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Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Módulo 2 Sistema Genital Masculino e Patologia da Próstata Aspectos da Normalidade - Peso médio 20 gramas, próstatas com mais de 30 gramas tem algum processo patológico. Medida latero-lateral: 3,5 cm - Regiões anatômicas - Divisão em zonas → determinados processos que acometem a próstata tem preferência por determinada zona - Zona de transição → por dentro passa a uretra prostática (queixas urinárias) - Zona central → por dentro passam ductos ejaculatorios - Zona periférica → pedaço da uretra distal Obs: por contiguidade pode afetar bexiga e reto toque retal: aumentada? nódulo? consistência? - Lobos prostáticos: - lobo anterior - lobo lateral → ZT - lobo médio → ZT - lobo posterior → ZP - Grupos Glandulares - glândulas da mucosa e da submucosa ou grupo glandular interno → zona de transição - glândulas principais, propriamente ditas ou grupo glandular externo → zona periférica - Hiperplasia nodular da próstata - em volta da uretra → zona de transição - Adenocarcinoma - zona periférica, lobo posterior, grupo glandular externo - Histologia da Próstata - Número 2 → dois componentes → glândulas, estroma fibromuscular - Número 2 → duas células revestindo glândulas → células epiteliais colunares e na base tem células mais alongadas células mioepiteliais ou basais Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Fisiologia Normal da Próstata - Testosterona não consegue agir diretamente na próstata → quem age? hormônio que vem a partir da conversão da testosterona → quem faz a conversão? 5 alfa-redutase - DHT (di-hidro-testosterona) consegue ter ação sobre a próstata → modular proliferação do epitélio Hiperplasia Nodular da Próstata - Epidemiologia - Afecção mais comum da próstata - Frequência crescente com a idade - Topografia - Os nódulos hiperplásicos originam-se nos lobos laterais e médio a partir do grupo glândula interno (das glândulas mucosas e submucosas) ou na zona de transição - Lobos anteriores e posteriores não são comprometidos - Etiopatogênese - Ação de fatores de crescimento locais (produção local de fatores de crescimento, próprias células estimulam proliferação de constituintes normais) - Ação de fatores hormonais (DHT) → di-hidro-testosterona: resulta da conversão da testosterona pela enzima prostática 5α-redutase - DHT modula proliferação e função do epitélio glandular; pode aumentar proliferação de células estromais e diminuir apoptose das células epiteliais (células começam a ser renovadas sem que elas morram) - A medida que o indivíduo envelhece → tendência que ocorra queda dos níveis de testosterona → quantidade de estrógeno aumenta relativamente devido a queda da testosterona → aumento da expressão dos receptores para DHT nas células da próstata - OBS: - Inibidores da enzima são eficazes no tratamento - Estrógenos: aumento relativo nos idosos da expressão de receptores de DHT nas células prostáticas - Morfologia - Próstata aumentada de peso e volume (60 a 200g) → nao necessariamente a sintomatologia é proporcional ao volume da próstata - Formação de nódulos constituídos por glândulas hiperplásicas e estroma fibromuscular - Superfície de corte com nódulos de diferentes tamanhos, cores e consistência - Compressão da uretra (aspecto de fenda) - Nódulos nascem na zona transicional e periuretral, comprometendo lobos médio e laterais - Nódulos podem ter tamanhos variados, consistência variada, encontrados na zona de transição que abraça a uretra (uretra vira uma fenda, queixas urinárias) - Macroscopia - medida latero lateral → aumentada - volume aumentado - nódulos de tamanhos variados, uretra em fenda - buraquinhos: glândulas dilatadas - consistência esponjosa → mais glândula dilatada - Tratamento → ressecção transuretral da próstata → raspagem (bisturi elétrico inserido pela uretra → raspando a próstata por dentro) - Histologia - Proliferação de nódulos formados por glândulas e estroma - Algumas glândulas cisticamente dilatadas e outras ramificadas - Glândulas hiperplásicas e dilatadas, porém com arquitetura preservada, revestidas por dupla camada de células Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Glândulas hiperplásicas e dilatadas, porém com arquitetura preservada, revestidas por dupla camada de células Figura poderia ser de próstata normal: vê glândula e estroma, as duas camadas, manutenção arquitetura tecidual (depende do contexto), não sabe se está dentro de um nódulo - Evolução e complicações - Hiperplasia progressiva dos nódulos → compressão da uretra prostática → obstrução e retenção urinária - Bexiga de esforço → hipertrofia do músculos detrusor da bexiga - Retenção urinária aguda → urgência - Esvaziamento incompleto da bexiga → infecções urinárias, cálculo → constituintes da urina tem tempo para precipitar - Prostatismo/ manifestações do trato urinário inferior: polaciúria, noctúria, urgência miccional, jato urinário fraco, micção em 2 tempos - Refluxo vesicoureteral (urina da bexiga pro ureter, alteração da contratilidade do músculo da bexiga)hidroureter e hidronefrose → pielonefrite, exclusão renal Figura: músculo detrusor hipertrofiado (bexiga de esforço) - Hiperplasia dos lobos laterais e médio com compressão uretral e obstrução do óstio vesical → Bexiga de esforço → Estase urinária → Predisposição à formação de cálculos urinários Figura: Exame uretrocistografia miccional → contraste dentro da bexiga do paciente Se depois que a pessoa urinou → ureter, pelve renal contrastados → refluxo consequência a longo prazo: hidronefrose e hidroureter Adenocarcinoma da próstata - Epidemiologia - 3a causa de óbito por câncer em homens acima de 55 anos (ca de pulmão e colorretal) - Carcinoma clínico → manifestações clínicas - Carcinoma latente → assintomática, histológico, muito mais frequente que o clínico (só detecta do ponto de vista histológico, aumento de PSA) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Carcinoma oculto → carcinoma clínico cujas manifestações decorrem das metástases - OBS: câncer de próstata AMA dar metástase para OSSO! - Zona Periférica, lobo posterior - Maioria é assintomática; origem em sua maioria no lobo posterior e nas glândulas externas (zona periférica). - Manifestações relacionadas com o comprometimento da uretra podem faltar ou são tardias - Etiologia e fatores de risco - Idade: 20% aos 50 anos; 70% aos 70-80 anos (ca latente → sem manifestação clínica) - Hormônios– androgênios: estimulam crescimento do câncer prostático; estrógeno: < incidência (ex.:cirrose hepática) - Raça: negros > caucasianos > asiáticos (diferenças nos receptores de andrógenos; ca clínico) se considerar o latente, é igual em todas as populações - Fatores ambientais: dieta rica em gordura e carcinogênicos ( > risco); dieta rica em licopeno, vitamina D (protetores) - História familiar: um parente de primeiro grau (2x risco); dois parentes de primeiro grau (5 a 9x o risco) - Genética: 90% dos carcinomas abaixo dos 55 anos; amplificação de oncogenes (ex.: MYC); deleção de genes supressores tumorais (ex.: TP53) - Lesão precursora: neoplasia intraepitelial prostática (PIN-atipias nos epitélios dos ductose ácinos prostáticos, mas mantém as células basais): mesma topografia do câncer; observada junto com o câncer - Diagnóstico: 1 – Anamnese 2 – Exame físico (toque retal): nódulo endurecido 3 – Laboratório (PSA) antígeno prostático específico → não é específico do câncer de próstata, é específico da próstata 4 – Ultrassom (nódulo hipoecóico na zona periférica) → via transretal 5 – Biópsia → PADRÃO OURO - Outros biomarcadores (dosar pelo exame de urina → perspectiva para o futuro) - PCA3: RNA não codificante superexpresso em 95% dos cânceres de próstata. Pode ser dosado na urina de pacientes com suspeita de câncer de próstata devido a um PSA elevado - Fusão gênica TMPRSS2-ERG. Rastreamento urinário. Para aumentar a sensibilidade e especificidade - Exames importantes para a avaliação posterior: - Tomografia computadorizada ou RNM pélvica → ver se tem invasão de outras estruturas - Cintilografia óssea → metástase - Dosagem periódica de PSA para acompanhar evolução → quando tira a próstata tem que ser 0! É específico da próstata! - Dosagem de PSA+ fosfatase ácida prostática: elevados em quase todos os casos de metástases ósseas Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Refinar PSA - quando PSA sobe mais que 0,75 por ano → alterado - ajustado a idade → PSA de 3,8 em paciente de 30 anos com história familiar está alto - Morfologia - Nódulo mal delimitado em correspondência com a zona periférica da próstata, sólido, endurecido - Microscopia (nao tem mais o numero 2 → nao tem estroma e não tem célula mioepitelial) - Células epiteliais que se organizam formando glândulas justapostas / não tem célula mioepitelial - Pode ver nucléolo, figuras de mitose - Proliferação de glândulas pequenas e justapostas (“back to back”) - Filete nervoso e células epiteliais abraçando o nervo - Presença de nucléolo Pequenas glândulas neoplásicas em infiltração perineural - Hiperplasia → glandular cisticamente dilatadas, tamanho variado, estroma, glândulas ramificadas, células epiteliais e mioepiteliais revestem Câncer → X estroma, glândulas pequenas, células epitelial reveste glândula, nucléolo, invasão perineural (não é obrigatório que veja) - Graduação Escore de Gleason se baseia nos exames patológicos das células da próstata - escore 1 organizado Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - escore 2 - escore 3 - escore 4 - escore 5 mais agressivo, menos organizado, dedicado apenas a se multiplicar, mais área sólida → células epiteliais formando arranjo sólido!!! 2 notas → padrão predominante, padrão secundário Exemplo: - 70% tumor nota 3 + 30% tumor nota 4 = 7 - 80% tumor nota 4 + 20% tumor nota 3 = 7 (prognóstico pior) - 100% 5 (5+5) = 10 (maior que tem) - se tiver 3 números → escolher o que predomina e depois o pior número O sistema Gleason - Varia de 1 a 5, de acordo com o padrão histológico - Grau 1: tumores mais organizados, com maior formação de glândulas - Grau 5: tumores desorganizados, mais sólidos - Considera-se o padrão predominante e o secundário, além da soma final. Ex.: Gleason 3 + 4 = 7 - Correlaciona-se com estadiamento e prognóstico (quanto maior o gleason, pior o prognóstico) - Evolução - Infiltração local: uretra, bexiga, vesículas seminais - Infiltração da parede retal (tardia) - Metástases linfonodais (obturadores, hipogástricos, pré-sacrais, paraórticos) - Metástases hematogênicas à distância: ossos da pelve, vértebras torácicas e costelas - Há casos em que as primeiras manifestações da neoplasia se relacionam às metástases ósseas: dor ou fraturas patológicas - As metástases são osteoblásticas (produtoras de tecido ósseo) - enxergar mais branco que o osso adjacente. - Metástase biopsiada → célula epitelial, não é a célula epitelial que "faz osso". Ela estimula osteoblastos a produzir através da produção de alguns fatores. - Metástases pulmonares e hepáticas - Infiltração retal é mais tardia → fáscia que separa - Macroscopia: incontáveis nódulos → múltiplas metástases osteoblásticas nos corpos vertebrais Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Fatores prognósticos - Graduação (padrão arquitetural): escore de Gleason - Invasão capsular - Invasão vascular - Invasão de margens uretral ou vesical - Estadiamento Patologia Renal Anatomia Renal Linha pontilhada: divide córtex da medula - Peso no adulto = 150g - regiões cortical e medular - ápice das pirâmides → papilas → cálices → pelve renal - lobo renal: pirâmide + cortical adjacente - superfície externa: lisa, cápsula renal se descola com facilidade - Néfron: glomérulo + túbulo contorcido proximal + alça de Henle + túbulo contorcido distal - 1-2 milhões de néfrons em um rim - Chega no rim por ramos da artéria renal → capilares glomerulares → primeiro filtrado → deve ser preparado nos túbulos → entre capilares glomerulares e cápsula de bowman é o local onde cai o primeiro filtrado - Ductos coletores se abrem na papila → cálice menor → calice maior → pelve → ureter → bexiga → uretra → meio externo - Glomérulo: cápsula de Bowman + alças capilares + mesângio - cápsula de bowman → epitelio parietal, achatado - células mesangiais → matriz mesangial - sustentação alças capilares glomerulares - participar mecanismos imunológicos dentro dos glomérulos - camada única de células endoteliais - membrana basal glomerular - podócitos - Filtro glomerular = endotélio + membrana basal + podócitos Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Mecanismos que o filtro usa para barrar a substância: - moléculas grandes não passam → estruturas em conjunto, especialmente pelos podócitos - barreira de carga → membrana basal - microscopia glomerular → no córtex → parte clara: capilares → cápsula de bowman → espaço de bowman Patologia Renal Glomerulopatias - Síndrome Nefrítica Aguda - Início súbito de oligúria: pouca urina, menos de 400-500 ml dia, glomérulo inflamado, não está filtrando direito, volume retido no sangue → hipertensão - Hematúria e proteinúria discreta, edema discreto (hemácia e proteína que antes não passava, passa pelo filtro) - Perdendo proteína na urina → não consegue segurar a mesma quantidade de líquido dentro do vaso → edema discreto (palpebral, membro inferior) - Síndrome Nefrótica - Proteinuria maciça (>3,5 g / dia), hipoalbuminemia (<3 g/dl), edema grave, hiperlipidemia, lipidúria - Pode ter anasarca, derrame pleural, ascite, edema subcutâneo - Tentar compensar essa produção proteica que está sendo perdida → produz outras proteínas, dentre elas lipoproteínas → hiperlipidemia → lipidúria - Insuficiência Renal Aguda - Perda abrupta da função renal - Pode reverter ou evoluir para insuficiência renal crônica - Aumento gradual da ureia e creatinina - Oligúria ou anúria, queda súbita da função renal, acidose metabólica - Insuficiência Renal Crônica → 5 estágio da doença renal crônica (não é sinônimo de doença renal crônica → declínio da função renal que acontece em 5 estágios) - Declínio contínuo da função renal, HAS, ↑ creatinina e ureia, curso prolongado Glomerulopatias - Constituem importante grupo de doenças renais e podem ser primárias ou secundárias - Primárias = glomerulonefrites - Secundárias: lúpus, diabetes, anemia falciforme, … - Podem ser causas de transplante renal (exceto a GNDA) - Classificação: Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - de acordo com o acometimento glomerular - Difusas x Focais - Difusas → maioria dos glomérulos acometidos pela doença - Focais → < 50% afetados pela doença que estou observando - Globais x Segmentares- Globais → quando olha o glomérulo afetado → está todo acometido pela doença - Segmentares → parte dele afetada pela doença, ainda tem alças capilares intactas - Normalmente: difusas são globais e as focais são segmentares - Pode ter padrão focal e segmentar que evolui para global e difuso - Não necessariamente o padrão de acometimento difuso e global é o de pior prognóstico - Etiopatogênese - Mecanismos principais: 1) Depósitos de imunocomplexos circulantes nos glomérulos (imunocomplexo: antígeno ligado ao anticorpo) - Imunocomplexo formado no sangue - Imunocomplexo chega na alça capilar glomerular e podem ocorrer 2 possibilidades: → maioria das vezes: será depurado ou filtrado e vai embora com a urina → minoria das vezes: se liga a alça capilar glomerular → depende do tamanho do imunocomplexo, cepa da bactéria → ativa sistema complemento → resposta inflamatória → lesão do filtro - Ex.: lúpus, endocardite bacteriana, GNDA pós-estreptocócica (glomerulonefrite difusa aguda pós estreptocócica, cepa nefrogênica) 2) Formação in situ de imunocomplexos - Começa a reconhecer algo próprio seu como alterado - Imunocomplexo formado no glomérulo - Antígenos intrínseco (especialmente membrana basal) → sistema complemento → inflamação → lesa filtro - Antígenos incorporados (provenientes da circulação → pedaço de vírus, bactéria, imunoglobulina alterada) → imunocomplexo → sistema complemento → inflamação → lesa filtro - Mecanismos secundários: Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Lesão imune mediada por células (células T sensibilizadas → produção de citocinas → lesão glomerular e progressão de glomerulonefrites) - Ativação do complemento pela via alternativa (conjunto de proteínas que são ativadas em cascata → resposta inflamatória → afeta o filtro (glomérulo) → nao funciona direito) - Lesões Glomerulares: exsudação leucocitária e proliferação celular - Deposição de IC → alteração do filtro glomerular - Ativação do sistema complemento → liberação de mediadores químicos da inflamação aumento da permeabilidade vascular ↩ quimiotaxia e migração de neutrófilos (proteases) ↴ lesão de estruturas glomerulares - Lesões glomerulares básicas - Proliferação celular: epitélio visceral (podócitos), epitélio parietal (crescentes), endotélio, células do mesângio - Infiltrado inflamatório - Espessamento da parede capilar → espessamento da membrana basal, estruturalmente alterada (buracos), altera a carga elétrica da membrana basal, substâncias que antes não conseguiam passar, começam a passar - Esclerose e/ou Fibrose (citocinas com atividade fibroblástica) → função renal vai caindo - Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA) - Sinonímia: GN pós-estreptocócica ou GN pós-infecciosa - Aspectos clínicos - Início súbito de síndrome nefrítica aguda - oligúria - hematúria - proteinúria discreta - edema facial (discreto) - hipertensão arterial (discreta ou moderada) - Bom prognóstico, com resolução clínica e histológica (algumas alterações podem permanecer por meses) - Crianças e adolescentes (5 - 15 anos) - Adulto → prognóstico bom, mas é pior que nas crianças e adolescentes - Precedida de infecção das vias aéreas superiores ou da pele (piodermites) por Streptococcus β-hemolítico do grupo A - Há período de latência entre a infecção e o início do quadro renal = tempo necessário para se formarem anticorpos (garganta → 7-21 dias, pele → 14-28 dias) - Há ↑ sérico de ASO (anti-estreptolisina O) → teve infecção estreptocócica e ↓ complemento → gastando o complemento - Mecanismo: deposição de IC circulantes (principal) QP: olhinho inchado, xixi cor escura (hematúria) e ralo, HP de dor de garganta, perebinhas Não faz biópsia de rotina! - Macroscopia: rins aumentados, pálidos e com petéquias na superfície - Microscopia: hipercelularidade nos glomérulos (proliferação celular e células inflamatórias); depósitos subepiteliais nodulares com distribuição irregular: “humps” (mais visíveis à ME, corcova de camelo → imunocomplexo depositado) → IMG B Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Geralmente espera-se acometimento difuso e global, mas de prognóstico excelente! algumas alterações laboratoriais podem aparecer por alguns meses → tempo para o rim voltar a função normal Cilindros hemáticos no exame de urina = hematúria (hemácia passando pelos túbulos) cilindro → estrutura básica → proteína pegajosa excretada pelo túbulo → estrutura formada pelo o que descamou mais a proteína tubular → exame de urina → cilindro hemático (onde? origem? proteína está no túbulo! tem que ser uma hemácia que está "no alto") Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP, GN Crescêntica) Evolui rápido ("tempo é néfron") Crescêntica → proteinúria variável a nível nefrótico - Aspectos clínicos - Grupo de glomerulopatias que levam a insuficiência renal grave e com prognóstico desfavorável - Patogênese: associação com doenças sistêmicas, glomerulopatias ou idiopática; mecanismos imunitários (Ig e complemento nas lesões glomerulares) - Formação de crescentes em mais de 50% dos glomérulos → oclusão do espaço de Bowman, compressão, isquemia e fibrose glomerular - Insuficiência renal grave, oligúria ou anúria, aumento de ureia e creatinina, hipertensão arterial e edema periférico - Laboratório: hematúria, cilindros hemáticos e proteinúria variável - Microscopia - Mais escurinho → alças capilares - Não vê espaço de bowman - O fato de ter crescente não dá o direito de dizer que é glomerulonefrite crescente → precisa estar na maioria dos glomérulos (>50%), quanto mais crescente, pior o prognóstico - Crescente = fibroblasto, macrófado, célula do epitélio Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Crescente vai "crescendo"em direção a alça capilar glomerular → isquemia, necrose → tem fibroblasto no crescente → fibrose - Função renal vai caindo Mecanismos imunológicos imunocomplexos circulantes in situ Nefropatia por IgA (doença de Berger) - igA1 anômala → circular → glomérulo → deposita na região do mesângio → imunocomplexo → ativa complemento → inflamação → lesão filtro - IgA1 anômala circulando → igA1 + anticorpo no sangue (IgG) → depósito no mesângio → complemento → inflamação → lesão filtro - Mais comum em homens, entre 10 e 40 anos de idade - Depósitos de IgA nos glomérulos (mesângio) - Patogênese: resposta a estímulos antigênicos; genética - Pode ser secundária: hepatopatias, doença celíaca, artrite reumatoide, neoplasias, etc - Clínica (variada): hematúria recorrente, proteinúria, síndrome nefrítica aguda, síndrome nefrótica, IRA e IRC. Associação de hematúria com IVAS, infecções urinárias, do tubo digestivo e atividade física - mais frequente: hematúria recorrente - Prognóstico geralmente bom; 20% evoluem para IRC - Micro - Histologia: apresenta grande variabilidade; mais comum é a proliferação mesangial e expansão da matriz mesangial - Diagnóstico definitivo por imunofluorescência: depósitos de IgA no mesângio, de maneira difusa - se ficar fluorescente → + Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Glomerulopatia com lesões mínimas - Constitui a principal causa de síndrome nefrótica em crianças; proteinúria seletiva - Mais comum em crianças entre 2 e 6 anos, sexo masculino - Patogênese: fusão dos pés dos podócitos; mecanismos imunitários alteração da função de linfócitos T, produção de citocinas lesivas aos podócitos (associação com imunização prévia, infecções respiratórias, atopias, etc) O que acontece? Por algum motivo o organismo do indivíduo ativa os linfócitos T de uma forma alterada que vão produzir citocinas e lesar o glomérulo → agredir pés dos podócitos que vão desgrudar da membrana basal → gerar problema na membrana basal→ alterar carga elétrica da membrana - síndrome nefrótica → muita proteinúria - qualidade: - proteinúria seletiva → selecionando as proteínas pequenas (albumina) → problema na barreira de carga → glomerulopatia com lesões mínimas - proteinúria não seletiva → perdendo grandes e pequenas - Evolução e prognóstico favoráveis - Em 90% dos casos há remissão completa, espontânea ou após tratamento com corticoides ME: junção dos pés dos podócitos - Microscopia: Glomérulo normal à microscopia simples. Existem outros métodos para fazer o diagnóstico: microscopia eletrônica Glomeruloesclerose focal e segmentar (GFS) - Menos de 50% dos glomérulos, nao pega o glomérulo todo - Aspectos clínicos - Acomete crianças e adultos - Causa síndrome nefrótica ou proteinúria acentuada (habitualmente não seletiva): "urina espumosa" - Patogênese: variada; podocitopenia; mutação em genes que codificam proteínas estruturais dos podócitos. Múltiplos fatores que causam danos aos podócitos, levando sua redução absoluta e/ ou funcional, mutação em genes que codificam proteínas estruturais dos podócitos, fatores circulantes - Prognóstico ruim, com desenvolvimento de insuficiência renal. Adultos apresentam também HAS. - A sobrevida é maior em crianças do que em adultos - Pode haver recorrência da doença no rim transplantado (30%) - Encontrar fibrose de maneira focal e segmentar. Ao longo do tempo vai se tornando difusa e global Aspecto de fibrose segmentar: no glomérulo afetado, fibrose de apenas uma parte do “tufo” capilar → - Aspectos laboratoriais - Dosagens séricas e urinárias de proteínas e lipídeos: - Proteinúria maciça (urina “espumosa”): > 3,5 g/dia - Hipoalbuminemia: < 3,0 g/dl - Hiperlipidemia - Lipidúria Nefropatia membranosa - Causa frequente de síndrome nefrótica em adultos; homens; entre 40-60 anos - Depósitos de Igs ao longo da face subepitelial da membrana basal glomerular formação de projeções ou espículas (“spikes”) - Patogênese: formação in situ de imunocomplexos, por mecanismo desconhecido, formam-se autoanticorpos contra antígenos presentes na Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A membrana dos podócitos, na face subepitelial da membrana basal glomerular, com formação de projeções ou espículas ( "spikes") - Em 85 a 90% dos casos é idiopática - Pode ser secundária: lúpus, outras doenças autoimunes, infecções, uso de fármacos, tumores malignos - Clínica: instalação insidiosa e curso indolente; síndrome nefrótica com proteinúria refratária ao uso de corticoides; pode haver proteinúria não nefrótica Prognóstico muito variável - Histologia: - inicialmente normal; - com a evolução: espessamento - regular, global e difuso da parede dos capilares - espessamento global e difuso das alças capilares - impregnação pela prata: ver espículas (representam os imunocomplexos) Glomerulonefrite crônica GN esclerosante difusa – rim em estágio terminal É o estágio terminal de diversas glomerulonefrites - Clínica: insuficiência renal crônica, associada a HAS → IRC de instalação lenta e progressiva - Edema periférico, anemia progressiva, fenômenos hemorrágicos... - Achados histológicos indicativos de prognóstico ruim em glomerulonefrites: formação de “crescentes” glomerulares lesões vasculares e túbulo-intersticiais - Macroscopia: Rins contraídos glomeruloescleróticos: atrofia cortical difusa e aumento da gordura peri-renal. Superfície externa granular, superfície externa irregular com fibrose - Microscopia: esclerose global e difusa dos glomérulos IRC. Questão I- Na síndrome nefrótica há predisposição à infecção bacteriana → verdadeiro II- Na síndrome nefrótica há redução dos níveis séricos de IgG → verdadeiro III - Perde fator anti trombótico → pode haver predisposição de trombose → verdadeiro Doenças túbulo-intersticiais, uropatia obstrutiva, urolitíase Rim - Peso no adulto = 150g - Regiões cortical e medular (pirâmides renais) - Ápice das pirâmides → papilas → cálices → pelve renal Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Microscopia - Túbulo proximal: revestido por célula ampla e rica em mitocôndria (região que mais faz reabsorção), citoplasma amplo e róseo - Túbulo distal: citoplasma mais escasso, células menores Doenças Tubulares Necrose tubular aguda (NTA) → agressão! não é sempre que acontece necrose - Causa mais comum de insuficiência renal aguda (IRA) - Importância: reversibilidade da IRA com diálise e suporte hemodinâmico - Dois grupos: 1. NTA isquêmica (distúrbios hemodinâmicos- rins do choque, nefropatia vasomotora aguda, nefropatia tubular aguda isquêmica): lesões isquêmicas sem preferência por algum segmento tubular; nem sempre ocorre “necrose” (“agressão tubular aguda”) 2. NTA tóxica (lesão direta dos túbulos por agentes nefrotóxicos): atinge preferencialmente os túbulos proximais → utilização de alguma subst potencialmente tóxica para os rins - Distúrbios hemodinâmicos • Rins recebem 20 a 30% do débito cardíaco • Má perfusão sanguínea renal: causa mais importante de IRA (compartimento tubular costuma sofrer primeiro) • Redução do volume circulatório, falência da bomba cardíaca, vasoconstrição de artérias e arteríolas • Estado de choque (transtorno grave no volume circulante, na função cardíaca e/ou no tônus vascular): causa mais frequente de NTA • Outras causas: lesões nos vasos intrarrenais; lesões glomerulares, alterações do tônus vascular - Morfologia: 1. Macroscopia: rins de tamanho normal ou aumentado; palidez cortical 2.Microscopia: desaparecimento da borda em escova tubular; degeneração; desnudamento da membrana basal. Se necrose: picnose nuclear, cariólise e cariorrexe; túbulo dilatado, com epitélio achatado e cilindros granulares. Interstício pode ter edema e ii mononuclear Rins com palidez cortical; dilatação tubular, descamação do epitélio, perda da borda em escova, cilindros granulares Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Descamação de células necróticas na luz e/ou atividade regenerativa das células remanescentes. As células regeneradas podem ter núcleos volumosos, nucléolos evidentes, e citoplasma escasso e basófilo. Variação de tamanho dos núcleos entre células tubulares vizinhas é sugestiva de atividade regenerativa. Mitoses podem ser observadas. - Qualquer tipo de túbulo pode estar comprometido, áreas do túbulo em que nao ve célula (descamaram), celulas mais achatadas, alterações degenerativas - quando celula descama e cai na luz do túbulo pode grudar nas proteínas pegajosas que o próprio tubulo produz → CILINDRO GRANULAR (bolinha preta representa o núcleo de uma célula que descamou) distúrbio hemodinâmico → túbulos sofrem → degeneração, necrose (insuficiência renal aguda) → regeneração NTA Nefrotóxica - Rim: órgão muito vascularizado e importante na depuração de substâncias circulantes - Nefrotoxicidade: agentes químicos, medicamentos e outros produtos, biológicos ou não. (antibióticos, contraste) - Preferência pelos túbulos proximais: exercem reabsorção ativa - Alterações morfológicas variam de acordo com os agentes tóxicos e, na maioria das vezes, são inespecíficas - O efeito lesivo depende não só da ação direta do agente, como também de hipersensibilidade, fatores imunitários, hemólise, etc Obs: determinado momento da doença paciente pode evoluir com poliúria → dificuldade de concentrar urina lembrar que deve-se considerara característica do paciente (saudável X insuficiência renal) - Além das células necróticas descamadas na luz, em vários túbulos notam-se células com aspecto regenerativo. Posteriormente, as células necróticas são eliminadas na forma de cilindros, e as células regeneradas adquirem as características de células tubulares normais. - Células necróticas descamadas na luz tubular → como vai aparecer no exame de urina? cilindros granulares Pielonefrites - Infecções urinárias - Constituem importante grupo de doenças, por sua alta frequência e repercussões clínicas (só perde em frequência para infecção de via aérea - Infecção urinária: processo infeccioso que acomete qualquer parte da via urinária, dos rins à bexiga. Mais frequente em mulheres - Pielonefrite: inflamação renal quase sempre de origem bacteriana; acomete interstício, túbulos renais, cálice, pelve renal e ureter proximal Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Etiologia: bactérias gram-negativas (E.coli) 85% casos, imunossuprimidos: fungos, vírus e outros agentes específicos - Sinais clínicos: disúria, poliúria, polaciúria, febre - Patogênese → Vias de infecção - Os microrganismos atingem os rins por três vias: 1. Ascendente ou urinária: mais comum, iniciando-se pela colonização da uretra e bexiga por bactérias da pele adjacente, que se proliferam - uretra → bexiga - 1.1) acontecer nada - 1,2) cistite - 1.3) cistite → alterar contratilidade parede da bexiga → bexiga não está contraindo de forma eficaz e afeta o refluxo vesico-ureteral → urina subindo pelo ureter → chegar nos rins → pelve → calice maior → cálice menor → papila desemboca no calice menor (duto coletor se abre na papila renal) - ureter mais dilatado → hidroureter 2. Descendente ou hematogênica → bactéria chegando pela artéria renal 3. Linfática: conexão com linfáticos intestinais → conexão entre os linfáticos do intestino e do rim - Fatores de risco - Sexo: mulheres uretra curta (chega mais fácil) e mais próxima ao ânus , traumatismo em relações sexuais (primeiro ano de vida é mais frequente em meninos) - Gravidez: estase urinária ( progesterona torna todo o peristaltismo mais lento, metade da gestação pra frente tem o aumento do volume uterino gerando compressão e estase ) - Obstrução urinária (cálculo, tumor, hiperplasia prostática) estase: urina parada é meio propenso para bactéria proliferar - Procedimentos invasivos no trato urinário (ressecção transuretral, sonda) - Diabetes (problema metabólico, ao longo do tempo desenvolve alteração vascular e não consegue combater o agente da mesma maneira ) - Imunossupressão - Refluxo vésico-ureteral e intra-renal - Idoso homem após 60 anos: hiperplasia prostática OBS: - Refluxo vesico-ureteral → Incompetência da válvula vesicoureteral - ureter se insere na parede da bexiga de uma forma oblíqua, evitar refluxo - algumas pessoas nascem com o ureter implantado de forma perpendicular → facilita refluxo pois a válvula não é tão efetiva (pessoa com predisposição de ter pielonefrite desde sempre) - aumento da pressão urinária na pelve, cálice - mais chance de hidronefrose - mais chance de hidroureter - parênquima comprimido → isquemia → fibrose → perda de função Pielonefrite aguda - É a infecção purulenta do parênquima renal. - Aspectos clínicos: - Inicio súbito de sÍntomas: dor lombar (cápsula distendida) , febre alta, sinal de Giordano (não é específico), disúria, algúria, polaciúria - Evolução: - cura com tratamento - abscessos e sepse (imunossupressão) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - necrose papilar (diabéticos) - mecanismo: papila renal é a área menos perfundida do rim → paciente diabético menos perfundida ainda → isquemia + infecção predispõe uma necrose - recidivas (ex: pessoa que nasce com malformação de inserção do ureter) - Aspectos laboratoriais - Piúria, hematúria, cilindros purulentos (piócitos (pus) grudado na proteína tubular) Obs: já vimos - cilindro hemático (GNDA) - cilindro granular (necrose tubular aguda) - cilindro purulento (pielonefrite aguda) - Microscopia: lotado de polimorfonuclear dentro do túbulo (exame de urina: cilindro purulento) - Macro: áreas amareladas focos de pus, áreas de sangramento Área de cavitação e necrose com material purulento em abscesso renal secundário a pielonefrite aguda (forma ↵ mais complicada, acontece especialmente em imunossuprimido) - Necrose papilar: complicação de pielonefrite aguda: áreas brancas de necrose nas papilas renais em paciente diabético (prova: de o diagnóstico mais específico) Microscopia: nao tem só túbulo ao redor dos glomérulos, vemos hemácias, células inflamatórias Pielonefrite crônica - É a infecção renal crônica associada a fibrose e cicatrizes do parênquima, além de deformações do sistema pielo- calicial. (fibrose substituindo parênquima renal → diminuindo função renal do rim) - surtos de pielonefrite aguda de repetição (ex: cálculo) → pode acabar cronificando - É importante causa de IRC, podendo associar-se a rim em estágio terminal Pode ser: - Obstrutiva ( ex: cálculo) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Associada a refluxo vesico-ureteral (mais comum) → nasceu com problema e teve refluxo → precisa de surtos inflamatórios de repetição - Aspectos clínicos - Curso lento, evolução arrastada, diagnóstico tardio - Episódios anteriores de pielonefrite aguda - Cilindros hialinos → só proteína - Morfologia - O achado característico na macroscopia é a presença de cicatrizes renais (rim reduzido por retração) - Superfície externa grosseiramente irregular - Cicatrizes grosseiras, irregulares e profundas → Há redução de peso e volume do rim - Fases avançadas: rim em estágio terminal e IRC - Microscopia: Presença de infiltrado inflamatório crônico no parênquima tubular → mononucleares - Formação de cilindros hialinos nos túbulos, que estão atróficos → acúmulo de proteína tubular, róseo, amorfo, sem célula nenhuma - Rim assumir um aspecto histológico de pseutireoidizaçao Uropatia obstrutiva - Obstrução urinária aumenta a suscetibilidade à infecção e formação de cálculos - Comprimir via urinária: estase - Se não tratada, resulta em atrofia renal permanente: hidronefrose - Tratamento clínico ou cirúrgico - Causas mais comuns . Anomalias congênitas . Hiperplasia prostática ou carcinoma prostático . Papilas necróticas e coágulos desprendidos . Inflamação (uretrite, fibrose retroperitoneal...) . Cálculos e tumores . Gestação . Distúrbios funcionais (bexiga neurogênica, refluxo vésico-ureteral,...) - Obstrução súbita e completa: dilatação aguda das vias urinárias - Obstrução subtotal ou intermitente: dilatação progressiva vias urinárias (vantagem: descobrir com evolução de 2,3 meses, dá pra reverter) - Obstrução uretral: bexiga de esforço (trabeculações e divertículos) - Obstrução unilateral: pode ser assintomática - Obstrução bilateral: primeira alteração= tubular, com incapacidade de concentrar a urina Litíase obstrução → estase → predisposição infecção - Aspectos gerais - Doença frequente (5 a 10%), predomina em homens, início entre 20 e 30 anos, unilaterais (80 a 90%) - Há predisposição familiar (erros inatos do metabolismo, gota, cistinúria, hiperoxalúria primária) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Originam-se em qualquer nível da via urinária,mas a maioria surge nos rins; únicos ou múltiplos - Imagem: ultrassom e raio-x simples de abdome - Composição: matriz orgânica de mucoproteína (1 a 5% do peso) + porção mineral - Aspectos clínicos - Assintomáticos e descobertos pelas complicações - Sintomáticos: cólica nefrética → dor súbita de grande intensidade, com irradiação para a região inguinal; hematúria, náuseas/vômitos, disúria, … - Fatores predisponentes - ↑↑↑ concentração dos elementos constituintes (fosfato, ácido úrico, cálcio) - estase urinária - infecções urinárias - alterações do pH da urina - ↓↓↓volume urinário baixo de inibidores da formação de cristais (citrato, pirofosfato, nefrocalcina,...) - Morfologia: grande cálculo coraliforme nos cálices renais, com atrofia do córtex renal e áreas de fibrose associadas - Complicações: - Infecções urinárias recorrentes (incluindo pielonefrite), ulceração e obstrução - Hidronefrose: dilatação do sistema pielocalicial devido ao aumento da pressão urinária provocado por qualquer obstrução - Surge hipotrofia progressiva do parênquima renal - Prognóstico da hidronefrose: depende da causa da obstrução e do grau de atrofia e comprometimento da função renal - Doenças Renais Congênitas Hipoplasia Renal - Rara - Rim pequeno, com 5 ou menos pirâmides (menos de 5 cálices ou papilas) - Geralmente unilateral - Quando bilateral = IR precoce - Associada a outras anomalias em pelve, ureter ou vasos renais Rim em Ferradura - Anomalia relativamente comum (1:500 a 1:1000) - Geralmente pólo inferior (90%) e assintomática - Anomalias da pelve, ureteres e vasos (associações frequentes) → Anomalias de Vasos e Ureteres - Duplicações, atresias, agenesias› - Artérias acessórias são relativamente comuns (25 a 50% das autópsias) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Doenças Renais Císticas Doença Policística Autossômica Recessiva (Rim Policístico Infantil) - Doença rara, hereditária, autossômica recessiva - Sempre bilateral, causando morte por insuficiência renal - Associada a defeito do gene PKHD1 → fibrocistina - Manifestação perinatal, neonatal e infantil ou juvenil - Associação: fibrose hepática congênita com hipertensão portal - Macroscopia: - Rins volumosos, porém com forma normal - Rins com aspecto esponjoso ao corte - Pequenos cistos enfileirados em disposição radial na cortical e medular - Dilatação dos túbulos coletores Doença Policística Autossômica Dominante (Rim Policístico Adulto) - Doença hereditária autossômica dominante; bilateral - Deficiência de policistinas (PKD1 em 85%; PKD2 e PKD3): deficiência na proliferação e diferenciação do epitélio tubular; modificações da matriz extracelular e secreção de fluidos cistos 1:500 a 1:1000 nascidos vivos (5% a 10% dos casos de insuficiência renal crônica dependente de diálise ou transplante) - Exames de imagem (TC): eficazes no diagnóstico - Manifesta-se após a 4a década: hematúria, proteinúria discreta, poliúria, IR progressiva, HA e suas complicações - Doença hepática policística em 1/3 dos casos (geralmente assintomática) - Aneurismas do polígono de Willis 10% a 30% dos casos - Prolapso de valva mitral em certos casos (geralmente assintomática) - Mortalidade: cardiopatia isquêmica ou hipertensiva, infecção, ruptura aneurisma cerebral - Morfologia: - Rins aumentados de volume (alguns casos com mais de 1500g ou mais) - Cistos em todo o parênquima, com diâmetros variados (alguns acima de 4-5 cm); - Rins policísticos e policromáticos - Cistos originados em qualquer setor do néfron (inclusive cápsula de Bowman) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Cisto Renal Simples (Solitário) - Cistos muito frequentes, especialmente em idosos - Patogênese: divertículos tubulares adquiridos, originados de pontos de enfraquecimento da membrana basal - Únicos ou múltiplos, quase sempre corticais - Geralmente pequenos (1 a 4 cm) - Parede delgada, com superfície interna lisa ou finamente trabeculada - Assintomáticos, sem significado clínico (raramente infecção, compressão, hemorragia e dor) - Diagnóstico diferencial com carcinoma renal Doenças Vasculares Renais Hipertensão arterial Forma de evolução da hipertensão - Hipertensão benigna - Grande maioria dos casos - Cifras tensionais não são muito elevadas (diastólica abaixo de 110 mmHg) - Complicações graves são tardias - Longa sobrevida - Pode ter alterações em órgãos alvo → coração, rins, retina (exame extremamente importante → espelho do resto dos órgãos), SNC (demoram décadas → longa sobrevida) - Hipertensão maligna - Minoria dos casos (5%) - Cifras tensionais são muito altas (sistólica > 200/220, diastólica > 110) - Complicações graves são comuns e precoces - Sobrevida curta: meses ou poucos anos - Mais comum em negros OBS: Hipertensão (origem, causa) - primária: multifatorial, genética - secundária: causa orgânica, ex: tumor na adrenal que produz catecolamina, potencialmente curável Nefroesclerose Vascular Benigna É o comprometimento renal causado pela hipertensão arterial benigna Deposição de material amorfo e hialino na parede dos vasos, aumenta espessura, luz diminuída, leva a isquemia, aumenta RVP, hipertensão Esclerose das arteríolas renais e das pequenas artérias ↓ - isquemia focal do parênquima; manutenção do estado hipertensivo; insuficiência renal com uremia são incomuns (mais comum se afrodescendentes, doença prolongada ou com outra doença associada) - Rins de tamanho reduzido, com granulação fina na superfície (cicatrizes subcapsulares, atrofia tubular, alteração glomerular e intersticial) - Hialinização e espessamento da parede das pequenas artérias e arteríolas, com estreitamento do lúmen (arterioloesclerose hialina; hialinose intimal) - Hipertrofia medial, reduplicação da lâmina elástica e aumento do tecido miofibroblástico na íntima das artérias interlobulares e arqueadas (fibroelastose) - Morfologia: rim de tamanho reduzido (menos que 12 cm), com granulação fina na superfície (isquemia do parênquima → pequenas áreas de fibrose) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Microscopia: Parede de arteríolas e pequenas artérias espessadas, duplicação da lâmina elástica do vaso (fibroelastose). Hialinização e espessamento da parede das pequenas artérias e das arteríolas (arterioloesclerose hialina) - Material amorfo e hialino que está espessando a parede → proteínas do próprio plasma Nefroesclerose Vascular Maligna - Comprometimento renal na hipertensão maligna ou na fase maligna (acelerada) de hipertensão por qualquer causa - Mais comum em indivíduos mais jovens, do sexo masculino e da raça negra - Até 5% dos casos de HAS - Pressão diastólica elevada (> 120 mmHg), retinopatia hipertensiva acentuada, hemorragias do sistema nervoso central, infarto do miocárdio e insuficiência renal grave - Macroscopia: Rim de tamanho normal (se não houver HA prévia), com petéquias na superfície → pontos hemorrágicos distribuídos pela superfície, que é lisa → não há tempo para redução renal! - Microscopia: necrose fibrinóide das arteríolas e arterioloesclerose hiperplásica nas arteríolas, artérias interlobulares e arqueadas - Acentuado espessamento fibroso concêntrico da parede e redução da luz: fibrose em “casca de cebola” (arterioloesclerose hiperplásica- arteríolas, artérias interlobulares e arqueadas).OBS: comparação entre as duas alterações microscopicamente: . Paciente que tinha a hipertensão benigna e evoluiu para a maligna . Superfície externa finamente irregular com petéquias . Rim de volume reduzido Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Neoplasias Renais Carcinoma de células renais - Sinônimo: hipernefroma, adenocarcinoma renal - Epidemiologia - Representa 80% das neoplasias renais - Sexo masculino, pico na 6a década de vida - O tabagismo é o principal fator de risco - Pode ser: - esporádico (mais comum) → mutações ao acaso - hereditário (associado a síndrome de Von Hippel-Lindau; tumores múltiplos) - Aspectos clínicos - Sinais clássicos: hematúria, dor e massa palpável → são tardios e só aparecem em 10% dos casos → indicam tumor em fase avançada (tumor "danado") - A maioria permanece assintomática por longo tempo, retardando o diagnóstico - Diagnóstico precoce: depende de exames de imagem - “Simulador”: produz sintomas gerais e inespecíficos - síndromes paraneoplásicas: hipercalcemia, anemia, disfunção hepática, leucocitose. - Evolução e prognóstico → dependem de : - tamanho do tumor (quanto maior, pior) → número 7 (até 7 cm → estadio 1, maior que 7 cm → estadio 2) - lesões múltiplas - invasão da veia renal - invasão da gordura perirrenal - metástases (tudo isso estreitamente relacionado com o estadiamento) - Grande tendência em produzir metástases: pulmões, ossos, linfonodos, fígado, adrenais e cérebro - Macroscopia: tumor localizado nos pólos renais, esférico e de tamanho variado, cor amarelada → células que proliferam no tumor costumam ter glicogênio e lipídios no citoplasma , com áreas de hemorragia e necrose - Tumor habitualmente se localiza em um dos polos renais - Qual célula dá origem ao tumor? Células tubular do rim Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Microscopia: carcinoma de células claras é o principal tipo: células grandes, com citoplasma claro por conter lipídios e glicogênio, núcleo pequeno, áreas hemorrágicas - Não tem atipia Tumor de Wilms Sinônimo: nefroblastoma - Epidemiologia: 13% das neoplasias abaixo de 15 anos de idade - Acomete crianças entre 6 meses e 6 anos de idade - Pico: 2 – 4 anos - Pode ser: - esporádico (mais comum) - associar-se a outras síndromes e malformações congênitas variadas, com possível predisposição genética Gene WT-1: gene supressor de tumor - Aspectos clínicos - Abaulamento e massa palpável abdominal, por vezes enorme, cruzando a linha média e atingindo a pelve - Dor abdominal, hematúria, HAS (70% dos casos) - Febre, anemia e leucocitose - Metástases: linfonodos, pulmões e fígado - Prognóstico Muito variável, depende de vários fatores: - estadiamento: infiltração de outros órgãos, bilateralidade, metástases - idade: melhor em crianças com menos de 2 anos - grau de atipias das células = anaplasia = muito importante para avaliar a resposta do tumor ao tratamento - resposta ao tratamento combinado Não há relação entre o tamanho do tumor e o prognóstico ( o que importa é se é uni ou bilateral) - Macroscopia: - IMAGEM 1: Tumor volumoso, ocupando quase todo o rim, único e unilateral em 80% dos casos. Na maior parte dos casos, há extensão extra-renal para veia renal e tecidos adjacentes. Tem cor branco-acinzentada. - IMAGEM 2: Tumor volumoso, ocupando quase todo o rim, único e unilateral em 80% dos casos. Na maior parte dos casos, há extensão extra-renal. Há áreas de hemorragia e necrose. - Microscopia: - Proliferação de células pequenas de padrão embrionário que lembram estruturas renais fetais. É muito importante analisar o grau de anaplasia dessas células. Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - 3 elementos (trifásica) → forma clássica → componente epitelial (estruturas arredondadas que lembram os túbulos renais primitivos) componente blastematoso (células difusamente hipercoradas), componente estromal (áreas mais claras que lembram tecido conjuntivo) Neoplasias da bexiga - Câncer de bexiga: importância epidemiológica - Tumores de maior importância: neoplasias uroteliais (uroteliomas ou neoplasia de células transicionais) → células do epitélio de revestimento das vias urinárias - Neoplasias isoladas ou múltiplas, podendo atingir vários componentes das vias urinárias Neoplasias da Bexiga - Neoplasias Uroteliais - 90% dos tumores primários da bexiga, ureter e pelve renal - Na bexiga, mais de 80% dos casos ocorrem após 50 anos - Homem:Mulher - 3 a 4 : 1 - Etiologia: - Bexiga: exposição a um grande número de substâncias, muitas vezes de forma concentrada → bexiga abriga a urina que é um líquido concentrado , exposta a carcinógenos - Tabagismo: produtos da combustão do tabaco e excreção urinária aumentada de metabólitos do triptofano - Exposição ocupacional (indústria petroquímica, borracha, corantes): produtos de oxidação de certas aminas aromáticas - Drogas: ciclofosfamida e fenacetina - Infecção pelo Schistosoma haematobium: carcinoma de células escamosas (não no nosso meio) - Estase urinária e infecção crônica (mais tempo de contato com a subst carcinogênica) - Defeitos genômicos: inatividade dos genes p53 e RB - Quadro clínico: hematúria sem dor (principal sintomatologia), em geral macroscópica e durante toda a micção, urgência miccional (redução da capacidade vesical) - Nao vai ter cilindro hemático! - Tendência a recidivas (50 a 70% nos carcinomas) - Propedêutica: citologia, cistoscopia (tipo uma endoscopia da bexiga, da pra enxergar a lesão), histopatológica - Divisão: - Papiloma (Benigno) - 1 a 2% dos tumores vesicais - Indivíduos mais jovens - Em sua maioria solitário, pequeno e pediculado - Pode sofrer lacerações e hemorragia - Microscopia: Papiloma: papila com eixo conjuntivo-vascular cheio de vasos; células epiteliais monomórficas, com arranjo regular (manutenção da polaridade). Não há invasão da parede vesical - Algumas projeções podem ser traumatizadas → traumatizar vaso → hemorragia → hematúria - Células uroteliais → origem Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Neoplasia urotelial de baixo potencial de malignidade - Lesão com baixo potencial de malignidade - Papilas delicadas, com maior espessura do urotélio e núcleos aumentados - Não há invasão - Carcinoma de Células Transicionais - 90% de todas as neoplasias da bexiga - Tumor solitário ou multifocal - Critério histológico importante para o diagnóstico: infiltração das células neoplásicas na base do tumor ou no eixo conjuntivo das papilas - Prognóstico depende mais do estadiamento lesão volumosa, vegetante, áreas hemorrágicas, áreas necróticas Qual o tumor de bexiga mais frequente? carcinoma urotelial
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