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11
Alexandre Barbosa Câmara de Souza
CLÍNICA MÉDICA VI
OBESIDADE E SÍNDROME 
METABÓLICA
2
SUMÁRIO
OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1. Fisiologia e fisiopatologia do ganho de peso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1. Estímulo orexígeno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2. Estímulo anorexígeno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3. Sinalizadores de estoque de gordura periférica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2. Obesidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1. Avaliação do excesso de peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2. Etilogias da obesidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3. Síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.1. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.2. Critérios diagnósticos de síndrome metabólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.3. Manejo da síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Mapa mental . Obesidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3
O QUE VOCÊ PRECISA SABER?
 u Os critérios diagnósticos da síndrome metabólica variam conforme a diretriz, mas, em geral, os seguintes 
parâmetros são levados em conta:
 u Aumento da gordura abdominal/visceral avaliada por meio da medida da cintura.
 u Redução do HDL-colesterol.
 u Aumento do triglicerídeos.
 u Aumento da pressão arterial e/ou uso de anti-hipertensivos.
 u Aumento da glicemia (pré-diabetes/diabetes mellitus tipo 2 e/ou uso de antidiabéticos).
 u Atenção: os critérios não levam em conta os níveis de colesterol total, colesterol LDL, assim como outros 
marcadores de resistência insulínica, ácido úrico, insulina, esteatose hepática e peso.
1. FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA 
DO GANHO DE PESO
Sabemos o quanto pode ser chato estudar fisiologia, 
mas não se preocupe! Seremos sucintos e passa-
remos o que realmente é necessário para que você 
entenda sobre a regulação da fome e da saciedade.
1 .1 . ESTÍMULO OREXÍGENO
Por que será que depois daquele plantão pesado 
sentimos tanta fome? Agora você vai entender o 
motivo!
1 .1 .1 . SINALIZAÇÃO PERIFÉRICA
Inicialmente, a culpa da fome é da grelina, um hor-
mônio produzido pelo fundo gástrico quando o 
estômago está vazio. Ele sinaliza ao hipotálamo 
a ausência de comida, ativando a sensação de 
fome. No momento da chegada do alimento ao 
fundo gástrico, a distensão do estômago suprime 
a produção da grelina.
A grelina é o único hormônio produzido fora do sis-
tema nervoso central que tem a função de sinalizar 
o aumento do apetite. 
 DICA  Alguns tipos de cirurgia bariátri-
ca envolvem a retirada do fundo gástrico 
(sleeve) e, com isso, podem reduzir a produ-
ção de grelina, promovendo, dessa forma, 
um mecanismo adicional de saciedade. O 
balão gástrico também promove a disten-
são gástrica, fazendo com que uma menor 
ingesta alimentar já seja capaz de inibir a 
grelina.
1 .1 .2 . SINALIZAÇÃO CENTRAL
A grelina não age sozinha. Na verdade, ela é o men-
sageiro que ativa os neurônios de primeira ordem 
do núcleo arqueado produtores de AgRP (peptídeo 
relacionado ao Agouti) e NPY (neuropeptídio Y). 
Estes enviam impulsos para ativar os neurônios de 
segunda ordem do núcleo lateral do hipotálamo, 
que liberam orexina, hipocretina (substâncias que 
estimulam o apetite) e o hormônio concentrador de 
importância/prevalência
OBESIDADE E SÍNDROME 
METABÓLICA
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
4
melanina (MCH), o qual também estimula a fome e 
reduz a termogênese.
1 .2 . ESTÍMULO ANOREXÍGENO
Depois de tantos hormônios pedindo para você 
comer, não tem jeito, você compra aquela “nutritiva 
coxinha + chocolate pós-plantão” e torce para que a 
sinalização anorexígena funcione e não tenha que 
repetir a dose… agora, vamos entender o que vai 
acontecer com seus hormônios.
1 .2 .1 . SINALIZAÇÃO PERIFÉRICA
[ BASES DA MEDICINA
Quando o alimento entra no organismo, ele ativa uma série 
de hormônios no estômago, intestino, tecido adiposo, 
fígado, pâncreas, sangue etc. Esses hormônios informam 
ao hipotálamo que há comida no corpo, que pode ativar 
os estímulos para saciedade.
Os principais estímulos anorexígenos são:
 u Intestinal (produzidos pelas células L do íleo e 
do cólon, a partir da chegada de alimentos nes-
sa porção do intestino): peptídeo semelhante ao 
glucagon 1 (GLP1), peptídeo YY, colecistoquinina 
e oxintomodulina.
 u Pancreático: insulina, amilina e polipeptídeo 
pancreático.
 u Adiposo: leptina — esse hormônio é proporcional 
à quantidade de tecido adiposo do indivíduo. Por 
isso é maior em mulheres do que em homens, 
maior em obesos e é reduzido em situações de 
anorexia ou privação energética. Ele representa 
o estoque de gordura, sendo o principal sinaliza-
dor periférico de adiposidade, responsável por 
informar ao hipotálamo os estoques energéti-
cos corporais.
É muito comum que, ao acabar de ler essa infor-
mação, você se questione: “Se obesos têm maio-
res níveis de leptina e insulina, por que eles não 
possuem maior nível de saciedade?". Apesar dos 
níveis elevados dos hormônios anorexígenos, ocorre 
resistência central à leptina e à insulina, ou seja, 
elas não agem adequadamente.
1 .2 .2 . SINALIZAÇÃO CENTRAL
[ BASES DA MEDICINA
Agora que a periferia sinalizou a presença de alimento, 
essas mensagens serão somadas e integradas no hipo-
tálamo com as informações dos centros cerebrais cor-
ticais, como visão, olfato, paladar, memória e sistema 
de recompensa, para definir como ficará a fome (isso 
explica o “espaço” para a sobremesa que sempre surge 
depois da refeição, mesmo que você já esteja satisfeito).
Quando o hipotálamo é avisado pela sinalização 
periférica para reduzir a sensação de fome, a via 
anorexigênica é “ligada” por meio da ativação do 
núcleo arqueado produtor de POMC/CART (pró-o-
piomelanocortina/transcrito regulado pela cocaína 
e anfetamina), que são considerados neurônios de 
primeira ordem e que inibem a via orexigênica do 
NPY/AgRP, ou seja, reduzem a fome.
 DICA  Você não leu errado — CART sig-
nifica “transcrito regulado pela cocaína e 
anfetamina”, esse é o motivo que um dos 
efeitos do abuso dessas drogas é a perda 
de peso, o problema é que existem vários 
outros problemas, além do potencial de 
dependência...
Além disso, temos ação termogênica por meio do 
CART (não é à toa que é regulado pela cocaína e 
anfetamina…) e dos neurônios de segunda ordem, 
que sintetizam e liberam hormônios catabólicos, 
como a ocitocina e o hormônio liberador de tireo-
trofina (TRH), aumentando a termogênese e o gasto 
metabólicoapós as refeições.
 DICA  Quer dizer que os estados pós-ali-
mentares aumentam a termogênese?! En-
tão o ideal é comer de 3/3 horas para ati-
var o metabolismo e perder peso? Errado! 
Esse incremento não compensa a caloria 
ingerida do alimento.
A partir da POMC, formam-se:
Cap. 1
5
Obesidade e síndrome metabólica
 u Hormônio liberador de corticotrofina (CRH).
 u Beta-endorfina: liga-se a receptores opioides do 
hipotálamo e causa uma sensação prazerosa, 
provocando reforço positivo após a ingestão do 
alimento.
 u Hormônio estimulador de melanócito alfa (alfa-
-MSH): ativa os neurônios de segunda ordem, 
que expressam os receptores de melanocortina 
3 e 4 (MC3R e MC4R) e que levam à sensação 
de saciedade.
 DICA  Questões desse assunto costu-
mam cobrar a identificação de quais 
hormônios são orexígenos e quais são 
anorexígenos. Realmente parece di-
fícil memorizar tantos hormônios no-
vos, mas vamos facilitar: sabe aquele 
personagem do seriado “Chaves” com 
obesidade, o “Grande NHO NHO”? Lem-
bre-se dele para não esquecer mais os 
hormônios relacionados ao aumento 
de apetite. Como assim?! O mnemô-
nico dos hormônios orexígenos está 
nas letras em destaque: G – Grelina; N 
– Neuropeptídeo YY; H – Hipocretina; 
e O – Orexina. Sabendo que esses hor-
mônios são orexígenos, pode marcar 
que todos os outros que eventualmen-
te podem aparecer na sua prova são 
ANOREXÍGENOS.
1 .3 . SINALIZADORES DE ESTOQUE 
DE GORDURA PERIFÉRICA
1.3.1. ADIPONECTINA
É um hormônio produzido exclusivamente pelo 
tecido adiposo; no entanto, suas concentrações 
são inversamente proporcionais à quantidade de 
tecido adiposo visceral. Mas por que? Isso ocorre 
porque as citocinas inflamatórias TNF-alfa e a IL6, 
produzidas pelo tecido adiposo visceral, inibem 
sua síntese.
Ela é, praticamente, um hormônio perfeito, pois 
possui função metabólica protetora:
 u Reduz resistência à ação da insulina.
 u Tem efeitos anti-inflamatórios e anti-aterogênicos.
 u Melhora o perfil lipídico: reduz os triglicerídeos.
 u Efeito anti-aterogênico: aumenta o óxido nítrico 
e a vasodilatação e reduz o estresse oxidativo.
1 .3 .2 . RESISTINA
É sintetizada pelos macrófagos e pelas células infla-
matórias humanas. Como o próprio nome diz, ela 
está relacionada à resistência à insulina e, portanto, 
associada a um ambiente inflamatório, diabetes e 
síndrome metabólica.
1 .3 .3 . INTERLEUCINA-6 (IL6)
Produzida especialmente pelos adipócitos viscerais 
(responsáveis por um terço do IL6 circulante), está 
aumentada na obesidade e na resistência à insu-
lina. Inibe a oxidação de ácidos graxos e a ação da 
lipoproteína lipase e piora a resistência insulínica, 
aumentando os níveis de glicose e triglicerídeos. 
Além disso, aumenta a produção das proteínas de 
fase aguda da inflamação e reduz a adiponectina. 
Junto com a resistina, são os sinalizadores “do mal”.
 DIA A DIA MÉDICO
Algumas situações clínicas podem cursar com resistên-
cia insulínica e SM, sem obesidade. As principais são as 
lipodistrofias (perda da gordura subcutânea), que podem 
ser totais (Berardinelli Seip) ou parciais (relacionadas 
ao uso de antirretrovirais, principalmente inibidores de 
protease e da transcriptase reversa). Nessas situações, 
a resistência insulínica dá-se pela diminuição do tecido 
adiposo subcutâneo periférico.
2. OBESIDADE 
A obesidade é o excesso peso. Para alguém ganhar 
peso, é necessário que haja um balanço energético 
positivo, ou seja, consumir mais calorias do que 
gastar. No entanto, não é tão simples como parece, 
e até para definir quem é “obeso” existem várias 
divergências entre os métodos, sendo importante 
conhecê-los, mas também entender suas limitações.
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
6
2.1. AVALIAÇÃO DO EXCESSO DE PESO
2 .1 .1 . Índice de massa corporal
O índice de massa corporal (IMC) é o método mais 
utilizado para avaliar a obesidade. Ele tem a vanta-
gem de ser simples e bastante reprodutível, uma 
vez que utiliza somente o peso e a altura (fórmula 
mostrada na Figura 1). A partir disso, classificamos 
o estado nutricional do paciente (Tabela 1). Apesar 
de ser o método mais difundido, sendo, inclusive, 
recomendado pela OMS como parte da avaliação 
do risco cardiovascular, é limitado, já que a distri-
buição do tecido adiposo e a quantidade de massa 
muscular não são levadas em conta no cálculo.
 Figura 1. Fórmula do índice de massa corporal.
( )
( )2
 
 
=
peso kg
IMC
altura metros
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 1. Classificação do estado nutricional, segundo valores do índice de massa corporal (IMC).
Classificação com base 
no IMC (Kg/m²) População geral Idosas Idosos Asiáticos
Baixo peso <18,5 <21,9 <21,9 <18,5
Eutrófico 18,5 a 24,9 22 a 27,0 22 a 27,0 18,5 a 22,9*
Sobrepeso 25 a 29,9 27,1 a 32 27,1 a 30 23 a 27,4*
Obesidade grau I 30 a 34,9 32,1 a 37 30 a 34,9 27,5 a 32,4*
Obesidade grau II 35 a 39,9 37,1 a 41,9 35 a 39,9 32,5 a 37,4*
Obesidade grau III (mórbida/grave) Maior ou igual a 40 Maior ou igual a 42
Maior ou 
igual a 40 Maior ou igual a 37,5*
*Algumas referências utilizam intervalos diferentes para asiáticos, utilizando o intervalo de 23 a 24,9 como sobrepeso; 25 a 29,9 como 
obesidade grau I; 30 a 34,9 como obesidade grau II; ≥ 35 como obesidade grau III.
Fonte: Adaptada de Fauci et al.1
 DICA  Na prova, fique de olho na idade e 
na etnia do paciente.
 W Em pacientes idosos, consideramos 
como IMC ideal entre 22 e 27 kg/m².
 W Em pacientes asiáticos, classificamos 
como sobrepeso o IMC acima de 23. 
Isso porque essa população tem maior 
acúmulo de gordura abdominal (visce-
ral). 
2 .1 .2 . Cintura abdominal
A circunferência abdominal (CA) é um dos métodos 
mais utilizados para definir a obesidade visceral 
e tem boa correlação com risco cardiovascular. 
Pessoas com mesmo IMC, mas que tenham maior 
cintura abdominal, têm maior resistência insulínica 
e maior risco de HAS, DM2 e dislipidemia.
No entanto, existem algumas desvantagens, pois 
esse método tem maior variabilidade entre avalia-
dores e referências (Tabela 2).
Cap. 1
7
Obesidade e síndrome metabólica
Tabela 2. Principais indicadores para avaliar gordura visceral.
Indicadores pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
Indicador Gênero Valor de referência
Cintura consideravelmente aumentada Masculino >102 cm
Cintura consideravelmente aumentada Feminino >88 cm
Cintura aumentada Masculino >94 cm
Cintura aumentada Feminino >80 cm
Relação cintura quadril Masculino ≥0,9
Relação cintura quadril Feminino ≥0,85
Relação cintura altura Ambos ≥0,5
International Diabetes Federation (IDF)* – Classificação por etnia
Europeus
Masculino >94 cm
Feminino >80 cm
Sul asiáticos, chineses e japoneses
Masculino >90 cm
Feminino >80 cm
*Desconsidera a população americana, para a qual os consensos utilizam o valor da OMS como padrão. 
Fonte: World Health Organization2.
 DICA  Resumindo: para homens — muito 
aumentada é >102 cm (critério mais utili-
zado); >94 cm (aumentada pela OMS/au-
mentada em europeus pela IDF); e >90 cm 
(aumentada nas demais populações pela 
IDF). Já os valores de corte para mulheres 
são mais simples: >88 cm (muito aumen-
tado pela OMS); e >80 cm (aumentada pela 
OMS e IDF).
 DIA A DIA MÉDICO
A aferição da cintura abdominal deve ser feita ao final 
da expiração profunda, na linha média horizontal, entre 
a crista ilíaca e o último rebordo costal. 
2 .1 .3 . Relação cintura-quadril
A relação cintura-quadril (RCQ) estima a razão 
da gordura visceral (cintura) versus a periférica/
subcutânea (quadril), sendo um bom marcador da 
distribuição de gordura corporal. Consideramos 
como medida alterada se acima de 0,9 em homens 
e 0,85 em mulheres (Tabela 2).
 DICA  Há críticas quanto à sua utiliza-
ção para seguimento, já que mesmo 
pacientes que perdem grande quantida-
de de peso podem manter a RCQ inal-
terada. Além disso, são aferidas duas 
variáveis, o que torna mais trabalhosa 
a obtenção de um índice, cuja propos-
ta principal é ser uma ferramenta de 
triagem.
2 .1.4 . Relação cintura-altura
Essa medida tem ganhado destaque, pois parece 
predizer mais adequadamente o risco de DCV que 
o IMC ou mesmo a medida da circunferência abdo-
minal.
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
8
 DICA  É definida como alterada uma 
relação cintura-altura ≥0,50 (algumas 
referências consideram acima de 
0,55 cm como alterado).
2 .1 .5 . Avaliação indireta de 
composição corporal
Outra maneira de avaliar obesidade é por meio da 
composição corporal. Alguns métodos podem ser 
utilizados para essa análise, como: bioimpedância, 
cálculo por dobras cutâneas e densitometria de 
corpo inteiro.
 DIA A DIA MÉDICO
A vantagem dessa modalidade é definir quanto do peso 
é massa muscular e quanto é gordura, sendo muito útil 
para atletas e pessoas com grande massa muscular, para 
as quais poderíamos atribuir o diagnóstico de sobrepeso 
ou obesidade, apesar da ótima composição corporal.
A desvantagem é a falta de trabalhos correlacionando os 
dados dessas medidas com o risco cardiovascular a longo 
prazo. Além disso, são mais trabalhosos/dispendiosos 
para serem obtidos.
2 .2 . ETILOGIAS DA OBESIDADE
Em qualquer idade e população, a principal causa 
para obesidade é exógena, representando mais de 
95% dos casos (basicamente: alimentação e seden-
tarismo). Mas quem nunca escutou a célebre frase: 
“deve ser culpa da tireoide, doutor!" Mesmo com 
toda a “fama”, as causas endógenas são minoria, 
representando menos de 5% dos casos.
 DICA  Mesmo em crianças, as causas 
exógenas são as principais etiologias 
para obesidade.
2 .2 .1 . Exógeno (primária)
Os fatores ambientais, como dieta hipercalórica 
e baixo nível de atividade física, são as principais 
causas de obesidade, mas, na prática, algumas 
pessoas, realmente, são mais propensas a ganhar 
peso do que outras, ainda que estejam fazendo 
a mesma dieta e praticando a mesma atividade 
física. Mas, por que isso acontece? Mesmo nesses 
casos, a obesidade, geralmente, não está relacio-
nada a causas endógenas e, sim, a polimorfismos 
genéticos, que predispõem a maior capacidade de 
estocar gordura e menor capacidade de oxidá-las. 
Como esses polimorfismos são de herança poligê-
nica e não determinam a obesidade, mas apenas 
predispõem ao ganho de peso, estão classificados 
junto aos fatores exógenos e não aos endógenos.
Algumas medicações, como os glicocorticoides 
e os retrovirais, podem aumentar a adiposidade, 
principalmente a visceral. Maior parte dos antip-
sicóticos e dos anticonvulsivantes também estão 
relacionadas ao ganho de peso, como lamotrigina, 
ácido valproico, quetiapina e olanzapina. A exceção 
deste grupo é o topiramato, que inclusive é usado 
no tratamento da obesidade. 
 DICA  Muita atenção quando se depa-
rar com questões sobre os fármacos 
relacionados com ganho de peso. Es-
sas questões costumam jogar uma pe-
gadinha “semântica”, falando que “obe-
sidade pode ser secundária ao uso de 
corticoide...”, daí induz você a marcar 
que os medicamentos são causas de 
obesidade secundária, o que é FALSO, 
pois, como dito anteriormente, são con-
sideradas etiologias exógenas/PRIMÁ-
RIAS. Só seria endógena/SECUNDÁRIA 
se estivéssemos diante de uma doença 
de Cushing. Concordo com vocês, esse 
tipo de conhecimento é sem noção e 
não muda a conduta, mas sabe-se lá o 
que se passa na cabeça da banca, mas 
temos que nos preparar para qualquer 
situação.
Cap. 1
9
Obesidade e síndrome metabólica
 DIA A DIA MÉDICO
A prevalência de excesso de peso e de obesidade aumen-
taram continuamente. Apesar da falta de alimentos, infe-
lizmente, ainda ser um problema, a dieta desequilibrada 
também é uma realidade no país e em todas as classes 
econômicas. Para se ter uma ideia, apesar do Brasil ser um 
grande produtor agrícola, nossa dieta padrão é insuficiente 
em frutas, verduras e legumes. E, conforme aumenta o 
rendimento das famílias, evidencia-se o aumento do teor 
de gorduras e proteínas de origem animal, que deveria ter 
limite máximo de 30% das calorias totais, mas é ultrapas-
sado a partir da classe de renda mensal de mais de seis 
salários-mínimos.
2 .2 .2 . Endógeno (secundária)
São causas raras de obesidade. Os maiores exem-
plos das causas endógenas são as síndromes gené-
ticas relacionadas à obesidade grave (Prader-Will, 
Laurence-Moon, Biedl, Alstrom, pseudohipoparati-
reoidismo…) e doenças endócrinas não relacionadas 
ao uso de drogas (que seriam um fator exógeno/
primário), como hipotireoidismo, hipogonadismo, 
doença de Cushing, deficiência de hormônio de 
crescimento, craniofaringeoma (tumor hipotalâmico 
que causa obesidade e deficiências hormonais, pelo 
envolvimento hipotalâmico e hipofisário).
3. SÍNDROME METABÓLICA
Desculpe decepcioná-los, mas não existe a doença 
“síndrome metabólica (SM)”! Essa “entidade” é 
utilizada para denominar a disfunção metabólica 
associada à obesidade visceral e à resistência 
insulínica, sendo causa/consequência de doenças 
cardiovasculares (CV), intolerância à glicose ou 
Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial 
sistêmica (HAS) e dislipidemia.
Indivíduos com SM também são mais suscetíveis a 
mais de 180 outras complicações (Quadro 1), como 
síndrome dos ovários policísticos; esteatose hepá-
tica e sobrecarga hepática de ferro; apneia do sono, 
síndrome de hipoventilação da obesidade (síndrome 
de Pickwick), asma; cálculos biliares; hiperuricemia 
e gota; distúrbios do sono; e algumas formas de 
câncer, como mama, endométrio, rim, vesícula biliar, 
pâncreas, adenocarcinoma de esôfago e colorretal. 
Outra complicação importante é o hipogonadismo 
masculino. Inclusive, em razão dos menores níveis 
séricos de testosterona, há menor risco de câncer 
de próstata em obesos; no entanto, quando ocorre, 
geralmente é mais indiferenciado, agressivo e menos 
responsivo a terapias hormonais. 
Crianças obesas podem cursar com adrenarca pre-
coce, e um dos fatores que a explica é a ativação 
da adrenal, mediada pelo aumento da produção de 
angiotensina II pelos adipócitos, esse mecanismo 
também leva ao aumento da produção de aldoste-
rona, levando ao aumento de pressão arterial e à 
resistência insulínica.
Além de tudo isso, o aumento do risco de complica-
ções na hospitalização de pessoas com obesidade 
ganhou destaque, principalmente durante a pande-
mia de covid-19, pois: 
Essas pessoas, geralmente, possuem maior preva-
lência de morbidades - como DM2, doença coro-
nariana, insuficiência cardíaca, HAS, hipertensão 
pulmonar, trombose venosa e baixa capacidade 
funcional, que predispõem à evolução desfavorável 
da covid-19, como a de quaisquer outras infecções.
O excesso de peso também ser associado a pro-
blemas do sistema respiratório, como a redução da 
capacidade residual funcional, atelectasias e shunts 
pulmonares, que resultam em risco de dessaturação 
rápida diante de situações de elevada taxa meta-
bólica basal e demanda de oxigênio (infecções e 
cirurgias). 
Pacientes com obesidade terem maior risco de apre-
sentar via aérea difícil, pois os tecidos redundantes 
das vias aéreas superiores, o peso da parede torácica 
e a resistência da massa abdominal dificultam o 
procedimento.
 DIA A DIA MÉDICO
A obesidade tem um grande impacto nos sistemas de 
saúde, devido a altíssima prevalência na população — 
existem mais de 2 bilhões de pessoas obesas no mundo, 
e no Brasil não é diferente: 60% da população brasileira 
têm excesso de peso e > 25% é obesa! Para você ter uma 
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
10
noção, o SUS gasta quase R$ 500 milhões/ano com os 
custos atribuíveis somente à obesidade. E no grupo de 
obesidade mórbida isso chama ainda mais atenção: apesar 
de a prevalência ser 18 vezes menor que as obesidades I 
e II, ela é responsável por ¼ desse valor.
Quadro 1. Complicações relacionadas à obesidade.
Sistema cardiovascular
• Doença arterial coronariana
• Hipertrofia ventricular esquerda
• Angina pectoris
• Fibrilação atrial
• Arritmia ventricular
• Insuficiência cardíaca congestiva
• Hipertensão arterialsistêmica
• Edema de membros inferiores
• Veias varicosas
• Doença hemorroidária
• Doença tromboembólica
Sistema respiratório
• Apneia obstrutiva do sono
• Asma
• Policitemia secundária
• Síndrome de hipoventilação da obesidade (síndrome 
de Pickwick)
Sistema digestório
• Refluxo gastroesofágico e esofagite
• Colelitíase
• Esteatose e cirrose hepática
• Pancreatite
Rins
• Insuficiência renal crônica
Doenças metabólicas/hormonais
• Diabetes mellitus tipo 2
• Gota (hiperuricemia)
• Hiperlipidemias
• Síndrome do ovário policístico
Sistema nervoso
• Demência vascular
• Doença de Alzheimer
• Acidente vascular cerebral
• Pseudotumor cerebral
Pele
• Estrias
• Acantose nigricans
• Hirsutismo
• Intertrigo
Doenças osteomusculares
• Osteoartrose de joelhos
• Osteoartrose de coluna
• Esporão de calcâneo
• Agravo de defeitos posturais
Neoplasia
• Endométrio
• Vesícula
• Mama
• Cólon
Função sexual e reprodutiva
• Risco de pré-eclâmpsia
• Risco de diabetes mellitus gestacional
• Parto prolongado
• Cesárea mais frequente
• Irregularidade menstrual
• Ciclos anovulatórios e infertilidade na mulher
• Hipogonadismo e infertilidade no homem
Função psicossocial
• Autoimagem
• Sentimento inferioridade
• Isolamento social
• Bullying
• Suscetibilidade a neuroses
• Perda de mobilidade
• Mais faltas ao emprego
• Aposentadoria precoce
• Aumento de licenças médicas
Outras comorbidades
• Aumento do risco cirúrgico e anestésico
• Hérnias
• Propensão a acidentes
• Subdiagnóstico de outras patologias
Fonte: Adaptado de Sales et al.3
3 .1 . FISIOPATOLOGIA
A presença de resistência insulínica é quase uma 
condição sine qua non em pacientes com síndrome 
Cap. 1
11
Obesidade e síndrome metabólica
metabólica. Podemos identificar a resistência insu-
línica até mesmo no exame físico, por meio do 
aumento da cintura abdominal, e ainda alterações 
dermatológicas, como acantose nigricans (Figura 
2) ou acrocórdons (Figura 3). 
 DICA  Essas alterações ocorrem por-
que os melanócitos não sofrem resis-
tência insulínica; portanto, o excesso 
de insulina estimula a hiperprolifera-
ção dessas células, principalmente em 
áreas de dobras, levando ao espessa-
mento de pele (acantose) e ao surgi-
mento de nódulos (acrocórdons).
Figura 2. Acantose nigricans em região cervical e axilar.
Fonte: Acervo Sanar.
Figura 3. Acrocórdons + acantose 
nigricans em região cervical.
Fonte: Acervo Sanar.
 DIA A DIA MÉDICO
O grande desafio é mensurar essa resistência na prática 
clínica — o padrão ouro para diagnóstico é o clamp eugli-
cêmico hiperinsulinêmico, técnica de difícil execução, 
que administra, no indivíduo testado, insulina e glicose 
por via endovenosa, sendo a glicose em quantidade fixa, 
com o avaliador ajustando a infusão da insulina para 
manter a glicemia estável. A ideia é quanto mais insulina 
for necessária, maior a resistência. Percebeu como é 
complicada?! Por isso, só é realizada em laboratórios de 
pesquisa, sendo inviável na prática clínica. Alguns autores 
até propõem o uso do cálculo do Homeostasis Model of 
Assessment (HOMA) ou a medida da insulinemia de jejum; 
no entanto, essa recomendação é refutada pela maior 
parte da comunidade científica, tendo utilidade somente 
em pesquisas populacionais.
3 .2 . CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE 
SÍNDROME METABÓLICA
Existem vários critérios diferentes para a síndrome 
metabólica, e listamos as principais na Tabela 3. 
Perceba que todas utilizam alguma medida de 
obesidade central, dislipidemia, pressão arterial e 
avaliação do perfil glicêmico.
A definição mais utilizada para síndrome metabólica 
é o da NCEP-ATPIII, que utiliza como critério o valor 
de cintura para homens ≥102 cm e para mulheres 
≥88 cm. Inclusive, esse é o critério descrito na 
diretriz brasileira.. 
 DICA  Geralmente, a questão dirá a você 
que critério ela quer que você considere, 
mas, caso não especifique, na dúvida pode 
usar o da NCEP-ATP III.
É importante ficar atento aos critérios da Organiza-
ção Mundial de Saúde (OMS), pois essa entidade 
utiliza valores diferentes de PA e de HDL e também 
considera parâmetros distintos de critérios diagnós-
ticos, como microalbuminúria, IMC ≥30 e relação 
cintura-quadril.
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
12
Tabela 3. Critérios diagnósticos de síndrome metabólica.
NCEP-ATP III International Diabetes Federation (IDF)
Organização Mundial 
de Saúde (OMS)
Critérios Associação de três ou mais dos fatores seguintes Alteração na glicemia 
(resistência à insulina – 
por clamp), pré diabetes 
ou diabetes mellitus + 
associação de, pelo menos, 
mais dois critérios:
Alteração da glicemia 
ou tratamento
Glicemia de jejum ≥100 mg/dL (algumas referências 
desatualizadas colocam 110 mg/dL)
HAS ou tratamento ≥130 × 85 mmHg ≥130 × 85 mmHg ≥140 × 90 mmHg
Triglicérides ou 
tratamento ≥150 mg/dL ≥150 mg/dL ≥150 mg/dL
HDL ou 
tratamento
Homem <40 mg/dL <40 mg/dL <35 mg/dL
Mulher <50 mg/dL <50 mg/dL <40 mg/dL
Obesidade 
visceral 
(central)
Homem Cintura abdominal (CA) ≥102 cm
CA ≥94 cm/asiáticos e 
sulamericanos CA ≥90 cm C/Q >0,9 Ou IMC >30 
kg/m²
Mulher CA ≥88 cm/asiáticos ≥80 cm
CA ≥80 cm
C/Q >0,85
Microalbuminúria — — ≥30 mg/g
Fonte: Adaptado de Mancini4.
 DICA  Não escorregue nas definições. NE-
NHUMA das entidades utiliza o LDL como 
critério diagnóstico. Além disso, somente 
a OMS utiliza o IMC.
3 .3 . MANEJO DA SÍNDROME METABÓLICA
O objetivo do tratamento é reduzir os riscos, princi-
palmente de eventos cardiovasculares e da mortali-
dade. Cada uma das complicações deve ser tratada 
individualmente, mas, essencialmente, devemos 
reduzir a resistência insulínica, por meio da mudança 
do estilo de vida, buscando a perda de peso/redução 
da gordura visceral.
 DICA  Considerando que quase 30% da 
população adulta têm SM, são fundamen-
tais medidas de saúde pública o estímulo à 
atividade física e à alimentação saudável, já 
que são mais eficazes e com custo-benefí-
cio melhor do que tratar as complicações. 
Portanto, também faz parte do manejo leis 
que estimulem a melhora dos hábitos, como 
a que obriga a redução em 50% na quantida-
de de açúcar em refrigerantes e similares, 
campanhas para não associar brindes para 
crianças em alimentos industrializados e 
colocar nas embalagens o perigo do açúcar, 
assim como é feito com o cigarro.Di
3 .3 .1 . Mudança de estilo de vida
A principal intervenção é a mudança no estilo de 
vida, que inclui:
 u Aumento moderado e mantido da atividade física.
 u Mudança na composição da dieta: aumentar o 
consumo de saladas, frutas e diminuir gorduras 
e açúcares livres.
 u Perda de peso: restrição calórica moderada, com 
redução de, ao menos, 500 kcal da dieta habitual, 
com objetivo de perda de 5 a 10% do peso inicial 
em 3-6 meses.
Cap. 1
13
Obesidade e síndrome metabólica
 DICA  Uma questão importante é garantir 
uma estratégia de manutenção do peso, 
mantendo uma dieta equilibrada (mesmo 
após a perda de peso) e intensificando a ati-
vidade física, pois, uma vez obeso, a progra-
mação hipotalâmica será sempre de obeso 
e, caso não haja nenhuma estratégia de ma-
nutenção, invariavelmente haverá reganho.i
3.3.1.1. Dieta
A grande pergunta é: que dieta deve ser escolhida? 
Como sabemos, existem milhares de tipos de dietas 
para emagrecer. Em geral, a base das dietas mais 
comuns é a restrição calórica moderada, contendo 
1.000-1.500 kcal/dia para mulheres e 1.200-1.800 
kcal/dia para homens, com o objetivo de um déficit 
calórico de aproximadamente 500-1.000 kcal/dia (o 
que geraria uma perda inicial estimada de 0,5-1 kg/
semana para um adulto de 70-80 kg). 
 DICA Há um mito de que perder peso 
muito rápido pode levar ao reganho muito 
maior, mas isso não é verdade! Inclusive, 
alguns estudos mostram que pessoas que 
perdem mais peso no início da dieta, ten-
dem a manter o peso a longo prazo.
A dieta deve ser equilibrada no consumo dos macro-
nutrientes: baixa em gorduras saturadas e colesterol, 
restrição salina e de açúcares simples e aumento 
da ingestão de frutas, vegetaise cereais.
 DIA A DIA MÉDICO
Algumas pessoas podem se adaptar a protocolos mais 
restritos, como:
 W Dieta de Atkins, com base hiperproteica e restrição 
extrema de carboidratos (20-50 g/dia).
 W Dieta Ornish, vegetariana, com restrição extrema de 
gorduras (10% das colorias totais).
 W Dietas de muito baixas calorias (800 a 400 kcal/dia).
Essas dietas podem levar a outras complicações, como 
arritmia cardíaca e déficit nutricional, devido à falta de 
alguns componentes na dieta, e devem ser orientadas 
por profissionais especializados.
3.3.1.2. Atividade física
A atividade física é fundamental na abordagem da 
síndrome metabólica, pois tanto reduz a resistência 
insulínica, como também é essencial para manter o 
peso a longo prazo. De forma geral, devemos esti-
mular qualquer tipo de atividade física, respeitando 
as limitações, mas focando em garantir um mínimo 
de atividade aeróbica:
 u Se o paciente estiver fazendo atividade modera-
da, deve acumular 30 minutos ou mais de ativi-
dade/dia, com frequência mínima de cinco dias 
por semana, totalizando pelo menos 150 minu-
tos/semana.
 u Se atividade intensa, a duração pode ser de 20 
a 60 minutos por dia, por pelo menos três dias 
por semana, totalizando ao menos 75 minutos/
semana.
Indivíduos com mais de 40 anos e/ou portadores de 
algum fator de risco cardiovascular, devem passar 
por avaliação médica antes do início das atividades 
de moderada a alta intensidade. 
3 .3 .2 . Terapia farmacológica para obesidade
As indicações de tratamento medicamentoso no 
tratamento da obesidade são IMC ≥30 kg/m² sem 
comorbidades, ou ≥25 kg/m² com comorbida-
des (algumas referências colocam 27, em vez de 
25 kg/m²), considerando que a abordagem tradi-
cional com dieta, aumento de atividade física e 
modificações no comportamento não tenham sido 
eficazes.
A cirurgia bariátrica deve ser avaliada em caso 
de obesidade grave (IMC ≥40) ou ≥35 kg/m² com 
comorbidades, instalada há mais de cinco anos 
ou falha no tratamento clínico após dois anos de 
seguimento. Ela será explicada com mais detalhes 
no módulo de cirurgia.
 DICA A cirurgia metabólica (cirurgia bariá-
trica para pacientes com IMC ≥30 kg/m²) 
pode ser utilizada no tratamento do DM2 
refratário, desde que o paciente esteja em 
acompanhamento regular por, pelo menos, 
dois anos e com tratamento otimizado, 
além de diagnóstico de DM2 realizado há 
<10 anos.
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
14
Em nosso país, os principais medicamentos apro-
vados pela ANVISA para o tratamento da obesidade 
são: sibutramina, liraglutida, orlistate e a associação 
do bupropiona com naltrexona.
É possível o uso de medicações off-label em casos 
de refratariedade, efeitos colaterais ou contrain-
dicações às medicações aprovadas, desde que 
prescritas por um profissional com experiência na 
área. Nesse caso, há respaldo da literatura para 
prescrição de topiramato, outros agonistas de GLP1 
e lisdexanfetamina (útil para compusão alimentar).
 DICA As anfetaminas, como anfepramona, 
mazindol e femproporex, foram retiradas 
do mercado pela Anvisa em 2011 e, ape-
sar da tentativa do Congresso Nacional de 
retornar a venda dessas medicações em 
2018, a Anvisa reforçou a proibição e sua 
utilização não é permitida no Brasil, apesar 
de liberadas no USA.
Em 2020, a Anvisa também retirou do mer-
cado o medicamento lorcasserina, após o 
estudo CAMELLIA-TIMI 61, que mostrou 
um discreto aumento na incidência de cân-
cer (7,7% no grupo lorcasserina e 7,1% no 
grupo placebo) nos pacientes que fizeram 
uso dessa medicação por tempo prolon-
gado (5 anos).
Enfatizamos que o uso de fórmulas para 
emagrecer, que misturam vários compo-
nentes, como hormônio tireoidiano (T4/ 
T3), diuréticos, fitoterápicos, ansiolíticos 
e outros, não é off-label, e sim antiético e 
prejudicial
As doses, o modo de ação e os efeitos colaterais 
estão resumidos no Quadro 2.
Quadro 2. Tratamento medicamentoso para perda de peso.
Medicamento Dose Benefícios Efeitos colaterais
Sibutramina 10 a 15 mg VO pela manhã Redução do apetite
Aumento da pressão 
arterial e frequência 
cardíaca
Insônia e constipação
Topiramato 25 a 200 mg
Redução do apetite
Também pode ser usado 
como profilaxia de enxaqueca 
e anticonvulsivante
Sonolência
Redução da concentração
Miopia aguda
Orlistate
120 mg VO de 1 
até 3 vezes por dia 
com as refeições
Reduz absorção da gordura 
no trato gastrointestinal Diarreia
Dimesilato de 
lisdexanfetamina 
(Venvanse®)
50 a 70 mg VO 
pela manhã
Redução da compulsão 
alimentar Insônia
Liraglutida (Saxenda®) 0,6 a 3 mg, SC, uma vez por dia Redução do apetite Náuseas
Bupropiona + Naltrexona
90/8 mg VO 1 vez ao 
dia até 180/16 mg 
2 vezes ao dia
Redução do apetite Efeito antabuse
Fonte: Adaptado de Mancini4.
Cap. 1
15
Obesidade e síndrome metabólica
 DICA Os inibidores seletivos de receptação 
da serotonina (ISRS) podem ser úteis para 
perda de peso em portadores de transtornos 
ansiosos ou depressivos com algum grau 
de compulsão alimentar, sendo algumas 
das opções mais utilizadas a fluoxetina e 
a sertralina. Mas, não apresentam eficácia 
para perda de peso em pacientes que não 
tenham as condições supracitadas
3 .3 .3 . Sibutramina
Inibidor de receptação de noradrenalina e serotonina, 
é um medicamento com efeito sacietógeno e tem 
discreto efeito termogênico. Por isso, pode elevar a 
pressão arterial e a frequência cardíaca (3-5 mmHg 
na pressão arterial diastólica e de 2 a 4 bpm na FC).
Suas principais contraindicações são:
 u Pacientes com alto risco cardiovascular, incluindo 
insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença 
arterial coronariana, HAS mal controlada.
 u Transtornos alimentares (como bulimia e ano-
rexia) e transtornos psiquiátricos não controlados.
 u Extremos de idade.
 u Não respondedores à medicação.
 DIA A DIA MÉDICO
Apesar da contraindicação em bula, buscou-se avaliar 
se a perda de peso, nos pacientes de risco, conseguiria 
suplantar os possíveis malefícios, sendo realizado o estudo 
Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial (SCOUT), que 
mostrou o que já era esperado: houve um discreto aumento 
de eventos cardiovasculares no grupo sibutramina (11,4% 
no grupo sibutramina vs. 10% no placebo). Por esses 
resultados, alguns países proibiram sua comercialização 
(apesar de sempre ter estado na bula que havia contrain-
dicação para pacientes de alto risco cardiovascular).
Aqui no Brasil, chegou a ser proibida por alguns meses, 
mas a Anvisa acatou o pedido da Associação Brasileira 
para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica 
(Abeso) e voltou atrás, sendo novamente liberada, mas 
com a mudança da classificação de C1 (“outras substân-
cias sujeitas a controle especial”) para B2 (“psicotrópico 
anorexígeno”), exigindo um termo de responsabilidade 
preenchido pelo médico e pelo paciente.
3 .3 .4 . Liraglutida
Para obesidade, observou-se que há eficácia com 
doses até 3 mg, enquanto para o controle glicêmico 
a dose terapêutica é até 1,8 mg/dia. Uma grande 
vantagem é a redução da mortalidade cardiovas-
cular encontrada em pacientes de alto risco (como 
documentado no estudo LEADER), diferentemente da 
sibutramina. Discutiremos mais sobre essa classe 
no capítulo de tratamento de diabetes.
 DIA A DIA MÉDICO
As grandes desvantagens são o preço (o tratamento com 
a dose de 3 mg fica em torno de R$ 900,00/mês!) e as 
náuseas, que podem ser limitantes. Por isso, no início do 
tratamento, é realizada titulação progressiva da dose, que 
reduz a frequência e a intensidade das náuseas. Em geral, 
iniciamos com 0,6 mg/dia e aumentamos 0,6 mg a cada 
três a sete dias, conforme tolerabilidade.
3 .3 .5 . Orlistate
É um inibidor das lipases pancreáticas. Essas enzi-
mas catalisam a quebra dos triglicérides em ácidos 
graxos livres e glicerol, assim, ao ligar-se na lipase, 
impedem a absorção de 30% da gordura da refeição.
O principal efeito colateral é justamente esse meca-
nismo disabsortivo, pois se o paciente comer ali-
mentos com gordura em excesso,30% a mais de 
lipídeos no trato gastrointestinal podem levar à 
diarreia e até à incontinência fecal. 
 DICA Outra questão é a possibilidade de 
má absorção de vitaminas lipossolúveis (A, 
D, E e K); por isso, pacientes que utilizam 
essa medicação por longo prazo deveriam 
repor essas vitaminas.
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
16
REFERÊNCIAS
1. Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, 
Jameson JL, et al. Harrison’s principles of internal medi-
cine. 17th ed. New York: McGraw-Hill; 2008.
2. World Health Organization – WHO. Waist circumference 
and waist-hip ratio: report of a WHO expert consultation, 
Geneva, 8–11 December 2008 [Internet]. Geneva: WHO; 
2011 [acesso em 26 set 2022]. Disponível em: https://
www.who.int/publications/i/item/9789241501491
3. Sales P, Halpern A, Cercato C. O essencial em endocrino-
logia. Rio de Janeiro: Roca; 2016.
4. Mancini MC. Tratado de obesidade. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan; 2015.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
What is acanthosis nigricans. Huidziekten.nl. [Internet]; 2018 
[acesso em 26 set 2022]. Disponível em: https://www.hui-
dziekten.nl/folders/nederlands/acanthosis-nigricans.htm.
5. 
Imagem do Tórax 
17
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
17
Liraglutida
Off-label
Sibutramina
Redução na 
absorção
de gordura
Orlistate
Inibidores de
apetite
TRATAMENTO NÃO 
FARMACOLÓGICO
Atividade física
Modificações 
comportamentais
Hábitos
alimentares
Pacientes IMC >
30kg/m2
IMC 25 (27) kg/m2
com comorbidades
IMC 25 (27) kg/m2
c/ terapia 
dietética e
atv. física sem êxito
FARMACOTERAPIA COMPLICAÇÕES
DCV
Resistência 
insulínica
e DM tipo 2
Doenças 
pulmonares
Doenças 
hepatobiliares
Distúrbios 
reprodutivos
Câncer
PESO/ALTURA2
Método mais 
aplicado
>30 kg/m2
Estado
de excesso
de peso
IMC
DEFINIÇÃO
IMC grave (IMC 
≥ 40kg/m2)
IMC ≥ 35kg/m2 + 
comorbidades
Classificadas 
em
Restritivas
Restritivas 
disabsortivas
Disabsortivas
CIRURGIA
LEGENDA:
DCV Doença cardiovascular
IL Interleucina
IMC Índice de massa corporal
DM Diabetes Mellitus
Liberação 
agentes
protrombróticos
Alto número
de macrófagos
infiltrados
 Lera TNF-α Libera IL-6
Tecido em
estado 
inflamatório
crônico
Aumento
de tecido
adiposo visceral
Serotonina
Leptina
MSH-
GLP-1
NPY
Orexina
Único 
orexogênico 
liberado 
pelo trato 
gastrointestinal
Grelina
Redução 
do apetite
Aumento 
do apetite
Regulado por 
fatores
endócrinos e neurais
APETITE 
HOMEOSTÁTICA
FISIOPATOLOGIA
Fatores 
psicológicos
Fatores 
culturais
APETITE 
HEDÔNICA
PATOGÊNESE Exógena
Endógena
Síndrome 
de Cushing
Hipotire-
oidismo
Mono- 
gênico
Raro
Ingestão 
excessiva de
calorias
OBESIDADE
Mapa mental. Obesidade
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
18
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
(HOSPITAL ESTADUAL DR. JAYME SANTOS NEVES - ES – 2021) Em 
relação às comorbidades relacionadas à obesidade, 
considere as seguintes assertivas: 
I. A esteatose hepática é uma alteração comum em 
indivíduos obesos, sendo causada pela deposição 
de triglicerídeos nos hepatócitos.
II. A asma é o problema respiratório mais importan-
te ligado à obesidade.
III. Certas formas de câncer ocorrem com maior fre-
quência em obesos, incluindo os de esôfago, cólon 
e reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rim, linfoma 
não Hodgkin e mieloma múltiplo. 
Quais estão corretas?
	⮦ Apenas I. 
	⮧ Apenas I e II. 
	⮨ Apenas I e III. 
	⮩ Apenas II e III. 
	⮪ I, II e III. 
Questão 2 
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ – PR – 2020) 
A obesidade está associada a um nível elevado de 
todos os itens abaixo, EXCETO:
	⮦ Adiponectina.
	⮧ Leptina.
	⮨ Ácidos graxos livres.
	⮩ Insulina.
	⮪ Interleucina-6.
Questão 3 
(HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2021) 
Os medicamentos orlistat, sibutramina e liraglu-
tida são utilizados para o tratamento de qual das 
doenças abaixo? 
	⮦ Obesidade.
	⮧ Diabetes mellitus tipo 2. 
	⮨ Dislipidemia. 
	⮩ Esteatose hepática.
Questão 4
(HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE SOROCABA – SP – 2021) Mulher, 
65 anos, refere desconforto em hipocôndrio direito 
há 2 meses. Relata aumento de 12 kg nos últimos 
5 anos. É pré-diabética e hipertensa, mas não tem 
medido a pressão de maneira rotineira e não faz 
uso de medicamentos. Bebe uma lata de cerveja 
nos finais de semana e usou anticoncepcional até 
os 40 anos. Exame físico: bom estado geral, peso 
= 92 kg, altura = 1,65 m, PA = 160 x 100 mmHg, FC 
= 92 bpm, circunferência abdominal = 104 cm, sem 
edemas; fígado palpável a 5 cm do rebordo costal 
direito, tenso, rombo, sensível ao toque. Realizada 
ultrassonografia do abdome que revelou a presença 
de esteatose hepática. Assinale a alternativa que 
apresenta a conduta correta para esse caso. 
	⮦ Iniciar tratamento farmacológico com vitamina 
E em altas doses, para diminuir a progressão 
para fibrose ou cirrose hepática. 
	⮧ Indicar a realização de fibroscan hepático. 
	⮨ Rastrear síndrome metabólica e iniciar mudan-
ças do estilo de vida. 
Cap. 1
19
Obesidade e síndrome metabólica
	⮩ Realizar biópsia hepática para confirmar a etio-
logia e gravidade da lesão. 
	⮪ Realizar controle da pressão arterial e acalmar 
a paciente em relação às alterações hepáticas, 
já que raramente trazem complicações a longo 
prazo.
Questão 5 
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2021) Assinale a 
alternativa correta com relação à obesidade e ao 
sobrepeso. 
	⮦ Deve-se informar aos adultos com sobrepeso 
e obesidade que quanto maior o IMC, maior o 
risco de doenças cardiovasculares, diabetes 
mellitus tipo 2 e menor é a mortalidade por to-
das as causas. 
	⮧ Uma meta de perda de 5 a 10% do peso em 30 
dias é factível e deve ser orientada aos pacien-
tes independentemente do desfecho de melho-
ra da saúde. 
	⮨ Deve-se usar o ponto de corte de excesso de 
peso (índice de massa corpórea [IMC] superior a 
25 kg/m²) para identificar adultos com aumento 
de risco cardiovascular. 
	⮩ O tratamento com sibutramina deve ser recomen-
dado aos pacientes obesos com doença arterial 
coronariana ou doença cerebrovascular uma vez 
que seu uso é seguro nesse perfil de pacientes. 
	⮪ O uso de liraglutida é útil e eficaz em induzir per-
da de peso e seu uso é dependente do status 
glicêmico, induzindo hipoglicemia em obesos 
normoglicêmicos.
Questão 6 
(PUC-SOROCABA – SP – 2021) Paciente de 56 anos, apresen-
ta diabetes mellitus tipo 2 há 3 anos. Peso 103 kg, 
estatura 1,65 m. Hipertenso bem controlado com 
losartana 50 mg duas vezes ao dia e anlodipino 
5 mg uma vez ao dia. Em uso de metformina 850 
mg três vezes ao dia, desde o diagnóstico, mas 
não reduziu o peso de modo efetivo desde então, 
apesar dos esforços e da ausência de problemas 
psicológicos. Pai faleceu de IAM aos 45 anos. Gli-
cemia jejum = 136 mg/dL; HbA1c 7,5% (HPLC); TFG 
estimada = 80 mL/min/1,73 m2. Assinale a alterna-
tiva CORRETA: 
	⮦ A cirurgia bariátrica deve ser considerada entre 
as opções terapêuticas devido ao impacto po-
sitivo no peso, controle do diabetes e hiperten-
são arterial. 
	⮧ Liraglutida não deve ser oferecida para controle 
do peso e melhora do controle glicêmico, pois 
não há estudos que comprovem impacto positivo. 
	⮨ Inibidor do receptor de SGLT-2 só pode ser ofe-
recido se comprovada insuficiência cardíaca, 
com fração de ejeção preservada. 
	⮩ Caso o paciente desenvolvesse insuficiência 
cardíaca com fração de ejeção reduzida, a me-
dicação de eleição para tratamento do diabetes 
mellitus seria a pioglitazona devido ao perfil de 
segurança nesse tipo de condição. 
Questão 7 
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP 
– 2021) Homem de 46 anos de idade, branco, procu-
rou um ambulatório de clínica médica com queixa 
de excesso de peso. No interrogatório, negou ter 
outros problemas, exceto o seu peso, negando tam-
bém qualquer antecedente mórbido importante. No 
exame físico apresentava um peso de 98 quilos e 
uma altura de 171 cm, estando em bom estado geral, 
com pressão arterial de 150 x 100 mmHg, ausculta 
pulmonare cardíaca normais, abdômen globoso, 
sem visceromegalias, circunferência abdominal de 
110 cm. Trazia consigo alguns exames realizados 
recentemente: glicemia de jejum de 108 mg%, gli-
cemia 2 horas após 75g de glicose via oral de 136 
mg%, ácido úrico de 9,4 mg%, colesterol de 220 mg/
dl e triglicérides de 230 mg/dl. Somente baseado 
nos dados acima, no tocante ao estado nutricional 
do paciente, poderíamos dizer que: 
	⮦ Se trata de um paciente com obesidade grau 1, 
de acordo com os critérios da OMS para o IMC 
(índice de massa corpórea), e a sua circunfe-
rência abdominal permite afirmar que ele tem 
resistência insulínica. 
	⮧ Se trata de um paciente com sobrepeso e a sua 
secreção insulínica é normal. 
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
20
	⮨ Se trata de um paciente obeso mórbido e o nível 
de triglicérides elevado indica que suas ilhotas 
pancreáticas estão entrando em falência. 
	⮩ O paciente é obeso, mas, para aferirmos o grau 
de obesidade, necessitamos de bioimpedancio-
metria, e o paciente não tem resistência insulíni-
ca, porque o seu colesterol está discretamente 
elevado. 
Questão 8
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – DF – 2021) Considere 
uma paciente de 54 anos de idade, diabética (HbA1c 
= 8,2%), cardiopata isquêmica com infarto agudo 
do miocárdio prévio e insuficiência cardíaca com 
fração de ejeção reduzida. Encontra-se em trata-
mento para diabetes com metformina 850 mg três 
vezes ao dia e glibenclamida 5 mg pela manhã. No 
exame físico, chama a atenção a presença de man-
chas hiperpigmentadas/escurecidas em áreas de 
dobras. A respeito desse caso clínico e com base 
nos conhecimentos médicos correlatados, bem 
como nas últimas diretrizes mundiais relacionadas 
ao tratamento da diabetes, publicadas em 2019, 
julgue o item a seguir. Essa paciente tem acantose 
nigricans, que é comum em pacientes diabéticos 
e obesos. Essas lesões de pele nunca melhoram 
com o tratamento. 
	⮦ Certo. 
	⮧ Errado. 
Questão 9 
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE GOIÂNIA – GO – 2021) 
Na fisiopatologia da obesidade dita primária, po-
demos encontrar:
	⮦ Aumento de leptina. 
	⮧ Redução neuropeptídeo Y. 
	⮨ Aumento de grelina. 
	⮩ Aumento da POMC (pró-ópiomelanocortina). 
Cap. 1
21
Obesidade e síndrome metabólica
GABARITO E COMENTÁRIOS
Questão 1 dificuldade: 
 Y Dica do professor: O acúmulo da gordura visceral 
é o motivo central do desenvolvimento da resistên-
cia à ação da insulina, fisiopatologia da síndrome 
metabólica e suas complicações.
Assertiva I: CORRETA. A esteatose hepática ocorre 
pela deposição de triglicérides nos hepatócitos, 
sendo um agravo comum em pacientes obesos, 
principalmente aqueles com maior acúmulo de 
gordura visceral.
Assertiva II: INCORRETA. A asma pode ser ligada à 
obesidade, mas o principal problema respiratório 
em pacientes obesos é a apneia do sono.
Assertiva III: CORRETA. Pacientes obesos têm pro-
dução anormal de citocinas pró-inflamatórias, não 
tendo um controle oxidativo adequado, por isso es-
tão mais sujeitos a alguns tipos de câncer. 
 ✔ resposta: ⮨
Questão 2 dificuldade:  
 Y Dica do professor: A obesidade é uma afecção 
multifatorial com caracteres genéticos, ambientais 
e hormonais, apresentando diversos hormônios re-
lacionados a sua génese; porém, o único citado que 
não configura um hormônio relacionado a gênese 
da obesidade é a adiponectina. A concentração 
da adiponectina é inversamente associada com a 
quantidade de tecido adiposo, mesmo ela tendo um 
efeito anorexígeno.
 ✔ resposta: ⮦
Questão 3 dificuldade: 
 Y Dica do professor: Orlistate é um inibidor das lipa-
ses pancreáticas, enzimas que catalisam a quebra 
dos triglicérides em ácidos graxos livres e monogli-
cerídes. Ao se ligar de maneira irreversível ao sítio 
ativo da lipase, o orlistate faz com que cerca de um 
terço dos triglicerídeos ingeridos permaneça não 
digerido e, portanto, não absorvido. 
 ✔ resposta: ⮦
Questão 4 dificuldade: 
 Y Dica do professor: Na avaliação inicial dessa pacien-
te, é evidente que há comportamento de risco para 
desenvolvimento de doenças crônicas, bem como 
complicações das já existentes pelo seu estilo de 
vida. Inicialmente, a abordagem consiste na inves-
tigação de síndrome metabólica devido aos fatores 
de risco, como circunferência abdominal elevada, ser 
pré-diabética e hipertensa. Tal rastreio ocorre com 
a solicitação de exames laboratoriais que possam 
evidenciar a dislipidemia, como HDL baixo e eleva-
ção de triglicerídeos. A etapa de orientação deve 
ser iniciada já nessa consulta, informando sobre 
a importância da realização de atividades físicas 
regulares e reeducação alimentar para redução do 
peso e da circunferência abdominal. O tratamento 
farmacológico poderá ser indicado após confirma-
ção da síndrome metabólica e se houver dificuldade 
de adesão às medidas não farmacológicas.
 ✔ resposta: ⮨
Questão 5 dificuldade:   
 Y Dica do professor: A obesidade é uma doença 
crônica de etiologia multifatorial em que ocorre 
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
22
acúmulo excessivo de gordura corporal. Seu diag-
nóstico é realizado a partir do cálculo do índice de 
massa corporal (IMC) e da medição da massa gor-
durosa e sua distribuição corporal. A obesidade é 
deletéria ao organismo, tornando-o mais suscetível 
a doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, dis-
lipidemia, câncer, apneia do sono, entre outros. Seu 
tratamento inclui mudança de hábitos de vida, como 
adequação da quantidade e qualidade da alimenta-
ção e realização de exercícios físicos; tratamento 
cognitivo-comportamental, terapia farmacológica 
com diversas drogas, como sibutramina, orlistate, 
liraglutida, e uso off-label de outros medicamentos 
(topiramato, bupropiona e naltrexona) e a realização 
da cirurgia bariátrica.
Alternativa A: INCORRETA. A mortalidade de indiví-
duos obesos e com sobrepeso é maior em todas 
as causas.
Alternativa B: INCORRETA. As diretrizes brasileiras de 
obesidade trazem que essa meta de perda ponderal 
é factível em seis meses.
Alternativa C: CORRETA. Adultos com sobrepeso, ou 
seja, IMC acima de 25 kg/m², já apresentam consi-
derável aumento do risco cardiovascular.
Alternativa D: INCORRETA. Portadores de alto risco 
cardiovascular não devem fazer uso desse medi-
camento, pois o estudo SCOUT mostrou que espe-
cialmente indivíduos com doença cardiovascular 
estabelecida (DAC ou doença cerebrovascular) apre-
sentam maior risco de infarto agudo do miocárdio.
Alternativa E: INCORRETA. A liraglutida é um medi-
camento que pode ser utilizado em pacientes nor-
moglicêmicos, apesar de seu uso em diabéticos 
resultar em melhora dos parâmetros glicêmicos.
 ✔ resposta: ⮨
Questão 6 dificuldade:   
 Y Dica do professor: Paciente com importantes an-
tecedentes pessoais, em vigência de síndrome 
metabólica em descontrole de parâmetros, mesmo 
com terapia otimizada, sendo nesse caso uma boa 
opção terapêutica a cirurgia bariátrica que deve ser 
considerada entre as opções devido ao impacto po-
sitivo no peso, controle do diabetes e da hipertensão 
arterial, caso ele não consiga controle melhor com 
reeducação alimentar e atividades esportivas.
Alternativa A: CORRETA. A cirurgia bariátrica deve ser 
avaliada em caso de obesidade grave (IMC maior que 
40) ou ≥ 35 kg/m² com comorbidades instalada há 
mais de cinco anos ou falha no tratamento clínico 
após dois anos de seguimento, como é o caso da 
paciente em questão, que apesar de ter diagnóstico 
de DM2 há menos de 5 anos (3 anos), estava em 
seguimento clínico desde então, ou seja, já tinha 
mais de 2 anos de acompamento sem sucesso na 
perdad de peso.
Alternativa B: INCORRETA. A liraglutida pode ser ofe-
recida para controle do peso e/ou melhora do con-
trole glicêmico.
Alternativa C: INCORRETA. Essa classe tem compro-
vado benefício nesses pacientes, porém pode ser 
utilizado para DM2, independente de ter IC.
Alternativa D: INCORRETA. Por seu efeito edemato-
gênico e de ganho de peso, a pioglitazona deve ser 
evitadas em pacientescom ICC.
 ✔ resposta: ⮦
Questão 7 dificuldade:   
 Y Dica do professor: O índice de massa corporal é 
uma forma rápida de avaliar a quantidade de gor-
dura corporal, funcionando como um preditor de 
obesidade. Seus valores de referência são: abai-
xo de 18,5 — baixo peso; entre 18,5 e 24,9 — peso 
normal; entre 25,0 e 29,9 — sobrepeso; entre 30,0 e 
34,9 — obesidade I; entre 35,0 e 39,9 — obesidade 
II; acima de 40,0 — obesidade III. O cálculo é feito 
pela fórmula peso/altura2. 
ALTERNATIVA A: CORRETA. O paciente referido apre-
senta IMC de 33,5, indicando obesidade I. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA. A definição de sobrepe-
so é IMC entre 25,0 e 29,9 kg/m2. Além disso, prova-
velmente a secreção de insulina está aumentada.
ALTERNATIVA C: INCORRETA. O nível de triglicérides 
aumentado indica falta de ação da insulina, mas não 
necessariamente falência, já que em situações de 
resistência também há hipertrigliceridemia.
ALTERNATIVA D: INCORRETA. O exame de bioimpedân-
cia é uma excelente ferramenta, mas pouco aces-
sível, não estando entre os exames padronizados 
Cap. 1
23
Obesidade e síndrome metabólica
na abordagem do paciente obeso (embora auxilie 
na avaliação).
 ✔ resposta: ⮦
Questão 8 dificuldade:  
 Y Dica do professor: A acantose nigricans é um es-
pessamento e endurecimento cutâneo relaciona-
dos, especialmente, com síndrome metabólica e 
resistência periférica à insulina, que é comum em 
pacientes diabéticos e obesos, sendo que se tiver-
mos controle desses fatores podemos ter regressão 
e controle dessa alteração.
 ✔ resposta: ERRADO
Questão 9 dificuldade:   
 Y Dica do professor: Outra questão que parece difí-
cil, mas vamos resolver facilmente atentando para 
uma coisa: os hormônios orexígenos, responsáveis 
pelo aumento da fome, estão dentro do “Grande Nho 
Nho” (Grelina; neuropeptídeo Y [NPY]; Hipocretina 
e Orexina). Sabendo disso, vamos lá:
Alternativa A: INCORRETA. Apesar de obesos terem 
aumento dos níveis de leptina, ele é considerado o 
hormônio da saciedade, no entanto há resistência 
à leptina em situações de obesidade primária.
Alternativa B: INCORRETA. Não confunda o peptídeo 
YY com o NEURO peptídeo YY: NEURO peptídeo YY 
é um hormônio hipotalâmico e orexígeno (portanto 
seu aumento está relacionado ao ganho de peso), 
já o primeiro é um anorexígeno. Mas, nem precisa-
va se estressar em memorizar isso; era só lembrar 
que “Grande Nho Nho” não tem a letra “P”, e sim “N”.
Alternativa C: CORRETA. A grelina é o único hormônio 
produzido fora do sistema nervoso central que tem 
a função de sinalizar o aumento do apetite. 
Alternativa D: INCORRETA. POMC faz parte da via 
ANOREXIGÊNICA.
 ✔ resposta: ⮨
Fixe seus conhecimentos!
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FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS
Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento!
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	Obesidade e síndrome metabólica
	 Fisiologia e fisiopatologia do ganho de peso 
	Estímulo orexígeno 
	Estímulo anorexígeno 
	 Sinalizadores de estoque de gordura periférica 
	Obesidade 
	Avaliação do excesso de peso 
	Etilogias da obesidade
	Síndrome metabólica
	Fisiopatologia
	 Critérios diagnósticos de síndrome metabólica 
	Manejo da síndrome metabólica
	Referências
	Bibliografia consultada 
	Mapa mental. Obesidade
	Questões comentadas

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