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Se relembrarmos, temos quatro esforços que estudamos em resistência dos materiais 1: o esforço normal, a torção, a flexão e a cortante. O esforço normal e o momento fletor geram a tensão normal, já a torção e a cortante geram o cisalhamento. Por isso, veremos aqui o relação entre o esforço cortante e a tensão de cisalhamento admissível. Força cortante na face horizontal de um elemento de viga e tensões de cisalhamento em uma viga CISALHAMENTO EM VIGAS E BARRAS DE PAREDES FINAS RESUMO | RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Temos ao lado a representação de uma viga biapoiada e vamos estudar a partir da análise dela. O esforço cortante gera uma tensão de cisalhamento transversal. Se observarmos, pelo método das seções, ao seccionarmos ela em uma posição x, temos na seção uma força cortante V e um momento fletor M. Se a gente ampliar essa estrutura para verificarmos o que ocorre internamente chegamos ao que está representado ao lado. Observamos uma tensão de cisalhamento na seção gerado pelo esforço cortante. Logo, a condição de equilíbrio é que a integral da tensão de cisalhamento que atua na seção tem que ter igual à cortante. Veja que a tensão de cisalhamento está representada por uma integral porque essa distribuição não é uniforme, veremos adiante. INTRODUÇÃO Para manter o equilíbrio, a tensão de cisalhamento na direção z é 0, nesse caso, visto que em vigas não aparece forças nessa direção. Quando não impedimos o cisalhamento ao longo da barra, as tábuas deslizam umas sobre as outras; Quando impedimos, ou seja, quando travamos o cisalhamento longitudinal, surge uma tensão, que é causada por uma força interna de reação na direção longitudinal! Sempre que falamos em cisalhamento precisamos lembrar do Princípio de Cauchy que, resumidamente, diz: o equilíbrio de um corpo deformável requer que as tensões internas em qualquer ponto dentro do corpo sejam equilibradas. A partir do princípio queremos saber a relação da tensão de cisalhamento transversal com a longitudinal. Ao lado temos uma estrutura em balanço formada por várias "tábuas" juntas, para visualizarmos o que acontece. O que observamos longitudinalmente é que, quando aplicamos um esforço na estrutura surge a tendência de corte. Mas existe, também, uma tendência de deslizamento, veja Concluindo, sempre haverá o cisalhamento transversal e longitudinal ao mesmo tempo. As tábuas representadas acima é como se fossem as fibras do material com um zoom muito grande! Lembre-se sempre: Tudo que tem uma tendência à se movimentar, mas está preso ou não pode se mover, vai gerar tensão! Se tiver dúvidas, pense nas estruturas que estão sendo analisadas como se elas fossem feitas de borracha, você entenderá com mais facilidade o que acontece. FORÇA CORTANTE NA FACE HORIZONTAL DE UM ELEMENTO DE VIGA A partir da análise que fizemos, conseguiremos deduzir a tensão de cisalhamento. Imagine a viga ao lado submetida à flexão. Quando dizemos isso, se relembrarmos, ela pode estar submetida à flexão simples ou a flexão pura. Na flexão pura não temos cortante. Aqui nós temos cortante, então trata-se de uma flexão simples! Na situação estudada, se pegarmos um trecho infinitesimal dessa viga de A até A' temos um omento Mz e um momento Mz+dMz atuando da forma representada. Quando separamos uma seção longitudinal desse trechinho, veremos que, de acordo com o sentido dos momentos fletores, surge uma força de tração na parte inferior, representada por Fa e Fa'. Além disso, temos a força de tensão horizontal, representada por dFh. Se fizermos um somatório das forças, teremos a relação ao lado. Definindo o dFh, podemos substituir as forças pela integral da tensão multiplicada pelo dA já que temos uma variação ao longo da altura. Assim podemos utilizar os princípios da flexão para direcionar a dedução. Fazendo uma manipulação algébrica, dividinfo tudo por dx, chegamos a um resultado que chamamos de Fluxo de Cisalhamento (q). O fluxo de cisalhamento refere-se à transferência de forças de cisalhamento ao longo do comprimento da viga devido ao momento fletor aplicado. Ocorre uma distribuição assimétrica de tensões ao longo da seção transversal da viga. Isso resulta em uma força de cisalhamento que flui pela viga, de uma região para outra, para equilibrar essas tensões. Por isso vemos que A manipulação algébrica, de dividir ambos os lados da equação por dx, é feita porque o quociente de dMz por dx nos dá a própria força cortante! Q é o momento estático de área, que já sabemos calcular da disciplina de mecânica básica. TENSÃO DE CISALHAMENTO NA FLEXÃO A tensão de cisalhamento na flexão vai seguir a Fórmula de Zhuravski. Basicamente, a fórmula de Zhuravski é usada para determinar se um material alcançou o seu limite de plasticidade e está prestes a sofrer deformações permanentes. Se admitirmos que a tensão de cisalhamento seja uniforme em uma área infinitesimal, teremos o mesmo princípio de equiíbrio representado pelo fluxo de cisalhamento. Quando dividimos o fluxo por t, que é a espessura da fibra cisalhada, temos a tensão de cisalhamento média. Portanto concluímos que a tensão horizontal é igual à tensão vertical. Imaginávamos isso pelo Princípio de Cauchy. Veremos que a tensão varia, então quanto maior for a proporção de área que pegamos, maior será a tensão. Veja abaixo, se pegarmos a área representada temos: Conseguimos calcular o Iz com a equação tabelada. Q nós encontramos multiplicando a área pela distância do centro de gravidade dessa área até o centro de gravidade da seção. Desenvolvendo encontramos a tensão de cisalhamento. Encontramos uma equação que varia em função de y. Observe que se y for igual a 0, não teremos o maior valor multiplicando na equação da tensão. Portanto a tensão máxima ocorre quando y é 0! Quando y vale h/2 temos, no contrário, tensão igual à 0! Isso também está de acordo com o princípio de Cauchy. A variação da tensão é parabólica e está representada na figura acima. Isso é extremamente importante porque vamos dimensionar a estrutura para a tensão máxima! REFERÊNCIAS DE ESTUDO: BEER, F. P., JOHNSTON, E. R., DEWOLF, J. T. e MAZUREK, D. F. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. Porto Alegre: McGrawHill, 2011. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7ª ed. São Paulo: Pearson, 2009.
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