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DISCIPLINA NOÇÕES DE ATUÁRIA UNIDADE 1 OS RISCOS E SEGUROS: HISTÓRIA, ESTRUTURA E CONCEITOS FUNDAMENTAIS. UNIDADE 2 PREVIDÊNCIA PRIVADA E A CAPITALIZAÇÃO. UNIDADE 3 A FORMAÇÃO DO PREÇO NOS SEGUROS DE PESSOAS E PREVIDÊNCIA. UNIDADE 2 TÓPICO 1 - OS FUNDAMENTOS E A PREVIDÊNCIA SOCIAL TÓPICO 2 - OS FUNDAMENTOS E A PREVIDÊNCIA PRIVADA TÓPICO 3 - PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA TÓPICO 4 - A CAPITALIZAÇÃO TÓPICO 1 – OS FUNDAMENTOS E A PREVIDÊNCIA SOCIAL HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA E SEUS MODELOS Boschetti (2009 apud GERBER, 2010) esclarece que a Previdência, na forma como conhecemos, surgiu na Alemanha, no governo de Otto von Bismarck, que promulgou leis de seguro obrigatório contra acidentes do trabalho. Tratava-se de uma legislação de seguros sociais voltada à proteção dos trabalhadores com vistas também a conter uma crescente insatisfação oriunda da relação capital x trabalho que se estabelecera a partir das transformações sociais e econômicas ocorridas nos séculos XVIII e XIX. HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA E SEUS MODELOS Estas transformações tiveram grande impacto na vida das pessoas e uma de suas características marcantes seria a exploração do trabalho pelo capital, que viria, adiante, provocar intensas reações da classe trabalhadora. A seguir estão relacionados outros fatos que caracterizaram o período. • A Revolução Industrial e o modelo de produção capitalista transformaram radicalmente as relações de trabalho e dominação. • Grandes concentrações urbanas e trabalho precário como consequência da industrialização, que refletiram nas relações sociais e no estilo de vida. • Expansão do movimento dos trabalhadores e do ideário socialista, principalmente após a publicação, em 1848, do Manifesto do Partido Comunista por Marx e Engels. • A emergência da questão social, na qual a sociedade e os trabalhadores tomaram consciência das condições de vida e do trabalho, da exploração de que eram alvo, passando a reivindicar mudanças por meio de greves e manifestações de protestos, buscando maior proteção, principalmente as relacionadas à atividade laborativa (GERBER, 2010, p. 69). HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA E SEUS MODELOS Diante do domínio das máquinas em relação à mão de obra, criava-se um panorama de preocupação e temor, pois os direitos sociais não protegiam efetivamente o proletariado. A invalidez era o risco social mais temido à época, afinal, estaria completamente desamparado o trabalhador que se encontrasse em tais circunstâncias. Diante deste panorama de medo e insegurança, as revoltas sociais aumentariam gradativamente e seria praticamente impossível controlá-las. Assim, as significativas mudanças trazidas por Bismarck trouxeram segurança ao proletariado, estabilizando as revoltas trabalhistas e garantindo a governabilidade. Na visão dos governantes, o custo desses direitos sociais valia a pena e este custo-benefício assegurava sua continuidade. Deste modo, graças ao sucesso dos direitos sociais promovidos por Bismarck, houve considerável disseminação para outras nações, tornando-se o ponto de partida da Previdência Social no mundo (BRAMBILLA, s.d.). HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA E SEUS MODELOS De acordo com Jardim (2013), a primeira Constituição do mundo a incluir o seguro social foi a do México, em 1917. Ela estabeleceu que os empresários passavam a ser responsáveis pelos acidentes do trabalho e pelas moléstias profissionais dos trabalhadores, em razão do exercício da profissão ou da natureza do trabalho que executassem. Os empresários deveriam pagar uma indenização aos trabalhadores de acordo com a consequência do acidente ou da doença, que poderia ser a morte ou a incapacidade para o trabalho (temporária ou permanente). HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA E SEUS MODELOS A partir do modelo bismarckiano, outros países aprovaram seus planos de proteção social. A Dinamarca aprovou o direito à aposentadoria em 1891. Logo depois, a Suécia desenvolveu o primeiro plano de pensão nacional universal. No começo da década de 1920 foram criados os sistemas de seguro social da Argentina, Chile e Uruguai, que são os mais antigos da América Latina. Em 1933, os Estados Unidos instituíram o New Deal (com a doutrina do Wellfare State ou Estado do bem-estar social) e em 1933 editaram o Social Security Act. A Nova Zelândia, em 1938, instituiu uma lei concedendo proteção a toda a população e implantou o seguro social. Em 1941, a Carta do Atlântico previu a previdência social como um modo de viver livre do temor e da miséria (JARDIM, 2013). A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA No século XVI, impulsionado pela fé cristã e atuação da Igreja Católica, o padre José de Anchieta fundou a Santa Casa de Misericórdia, cujo objetivo era prestar atendimento médico e hospitalar aos necessitados. Em 1795 foi criado o Plano de Benefícios dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marinha, que talvez tenha sido a primeira ideia de pensão por morte. Em 1808 foi criado um montepio para a guarda pessoal de Dom João VI. Em 1821, Dom Pedro publicou decreto concedendo o direito à aposentadoria aos mestres e professores, desde que completassem 30 (trinta) anos de serviço, e, em 1835, surgiu o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral). A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA Com a Revolução de 1930 rompe-se um sistema de oligarquias agrárias e surgem as classes trabalhadoras urbanas. Com o início da transformação do modelo econômico, as questões sociais passam a ser tratadas como políticas de Estado. Cria-se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e dá-se início a uma nova legislação trabalhista. Getúlio Vargas dá ênfase a um papel paternalista e provedor do Estado. A Constituição de 1934 passa a estabelecer um sistema de “previdência” baseado em três fontes de custeio: a União, o trabalhador e o empregador deveriam contribuir de forma igual para a manutenção dos benefícios e garantia à velhice, maternidade, invalidez, casos de morte e acidentes de trabalho. A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA Na década de 1930 surgem os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) organizados por categorias profissionais, tais como os funcionários federais, marítimos, industriários, bancários e comerciários, entre outros. As principais diferenças dos IAPs em relação às CAPs eram que as garantias previdenciárias alcançavam classes trabalhadoras urbanas por categorias profissionais e não apenas por empresas. Além disso, o Estado passou a gerir essas instituições, que ficavam vinculadas ao poder central (GERBER, 2010). A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA Em 1960 é publicada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), criando um regime geral e uniformizando todos os benefícios até então instituídos, além de trazer novos, como auxílio reclusão, auxílio natalidade, entre outros, e ampliar o número de segurados e beneficiários que deles poderiam desfrutar. Porém, assim como acontecia nas CAPs e IAPs, mantinha a exclusão dos trabalhadores domésticos e rurais. A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA Finalmente, Brambilla (s.d.) traz que, com a Constituição de 1988 e leis complementares, o SINPAS é extinto e surge o modelo de Previdência Social que dispomos atualmente, determinando que seja organizada por regime geral, com determinação de filiação obrigatória, de caráter contributivo, nos moldes de seu artigo 201. Em 1990, com a entrada em vigor da Lei 8.029, o antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) é incorporado ao Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), originando a maior autarquia do Brasil, chamada de Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). TÓPICO 2 – OS FUNDAMENTOS E A PREVIDÊNCIA PRIVADA A PREVIDÊNCIA PRIVADA / COMPLEMENTAR A previdência complementar, também conhecida como previdência privada, consiste em um sistema que permite ao cidadão guardar uma parcela de recursos ao longo do tempo para garantiruma renda futura melhor para si mesmo e sua família. Em outras palavras, é uma forma de poupança de longo prazo, que proporciona um melhor padrão de vida na aposentadoria, além de cobertura em casos de morte e invalidez. É, portanto, um seguro previdenciário adicional, que proporciona ao cidadão um benefício programado (aposentadoria) ou de risco (morte, invalidez e outros) conforme sua necessidade e sua vontade (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2016). A PREVIDÊNCIA PRIVADA / COMPLEMENTAR Uma maneira de se precaver contra o risco de não haver recursos na aposentadoria é guardar uma parte do salário, acumulando os recursos em fundos individuais, para usufruir dos valores acumulados na aposentadoria. Este é o princípio de funcionamento dos planos de complementação de aposentadoria. Assim, enquanto na previdência social brasileira tem-se um modelo de repartição (os contribuintes dividem a conta dos benefícios pagos e não acumulam recursos individuais), na previdência privada tem-se um modelo de acumulação (os recursos poupados são individuais e se acumulam ao longo do tempo). HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR BRASILEIRA Os fundos de pensão tiveram seu marco inicial em 1904, quando surgiu a Caixa de Montepio dos Funcionários do Banco do Brasil, antecessora da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (PREVI). Ela foi criada por poucos funcionários do banco, com o objetivo de proporcionar aos seus dependentes o pagamento de uma pensão a partir de seu falecimento. Outras iniciativas de criação de fundos de pensão ocorreram durante a década de 1970, em face do crescimento econômico que ocorria no país (VIOT, 2016). A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Ao tratar da estrutura do sistema, Pena (2008) informa que ela é operada por entidades de Previdência Complementar, que têm por objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário. Essas entidades são classificadas em abertas e fechadas. As chamadas Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) são aquelas constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas, que têm por objetivo principal instituir planos que podem ter coberturas de morte, invalidez ou sobrevivência. A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR A Lei Complementar 109/2001 permitiu que as sociedades seguradoras que operem exclusivamente no ramo de seguro de pessoas sejam autorizadas a comercializar planos de Previdência Complementar. Por essa razão, alguns dos grandes grupos seguradores mantêm, dentro de suas organizações, companhias com razão e objetivos sociais distintos, de forma a poder operar tanto com seguros de pessoas e previdência, como com seguros de ramos elementares. A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) são aquelas organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. Elas são acessíveis exclusivamente aos empregados de uma empresa (ou grupo de empresas) e aos servidores da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios (chamados de patrocinadores) ou aos associados/membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial (chamados de instituidores) (VIOT, 2016). A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR A regulamentação da previdência complementar no Brasil ocorreu em 1977 para as entidades fechadas (fundos de pensão de determinadas categorias) e em 1978 em relação às entidades abertas. Nas décadas de 1980 e 1990, o sistema evoluiu para as empresas privadas e para os planos de contribuição definida e planos mistos. A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR As Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) são constituídas na forma de sociedades anônimas, estão subordinadas ao Ministério da Fazenda e têm suas atividades normatizadas e fiscalizadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) são organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos. Encontram-se subordinadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social e têm como órgão normativo o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) e órgão fiscalizador a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Quanto aos aspectos tributários, considera-se que as políticas estabelecidas consistem em elementos-chave para o estabelecimento de um sistema de Previdência Privada. A possibilidade de dedução das contribuições na base de cálculo do Imposto de Renda devido se justifica em função dos efeitos positivos da formação de reservas técnicas e, consequentemente, de poupança interna e investimentos. Em 1995, através das Leis 9.249 e 9.250, o Governo Federal deu os primeiros passos no sentido de incentivar a Previdência Complementar, com vistas a estimular a formação de poupança de longo prazo. Essas leis previam que: A REGULAMENTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR • As contribuições para as entidades de Previdência Privada domiciliadas no país, cujo ônus fosse do contribuinte – pessoa física –, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social, poderiam ser deduzidas na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do Imposto de Renda. • Foi estabelecido que essas contribuições poderiam ser deduzidas, para a apuração da base de cálculo do imposto devido no ano-calendário, desde que houvesse, também, o recolhimento de contribuições para o Regime Geral de Previdência Social, ou para regimes próprios, devendo ser observado o limite de 12% do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos. • O valor das despesas com contribuições para a Previdência Privada, cujo ônus fosse da pessoa jurídica, poderia ser deduzido no momento da determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, não podendo exceder, em cada período de apuração, 20% do total dos salários dos empregados e da remuneração dos dirigentes da empresa vinculados ao plano de Previdência (VIOT, 2016, p. 30). TÓPICO 3 – PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA Independentemente do tipo de cobertura, os planos podem ser contratados de forma individual (qualquer pessoa física) ou coletiva (pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante). A vinculação indireta refere-se exclusivamente ao caso de contratação por uma associação representativa de pessoas jurídicas, envolvendo pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. O plano coletivo deverá estar disponível, obrigatoriamente, a todos os componentes do grupo que mantenham vínculo jurídico de mesma natureza com a instituidora/averbadora. No entanto, a adesão é facultativa, podendo ser admitidos como participantes o cônjuge, o companheiro, os filhos e os enteados menores considerados dependentes econômicos do componente do grupo (VIOT, 2016). O mesmo autor ainda (p. 39) acrescenta que nas contratações coletivas existem dois tipos de planos: PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA • Plano coletivo averbado – plano em que a pessoa jurídica propõe a contratação, ficando investida de poderes de representação exclusivamente para contratá-lo, sem participar do custeio do plano. Nesse caso, a pessoa jurídica é denominada averbadora. • Plano coletivo instituído – plano em que a pessoa jurídica propõe a contratação, ficando investida de poderes de representação exclusivamente para contratá-lo, participando, total ou parcialmente, do custeio do plano. Nesse caso, a pessoa jurídica é denominada instituidora. PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA Os planos previdenciários têm por objetivo garantir ao participante (ou seus beneficiários) uma indenização (pecúlio) em caso de um infortúnio, como a morte ou a invalidez, ou uma renda, em caso de envelhecimento, perda ou redução da capacidade laboral. Com relaçãoaos prazos ou períodos de recebimento dos benefícios, torna- se importante conhecer as seguintes expressões: Para as coberturas por sobrevivência: • Período de diferimento é aquele compreendido entre a data de início de vigência da cobertura por sobrevivência e a data prevista no contrato para início do pagamento do benefício. Em outras palavras, corresponde ao período de contribuição do participante. PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA • Período de pagamento do benefício é aquele em que o assistido fará jus ao recebimento do benefício sob a forma de renda, podendo ser vitalício ou temporário. • Período de cobertura é o prazo correspondente aos períodos de diferimento e/ou de pagamento de benefício, sob a forma de renda. PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA Para as coberturas de morte e invalidez: • Período de cobertura é aquele durante o qual o participante (no caso de invalidez) ou os beneficiários (no caso de morte do participante) farão jus aos benefícios contratados. • Período de pagamento do benefício é aquele em que o assistido fará jus ao recebimento do benefício sob a forma de renda, podendo ser vitalício ou temporário (VIOT, 2016, p. 42). PLANOSDAPREVIDENCIA ABERTA A contratação de qualquer plano de Previdência Complementar Aberta se dará mediante preenchimento e assinatura de uma Proposta de Inscrição que será protocolada, analisada e aceita (ou não). A Entidade Aberta de Previdência Complementar (EAPC) poderá fixar limites mínimo e máximo de idade; exigir comprovação de renda; declaração de saúde, relatórios ou exames médicos, perícia médica, entre eventuais outros critérios de aceitação. Em se tratando de menor de idade, este terá que ser assistido pelos pais ou responsáveis, na forma da lei. O prazo máximo de análise da proposta é de 15 (quinze) dias. Não havendo recusa ou solicitação formal de outros documentos dentro deste prazo, a proposta terá aceitação automática. Uma vez aceita a proposta, será emitido o Certificado do Participante. OS PLANOS DE RISCOS Os planos com cobertura de risco incluem as garantias de morte e/ou invalidez total e permanente. As coberturas de morte têm por objetivo conceder um benefício (à vista ou sob a forma de renda) aos beneficiários indicados, em decorrência da morte do participante ocorrida durante o período de cobertura, desde que tenha sido cumprido o período de carência estabelecido pelo plano, se houver. Já os planos com cobertura de invalidez total e permanente têm por objetivo conceder um benefício (à vista ou sob a forma de renda) ao próprio participante, em decorrência de sua invalidez total e permanente ocorrida durante o período de cobertura, desde que tenha sido cumprido o período de carência estabelecido pelo plano, se houver. OS PLANOS DE RISCOS As coberturas de morte têm por objetivo conceder um benefício aos beneficiários indicados. Os planos com cobertura de invalidez total e permanente têm por objetivo conceder um benefício ao próprio participante. VGBL ou PGBL VGBL é uma sigla para “Vida Gerador de Benefício Livre”, enquanto PGBL é uma sigla para “Plano Gerador de Benefício Livre”. VGBL ou PGBL: entendas as principais diferenças A primeira distinção é a forma como são classificados. O VGBL, de um lado, é entendido como seguro de pessoa; o PGBL, do outro, como um plano de previdência complementar. Entretanto, a distinção mais marcante entre eles é a forma de tributação. No PGBL, o investidor tem a possibilidade de abater as contribuições feitas do Imposto de Renda até o limite de 12% de sua renda bruta anual. Vale ressaltar que esses impostos são cobrados só no resgate e incidem sobre todo o valor. Já em relação ao VGBL, os impostos também são cobrados só no resgate, mas incidem somente sobre a rentabilidade. Tributação da previdência privada A tributação do PGBL ou do VGBL pode seguir duas tabelas: progressiva ou regressiva. A primeira é referente ao montante; já a segunda diz respeito ao tempo. A tabela progressiva é a mesma que vale para os salários. Sendo assim, quanto maior a renda, maior o imposto. Na tabela regressiva, contudo, quanto maior o tempo de investimento, menor será a cobrança. Progressiva ou regressiva: qual optar? Na hora de escolher a forma de tributação, vale considerar o tempo de contribuição. Nesse sentido, a tabela regressiva é a melhor escolha para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por mais de 10 anos. Também tenha em mente o valor do rendimento. Na tabela progressiva, os impostos aumentam conforme o valor sobe. Portanto, se os seus rendimentos foram altos, pode ser mais viável adotar o regime regressivo. É possível mudar de PGBL para VGBL? Você não pode mudar de um plano VGBL para um PGBL, e vice- versa. Também não pode mudar o regime tributário regressivo para o progressivo. Só é possível ir do regime progressivo para o regressivo. TÓPICO 4 – A CAPITALIZAÇÃO CAPITALIZAÇÃO Para Guerra (2016, p. 23), existe uma confusão em entender os conceitos de título de capitalização e caderneta de poupança. Esclarece, no entanto, que se tratam de produtos com conceitos distintos: • Para os títulos de capitalização, existe o aspecto lúdico do produto: os sorteios. Não há este componente para as poupanças. • Nos títulos, pode haver prazo mínimo para resgate e há um prazo para a ‘efetivação do investimento’, diferentemente da poupança, que não exige carência para o resgate, e o prazo de investimento é indeterminado. • As sociedades de capitalização são obrigadas a constituir provisões técnicas por título subscrito. CAPITALIZAÇÃO • As sociedades de capitalização podem distribuir parte de seus lucros aos subscritores dos títulos. • A taxa de juros mensal utilizada para remuneração do título, com exceção das modalidades Popular e Incentivo, deverá corresponder a, no mínimo, 0,35% e deverá constar da Nota Técnica Atuarial e das Condições Gerais do título de capitalização. Já a poupança remunera o capital investido a 0,5% ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano for superior a 8,5%; ou 70% da meta da taxa Selic, enquanto esta for igual ou inferior a 8,5%, ou seja, as taxas não necessariamente serão iguais. • Os investimentos em poupança são assegurados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), enquanto que as aplicações em títulos de capitalização não contam com qualquer garantia oficial em caso de irregularidades na gestão financeira por parte da sociedade de capitalização. As cadernetas de poupança têm a garantia dada pelo FGC de até R$ 250.000,00. CAPITALIZAÇÃO Guerra (2016) comenta ainda que, apesar de muitas vezes o título de capitalização ser comercializado dentro de agências bancárias, as sociedades de capitalização não são consideradas instituições financeiras específicas e, por isso, não sofrem fiscalização do Banco Central (BACEN). Entretanto, o Conselho Monetário Nacional (CMN), por meio de suas resoluções, publica normas para aplicação das reservas técnicas das sociedades de capitalização da mesma forma que o faz com relação às reservas técnicas das seguradoras. CAPITALIZAÇÃO O mercado de capitalização no Brasil está submetido à fiscalização da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, e se encontra, também, submetido à política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). As sociedades de capitalização, conforme Guerra (2016), são classificadas em duas categorias, de acordo com o público-alvo de seus produtos: as sociedades ligadas a conglomerados financeiros e as independentes. CAPITALIZAÇÃO Os conglomerados financeiros são companhias que estão concentradas diretamente nos clientes do próprio conglomerado. Em geral, pertencem a um grupo econômico, controlado por uma holding que é liderada por um banco. A sociedade de capitalização é mais uma das empresas do grupo ou da holding. As sociedades de capitalização independentes são aquelas que, por não disporem de balcão de distribuição bancário próprio, normalmente utilizam outros canais de distribuição, tais como casas lotéricas, agênciasde correios, corretores de seguros, lojas de departamentos e os balcões de instituições financeiras com as quais firmam parcerias. Em geral, pertencem também a uma holding, mas não de origem ligada a um banco. Seu público-alvo são os seus parceiros distribuidores. CAPITALIZAÇÃO Quando um título de capitalização é vendido através de agência de um determinado banco XYZ, o respectivo título não é um produto do banco. Ele é produto de uma sociedade de capitalização, que pertence à holding do banco ou que é parceira deste banco. Se forem consultadas listas com os nomes de sociedades de capitalização, será constatado que muitos desses nomes nos remetem aos bancos, mas são empresas distintas. Complementando, também é comum encontrarmos sociedades de capitalização cujo objetivo está totalmente concentrado no sorteio e distribuição de prêmios, principalmente veículos, casas e caminhões de mercadorias. Essas empresas estão organizadas como sociedades de capitalização e, portanto, sujeitas à regulamentação do setor (GUERRA, 2016). HISTÓRIA E REGULAMENTAÇÃO A história ou surgimento da capitalização é algo bastante criativo e interessante. Ela surge com o desejo de um líder classista em oferecer um benefício diferente para seus liderados. Ele imaginava uma forma de as pessoas terem acesso mais rápido a um dinheiro que, com base apenas em seus salários, elas levariam muitos anos para acumular. HISTÓRIA E REGULAMENTAÇÃO Foi Paul Viget, diretor de uma cooperativa de mineiros francesa, quem idealizou, em 1850, uma engenhosa maneira de alavancar recursos financeiros para seus cooperados. O sistema funcionava mais ou menos assim: todos contribuíam mensalmente com uma parcela de suas economias, por um período previamente determinado. Além da garantia de resgatar todo o dinheiro acumulado ao fim daquele prazo, havia a possibilidade de receber tudo antecipado caso o cooperado fosse sorteado. O modelo agradou em cheio e não só conquistou a simpatia dos cooperados, como também acabou por espalhar-se por toda a França e a ganhar novos adeptos (FENACAP, 2016). HISTÓRIA E REGULAMENTAÇÃO A mesma lógica norteou os primeiros planos de capitalização no Brasil do início do século XX, quando a urbanização começava a avançar. A primeira empresa de capitalização brasileira foi fundada em 1929, chamada de Sul América Capitalização S.A. Entretanto, somente em 1932 é que foi oficializada a autorização para funcionamento das sociedades de capitalização através do Decreto n° 21.143, posteriormente regulamentado pelo Decreto n° 22.456, de 1933, sob o controle da Inspetoria de Seguros. ESTRUTURA TÉCNICA DA CAPITALIZAÇÃO O termo título de capitalização possui duplo significado: • Capitalização como objeto do processo administrativo aberto pela sociedade, que aparece na frase ‘A SUSEP aprovou o título ‘Cem Milhões’ da sociedade de capitalização XYZ’. Significa que as condições gerais e a nota técnica foram aprovadas pela SUSEP, e, assim, a sociedade de capitalização poderá comercializar diversos contratos com aquelas mesmas condições gerais aprovadas. • ‘Título de capitalização’ como individualização do contrato firmado entre consumidor e sociedade de capitalização. Por exemplo, na frase ‘Eu comprei um título da sociedade de capitalização XYZ’ (GUERRA, 2016, p. 24). ESTRUTURA TÉCNICA DA CAPITALIZAÇÃO Um título de capitalização pode ser contratado tanto na presença física do consumidor e do corretor de capitalização, como também através de canais remotos, tais como terminais bancários de autoatendimento ou pela Internet. Nestes casos, a sociedade de capitalização deverá disponibilizar, imediatamente, a confirmação da contratação ao consumidor e encaminhar, em até 15 dias após a data do início de vigência, o título de capitalização ao titular. As pessoas envolvidas na aquisição de um título de capitalização passam a possuir uma denominação especial: subscritor e titular. Subscritor é a pessoa física ou jurídica que subscreve a proposta de compra, quando existente, comprometendo-se a efetuar os pagamentos na forma prevista nas condições gerais. Titular é a pessoa, física ou jurídica, proprietária do título. Ao titular cabem os direitos originados pelo título de capitalização que são, basicamente, o de recebimento do resgate de participação nos sorteios, incluindo também o recebimento dos prêmios caso seja contemplado (GUERRA, 2016). MODALIDADE TRADICIONAL A modalidade tradicional tem por objetivo restituir ao titular, no final do prazo de vigência, no mínimo, o valor total dos pagamentos efetuados pelo subscritor, desde que todos os pagamentos previstos tenham sido realizados nas datas programadas, sendo vedada qualquer vinculação da Provisão Matemática para Capitalização à aquisição de bem ou serviço. Portanto, essa modalidade valoriza o valor final a ser resgatado pelo titular, não devendo ser computada a atualização monetária da Provisão Matemática para Capitalização, tampouco eventual provisão de bônus. A obrigação de que tais títulos restituam (no mínimo) o valor que foi pago só existe para o final da vigência, ou seja, nos casos de resgates antecipados não é obrigatório que o titular receba o valor que foi pago até aquele momento. MODALIDADE POPULAR É o título de capitalização que propicia a participação do titular em sorteios, sem que haja devolução integral dos valores pagos. Destaca- se, aqui, portanto, a importância dos sorteios, permitindo-se, inclusive, que o título não devolva, no final da vigência, tudo o que foi pago pelo subscritor. Na modalidade popular, a ênfase principal está nos sorteios. Eles são o grande apelo do produto, o que o torna um concorrente maior para outros tipos de sorteios, tais como rifas, bolões de apostas e até mesmo as loterias tradicionais. A Tele Sena, produto da Liderança Capitalização, pertencente ao Grupo Silvio Santos, é um bom exemplo. MODALIDADE INCENTIVO É o título de capitalização vinculado a um evento promocional de caráter comercial instituído pelo subscritor. O subscritor, ou seja, uma empresa interessada em alavancar a venda de seus produtos (empresa promotora do evento), adquire títulos de capitalização junto a uma sociedade de capitalização para permitir que seus consumidores, ao adquirirem seus produtos, participem de uma determinada promoção comercial a ser realizada por meio dos sorteios constantes do título. MODALIDADE COMPRA PROGRAMADA A modalidade compra programada é aquela em que a sociedade de capitalização garante ao titular, ao final da vigência, o recebimento do valor total dos pagamentos efetuados pelo subscritor, desde que todos os pagamentos tenham sido realizados, nas datas programadas, sendo facultado ao titular optar, sem qualquer outro custo, pelo recebimento do bem ou serviço referenciado na ficha de cadastro e que é subsidiado por acordos comerciais celebrados com indústrias, garantido ao titular, não se devem considerar a atualização monetária e eventual parcela de bônus. De acordo com Guerra (2016, p. 87), a ficha de cadastro deverá conter, em destaque, a seguinte mensagem: “Este título poderá restituir valor inferior ao total dos pagamentos efetuados, caso o resgate seja realizado antes do término do prazo de vigência”.