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O CONTADOR E A ÉTICA 
PROFISSIONAL 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, será estudada a NBC PG 300 (R1) (CFC, 2019c), que trata 
dos contadores que prestam serviços (contadores externos). Assim como a 
NBC PG 100 (R1) (CFC, 2019a) e a NBC PG 200 (R1) (CFC, 2019b), a norma 
também entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020. Esse assunto era tratado 
antes pela NBC PG 200, que foi revogada. 
Essa estrutura conceitual apresenta exigências e material de aplicação 
para os contadores que prestam serviços, incluindo as situações que geram ou 
podem gerar ameaças ao cumprimento dos princípios fundamentais. 
Entretanto, nem todas as circunstâncias estão descritas: é preciso exercer o 
julgamento profissional. 
A norma apresenta condições importantes para o exercício da profissão 
contábil a serem estudadas aqui, como conflitos de interesses, nomeação do 
profissional, segunda opinião, honorários e outros tipos de remuneração, 
incentivo, custódia de ativos de clientes e resposta a não conformidades com 
leis e regulamentos. 
CONTEXTUALIZANDO 
O contador tem acesso a informações sigilosas da empresa, por isso é 
preciso que exerça a sua conduta com ética. Segundo a NBC PG 300 (R1), “Ao 
tratar da questão de ética, o profissional da contabilidade deve considerar o 
contexto no qual a questão surgiu ou pode surgir.” (CFC, 2019c). Nesse 
sentido, o contador externo está exposto às mesmas ameaças ao cumprimento 
dos princípios fundamentais que o contador interno? 
TEMA 1 – NBC PG 300 (R1): CONFLITOS DE INTERESSES 
Assim como no caso dos contadores internos, os conflitos de interesses 
também existem para os contadores externos. Segundo Goto (2019, p. 45), 
“[...] os contadores externos são aqueles que prestam serviços profissionais de 
natureza tributária, de auditoria, de consultoria ou de perícia aos seus clientes. 
O termo “contador externo” também é utilizado para firma de auditores”. 
No exercício da profissão, os contadores externos devem cumprir com 
os princípios fundamentais de integridade, objetividade, competência e zelo, 
confidencialidade e comportamento profissional. Eles estarão sujeitos às 
 
 
3 
mesmas categorias de ameaças que os contadores internos – ameaças de 
interesse próprio, de autorrevisão, de defesa do interesse do cliente, de 
familiaridade e de intimidação. A NBC PG 300 (R1) identifica algumas dessas 
ameaças, conforme ilustrado na Figura 1: 
Figura 1 – Ameaças registradas na NBC PG 300 (R1) 
 
Fonte: Adaptado de CFC, 2019c. 
•Interesse financeiro no cliente.
•Obtenção de novos trabalhos por meio de honorários 
reduzidos que dificultam a execução do serviço de acordo com 
as normas técnicas e profissionais.
•Relação comercial próxima com o cliente.
•Acesso a informações sigilosas utilizadas para benefício 
próprio.
•Detecção de erro significativo do serviço realizado 
anteriormente pelo membro da firma do profissional da 
contabilidade.
Ameaças de interesse próprio
•Emissão de relatório de autorrevisão sobre o desempenho dos 
sistemas financeiros após tê-los implementado.
•Revisão de dados preparados pelo próprio contador externo.
Ameaças de autorrevisão
•Promoção de interesses ou ações do cliente.
•Defesa do cliente em processos ou contradições com 
terceiros.
• Intereferência direta em favor do cliente.
Ameaças de defesa do interesse do cliente
•Familiares que atuam como conselheiro ou diretor do cliente.
•Atuação como conselheiro ou diretor do cliente depois de ter 
exercido a função de contador da entidade.
•Membro da equipe de auditoria com estreita relação com o 
cliente.
Ameaças de familiaridade
•Risco de demissão em razão de desentendimento sobre um 
assunto profissional.
• Intimidação para concordar com o julgamento do cliente.
•Promoção do profissional atrelada à concordância com o 
tratamento contábil inapropriado.
•Aceitação de presente do cliente com ameaça de se tornar 
público.
Ameaças de intimidação
 
 
4 
O profissional da contabilidade deve avaliar o nível de ameaça 
relacionado com o cliente e seu ambiente operacional e com a firma e seu 
ambiente operacional. No caso de a avaliação do nível de ameaça ser 
afetada pelo cliente, dada a NBC PG 300 (R1), pode ser decorrente de um 
“cliente de asseguração que não é cliente de auditoria” (CFC, 2019c). 
A NBC PG 100 (R1) define cliente de asseguração como: 
[...] a parte responsável que é a pessoa (ou as pessoas) que: 
(a) no trabalho de apresentação de relatório direto, é responsável 
pelo objeto; ou 
(b) no baseado em afirmações, é responsável pelas informações 
sobre o objeto e pode ser responsável pelo objeto em si. (CFC, 
2019a) 
Isso significa que o trabalho do contador estará ameaçado quando a 
parte responsável pelo relatório direto (relatório da auditoria) não é cliente de 
auditoria. No trabalho de relatório direto, o auditor independente pode não 
conseguir a representação formal (carta de representação da administração) 
quando a parte que contratou o serviço for diferente da parte responsável por 
prestar as informações. Também pode haver ameaça quando o cliente de 
auditoria for uma entidade de interesse público e quando o cliente não é de 
asseguração, ou seja, não realiza um trabalho de revisão das informações 
contábeis. 
Em relação à avaliação do profissional da contabilidade sobre o nível de 
ameaça ser afetado pelo ambiente do cliente, é possível haver clientes que 
implementam procedimentos internos que não são assegurados (revisados). 
De acordo com a NBC PG 300 (R1), o cliente pode adotar algumas 
salvaguardas nos seus processos que podem ser confiados pelo auditor, visto 
que reduzem as ameaças a um nível aceitável, quando, por exemplo: 
• o cliente requer que pessoas apropriadas que não sejam da 
administração ratifiquem ou aprovem a nomeação da firma para 
executar o trabalho; 
• o cliente tem empregados competentes com experiência e tempo 
de serviço suficientes para tomar decisões administrativas; 
• o cliente implementou procedimentos internos que facilitam 
escolhas objetivas em ofertas de trabalhos que não são de 
asseguração; 
• o cliente tem estrutura de governança corporativa que prevê a 
supervisão e comunicações apropriadas referentes aos serviços da 
firma. (CFC, 2019c) 
O contador pode adotar sistemas de proteção contra ameaças, como 
atribuir um tempo adicional e pessoas qualificadas para desenvolver 
 
 
5 
determinadas tarefas (ameaça de interesse próprio), instituir um membro da 
equipe para revisar o trabalho realizado (ameaça de autorrevisão), utilizar 
sócios diferentes e equipes de trabalho distintas para revisão (ameaças de 
autorrevisão, de defesa ou de familiaridade), envolver outra empresa de 
auditoria para reexecutar o trabalho (ameaças de interesse próprio, de 
autorrevisão, de defesa, de familiaridade ou de intimidação), apresentar aos 
clientes de auditoria acordos de honorários recebidos (ameaça de interesse 
próprio), segregar as equipes quando tratar de assuntos confidenciais (ameaça 
de interesse próprio). O contador externo deve sempre levar em conta 
procedimentos específicos para a execução de trabalhos de auditoria e a 
emissão do seu parecer. 
1.1 Identificação, avaliação e tratamento dos conflitos de interesses 
Os conflitos de interesses podem surgir no decorrer de um serviço 
profissional e gerar uma ameaça à objetividade e a outros princípios éticos. 
Isso acontece, por exemplo, quando dois clientes (X e Y) são concorrentes na 
venda de um produto específico e o profissional da contabilidade disponibiliza 
informações confidenciais ao fornecedor em favor do cliente X em razão de 
algum benefício financeiro acordado anteriormente. 
De acordo com Goto (2019, p. 47), “[...] o contador não deve permitir que 
um conflito de interesses afete seu julgamento profissional ou de negócios”. A 
NBC PG 300 (R1) (CFC, 2019c) registra as seguintes situaçõesque podem 
gerar ameaças aos princípios: 
• quando o contador externo presta serviços para duas ou mais partes 
interessadas em um mesmo assunto; 
• quando os interesses do contador externo e dos clientes divergem. 
As circunstâncias de conflito descritas na norma são: 
a. prestar serviços de assessoria a cliente na aquisição de um negócio que 
o profissional da contabilidade também está interessado em adquirir; 
b. prestar serviços de assessoria simultaneamente para dois clientes que 
estão disputando a aquisição da mesma empresa; 
c. prestar assessoria para o vendedor e para o comprador em uma mesma 
operação; 
 
 
6 
d. efetuar avaliações de ativos para duas partes que estejam em 
discordância com relação a eles; 
e. representar dois clientes que estejam disputando legalmente entre si, 
como em divórcios ou dissoluções de sociedade; 
f. fornecer relatório de revisão em relação a contrato de licença; 
g. orientar o cliente a investir em um negócio no qual o familiar do 
profissional da contabilidade tem interesse financeiro; 
h. aconselhar o cliente enquanto tiver interesse no seu concorrente; 
i. orientar o cliente sobre a compra de um negócio que a firma também 
tem intenção de adquirir; 
j. orientar o cliente sobre a aquisição de um produto ou serviço enquanto 
há ganhos na operação. 
Os potenciais conflitos de interesses precisam ser observados pelos 
profissionais da contabilidade – a natureza dos serviços prestados, o tamanho 
da firma, o porte e a natureza dos clientes e a estrutura da firma quanto ao 
número e à localização dos escritórios (CFC, 2019c). 
A partir do momento em que um conflito de interesses é identificado, é 
preciso aplicar salvaguardas, a fim de eliminá-lo ou reduzi-lo a um nível 
aceitável. A NBC PG 300 (R1) (CFC, 2019c) menciona duas formas de 
proteção quanto às ameaças: segregar equipes de trabalho com políticas 
transparentes e procedimentos sobre a manutenção da confidencialidade; 
atribuir a um revisor que não esteja envolvido no serviço a tarefa de revisar o 
trabalho avaliando se os julgamentos e a conclusão são adequados. 
Outro ponto a ser considerado é a comunicação desses conflitos e das 
salvaguardas utilizadas ao cliente. Quando há o aval do cliente para a 
execução dos serviços após a comunicação, o nível da ameaça é considerado 
aceitável. 
O processo para essa comunicação consiste na apresentação dos 
detalhes da situação e das salvaguardas planejadas, bem como dos riscos 
envolvidos, de modo que o cliente possa tomar a decisão consciente sobre a 
realização dos serviços. Se o cliente não consentir com a comunicação feita 
pelo contador externo, este deve recusar o trabalho, interromper os serviços 
profissionais ou encerrar a relação para eliminar a ameaça. 
A norma estabelece que em todas as circunstâncias que houver conflito 
de interesses o contador externo deve documentar a natureza da situação, as 
 
 
7 
ações para prevenir a divulgação entre as equipes de trabalho que prestam 
serviços para dois clientes e a justificativa quanto à aceitação do trabalho. 
TEMA 2 – NBC PG 300 (R1): NOMEAÇÃO E SEGUNDA OPINIÃO 
O aceite do contador externo para a execução do serviço é um processo 
importante, pois pode haver uma ameaça ao cumprimento de um ou mais 
princípios fundamentais se ocorrer o envolvimento do cliente com atividades 
ilegais, práticas desonestas, relatórios financeiros contestáveis ou qualquer 
outro comportamento antiético. O mesmo pode acontecer em mudanças de 
trabalhos existentes. 
O profissional da contabilidade precisa levar em consideração alguns 
fatores relevantes na avaliação do nível dessas ameaças definidos na NBC PG 
300 (R1), como conhecer e entender o cliente, os proprietários, a 
administração, os responsáveis pela governança corporativa e as atividades 
comerciais, analisando, inclusive, o comprometimento do cliente com o 
tratamento de situações contestáveis. A norma detalha esses fatores da 
seguinte forma: 
• entendimento adequado sobre: 
o a natureza do negócio do cliente; 
o a complexidade das suas operações; 
o as exigências do trabalho; e 
o a finalidade, a natureza e o alcance do trabalho a ser realizado; 
• conhecimento dos setores ou assuntos relevantes; 
• experiência com as exigências regulatórias ou de apresentação de 
relatórios relevantes; 
• existência de políticas e procedimentos de controle de qualidade 
concebidos para fornecer segurança razoável de que os trabalhos 
são aceitos somente quando podem ser executados de maneira 
competente. (CFC, 2019c) 
Sendo assim, o contador externo pode se salvaguardar de ameaças 
designando pessoal com competência para o trabalho, combinando prazos 
realistas para a realização do serviço e utilizando o conhecimento de 
especialistas se for necessário. 
Em situações nas quais o profissional da contabilidade é solicitado para 
substituir outro profissional, oferece-se para realizar o trabalho ou considera 
realizar o trabalho complementar ao de outro profissional, é necessário obter 
informações prévias sobre o cliente com o objetivo de conhecer o seu perfil, 
seus proprietários, seus processos internos e o sistema de governança 
 
 
8 
corporativa. Ao analisar o perfil do cliente, é possível saber se há alguma 
ameaça ao exercício da profissão. 
Nesse sentido, quando o contador aceita um trabalho complementar, 
pode estar ferindo o princípio da competência e devido zelo, que estabelece a 
consciência contínua do trabalho. Ele provavelmente terá que requisitar 
informações ao profissional existente ou antecessor, que pode não atender à 
solicitação. 
O profissional da contabilidade pode se proteger dessas ameaças 
solicitando todas as informações obtidas pelo contador existente ou antecessor 
ou buscando as informações por meio de outras fontes. A comunicação do 
contador proposto com o contador existente ou antecessor precisa ser 
permitida pelo cliente, de preferência por escrito. 
O processo é o mesmo para as mudanças de nomeação de auditoria ou 
revisão: o auditor proposto precisa obter todas as informações para decidir se 
aceita ou não o trabalho. Entretanto, se houver inconformidades ou suspeita de 
descumprimento de leis e regulamentos, o cliente deve consentir com a 
divulgação das informações e, caso não concorde, o profissional da 
contabilidade deve analisar cuidadosamente se aceita ou não. 
2.1 Segunda opinião 
Uma segunda opinião pode ser requerida ao contador externo para a 
verificação de “[...] normas ou princípios contábeis, questões de auditoria, 
apresentação de relatórios ou questões específicas sobre determinado tema 
para uma empresa que não é cliente do contador.” (Goto, 2019, p. 48). 
Para emitir a segunda opinião, o contador deve fazer uso das mesmas 
evidências que o profissional existente ou antecessor tinha. Caso contrário, 
haverá uma ameaça de interesse próprio ao cumprimento do princípio de 
competência profissional e devido zelo. 
A empresa que estiver solicitando a segunda opinião precisa informar 
claramente que pode haver comunicação com o contador externo precedente. 
Se isso não acontecer, a segunda opinião não pode ser emitida. 
 
 
9 
TEMA 3 – NBC PG 300 (R1): HONORÁRIOS E OUTROS TIPOS DE 
REMUNERAÇÃO 
A negociação dos honorários profissionais deve estar em conformidade 
com os serviços contratados. A cotação do serviço por um valor inferior ao de 
outro contador externo não significa por si só que os princípios fundamentais 
foram infringidos, a menos que o valor seja tão baixo que gere uma ameaça de 
interesse próprio ao cumprimento do princípio de competência e devido 
zelo. 
Uma forma de o contador externo salvaguardar os princípios dessa 
ameaça é informar ao cliente os termos do trabalho, os serviços cobertos pelos 
honorários orçados, a definição do tempo e a qualificação dos profissionais que 
executarão as tarefas contratadas, sob emissão de contrato antecipado por 
escrito com a descriçãoda remuneração. A norma aborda dois tipos de 
honorários: honorários contingentes e honorários ou comissões por indicação. 
3.1 Honorários contingentes 
Os honorários contingentes são cobrados com base no resultado da 
transação ou dos serviços prestados, ou seja, podem ou não ocorrer, são 
incertos, pois dependem da entrega do trabalho. Essa modalidade de cobrança 
é permita para a prestação de serviços que não são de asseguração 
(verificação). 
No entanto, esses honorários podem gerar ameaça de interesse 
próprio ao cumprimento do princípio da objetividade, uma vez que são 
cobrados após a realização do trabalho e dependem do resultado da auditoria, 
tendendo a ser subjetivos. Segundo a NBC PG 300 (R1), os fatores a serem 
considerados na avaliação do nível dessas ameaças são: 
• a natureza do trabalho; 
• a faixa de valores de honorários possíveis; 
• a base para a determinação dos honorários; 
• divulgação para os usuários pretendidos do trabalho executado 
pelo profissional da contabilidade e da base de remuneração; 
• políticas e procedimentos de controle de qualidade; 
• se um terceiro independente tem que revisar o resultado ou a 
conclusão da transação; 
• se o nível dos honorários é estabelecido por um terceiro 
independente, como órgão regulador. (CFC, 2019c) 
 
 
10 
O contador externo, a fim de salvaguardar o cumprimento dos princípios, 
pode solicitar um revisor apropriado, que não participou da execução do 
serviço e que não é de asseguração, para revisar o trabalho ou ainda 
documentar por escrito a base de remuneração com o cliente. 
3.2 Honorários ou comissões por indicação 
Outra forma de receber honorários ou comissões é por meio de 
indicação de cliente. Uma das situações em que isso pode acontecer é quando 
o contador externo está realizando um trabalho para seu cliente, mas depara-
se com um contexto específico no qual ele não presta o serviço, logo pode 
indicar o seu cliente para um outro profissional especialista e receber 
honorários pela indicação, como no caso da contratação de um fornecedor de 
software. 
Esse cenário pode caracterizar uma ameaça de interesse próprio ao 
cumprimento dos princípios da objetividade e de competência e devido 
zelo, pois a indicação pode estar associada à obtenção de informações 
sigilosas, isto é, o fornecedor indicado pode ter em vista coletar dados para 
abertura de um negócio similar, por exemplo. Segundo a NBC PG 300 (R1) 
(CFC, 2019c), algumas das possibilidades de honorários ou comissões por 
indicação são: 
• honorário pagos a outro profissional com a finalidade de obter um novo 
trabalho; 
• honorários recebidos de outro profissional pela indicação do cliente; 
• comissão recebida de terceiros em virtude da venda de produtos e 
serviços para o cliente. 
As salvaguardas de honorários ou comissões por indicação consistem 
em comunicar o cliente antecipadamente sobre quaisquer acordos de 
pagamentos de honorários por indicação. 
TEMA 4 – NBC PG 300 (R1): INCENTIVOS 
Ao ofertar ou aceitar um incentivo (presentes, doações, tratamento 
preferencial etc.), o contador externo pode gerar ameaça de interesse próprio 
ao cumprimento dos princípios fundamentais, mais especificamente dos 
princípios de integridade, objetividade e comportamento profissional. Os 
 
 
11 
incentivos podem ter segundas intenções, ou seja, o cliente presenteia o 
profissional com um notebook, por exemplo, mas, em contrapartida, exige que 
sejam manipuladas as informações. 
Da mesma forma como os incentivos influenciam os contadores internos, 
também interferem no exercício da profissão dos contadores externos. Nesse 
contexto, a NBC PG 300 (R1) classifica os incentivos como presentes, afins, 
entretenimento, doações políticas ou beneficentes, incentivos à amizade ou à 
lealdade, oportunidade de emprego ou de negócio e tratamento privilegiado 
(CFC, 2019c). 
A influência de maneira inadequada dos incentivos requer o exercício de 
julgamento do profissional da contabilidade nos seguintes aspectos: 
a. A natureza, a periodicidade, o valor e a consequência do incentivo. 
b. O momento em que o incentivo é oferecido ou recebido. 
c. Se o incentivo faz parte da política da empresa. 
d. Se o incentivo está diretamente relacionado à atividade profissional – por 
exemplo, quando é oferecido ou aceito um jantar decorrente de uma 
reunião de negócios. 
e. Se o incentivo é destinado a uma ou mais pessoas. 
f. As funções e posições das pessoas na empresa ou no cliente que 
ofertam ou recebem o incentivo. 
g. Se o profissional da contabilidade acredita que o incentivo infringiria os 
princípios fundamentais. 
h. A transparência do incentivo oferecido. 
i. Se o incentivo foi cobrado ou solicitado pelo receptor. 
j. O conhecimento prévio da conduta ou da reputação do ofertante. 
O tratamento das ameaças aos princípios fundamentais inclui informar 
os responsáveis da empresa sobre o incentivo ofertado ou encerrar a relação 
comercial com o cliente. 
O contador externo deve analisar as circunstâncias em que a oferta ou a 
aceitação do incentivo pode gerar ameaças. Entretanto, segundo a NBC PG 
300 (R1) (CFC, 2019c), mesmo que o profissional da contabilidade tenha 
concluído que não há nenhuma intenção de influenciar o comportamento de 
forma inadequada, considera-se uma ameaça: 
 
 
12 
• De interesse próprio: se o profissional da contabilidade recebe um 
incentivo de um cliente potencial da empresa em que está prestando o 
serviço. 
• De familiaridade: se o contador externo leva o cliente a eventos 
esportivos, por exemplo. 
• De intimidação: se o contador externo aceita o incentivo do cliente, mas 
a atitude seria considerada inadequada se divulgada. 
Nesses casos, as ameaças podem ser eliminadas quando o contador 
declinar, não oferecer o incentivo ou transferir a responsabilidade do serviço a 
outro profissional. A salvaguarda no tratamento dessas ameaças inclui 
transparência com a alta administração, registro do incentivo em diário 
monitorado, atribuição da revisão do trabalho a outro profissional, doação ou 
reembolso do incentivo recebido, devolução do incentivo como presente. 
Outra ameaça a ser considerada é a de familiar ou próximo, que pode 
ser percebida, por exemplo, quando a oferta de emprego acontece para um 
familiar ou ente próximo do profissional da contabilidade sem que haja um 
processo normal de recrutamento. 
Sendo assim, o contador externo precisa estar atento para não infringir 
os princípios fundamentais e agir de maneira ética. 
4.1 Caso prático 
Considere que o contador externo esteja prestando serviços para uma 
empresa de tecnologia. Durante o processo de verificação das demonstrações 
contábeis, recebe do seu cliente um notebook novo para executar suas 
atividades. Esse incentivo poderia ser considerado uma ameaça aos princípios 
fundamentais? 
A norma considera relevante analisar o momento em que o incentivo é 
oferecido ou recebido. O notebook recebido poderia ter como objetivo agilizar o 
trabalho, não havendo segundas intenções. Entretanto, se o incentivo é 
ofertado após a conclusão do trabalho em que foi detectada fraude na 
empresa, poderia ser considerado uma ameaça aos princípios fundamentais. 
 
 
13 
TEMA 5 – NBC PG 300 (R1): CUSTÓDIA DE ATIVOS DE CLIENTES E 
OBJETIVIDADE EM TODOS OS SERVIÇOS 
De acordo com a NBC PG 300 (R1), “A detenção de ativos de clientes 
cria ameaça de interesse próprio ou outra ameaça ao cumprimento dos 
princípios de comportamento profissional e objetividade.” (CFC, 2019c). Nesse 
caso, o contador externo deve se questionar sobre a origem desses ativos e 
considerar as obrigações legais. Se os ativos tiverem uma origem ilícita como 
lavagem de dinheiro, o contador criaria uma ameaça ao cumprimento dos 
princípios éticos, logo não pode aceitar a responsabilidade de guardar os 
numerários ou outros ativos de clientes, exceto se permitido por lei. 
Antes de aceitar a responsabilidade,o profissional da contabilidade deve 
questionar o cliente sobre a origem dos ativos e ponderar as obrigações legais 
e regulatórias referentes a eles. Ao questionar o cliente sobre a origem dos 
ativos, o contador pode desvendar atividades ilegais, como lavagem de 
dinheiro (Figura 2). 
Figura 2 – Processo de lavagem de dinheiro 
 
Ao detectar atividades ilegais, o contador externo no exercício da 
profissão responderá pelos atos ilícitos dos seus clientes às autoridades 
competentes. Caso o cliente deixe de emitir notas fiscais para recolher menos 
tributos, o contador responderá por esse ato dele, visto que é o responsável 
pelas informações geradas. 
•Dinheiro ilícito 
é acumuladoColocação
•Dinheiro ilícito 
é colocado no 
sistema 
financeiro
Ocultação
•Compra de 
bensIntegração
 
 
14 
Depois de aceitar a custódia do dinheiro ou outros ativos que pertencem 
a clientes, o profissional da contabilidade deve, segundo a NBC PG 300 (R1): 
(a) cumprir com as leis e os regulamentos relevantes para a custódia 
de ativos e para a prestação de contas sobre eles; 
(b) manter esses ativos separadamente de ativos pessoais ou da 
firma; 
(c) usar esses ativos somente com a finalidade à qual eles se 
destinam; e 
(d) estar pronto, a qualquer tempo, para prestar contas sobre esses 
ativos e sobre qualquer receita, dividendos ou ganhos gerados a 
quaisquer pessoas que tenham direito a essa prestação de contas. 
(CFC, 2019c) 
A observância dos princípios fundamentais é, portanto, essencial no 
exercício da profissão, visto que o contador externo responderá pelas não 
conformidades com leis e regulamentos. 
5.1 Resposta a não conformidades com leis e regulamentos 
Assim como o descumprimento de leis e regulamentos interfere no 
exercício da profissão dos contadores internos, reflete no exercício da profissão 
dos contadores externos. O descumprimento de leis e regulamentos diz 
respeito a ações de omissão ou de tentativas, intencionais ou não, que são 
divergentes de leis ou regulamentos vigentes, exercidos pelas seguintes partes 
descritas na NBC PG 300 (R1): “(a) pelo cliente; (b) pelos responsáveis pela 
governança do cliente; (c) pela administração do cliente; ou (d) por outras 
pessoas que trabalham para o cliente ou sob sua direção.” (CFC, 2019c). 
As leis são relacionadas a fraude, lavagem de dinheiro, mercados e 
negociação de títulos, produtos e serviços financeiros, proteção de dados, 
obrigações fiscais e de pensão, proteção ambiental, saúde e segurança 
pública. A norma prevê como resposta ao seu descumprimento “[...] multas, 
litígio ou outras consequências para o cliente, que podem afetar suas 
demonstrações contábeis de forma relevante.” (CFC, 2019c). No entanto, o 
efeito é mais abrangente, resultando em prejuízos significativos para 
investidores, credores, empregados e público em geral. 
Se o contador externo acreditar que o cliente está descumprindo as leis 
e os regulamentos, deve discutir o assunto com os responsáveis pela 
governança. É de sua alçada aconselhar e tomar ações adequadas e 
tempestivas para sanar, reparar ou diminuir as consequências da não 
 
 
15 
conformidade, impedir que o descumprimento das leis e regulamentos 
aconteça e comunicar o assunto à autoridade competente. 
TROCANDO IDEIAS 
Goto (2019, p. 51) menciona que o país passa por uma fase conturbada 
em que as infrações éticas têm extrapolado limites relacionados à corrupção de 
ordens política e empresarial. Os contadores precisam compreender que a 
ética é primordial para o exercício da profissão, e, ao detectar ameaças ao 
cumprimento dos princípios fundamentais, devem aplicar as salvaguardas 
necessárias para eliminá-las ou reduzi-las a um nível aceitável. É possível 
então que, mesmo aplicando as salvaguardas, as ameaças continuem a 
existir? O que o contador externo deve fazer nessas situações? 
NA PRÁTICA 
Suponha que um contador externo seja contratado para prestar serviços 
em uma empresa do ramo alimentício. Durante o processo de auditoria, o 
cliente fornece a esse contador cesta básica em forma de bonificação. Ao 
considerar a atitude inapropriada, o profissional resolve doar a cesta básica 
para uma instituição beneficente. Nesse contexto, a atitude do contador foi 
correta? Existia alguma ameaça ao cumprimento dos princípios fundamentais? 
FINALIZANDO 
As ameaças ao cumprimento dos princípios fundamentais podem 
decorrer de diversos fatos e circunstâncias. As categorias das ameaças são as 
mesmas para os contadores internos e externos: ameaças de interesse próprio, 
de autorrevisão, de defesa do interesse do cliente, de familiaridade e de 
intimidação. 
As ameaças podem surgir em virtude de conflitos de interesses, 
honorários e outros tipos de remuneração, incentivos, incluindo presentes e 
afins e a custódia de ativos de clientes. O contador externo deve estar atento a 
esses fatores para salvaguardar os princípios fundamentais, e o tratamento 
dessas ameaças precisa ser eficaz para que o profissional não tenha que se 
desligar do trabalho.
 
 
REFERÊNCIAS 
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBC PG 100 (R1): Cumprimento do 
Código, dos Princípios Fundamentais e da Estrutura Conceitual. 2019a. 
Disponível em: <https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
contabilidade/nbc-pg-geral/>. Acesso em: 9 abr. 2020. 
_____. NBC PG 200 (R1): Contadores Empregados (Contadores Internos). 
2019b. Disponível em: <https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-
contabilidade/nbc-pg-geral/>. Acesso em: 9 abr. 2020. 
_____. NBC PG 300 (R1): Contadores que Prestam Serviços (Contadores 
Externos). 2019c. Disponível em: <https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-
de-contabilidade/nbc-pg-geral/>. Acesso em: 9 abr. 2020. 
GOTO, E. Normas profissionais de contabilidade. São Paulo: Senac, 2019. 
 
 
 
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GABARITO 
Resposta esperada 
A atitude do contador foi correta, conforme previsto na NBC PG 300 
(R1). Nesse caso, existia uma ameaça de interesse próprio, visto que as 
demonstrações estavam sendo auditadas.

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