaram que a manifestação do falar em línguas limitou-se à época dos apóstolos. Aconteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade naquela época. Não existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no Novo Testamento. Mesmo no quarto século depois de Cristo, Agostinho, o notável teólogo do Cristianismo, escreveu: "Ainda fazemos como fizeram os apóstolos, quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espírito mediante a imposição das mãos. Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas línguas". Ireneu (115-202 d.C.), notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo, que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: "Temos em nossas igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do Espírito, falam toda sorte de línguas". A Enciclopédia Britânica declara que a glossalália (o falar em línguas) "ocorreu em reavivamentos cristãos durante todas as eras: por exemplo, entre os frades mendicantes do século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os convertidos de Wesley e Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e entre os irvingistas". Podemos multiplicar as referências, demonstrando que o falar em línguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O falar em línguas nem sempre é em língua conhecida. Ver 1 Co 14.2). 4. A conversão de Saulo de Tarso Conquanto a tivesse precedido um longo período de "incubação" inconsciente, sem dúvida alguma a conversão de Paulo foi repentina. Ele não conseguira banir da mente o rosto do mártir moribundo - "como se fosse rosto de anjo". Nem podia ele esquecer-se da última oração pungente de Estevão: "Senhor, não lhes imputes este pecado" (Atos 7:6). O Espírito Santo, sempre ativo, havia preparado o palco, no decorrer dos anos, para este grandioso confronto e capitulação. O raio luminoso cegante encontrou uma vasta quantidade de material inflamável no coração do jovem perseguidor. O milagre aconteceu em pleno meio-dia. Paulo viu a Jesus em toda a sua glória e majestade messiânicas. Não se tratava de mera visão, pois ele classifica o fato como a última aparição do Salvador a seus discípulos, e o coloca no mesmo nível de suas aparições aos outros apóstolos. Sua declaração é clara e inequívoca. E apareceu a Cefas, e, depois, aos doze. Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora, porém alguns já dormem. Depois foi visto por Tiago, mais tarde por todos os apóstolos, e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo (I Coríntios 15:5-8). Não foi um êxtase, mas uma aparição real e objetiva do Cristo ressurreto e exaltado, vestido de sua humanidade glorificada. Paulo convenceu-se de imediato de que Cristo não era um impostor. Quão diferente foi a entrada em Damasco daquela que o inquisidor havia imaginado! "E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia... mas, levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Então se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram- no para Damasco" (Atos 9:4-8). Paulo entrou cativo em Damasco, acorrentado à roda da carruagem de seu Senhor vencedor. Fora tudo estava escuro, mas dentro tudo era luz. A rendição de Paulo ao Senhorio de Cristo foi imediata e absoluta. Desde o momento em que ele reconheceu que Jesus não era um impostor, mas o Messias dos judeus, ele ficou sabendo que só poderia haver uma resposta. Toda a história se resume nas suas duas primeiras perguntas: "Quem és tu, Senhor?" "Que farei, Senhor?" (Atos 22:8,10). A verdadeira conversão sempre resulta em rendição à vontade de Deus, pois a fé salvadora implica obediência (Romanos 1:5). Quão surpreendente foi a estratégia vitoriosa de Deus! C.E. Macartney escreve: "O mais amargo inimigo tornou-se o maior amigo. A mão que escrevia a acusação dos discípulos de Cristo, levando-os à presença dos magistrados e para a prisão, agora escrevia epístolas do amor redentor de Deus. O coração que bateu de júbilo quando Estêvão caiu sobre as pedras sangrentas, agora se regozijava em açoites e apedrejamentos por amor de Cristo. Do outrora inimigo, perseguidor, blasfemador proveio a maior parte do Novo Testamento, as mais nobres declarações de teologia, os mais doces poemas de amor cristão" (J.O. Sanders, p.28). 5. A Chamada de Paulo O chamado de Deus veio a Paulo de forma tão clara e específica que não lhe foi possível confundi-lo, enquanto jazia deitado no chão cego pela luz celestial. Ananias também comunicou-lhe a mensagem que havia recebido de Deus: "O Deus de nossos pais de antemão te escolheu para conheceres a sua vontade, ver o Justo e ouvir uma voz da sua própria boca, porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido" (Atos 22:14-15). Mais tarde, quando Paulo voltava para Jerusalém, sobreveio-lhe um êxtase, e viu aquele que lhe falava e que lhe disse: "vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios" (Atos 22:17,18,21). A Ananias, cujo temor bempodemos compreender, comissionado por Deus para dar as boas- vindas ao notório perseguidor da Igreja cristã, Deus também indicou a esfera de testemunho para a qual ele havia chamado Paulo: "Mas o Senhor lhe disse [a Ananias]: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto importa sofrer pelo meu nome" (Atos 9:15-16). Paulo revelou outra faceta de seu chamado ao se defender perante Agripa: "Ouvi uma voz que me falava... Levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus" (Atos 26:14-18). Assim, desde os primeiros dias de sua vida cristã, Paulo não somente sabia que era um veículo escolhido por meio de quem Deus comunicaria sua revelação, mas tinha uma idéia geral do que Deus havia planejado para seu futuro: (a) Seu ministério o levaria para longe do lar; (b) Ele teria um ministério especial entre os gentios; (c) Esse ministério lhe traria grande sofrimento. Só aos poucos ele chegou a compreender que este chamado não era tanto um novo propósito de deus para sua vida, quanto a culminação do processo preparatório iniciado antes de seu nascimento. Assim é hoje. O chamado do dirigente cristão não é tanto um novo propósito para sua vida quanto a descoberta do propósito para o qual Deus o trouxe ao mundo. O Senhor havia dito aos seus discípulos que os postos de liderança no seu Reino dependiam da soberana nomeação de seu Pai. "Quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda. é para aqueles a quem está preparado" (Marcos 10:40). Paulo reconhecia esta verdade, mas só aos poucos ele chegou a um claro entendimento do trabalho que Deus tinha para ele. Só depois que os judeus rejeitaram de forma consistente sua mensagem é que Paulo se devotou quase que exclusivamente aos gentios. Sua experiência em Corinto chegou a uma fase decisiva. "Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus. Opondo-se eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes. Sobre a vossa cabeça o vosso sangue! eu dele estou limpo, e desde agora vou para os gentios" (Atos 18:5-6). Alguns anos após a sua conversão, este chamado inicial foi renovado e confirmado pela igreja de Antioquia onde ele havia trabalhado por um ano. "E, servindo ele [os dirigentes] ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (Atos 13:2). De modo que o chamado geral se tornou específico, e eles alegremente partiram, "enviados pelo Espírito Santo". O primeiro passo no cumprimento da grande comissão do Senhor e o começo do importante empreendimento missionário de amplitude mundial havia sido realizado com segurança. ii - as missões do apóstolo paulo Sabemos que o conceito teológico de Missões é tríplice: a igreja tem uma missão de adorar a Deus em espírito em verdade; tem uma incumbência de edificar a si própria; e tem a grande comissão de evangelizar o mundo. Como referencial de obreiro que Paulo foi, atuou nessas três obras. Entretanto, vamos delimitar a prática missiológica paulina somente às suas heróicas viagens missionárias. O ambiente de trabalho missionário do apóstolo Paulo foi o Império Romano. Inserir mapa do I R Antes propriamente de entrarmos em suas viagens, é interessante ter em mente a cronologia da vida do Apóstolo aos gentios. Vejamos: 5 d.C. Nascimento em Tarso, da Cilícia 20-26 Estudos em Jerusalém 26-32 Estudos em Tarso 32-37 Conversão na estrada de Damasco, Atos 9 37-39 Viagem pela Arábia. Gl. 1 35-43 Prega em Tarso e noutros lugares da Cilícia, Atos 9 e Gálatas 1. 43- 44 Prega com Barnabé em Antioquia, Atos 11 44- 45 Viagem a Jerusalém, durante a fome, Atos 11 45- 47 Primeira viagem missionária, Atos 13-14 47-49 Reside em Antioquia da Síria, Atos 11 49 Faz-se presente ao concílio de Jerusalém. Atos 15 49-51 Segunda viagem missionária, Atos 15-18 51-56 Terceira viagem missionária, Atos 18-21 56 Aprisionamento em Jerusalém, Atos 21 56-58 Paulo na Prisão em Cesaréia, Atos 23 58- 59 Viagem a Roma, Atos 27 59- 61 Confinamento em Roma, Atos 26 61-64 (?) Viagens à Espanha, Creta, Macedônia, Grécia, não mencionadas em Atos, embora indicadas em outros documentos como no cânon muratoriano e nas epístolas de Clemente. Algumas indicações destas viagens existem nas epístolas pastorais. 64-67 Execução em Roma, durante as perseguições movidas por Nero. 1. A Primeira Viagem Missionária Em geral, Os Atos relatam três viagens missionárias de Paulo. Essa narrativa às vezes é mui detalhada, às vezes resumida demais. O principal é o seguinte: todas as três viagens começam e terminam na comunidade gentio-cristã de Antioquia e não na comunidade judeu-cristã de Jerusalém (as epístolas confirmam isso); geralmente Paulo dirigia-se primeiro a seus patrícios mas bem depressa era obrigado a procurar os pagãos. a) Resumo e itinerário Primeira viagem missionária: Barnabé e Paulo vão aos gentios, Atos 13:1-14:29. Missão a Chipre, 13:4-12. Missão à Galácia, 13:13-14:28. Missão de Pafos a Perge, 13:13. Missão a Antioquia da Psidia, 13:14-52. Missão a Icônio e Listra, 14:1-18. Missão a Icônio, 14:1-7, Missão a Listra, 14:8-18. Retorno a Antioquia da Síria, 14:19-28. Mapa - Inserir b) A Missão da Primeira Viagem Lucas conservou-nos uma preciosa notícia sobre a organização da comunidade de Antioquia e a liturgia (Atos 13: 1-3). A primeira etapa da missão foi a ilha de Chipre, de onde Barnabé era originário. O que interessa a Lucas é o primeiro contato do apóstolo Paulo com um magistrado romano, Sérgio Paulo, senador, antigo pretor, muito conhecido por inscrições. Sua família vinha de Antioquia da Pisídia. Na narração de Lucas, o nome Paulo toma dali em diante o lugar de Saulo: não se pode deduzir daí que Saulo tenha adotado o nome do seu ilustre convertido. Ter um duplo nome era então corrente nos meios bilíngües, como o da família de Paulo. Junto ao governador, Paulo teve de enfrentar um mágico de origem judaica, Elimas (At. 13,8). O sucesso das ciências ocultas era grande na época; o que pode surpreender é que um judeu as pratique. Segundo os Atos, Paulo terá outras ocasiões de se confrontar com mágicos. Na sua carta aos Gálatas, ele classifica as práticas de feitiçaria (pharmakeia) na categoria das obras da carne, próximas da idolatria (Gl. 5,20). Nas suas cartas, Paulo não faz alusão à missão de Chipre, para onde ele não terá ocasião de voltar. Por que ele abandona a ilha sem a ter visitado toda? Paulo que toma a frente da expedição em direção à Anatólia através dos desfiladeiros do Tauro, covil de bandidos. Mais tarde Paulo fará alusão aos perigos corridos na estrada (2Cor 11,26). Primo de Barnabé, o jovem João Marco teve medo da aventura e abandonou o grupo. Paulo não o perdoou, a princípio. a) O discurso de antioquia da pisídia Quando Paulo chegava numa cidade qualquer, ele começava indo à sinagoga. Lá, ele podia entrar em contato com os judeus do lugar e os " tementes a Deus " , pagãos atraídos para o judaísmo (At 13,26). Como amostra da pregação de Paulo, Lucas nos conservou o discurso de Antioquia da Pisídia (At 13,14-41). Esta era uma colônia romana, fundada por Augusto para instalar aí os veteranos da legio V Gallica. O Sérgio Paulo que se instalou aí devia ser um dos oficiais superiores desta legião. O discurso de Paulo não tem equivalentes nas Cartas, mas é fácil encontrar um certo número de temas pertencendo à apologética cristã primitiva. Ele se coloca no contexto litúrgico tradicional: depois da leiturade uma passagem da Lei e de uma outra, tirada da coletânea dos profetas, os chefes da sinagoga convidam os visitantes a pronunciar algumas palavras de exortação. Paulo não se fazia de rogado! O texto de Lucas tem a marca da retórica da época. Do ponto de vista das idéias, o discurso contém uma retrospectiva da história de Israel até Davi. Ainda que dirigido em prioridade aos judeus, o discurso continha uma ponta universalista: a palavra da salvação vale para os filhos de Abraão como para todos os que temem a Deus (v.26). Sobretudo, ele esboçava uma crítica contra a Lei de Moisés, incapaz de trazer a salvação (v.38). O sucesso junto aos não-judeus apenas aumentou a irritação dos filhos de Abraão. Para se justificar, Paulo declara: " É a vós por primeiro que devia ser dirigida a palavra de Deus "(v.46). Paulo será fiel a este por primeiro, como se vê pela declaração de princípio de Rm 1,16: " O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, do judeu primeiro, e depois do grego". Para legitimar a sua passagem para as nações, Paulo cita então uma passagem dos cantos do Servo, que tem uma grande importância na apologética cristã primitiva: "Destinei-te a seres luz das nações, a fim de que a minha salvação esteja presente até a extremidade da terra" (Is 49.6). Este texto vale em primeiro lugar para Cristo, mas Paulo o aplicou a si mesmo, como mostra Gl 1.15. Assim, portanto, Paulo, servo de Cristo, descobre a sua missão ao reler a Escritura. b) Pregação aos pagãos de Listra e retorno Nas cidades que Paulo e Barnabé vão atravessar, o mesmo cenário se reproduz. Como Por exemplo em Icônio (At 14,1-7), a pátria de santa Tecla segundo os Atos de Paulo (acima, p.16s). Em 2Tm 3.13 também se fala dos sofrimentos suportados por Paulo em Antioquia, Icônio e Listra. Nesta última cidade, um incidente tragicômico manifesta bem a credulidade do povo e a dificuldade para os Apóstolos de fazerem-se compreender por uma população pouco helenizada. Uma cura provoca o entusiasmo e o povo logo quer oferecer um sacrifício, como se Barnabé e Paulo fossem Zeus e Hermes em visita. No caminho de volta, os apóstolos confirmam os discípulos lembrando-os do sentido cristão da provação: "É necessário que passemos por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus" (At 14,22). Para dirigir as comunidades, Paulo e Barnabé designaram-lhe anciãos (presbyteroi). Este termo era tradicional nas comunidades judaicas para designar os responsáveis. Não surpreende que tenha sido retomado pelos judeu-cristãos: em Jerusalém, a primeira menção aparece já em At 11,30. Por outro lado, não o encontramos nas cartas de Paulo, exceto nas epístolas pastorais, redigidas provavelmente por um discípulo: os anciãos são instituídos por imposição das mãos (1Tm 5,22). Enquanto Paulo pudesse seguir por si mesmo a vida das congregações, a instituição dos ministérios podia permanecer na sombra. Isto não impede que Paulo tivesse a preocupação de apoiar aqueles que haviam aceitado tomar a direção das comunidades, como em Tessalônica ou em Corinto. Tendo partido de Antioquia com o apoio dos fiéis, os missionários voltam para contar "tudo o que Deus realizara com eles, e, sobretudo como tinha aberto aos pagãos a porta da fé" (At 14,27). Atmosfera de alegria e de ação de graças, bem à maneira de Lucas! Mas os obstáculos foram todos afastados? 2. A segunda viagem missionária a) Resumo e itinerário Segunda viagem missionária: Paulo vai à Europa, 16:1-18:17: Galácia e A. Menor, 16:1-10. Timóteo e Paulo, 16:1-5 Missão a Trôade, 16:6-10. Trabalho na Macedônia, 16:11-17:15. Em Filipos, 16:11-50. Em Tessalônica, 17:1-9. Em Beréia, 17:10-15. Na Acaia, 17:16-18:17. Esta última fase inclui Atenas e Corinto. b) A missão da segunda viagem Segunda viagem (49-52; At 15,36-18,22). P. não demorou muito em Antioquia, mas visitou com Silas as comunidades cristãs da Síria, da Cilicia, de Derbe, Listra e Antioquia da Pisídia. Em Listra conheceu Timóteo, que se tornou um dos colaboradores mais fiéis do apóstolo (15,35- 16,5). Daí surgiu com Silas para a Frígia, a terra dos gálatas, onde foi detido por uma doença e recebido "como um anjo de Deus", como o próprio Cristo (Gl 4,13-15). Depois de atravessar a Míssil chegou em Tróade (16,6-8), onde se encontrou com um médico, Lucas, que se juntou à sua companhia. No mesmo lugar teve a visão noturna do Macedônia, clamando por socorro. Seguiu imediatamente para a Macedônia e via Neápolis para Filipos, onde foi fundada uma comunidade muito florescente, composta quase exclusivamente de gentios (16,11-40;1 Ts 2,2), que mostrou grande afeição para com P. (Flp 1,3-8.10-16). Os magistrados da cidade mandaram prender P. e Silas; mas, durante a noite, foram soltos por serem cidadãos romanos. Pela Via Egnatia os missionários continuaram sua viagem, por Anfípolis e Apolônia, até Tessalônica. Aí P. pregou durante três semanas na sinagoga e converteu numerosos "tementes a Deus" e alguns judeus, teve também muitas conversas nas casas particulares (1 Ts 2,11s), sobretudo à noite, porque de dia exercia a sua profissão (2,7-10). Apesar da oposição de alguns (2,14), Paulo fundou uma comunidade florescente, composta sobretudo de gentio-cristãos. De Tessalônica P. e Silas partiram para Beréia, onde numerosos judeus e gentios da elite foram conquistados para o cristianismo, até que P., pelas ameaças dos judeus, foi obrigado a abandonar a cidade. Deixou Silas e Timóteo em Beréia e viajou sozinho a Atenas (17,1-5); aí Timóteo se ajuntou a P., mas foi mandado de volta a Macedônia (1 Ts 3,1-6). Em Atenas Paulo pregou na sinagoga e no mercado. Alguns ouvintes, entre os quais havia filósofos epicuristas e estóicos, pensaram que estivesse anunciado novos deuses; foi convidado para apresentar a sua doutrina no Areópago; aí Paulo pregou o Deus único. Mas, quando começou a falar sobre o juízo e a ressurreição, interromperam-no. Alguns gentios apenas deixaram se convencer Dâmaris e Dionísio. O Apóstolo aos gentios entristeceu-se profundamente por esse fracasso (1 Ts 3,3s) e desanimou (cf. 1Cor 2,3). Nesse estado chegou a Corinto, com o firme propósito de renunciar doravante à eloqüência e sabedoria humanas, e de só conhecer e pregar o Cristo crucificado (1 Cor 2,2). Em Corinto esteve durante 18 meses hospedado com Áquilas e Priscila. Nos dias de semana exercia a sua profissão; nos sábados pregava na sinagoga. Quando Silas e Timóteo, porém, lhe trouxeram ajuda financeira dos filipenses (2 Cor 11,9; Fp 4,16), dedicou-se ele inteiramente à pregação. Converteu alguns judeus (18,8; 1 Cor 1,14) e muitos pagãos, principalmente das classes mais baixas, sem cultura (1 Cor 1,26). Em Corinto, Paulo escreveu 1Tes e 2Tes. Invejosos do seu sucesso, os judeus o acusaram diante de Galião, provavelmente no princípio de seu consulado (meados de 52), como propagandista de um "religião ilícita". Galião, porém, rejeitou a acusação dos judeus. Em Corinto o apóstolo embarcou-se para a Síria, junto com Áquilas e Priscila. Deixou seus companheiros em Éfeso, aterrou em Cesaréia, visitou talvez Jerusalém, e voltou para Antioquia (At 18,18-22). 3. A terceira viagem missionária a) Resumo e itinerário Terceira viagem missionária: Paulo vai à Ásia Menor, 18:18-19:41. Viagem de confirmação das igrejas, 18:18-23, Apolo, 18:24-28. Paulo em Éfeso, 19:1-41. Retorno à A. Menor, 19:1=12. Paulo e os exorcistas, 19:13-20. Planos de Paulo sobre o futuro, 19:21-22. O levante em Éfeso, 19:23-41. Mapa - Inserir b) A missão da terceira viagem Terceira viagem (53-58; At 18,23-21,14). Pouco depois partiu novamente para a Galácia (cf. Gl 4,13), onde reinavam a piedade e a paz nas comunidades cristãs (1,6; 5,7), atravessou a Frígia, as montanhas do centro da Ásia Menor e o vale do Meandro, e chegou a Éfeso (At 18,23; 19,1.8.10; 20,31). Aí Priscila e Áquilas já haviam completado a instrução cristã de Apolo, judeualexandrino douto e eloqüente que com zelo e sucesso pregara o cristianismo na sinagoga, e já partira para Corinto (18,24-28; 19,1). Em Éfeso Paulo conheceu também uma dúzia de discípulos de João Batista, que ele ganhou para o cristianismo (19,2-7), e pregou durante três meses na sinagoga. Como a maior parte dos judeus continuava incrédula, dirigiu-se aos pagãos, pregando no auditório de um tal de Tirano, provavelmente um retor grego. Lucas narra detalhadamente alguns episódios das atividades de P. em Éfeso; curas e expulsão de demônios, a destruição de um grande número de livros de magia (19,11-19) e o tumulto que, depois de três anos, ocasionou o fim da estadia de P. naquela cidade (19,23-20,1). At 19,20.26 refere-se em termos vagos à propagação do cristianismo "por toda a Ásia". De fato, abrira-se para P. em Éfeso "uma porta larga e poderosa" (1Cor 16,9); quem a abriu foi ele mesmo e os seus colaboradores (Timóteo, Tito, Erasto, Gaio, Aristarco e Epafras: At 19,22,29; 2Cor 12,18; Cl 1,7); e fundaram-se comunidades cristãs em Colossos, Laodicéia, Hierápolis (Cl 1,7; 2.1; 4,12s), Tróade (At 20,5-12; 2Cor 2.12) e mui provavelmente também em Esmirna, Tiatira, Sardes e Filadélfia (Ap 1:11). Em éfeso Paulo sofreu muitas e duras provações: perseguições da parte dos judeus (20:19; cf. 21:27), uma determinada tribulação que "acima de suas forças" o oprimiu, a ponto de ele "perder a esperança de conservar a vida" (2Cor 1:8), uma doença ou perigo mortal (cf. 2Cor 1:9s; 11:23), uma luta contra as feras (1Cor 15:32), seja em sentido literal, seja em sentido metafórico, de uma luta contra homens maus e violentos; afinal, em Rm 16:4 Paulo fala num perigo mortal, do qual foi salvo por Priscila e Áquilas; esse acontecimento desconhecido deve-se localizar provavelmente em Éfeso. Além disso Paulo andava muito preocupado com algumas comunidades cristãs. Os gálatas quase deixaram afastar-se dele pelos judaizantes; escreveu-lhes Gálatas. Na comunidade de Corinto infiltraram- se graves abusos morais. Paulo reagiu numa carta que se perdeu (1Cor 5:9), e mandou Timóteo e Erasto a Corinto (At 19:22; 1Cor 4:17). Depois, vieram de Corinto alguns cristãos com uma carta da comunidade, na qual se propunham a P. diversas perguntas. A essa carta P. respondeu com 1 Cor, provavelmente em 55. Entretanto, chegaram a Corinto alguns judeu-cristãos que minaram a autoridade de Paulo. Esse resolveu então ir pessoalmente a Corinto (2Cor 2:1; 12:14; 13:1s). Esta "visita intermediária" efetuou-se em tristeza, pois Paulo não conseguiu quebrar a desconfiança dos coríntios, e foi até ofendido por um cristão (2Cor 2:1.5; 7:12; cf. 12:21). Demorou pouco, e voltou a Éfeso, de onde dirigiu "com muitas lágrimas" uma terceira carta aos coríntios (2Cor 2:4,9; 7:8,12). Tito foi portador dessa carta, que não foi guardada. Nela Paulo exigia desagravo e a submissão da comunidade (2Cor 2:9). Enquanto aguardava o resultado da carta e da missão de Tito, Paulo foi obrigado a deixar Éfeso. Viajou para Tróade (20:1; 2Cor 2:13), onde esperava encontrar-se com Tito. Quando esse demorava, embarcou para Macedônia. Aí encontrou-se com Tito (provavelmente em Filipos) e ouviu, com muita alegria, que os coríntios se submetiam. Da Macedônia escreveu-lhes 2Cor (em 57). Depois de uma visita às comunidades da Macedônia e, talvez, depois de uma viagem pela Ilíria (Rm 15:19), Paulo cumpriu a promessa já antiga de visitar Corinto (1Cor 16:5), onde ficou três meses (At 20:3). Em Corinto P. escreveu Rm (fins de 57 ou princípios de 58), para preparar uma visita há muito planejada (At 29:21). Para terminar essa viagem, Paulo queria viajar por mar a Síria, junto com os representantes das comunidades que haviam arrecadado dinheiro para os cristãos, mas, por causa de um atentado contra a sua vida, tramado pelos judeus, viajou por terra. Em Filipos, Lucas ajuntou-se a ele; em Tróade esperavam-no os companheiros de viagem. Em Tróade tomaram o navio para Mileto, onde P. mandou chamar os anciãos de Éfeso, para se despedir; pressentia que nunca mais os veria (20:1-38). Depois navegaram até Tiro, onde profetas tentaram convencer P. que não fosse a Jerusalém. P., porém, continuou sua viagem até Ptolemaide e daí por terra até Cesaréia, onde durante vários dias foi hóspede de Filipe, um dos Sete (At 6:5). Um profeta da Judéia, Ágabo, predisse que em Jerusalém esperavam-no algemas e prisão, mas P. não se deixou reter (21:1-16). iii - as prisões do apóstolo paulo 5. O Resumo dos últimos capítulos de "Atos dos Apóstolos" • Visita final de Paulo à Macedônia e à Acaia, 20:1-4. • Paulo vai a Jerusalém, 20:1-6. De Filipos a Mileto, 20:5-16. Defesa de Paulo ante os anciãos de Éfeso, 20:17-38. De Mileto ante a Cesaréia, 27:1-14. Paulo com a igreja em Jerusalém, 21:15-26. • Paulo, prisioneiro em Roma, 21:27-28:31. a. Detenção e defesa, 21:27-22:29. b. Perante o sinédrio, 22:30-23:11. c. Transferência para Cesaréia, 23:12-35. d. Em Cesaréia, 24:1-26:32. Paulo e Félix, 24:1-27. Paulo e Festo, 25:1-27. Defesa de Paulo perante Agripa, 26:1-32. e. Viagem a Roma, 27:1-28:16. f. Paulo em Roma, 28:17-31. 6. A Prisão de Paulo em Jerusalém (Atos 21, 22 e 23) a) O objetivo da viagem a Jerusalém (21:1-16) Entregar a oferta proveniente das igrejas gentílicas para os crentes pobres de Jerusalém. Foi uma grande oferta. Paulo levou um ano a arrecadá-la, 2 Co 8:10. Todavia, foi avisado muitas vezes, ao passar pelas cidades da Ásia, que essa viagem resultaria em prisão, 20:23. Em Tiro, 21:4, e em Cesaréia, 21:11, o aviso foi repetido com ênfase especial. De cada vez é o Espírito quem adverte. Até Lucas fez coro na rogativa, 21:12; Mas estava arraigado, definitivamente, no espírito de Paulo que aquela era a vontade de Deus, mesmo que significasse sua morte, 13:14. Por que esses avisos da parte de Deus? Podia dar-se o caso de Paulo estar enganado e de Deus estar procurando fazê-lo ciente disso? Ou seria que Deus o estava provando? Ou o preparando? De qualquer modo, Paulo estava determinado a fazer a viagem. Uma coisa é que ele a prometera anos antes, Gl 2:10. Considerava aquilo o meio mais prático de demonstrar a unidade da igreja. Levara sua vida a ensinar aos gentios de que podiam ser cristãos sem se tornarem prosélitos dos judeus, razão por que muitos dos seus irmãos judeus o odiavam rancorosamente. Agora, desejava coroar esse trabalho com uma demonstração genuína e proveitosa de fraternidade cristã da parte dos seus convertidos gentios, como último e duradouro sinal de amor fraternal entre judeus e gentios. Vista sob este aspecto, esta visita de Paulo a Jerusalém é um dos eventos históricos mais importantes do N.T. Possivelmente, também, ele nunca podia esquecer a agonia dos crentes judeus, homens e mulheres, quando os lançava em prisão, anos antes, At 8:3, e estava há muito tempo resolvido, tanto quanto estivesse em suas forças, a compensar a Igreja Judaica pelos sofrimentos pelos quais a fizera passar. b) Paulo em Jerusalém Chegou ali mais ou menos em junho, 59 d.C., 20:16. Foi a quinta visita que se registra, depois da sua conversão. No decurso deste período, tinha ganho vastas multidões de gentios para a fé cristã, e por causa disto era odiado pelos judeus descrentes. Depois de ter passado quase uma semana em Jerusalém, cumprindo seus votos no Templo, certos judeus o reconheceram. Começaram a gritar, e dentro de um instante, a turba estava por cima de Paulo como uma matilha de cães. Os soldados romanos apareceram em cena em tempo para salvá-lo de ser morto às pancadas. Na escada do castelo romano, o mesmo onde Pilatos condenara Jesus à morte 28 anos antes dele, Paulo, com permissão do comandante, fez um discurso à turba, contanto como Cristo lhe aparecera no caminho para Damasco. Escutaram até que mencionou a palavra "gentios", e então a turba se enfureceu contra ele. No dia seguinte, os oficiais romanos trouxeram Paulo perante o Sinédrio,
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