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Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

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Os preceitos fundamentaos da Constituição na jurisprudência do STF
A própria Constituição Federal Brasileira promulgada em 05 de outubro de 1988, traz em seu conteúdo elementos que permitem o controle do cumprimento de suas normas bem como a proteção ao seu texto. A importância também em dar efetividade ao seu conteúdo, limitando o abuso de poder e estabelecendo as diretrizes para que seja um patrimônio jurídico e social de todos.
Para tanto, a Constituição da República de 1988 trouxe uma inovação em detrimento das anteriores, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental do Sistema Jurídico Brasileiro (ADPF), ampliando o controle de constitucionalidade.
A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) foi instituída pela emenda n.º 03 de 1993, nela houve um acréscimo de parágrafos ao artigo 102 da CF e a ADPF passou a ser tratada em seu artigo 102, §1º. Ela é regulamentada pela Lei n.º 9.882 de 1999.
A Lei n.º 9.882, de 03 de dezembro de 1999, foi aprovada para controle de normas no Brasil, disciplinando instrumentos processuais destinados ao controle da constitucionalidade. Esta lei veio estabelecer os contornos normativos da ADPF. (MENDES, 2009)
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é uma espécie de controle concentrado no STF, que visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição em virtude de ato do Pode Público ou controvérsia constitucional em relação à lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusive os anteriores à Constituição. (FERNANDES, 2011).
Não há no âmbito jurídico e doutrinário uma definição exata do que seria um preceito fundamental. O conceito de preceito fundamental não foi definido pela Constituição Federal e nem pela Lei n.º 9.882/99, o que por sua vez demanda para a doutrina, especialmente ao STF a definição do que seria um preceito fundamental.
Para MORAES os preceitos fundamentaia englobam os direitos e garantias fundamentais da Constituição, de forma a consagrar maior efetividade às previsões constitucionais.
SARMENTO diz que o legislador agiu bem ao não arrolar taxativamente quais, dentre os dispositivos constitucionais, devem ser considerados como preceitos fundamentais, isso acarretou em uma maior maleabilidade à jurisprudência. Por fim, caberá ao STF definir tal conceito sempre baseando-se na consideração do dado axiológico subjacente ao ordenamento constitucional. Já ROTHENBURG diz que somente a situação concreta, no momento dado, permitiria uma adequada confiuração do descumprimento a preceito fundamental da Constituição. (ALMEIDA, 2004)
Segundo TAVARES, considera-se fundamental o preceito quando o mesmo apresentar-se como imprescíndivel, basilarou inafastável. 
Em um definição doutrinária e jurisprudencial, os preceitos fundamentais são entendidos como aquelas normas materialmente constitucionais que fazem parte da Constituição formal, são matérias típicas fundantes do Estado e da Sociedade alocadas no texto constitucional.
Atualmente não há quais seriam efetivamente essas matérias, mas o STF vem construindo, cotidianamente, um rol aberto, sempre em um permanente fazer dos preceitos. Elencam-se neste rol exemplificativo e aberto os seguintes artigos: 1º a 4ª; 5º; 6º; 14, 18, 34, VII; 60 § 4º, 170, 196161, 220162, 222163 e 225164 da CR/88. (Fernandes, 2001)
Segundo FERNANDES há duas correntes sobre o que seria os preceitos fundamentais. Para a primeira corrente não existem preceitos fundamentais diferenciados na Constituição de outras normas constitucionais, toda a Constituição é um preceito fundamental. A segunda corrente afirma que que há preceitos fundamentais que se diferenciam de outras normas constitucionais, embora a Constituição ser uma norma fundamental, nela há normas que não devem ser entendidas como preceitos fundamentais. Esta última corrente é o pensamento adotado pelo STF.
Portanto, o conceito de preceito fundamental será dito pelo próprio STF.
A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é dividida em duas espécies: Autônoma ou Direta, visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição resultante de ato do Poder Público; Incidental, visa evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição em virtude de controvérsia constitucional em relação à lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusive anteriores à Constituição. Apesar das duas espécies, a ADPF é uma ação, o legislador não distinguiu dentro da lei, quando estariamos diante de uma ação autonôma ou incidental. (FERNANDES, 2011)
Para ajuizar a ADPF no STF, deverão ser atendidos os seguintes requisitos: indicação de preceito fundamental violado; indicação do ato do Poder Público; prova da violação; pedido e demonstração de controvérsia judicial relevante. A ADPF também incorre o princípio de subsidiriedade, onde o relator só receberá a ADPF se não houver outro meio apto a neutralizar a situação de lesividade que emerge dos atos impugnados, portanto, não será reconhecida se houver outro meio de sanar a lesão.
Mesmo com a regulamentação dada pela Lei n. 9882/99, não foi dado amplo entendimento e efetividade para utilização desse instrumento. Com o seu advento houve a necessidade de maior participação do STF, em seu papel de interprete último da Constituição, que se configurou como órgão competente para o julgamento da ADPF.
Dessa forma, podemos entender que preceito fundamental trata-se de um conceito abstrato, sendo a finalidade dos instrumentos de controle da constitucionalidade, impelir que o poder do Estado incorra em erros ou atos que atentem contra a sociedade. Ele funciona como uma regra ou príncipio tornando-se um mecanismo para que o cidadão, em determinado circunstância, exerça ou assegure o exercício de um direito constitucional, cuja ressponsabiliade em defini-lo caberá ao STF. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Dayse Coelho de. Artigo: O que são os preceitos fundamentais garantidos pela ADPF?; 17/setembro/2004; www.boletimjuridico.com.br/home/doutrina/DireitoConstitucional
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro, Editora Lumen Juris, 2011. 
MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional. São Paulo, Editora Saraiva, 2009.

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