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2 digitvs Esta obra integra a Coleção PROFICIÊNCIA EM TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA UMA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Todos os direitos desta edição reservados a www.institutoessenciadosaber.com youtube.com/c/DigitvsSoluçõesPedagógicas facebook.com/IEESaber instagram.com/ieesaber Fone (51) 99885-5794 iees@institutoessenciadosaber.com © Instituto Educacional Essência do Saber ENSINO NÃO PRESENCIAL E HÍBRIDO Autora: Cláudia Tacques Coordenação Editorial: Elisiane da Silva Coordenação Pedagógica: Jussiê Bittencourt Hahn e Edson Otero Silveira Edição, arte e projeto gráfico: Edson Otero Silveira - ComunicaDIGITVS Fotos: elements.envato.com Bibliotecária: Márcia Piva Radtke. CRB 10/1557 T119e Tacques, Cláudia Ensino não presencial e híbrido / Cláudia Tacques. Coordenação editorial: Elisiane Silva; edição, arte e projeto: Edson Otero Silveira. Porto Alegre: Instituto Educacional Essência do Saber, 2022. – (Coleção Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação Empreendedora; v. 4) 73 p.; ilustrado ISBN 978-65-993119-9-4 1. Educação. 2. Educação a distância. 3. EAD. 4. Ensino Híbrido. 5. Livro didático. I. Tacques, Cláudia. II Silva, Elisiane. III. Silveira, Edson Otero. IV. Faculdade Mário Quintana - FAMAQUI. V. Titulo. CDU 37(075.8) 3digitvs EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM CAMINHO SEM VOLTA O DIREITO DE IMAGEM E SUA INSERÇÃO NO MATERIAL DIDÁTICO A INTERAÇÃO DOS DIFERENTES PARA ATINGIR O MESMO OBJETIVO ENSINO HÍBRIDO (EH) Bibliografia e Linkografia Índice 5 23 67 52 36 4 digitvs EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UM CAMINHO SEM VOLTA 6 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido A humanidade sofreu um grande impacto no início do ano de 2020 ao ser anunciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o surgimento da pandemia da covid-19. Todos os setores da sociedade e do Planeta tiveram que se adaptar e, em especial a Educação, pois houve necessidade de dar uma resposta rápida aos estudantes, e os docentes tiveram que de um dia para outro se transformar em atores / atrizes, editores e diretores e dominar a tecnologia para que a informação / conhecimento chegasse até os discentes. O docente, por ser um dos pilares do processo ensino-aprendizagem, e ser um agente facilitador do conhecimento necessitava atuar de forma diligente no ano de 2020. Entretanto, sem tempo de preparo para se adaptar as mudanças, sem oportunidade de debater com os seus pares, simplesmente teve que agir, se adequar as novas exigências e se transformar. É com esta perspectiva de transformação da Educação e de docentes, que este material pretende mostrar modalidades de ensino que pautaram à docência nos anos de 2020 e 2021, e quiçá, 2022 e debater sobre qual será o legado das modalidades de Educação a Distância (EAD), Ensino Híbrido (EH) e Ensino Remoto Emergencial (ERE). Breve histórico da EAD no Brasil A Educação a Distância (EAD) tem sua origem no fim do século XVIII, meados do século XIX e início do século XX, surgiu através do ensino por correspondência, que visava atender ao mercado de trabalho, fornecendo capacitação e formação profissional às pessoas que desejavam exercer certas atividades. Em 1905, nos Estados Unidos, a Calvart Shool começou a fazer uso dos serviços do correio para que o ensino por correspondência chegasse as crianças de Baltimore. Assim, a EAD deu sua largada neste país. Posteriormente Áustria, no ano de 1914, e Austrália, em 1945, também se utilizaram deste sistema de ensino. Outros projetos de EAD foram surgindo gradativamente e utilizaram como meios de comunicação o rádio e televisão. Em 1967 criou-se a Fundação Padre Anchieta, organização mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, com o propósito de promover atividades educativas e culturais através do rádio e da televisão. No ano de 1978, o Sistema Globo de Televisão lança um programa denominado Telecurso de 2º Grau, mais tarde passou a chamar-se TELECURSO 2000. Nesse curso os alunos eram preparados para os exames de Ensino Médio, por meio de programas 7digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO televisivos que poderiam ser acompanhados por fascículos encontrados em bancas de jornal (LITWIN, 2001). No surgimento da EAD, diferentes foram as tecnologias que estavam incorporadas ao ensino e que contribuíram para os suportes fundamentais das propostas. Na década de 70, foram a televisão e o rádio; os áudios e vídeos na década de 80; já na década de 90, há a incorporação de redes de satélites (MANSUR, 2001). A revolução tecnológica gerada pelo uso dos computadores e, posteriormente, com a interação da internet fez com que novas propostas de ensino a distância começassem a fazer parte do dia a dia. Assim, as formas de ensinar e aprender sofreram inúmeras transformações. A informação, que é a base para a construção do conhecimento, recebe apoio das tecnologias de informação e comunicação (TICs), principalmente da internet, que disponibiliza o conhecimento/informação necessário no momento desejado, de acordo com a curiosidade ou necessidade do indivíduo (SCHLEMMER, 2005). Fi gu ra 1 – A s ci nc o ge ra çõ es d a EA D - Fo nt e: G om es (2 01 6, p . 3 0) Característica Gerações de EAD 1ª geração 1880 Imprensa e Correios Atingir alunos desfavorecidos socialmente, especialmente as mulheres Guias de estudo, autoavaliação, material entregue nas residências Difusão de rádio e tv Apresentação de informações aos alunos, a distância Programas teletransmitidos e pacotes didáticos (o material do curso é entregue ao aluno por correio ou pessoalmente) Métodos Construtivistas de aprendizado em colaboração Alunos planejam, organizam e implementam seus estudos por si mesmos Aulas virtuais baseadas no computador e na internet Interação em tempo real do aluno com aluno e instrutores a distância Direcionado a pessoas que aprendem sozinhas, geralmente estudando em casa Teleconferências por áudio, vídeo e computador Orientação face a face, quando ocorrem encontros presenciais Oferecer ensino de qualidade com custo reduzido para alunos não universitários Universidades Abertas 2ª geração 1921 3ª geração 1970 4ª geração 1980 5ª geração 2000 Tecnologia e mídia utilizadas Objetivos pedagógicos Métodos pedagógicos 8 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido Atualmente a EAD pode ser separada em cinco gerações (FIGURA 1), pois é possível levar em consideração as tecnologias e as mídias utilizadas ao longo do seu desenvolvimento. Para Gomes (2016) a evolução da EAD está atrelada ao desenvolvimento tecnológico e, nas últimas décadas, passou a despertar o interesse pedagógico e influenciando o cenário educacional. A EAD, no cenário nacional brasileiro, está tomando proporções inimagináveis, isso devido à covid-19 que acelerou o crescimento e todas ou quase todas as instituições de ensino. Entretanto, é imprescindível conhecer seu funcionamento, suas características e qual o papel do professor nesta modalidade, bem como os requisitos necessários para o aluno. O que é a educação a distância? A Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de aprendizagem que está inserida na Educação e apresenta uma rápida inserção no mundo educacional devido às demandas existentes que necessitam de constante aperfeiçoamento profissional. As inovações no cenário tecnológico viabilizam novos ambientes de aprendizagem, e por ser uma modalidade flexível, baseada no paradigma da autoformação, torna-se viável para o processo de ensino e aprendizagem, além de que vão na mesma linha de pensamento em que o conhecimento colaborativo, através de redes, contribui para a solução de alguns problemas da educação brasileira (GOTTARDI, 2015). De acordo com a Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996, pelo Decreto n.º 2494, de 10 de fevereiro de 1998 (publicado no D.O.U. DE 11/02/98), Decreto n.º 2561, de 27 de abril de 1998 (publicado no D.O.U. de 28/04/98) e pela Portaria Ministerialn.º 301, de 07 de abril de 1998 (publicada no D.O.U. de 09/04/98) é regulamentada a EAD no Brasil como uma modalidade de ensino em que há a mediação da Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs) nos processos de ensino e aprendizagem (BRASIL, 1996). Recentemente, através do DECRETO Nº 9.057, de 25 de maio de 2017, capítulo I, disposições gerais, Art. 1º afirma que a EAD é uma modalidade educacional em que possui em seu processo de ensino aprendizagem a mediação através dos meios e TICs, com profissionais qualificados, com políticas de acesso, com o devido acompanhamento e avaliação compatível. Afirma também que 9digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL,2017) Segundo Lima ([s.d.]) a Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino que está pautada em um ensino em que seu funcionamento ocorre através de [...] um processo educativo sistemático e organizado. Sua característica fundamental é a separação físico-espacial entre professores e alunos, os quais interagem de lugares distintos, através de meios tecnológicos diversos possibilitando uma interação bidirecional, ou seja, uma interação de dupla via. Em pleno cenário pandêmico a EAD se apresentou como uma solução valiosa para instituições de ensino como uma forma de levar a informação / conhecimento até o aluno, visto que a maneira mais tradicional era inviável em decorrência do fechamento de todos os estabelecimentos de ensino e da gravidade da covid-19. Um questionamento que muitos fazem diz respeito a EAD ser uma modalidade ou metodologia. No entanto, para Moran (2002, p. 1) é “o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente”. Fisicamente os atores da educação não estão juntos, mas estão conectados pela tecnologia, porém o autor destaca o papel do professor, pois este “ensina a distância”. Lechner (2015, p. 49) afirma que a EAD é uma modalidade de educação, mas ressalta que as instituições de ensino, presencial ou a distância, não devem esquecer o seu papel de “propiciar um ambiente favorável à construção do conhecimento”. A conceituação apresentada por Nunes (1992 apud SANTOS; RODRIGUES, 1999) sobre a EAD é vista como um método em que a atuação do professor ocorre à parte da atuação do aluno e a comunicação pode ser através de textos impressos, meios eletrônicos, mecânicos ou por outras formas. Aqui se percebe o quanto a EAD se desenvolveu, tendo em vista que nos últimos anos com uma preocupação mais voltada a sustentabilidade o uso de “textos impressos” e devido à covid-19, quase não foi utilizado. Um conceito mais flexível e mais atual afirma que a EAD é uma modalidade de ensino que ocorre por meio da tecnologia, que é utilizada através das plataformas digitais disponíveis, sendo que professores e alunos 10 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido não estão no mesmo ambiente, mas separados fisicamente, não havendo a necessidade de estarem conectados em um mesmo horário, dia e lugar fixo. Santos e Rodrigues (1999) ressaltam que os cursos oferecidos em EAD devem ser elaborados levando em consideração a periodicidade dos encontros, caso ocorram, pois podem ser síncronos ou assíncronos. Os cursos síncronos podem ser divididos assim: cursos síncronos / totalmente síncronos – são os que utilizam somente a comunicação síncrona, ou seja, bate-papo; TV; videoconferência, etc. cursos semissíncronos – são os que utilizam as formas de comunicação síncronas, mas empregam também a comunicação assíncrona como e-mail, www, como uma maneira de auxiliar. cursos semiassíncronos – são os que usam esporadicamente a comunicação síncrona e possui as ferramentas assíncronas como base. cursos assíncronos / totalmente assíncronos - são aqueles em que não utilizam qualquer forma de comunicação síncrona. Alguns aspectos que são importantes destacar na EAD é a flexibilidade de horário que o aluno encontra, pois pode escolher o horário que lhe for mais conveniente como, por exemplo, assistir aos vídeos, realizar atividades; a flexibilidade de lugar para realizar suas atividades, uma vez que não está pré-determinado; flexibilidade de ritmo se dá de acordo com a evolução e compreensão do conteúdo, o próprio aluno determina o seu ritmo; interação com o instrutor / mentor / tutor aqui indica o grau de interatividade por quem está acompanhando a sala / atividade; acompanhamento é um dos elementos imprescindíveis para que o aluno não se sinta só, sem orientação e saiba que em necessidade de ajuda haverá como sanar suas dificuldades, etc. (SANTOS; RODRIGUES, 1999). A EAD nos anos de 2020 e 2021 se desenvolveu de forma abrupta, em decorrência do isolamento e distanciamento social exigidos pela covid-19, fato que fez com que as instituições de ensino buscassem uma solução para disponibilizar aos estudantes conteúdos com qualidade e fornecessem suporte aos docentes. É neste cenário que as Tecnologias da Informação e das Comunicações (TICs) exerceram um papel fundamental como forma de expandir e democratizar o conhecimento. Claro que aqui estão sendo referidas as instituições que possuíam condições financeiras para se adaptar as necessidades. Entretanto, cabe destacar que não será debatido as deficiências de muitas escolas brasileiras, o que impediu que os alunos públicos tivessem as mesmas condições dos estudantes das redes privadas. 11digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO O uso das Tecnologias da Informação e das Comunicações (TCIs) na EAD É inegável o potencial das TICs no dia a dia das pessoas, pois estão inseridas em simples ações como a solicitação de um transporte a uma transação bancária, e na sociedade contemporânea e globalizada, há uma grande valorização e necessidade de informação, que é difundida por meio das mais variadas mídias digitais com o objetivo de atingir, de forma rápida e intensa, a um grande número de pessoas. Na educação seu uso também foi incorporado e aplicado no processo de ensino e aprendizagem, o que possibilitou inovações significativas. Com o desenvolvimento das TICs a EAD recebeu uma contribuição expressiva que ampliou seu uso de forma interativa, imediata e mais atrativa para que o ensino e a aprendizagem ocorram de forma eficaz. Entretanto, para usá-las são exigidos novos conhecimentos e novas metodologias de ensino por parte do docente. É fundamental a ruptura com a forma mais tradicional e ultrapassada de acreditar que o aluno é um ser passivo que apenas necessita receber a informação. Esses conhecimentos não são apenas exigidos para o professor da EAD, mas também para os que atuam somente no presencial. É com esta visão que Feldkercher e Mathias (2011, p. 84) reforçam a necessidade que os professores, independente da modalidade que utilizam, estejam preparados para o uso adequado das tecnologias e afirmam: “a formação de professores para o uso das TICs deve favorecer para o entendimento de que as mesmas podem proporcionam valiosas possibilidades de ensino, aprendizagem, pesquisa, promoção e divulgação de conhecimentos”. Outro ponto que é destacado pelos autores é que nem todos os professores “simpatizam” com o uso das TICs em suas aulas. Há resistência porque há necessidade de outra metodologia de ensino e nem todos estão dispostos a mudar. Na sociedade atual ainda há a crença de que a tecnologia é excelente para interagir nas redes sociais, no entanto, quando é aplicada à Educação já não é bem vista,pois exige do docente e discente que saia de suas zonas de conforto. Em algumas situações a tecnologia é empregada apenas como um exemplo ilustrativo do que realmente sua aplicação seja efetiva. Faria (2004) afirma que a geração do século XXI exige docentes que estejam preparados para atuar e interagir com pessoas que estão mais informadas, com acesso instantâneo da informação em suas mãos e buscam o conhecimento através da tecnologia que está a sua disposição. E o 12 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido conhecimento coletivo deve ser priorizado e mediado pela tecnologia e o papel do docente passa a ser mais proativo, de orientador na construção do saber. O uso da tecnologia na Educação instiga a participação e o envolvimento do aluno na realização das atividades e aumenta o entusiasmo do professor. Segundo Chaves (2007) é preferível utilizar a expressão “Tecnologia na Educação”, porque se subentende que descobertas e ideias alheias à educação possam ser inseridas em sala de aula e que seria quase impossível viver sem elas. Outro ponto que o autor traz para a discussão é da riqueza das novas tecnologias disponíveis e faz uma ressalva a internet e junto a Web, pois tornam os ambientes ricos de possibilidades de aprendizagem, tornando este processo mediado pela tecnologia. Um entusiasta do uso da tecnologia na Educação é Dias Caetano (2015, p. 296) quando afirma que “um dos campos mais férteis para o uso da tecnologia é o da Educação”, pois potencializa situações de aprendizagem. Entretanto, destaca que a dificuldade e “atraso na implementação e apropriação das várias metodologias e ferramentas” obstaculizam as transformações desejadas, e aponta como um dos fatores que provocam este impasse a tecnologia não estar no mesmo ritmo do meio social dos alunos, bem como seus conhecimentos, além de que “alguns programas de computador não permitirem a colaboração dos alunos e professores”. Outro ponto muito bem destacado pelo autor é que não basta substituir a forma mais tradicional do uso do quadro e do livro pelo computador / tecnologia. Exige uma mudança da postura, de didática, de metodologia, de interação entre o professor e o aluno, pois assim ocorrerá verdadeiramente a troca de conhecimento. As tecnologias contribuem para enriquecer a aprendizagem, visto que utilizam a atualidade e os recursos que propiciam a interação. A presença da TICs nos discursos pedagógicos é cada vez mais constante 13digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO e define a fala nos mais diversos espaços e contextos da Educação, isto porque as últimas gerações nasceram submersas na tecnologia e fazer uso dos recursos que disponibilizam, torna-se produtivo o processo de ensino e aprendizagem. Nativo digital O aluno atual, do ensino básico ao ensino superior, apresenta características que o destaca referente a outro de décadas atrás, pois o comportamento não é o mesmo, sua forma de ver a vida mudou, seu vocabulário incorporou termos da tecnologia digital e acima de tudo a interação que possui com esta ferramenta. Esse aluno nasceu com a tecnologia digital na palma da mão e a informação está a seu alcance e não necessita mais ir para a sala de aula para “aprender” sobre determinado assunto. Encontra na internet o tema que desejar e, se souber pesquisar, pode aprofundar até satisfazer a sua curiosidade. Esse aluno está cercado de computador, tablets, celular, vídeo games, etc. e todos os aparelhos que dispõe estão conectados à internet. Esses estímulos digitais fazem com que o aluno, que o professor encontra atualmente em sala de aula, apresente outros anseios de conhecimento, pois processa a informação de forma rápida, o que faz com que seja denominado de Nativo Digital (ND). Os NDs são todos aqueles que nasceram após 1980, possuem habilidades com o uso da tecnologia, recebem a informação rapidamente e realizam mais de uma tarefa simultaneamente, estão acostumados com a agilidade do hipertexto, fazem download de filmes e músicas. Geralmente conhecem a outra pessoa on-line, e não presencialmente, pois estão conectados em algum grupo que se identificam, enviam mensagens e não fazem ligações aos pais e aos amigos. As interações sociais, as atividades de interesse e as amizades ocorrem mediadas pelas tecnologias digitais, e não conheceram nada diferente disso. Levam a vida de forma natural nos espaços on-line e nos offline, “não pensam em suas vidas híbridas como algo notável” (PALFREY; GASSER, 2011, p. 14). De acordo com Prensky (2001 apud COELHO, 2012) os NDs possuem como uma das principais características realizar múltiplas tarefas, não se amedrontam quando se deparam com desafios relacionados as TCIs e experimentam e vivenciam as possibilidades que são oferecidas nos aparelhos digitais. Apresentam um grande fascínio pela descoberta e pela perspectiva de descobrir coisas novas, portanto, estas habilidades devem 14 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido ser exploradas pelas escolas. A Geração Y, como são conhecidos os NDs, cresceu e se desenvolveu em um período de grandes mudanças tecnológicas, bem como o que está relacionado ao meio digital. Isso fez com que adquirissem competências e habilidades que facilitam o desenvolvimento de atividades que envolvam a tecnologia. Essa geração transformou a comunicação, isso faz com que se reflita sobre as habilidades e competências dos NDs, pois reflete diretamente no formatado da escola tradicional (COELHO, 2012). Autonomia do estudante em EAD A construção do conhecimento já não é mais a mesma. Em um passado recente o aluno era apenas um ser que recebia a informação, o conhecimento engessado do professor e absorvia o que era possível. Atualmente este tipo de postura não é mais viável, 15digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO embora ainda se reproduza com frequência em algumas salas de aula, pois o professor é o detentor do saber e o aluno apenas recebe o conhecimento sem interagir e questionar. Estas são posturas mais cômodas e que devem ficar no passado. Em pleno ano de 2022, período em que ainda se vive a pandemia da covid-19, doença que se alastrou mundialmente a partir de fevereiro de 2020, é necessário que o estudante tenha autonomia para buscar informações pertinentes, que saiba acrescentar novos conhecimentos aos já existentes. A EAD nos últimos anos, em decorrência da covid-19, está se consolidando e ganhou espaço em cursos técnicos, superiores, de formação inicial e até mesmo em pós-graduação das diversas instituições públicas e privadas. No ambiente de EAD os protagonistas (professor e aluno) estão física e geograficamente separados e os conteúdos são disponibilizados online através de vídeos, atividades interativas, que dependem da plataforma adotada, material didático com os conteúdos para que o aluno acompanhe as aulas. O acesso a estes materiais pode ocorrer por meio do computador ou tecnologia móvel, onde e quando desejar. A comunicação entre os alunos e professores, em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ocorre muitas vezes de forma síncrona, com horário e dia estipulados, e pode se via chat, teleconferência, vídeo conferência, ou assíncrona, em que a troca de mensagens pode ser por fóruns ou e-mail. Pareschi e Martini (2017, p. 46) destacam que neste formato de educação o estudante tende a se isolar e pode se perder diante de um leque de opções de informações ofertadas pela internet. É nesse momento que deve encontrar o sentido dos conteúdos disponibilizados e interliga-los com a sua necessidade, para que o conhecimento seja efetivo. Mas ressaltam que deve haver a parceria e interação com os professores / tutores / monitores. Nesta etapa surge a aprendizagem colaborativa e a co-criação, sendo um trabalho coletivo e que as interações prevalecem e a “dimensão técnica nãose sobressaia sobre a pedagógica”. Na EAD a autonomia do aluno, no processo de ensino e aprendizagem, é prevista, pois nesta modalidade, que difere totalmente da presencial, pois a presença constante do professor é prescindível. É exigido deste estudante que tenha habilidades, muitas vezes inexistentes, de motivação, autoconfiança, participação e envolvimento nas atividades. Segundo Belloni (2006 apud BASEGGIO; MUNIZ, 2009, p. 3) no processo de aprendizagem autônoma o aluno é “sujeito ativo que realiza sua própria aprendizagem e abstrai o conhecimento aplicando-o em situações novas”. Na aprendizagem 16 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido autônoma é aplicada a dimensão de autodireção e autodeterminação, ações que não são fáceis para muitas pessoas, uma vez que na EAD o aluno, muitas vezes, estará sozinho e deverá se responsabilizar pela sua aprendizagem. Gottardi (2015, p. 113) salienta uma característica imprescindível ao aluno que é a capacidade de “tomar para si sua própria formação”, tendo em vista que o mercado de trabalho exige posturas e habilidades de lidar com várias demandas e que tenha capacidade de utilizar a tecnologia como ferramenta de apoio para a sua atualização profissional. O aluno deve estar preparado para transformações dado que as imposições profissionais assim exigem. É imprescindível que o aluno perceba que aprender em uma sala de aula presencial é muito diferente de um ambiente virtual, ou sala virtual, pois ele necessita romper barreiras e adquirir novos hábitos de aprendizagem. Necessita estar atualizado, fazer as atividades semanalmente sem que alguém o obrigue ou avise, participar do fórum, fazer as leituras recomendadas, e principalmente desenvolver a autonomia para ser um aluno independente, ser crítico e participativo. O papel do professor na EAD O papel do professor mudou ao longo dos anos, houve um período em que o saber era centrado exclusivamente em sua figura e não havia diálogo entre o que transmitia e o que o aluno pensava, ou aprendia. Com os anos houve uma ruptura do paradigma presencial para o cenário da EAD. Essa mudança exigiu, e segue exigindo, a capacidade do professor de reaprender a aprender, reavaliar sua atuação e as concepções que envolvem o seu fazer na formação acadêmica. A evolução tecnológica provocou uma descontinuidade na ação pedagógica tradicional e instigou que a educação se transformasse e os professores deixassem de ser meros transmissores para atuarem como mediadores do conhecimento. O aluno que chega no cenário atual da educação possui um grande conhecimento digital, com muitas informações a seu dispor, é acesso fácil à internet em dispositivos móveis. É neste contexto que o professor propõe atividades que possibilitem uma parceria na realização, e exercerá o papel de orientador e instigará o aluno a construir sua formação pessoal e acadêmica. Segundo Faria (2004, p. 57) o papel que se espera, ou mesmo se exige, de um educador do século XXI é de orientador e mediador nas diversas situações de aprendizagem. Ele instiga o aluno com um problema e o 17digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO desafia a solucioná-lo através da interação. Nessa proposta a utilização do quadro, do livro/texto e do professor que discorre sobre conteúdo é menos importante. A autora ressalta que nessa prática o professor e o aluno dialogam e juntos descobrem novos caminhos para o conhecimento, pois o saber não é mais linear, tem que haver a interatividade, como uma “teia de conhecimento e um ensino em rede”. Coelho (2010, p. 50) afirma que o papel do professor mudou consideravelmente na EAD, pois “suas funções são pulverizadas”. Não há mais espaço, nesse cenário, de um professor centralizador que é o único responsável pela realização de uma aula. Segundo a autora “o professor deixa de ser uma entidade individual para se tornar uma entidade coletiva”, nesse modelo surge uma equipe com outros papéis e sujeitos. A EAD necessita de profissionais com novas posturas, em que a simples transposição do modelo tradicional de transmitir conteúdos não é adaptável ao computador, ou plataforma. É imprescindível que o professor acompanhe o processo de construção, e “tenha competências de tutoria, autoria, gestão, avaliação e capacidade de trabalhar em equipe”. Belloni (2006) destaca que o professor da EAD não pode perder sua identidade nessa nova complexidade de funções que exercerá, e compõe um quadro com características do professor presencial e do EAD, em que é possível perceber claramente a mudança de postura (FIGURA 2). Figura 2 – Diferenças entre professor presencial e da EAD Fonte: Belloni, 2006, p. 83 18 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido Averbug (2003) afirma que um professor/tutor diante do atual processo de ensino e aprendizagem deve ser conhecedor das novas tecnologias, pois há uma nova postura que deverá adotar e será o mediador do saber. O papel do professor passa a ser o de mediador e incentivador do aluno na busca do seu saber. Destaca que não basta com utilizar as tecnologias digitais na sua prática, uma vez que não garantirá uma transformação, e sim reforçar uma visão mais conservadora na educação. Moran (1995 apud AVERBUG, 2003) traz como exemplo um professor autoritário que pode utilizar os recursos do computador para controlar ainda mais os outros, mas para que isso não ocorra há a necessidade de uma mente aberta. Simões Neto e Tahim (2016) destacam uma diferença marcante da nomenclatura de professor e docente na modalidade de EAD. Para os autores, há a tutoria, em que o tutor não pode ser confundido com o papel do professor por não ter “aula”, ou seja, não serão responsáveis pela turma, mas sim colaboradores, porém pode ser que seja um professor. Afirmam que os papéis de docente/tutor e docente/professor têm relevância, mas que se diferenciam nas metodologias empregadas, bem como nos recursos utilizados para a construção do conhecimento. O docente/tutor acompanha o processo de ensino que é voltado ao aluno, respeita o atendimento flexível do lugar, dos meios e formas de contato. Utiliza métodos e recursos necessários para alcançar os objetivos propostos na educação. Deve acreditar na EAD, uma vez que é imprescindível ser dedicado, além de ser organizado, disciplinado e responsável, pois necessitará de disciplina para cumprir com as atividades e manter uma rotina para que o trabalho não se acumule. O diálogo com o aluno deverá ocorrer com harmonia, o conhecimento compartilhado ocorrerá para atingir resultados satisfatórios. O docente/tutor no ambiente virtual de aprendizagem será o mediador dos conhecimentos e incentivará aos alunos a participarem e interagirem entre si, além de estar atendo com relação à participação dos alunos. Outra de suas características é de ser inovador, dinâmico, interagir e estimular a aprendizagem. Possolli e Cury (2009) tratam sobre um ponto muito importante referente a atuação do professor que ministra cursos/disciplinas a distância, pois algumas instituições contratam apenas “tutores generalistas”. Ressaltam que é fundamental que este profissional tenha habilidades multidisciplinares, que seja capaz de articular os conteúdos que deverá abordar com o currículo, pois estes elementos devem estar articulados, além de desenvolver habilidades e competências para aprender, atuar e ensinar nas mídias que existem. Na modalidade em EAD ao professor são exigidas outras características, 19digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO além de algumas que tem no ensino presencial, pois não basta dominar conteúdos, precisa ter habilidades e competências para estimular o aluno a buscar as respostas, desenvolver o seu pensamento e construir uma relação de confiança para que a autonomia do aluno seja atingida. A inclusão das TICs no cenário da educação é uma realidade que seconsolidou e vai ao encontro de políticas governamentais de expansão da educação superior no Brasil. Desta forma a EAD está recebendo a atenção necessária da comunidade acadêmica referente ao papel do professor, pois neste modelo surge com um perfil preparado para atender as mudanças que não se aplicam ao modelo tradicional. Belloni (2006) destaca que o papel do professor na EAD é sobretudo de parceiro do aluno na construção do conhecimento e ressalta a importância de um olhar transformador na formação de docentes, que possam atender as necessidades atuais e que contemplem o preparo na inovação tecnológica e as transformações pedagógicas. Surge nesse cenário de transformação da educação o papel do tutor que participa ativamente no processo de ensino, uma vez que acompanha e monitora as atividades assíncronas como os fóruns e as síncronas como os chats. Este profissional estimula a construção do conhecimento coletivo, instiga a reflexão, e contribui para que o aluno compreenda que deve ser autodisciplinado, além de estar atento ao progresso do aluno, e chama-lo quando necessário. O professor desenvolve os conteúdos e o tutor deve “provocar e orientar os alunos para o maior ganho educacional possível e a de ambos provocar desafios no sentido de proporcionar a melhoria crescente da aprendizagem” (VERGARA, 2006, p. 67). A figura do professor/tutor, segundo Aretio (1999 apud BENETTI; MELO; SPANHOL et al., 2008), é fundamental para fomentar o desenvolvimento do estudo autônomo do aluno, sendo que seu papel é de orientar, pois não tem a função de transmitir o conteúdo, mas sim de auxiliar nas dificuldades. Um aspecto importante de ressaltar, de acordo com o autor, é que no modelo presencial há apenas um tipo de professor, que é aquele que toma as decisões sozinho, enquanto que no modelo a distância existem vários tipos de professores envolvido no processo de ensino e um deles é representado pelo tutor, que atua como facilitador e orientador do aluno. Para desempenhar com competência este novo papel, o professor necessita adquirir e desenvolver determinados saberes, que para Benetti, Melo e Spanhol et al. (2008, p. 8), corresponde a “um conjunto específico de competências”. Para isso se faz necessário conceituar competência, que pode ser entendida “como a capacidade de mobilizar saberes (desenvolvidos 20 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido ao longo da vida social, escolar e laboral) para agir em situações concretas de trabalho”. A competência está associada com o desenvolvimento do sujeito, com sua formação contínua, com as adaptações e melhoras que adquire com o tempo. O papel do professor não é o de enfatizar conteúdos, informações e conceitos que serão memorizados pelos alunos, mas o de valorizar a pesquisa e as atividades em grupo. Deve preparar o aluno para aprender a investigar, buscar diferentes informações para confrontá-las e desenvolver a criticidade para julgar o que é mais relevante. O professor da EAD precisa ter conhecimento tecnológico, usar sua experiência para se transformar e acompanhar as mudanças que lhe são exigidas, modificar sua prática de forma significativa para atender as demandas da educação, que seja capaz de aprender e a ensinar de uma forma diferenciada de como lhe foi transmitida a informação. Que arrisque e que construa uma nova visão do seu papel. Ensino remoto emergencial (ERE) A tecnologia, as redes de comunicação e as mídias, nas mais diversas plataformas, entraram no cotidiano da sociedade e é impensável, atualmente, ficar em uma fila de banco para pagar alguma conta. Isso é realizado de qualquer lugar, com aplicativos e sinal de internet. Essa agilidade na transmissão de informação e comunicação acarretou o surgimento de novos paradigmas que refletem também na Educação, o que torna o processo de ensino e aprendizagem com novas características. Em decorrência da pandemia da covid-19 houve uma mudança drástica e emergencial no ensino, o que fez com que professores e alunos tivessem que se adaptar e transformar suas práticas pautadas em uma educação digital. O planalto, através da Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020, estabeleceu normas educacionais excepcionais que foram “adotadas durante o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020; e altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009” (BRASIL, 2020). O Conselho Nacional de Educação (CNE), no dia 28 de abril de 2020, aprovou o Parecer nº 05/2020 em que determinou as diretrizes para os estabelecimentos de ensino básico e instituições de ensino superior durante o período da pandemia da covid-19. Este documento está de acordo com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996 que postula a oferta da EAD em todas as modalidades de ensino enquanto durar as restrições sanitárias para as aulas presenciais impostas no Brasil. 21digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO Este parecer propôs que ao final do período de emergência a carga horária fosse reposta utilizando as TDICs, bem como a realização de atividades não presenciais (COQUEIRO; SOUSA, 2021). Desafios surgiram no início do ano de 2020 e as instituições de ensino, de todos os níveis, tiveram que capacitar seus professores, bem como aos alunos, para a adoção do Ensino Remoto Emergencial (ERE), chamado por alguns como Ensino Virtual, que emergiu da necessidade de encontrar alternativas que viabilizassem as atividades educacionais. Houve a mudança do ensino presencial para a adoção total das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs). Nesse sentido a EAD e o ERE foram os caminhos utilizados para manter a c o m u n i c a ç ã o entre professor e aluno. O professor começou a trabalhar da sala, ou quarto de sua casa; seu ambiente pessoal passou a ser público e necessitava de uma rede de internet, de um computador, tablet, ou celular que possibilitasse se comunicar com o seu aluno. O aluno, por sua vez, não tinha mais o suporte acadêmico em que poderia contar com o uso do laboratório de informática para realizar suas atividades e pesquisas. Este foi o cenário da Educação no início de 2020 e se prolongou pelo ano de 2021. Não sabemos ainda como será 2022. Alguns acreditavam que o que estava ocorrendo, rapidamente se solucionaria e voltariam todos ao seu antigo modo de vida. Não foi o que ocorreu, pois com o cancelamento das atividades letivas presenciais, em todo o mundo, gerou a obrigatoriedade de os estabelecimentos de ensino migrarem para a realidade on-line, e metodologias e práticas tiveram que ser repensadas e adaptadas do cenário físico para o virtual. O que foi denominado de Ensino Remoto de Emergência (ERE). Para muitos professores foi uma ruptura muito grande, 22 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido não havia o quadro para escrever o conteúdo, não tinha mais como ditar para que os alunos copiassem, não havia mais a conversa dos corredores e na sala dos professores para trocar informações. Dormiu professor e teve que acordar youtuber, passou de um modelo tradicional, em que transmitia seu conhecimento olhando para os alunos, para olhar a uma câmara e “ação”, começou a gravar suas aulas. No entanto, isso não era suficiente, pois deveria pensar onde postar suas videoaulas, como fazer download, editar, além de aprender a utilizar os recursos de videoconferência como Google Meet, Skype, Zoom, as plataformas de aprendizagem como o Google Classroom, Moodle, Microsoft Teams. Essas ferramentas foram usadas nos dois últimos anos (2020 e 2021) para sanar dificuldades e com o objetivo de instrumentalizar ao ensino. Entretanto, Moreira; Henriques e Barros (2020, p. 352) tocam em um ponto muito importante de ser tratado: mas quando se criará uma um modelo de aprendizagem virtual. Para os autores é algo que não se pode deixar de abordar, questionamcomo será o processo da transição do modelo que era usado para um que esteja mais de acordo com a sociedade? Outros questionamentos realizam e devem ser refletidos: Como se deve desenhar um ambiente online de aprendizagem? Como devem ser organizadas e planificadas as aulas online? Como se deve comunicar de forma assíncrona e síncrona com o grupo que agora se transformou numa comunidade virtual? Como desenvolver práticas pedagógicas online na realidade digital, sem momentos de presencialidade física? Que tecnologias e plataformas podem ser utilizadas para enriquecer o ambiente de aprendizagem? Como devem ser criadas e desenvolvidas atividades online de aprendizagem? E como se deve avaliar os estudantes nestes cenários virtuais? Esses são questionamentos que todos devem realizar para repensar o processo de ensino e aprendizagem e que esteja mais de acordo com a realidade do século XXI. Algumas destas questões serão abordadas ao longo desta disciplina. O DIREITO DE IMAGEM E SUA INSERÇÃO NO MATERIAL DIDÁTICO 24 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido O surgimento da internet, ou rede, possibilitou a conexão entre computadores em escala mundial permitindo que a informação “viaje”, chegue ao seu destino e reduza o tempo de espera. A internet surgiu em meados de 60, e primeiramente foi utilizada como uma ferramenta de comunicação militar com o propósito de resistir a um conflito nuclear mundial. Profissionais da Engenharia Eletrônica e programadores foram contratados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para desenvolver uma rede que permitisse que as mensagens fossem transmitidas em pequenas partes e com rapidez. O resultado da acessibilidade da internet, a milhões de pessoas, fez com que surgissem redes sociais, o que possibilitou o intercâmbio de comunicação, divulgação de imagens, troca de informações, etc. O compartilhamento de imagens atinge números sem precedentes. É nesse contexto que a máquina fotográfica foi deixada de lado, pois não havia mais necessidade de rolos de filme. Isso começou a fazer parte do passado. O direito de imagem, no viés pedagógico, inserido em materiais didáticos usado como forma de ilustrar visualmente o que o professor deseja transmitir, possui alguma legislação que esteja inserida? Ou simplesmente é permitido o seu uso sem nenhum tipo de restrição? Quando um professor das Ciências da Natureza cria um material para melhor ilustrar o que deseja aos seus alunos, por exemplo, o professor de Biologia, deve seguir alguma norma estabelecida para usar as imagens? Vejamos a seguir: No final do século XX, com a introdução da internet e sua disseminação, provocou uma nova forma de adquirir dados, informações e imagens de pessoas, porém o direito de imagem e afins carecia de legislação 25digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO por não constar na Constituição de 1988. A evolução cibernética acarretou em facilidades, mas forçou o sistema judiciário a impor limites aos usuários. Isso fez com que houve necessidade de regulamentação e, por este motivo, foi sancionada a Lei 9.610/98 que realiza uma interpretação dessa realidade e a regulamenta. É indiscutível que se vive em uma época em que a imagem está associada às informações. As redes sociais quase não apresentam textos, e o que prevalece são as imagens das mais variadas situações do dia a dia e que são postadas pelos seus usuários. Porém é importante saber interpretar essa ferramenta corretamente, pois o seu uso colabora para a compreensão do aluno e o que reflete sobre a sociedade que vive. O bombardeio diário de imagens, dos símbolos visuais, tornou-se uma necessidade, tendo em vista que a informação cada vez mais chega de forma rápida. No entanto, deve possuir alguma significância: o professor de história, por exemplo, deve pensar na sua intencionalidade quando escolhe imagens para ilustrar fatos históricos; o mesmo deve ocorrer com o professor do ensino fundamental, ao inseri-las em suas apresentações de um conto. Os professores de História, Geografia e Sociologia podem solicitar um trabalho colaborativo entre os alunos de uma mesma série do ensino médio para caracterizar, por exemplo, a constituição populacional de sua comunidade ou região. Podem solicitar que tirem fotos de seus parentes, vizinhos, amigos, e que consigam demonstrar essa pluralidade, mas sem esquecer de citar a fonte/propriedade da imagem. Esse é um dos papéis do professor no momento de orientar um aluno quando solicita que realize um trabalho desse tipo, pois deve mostrar a importância de solicitar a autorização para a divulgação da imagem de algum participante, mesmo que seja de forma parcial. É nesse contexto que o professor deve ter o cuidado ao elaborar um material didático, em que utiliza imagens, saber e conhecer o que envolve o seu uso e as implicações que podem acarretar. Os direitos autorais, os direitos de imagem passaram por transformações nas leis e a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) contribuíram para que os materiais didáticos modificassem os usos de imagens ao longo dos anos. Essas transformações são claramente perceptíveis nos livros de geografia, em que para identificar características de uma determinada população de uma região do Brasil, pessoas eram mostradas. Com as alterações incorporadas, passaram a mostrar apenas silhuetas, para atualmente mostrarem apenas as mãos. 26 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido EAD e a propriedade intelectual A chegada da tecnologia transformou a EAD no mundo e no Brasil, com as TICs possibilitou a incorporação no material didático de imagens, vídeos, áudio, exercícios interativos, etc. Entretanto, há um aspecto que deve ser analisado com atenção, uma vez que o professor ao elaborar esse material incidirá, muito provavelmente, na aplicação do direito de propriedade intelectual. O uso de imagens, fotos, áudios, vídeos, etc., muitas vezes, são utilizados sem qualquer tipo de preocupação, pois a utilização desses recursos é relativamente recente na EAD. No entanto, de acordo com Marcacini (2012) há um enfoque que não deve ser descuidado, uma vez que há a incidência e a aplicação do direito de propriedade intelectual que devem ser cuidados. Há um equívoco por parte da população em decorrência da difusão da internet, e por puro desconhecimento das leis, que tudo que lá consta, está aberto e disponível e pode ser livremente utilizado como se fosse de domínio público. Entretanto, Marcacini (2012) ressalta que não é o que consta no sistema jurídico brasileiro, pois a utilização de alguma obra necessita da autorização do autor. Esta temática está interligada com a EAD, quando uma instituição de ensino oferece um material para o aluno, que pode ser um folder, ou o próprio material que será utilizado nas aulas, deve estar segura que realmente lhe pertence e deve ter sido previamente cedido pelo(s) autor(es), por escrito, ou que tenha a autorização, de forma clara, do titular da obra para utilizá-la pela duração do curso ministrado. A Lei nº 9.610/98, em seu art. 29, possui uma lista dos itens que depende da autorização “prévia e expressa do autor”. No meio acadêmico é de conhecimento que a citação de fragmentos de obras / textos é considerada um “ato lícito”, desde que respeitados os limites impostos, é “prevista na Lei de Direitos Autorais”, e, portanto, não constitui uma infração, uma vez que serve para fins de estudo, mas sempre indicando o nome do autor e a origem da obra (MARCACINI, 2012, p. 336 Material didático e sua produção Há uma discussão entre os especialistas sobre o conceito de material didático, sendo que para alguns compreende desde os jogos, blocos lógicos, brinquedos educativos até o livro didático. Entretanto, o que se pretende 27digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃOtratar é sobre o que se considera imprescindível em sua elaboração para atender aos objetivos do processo de ensino e aprendizagem na perspectiva da EAD. Esse material deve ter um olhar voltado para a sociedade e que permita que o aluno pense, reflita e elabore sua criticidade, bem como pratique sua criatividade sobre a informação de diversas formas. Nesse cenário é fundamental que ocorra constantemente uma revisão e atualização para garantir a qualidade, além de que seja organizado, dinâmico e permita ao aluno identificar e caracterizar as ferramentas que serão utilizadas. O material didático para a EAD apresenta características diferentes do que é usado para as aulas presencias, pois sua dinâmica é outra. No ensino tradicional o material didático é um apoio do professor e pode ser suprimido se necessário. Mas na modalidade à distância exige um esforço redobrado na sua elaboração, uma vez que o professor não estará na presença física de imediato para tirar as dúvidas. Esse material deve conduzir a autonomia do aluno e deve privilegiar a interação, a interatividade, a aprendizagem coletiva e levar em consideração a construção do conhecimento em sintonia com o desenvolvimento humano, a resolução de situações problemas que encontrará em sua vida e que permita ao aluno empreender. Nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) são disponibilizados recursos em diferentes formatos e podem ser em hipertexto, oral, escrito e audiovisual. Esses recursos enriquecem a exposição de um conteúdo, pois não há apenas a fala do professor e o aluno, sendo um nativo digital, muitas vezes prefere essa dinâmica. É possível que o professor queira introduzir uma pequena mostra de como o aluno pode se apresentar aos colegas utilizando o https://www.voki. com/ que permite a criação de um avatar que é personalizado pelo próprio aluno em que pode escolher a cabeça, roupa e acessórios. É possível também, que passado a fase de apresentações, o professor identifique os personagens criados pelos alunos e solicite que a partir desta criação, elaborem uma história em que cada personagem tenha participação. O professor de português pode explorar os tipos textuais como descrição e narração. Para ampliar um pouco mais esses personagens, nesse formato, professores de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira - Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) podem realizar um projeto integrador em que cada área solicite algo. Por exemplo, na Artes a criação do ambiente dos personagens e nas línguas estrangeiras as falas devem ser 28 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido nos dois idiomas ou apenas em um. Outros aspectos que devem ser considerados no momento de elaboração e execução de um material didático para a EAD é a complexidade que envolve o processo de ensino e aprendizagem, pois exige uma análise cuidadosa de como ocorre a construção do conhecimento, da visão de educação para a instituição para a qual o material é elaborado e a gestão pedagógica. Isso demonstra que a elaboração do material didático vai além da seleção de conteúdo, pois deve levar em conta a metodologia do material para EAD, do direcionamento que o aluno receberá para que possa exercer sua autonomia e explorar o ambiente virtual na sua busca pela construção do seu conhecimento. A interação entre professor e aluno é outro ponto a ser considerado no material didático, virtual ou impresso. Deve ser pensado com responsabilidade, com os objetivos claros e as diretrizes que o nortearão. Desta forma os conteúdos seguirão a mesma linha de raciocínio, pois a seleção deverá ser criteriosa e desafiadora. Uma das responsabilidades desse material é motivar o aluno a querer conhecer mais, é informar sem ser tendencioso, esclarecer sem tirar o interesse do aluno em querer descobrir um algo a mais e instigar o trabalho em equipe. Muitas vezes é o material didático na EAD que fará a apresentação do curso ao aluno, portanto, deve ter uma plataforma que o instigue e seja atrativa desde a primeira página, além de que o acesso não seja complicado e seja de fácil navegação, com tarefas interativas. Basta imaginar uma criança das séries iniciais entrando pela primeira vez em um AVA. Esse ambiente deve ser criativo, interativo, lúdico e que o material seja colorido e ilustrativo para despertar o seu interesse. Barrera (2017) afirma que o material didático em EAD serve como 29digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO mediador e mostra a concepção pedagógica que conduz o processo de ensino e aprendizagem, pois representa a relação que o aluno estabelecerá com o que aprende. Destaca algumas características que não podem faltar neste material como, por exemplo, ótima qualidade, sua apresentação deverá ser impecável, mostrar ao aluno a metodologia adotada, os temas abordados devem estar claros, possibilitar ao aluno uma diversidade de leituras para pesquisar e atividades para realizar. O Ministério da Educação (MEC), no ano de 2007, elaborou um documento intitulado “Referências de qualidade para Educação Superior a Distância”, com a finalidade de ser um norteador para as ações no tocante a elaboração do material didático. Um dos pontos ressaltados foi sobre a produção desse material ser elaborado de acordo com os princípios epistemológicos, metodológicos e políticos que constam no projeto pedagógico. Sem isso pontos não haverá a comunicação entre professor e aluno. É imprescindível que se percebe que não é suficiente ter experiência nos cursos presenciais para garantir a qualidade necessária no momento de elaborar o material didático. É fundamental que exista uma equipe multidisciplinar que entenda de áreas como: diagramação, ilustração, desenvolvimento de AVAs, etc. para compor esse material. Tipos de materiais didáticos Quando se pensa em material didático, geralmente, a primeira ideia que se tem é do livro impresso, uma vez que foi o mais utilizado e difundido pelo ensino tradicional. Entretanto, não é o único, e com o uso da internet outros materiais surgiram para atender as demandas das modalidades de educação. Ao considerar qualquer recurso como material didático - arquivo, ferramenta ou documento, que utilize diferentes linguagens (formal, informal, lúdica) - em formato impresso ou digital, que possua algum conteúdo que contribua para o conhecimento de determinado tema, sua concepção se amplia. De acordo com o Portal SAE digital, os tipos de materiais didáticos que levam em consideração a Classificação Brasileira de Recursos Audiovisuais são divididos em: Recursos visuais: livros, álbuns, cartazes, exposição, fotografias, gravuras, mapas, gráficos, flanelógrafo, modelos, mural, museus, objetos, quadros, transparências, entre outros. Recursos auditivos: aparelho de som, discos, fitas cassete, CD, rádio, 30 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido CD-ROM; Recursos audiovisuais: filmes, cinema, televisão, videocassete, DVD, computador, tablets, celulares, softwares e aplicativos. No entanto, o que deve ser levado em consideração com relação aos tipos de materiais didáticos, que serão utilizados em sala de aula a distância, são os recursos disponíveis que a instituição possui e que sirvam para motivar o processo de ensino e aprendizagem. Devem ser também interativos e que permitam a flexibilidade, além de possibilitar que o professor realize o feedback, e faça avaliações pelo próprio sistema. Esses cuidados servem para orientar e esclarecer ao professor na hora de elaborar um material digital que será disponibilizado ao aluno em um AVA. A importância da lei geral de proteção de dados, direito de imagem, proteção dos dados dos alunos e professores É inegável a evolução das tecnologias e os benefícios que o uso da internet possibilitou a todos os usuários, que possarama se comunicar de forma rápida, ter acesso a informações e surge a democratização do conhecimento. Contudo, a pandemia do coronavírus, no ano de 2020, alterou significativamente a forma de agir de todos os cidadãos do planeta. Essa transformação ocorreu em vários cenários da sociedade. Entretanto, um que requer um olhar especial é o ensino de crianças que estão entre os 8 e 12 anos, pois o uso da internet, no período pandêmico, intensificou a sua utilização e maior exposição desse grupo. Para a realização de simples atividades escolares era/ é imprescindível o uso das tecnologias digitais. Com uma visão cuidadosa e criteriosa a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) (Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018) as instituições de ensino começaram a informar que as tarefas escolares, que necessitam de uso de internet, exigem supervisão e acompanhamento dos responsáveis, com o objetivo de proteger os dados das crianças diante de um cenário tão atípico na educação brasileira. Não se pode ter uma visão simplista e desconsiderar situações de vulnerabilidade das crianças nessa faixa etária. Seria o mesmo que transferir a responsabilidade de suas próprias condutas, sendo que são consideradas pessoas incapazes de exercer quaisquer atos da vida civil, e devem ter um(a) responsável que represente os seus interesses. 31digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO Para o simples acesso às plataformas adotadas pelas escolas é necessário o consentimento do Termo de Uso e Políticas de Privacidade, bem como estar atendo(a) ao que consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, que afirma que são pessoas em desenvolvimento. Em função da vulnerabilidade dessa faixa etária é fundamental que exista uma regulamentação que a proteja e todos os seus dados. No que corresponde a essa proteção surge a LGPD, tendo em vista que em decorrência da necessidade sanitária de isolamento social, e como imposição das autoridades científicas para controlar o contágio da covid-19, as atividades escolares passaram a ser realizadas remotamente, ou no formato não presencial. A internet passou a ser usada por necessidade, não apenas para lazer, e se transformou em um canal de comunicação entre os diversos setores da sociedade. Fato que ocorreu também nas aulas do ensino infantil e fundamental. Mas Faria (2021) destaca que para a criança ter acesso aos conteúdos de aula deveria primeiramente aceitar os Termos de Uso e as Políticas de privacidade. Como uma criança, que está no ensino fundamental poderia receber o material disponibilizado pela escola em um AVA em caso de recusa de seu responsável em aceitar as condições impostas nesse termo? Um pai, mãe, ou responsável tem condições de julgar esse termo? Uma criança, nessa faixa etária, tem condições de fazer o discernimento correto da relevância desses documentos para a sua vida? No Termo de Uso constam condições e regras para que o usuário tenha acesso aos serviços do site e aplicativo. Já o documento de Política de Privacidade apresenta as práticas adotadas pelo site com relação aos dados privados dos usuários. O isolamento imposto pela covid-19 fez com que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) homologasse as diretrizes que acatassem, mesmo que parcialmente, o Parecer CNE/CP nº 5/2020 do Conselho Nacional da Educação (CNE) em que sugere que as escolas sigam com o envio de atividades escolares não presenciais durante o período pandêmico, pois assim conseguiriam cumprir a carga horária e reduziria a reposição dos dias letivos após a pandemia. Esse movimento fez com que as atividades pedagógicas não presenciais ocorressem pelas plataformas, que foram adotadas pelas escolas. No entanto, para se obter o seu acesso o usuário deveria aceitar os Termos de Uso e as Políticas de privacidade. Ao aceitar as condições de acesso, o usuário, neste caso a criança, 32 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido dá o seu consentimento de uso de seus dados. Muitas vezes os adultos aceitam as condições sem ao menos ler o que consta, e seria talvez impensável esperar isso de crianças. Embora, mesmo que o fizessem, talvez não compreenda as implicações de tal ato. Com o aumento do uso da tecnologia no cotidiano de crianças, adolescentes e adultos a obrigatoriedade da disponibilização dos seus dados pessoais, para terem acesso as plataformas digitais, fez com que houvesse a necessidade de se repensar a proteção dos dados e a LGPD procura protegê-los. Muito embora para alguns especialistas do Direito há falhas na lei, especificamente em seu art. 14, §1º, no que corresponde a defesa dos dados pessoais dos adolescentes. Na LGPD consta a palavra criança, entretanto, estão excluindo a outra faixa etária que corresponde aos jovens. Isso incide no consentimento parental, que está previsto na LGPD, sendo indispensável para as crianças, e tornando os adolescentes como capazes de decidir sobre os seus dados pessoais. Apesar de não ser possível ainda vislumbrar as consequências dessa temática ao longo da vida das crianças e adolescentes devido à evolução da tecnologia é necessário que haja a conscientização dos responsáveis e dos dois grupos para a divulgação de seus dados. Não se defende a proibição do acesso à tecnologia digital, mas sim que ocorra a reflexão do todos os envolvidos: pais, responsáveis, instituições de ensino, professores e as plataformas digitais, ou AVAs, sobre os propósitos que justifiquem a necessidade dos dados pessoais. Ambiente virtual de aprendizagem (AVA) A partir da metade do século XX as transformações ocorreram em vários âmbitos da sociedade e na forma de ensinar e aprender houve um avanço significativo, embora não com a mesma velocidade que em outros setores como, por exemplo, nos bancos em que se paga, se faz transferência, etc. por aplicativos e instantaneamente. Com a globalização o ritmo de troca de informações e sua complexidade atingiu patamares nunca antes imagináveis, tarefas que antes demoravam dias, agora são realizadas em segundo. É nesse contexto que entra a demanda do ensino e da aprendizagem e o uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), também conhecidos pela sigla em inglês LMS (Learning Management Systems) ou Sistemas Gerenciadores de Aprendizagem na Web. Não há possibilidade de dissociar 33digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO a EAD e o uso da tecnologia, portanto, a reflexão sobre o uso dos AVAs, que contribuem para o processo de ensino e aprendizagem é fundamental para compreender esses cenários atuais. A utilização dos AVAs no ensino, nos últimos anos, foi incorporada para atender as demandas, e a partir da pandemia da covid-19 passou a ser imprescindível. No entanto, é necessário que se entenda, se tenha um posicionamento crítico e saiba utilizar esses ambientes como suporte no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Pereira, Schimitt e Dias (2007) conceituam os AVAs como mídias que possuem um conjunto de ferramentas e recursos tecnológicos que surgiram ao longo do desenvolvimento das TCIs e servem para receber e enviar mensagens. Utilizam o ciberespaço para transmitir conteúdos, além de possibilitar a interação entre os sujeitos do processo educativo. Entretanto, ressaltam que para o sucesso de todo o processo educativo é fundamental o envolvimento do aluno, do projeto pedagógico, do tipo de material que está vinculado, da qualidade dos professores e tutores, bem como das ferramentas e recursos tecnológicos empregados no ambiente. As ferramentas eletrônicas que estão inseridas em um AVA permitem que o professor disponibilize conteúdos, acompanhe as atividades realizadas pelos alunos, realize comunicação síncrona e assíncrona, faça avaliações e dê suporte de apoio de forma individual ou coletiva. A interação é a essência de um AVA, pois é uma sala de aula em um ambiente virtual como uso da internet. Os AVAs oferecem espaços virtuais adequados para que ocorra o compartilhamento, a colaboração e a interação entre alunos e professores e apresentam uma interface gráfica e ferramentas de comunicação assíncrona (e-mail, blog, fórum, mural) e síncrono (chat); ferramentas de avaliação e de construção coletiva (avaliações, trabalhos, glossários, etc.); ferramentas de instrução (textos, atividades, manuais, livros, etc.); ferramentas de pesquisa 34 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido (questionários, enquetes) e ferramentas de administração (dados do aluno, cadastro, banco de dado, gráficos estatísticos, etc.). O uso de um AVA favorece a realização de práticas virtuais que visam a interação, a construção do conhecimento e o compartilhamento de conteúdo e pode ser utilizado na modalidade presencial, semipresencial e a distância. Não existe restrição de aplicabilidade. No entanto, quando se planeja a realização de um projeto em que o AVA será utilizado é fundamental que o professor conheça os recursos disponibilizados para fazer uso em sua totalidade. Atualmente existem inúmeras plataformas e funcionalidades disponibilizadas e as mais utilizadas nas instituições de ensino são: Google Classroom, Moodle e Blackbord, Plataforma Digitvs entre outras. Os AVAs atuais apresentam como característica a integração de múltiplas mídias sociais e recursos, com diferentes linguagens e as informações são apresentadas de forma organizada para cumprir a finalidade de construir a aprendizagem através da interação. O Moodle é uma ferramenta livre e que apresenta um código aberto, isso significa que qualquer pessoa pode participar do seu desenvolvimento e qualquer escola pode utilizá-lo, além de se adaptar bem nas modalidades em EAD ou presencial. Essa plataforma, no Brasil, foi homologada pelo Ministério de Educação como instrumento oficial da EAD. Esse ambiente permite instalar e utilizar ferramentas externas, possibilita a criação de plugins, que são a extensão da sua funcionalidade, ou seja, anexar um software ao que já existe. Desta forma é possível ampliar os recursos e potencializar as propostas do processo de ensino e aprendizagem. Os AVAs podem ser uma extensão de uma sala de aula presencial, por exemplo, para as línguas estrangeiras, em que permitem o acesso a inúmeros conteúdos como: notícias, vídeos, podcasts, aplicativos gratuitos que possibilitam a criação de atividades educacionais. Nesses ambientes é possível aprofundar os conhecimentos culturais de um outro idioma, que muitas vezes não se consegue em uma sala de aula presencial. Pode suprir as deficiências linguísticas autênticas, pois as atividades podem ser realizadas de forma autônoma pelos alunos e permitem a consulta a vários documentos orais e/ou escritos. Um professor de língua estrangeira que utiliza o Moodle, por exemplo, pode solicitar que os alunos utilizem o uso da ferramenta wiki, que é uma atividade que possibilita aos participantes criar e editar um texto de forma colaborativa, mas também permite que seja individual. A realização de um vídeo em que um aluno pode ler um texto em outro idioma, ou realizar 35digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO um diálogo com outro colega também é possível postar no ambiente. O AVA possibilita que o professor explore diferentes habilidades tais como: ler, escrever, escutar e falar, basta escolher a ferramenta adequada para esses fins. Outra proposta muito utilizada em AVA é a gamificação no ambiente Moodle, pois os desafios propostos incentivam o aluno a investigar o conteúdo a ser trabalhado e o envolve na construção do conhecimento a partir das descobertas que faz. Atitudes de engajamento, interação social, concentração e motivação são também observadas nesse tipo de proposta, além de que faz criar vínculos com o projeto, com o professor e os colegas. Professores de Matemática, Física e Educação Física podem realizar uma atividade integradora com uma turma do ensino médio, com regras definidas, metas a serem alcançadas, feedback constante dos professores e a participação dos alunos. Como exemplo é possível criar a proposta a partir de um jogo de vôlei em que os jogadores analisam a velocidade de arremesso da bola, as orientações podem ser dadas de acordo com o objetivo de cada disciplina e onde desejam chegar com as descobertas dos alunos. O processo de ensino e aprendizagem mediado por AVA permite diversas fontes de informação, amplia o conhecimento, além das várias formas de leitura que possibilita a interação colaborativa entre todos. A INTERAÇÃO DOS DIFERENTES PARA O ATINGIR O MESMO OBJETIVO 37digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO Interdisciplinaridade A ideia de interdisciplinaridade surgiu no final do século XIX e abordou dois grandes enfoques: o epistemológico, voltado ao estudo do conhecimento em seus aspectos de produção, reconstrução e socialização, a ciência e a mediação entre o sujeito e a realidade; e o pedagógico, com o foco nos aspectos curriculares do processo de ensino e aprendizagem. No aspecto pedagógico surge, nos debates, a ideia de que a interdisciplinaridade promove a integração das disciplinas, mas o seu papel vai além disso, pois estabelece uma nova forma de pensar e organizar o currículo escolar. Os propósitos da interdisciplinaridade são: discutir sobre a complexidade da realidade, mostrar que há necessidade de pensamentos e ideias mais abrangentes que permitam compreendê-la e construir um conhecimento, além de superar a visão fragmentada que se tem da socialização do conhecimento. Nesse processo há a reciprocidade dos conhecimentos, o engajamento de todos os envolvidos e o compromisso de se ter ações interdisciplinares, pois sua concepção é de que o aprendizado ocorre ao longo da vida, além de que sua perspectiva é de diálogo e integração entre todas as ciências do conhecimento e não a sua fragmentação. Bovo (2004) destaca que a ação pedagógica da interdisciplinaridade está direcionada a uma escola mais participativa, em que o aluno seja um sujeito mais social e saiba relacionar os conhecimentos em sua vivência. Entretanto, é preciso que ocorram transformações na atuação tanto do professor quando do aluno. Edgar Morin, um grande defensor desse movimento, afirma que o pensamento é complexo, portanto, apenas uma realidade complexa permitirá a reformulação do pensamento para se alcançar a produção do conhecimento. A interdisciplinaridade é uma palavra que é muito conhecida e usada na educação, uma vez que promove a interação de várias áreas específicas do conhecimento com os professores e alunos. Quando se realiza um projeto, por exemplo, de forma interdisciplinar em que as disciplinas de química, física e matemáticas estão inseridas em um determinado tema, nenhuma elimina a outra. Muito pelo contrário. Há um diálogo entre elas para que a integração ocorra. Assim, a mesma temática contemplará abordagens distintas, com o olhar de cada disciplina. Na elaboração da atividade, que pode ser uma simples produção de geleias de laranja, o professor de química pode trabalhar o grau de acidez dessa fruta, e os alunos podem 38 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido criar tabelas de acidificação. Através destas tabelas os dados obtidos serão, posteriormente, transformados em gráficos e os conceitos de química, física e matemática podem ser discutidos. Desta forma, se compreende o que une as áreas e se eleva a aprendizagem para outro nível de conhecimento, sendo mais inovador, e não apenas fragmentado como geralmente as disciplinas atuam. O aluno consegue enxergar e entender o todo e fazer a relação entre as partes. As disciplinas de língua estrangeira, literatura, história e geografia, por exemplo, podem a partir de um poema, de um determinado autor, trabalharem de forma integrada. O professorde língua estrangeira trabalha os aspectos semânticos do texto; o professor de literatura o período literário e as características que se enquadram no poema. O professor de história aborda os fatos da época que caracterizam determinados posicionamentos e o de geografia trabalha a constituição populacional do período para levar os alunos a compreenderem o motivo de posturas diferentes, se houver. Segundo Moraes (2005) o propósito da interdisciplinaridade é transpor a fragmentação e a linearidade do currículo, pois através de abordagens de temas em comum, entre as disciplinas, é possível haver um diálogo, mas sempre respeitando as especificidades de cada uma. Afirma também que a excessiva disciplinaridade e linearidade não levam em consideração a forma como se aprende, uma vez que a aprendizagem 39digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO ocorre ao se estabelecer relações entre vários assuntos, situações da vida, sensações, etc. A interdisciplinaridade surge no cenário pedagógico como uma possibilidade de organizar os trabalhos pedagógicos através de uma nova forma de compreender os saberes, que sempre foram fragmentados. A proposta é o compartilhamento e a comunicação entre as disciplinas, que passam a formar grupos constituídos por especialistas de diferentes áreas do conhecimento. Na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) há a orientação de que se desenvolva a interdisciplinaridade no currículo e que se propicie conhecimento que vá muito além da justaposição de disciplinas, e que não ocorram suas diluições em generalidades. A atuação interdisciplinar precisa ser sentida pela escola, pelos gestores, pelos professores e alunos, pois contribui para que o conhecimento tenha outra dimensão e o aluno perceba que as partes compõem um todo. O enfoque interdisciplinar deve trazer a realidade do aluno e auxiliá-lo a compreender conceitos complexos e que passem a ter significado e sentido em sua vida, e permitirão uma formação mais consistente. Paviani (2008) faz uma ressalva sobre os prefixos: multi, inter, intra e trans associados a palavra disciplina. Para o primeiro acredita não trazer nenhuma dúvida de compreensão, pois afirma que qualquer currículo é composto por diferentes disciplinas. No entanto, afirma haver uma confusão entre interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, pois às vezes são usados como sinônimos de forma indevida. Transdisciplinaridade Segundo Paviani (2008) a transdisciplinaridade consiste na possibilidade de transcender o âmbito das disciplinas que estão estabelecidas, cria uma ligação entre os saberes. Permite a integração entre a ciência, a arte, a religião, a política, etc., sem a fragmentação tão utilizada nas instituições de ensino através das disciplinas do currículo tradicional. A transdisciplinaridade possibilita ir além das relações internas das disciplinas, pois exige um nível de maturidade intelectual em que faz a ligação entre a ciência e a vida. A transdisciplinaridade se dá entre a ciência, o social, o estético e o político, e busca refletir sobre a influência desses temas na Educação e na Sociedade. Como exemplo é possível mostrar os problemas do meio ambiente e da ecologia, a junção destes dois temas não é suficiente para 40 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido resolvê-los, mas a transdisciplinaridade, com o domínio mais amplo, faz o cruzamento nos âmbitos: social, político, ético e estético e transforma a estrutura interna das disciplinas. Essa fusão de conhecimentos leva a conhecimentos novos com a integração de métodos e teorias para encontrar a solução do problema. Para exemplificar esse modelo é possível citar o ensino de música na educação infantil, uma vez que permite a expressão dos sentimentos, a manifestação corporal e leva a criança a expressão criativa, além de propiciar conhecimento do seu corpo, desperta para o interesse de outros conhecimentos. A música passa a ser a ferramenta que potencializa as práticas que perpassam pelo pensamento complexo, instiga os movimentos, tem um caráter relaxante e desenvolve a atividade social e afetiva. Alguns temas como: ética, meio ambiente, saúde, trabalho e consumo, orientação sexual e pluralidade cultural estão inseridos na BNCC e são denominados como macroáreas temáticas porque são vividos e debatidos pela sociedade em diferentes cenários. O modo adequado para serem abordados esses temas passa pela transversalidade, que está inserida na prática educativa, nas disciplinas. Esses temas passam a ser o elo de 41digitvs Proficiência em Tecnologias Digitais para uma Educação EmpreendedoraPÓS-GRADUAÇÃO todas as disciplinas, e os conteúdos são desenvolvidos pela perspectiva da abordagem transversal e devem estar presentes ao longo do ano letivo. Moraes (2005) chama a atenção para um aspecto muito relevante com respeito aos propósitos da interdisciplinaridade e transversalidade que são o de construir um currículo em que o aprendizado científico permita o inesperado, o criativo e que sejam incorporados valores que ultrapassem as barreiras de raça, classe, religião, sexo ou política. A transversalidade é um recurso pedagógico que busca contribuir ao aluno na sua compreensão crítica da realidade social e na sua participação na sociedade. Através da inclusão de temas transversais os conteúdos são relacionados com o cenário que o rodeia. Desta forma ocorre o desenvolvimento do aluno e desperta o seu posicionamento diante de temas que refletem na vida em sociedade. Mudança do modelo tradicional de ensino A educação do século XXI está exigindo transformações para atender e corresponder as demandas da sociedade, mudanças que ocorrem, quase que diariamente, muito por influência das tecnologias digitais. Os professores estão sendo convidados a participar desse processo de (re) construção de suas atuações e os desafios são grandes. Atualmente muito se discute do processo de ensino e aprendizagem ser mediado pelas tecnologias digitais. Entretanto, o primeiro questionamento que se deve realizar é se existe a reflexão, por parte dos atores (professores e alunos), do porquê da mediação da tecnologia na sua prática e no seu aprendizado, e, o segundo questionamento é como se aprende utilizando esta ferramenta. Após a compreensão desses questionamentos a reformulação da educação, que está sendo indicada, provavelmente, haverá mais adesões. Quando se percebe que o modelo tradicional de educação não está mais atendendo as demandas socioeconômicas da sociedade, uma vez que os empregos necessitam de trabalhadores intelectualmente ativos, está na hora de mudar. Os desafios são grandes, pois há a necessidade de compreender e incorporar as metodologias ativas, que se fundamentam na pedagogia problematizadora, pois o aluno é estimulado a assumir um posicionamento mais ativo em seu processo de aprender. Ao levar em consideração os pilares que norteiam a educação do século XXI, que são: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; e aprender a ser os alunos são desafiados a terem posturas mais participativas. Essa postura exige a 42 digitvs Ensino Não Presencial e Híbrido reformulação dos currículos para que se trabalhe de forma coesa entre as áreas do conhecimento, o papel do professor passa a ser de orientador e mediador para que aluno alcance o seu saber e tenha mais autonomia e não seja mais um sujeito passivo. O aluno passa a ser o centro das atenções. A reformulação necessária da educação passa pelo currículo integrado, em que a organização do conhecimento ocorre a partir de um eixo temático, ao invés de disciplinas isoladas. Mudança de mindset A palavra empreendedorismo passou a fazer parte do dia a dia de todos e muitas empresas e instituições de ensino a utilizam quando se referem ao desenvolvimento de competências que contribuem para atitudes inovadoras e transformadoras. A postura empreendedora que