Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Kaiany Geller - ATM 2027.2 Transplantes PRINCÍPIOS GERAIS DA IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE - A compatibilidade entre o tipo de MHC do doador e do receptor aumenta o índice de sucesso dos enxertos. - O MHC apresenta os antígenos às células T. - A rejeição do transplante é devido a uma resposta imune adaptativa. Vocabulário: ● Aloantígeno: moléculas reconhecidas como estranhas em enxertos. ○ Xenoantígenos: moléculas estranhas presentes no doador de espécies diferentes. ● Alorreativos/ Xenorreativos: linfócitos e anticorpos que reagem com os antígenos ou xenoantígenos. - Para as diferenças alogênicas ocorre também a resposta imune inata: - A diminuição do suprimento sanguíneo também afeta o transplante, causando um dano isquêmico, o qual resulta na expressão de padrões moleculares associados ao dano (DAMPs). - As DMAPs estimulam a resposta imune inata das células do hospedeiro quanto pelo sistema imune inato do doador. - As células natural killer respondem à ausência de moléculas de histocompatibilidade, causando lesão no enxerto. TIPOS DE DOADORES Doadores Vivos: doam rim, parte do fígado, pulmão e medula óssea. Doadores não vivos (constatação de morte encefálica): doam os rins, pulmões, fígado, córnea, pâncreas, intestinos, ossos, cartilagem, tendão, válvulas cardíacas, coração, veias e pele. Atualmente, são grandes as chances de sobrevida pós transplantes. Os transplantes vem sendo realizados com muito sucesso graças à: Aperfeiçoamento das técnicas de cirurgia em transplantes. Criação de centros com órgãos/indivíduos tipados em relação ao HLA. Uso de potentes drogas imunossupressoras (ciclosporina A, FK506). Controle das infecções. Fonte de células (TMO). Prevenção de infecções virais (CMV e EBV). A IMUNOLOGIA DO TRANSPLANTE ALOGÊNICO A rejeição ocorre por resposta imune adaptativa. Natureza dos Aloantígenos Estimulam respostas imunes adaptativas contra aloenxertos. São proteínas codificadas por genes polimórficos que diferem entre os indivíduos - são chamadas de moléculas de histocompatibilidade, que determinam se um tecido é compatível ou incompatível. Regras básicas da imunologia do transplante: - Transplante entre indivíduos geneticamente idênticos não são rejeitados, - Transplante entre indivíduos geneticamente diferentes geralmente são rejeitados. - A descendência de um cruzamento entre duas linhagens consanguíneas diferentes de animais não irá rejeitar enxertos de qualquer um dos pais. Ex.: um animal F1 (A × B) não rejeitará enxertos de animais da linhagem A ou B. - Um enxerto derivado da prole de um cruzamento entre duas linhagens consanguíneas diferentes de animais será rejeitado por qualquer um dos pais. Moléculas MHC As moléculas do complexo principal de histocompatibilidade ligam peptídeos e apresentam às células T - responsáveis pela reação de rejeição fortes e rápidas. Somente em gêmeos idênticos que não ocorre rejeição ao enxerto. A rejeição entre indivíduos, sem ser gêmeos idênticos, ocorre por causa do polimorfismo das moléculas do MHC, em que indivíduos nunca herdam as mesmas moléculas. Kaiany Geller - ATM 2027.2 Reconhecimento dos aloantígenos pelas células T Via Direta: reconhecimento das células do MHC que estão intactas no enxerto. Via indireta: quando as moléculas de MHC do receptor apresentam proteínas derivadas do MHC do doador alogênico. É o mesmo reconhecimento de qualquer antígeno protéico estranho. Apresentação Direta Não ocorre o processamento pelas APCs do hospedeiro. Os receptores das células T possuem especificidade intrínseca por moléculas de MHC, mesmo sendo estranhas ou próprias. No amadurecimento no timo, ocorre a seleção de células T com baixa afinidade às moléculas MHC próprias, podendo haver uma seleção das com forte reatividade às moléculas do MHC alogênicas. Isso explica o alorreconhecimento direto em que células T selecionadas são restritas ao MHC próprio e ao mesmo tempo podem se ligar a moléculas de MHC alogênicas estruturalmente semelhantes com afinidade alta o suficiente para permitir a ativação da célula T. B = ALORRECONHECIMENTO: Os peptídeos apresentados às células T podem estar presentes no doador ou no receptor e são exibidos pelas moléculas de MHC alogênicas das células do enxerto. Portanto, os complexos de peptídeos (próprios ou estranhos) e moléculas de MHC alogênico vão ter uma “aparência” diferente dos complexos peptídeo-MHC próprios. C = ALORRECONHECIMENTO: o reconhecimento ocorre de maneira independente de qual peptídeo é carregado pela molécula de MHC alogênica. Isso ocorre pois os resíduos de aminoácidos polimórficos da molécula de MHC alogênico sozinhos formam uma estrutura que se assemelha ao MHC próprio mais o peptídeo. Há uma alta frequência de células T que podem reconhecer diretamente qualquer proteína do MHC alogênico - cerca de 1 a 10% de todas as células reconhecem DIRETAMENTE e reagir contra uma molécula de MHC alogênica de uma célula do doador. Kaiany Geller - ATM 2027.2 O alorreconhecimento direto pode gerar tanto células T CD4+ quanto células T CD8+ que reconhecem antígenos dos enxertos e contribuem para a rejeição. Apresentação Indireta As moléculas de MHC do doador (alogênicas) são capturadas e processadas pelas APCs do receptor, e os peptídeos derivados dessas moléculas são apresentados em associação a moléculas de MHC próprias. As próprias moléculas de MHC podem agir como antígenos, pois apresentam sequências diferentes daquelas do hospedeiro. Os aloantígenos que são adquiridos pelas APCs do hospedeiro a partir das moléculas do MHC de classe II ativam as células T CD4 +. Alguns antígenos do enxerto entram na via do MHC de classe I e reconhecidos pelas células T CD8+. O reconhecimento indireto possui um papel significativo na rejeição dos enxertos e transplantes. Ativação dos linfócitos T Inicia nos linfonodos que drenam o enxerto. Depois que ocorre o reconhecimento dos aloantígenos, os linfócitos T são induzidos a proliferar e transformarem-se em células T auxiliares e T citotóxicas efetores = sensibilização aos aloantígenos. Resposta de células T CD4+ ao enxerto: •Hipersensibilidade do tipo Tardia (DTH) •Presente nas apresentações diretas e indiretas •Céls T CD4+ ativadas pela via indireta desempenham um papel na rejeição crônica. Resposta de Células T CD8+ ao enxerto: •Células T CD8+ ativadas pelo mecanismo direto reconhecem moléculas MHC de classe I alogênicas em células nucleadas do enxerto e destroem as células •Associada a rejeição aguda. REJEIÇÃO DOS ALOENXERTOS A rejeição de enxertos é classificada com base nas características histopatológicas ou no curso temporal da rejeição após o transplante e não nos mecanismos imunes efetores. Rejeição Hiperaguda Minutos, horas ou poucos dias após a intervenção cirúrgica, resultado de uma exposição prévia. Mediada por anticorpos do tipo IgG pré-existentes, por causa de transfusão sanguínea ou transplante anterior. - Ativação do sistema complemento pela ligação do anticorpo ao endotélio vascular, Kaiany Geller - ATM 2027.2 resultado em mudanças no endotélio do enxerto. - A ativação do complemento provoca lesão e ativação do fator de Von Willebrand, promovendo adesão e agregação plaquetária. Resultado: oclusão trombótica da vasculatura do enxerto. Rejeição Aguda Ocorre nos primeiros dias a seis meses após o transplante. Mediada por células T auxiliares e citotóxicas, que infiltram o enxerto, causando a morte das células do parênquima e das células endoteliais do enxerto. As células T auxiliares secretam IFN-ɣ, fatores de necrose tumoral (TNF) e IL-17, contribuindo para a ativação de macrófagos e do dano inflamatório. Rejeição Crônica Ocorre meses ou anos depois do procedimento e pode ou não ser precedida por episódios de rejeição aguda. A principal característica é a obstrução arterial, causada pela proliferação de células musculares lisas da íntima, o que resulta em isquemia. Fibrose/Hipertrofia: aterosclerose do enxerto Rins - Fibrose intersticial Fígado - Destruição do Epitélio biliar Etiologia não muito clara, mas pareceenvolver diretamente a ação de células T CD4+ (DTH) TRATAMENTO - Imunossupressão Diversos métodos são usados: Drogas imunossupressoras que inibem ou destroem os linfócitos T; Toxinas metabólicas que destroem cels T; Anticorpos que reagem com cels T (rejeição aguda); Agentes antiinflamatórios. Kaiany Geller - ATM 2027.2 PREVENÇÃO A principal estratégia é minimizar as diferenças aloantigênicas entre doador e receptor, mediante a seleção de doadores. ● Tipagem ABO ● PROVA CRUZADA Pesquisa de Anticorpos pré formados contra HLA alogênicos; ● Tipagem HLA (HLA A, HLA B, HLA DR) por métodos sorológicos e moleculares TRANSPLANTE DE MEDULA É o transplante de células hematopoiéticas indiferenciadas pluripotentes, com capacidade de autorrenovação, resistentes e pluripotentes. Indicações: Doenças malignas Leucemias Leucemia Mielóide Aguda Leucemia Mielóide Crônica Leucemia Linfóide Aguda Mieloma Múltiplo Linfoma Doenças não malignas Anemia Aplástica Imunodeficiência congênita: células B e T. Anemias falciformes, talassemias. • Para que as células do transplante ocupem nichos na medula do receptor é necessário um pré-tratamento (Radiação/Quimioterapia). • Há a necessidade de uma imunodepressão quase completa do receptor. • Complicação: Rejeição enxerto x hospedeiro. A obtenção das células ocorre na crista ilíaca, no sangue periférico e no cordão umbilical. Complicações Pós Transplante Micro embolia; Sobrecarga de volume; Febre; Reação Anafilática; Relacionado a intensa imunodepressão Infecções bacterianas, fúngicas , virais ou por protozoários. Recorrência da doença maligna. Falência da Medula Óssea. Rejeição do Enxerto. Doença do Enxerto Contra Hospedeiro (DECH).
Compartilhar