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Clara dos Anjos De Lima Barreto UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS (DCHT)CAMPUS XVI LICENCIATURA EM LETRAS, LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS Componentes: Esther Silva, Italo Mateus, Tauane Aragão, Uiliane Diniz O presente trabalho tem como objetivo precípuo enveredar pela vida do escritor Lima Barreto (1881-1922) e explorar a obra Clara dos Anjos (1948). Para tanto vamos nos debruçar sobre a sua roupagem literária e traremos à baila uma discussão entre os temas presentes na história e a sociedade brasileira atual. A partir desses vários referenciais, pretende-se estabelecer aqui uma sucinta e relevante contribuição para debatermos neste vigente seminário. 13 DE MAIO DE 1881, RIO DE JANEIRO; AMÁLIA AUGUSTA – JOÃO HENRIQUES; 1900 (DIÁRIO ÍNTIMO); 1905 (CORREIO DA MANHÃ) 1907/1909 (RECORDAÇÕES DE ISAÍAS CAMINHA); 1911 (TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA) 1914 (INTERNADO); 1915 (NUMA E A NINFA); 1919 (VIDA E MORTE DE M.J. GONZAGA DE SÁ); 1920 (HISTÓRIAS E SONHOS). 1° DE NOVEMBRO DE 1922. 1922 (OS BRUZUNDANGAS); 1923 (CRÔNICAS DE BAGATELAS); 1953 (FEIRAS E MAFUÁS) 1948 (CLARA DOS ANJOS). Clara dos Anjos; Cassi Jones; Joaquim dos Anjos; Dona Engrácia; Margarida; Antônio da Silva Marramaque; Lafões; Salustiana; Manuel Azevedo. “Quem conhecesse intimamente Egrácia, havia de ficar espantado com a atitude decisiva que tomou em relação à visita de Cassi. O seu temperamento era completamente inerte, passivo. Muito boa, muito honesta, ativa no desempenho dos trabalhos domésticos; entretanto, era incapaz de tomar uma iniciativa em qualquer emergência. Entregava tudo ao marido, que, a bem dizer, era quem dirigia a casa. Rol de compras a fazer na venda do Seu Nascimento, diariamente, e também o de legumes e verduras, quem os organizava era o marido, especificando tudo por escrito e deixando o dinheiro para o quitandeiro, todas as manhãs, quando ia para o trabalho.” (BARRETO, p. 143) “Egrácia recebeu boa instrução, para a sua condição e sexo; mas, logo que se casou – como em geral acontece com nossas moças - , tratou de esquecer o que tinha estudado. O seu consórcio com Joaquim, ela o efetuara na idade de dezoito anos. Fosse a educação mimosa que recebera, fosse uma fatalidade de sua compleição individual, o certo é que, a não ser para os serviços domésticos, Egrácia evitava todo o esforço de qualquer natureza.” (BARRETO, P. 146) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. “O subúrbio propriamente dito é uma longa faixa de terra que se alonga, desde o Rocha ou São Francisco Xavier, até Sapopemba, tendo para eixo a linha férrea da Central. Para os lados, não se aprofunda muito, sobretudo quando encontra colinas e montanhas que tenham a sua expansão; mas, assim mesmo, o subúrbio continua invadindo, com as suas azinhagas e trilhos, charnecas e morrotes.” (BARRETO, p. 182) “Mais ou menos é assim o subúrbio, na sua pobreza e no abandono em que os poderes públicos o deixam. Pelas primeiras horas da manhã, de todas aquelas bibocas, alforjas, trilhos, morros, travessas, grotas, ruas, sai gente, que se encaminha para a estação mais próxima; alguns, morando mais longe, em Inhaúma, em Cachambi, em Jacarepaguá, perdem amor a alguns níqueis e tomam bondes que chegam cheios às estações. Esse movimento dura até às dez horas da manhã e há toda uma população da cidade, de certo ponto, no número dos que nele tomam parte. São operários, pequenos empregados, militares de todas as patentes, inferiores de milícias prestantes, funcionários públicos gente que, apesar de honesta, vive de pequenas transações, de dia a dia, em que ganham penosamente alguns mil-réis. O subúrbio é o refúgio dos infelizes. Os que perderam o emprego, as fortunas; os que faliram nos negócios, enfim, todos os que perderam a sua situação normal vão se aninhar lá; e todos os dias, bem cedo, lá descem à procura de amigos fiéis que os amparem, que lhes deem alguma coisa, para o sustento seu e dos filhos.” (BARRETO, p. 188) Respeitem meus cabelos, brancos Chegou a hora de falar Vamos ser francos Pois quando um preto fala O branco cala ou deixa a sala Com veludo nos tamancos Cabelo veio da áfrica Junto com meus santos Benguelas, zulus, gêges Rebolos, bundos, bantos Batuques, toques, mandingas Danças, tranças, cantos Respeitem meus cabelos, brancos Se eu quero pixaim, deixa Se eu quero enrolar, deixa Se eu quero colorir, deixa Se eu quero assanhar, deixa Deixa, deixa a madeixa balançar Clara dos Anjos é um romance ambientado no contexto do subúrbio carioca, e é onde o autor retrata por meio dos personagens expressões, valores monetários, denúncias e críticas sociais, inseridos nas situações históricas da época, anos 20, para ambientar o livro. Pré- modernismo; Belle époque; Nascimento do subúrbio carioca; Denúncias sociais. “Fez sua opção pelos pobres, oprimidos, negros, mulatos e afrodescendentes, denunciando a sociedade hipócrita, a corrupção, o literato empoado da Belle époque e aproveitadores de mulatas ingênuas” (Rangel 2008: 1) Moça ingênua e superprotegida; Seduzida pelo rapaz branco, classe média e aproveitador; Realidade diante dos seus olhos. Num dado momento, Clara ergueu-se da cadeira em que se sentara e abraçou muito fortemente sua mãe, dizendo, com um grande acento de desespero: —Mamãe! Mamãe! —Que é minha filha? —Nós não somos nada nesta vida. PRECONCEITO RACIAL > Estereotipações; > Mulher negra como objeto de desejo; “Seu sentimento ficava reduzido ao mais simples elemento do Amor- a pose. Obtida esta, bem cedo se enfarava, desprezava a vitima, com a qual não sentia mais nenhuma ligação especial” (BARRET0, 1948, p. 102) > Tríplice opressão: Mulher, mulata, pobre; > Constituição matrimonial- embranquecimento “Dona Salustiana ficou lívida; a intervenção da mulatinha a exasperou. Olhou-a cheia de malvadez e indignação, demorando o olhar propositalmente. Por fim, expectorou: __ Que é que você diz, sua negra?” (BARRETO, 2012, p. 291) PATRIARCADO > Supervalorização do elemento masculino - evidencia de superioridade; > Nome + profissão: “O carteiro Joaquim, Seu Nascimento, comerciante; Leonardo Flores, o poeta.” > Enquanto as mulheres eram identificadas como : D. Vicência, “criola velha”, Claro dos Anjos “mulata”, “ingênua”, “pobre”, Engrácia, “sedentária”. “Um dos aspectos problemáticos das organizações de gênero do sistema patriarcal reside em uma organização sustentada por relações assimétricas, de modo que o sujeito masculino é sempre definido a partir de uma posição central, de maneira mais positiva e independente do que o feminino.” (SCHNEIDER, 2000, p. 119) > Família patriarcal. BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2012. SCHENEIDER, Liane. A representação do feminino como política de resistência. In: PETERSON, Michel & NEIS, Ignácio Antônio. As armas do texto: a literatura e a resistência da literatura. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 2000, p. 119-139. ZAMBRINI, Alanis. Clara dos Anjos - Resumo. Disponível em: https://querobolsa.com.br/enem/literatura/clara-dos-anjos. Acesso em: 14 de jun. 2022 KÖENIG, Marília. COSTA, Luiza. Clara dos anjos: reflexões sobre gênero, negritudes e preconceitos a partir do enfoque da antropologia do imaginário. Santa Catarina: Terra roxa e outras terras – Revista de Estudos Literários. 2018
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