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INFARTO RENAL É uma patologia frequente, que pode ser única ou múltipla e branca ou anêmica. Esta ocorre por falta de suprimento colateral, e possui o formato de cunha, com a base voltada para a cortical e o ápice apontando para a medular ETIOPATOGÊNESE A maioria resulta de êmbolos do coração, derivados de possíveis endocardites, trombos murais na cardiopatia chagásica, infarto do miocárdio e fibrilação atrial. Neste caso, o rim esquerdo é o mais afetado, dado o trajeto oblíquo arterial e o consequente acesso mais fácil dos êmbolos a este Menos comumente, tem-se que o infarto renal é causado por trombose da artéria renal na aterosclerose, por aneurismas em artéria renal displásica, por drepanocitose (anemia de células falciformes) e por uso de cocaína CLÍNICA Em geral, é clinicamente silencioso, mas pode causar dor lombar no ângulo costovertebral e hematúria MACROSCOPIA E MICROSCOPIA MACROSCOPIA Área pálida de necrose coagulativa. A conformação em cunha reflete a distribuição do suprimento de sangue, uma vez que esta é feita de forma segmentar. Assim, no infarto, pode haver impacto apenas de um ramo, de forma que os outros são preservados. A necrose coagulativa preserva o arcabouço tecidual, de forma a manter o formato deste, porém sem as células MICROSCOPIA Área homogênea rosa central, que é o foco da necrose coagulativa É circundada por uma faixa basofílica de infiltrado neutrofílico reativo. Perifericamente, há uma zona rosa de hiperemia, representando congestão vascular DOENÇAS VASCULARES RENAIS E NEOPLASIAS DO TRATO URINÁRIO INFARTO RECENTE X INFARTO ANTIGO INFARTO RECENTE Área clara, triangular, circundada por halo hiperêmico-hemorrágico INFARTO ANTIGO Cicatriz deprimida na superfície renal. Ao longo do tempo, há o processo de fibrose e de retração, de forma que haja necrose e perda tecidual A cortical é o local onde há, geralmente, a retração e a fibrose; a medular é preservada, normalmente HIPERTENSÃO ARTERIAL Hipertensão arterial (HA) constitui importante problema de saúde por causa de sua frequência (acomete cerca de 25% da população) e da sua potencial gravidade. Durante muito tempo, a doença é assintomática. Existem duas formas de HA: (1) forma idiopática, essencial ou primária, que representa 90 a 95% dos casos de HA. Hipertensão essencial é mais comum em indivíduos mais jovens, do gênero masculino e de cor negra; (2) hipertensão secundária (5 a 10%), causada por alguma outra doença, podendo ser dos próprios rins (HA renovascular) ou de outros órgãos e sistemas As lesões renais podem resultar da HA ou podem ser causa desta BENIGNA É a grande maioria dos casos, onde as cifras tensionais não são muito elevadas (PA diastólicas < 110mmHg) CLÍNICA Redução da filtração glomerular e proteinúria discreta Complicações graves são tardias: coração, rins, encéfalo e retina O prognóstico é variável MALIGNA Minoria dos casos (cerca de 5%); pode surgir em pacientes normotensos, homens, jovens, negros ou mais comumente em pacientes com hipertensão arterial prévia Nesta, as cifras tensionais são muito altas (PA sist. >220mmHg e dist. >120- 130mmHg) CLÍNICA Geralmente, se manifesta de maneira súbita, com predomínio de manifestações relacionadas a aumento da Pressão IntraCraniana (cefaleia, náuseas, vômitos, escotomas); dano endotelial agudo; retinopatia hipertensiva; encefalopatia hipertensiva; IR progressiva, hematúria e proteinúria Complicações graves são comuns e precoces Prognóstico: grave e fatal se não tratada/controlada; atualmente, 70 a 80% dos pacientes têm sobrevida de pelo menos 5 anos (especialmente com os medicamentos atuais, se administrados precocemente) NEFROESCLEROSE VASCULAR HIPERTENSIVA BENIGNA Nefroesclerose vascular é a expressão usada para designar as lesões nas pequenas artérias e arteríolas renais que se formam em indivíduos com hipertensão arterial; são representadas sobretudo por hialinose na íntima e resultam em espessamento intimal, estreitamento da luz e alterações isquêmicas no parênquima renal. Embora descritas classicamente na HA, tais lesões são encontradas também no diabetes melito e no envelhecimento. MACROSCOPIA E MICROSCOPIA MACROSCOPIA No início, os rins são normais; aos poucos, surgem granulações pequenas, finas e regulares na superfície; a cápsula descola-se com facilidade. Mais tarde, ocorre redução do tamanho e do peso do órgão. Sua consistência aumenta, a cortical diminui de espessura e aumenta a quantidade do tecido gorduroso peripélvico. MICROSCOPIA Nas arteríolas aferentes, aparece a hialinose intimal, que resulta de deposição subendotelial de proteínas plasmáticas e de matriz da membrana basal. A lesão é homogênea; seu aumento concêntrico reduz o lúmen vascular e substitui progressivamente os componentes da parede (arteriolosclerose hialina). Em indivíduos idosos, pode haver hialinose arteriolar sem hipertensão arterial; em diabéticos, a hialinose é mais intensa e acomete também as arteríolas eferentes. Pode haver hiperplasia do aparelho justaglomerular, podendo ser encontrados grânulos de renina. Nas artérias interlobulares e arqueadas, além da hialinose ocorre neoformação colágena e elástica na íntima (fibroelastose) e hipertrofia da camada muscular. O grau de redução da luz é proporcional à duração e à gravidade da HA. Tais lesões podem ocorrer também no baço, no pâncreas, no fígado e nas suprarrenais. As lesões vasculares causam hipóxia e alterações glomerulares, tubulares e intersticiais. Alguns glomérulos apresentam espessamento da parede capilar, redução da celularidade, colapso das alças e, eventualmente, fibrose parcial ou total. Algumas vezes, encontra-se hipertrofia/hiperplasia do aparelho justaglomerular, que pode ser primária (síndrome de Bartter) ou secundária à isquemia renal ou à persistência do estado hipertensivo. Os túbulos são ora hipotróficos, ora dilatados, e contêm material hialino na luz. O interstício intertubular mostra focos de fibrose e infiltrado inflamatório mononuclear escasso. As lesões do parênquima são segmentares, tendo ao lado parênquima preservado. Para alguns, tais lesões seriam responsáveis pela superfície finamente granular do rim; para outros, as granulações resultariam de néfrons em hipertrofia compensadora. NEFROSCLEROSE VASCULAR HIPERTENSIVA MALIGNA Nefroesclerose vascular maligna constitui a base morfológica renal da hipertensão essencial maligna ou a fase acelerada de hipertensão arterial de qualquer etiologia. Hipertensão acelerada pode surgir em indivíduos normotensos mas, mais comumente, em pacientes com hipertensão arterial prévia, essencial ou secundária. Hipertensão maligna representa até 5% dos casos de HA. A hipertensão maligna é uma síndrome definida por: (a) pressão arterial média elevada (> 140 mmHg), com pressão sistólica > 220 mmHg e/ou diastólica > 120 mmHg, que são suficientes para causar dano endotelial agudo; (b) retinopatia hipertensiva (hemorragias retinianas, exsudatos e papiledema); (c) encefalopatia hipertensiva; (d) em geral, acompanha-se de lesões acentuadas nos órgãos-alvo; nos rins, leva a insuficiência renal progressiva. MACROSCOPIA E MICROSCOPIA MACROSCOPIA Nos indivíduos anteriormente normotensos, os rins têm volume normal ou pouco aumentado, superfície lisa e numerosas petéquias. Quando há hipertensão prévia, são encontrados também os achados descritos anteriormente MICROSCOPIA Microscopicamente, há lesões agudas e crônicas em glomérulos, túbulos e vasos. As lesões são necrose fibrinoide de arteríolas, que pode estender-se aos glomérulos, os quais apresentam também retração dos tufos, hiperemia, mesangiólise, depósitoshialinos (proteínas plasmáticas) e ruptura da membrana basal glomerular. Em casos de longa evolução, pode haver esclerose global ou segmentar do glomérulo, além de áreas de desdobramento da membrana basal glomerular. Nas arteríolas, nas artérias interlobulares e nas arqueadas, há espessamento intimal por edema, neoformação colágena e elástica e proliferação de fibroblastos e células musculares lisas (arteriolosclerose hiperplásica e hiperplasia da íntima), que formam lamelas concêntricas (em “casca de cebola”), obstruindo a luz vascular. Essa lesão persiste mesmo após o tratamento com hipotensores. Também frequente é a necrose fibrinoide das arteríolas aferentes, com deposição de material granular e eosinofílico na parede vascular, às vezes com infiltrado inflamatório e fragmentos de hemácias, como na síndrome hemolítico-urêmica; hipertensão acelerada é uma das causas de microangiopatia trombótica. As lesões vasculares levam a isquemia, com alterações glomerulares, tubulares e intersticiais que resultam em hipotrofia do parênquima. Tais lesões vasculares são vistas também em outros órgãos, sobretudo nas suprarrenais, no fígado, no pâncreas, nos testículos e no encéfalo CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS EPIDEMIOLOGIA O carcinoma de células renais (CCR) constitui 1 a 3% das neoplasias malignas humanas (excluindo-se as da pele) e 75 a 80% das neoplasias malignas renais em adultos. O tumor predomina no gênero masculino (2 a 3:1) e em alguns países é mais comum em pessoas de cor negra. Muito raro antes dos 20 anos, é mais prevalente entre 50 e 70 anos, com pico na sexta década. FATORES DE RISCO O tumor pode ser esporádico ou ter caráter familial. O tabagismo é o principal fator de risco, sendo o tumor duas vezes mais frequente em fumantes. Hipertensão arterial, obesidade e rim em estágio terminal são também fatores de risco. Vírus, cádmio, arsenicais, compostos do chumbo, estrógenos, asbesto e hidrocarbonetos aromáticos são também implicados. CARÁTER Em 4% dos casos, o CCR tem caráter familial e é transmitido por herança autossômica dominante, aparecendo em indivíduos mais jovens. Na síndrome de von Hippel- Lindau (hemangioblastoma do sistema nervoso central e da retina, feocromocitoma, tumores pancreáticos e do ouvido interno, cistos múltiplos em vários órgãos), CCR é encontrado em 35 a 50% dos pacientes. Nesses casos, o tumor em geral é bilateral e frequentemente múltiplo, associa-se a cistos, surge mais precocemente e é responsável pelo óbito em um terço dos pacientes. O CCR associa-se a algumas anormalidades genômicas. Perda de atividade do gene supressor de tumor VHL (von Hippel-Lindau) está associada ao CCR familial (às vezes sem qualquer outra manifestação sindrômica) ou esporádico. O produto do gene VHL é uma proteína do complexo ubiquitina (PVHL), importante na degradação de proteínas celulares. Com tal defeito, parece que proteínas envolvidas na multiplicação celular e na angiogênese (fatores de crescimento e angiogênicos) não são destruídas e ficam mais disponíveis nas células, podendo contribuir para a carcinogênese. De acordo com as características histológicas, genéticas e citogenéticas, o CCR tanto esporádico como familial pode ser classificado em diversos tipos: carcinoma de células renais dos tipos células claras, papilar, células cromófobas, ductos coletores, medular renal, tipo translocação Xp 11, associado a neuroblastoma, mucinoso tubular, de células fusiformes e não classificável MACROSCOPIA A lesão é esférica ou ovoide, tem tamanho variado e faz saliência na superfície do rim. Ao corte, tem aparência multilobular, tem coloração amarelada ou branco-acinzentada e pode apresentar áreas de necrose e de hemorragia. Algumas vezes, existem cavidades císticas e calcificações. As faixas brancas que circundam e dividem os nódulos são tecido fibroso denso (este provê o aspecto multinodular) Encontram-se também áreas de necrose ou de hemorragia. Nos casos avançados, a lesão se infiltra e deforma cálices e pelve, alcançando o ureter. Aspecto muito característico é sua tendência a invadir a veia renal e crescer como um cordão, às vezes estendendo até o coração pela VCI CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS DO TIPO CÉLULAS CLARAS O CCR do tipo células claras corresponde a 70% dos casos. Em 95% deles, o tumor é esporádico; nos restantes, está associado à síndrome de von Hippel-Lindau ou é familial. Em 98% de todos os casos (esporádicos ou não), existe perda de uma sequência genômica no braço curto do cromossomo 3 (–3p). As células são colunares, cuboides ou poligonais, apresentam citoplasma claro ou granular e contêm glicogênio e lipídeos (estes conferem a coloração dourada ao tumor). A distribuição arquitetural é acinar, alveolar, tubular, em pequenos cistos ou cordões sólidos, envolvidos por delgada rede capilar e fibras reticulares. Os núcleos são redondos e uniformes, às vezes com nucléolos. Cerca de 5% dos CCR de células claras são do subtipo multilocular cístico, de evolução favorável quando comparado ao CCR do tipo células claras clássico CRESCIMENTO, METÁSASES, GRADUAÇÃO E ESTADIAMENTO Crescimento locorregional ocorre inicialmente por infiltração da cápsula do rim e do tecido gorduroso perirrenal, podendo alcançar órgãos vizinhos (suprarrenais, pâncreas, cólon etc.). Invasão intravascular é característica do carcinoma renal Por via sanguínea, a neoplasia atinge pulmões (50% dos casos metastáticos), ossos e fígado (35 a 45% das metástases) e, com menor frequência, suprarrenais, cérebro e rim oposto. A graduação nuclear de Furhman apresenta impacto prognóstico especialmente nos CCR de células claras e papilar, não sendo atualmente recomendada para CCR de células cromófobas. Essa graduação leva em consideração o tamanho do núcleo a proeminência nucleolar (facilidade em identificá-lo) A presença de áreas sarcomatoides ou rabdoides, em qualquer proporção, também indica grau IV. O estadiamento do CCR leva em conta se o tumor é não invasivo, invasivo no local ou metastático. O estadiamento mais empregado utiliza o sistema TNM OBS: O grau de diferenciação do carcinoma de células renais é definido pelo grau de Furhman, e não pela semelhança/diferença com o tecido original ASPECTOS CLÍNICOS E PROGNÓSTICO O CCR permanece assintomático por longo tempo e suas manifestações (hematúria, dor e massa palpável) em geral só aparecem quando o tumor já se encontra em estádio avançado. Quando surge esse quadro, cerca de 50% dos pacientes já apresentam metástases. Diagnóstico mais precoce depende de exames de imagens (muitos casos são descobertos por tomografia, ultrassonografia ou ressonância magnética feitas por outros motivos). Hematúria é tardia e resulta de invasão do sistema coletor e/ou da circulação intrarrenal. Dor, também tardia, é inconstante e tem relação com distensão da cápsula renal e tração de estruturas perirrenais. Massa palpável é encontrada em um terço dos casos e indica câncer avançado. Em cerca de 30% dos pacientes, os primeiros sinais e sintomas são extrarrenais e relacionados com as metástases. Mais comuns são as manifestações inespecíficas (simulador), como febre, emagrecimento, fadiga, hipertensão arterial (30% dos casos), ginecomastia, hepatoesplenomegalia, síndrome de Cushing, distúrbios digestivos e neuromusculares, às vezes ligados às metástases, além de alterações laboratoriais, como policitemia por hipersecreção de eritropoetina (5%), hipercalcemia, eritrossedimentação elevada (50%), leucocitose, trombocitose, anemia (30%) e hipercalcemia (10%). Muitas dessas constituem manifestações paraneoplásicas e se devem, provavelmente, à liberação de: (a) substâncias tóxicas (responsáveis poranemia, trombocitose, alterações da função hepática, caquexia, febre, amiloidose); (b) hormônios (renina, eritropoetina, prostaglandinas, paratormônio, gonadotrofinas, prolactina etc.). O prognóstico depende do tamanho do tumor, de lesões múltiplas, de invasão da gordura perirrenal e da veia renal e de metástases; portanto, tem relação estreita com o estadiamento. OBS: Nos tumores menores que 3cm é comum optar pela nefrectomia parcial, passível de ser realizada pela vascularização segmentar renal, pela boa delimitação tumoral e pela localização predominante deste na cortical TUMOR DE WILMS (NEFROBLASTOMA) EPIDEMIOLOGIA Trata-se de tumor renal embrionário que surge na infância, formado por estruturas primitivas que lembram o blastema nefrogênico. O tumor de Wilms representa 13% dos cânceres abaixo dos 15 anos de idade, sendo a neoplasia maligna renal mais frequente em crianças. Em 95% dos casos, aparece entre seis meses e seis anos de idade, com pico entre 2 e 4 anos. FATORES DE RISCO E ASSOCIAÇÕES COMUNS Embora não constitua doença genética, 10% dos nefroblastomas associam-se a anormalidades variadas (fenda palatina, esclerose tuberosa, cardiopatia congênita, neurofibromatose etc.), com possível predisposição genética e maior incidência em indivíduos de cor negra. O risco de desenvolver tumor de Wilms é maior nas síndromes: (a) WAGR; (b) de Denys-Drash; (c) de Beckwith-Wiedemann CARÁTER Dos genes envolvidos, o mais conhecido é o WT-1, localizado no cromossomo 11p13, um gene supressor de tumor. O produto do WT-1, um fator de transcrição que ativa ou reprime outros genes, associa-se tanto à tumorigênese como ao desenvolvimento gonadal e renal MACROSCOPIA E MICROSCOPIA MACROSCOPIA Quase sempre, o tumor de Wilms é unilateral e, em 80% dos casos, a lesão é única; tumores múltiplos (7%) ou bilaterais (5%), além de origem multicêntrica, podem representar metástases. O tumor pode atingir grandes volume e peso, substituindo a maior parte do rim, que fica limitado a uma estreita faixa. Em geral, a lesão tem forma ovoide ou irregular, é lobulada, contém septos conjuntivos e apresenta nítida demarcação do parênquima renal remanescente, inclusive por pseudocápsula. Ao corte, o tumor é vermelho-pálido ou branco- acinzentado, tem consistência menor do que a do rim normal e apresenta áreas de necrose e hemorragia, tecido cartilaginoso e cistos, às vezes numerosos. Em geral, há invasão da cápsula renal e dos tecidos adjacentes e extensão para a veia renal e o sistema pielocalicial MICROSCOPIA Microscopicamente, o tumor apresenta diversos padrões, com componentes de blastema renal, epitelial e estroma (histologia trifásica), podendo faltar algum componente (lesões bifásicas, monofásicas). O componente mesenquimal (blastema) é constituído por células indiferenciadas pequenas, fusiformes, esferoidais ou estreladas, com citoplasma escasso e núcleo hipercorado, intimamente agrupadas em nódulos, massas e trabéculas ou, menos frequentemente, com padrão difuso; as células invadem o tecido conjuntivo e os vasos e apresentam figuras de mitose. O componente epitelial lembra estágios da nefrogênese, formando túbulos renais rudimentares, com ou sem luz, e estruturas glomeruloides, cujo grau de diferenciação varia bastante, geralmente sem luz capilar e sem células endoteliais e mesangiais. Às vezes, há diferenciação para estruturas epidermoides ou secretoras de muco. O estroma em geral tem aspecto variado, mixoide ou de tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e fibroblastos, tecidos musculares liso e estriado, cartilagem, osso, tecido adiposo, células ganglionares e neuroglia. OBS: Se predomínio do componente estromatoso ou mesenquimatoso, sugere-se sarcoma. Ainda, estes são tumores que, classicamente, possuem descrição em aspecto de carne de peixe (brancos com superfície lisa) CRESCIMENTO, METÁSTASES E ESTADIAMENTO Por crescimento local, o tumor invade a cápsula, o parênquima renal, os cálices, a pelve, o ureter, a veia renal e os órgãos adjacentes. Os linfonodos regionais são acometidos frequentemente. Metástases sanguíneas ocorrem principalmente nos pulmões e no fígado. Na época do diagnóstico, com frequência já existem metástases, especialmente pulmonares. ASPECTOS CLÍNICOS E PROGNÓSTICOS Muitas vezes, a única manifestação do tumor é abaulamento e massa palpável no abdome, por vezes enorme, cruzando a linha média, acompanhada de dor abdominal, hematúria, hipertensão arterial e crise abdominal secundária a traumatismo com ruptura. Hematúria é encontrada em 20% dos casos; hipertensão arterial aparece em cerca de 70% dos pacientes, em alguns poucos casos associada a hiper-reninemia. Febre, anemia e leucocitose são comuns; mais raramente, pode haver policitemia devida à secreção de eritropoetina. Os exames de imagem mostram uma ou mais massas intrarrenais e são úteis na demonstração da extensão do tumor, no diagnóstico de lesões pequenas e na determinação de bilateralidade. O prognóstico depende da idade (melhor em crianças com menos de 2 anos), do estadiamento e, sobretudo, da intensidade da anaplasia nuclear, tendo menor significado o grau de diferenciação; não há relação com o tamanho do tumor. Com o emprego de terapêutica combinada (cirurgia, radioterapia e quimioterapia), inclusive nas recidivas, tem sido possível aumentar significativamente a sobrevida dos pacientes, a qual alcança mais de 5 anos em 90% dos casos. OBS: Presença de elementos heterólogos (osso, cartilagem, músculo esquelético ou epitélio escamoso) não são prognosticamente significativos OBS: Diagnóstico diferencial de massa abdominal nessa região do rim, em crianças: Tumor de Wilms e Neuroblastoma (é útil a pesquisa de ácido homovanílico e ácido vanilmandélico, que estão presentes na urina da maioria dos pacientes com neuroblastoma) NEOPLASIAS DA BEXIGA As neoplasias uroteliais (uroteliomas ou neoplasia de células transicionais) são as de maior importância, cuja clínica é caracterizada pela hematúria sem dor e pela urgência miccional A sua propedêutica inclui citologia, citoscopia e histopatologia NEOPLASIAS UROTELIAIS ETIOPATOGÊNESE I: Estase Urinária Ação mais prolongada de compostos cancerígenos II: Tabagismo III: Exposição Ocupacional Inalação de Aminas Aromáticas IV: Radioterapia V: Extrofia da Bexiga VI: Alterações Genômicas Neoplasias papilares: RAS, TP53 Neoplasias Planas: TP53, PTEN e RB OBS: Infecção por Schistosoma haematobium leva ao carcinoma escamoso NEOPLASIAS PAPILARES Papiloma Na maioria dos casos, o papiloma é solitário, embora haja exemplos de lesões múltiplas (papilomatose). Trata- se de tumor pequeno (0,5 a 2,0 cm), geralmente pediculado, formado por papilas delicadas e regulares que se projetam na luz vesical (papiloma exofítico); à cistoscopia, aparecem como algas flutuantes. Por contração da parede vesical, a lesão pode sofrer lacerações e hemorragia. Pequenos fragmentos do tumor podem se desprender e ser eliminados pela urina, juntamente com sangue. Histologicamente, a lesão é representada por papilas formadas por eixo conjuntivovascular delgado revestido por urotélio de espessura e orientação normais; as células são bem diferenciadas e ficam dispostas de maneira ordenada, de forma muito semelhante à disposição do urotélio normal. Não há invasão da parede vesical Uma vez ressecado, pode haver cura do papiloma ou recidiva Neoplasia Urotelial de Baixo Potencial de Malignidade Trata-se de lesão com baixo potencial de malignidade, constituída por papilas delicadas recobertas por células bem diferenciadas, anfofílicas a acidófilas, distinguindo-se do papiloma sobretudo pela maior espessura do urotélioe pelos núcleos aumentados, com nucléolos pequenos ou ausentes. Mitoses são raras e geralmente basais. Atipias são mínimas. Não há invasão. Como um todo, o aspecto típico do epitélio transicional fica mantido. À cistoscopia, a lesão é em geral maior do que o papiloma e muito parecida com o carcinoma. Recidiva após ressecção é pouco comum Carcinoma Urotelial Não Invasivo Sua clínica é caracterizada por hematúria indolor, lesão exofítica uni ou multifocal ou lesão endofítica (nodular) De Baixo Grau: Neoplasia urotelial não invasiva com atipias citológicas e arquiteturais discretas. Há recidiva de 50% e progressão em 10% dos casos De Alto Grau: Papilas com maior grau de fusão, perda de polaridade e atipias. Há recidiva de 60% e progressão de 25% Carcinoma Urotelial Invasivo Neoplasia maligna infiltrativa mais comum do trato urinário, cuja bexiga é a sede mais comum Sua clínica é caracterizada por hematúria micro ou macroscópica; e, em casos mais avançados, obstrução urinária e metástases Critério histológico importante para o diagnóstico: Infiltração das células neoplásicas na base do tumor ou no eixo conjuntivo das papilas Prognóstico: Ruim a partir do estágio pT2 OBS: pTA: Não invasivo; pT!: Invade o tecido conjuntivo, seja o da papila ou o adjacente (lâmina própria); pT2: Invade o músculo detrusor NEOPLASIAS PLANAS Causam hiperemia da mucosa Carcinoma Urotelial In Situ Nos casos típicos, o CIS apresenta-se como área de espessamento da mucosa, que é plana, aveludada e avermelhada, eventualmente erosada; com frequência, a lesão é multicêntrica. É limitado à espessura do urotélio (sem crescimento papilífero ou invasão) Microscopicamente, há graus variados de atipias celulares e hipercelularidade, em toda a espessura do epitélio ou em parte dela, perda da polaridade celular e atividade mitótica. As células são pequenas ou grandes, de limites imprecisos, sem coesão entre si e com pleomorfismo nuclear e nucléolos grandes. O aspecto citológico é, portanto, semelhante ao do carcinoma urotelial de alto grau. Tudo indica que o CIS é lesão precursora do câncer invasivo Infiltrado inflamatório e dilatação vascular na lâmina própria são comuns. O CIS surge após a quinta década e é assintomático ou manifesta-se com disúria, urgência miccional e hematúria eventual. São tratados inicialmente com RTU e uso tópico de BCG, mas 25% dos pacientes não respondem ao tratamento ou sofrem progressão OBS: Carcinoma Urotelial não invasivo na bexiga não é sinônimo de carcinoma in situ, uma vez que um é papilar e outro é plano
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