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Metodologias Ativas e Design Thinking

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Esta obra integra a Coleção
PROFICIÊNCIA EM TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA UMA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA 
Todos os direitos desta edição reservados a
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© Instituto Educacional Essência do Saber
ENSINO NÃO PRESENCIAL E HÍBRIDO
Autora: Cláudia Tacques
Coordenação Editorial: Elisiane da Silva
Coordenação Pedagógica: Jussiê Bittencourt Hahn e Edson Otero Silveira
Edição, arte e projeto gráfico: Edson Otero Silveira - ComunicaDIGITVS
Fotos: elements.envato.com
 
Bibliotecária: Márcia Piva Radtke. 
CRB 10/1557 
 T119e Tacques, Cláudia 
Ensino não presencial e híbrido / Cláudia Tacques. Coordenação editorial: Elisiane Silva; edição, arte 
e projeto: Edson Otero Silveira. Porto Alegre: Instituto Educacional Essência do Saber, 2022. – 
(Coleção Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação Empreendedora; v. 4) 
73 p.; ilustrado 
ISBN 978-65-993119-9-4
1. Educação. 2. Educação a distância. 3. EAD. 4. Ensino Híbrido. 5. Livro didático. I. Tacques, 
Cláudia. II Silva, Elisiane. III. Silveira, Edson Otero. IV. Faculdade Mário Quintana - FAMAQUI. V. 
Titulo.
CDU 37(075.8) 
3digitvs
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM CAMINHO SEM VOLTA
O DIREITO DE IMAGEM E SUA 
INSERÇÃO NO MATERIAL DIDÁTICO
A INTERAÇÃO DOS DIFERENTES 
PARA ATINGIR O MESMO OBJETIVO
ENSINO HÍBRIDO (EH)
Bibliografia e Linkografia
Índice
5
23
67
52
36
4 digitvs
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: 
UM CAMINHO SEM VOLTA
6 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
A humanidade sofreu um grande impacto no início do ano de 2020 ao ser anunciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o surgimento da pandemia da covid-19. Todos os setores da sociedade e do Planeta tiveram que se adaptar 
e, em especial a Educação, pois houve necessidade de dar uma resposta 
rápida aos estudantes, e os docentes tiveram que de um dia para outro se 
transformar em atores / atrizes, editores e diretores e dominar a tecnologia 
para que a informação / conhecimento chegasse até os discentes. 
O docente, por ser um dos pilares do processo ensino-aprendizagem, 
e ser um agente facilitador do conhecimento necessitava atuar de forma 
diligente no ano de 2020. Entretanto, sem tempo de preparo para se 
adaptar as mudanças, sem oportunidade de debater com os seus pares, 
simplesmente teve que agir, se adequar as novas exigências e se transformar. 
É com esta perspectiva de transformação da Educação e de docentes, que 
este material pretende mostrar modalidades de ensino que pautaram à 
docência nos anos de 2020 e 2021, e quiçá, 2022 e debater sobre qual será 
o legado das modalidades de Educação a Distância (EAD), Ensino Híbrido 
(EH) e Ensino Remoto Emergencial (ERE).
Breve histórico da EAD no Brasil
A Educação a Distância (EAD) tem sua origem no fim do século XVIII, 
meados do século XIX e início do século XX, surgiu através do ensino por 
correspondência, que visava atender ao mercado de trabalho, fornecendo 
capacitação e formação profissional às pessoas que desejavam exercer 
certas atividades. Em 1905, nos Estados Unidos, a Calvart Shool começou 
a fazer uso dos serviços do correio para que o ensino por correspondência 
chegasse as crianças de Baltimore. Assim, a EAD deu sua largada neste país. 
Posteriormente Áustria, no ano de 1914, e Austrália, em 1945, também se 
utilizaram deste sistema de ensino.
 Outros projetos de EAD foram surgindo gradativamente e utilizaram 
como meios de comunicação o rádio e televisão. Em 1967 criou-se a 
Fundação Padre Anchieta, organização mantida pelo Governo do Estado 
de São Paulo, com o propósito de promover atividades educativas e 
culturais através do rádio e da televisão. No ano de 1978, o Sistema Globo 
de Televisão lança um programa denominado Telecurso de 2º Grau, mais 
tarde passou a chamar-se TELECURSO 2000. Nesse curso os alunos eram 
preparados para os exames de Ensino Médio, por meio de programas 
7digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
televisivos que poderiam ser acompanhados por fascículos encontrados em 
bancas de jornal (LITWIN, 2001). No surgimento da EAD, diferentes foram 
as tecnologias que estavam incorporadas ao ensino e que contribuíram 
para os suportes fundamentais das propostas. Na década de 70, foram a 
televisão e o rádio; os áudios e vídeos na década de 80; já na década de 90, 
há a incorporação de redes de satélites (MANSUR, 2001). 
A revolução tecnológica gerada pelo uso dos computadores e, 
posteriormente, com a interação da internet fez com que novas propostas 
de ensino a distância começassem a fazer parte do dia a dia. Assim, as 
formas de ensinar e aprender sofreram inúmeras transformações. A 
informação, que é a base para a construção do conhecimento, recebe 
apoio das tecnologias de informação e comunicação (TICs), principalmente 
da internet, que disponibiliza o conhecimento/informação necessário 
no momento desejado, de acordo com a curiosidade ou necessidade do 
indivíduo (SCHLEMMER, 2005). 
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Característica
Gerações de EAD
1ª geração
1880
Imprensa e
Correios
Atingir alunos
desfavorecidos
socialmente,
especialmente
as mulheres
Guias de estudo,
autoavaliação,
material entregue
nas residências
Difusão de
rádio e tv
Apresentação de
informações aos
alunos, a distância
Programas
teletransmitidos e
pacotes didáticos
(o material do
curso é entregue
ao aluno por correio
ou pessoalmente)
Métodos
Construtivistas de
aprendizado em
colaboração
Alunos planejam,
organizam e
implementam seus
estudos por si
mesmos
Aulas virtuais
baseadas no
computador e
na internet
Interação em tempo
real do aluno com
aluno e instrutores
a distância
Direcionado a 
pessoas que 
aprendem sozinhas,
geralmente
estudando em casa
Teleconferências
por áudio, vídeo
e computador
Orientação face a face,
quando ocorrem
encontros presenciais
Oferecer ensino de
qualidade com custo
reduzido para alunos
não universitários
Universidades
Abertas
2ª geração
1921
3ª geração
1970
4ª geração
1980
5ª geração
2000
Tecnologia
e mídia
utilizadas
Objetivos
pedagógicos
Métodos
pedagógicos
8 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
Atualmente a EAD pode ser separada em cinco gerações (FIGURA 1), 
pois é possível levar em consideração as tecnologias e as mídias utilizadas ao 
longo do seu desenvolvimento. Para Gomes (2016) a evolução da EAD está 
atrelada ao desenvolvimento tecnológico e, nas últimas décadas, passou a 
despertar o interesse pedagógico e influenciando o cenário educacional. 
A EAD, no cenário nacional brasileiro, está tomando proporções 
inimagináveis, isso devido à covid-19 que acelerou o crescimento e todas ou 
quase todas as instituições de ensino. Entretanto, é imprescindível conhecer 
seu funcionamento, suas características e qual o papel do professor nesta 
modalidade, bem como os requisitos necessários para o aluno. 
O que é a educação a distância?
A Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de aprendizagem 
que está inserida na Educação e apresenta uma rápida inserção no mundo 
educacional devido às demandas existentes que necessitam de constante 
aperfeiçoamento profissional. As inovações no cenário tecnológico viabilizam 
novos ambientes de aprendizagem, e por ser uma modalidade flexível, 
baseada no paradigma da autoformação, torna-se viável para o processo de 
ensino e aprendizagem, além de que vão na mesma linha de pensamento 
em que o conhecimento colaborativo, através de redes, contribui para a 
solução de alguns problemas da educação brasileira (GOTTARDI, 2015).
 De acordo com a Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996, pelo 
Decreto n.º 2494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. DE 
11/02/98), Decreto n.º 2561, de 27 de abril de 1998 (publicado no D.O.U. 
de 28/04/98) e pela Portaria Ministerialn.º 301, de 07 de abril de 1998 
(publicada no D.O.U. de 09/04/98) é regulamentada a EAD no Brasil como 
uma modalidade de ensino em que há a mediação da Tecnologia de 
Informação e Comunicação (TICs) nos processos de ensino e aprendizagem 
(BRASIL, 1996). 
 Recentemente, através do DECRETO Nº 9.057, de 25 de maio 
de 2017, capítulo I, disposições gerais, Art. 1º afirma que a EAD é uma 
modalidade educacional em que possui em seu processo de ensino 
aprendizagem a mediação através dos meios e TICs, com profissionais 
qualificados, com políticas de acesso, com o devido acompanhamento e 
avaliação compatível. Afirma também que 
9digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos 
processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e 
tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com 
políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre 
outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da 
educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL,2017)
Segundo Lima ([s.d.]) a Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de 
ensino que está pautada em um ensino em que seu funcionamento ocorre 
através de
[...] um processo educativo sistemático e organizado. Sua característica 
fundamental é a separação físico-espacial entre professores e alunos, os 
quais interagem de lugares distintos, através de meios tecnológicos diversos 
possibilitando uma interação bidirecional, ou seja, uma interação de dupla via.
Em pleno cenário pandêmico a EAD se apresentou como uma solução 
valiosa para instituições de ensino como uma forma de levar a informação / 
conhecimento até o aluno, visto que a maneira mais tradicional era inviável 
em decorrência do fechamento de todos os estabelecimentos de ensino e 
da gravidade da covid-19. 
Um questionamento que muitos fazem diz respeito a EAD ser uma 
modalidade ou metodologia. No entanto, para Moran (2002, p. 1) é “o 
processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde 
professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”. 
Fisicamente os atores da educação não estão juntos, mas estão conectados 
pela tecnologia, porém o autor destaca o papel do professor, pois este 
“ensina a distância”.
Lechner (2015, p. 49) afirma que a EAD é uma modalidade de educação, 
mas ressalta que as instituições de ensino, presencial ou a distância, não 
devem esquecer o seu papel de “propiciar um ambiente favorável à 
construção do conhecimento”.
 A conceituação apresentada por Nunes (1992 apud SANTOS; 
RODRIGUES, 1999) sobre a EAD é vista como um método em que a atuação 
do professor ocorre à parte da atuação do aluno e a comunicação pode ser 
através de textos impressos, meios eletrônicos, mecânicos ou por outras 
formas. Aqui se percebe o quanto a EAD se desenvolveu, tendo em vista 
que nos últimos anos com uma preocupação mais voltada a sustentabilidade 
o uso de “textos impressos” e devido à covid-19, quase não foi utilizado. 
Um conceito mais flexível e mais atual afirma que a EAD é uma 
modalidade de ensino que ocorre por meio da tecnologia, que é utilizada 
através das plataformas digitais disponíveis, sendo que professores e alunos 
10 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
não estão no mesmo ambiente, mas separados fisicamente, não havendo a 
necessidade de estarem conectados em um mesmo horário, dia e lugar fixo.
Santos e Rodrigues (1999) ressaltam que os cursos oferecidos em EAD 
devem ser elaborados levando em consideração a periodicidade dos 
encontros, caso ocorram, pois podem ser síncronos ou assíncronos. Os 
cursos síncronos podem ser divididos assim:
cursos síncronos / totalmente síncronos – são os que utilizam somente 
a comunicação síncrona, ou seja, bate-papo; TV; videoconferência, etc. 
cursos semissíncronos – são os que utilizam as formas de comunicação 
síncronas, mas empregam também a comunicação assíncrona como e-mail, 
www, como uma maneira de auxiliar.
cursos semiassíncronos – são os que usam esporadicamente a 
comunicação síncrona e possui as ferramentas assíncronas como base.
cursos assíncronos / totalmente assíncronos - são aqueles em que não 
utilizam qualquer forma de comunicação síncrona. 
Alguns aspectos que são importantes destacar na EAD é a flexibilidade 
de horário que o aluno encontra, pois pode escolher o horário que lhe for 
mais conveniente como, por exemplo, assistir aos vídeos, realizar atividades; 
a flexibilidade de lugar para realizar suas atividades, uma vez que não está 
pré-determinado; flexibilidade de ritmo se dá de acordo com a evolução e 
compreensão do conteúdo, o próprio aluno determina o seu ritmo; interação 
com o instrutor / mentor / tutor aqui indica o grau de interatividade por 
quem está acompanhando a sala / atividade; acompanhamento é um dos 
elementos imprescindíveis para que o aluno não se sinta só, sem orientação 
e saiba que em necessidade de ajuda haverá como sanar suas dificuldades, 
etc. (SANTOS; RODRIGUES, 1999). 
A EAD nos anos de 2020 e 2021 se desenvolveu de forma abrupta, em 
decorrência do isolamento e distanciamento social exigidos pela covid-19, 
fato que fez com que as instituições de ensino buscassem uma solução 
para disponibilizar aos estudantes conteúdos com qualidade e fornecessem 
suporte aos docentes. É neste cenário que as Tecnologias da Informação 
e das Comunicações (TICs) exerceram um papel fundamental como forma 
de expandir e democratizar o conhecimento. Claro que aqui estão sendo 
referidas as instituições que possuíam condições financeiras para se 
adaptar as necessidades. Entretanto, cabe destacar que não será debatido 
as deficiências de muitas escolas brasileiras, o que impediu que os alunos 
públicos tivessem as mesmas condições dos estudantes das redes privadas. 
11digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
O uso das Tecnologias da Informação e das 
Comunicações (TCIs) na EAD
É inegável o potencial das TICs no dia a dia das pessoas, pois estão 
inseridas em simples ações como a solicitação de um transporte a uma 
transação bancária, e na sociedade contemporânea e globalizada, há uma 
grande valorização e necessidade de informação, que é difundida por meio 
das mais variadas mídias digitais com o objetivo de atingir, de forma rápida 
e intensa, a um grande número de pessoas. Na educação seu uso também 
foi incorporado e aplicado no processo de ensino e aprendizagem, o que 
possibilitou inovações significativas. 
Com o desenvolvimento das TICs a EAD recebeu uma contribuição 
expressiva que ampliou seu uso de forma interativa, imediata e mais atrativa 
para que o ensino e a aprendizagem ocorram de forma eficaz. Entretanto, 
para usá-las são exigidos novos conhecimentos e novas metodologias de 
ensino por parte do docente. É fundamental a ruptura com a forma mais 
tradicional e ultrapassada de acreditar que o aluno é um ser passivo que 
apenas necessita receber a informação. Esses conhecimentos não são apenas 
exigidos para o professor da EAD, mas também para os que atuam somente 
no presencial. É com esta visão que Feldkercher e Mathias (2011, p. 84) 
reforçam a necessidade que os professores, independente da modalidade 
que utilizam, estejam preparados para o uso adequado das tecnologias e 
afirmam: “a formação de professores para o uso das TICs deve favorecer 
para o entendimento de que as mesmas podem proporcionam valiosas 
possibilidades de ensino, aprendizagem, pesquisa, promoção e divulgação 
de conhecimentos”.
Outro ponto que é destacado pelos autores é que nem todos os 
professores “simpatizam” com o uso das TICs em suas aulas. Há resistência 
porque há necessidade de outra metodologia de ensino e nem todos 
estão dispostos a mudar. Na sociedade atual ainda há a crença de que a 
tecnologia é excelente para interagir nas redes sociais, no entanto, quando 
é aplicada à Educação já não é bem vista,pois exige do docente e discente 
que saia de suas zonas de conforto. Em algumas situações a tecnologia 
é empregada apenas como um exemplo ilustrativo do que realmente sua 
aplicação seja efetiva.
Faria (2004) afirma que a geração do século XXI exige docentes que 
estejam preparados para atuar e interagir com pessoas que estão mais 
informadas, com acesso instantâneo da informação em suas mãos e buscam 
o conhecimento através da tecnologia que está a sua disposição. E o 
12 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
conhecimento coletivo deve ser priorizado e mediado pela tecnologia e o 
papel do docente passa a ser mais proativo, de orientador na construção 
do saber. O uso da tecnologia na Educação instiga a participação e o 
envolvimento do aluno na realização das atividades e aumenta o entusiasmo 
do professor. 
Segundo Chaves (2007) é preferível utilizar a expressão “Tecnologia 
na Educação”, porque se subentende que descobertas e ideias alheias à 
educação possam ser inseridas em sala de aula e que seria quase impossível 
viver sem elas. Outro ponto que o autor traz para a discussão é da riqueza 
das novas tecnologias disponíveis e faz uma ressalva a internet e junto a 
Web, pois tornam os ambientes ricos de possibilidades de aprendizagem, 
tornando este processo mediado pela tecnologia. 
Um entusiasta do uso da tecnologia na Educação é Dias Caetano (2015, p. 
296) quando afirma que “um dos campos mais férteis para o uso da tecnologia 
é o da Educação”, pois potencializa situações 
de aprendizagem. Entretanto, destaca que 
a dificuldade e “atraso na implementação 
e apropriação das várias metodologias 
e ferramentas” obstaculizam as 
transformações desejadas, e aponta 
como um dos fatores que provocam 
este impasse a tecnologia não estar no 
mesmo ritmo do meio social dos alunos, 
bem como seus conhecimentos, 
além de que “alguns programas 
de computador não permitirem 
a colaboração 
dos alunos e 
professores”.
Outro ponto 
muito bem destacado 
pelo autor é que não 
basta substituir a forma mais tradicional do uso do quadro e do livro pelo 
computador / tecnologia. Exige uma mudança da postura, de didática, de 
metodologia, de interação entre o professor e o aluno, pois assim ocorrerá 
verdadeiramente a troca de conhecimento. As tecnologias contribuem para 
enriquecer a aprendizagem, visto que utilizam a atualidade e os recursos 
que propiciam a interação.
A presença da TICs nos discursos pedagógicos é cada vez mais constante 
13digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
e define a fala nos mais diversos espaços e contextos da Educação, isto 
porque as últimas gerações nasceram submersas na tecnologia e fazer uso 
dos recursos que disponibilizam, torna-se produtivo o processo de ensino 
e aprendizagem. 
Nativo digital
O aluno atual, do ensino básico ao ensino superior, apresenta características 
que o destaca referente a outro de décadas atrás, pois o comportamento 
não é o mesmo, sua forma de ver a vida mudou, seu vocabulário incorporou 
termos da tecnologia digital e acima de tudo a interação que possui com 
esta ferramenta. Esse aluno nasceu com a tecnologia digital na palma da 
mão e a informação está a seu alcance e não necessita mais ir para a sala 
de aula para “aprender” sobre determinado assunto. Encontra na internet 
o tema que desejar e, se souber pesquisar, pode aprofundar até satisfazer 
a sua curiosidade. Esse aluno está cercado de computador, tablets, celular, 
vídeo games, etc. e todos os aparelhos que dispõe estão conectados à 
internet. 
 Esses estímulos digitais fazem com que o aluno, que o professor 
encontra atualmente em sala de aula, apresente outros anseios de 
conhecimento, pois processa a informação de forma rápida, o que faz com 
que seja denominado de Nativo Digital (ND). 
 Os NDs são todos aqueles que nasceram após 1980, possuem 
habilidades com o uso da tecnologia, recebem a informação rapidamente 
e realizam mais de uma tarefa simultaneamente, estão acostumados com a 
agilidade do hipertexto, fazem download de filmes e músicas. Geralmente 
conhecem a outra pessoa on-line, e não presencialmente, pois estão 
conectados em algum grupo que se identificam, enviam mensagens e não 
fazem ligações aos pais e aos amigos. As interações sociais, as atividades 
de interesse e as amizades ocorrem mediadas pelas tecnologias digitais, e 
não conheceram nada diferente disso. Levam a vida de forma natural nos 
espaços on-line e nos offline, “não pensam em suas vidas híbridas como 
algo notável” (PALFREY; GASSER, 2011, p. 14).
 De acordo com Prensky (2001 apud COELHO, 2012) os NDs 
possuem como uma das principais características realizar múltiplas tarefas, 
não se amedrontam quando se deparam com desafios relacionados as 
TCIs e experimentam e vivenciam as possibilidades que são oferecidas nos 
aparelhos digitais. Apresentam um grande fascínio pela descoberta e pela 
perspectiva de descobrir coisas novas, portanto, estas habilidades devem 
14 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
ser exploradas pelas escolas. 
 A Geração Y, como são conhecidos os NDs, cresceu e se desenvolveu 
em um período de grandes mudanças tecnológicas, bem como o que está 
relacionado ao meio digital. Isso fez com que adquirissem competências e 
habilidades que facilitam o desenvolvimento de atividades que envolvam 
a tecnologia. Essa geração transformou a comunicação, isso faz com 
que se reflita sobre as habilidades e competências dos NDs, pois reflete 
diretamente no formatado da escola tradicional (COELHO, 2012). 
Autonomia do estudante em EAD
A construção do conhecimento 
já não é mais a mesma. Em 
um passado recente o aluno 
era apenas um ser que 
recebia a informação, o 
conhecimento engessado 
do professor e absorvia 
o que era possível. 
Atualmente este tipo de 
postura não é mais viável, 
15digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
embora ainda se reproduza com frequência em algumas salas de aula, pois 
o professor é o detentor do saber e o aluno apenas recebe o conhecimento 
sem interagir e questionar. Estas são posturas mais cômodas e que devem 
ficar no passado. 
 Em pleno ano de 2022, período em que ainda se vive a pandemia da 
covid-19, doença que se alastrou mundialmente a partir de fevereiro de 2020, 
é necessário que o estudante tenha autonomia para buscar informações 
pertinentes, que saiba acrescentar novos conhecimentos aos já existentes. 
A EAD nos últimos anos, em decorrência da covid-19, está se consolidando 
e ganhou espaço em cursos técnicos, superiores, de formação inicial e até 
mesmo em pós-graduação das diversas instituições públicas e privadas. 
 No ambiente de EAD os protagonistas (professor e aluno) estão física 
e geograficamente separados e os conteúdos são disponibilizados online 
através de vídeos, atividades interativas, que dependem da plataforma 
adotada, material didático com os conteúdos para que o aluno acompanhe 
as aulas. O acesso a estes materiais pode ocorrer por meio do computador 
ou tecnologia móvel, onde e quando desejar. 
 A comunicação entre os alunos e professores, em um Ambiente 
Virtual de Aprendizagem (AVA) ocorre muitas vezes de forma síncrona, 
com horário e dia estipulados, e pode se via chat, teleconferência, vídeo 
conferência, ou assíncrona, em que a troca de mensagens pode ser por 
fóruns ou e-mail. 
Pareschi e Martini (2017, p. 46) destacam que neste formato de educação 
o estudante tende a se isolar e pode se perder diante de um leque de 
opções de informações ofertadas pela internet. É nesse momento que deve 
encontrar o sentido dos conteúdos disponibilizados e interliga-los com a 
sua necessidade, para que o conhecimento seja efetivo. Mas ressaltam que 
deve haver a parceria e interação com os professores / tutores / monitores. 
Nesta etapa surge a aprendizagem colaborativa e a co-criação, sendo um 
trabalho coletivo e que as interações prevalecem e a “dimensão técnica nãose sobressaia sobre a pedagógica”. 
Na EAD a autonomia do aluno, no processo de ensino e aprendizagem, 
é prevista, pois nesta modalidade, que difere totalmente da presencial, 
pois a presença constante do professor é prescindível. É exigido deste 
estudante que tenha habilidades, muitas vezes inexistentes, de motivação, 
autoconfiança, participação e envolvimento nas atividades. Segundo Belloni 
(2006 apud BASEGGIO; MUNIZ, 2009, p. 3) no processo de aprendizagem 
autônoma o aluno é “sujeito ativo que realiza sua própria aprendizagem e 
abstrai o conhecimento aplicando-o em situações novas”. Na aprendizagem 
16 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
autônoma é aplicada a dimensão de autodireção e autodeterminação, ações 
que não são fáceis para muitas pessoas, uma vez que na EAD o aluno, muitas 
vezes, estará sozinho e deverá se responsabilizar pela sua aprendizagem.
Gottardi (2015, p. 113) salienta uma característica imprescindível ao 
aluno que é a capacidade de “tomar para si sua própria formação”, tendo 
em vista que o mercado de trabalho exige posturas e habilidades de lidar 
com várias demandas e que tenha capacidade de utilizar a tecnologia como 
ferramenta de apoio para a sua atualização profissional. O aluno deve estar 
preparado para transformações dado que as imposições profissionais assim 
exigem. 
É imprescindível que o aluno perceba que aprender em uma sala de aula 
presencial é muito diferente de um ambiente virtual, ou sala virtual, pois 
ele necessita romper barreiras e adquirir novos hábitos de aprendizagem. 
Necessita estar atualizado, fazer as atividades semanalmente sem que alguém 
o obrigue ou avise, participar do fórum, fazer as leituras recomendadas, e 
principalmente desenvolver a autonomia para ser um aluno independente, 
ser crítico e participativo. 
O papel do professor na EAD
O papel do professor mudou ao longo dos anos, houve um período 
em que o saber era centrado exclusivamente em sua figura e não havia 
diálogo entre o que transmitia e o que o aluno pensava, ou aprendia. Com 
os anos houve uma ruptura do paradigma presencial para o cenário da 
EAD. Essa mudança exigiu, e segue exigindo, a capacidade do professor de 
reaprender a aprender, reavaliar sua atuação e as concepções que envolvem 
o seu fazer na formação acadêmica. A evolução tecnológica provocou uma 
descontinuidade na ação pedagógica tradicional e instigou que a educação 
se transformasse e os professores deixassem de ser meros transmissores 
para atuarem como mediadores do conhecimento. 
O aluno que chega no cenário atual da educação possui um grande 
conhecimento digital, com muitas informações a seu dispor, é acesso 
fácil à internet em dispositivos móveis. É neste contexto que o professor 
propõe atividades que possibilitem uma parceria na realização, e exercerá 
o papel de orientador e instigará o aluno a construir sua formação pessoal 
e acadêmica. 
Segundo Faria (2004, p. 57) o papel que se espera, ou mesmo se exige, 
de um educador do século XXI é de orientador e mediador nas diversas 
situações de aprendizagem. Ele instiga o aluno com um problema e o 
17digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
desafia a solucioná-lo através da interação. Nessa proposta a utilização 
do quadro, do livro/texto e do professor que discorre sobre conteúdo é 
menos importante. A autora ressalta que nessa prática o professor e o aluno 
dialogam e juntos descobrem novos caminhos para o conhecimento, pois o 
saber não é mais linear, tem que haver a interatividade, como uma “teia de 
conhecimento e um ensino em rede”. 
Coelho (2010, p. 50) afirma que o papel do professor mudou 
consideravelmente na EAD, pois “suas funções são pulverizadas”. Não há 
mais espaço, nesse cenário, de um professor centralizador que é o único 
responsável pela realização de uma aula. Segundo a autora “o professor deixa 
de ser uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva”, nesse 
modelo surge uma equipe com outros papéis e sujeitos. A EAD necessita 
de profissionais com novas posturas, em que a simples transposição do 
modelo tradicional de transmitir conteúdos não é adaptável ao computador, 
ou plataforma. É imprescindível que o professor acompanhe o processo de 
construção, e “tenha competências de tutoria, autoria, gestão, avaliação e 
capacidade de trabalhar em equipe”. 
Belloni (2006) destaca que o professor da EAD não pode perder sua 
identidade nessa nova complexidade de funções que exercerá, e compõe 
um quadro com características do professor presencial e do EAD, em que é 
possível perceber claramente a mudança de postura (FIGURA 2). 
 
Figura 2 – Diferenças entre professor presencial e da EAD
Fonte: Belloni, 2006, p. 83
18 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
Averbug (2003) afirma que um professor/tutor diante do atual processo 
de ensino e aprendizagem deve ser conhecedor das novas tecnologias, 
pois há uma nova postura que deverá adotar e será o mediador do saber. 
O papel do professor passa a ser o de mediador e incentivador do aluno 
na busca do seu saber. Destaca que não basta com utilizar as tecnologias 
digitais na sua prática, uma vez que não garantirá uma transformação, e 
sim reforçar uma visão mais conservadora na educação. Moran (1995 apud 
AVERBUG, 2003) traz como exemplo um professor autoritário que pode 
utilizar os recursos do computador para controlar ainda mais os outros, mas 
para que isso não ocorra há a necessidade de uma mente aberta. 
Simões Neto e Tahim (2016) destacam uma diferença marcante da 
nomenclatura de professor e docente na modalidade de EAD. Para os 
autores, há a tutoria, em que o tutor não pode ser confundido com o papel 
do professor por não ter “aula”, ou seja, não serão responsáveis pela turma, 
mas sim colaboradores, porém pode ser que seja um professor. Afirmam 
que os papéis de docente/tutor e docente/professor têm relevância, mas 
que se diferenciam nas metodologias empregadas, bem como nos recursos 
utilizados para a construção do conhecimento. O docente/tutor acompanha 
o processo de ensino que é voltado ao aluno, respeita o atendimento 
flexível do lugar, dos meios e formas de contato. Utiliza métodos e recursos 
necessários para alcançar os objetivos propostos na educação. Deve 
acreditar na EAD, uma vez que é imprescindível ser dedicado, além de 
ser organizado, disciplinado e responsável, pois necessitará de disciplina 
para cumprir com as atividades e manter uma rotina para que o trabalho 
não se acumule. O diálogo com o aluno deverá ocorrer com harmonia, o 
conhecimento compartilhado ocorrerá para atingir resultados satisfatórios. 
O docente/tutor no ambiente virtual de aprendizagem será o mediador 
dos conhecimentos e incentivará aos alunos a participarem e interagirem 
entre si, além de estar atendo com relação à participação dos alunos. Outra 
de suas características é de ser inovador, dinâmico, interagir e estimular a 
aprendizagem. 
Possolli e Cury (2009) tratam sobre um ponto muito importante referente 
a atuação do professor que ministra cursos/disciplinas a distância, pois 
algumas instituições contratam apenas “tutores generalistas”. Ressaltam que 
é fundamental que este profissional tenha habilidades multidisciplinares, que 
seja capaz de articular os conteúdos que deverá abordar com o currículo, pois 
estes elementos devem estar articulados, além de desenvolver habilidades 
e competências para aprender, atuar e ensinar nas mídias que existem. 
Na modalidade em EAD ao professor são exigidas outras características, 
19digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
além de algumas que tem no ensino presencial, pois não basta dominar 
conteúdos, precisa ter habilidades e competências para estimular o aluno a 
buscar as respostas, desenvolver o seu pensamento e construir uma relação 
de confiança para que a autonomia do aluno seja atingida. A inclusão das 
TICs no cenário da educação é uma realidade que seconsolidou e vai ao 
encontro de políticas governamentais de expansão da educação superior 
no Brasil. Desta forma a EAD está recebendo a atenção necessária da 
comunidade acadêmica referente ao papel do professor, pois neste modelo 
surge com um perfil preparado para atender as mudanças que não se 
aplicam ao modelo tradicional. 
 Belloni (2006) destaca que o papel do professor na EAD é sobretudo 
de parceiro do aluno na construção do conhecimento e ressalta a importância 
de um olhar transformador na formação de docentes, que possam atender as 
necessidades atuais e que contemplem o preparo na inovação tecnológica 
e as transformações pedagógicas. 
Surge nesse cenário de transformação da educação o papel do tutor 
que participa ativamente no processo de ensino, uma vez que acompanha 
e monitora as atividades assíncronas como os fóruns e as síncronas como 
os chats. Este profissional estimula a construção do conhecimento coletivo, 
instiga a reflexão, e contribui para que o aluno compreenda que deve ser 
autodisciplinado, além de estar atento ao progresso do aluno, e chama-lo 
quando necessário. O professor desenvolve os conteúdos e o tutor deve 
“provocar e orientar os alunos para o maior ganho educacional possível 
e a de ambos provocar desafios no sentido de proporcionar a melhoria 
crescente da aprendizagem” (VERGARA, 2006, p. 67).
A figura do professor/tutor, segundo Aretio (1999 apud BENETTI; MELO; 
SPANHOL et al., 2008), é fundamental para fomentar o desenvolvimento do 
estudo autônomo do aluno, sendo que seu papel é de orientar, pois não tem 
a função de transmitir o conteúdo, mas sim de auxiliar nas dificuldades. Um 
aspecto importante de ressaltar, de acordo com o autor, é que no modelo 
presencial há apenas um tipo de professor, que é aquele que toma as 
decisões sozinho, enquanto que no modelo a distância existem vários tipos 
de professores envolvido no processo de ensino e um deles é representado 
pelo tutor, que atua como facilitador e orientador do aluno. 
Para desempenhar com competência este novo papel, o professor 
necessita adquirir e desenvolver determinados saberes, que para Benetti, 
Melo e Spanhol et al. (2008, p. 8), corresponde a “um conjunto específico 
de competências”. Para isso se faz necessário conceituar competência, que 
pode ser entendida “como a capacidade de mobilizar saberes (desenvolvidos 
20 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
ao longo da vida social, escolar e laboral) para agir em situações concretas 
de trabalho”. A competência está associada com o desenvolvimento do 
sujeito, com sua formação contínua, com as adaptações e melhoras que 
adquire com o tempo. O papel do professor não é o de enfatizar conteúdos, 
informações e conceitos que serão memorizados pelos alunos, mas o de 
valorizar a pesquisa e as atividades em grupo. Deve preparar o aluno para 
aprender a investigar, buscar diferentes informações para confrontá-las e 
desenvolver a criticidade para julgar o que é mais relevante. 
O professor da EAD precisa ter conhecimento tecnológico, usar sua 
experiência para se transformar e acompanhar as mudanças que lhe são 
exigidas, modificar sua prática de forma significativa para atender as 
demandas da educação, que seja capaz de aprender e a ensinar de uma 
forma diferenciada de como lhe foi transmitida a informação. Que arrisque 
e que construa uma nova visão do seu papel. 
Ensino remoto emergencial (ERE)
A tecnologia, as redes de comunicação e as mídias, nas mais diversas 
plataformas, entraram no cotidiano da sociedade e é impensável, atualmente, 
ficar em uma fila de banco para pagar alguma conta. Isso é realizado 
de qualquer lugar, com aplicativos e sinal de internet. Essa agilidade na 
transmissão de informação e comunicação acarretou o surgimento de novos 
paradigmas que refletem também na Educação, o que torna o processo 
de ensino e aprendizagem com novas características. Em decorrência da 
pandemia da covid-19 houve uma mudança drástica e emergencial no 
ensino, o que fez com que professores e alunos tivessem que se adaptar e 
transformar suas práticas pautadas em uma educação digital.
O planalto, através da Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020, estabeleceu 
normas educacionais excepcionais que foram “adotadas durante o estado 
de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de 
março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009” (BRASIL, 
2020). 
O Conselho Nacional de Educação (CNE), no dia 28 de abril de 2020, 
aprovou o Parecer nº 05/2020 em que determinou as diretrizes para os 
estabelecimentos de ensino básico e instituições de ensino superior durante 
o período da pandemia da covid-19. Este documento está de acordo com 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996 
que postula a oferta da EAD em todas as modalidades de ensino enquanto 
durar as restrições sanitárias para as aulas presenciais impostas no Brasil. 
21digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
Este parecer propôs que ao final do período de emergência a carga horária 
fosse reposta utilizando as TDICs, bem como a realização de atividades não 
presenciais (COQUEIRO; SOUSA, 2021). 
 Desafios surgiram no início do ano de 2020 e as instituições de 
ensino, de todos os níveis, tiveram que capacitar seus professores, bem 
como aos alunos, para a adoção do Ensino 
Remoto Emergencial (ERE), chamado por 
alguns como Ensino Virtual, que emergiu 
da necessidade de encontrar alternativas 
que viabilizassem as atividades 
educacionais. Houve a mudança do 
ensino presencial para a adoção 
total das Tecnologias Digitais 
da Informação e Comunicação 
(TDICs). Nesse sentido a EAD 
e o ERE foram os caminhos 
utilizados para manter a 
c o m u n i c a ç ã o 
entre professor 
e aluno. 
 
O professor 
começou a 
trabalhar da sala, 
ou quarto de sua 
casa; seu ambiente pessoal passou a ser público e necessitava de uma 
rede de internet, de um computador, tablet, ou celular que possibilitasse se 
comunicar com o seu aluno. O aluno, por sua vez, não tinha mais o suporte 
acadêmico em que poderia contar com o uso do laboratório de informática 
para realizar suas atividades e pesquisas. Este foi o cenário da Educação no 
início de 2020 e se prolongou pelo ano de 2021. Não sabemos ainda como 
será 2022. Alguns acreditavam que o que estava ocorrendo, rapidamente 
se solucionaria e voltariam todos ao seu antigo modo de vida.
 Não foi o que ocorreu, pois com o cancelamento das atividades 
letivas presenciais, em todo o mundo, gerou a obrigatoriedade de 
os estabelecimentos de ensino migrarem para a realidade on-line, e 
metodologias e práticas tiveram que ser repensadas e adaptadas do 
cenário físico para o virtual. O que foi denominado de Ensino Remoto de 
Emergência (ERE). Para muitos professores foi uma ruptura muito grande, 
22 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
não havia o quadro para escrever o conteúdo, não tinha mais como ditar 
para que os alunos copiassem, não havia mais a conversa dos corredores 
e na sala dos professores para trocar informações. Dormiu professor e teve 
que acordar youtuber, passou de um modelo tradicional, em que transmitia 
seu conhecimento olhando para os alunos, para olhar a uma câmara e 
“ação”, começou a gravar suas aulas. No entanto, isso não era suficiente, 
pois deveria pensar onde postar suas videoaulas, como fazer download, 
editar, além de aprender a utilizar os recursos de videoconferência como 
Google Meet, Skype, Zoom, as plataformas de aprendizagem como o 
Google Classroom, Moodle, Microsoft Teams. 
 Essas ferramentas foram usadas nos dois últimos anos (2020 e 2021) 
para sanar dificuldades e com o objetivo de instrumentalizar ao ensino. 
Entretanto, Moreira; Henriques e Barros (2020, p. 352) tocam em um ponto 
muito importante de ser tratado: mas quando se criará uma um modelo de 
aprendizagem virtual. Para os autores é algo que não se pode deixar de 
abordar, questionamcomo será o processo da transição do modelo que 
era usado para um que esteja mais de acordo com a sociedade? Outros 
questionamentos realizam e devem ser refletidos:
 Como se deve desenhar um ambiente online de aprendizagem? 
 Como devem ser organizadas e planificadas as aulas online? 
 Como se deve comunicar de forma assíncrona e síncrona com o 
grupo que agora se transformou numa comunidade virtual? 
 Como desenvolver práticas pedagógicas online na realidade digital, 
sem momentos de presencialidade física? 
 Que tecnologias e plataformas podem ser utilizadas para enriquecer 
o ambiente de aprendizagem? 
 Como devem ser criadas e desenvolvidas atividades online de 
aprendizagem? E como se deve avaliar os estudantes nestes cenários 
virtuais? 
Esses são questionamentos que todos devem realizar para repensar o 
processo de ensino e aprendizagem e que esteja mais de acordo com a 
realidade do século XXI. Algumas destas questões serão abordadas ao 
longo desta disciplina. 
O DIREITO DE IMAGEM E SUA 
INSERÇÃO NO MATERIAL 
DIDÁTICO
24 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
O surgimento da internet, ou rede, possibilitou a conexão entre computadores em escala mundial permitindo que a informação “viaje”, chegue ao seu destino e reduza o tempo de espera. A internet surgiu em meados de 60, e 
primeiramente foi utilizada como uma ferramenta de comunicação militar 
com o propósito de resistir a um conflito nuclear mundial. Profissionais 
da Engenharia Eletrônica e programadores foram contratados pelo 
Departamento de Defesa dos Estados Unidos para desenvolver uma rede 
que permitisse que as mensagens fossem transmitidas em pequenas partes 
e com rapidez. 
 O resultado da acessibilidade da internet, a milhões de pessoas, fez com que surgissem redes sociais, 
o que possibilitou o intercâmbio 
de comunicação, divulgação de 
imagens, troca de informações, 
etc. O compartilhamento de 
imagens atinge números sem 
precedentes. É nesse 
contexto que a máquina 
fotográfica foi deixada de 
lado, pois não havia mais 
necessidade de rolos de 
filme. Isso começou a fazer 
parte do passado. 
 O direito de imagem, 
no viés pedagógico, inserido em 
materiais didáticos usado como forma de ilustrar 
visualmente o que o professor deseja transmitir, possui 
alguma legislação que esteja inserida? Ou simplesmente é 
permitido o seu uso sem nenhum tipo de restrição? Quando 
um professor das Ciências da Natureza cria um material para melhor ilustrar 
o que deseja aos seus alunos, por exemplo, o professor de Biologia, deve 
seguir alguma norma estabelecida para usar as imagens? Vejamos a seguir:
 No final do século XX, com a introdução da internet e sua 
disseminação, provocou uma nova forma de adquirir dados, informações e 
imagens de pessoas, porém o direito de imagem e afins carecia de legislação 
25digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
por não constar na Constituição de 1988. A evolução cibernética acarretou 
em facilidades, mas forçou o sistema judiciário a impor limites aos usuários. 
Isso fez com que houve necessidade de regulamentação e, por este motivo, 
foi sancionada a Lei 9.610/98 que realiza uma interpretação dessa realidade 
e a regulamenta. 
 É indiscutível que se vive em uma época em que a imagem está 
associada às informações. As redes sociais quase não apresentam textos, e 
o que prevalece são as imagens das mais variadas situações do dia a dia e 
que são postadas pelos seus usuários. Porém é importante saber interpretar 
essa ferramenta corretamente, pois o seu uso colabora para a compreensão 
do aluno e o que reflete sobre a sociedade que vive. 
 O bombardeio diário de imagens, dos símbolos visuais, tornou-se 
uma necessidade, tendo em vista que a informação cada vez mais chega 
de forma rápida. No entanto, deve possuir alguma significância: o professor 
de história, por exemplo, deve pensar na sua intencionalidade quando 
escolhe imagens para ilustrar fatos históricos; o mesmo deve ocorrer com 
o professor do ensino fundamental, ao inseri-las em suas apresentações de 
um conto. 
Os professores de História, Geografia e Sociologia podem solicitar 
um trabalho colaborativo entre os alunos de uma mesma série do ensino 
médio para caracterizar, por exemplo, a constituição populacional de sua 
comunidade ou região. Podem solicitar que tirem fotos de seus parentes, 
vizinhos, amigos, e que consigam demonstrar essa pluralidade, mas sem 
esquecer de citar a fonte/propriedade da imagem. Esse é um dos papéis 
do professor no momento de orientar um aluno quando solicita que realize 
um trabalho desse tipo, pois deve mostrar a importância de solicitar a 
autorização para a divulgação da imagem de algum participante, mesmo 
que seja de forma parcial. É nesse contexto que o professor deve ter o 
cuidado ao elaborar um material didático, em que utiliza imagens, saber e 
conhecer o que envolve o seu uso e as implicações que podem acarretar. 
 Os direitos autorais, os direitos de imagem passaram por 
transformações nas leis e a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCNs) contribuíram para que os materiais didáticos modificassem os usos 
de imagens ao longo dos anos. Essas transformações são claramente 
perceptíveis nos livros de geografia, em que para identificar características 
de uma determinada população de uma região do Brasil, pessoas eram 
mostradas. Com as alterações incorporadas, passaram a mostrar apenas 
silhuetas, para atualmente mostrarem apenas as mãos. 
26 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
EAD e a propriedade intelectual
A chegada da tecnologia transformou a EAD no mundo e no Brasil, com 
as TICs possibilitou a incorporação no material didático de imagens, vídeos, 
áudio, exercícios interativos, etc. Entretanto, há um aspecto que deve ser 
analisado com atenção, uma vez que o professor ao elaborar esse material 
incidirá, muito provavelmente, na aplicação do direito de propriedade 
intelectual. 
 O uso de imagens, fotos, áudios, vídeos, etc., muitas vezes, são 
utilizados sem qualquer tipo de preocupação, pois a utilização desses 
recursos é relativamente recente na EAD. No entanto, de acordo com 
Marcacini (2012) há um enfoque que não deve ser descuidado, uma vez 
que há a incidência e a aplicação do direito de propriedade intelectual que 
devem ser cuidados. 
 Há um equívoco por parte da população em decorrência da difusão 
da internet, e por puro desconhecimento das leis, que tudo que lá consta, 
está aberto e disponível e pode ser livremente utilizado como se fosse de 
domínio público. Entretanto, Marcacini (2012) ressalta que não é o que 
consta no sistema jurídico brasileiro, pois a utilização de alguma obra 
necessita da autorização do autor. 
 Esta temática está interligada com a EAD, quando uma instituição 
de ensino oferece um material para o aluno, que pode ser um folder, ou 
o próprio material que será utilizado nas aulas, deve estar segura que 
realmente lhe pertence e deve ter sido previamente cedido pelo(s) autor(es), 
por escrito, ou que tenha a autorização, de forma clara, do titular da obra 
para utilizá-la pela duração do curso ministrado. 
A Lei nº 9.610/98, em seu art. 29, possui uma lista dos itens que depende 
da autorização “prévia e expressa do autor”. No meio acadêmico é de 
conhecimento que a citação de fragmentos de obras / textos é considerada 
um “ato lícito”, desde que respeitados os limites impostos, é “prevista na 
Lei de Direitos Autorais”, e, portanto, não constitui uma infração, uma vez 
que serve para fins de estudo, mas sempre indicando o nome do autor e a 
origem da obra (MARCACINI, 2012, p. 336
Material didático e sua produção
Há uma discussão entre os especialistas sobre o conceito de material 
didático, sendo que para alguns compreende desde os jogos, blocos lógicos, 
brinquedos educativos até o livro didático. Entretanto, o que se pretende 
27digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃOtratar é sobre o que se considera imprescindível em sua elaboração para 
atender aos objetivos do processo de ensino e aprendizagem na perspectiva 
da EAD. Esse material deve ter um olhar voltado para a sociedade e que 
permita que o aluno pense, reflita e elabore sua criticidade, bem como 
pratique sua criatividade sobre a informação de diversas formas. Nesse 
cenário é fundamental que ocorra constantemente uma revisão e atualização 
para garantir a qualidade, além de que seja organizado, dinâmico e permita 
ao aluno identificar e caracterizar as ferramentas que serão utilizadas. 
 O material didático para a EAD apresenta características diferentes 
do que é usado para as aulas presencias, pois sua dinâmica é outra. No 
ensino tradicional o material didático é um apoio do professor e pode ser 
suprimido se necessário. Mas na modalidade à distância exige um esforço 
redobrado na sua elaboração, uma vez que o professor não estará na 
presença física de imediato para tirar as dúvidas. 
Esse material deve conduzir a autonomia do aluno e deve privilegiar a 
interação, a interatividade, a aprendizagem coletiva e levar em consideração 
a construção do conhecimento em sintonia com o desenvolvimento 
humano, a resolução de situações problemas que encontrará em sua vida e 
que permita ao aluno empreender. 
 Nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são disponibilizados 
recursos em diferentes formatos e podem ser em hipertexto, oral, escrito e 
audiovisual. Esses recursos enriquecem a exposição de um conteúdo, pois 
não há apenas a fala do professor e o aluno, sendo um nativo digital, muitas 
vezes prefere essa dinâmica. 
É possível que o professor queira introduzir uma pequena mostra de 
como o aluno pode se apresentar aos colegas utilizando o https://www.voki.
com/ que permite a criação de um avatar que é personalizado pelo próprio 
aluno em que pode escolher a cabeça, roupa e acessórios. É possível 
também, que passado a fase de apresentações, o professor identifique 
os personagens criados pelos alunos e solicite que a partir desta criação, 
elaborem uma história em que cada personagem tenha participação. O 
professor de português pode explorar os tipos textuais como descrição e 
narração. 
Para ampliar um pouco mais esses personagens, nesse formato, 
professores de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, 
Literatura, Língua Estrangeira - Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física 
e Tecnologias da Informação e Comunicação) podem realizar um projeto 
integrador em que cada área solicite algo. Por exemplo, na Artes a criação 
do ambiente dos personagens e nas línguas estrangeiras as falas devem ser 
28 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
nos dois idiomas ou apenas em um. 
 Outros aspectos que devem ser considerados no momento de 
elaboração e execução de um material didático para a EAD é a complexidade 
que envolve o processo de ensino e aprendizagem, pois exige uma análise 
cuidadosa de como ocorre a construção do conhecimento, da visão de 
educação para a instituição para a qual o material é elaborado e a gestão 
pedagógica. Isso demonstra que a elaboração do material didático vai 
além da seleção de conteúdo, pois deve levar em conta a metodologia 
do material para EAD, do direcionamento que o aluno receberá para que 
possa exercer sua autonomia e explorar o ambiente virtual na sua busca 
pela construção do seu conhecimento. 
 A interação entre professor e aluno é outro ponto a ser considerado 
no material didático, virtual ou impresso. Deve ser pensado com 
responsabilidade, com os objetivos claros e as 
diretrizes que o nortearão. Desta forma os 
conteúdos seguirão a mesma linha de 
raciocínio, pois a seleção deverá ser 
criteriosa e desafiadora. Uma das 
responsabilidades 
desse material 
é motivar o 
aluno a querer 
conhecer mais, 
é informar sem 
ser tendencioso, 
esclarecer sem tirar 
o interesse do aluno 
em querer descobrir 
um algo a mais e 
instigar o trabalho 
em equipe. 
 Muitas vezes é o material didático na EAD que fará a apresentação 
do curso ao aluno, portanto, deve ter uma plataforma que o instigue e seja 
atrativa desde a primeira página, além de que o acesso não seja complicado 
e seja de fácil navegação, com tarefas interativas. Basta imaginar uma 
criança das séries iniciais entrando pela primeira vez em um AVA. Esse 
ambiente deve ser criativo, interativo, lúdico e que o material seja colorido 
e ilustrativo para despertar o seu interesse. 
 Barrera (2017) afirma que o material didático em EAD serve como 
29digitvs
Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
mediador e mostra a concepção pedagógica que conduz o processo de 
ensino e aprendizagem, pois representa a relação que o aluno estabelecerá 
com o que aprende. Destaca algumas características que não podem faltar 
neste material como, por exemplo, ótima qualidade, sua apresentação 
deverá ser impecável, mostrar ao aluno a metodologia adotada, os temas 
abordados devem estar claros, possibilitar ao aluno uma diversidade de 
leituras para pesquisar e atividades para realizar. 
 O Ministério da Educação (MEC), no ano de 2007, elaborou um 
documento intitulado “Referências de qualidade para Educação Superior a 
Distância”, com a finalidade de ser um norteador para as ações no tocante 
a elaboração do material didático. Um dos pontos ressaltados foi sobre 
a produção desse material ser elaborado de acordo com os princípios 
epistemológicos, metodológicos e políticos que constam no projeto 
pedagógico. Sem isso pontos não haverá a comunicação entre professor e 
aluno. 
 É imprescindível que se percebe que não é suficiente ter experiência 
nos cursos presenciais para garantir a qualidade necessária no momento 
de elaborar o material didático. É fundamental que exista uma equipe 
multidisciplinar que entenda de áreas como: diagramação, ilustração, 
desenvolvimento de AVAs, etc. para compor esse material.
Tipos de materiais didáticos
Quando se pensa em material didático, geralmente, a primeira ideia que 
se tem é do livro impresso, uma vez que foi o mais utilizado e difundido pelo 
ensino tradicional. Entretanto, não é o único, e com o uso da internet outros 
materiais surgiram para atender as demandas das modalidades de educação. 
Ao considerar qualquer recurso como material didático - arquivo, ferramenta 
ou documento, que utilize diferentes linguagens (formal, informal, lúdica) - 
em formato impresso ou digital, que possua algum conteúdo que contribua 
para o conhecimento de determinado tema, sua concepção se amplia. 
 De acordo com o Portal SAE digital, os tipos de materiais didáticos 
que levam em consideração a Classificação Brasileira de Recursos 
Audiovisuais são divididos em:
Recursos visuais: livros, álbuns, cartazes, exposição, fotografias, 
gravuras, mapas, gráficos, flanelógrafo, modelos, mural, museus, objetos, 
quadros, transparências, entre outros.
Recursos auditivos: aparelho de som, discos, fitas cassete, CD, rádio, 
30 digitvs
Ensino Não Presencial e Híbrido 
CD-ROM;
Recursos audiovisuais: filmes, cinema, televisão, videocassete, DVD, 
computador, tablets, celulares, softwares e aplicativos. 
No entanto, o que deve ser levado em consideração com relação aos tipos 
de materiais didáticos, que serão utilizados em sala de aula a distância, são 
os recursos disponíveis que a instituição possui e que sirvam para motivar 
o processo de ensino e aprendizagem. Devem ser também interativos e 
que permitam a flexibilidade, além de possibilitar que o professor realize 
o feedback, e faça avaliações pelo próprio sistema. Esses cuidados servem 
para orientar e esclarecer ao professor na hora de elaborar um material 
digital que será disponibilizado ao aluno em um AVA. 
A importância da lei geral de proteção de dados, 
direito de imagem, proteção dos dados dos alunos e 
professores 
É inegável a evolução das tecnologias e os benefícios que o uso da 
internet possibilitou a todos os usuários, que possarama se comunicar 
de forma rápida, ter acesso a informações e surge a democratização do 
conhecimento. Contudo, a pandemia do coronavírus, no ano de 2020, 
alterou significativamente a forma de agir de todos os cidadãos do planeta. 
Essa transformação ocorreu em vários cenários da sociedade. Entretanto, 
um que requer um olhar especial é o ensino de crianças que estão entre os 
8 e 12 anos, pois o uso da internet, no período pandêmico, intensificou a 
sua utilização e maior exposição desse grupo. 
Para a realização de simples atividades escolares era/ é imprescindível 
o uso das tecnologias digitais. Com uma visão cuidadosa e criteriosa a Lei 
Geral de Proteção de Dados (LGPD) (Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018) 
as instituições de ensino começaram a informar que as tarefas escolares, 
que necessitam de uso de internet, exigem supervisão e acompanhamento 
dos responsáveis, com o objetivo de proteger os dados das crianças diante 
de um cenário tão atípico na educação brasileira. 
 Não se pode ter uma visão simplista e desconsiderar situações de 
vulnerabilidade das crianças nessa faixa etária. Seria o mesmo que transferir 
a responsabilidade de suas próprias condutas, sendo que são consideradas 
pessoas incapazes de exercer quaisquer atos da vida civil, e devem ter um(a) 
responsável que represente os seus interesses. 
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Proficiência em Tecnologias Digitais
para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO
Para o simples acesso às plataformas adotadas pelas escolas é necessário 
o consentimento do Termo de Uso e Políticas de Privacidade, bem como 
estar atendo(a) ao que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, que 
afirma que são pessoas em desenvolvimento. 
 Em função da vulnerabilidade dessa faixa etária é fundamental 
que exista uma regulamentação que a proteja e todos os seus dados. 
No que corresponde a essa proteção surge a LGPD, tendo em vista que 
em decorrência da necessidade sanitária de isolamento social, e como 
imposição das autoridades científicas para controlar o contágio da covid-19, 
as atividades escolares passaram a ser realizadas remotamente, ou no 
formato não presencial. 
A internet passou a ser usada por necessidade, não apenas para lazer, 
e se transformou em um canal de comunicação entre os diversos setores 
da sociedade. Fato que ocorreu também nas aulas do ensino infantil e 
fundamental. Mas Faria (2021) destaca que para a criança ter acesso aos 
conteúdos de aula deveria primeiramente aceitar os Termos de Uso e as 
Políticas de privacidade. 
Como uma criança, que está no ensino fundamental poderia receber o 
material disponibilizado pela escola em um AVA em caso de recusa de seu 
responsável em aceitar as condições impostas nesse termo? Um pai, mãe, 
ou responsável tem condições de julgar esse termo? Uma criança, nessa 
faixa etária, tem condições de fazer o discernimento correto da relevância 
desses documentos para a sua vida? 
No Termo de Uso constam condições e regras para que o usuário tenha 
acesso aos serviços do site e aplicativo. Já o documento de Política de 
Privacidade apresenta as práticas adotadas pelo site com relação aos dados 
privados dos usuários.
 O isolamento imposto pela covid-19 fez com que o Ministério de 
Educação e Cultura (MEC) homologasse as diretrizes que acatassem, mesmo 
que parcialmente, o Parecer CNE/CP nº 5/2020 do Conselho Nacional 
da Educação (CNE) em que sugere que as escolas sigam com o envio de 
atividades escolares não presenciais durante o período pandêmico, pois 
assim conseguiriam cumprir a carga horária e reduziria a reposição dos dias 
letivos após a pandemia. 
Esse movimento fez com que as atividades pedagógicas não presenciais 
ocorressem pelas plataformas, que foram adotadas pelas escolas. No 
entanto, para se obter o seu acesso o usuário deveria aceitar os Termos de 
Uso e as Políticas de privacidade. 
 Ao aceitar as condições de acesso, o usuário, neste caso a criança, 
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Ensino Não Presencial e Híbrido 
dá o seu consentimento de uso de seus dados. Muitas vezes os adultos 
aceitam as condições sem ao menos ler o que consta, e seria talvez 
impensável esperar isso de crianças. Embora, mesmo que o fizessem, talvez 
não compreenda as implicações de tal ato. 
 Com o aumento do uso da tecnologia no cotidiano de crianças, 
adolescentes e adultos a obrigatoriedade da disponibilização dos seus 
dados pessoais, para terem acesso as plataformas digitais, fez com que 
houvesse a necessidade de se repensar a proteção dos dados e a LGPD 
procura protegê-los. Muito embora para alguns especialistas do Direito há 
falhas na lei, especificamente em seu art. 14, §1º, no que corresponde a 
defesa dos dados pessoais dos adolescentes. 
 Na LGPD consta a palavra criança, entretanto, estão excluindo a 
outra faixa etária que corresponde aos jovens. Isso incide no consentimento 
parental, que está previsto na LGPD, sendo indispensável para as crianças, 
e tornando os adolescentes como capazes de decidir sobre os seus dados 
pessoais. 
 Apesar de não ser possível ainda vislumbrar as consequências dessa 
temática ao longo da vida das crianças e adolescentes devido à evolução 
da tecnologia é necessário que haja a conscientização dos responsáveis 
e dos dois grupos para a divulgação de seus dados. Não se defende a 
proibição do acesso à tecnologia digital, mas sim que ocorra a reflexão do 
todos os envolvidos: pais, responsáveis, instituições de ensino, professores 
e as plataformas digitais, ou AVAs, sobre os propósitos que justifiquem a 
necessidade dos dados pessoais. 
Ambiente virtual de aprendizagem (AVA)
A partir da metade do século XX as transformações ocorreram em vários 
âmbitos da sociedade e na forma de ensinar e aprender houve um avanço 
significativo, embora não com a mesma velocidade que em outros setores 
como, por exemplo, nos bancos em que se paga, se faz transferência, 
etc. por aplicativos e instantaneamente. Com a globalização o ritmo de 
troca de informações e sua complexidade atingiu patamares nunca antes 
imagináveis, tarefas que antes demoravam dias, agora são realizadas em 
segundo. 
É nesse contexto que entra a demanda do ensino e da aprendizagem e o 
uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), também conhecidos 
pela sigla em inglês LMS (Learning Management Systems) ou Sistemas 
Gerenciadores de Aprendizagem na Web. Não há possibilidade de dissociar 
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a EAD e o uso da tecnologia, portanto, a reflexão sobre o uso dos AVAs, 
que contribuem para o processo de ensino e aprendizagem é fundamental 
para compreender esses cenários atuais. 
A utilização dos AVAs no ensino, nos últimos anos, foi incorporada para 
atender as demandas, e a partir da pandemia da covid-19 passou a ser 
imprescindível. No entanto, é necessário que se entenda, se tenha um 
posicionamento crítico e saiba utilizar esses ambientes como suporte no 
processo de ensino e aprendizagem. 
 De acordo com Pereira, Schimitt e Dias (2007) conceituam os 
AVAs como mídias que possuem um conjunto de ferramentas e recursos 
tecnológicos que surgiram ao longo do desenvolvimento das TCIs e servem 
para receber e enviar mensagens. Utilizam o ciberespaço para transmitir 
conteúdos, além de possibilitar a interação entre os sujeitos do processo 
educativo. Entretanto, ressaltam que para o sucesso de todo o processo 
educativo é fundamental o envolvimento do aluno, do projeto pedagógico, 
do tipo de material que está vinculado, da qualidade dos professores e 
tutores, bem como das ferramentas e recursos tecnológicos empregados 
no ambiente.
 
As ferramentas eletrônicas que estão inseridas em um AVA permitem que 
o professor disponibilize conteúdos, acompanhe as atividades realizadas 
pelos alunos, realize comunicação síncrona e assíncrona, faça avaliações e 
dê suporte de apoio de forma individual ou coletiva. A interação é a essência 
de um AVA, pois é uma sala de aula em um ambiente virtual como uso da 
internet. 
 Os AVAs oferecem espaços virtuais adequados para que ocorra o 
compartilhamento, a colaboração e a interação entre alunos e professores e 
apresentam uma interface gráfica e ferramentas de comunicação assíncrona 
(e-mail, blog, fórum, mural) e síncrono (chat); ferramentas de avaliação e de 
construção coletiva (avaliações, trabalhos, glossários, etc.); ferramentas de 
instrução (textos, atividades, manuais, livros, etc.); ferramentas de pesquisa 
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Ensino Não Presencial e Híbrido 
(questionários, enquetes) e ferramentas de administração (dados do aluno, 
cadastro, banco de dado, gráficos estatísticos, etc.).
 O uso de um AVA favorece a realização de práticas virtuais que 
visam a interação, a construção do conhecimento e o compartilhamento de 
conteúdo e pode ser utilizado na modalidade presencial, semipresencial e 
a distância. Não existe restrição de aplicabilidade. No entanto, quando se 
planeja a realização de um projeto em que o AVA será utilizado é fundamental 
que o professor conheça os recursos disponibilizados para fazer uso em sua 
totalidade. 
 Atualmente existem inúmeras plataformas e funcionalidades 
disponibilizadas e as mais utilizadas nas instituições de ensino são: Google 
Classroom, Moodle e Blackbord, Plataforma Digitvs entre outras. Os 
AVAs atuais apresentam como característica a integração de múltiplas 
mídias sociais e recursos, com diferentes linguagens e as informações são 
apresentadas de forma organizada para cumprir a finalidade de construir a 
aprendizagem através da interação. 
O Moodle é uma ferramenta livre e que apresenta um código aberto, 
isso significa que qualquer pessoa pode participar do seu desenvolvimento 
e qualquer escola pode utilizá-lo, além de se adaptar bem nas modalidades 
em EAD ou presencial. Essa plataforma, no Brasil, foi homologada pelo 
Ministério de Educação como instrumento oficial da EAD. Esse ambiente 
permite instalar e utilizar ferramentas externas, possibilita a criação de 
plugins, que são a extensão da sua funcionalidade, ou seja, anexar um 
software ao que já existe. Desta forma é possível ampliar os recursos e 
potencializar as propostas do processo de ensino e aprendizagem. 
 Os AVAs podem ser uma extensão de uma sala de aula presencial, 
por exemplo, para as línguas estrangeiras, em que permitem o acesso a 
inúmeros conteúdos como: notícias, vídeos, podcasts, aplicativos gratuitos 
que possibilitam a criação de atividades educacionais. Nesses ambientes 
é possível aprofundar os conhecimentos culturais de um outro idioma, 
que muitas vezes não se consegue em uma sala de aula presencial. Pode 
suprir as deficiências linguísticas autênticas, pois as atividades podem ser 
realizadas de forma autônoma pelos alunos e permitem a consulta a vários 
documentos orais e/ou escritos. 
Um professor de língua estrangeira que utiliza o Moodle, por exemplo, 
pode solicitar que os alunos utilizem o uso da ferramenta wiki, que é uma 
atividade que possibilita aos participantes criar e editar um texto de forma 
colaborativa, mas também permite que seja individual. A realização de um 
vídeo em que um aluno pode ler um texto em outro idioma, ou realizar 
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um diálogo com outro colega também é possível postar no ambiente. O 
AVA possibilita que o professor explore diferentes habilidades tais como: 
ler, escrever, escutar e falar, basta escolher a ferramenta adequada para 
esses fins. 
 Outra proposta muito utilizada em AVA é a gamificação no ambiente 
Moodle, pois os desafios propostos incentivam o aluno a investigar o 
conteúdo a ser trabalhado e o envolve na construção do conhecimento a 
partir das descobertas que faz. Atitudes de engajamento, interação social, 
concentração e motivação são também observadas nesse tipo de proposta, 
além de que faz criar vínculos com o projeto, com o professor e os colegas. 
Professores de Matemática, Física e Educação Física podem realizar uma 
atividade integradora com uma turma do ensino médio, com regras 
definidas, metas a serem alcançadas, feedback constante dos professores 
e a participação dos alunos. Como exemplo é possível criar a proposta 
a partir de um jogo de vôlei em que os jogadores analisam a velocidade 
de arremesso da bola, as orientações podem ser dadas de acordo com o 
objetivo de cada disciplina e onde desejam chegar com as descobertas dos 
alunos. 
 O processo de ensino e aprendizagem mediado por AVA permite 
diversas fontes de informação, amplia o conhecimento, além das várias 
formas de leitura que possibilita a interação colaborativa entre todos. 
A INTERAÇÃO DOS 
DIFERENTES PARA O ATINGIR 
O MESMO OBJETIVO
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Interdisciplinaridade 
A ideia de interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX e abordou dois grandes enfoques: o epistemológico, voltado ao estudo do conhecimento em seus aspectos de produção, reconstrução e socialização, a ciência e a mediação entre o 
sujeito e a realidade; e o pedagógico, com o foco nos aspectos curriculares 
do processo de ensino e aprendizagem. 
No aspecto pedagógico surge, nos debates, a ideia de que a 
interdisciplinaridade promove a integração das disciplinas, mas o seu papel 
vai além disso, pois estabelece uma nova forma de pensar e organizar o 
currículo escolar. Os propósitos da interdisciplinaridade são: discutir sobre 
a complexidade da realidade, mostrar que há necessidade de pensamentos 
e ideias mais abrangentes que permitam compreendê-la e construir 
um conhecimento, além de superar a visão fragmentada que se tem da 
socialização do conhecimento. 
Nesse processo há a reciprocidade dos conhecimentos, o engajamento 
de todos os envolvidos e o compromisso de se ter ações interdisciplinares, 
pois sua concepção é de que o aprendizado ocorre ao longo da vida, além 
de que sua perspectiva é de diálogo e integração entre todas as ciências do 
conhecimento e não a sua fragmentação.
 Bovo (2004) destaca que a ação pedagógica da interdisciplinaridade 
está direcionada a uma escola mais participativa, em que o aluno seja um 
sujeito mais social e saiba relacionar os conhecimentos em sua vivência. 
Entretanto, é preciso que ocorram transformações na atuação tanto do 
professor quando do aluno. Edgar Morin, um grande defensor desse 
movimento, afirma que o pensamento é complexo, portanto, apenas uma 
realidade complexa permitirá a reformulação do pensamento para se 
alcançar a produção do conhecimento. 
A interdisciplinaridade é uma palavra que é muito conhecida e usada na 
educação, uma vez que promove a interação de várias áreas específicas do 
conhecimento com os professores e alunos. Quando se realiza um projeto, 
por exemplo, de forma interdisciplinar em que as disciplinas de química, 
física e matemáticas estão inseridas em um determinado tema, nenhuma 
elimina a outra. Muito pelo contrário. Há um diálogo entre elas para que 
a integração ocorra. Assim, a mesma temática contemplará abordagens 
distintas, com o olhar de cada disciplina. Na elaboração da atividade, 
que pode ser uma simples produção de geleias de laranja, o professor de 
química pode trabalhar o grau de acidez dessa fruta, e os alunos podem 
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criar tabelas de acidificação. Através destas tabelas os dados obtidos serão, 
posteriormente, transformados em gráficos e os conceitos de química, física 
e matemática podem ser discutidos. Desta forma, se compreende o que 
une as áreas e se eleva a aprendizagem para outro nível de conhecimento, 
sendo mais inovador, e não apenas fragmentado como geralmente as 
disciplinas atuam. O aluno consegue enxergar e entender o todo e fazer a 
relação entre as partes. 
As disciplinas de língua estrangeira, literatura, história e geografia, 
por exemplo, podem a partir de um poema, de um determinado autor, 
trabalharem de forma integrada. O professorde língua estrangeira trabalha 
os aspectos semânticos do texto; o professor de literatura o período literário 
e as características que se enquadram no poema. O professor de história 
aborda os fatos da época que caracterizam determinados posicionamentos 
e o de geografia trabalha a constituição populacional do período para levar 
os alunos a compreenderem o motivo de posturas diferentes, se houver. 
 Segundo Moraes (2005) o propósito da interdisciplinaridade é 
transpor a fragmentação e a linearidade do currículo, pois através de 
abordagens de temas em comum, entre as disciplinas, é possível haver 
um diálogo, mas sempre respeitando as especificidades de cada uma. 
Afirma também que a excessiva disciplinaridade e linearidade não levam 
em consideração a forma como se aprende, uma vez que a aprendizagem 
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ocorre ao se estabelecer relações entre vários assuntos, situações da vida, 
sensações, etc. 
 A interdisciplinaridade surge no cenário pedagógico como uma 
possibilidade de organizar os trabalhos pedagógicos através de uma nova 
forma de compreender os saberes, que sempre foram fragmentados. A 
proposta é o compartilhamento e a comunicação entre as disciplinas, que 
passam a formar grupos constituídos por especialistas de diferentes áreas 
do conhecimento. 
 Na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) há a orientação de 
que se desenvolva a interdisciplinaridade no currículo e que se propicie 
conhecimento que vá muito além da justaposição de disciplinas, e que não 
ocorram suas diluições em generalidades. A atuação interdisciplinar precisa 
ser sentida pela escola, pelos gestores, pelos professores e alunos, pois 
contribui para que o conhecimento tenha outra dimensão e o aluno perceba 
que as partes compõem um todo. O enfoque interdisciplinar deve trazer a 
realidade do aluno e auxiliá-lo a compreender conceitos complexos e que 
passem a ter significado e sentido em sua vida, e permitirão uma formação 
mais consistente. 
 Paviani (2008) faz uma ressalva sobre os prefixos: multi, inter, intra 
e trans associados a palavra disciplina. Para o primeiro acredita não trazer 
nenhuma dúvida de compreensão, pois afirma que qualquer currículo é 
composto por diferentes disciplinas. No entanto, afirma haver uma confusão 
entre interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, pois às vezes são usados 
como sinônimos de forma indevida.
Transdisciplinaridade
 Segundo Paviani (2008) a transdisciplinaridade consiste na 
possibilidade de transcender o âmbito das disciplinas que estão 
estabelecidas, cria uma ligação entre os saberes. Permite a integração entre 
a ciência, a arte, a religião, a política, etc., sem a fragmentação tão utilizada 
nas instituições de ensino através das disciplinas do currículo tradicional. A 
transdisciplinaridade possibilita ir além das relações internas das disciplinas, 
pois exige um nível de maturidade intelectual em que faz a ligação entre a 
ciência e a vida. 
A transdisciplinaridade se dá entre a ciência, o social, o estético e o 
político, e busca refletir sobre a influência desses temas na Educação e 
na Sociedade. Como exemplo é possível mostrar os problemas do meio 
ambiente e da ecologia, a junção destes dois temas não é suficiente para 
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resolvê-los, mas a transdisciplinaridade, com o domínio mais amplo, faz 
o cruzamento nos âmbitos: social, político, ético e estético e transforma 
a estrutura interna das disciplinas. Essa fusão de conhecimentos leva a 
conhecimentos novos com a integração de métodos e teorias para encontrar 
a solução do problema. 
 Para exemplificar esse modelo é possível citar o ensino de música 
na educação infantil, uma vez que permite a expressão dos sentimentos, 
a manifestação corporal e leva a criança a expressão criativa, além de 
propiciar conhecimento do seu corpo, desperta para o interesse de outros 
conhecimentos. A música passa a ser a ferramenta que potencializa as 
práticas que perpassam pelo pensamento complexo, instiga os movimentos, 
tem um caráter relaxante e desenvolve a atividade social e afetiva. 
Alguns temas como: ética, meio ambiente, saúde, trabalho e consumo, 
orientação sexual e pluralidade cultural estão inseridos na BNCC e são 
denominados como macroáreas temáticas porque são vividos e debatidos 
pela sociedade em diferentes cenários. O modo adequado para serem 
abordados esses temas passa pela transversalidade, que está inserida 
na prática educativa, nas disciplinas. Esses temas passam a ser o elo de 
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todas as disciplinas, e os conteúdos são desenvolvidos pela perspectiva da 
abordagem transversal e devem estar presentes ao longo do ano letivo. 
 Moraes (2005) chama a atenção para um aspecto muito relevante 
com respeito aos propósitos da interdisciplinaridade e transversalidade que 
são o de construir um currículo em que o aprendizado científico permita o 
inesperado, o criativo e que sejam incorporados valores que ultrapassem as 
barreiras de raça, classe, religião, sexo ou política. 
A transversalidade é um recurso pedagógico que busca contribuir ao 
aluno na sua compreensão crítica da realidade social e na sua participação 
na sociedade. Através da inclusão de temas transversais os conteúdos 
são relacionados com o cenário que o rodeia. Desta forma ocorre o 
desenvolvimento do aluno e desperta o seu posicionamento diante de 
temas que refletem na vida em sociedade.
Mudança do modelo tradicional de ensino
A educação do século XXI está exigindo transformações para atender 
e corresponder as demandas da sociedade, mudanças que ocorrem, 
quase que diariamente, muito por influência das tecnologias digitais. Os 
professores estão sendo convidados a participar desse processo de (re)
construção de suas atuações e os desafios são grandes.
 Atualmente muito se discute do processo de ensino e aprendizagem 
ser mediado pelas tecnologias digitais. Entretanto, o primeiro questionamento 
que se deve realizar é se existe a reflexão, por parte dos atores (professores 
e alunos), do porquê da mediação da tecnologia na sua prática e no 
seu aprendizado, e, o segundo questionamento é como se aprende 
utilizando esta ferramenta. Após a compreensão desses questionamentos a 
reformulação da educação, que está sendo indicada, provavelmente, haverá 
mais adesões. Quando se percebe que o modelo tradicional de educação 
não está mais atendendo as demandas socioeconômicas da sociedade, 
uma vez que os empregos necessitam de trabalhadores intelectualmente 
ativos, está na hora de mudar.
 Os desafios são grandes, pois há a necessidade de compreender 
e incorporar as metodologias ativas, que se fundamentam na pedagogia 
problematizadora, pois o aluno é estimulado a assumir um posicionamento 
mais ativo em seu processo de aprender. Ao levar em consideração 
os pilares que norteiam a educação do século XXI, que são: aprender a 
conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; e aprender a ser os alunos 
são desafiados a terem posturas mais participativas. Essa postura exige a 
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reformulação dos currículos para que se trabalhe de forma coesa entre as 
áreas do conhecimento, o papel do professor passa a ser de orientador e 
mediador para que aluno alcance o seu saber e tenha mais autonomia e não 
seja mais um sujeito passivo. O aluno passa a ser o centro das atenções. A 
reformulação necessária da educação passa pelo currículo integrado, em 
que a organização do conhecimento ocorre a partir de um eixo temático, ao 
invés de disciplinas isoladas. 
Mudança de mindset
 A palavra empreendedorismo passou a fazer parte do dia a dia 
de todos e muitas empresas e instituições de ensino a utilizam quando se 
referem ao desenvolvimento de competências que contribuem para atitudes 
inovadoras e transformadoras. A postura empreendedora que

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