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São 3 os tipos de diabetes que podem estar presente na gestante: DM tipo 1, DM tipo 2 e DMG. O DM tipo 1 caso a mulher já o tenha desde o seu nascimento; O DM tipo 2 caso ela tem adquirido antes da gestação; Por fim, o DMG que se trata da patologia que foi adquirida DURANTE o período gestacional. Para mulheres, o diabetes na gestação é o principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 e síndromes metabólicas, além disso, se existir o antecedente obstétrico de DMG, ela corre o risco de ter novamente na nova gestação. – Principalmente quando essas mulheres tem um enorme ganho de peso na gestação (hiperfagia). Essa condição leva: Nas duas últimas décadas houve aumento do número de mulheres com diagnóstico de diabetes em idade fértil e durante o ciclo gravídico-puerperal - crescimento populacional, aumento da idade materna, falta de atividade física e aumento da obesidade. É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência em 3 a 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado. Estima-se que a prevalência de DMG no SUS seja de aproximadamente 18%, utilizando-se os critérios diagnósticos atualmente propostos na literatura. O DM acomete mais a criança, e por isso os maiores casos de óbito são fetais. PERÍODO GESTACIONAL: 40 semanas. Heterogêneo em seus aspectos fisiológicos, metabólicos e nutricionais. 1º TRIMESTRE: Grandes modificações biológicas (intensa divisão celular); Saúde do embrião depende da condição nutricional pré-gestacional materna. Esse é o período que ocorre a formação do embrião, por isso que não se percebe um crescimento significativo da barriga da gestante. Tudo que acontece nessa fase depende totalmente do estado PRÉ- GESTACIONAL na gestante (reservas e estado nutricional), adaptações fisiológicas, hormonais. 2º E 3º TRIMESTRE: Maior influência do meio externo sobre a condição nutricional do feto. Fatores determinantes: - Ganho de peso adequado materno; - Fator emocional; - Estilo de vida. De grande importância sobre a morbimortalidade materna. É nesse momento que pode ocorrer o surgimento de doenças da gestação (DMG, pré-eclâmpsia) – Pois é aqui que começa a ter as alterações significativas da gravidez. Há uma demanda maior do feto por suprimento para crescer e se desenvolver de maneira adequada – O principal suprimento energético é a GLICOSE. Dessa forma, o organismo materno vai lançar mão de mecanismos e vias metabólicas que favoreçam a liberação de mais glicose (mesmo que a mulher não consuma o açúcar propriamente dito). EPIDEMIOLOGIA DA DIABETES GESTACIONAL CARACTERÍSTICAS DO PERÍODO GESTACIONAL Vanessa Farias – NUTR 2022.2 – P7 No início da gestação a resposta desse hormônio é normal a glicose – a insulina é um hormônio anabólico que proporciona a entrada da glicose nas células. No segundo e terceiro trimestre de gestação há um aumento da necessidade de insulina para transportar a mesma quantidade de glicose (normal fisiologicamente). - Gestantes com obesidade podem contar com resistência à insulina devido ao excesso de tecido adiposo. Em decorrência da resistência insulínica, haverá uma maior quantidade de glicose “livre” na corrente sanguínea e consequentemente baixa quantidade entrando nas células, isso irá favorecer um maior estímulo para produção e liberação de glicose (por diversas vias) → MAIOR RISCO DE DESENVOLVER DMG. Estimula a formação de glicose a partir de substratos que não sejam o CHO. Vai estimular a quebra de glicogênio para gerar glicose. Tudo está relacionado a glicose, a glicose em excesso é TERATOGÊNICA (qualquer substância que durante a vida embrionária, produz uma alteração na estrutura ou Quebra de glicogênio para gerar glicose! função da descendência – dificultando a formação de células e tecidos) para o feto Pode levar a macrossomia e, além disso pode causar má formação fetal que é a maior causa de cardiopatias congênitas. Além disso, o excesso de glicose pode levar a um maior armazenamento de gordura na criança (CHO → AGs), levando a maiores quantidades de células adipócitos (em quantidade e não apenas em tamanho) – essa condição vai determinar o estado nutricional futuro dessa criança, pois leva a criação de uma “memória”, dificultando uma futura perda de peso e sendo fator de risco para doenças crônicas. Atualmente a melhor forma farmacológica do tratamento de diabetes na gestante é a insulina, no entanto, NESSE CASO o problema não é a falta de insulina e sim a resistência a ela (condição fisiológica da gestação). Os hormônios levam a menor sensibilidade à insulina, que com tempo pode tornar incapaz a secreção de insulina (difícil de acontecer), o que leva ao estado hiperglicêmico e hiperinsulinêmico da gestação diabetes gestacional. Intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se iniciou durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de diabetes mellitus franco (SBD, 2017-2018). Subtipo de intolerância aos hidratos de carbono diagnosticado ou detectado pela primeira vez no decurso da gravidez (Consenso de Diabetes gestacional, 2017). Representa, em muitos casos, o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 durante a gravidez. Obesidade materna é o principal fator predisponente. ESTADO DIABETOGÊNICO NA GESTAÇÃO DEFINIÇÃO DE DMG FATORES DE RISCO PREVALÊNCIA DE DMG - Cerca de 2% dos casos de sobrepeso; - 3,3 a 7% nas mulheres com obesidade; - 9,5 a 10% na obesidade mórbida. Mulheres com obesidade que desenvolvem diabetes gestacional apresentam, a longo prazo, risco duas vezes maior para o DM2. – Aumento da resistência à insulina. POLIDRÂMNIO OU OLIGODRÂMNIO – condições relacionadas ao líquido amniótico. Existe uma quantidade adequada desse líquido que permite que a criança se desenvolva de uma forma adequada, inclusive a evolução da gravidez é medida através da quantidade deste. Quantidades elevadas ou muito baixas desse liquido podem ser o motivo para antecipação do parto. Polidrâmnio é o excesso de líquido amniótico e pode indicar que a mulher está com diabetes gestacional. - Em decorrência da entrada constante de glicose (puxa água junto) = mais líquido amniótico. É um fenômeno pouco entendido, no qual os tecidos não respondem à insulina. CAUSAS – 1 Nº ou afinidade de receptores de insulina está diminuído; 2 Resposta pós-receptor anormal, como a ativação do transporte de glicose. Existe interferência externa do estado de inflamação metabólica materno na regulação da atividade placentária, estabelecendo o elo entre obesidade, RI e DMG (CATALANO, 2014). As citocinas inflamatórias possuem uma relação direta com a menor expressão do GLUT4 - transportador de glicose. Cesárea – principalmente quando há antecipação do parto. ç RESISTÊNCIA À INSULINA COMPLICAÇÕES DA HIPERGLICEMIA MATERNA RASTREAMENTO DO DIABETES NA GESTAÇÃO Se a glicemia da gestante deu elevada, ela poderá ser diagnosticada com diabetes mellitus prévio à gestação ou diabetes mellitus gestacional. A intervenção em gestantes com DMG pode diminuir a ocorrência de eventos adversos na gravidez. Orientação alimentar; Prática de atividade física (respeitar contraindicações obstétricas); Controle glicêmico; - Glicemia de jejum e pré e pós-prandial; - Monitorização domiciliar – 4 a 7x/dia (principalmente as gestantes em uso de insulina); Tratamento farmacológico. - Insulinoterapia (primeira escolha); - Hipoglicemiantes orais: metformina e glibenclamida; - Terapia combinada. É recomendado o início da terapia farmacológicana mulher com DMG quando duas ou mais medidas de glicemia avaliadas após 7 a 14 dias de terapia não farmacológica estiverem acima da meta. CLASSIFICAÇÃO DAS INSULINAS: Insulina basal: NPH/ regular (neutral protamine Hagedorn); Análogos de ação prolongada (glargina ou detemir); Insulina prandial: Rápida (regular); Ultra-rápida (lispro ou asparte) -> Melhor controle dos níveis de glicemia pós-prandiais com menor ocorrência de hipoglicemias. - Não atravessam a placenta; - A dose inicial deve ser de 0,5U/Kg, com ajustes individualizados para cada caso. - Associação de insulinas humanas de ações intermediárias e rápidas Quadro 1 - Classificação de risco da ANVISA* de uso na gestação das insulinas atualmente disponíveis no Brasil CLASSIFICAÇÃO DOS HIPOGLICEMIANTES ORAIS: ↑ a secreção pancreática de insulina (sulfoniluréias e glinidas). Ex. Glibenclamida (atravessa minimamente a placenta – não teratogênica); ↓ a velocidade de absorção de glicose (inibidores de alfa-glicosidades); ↓ a produção hepática de glicose (biguanidas); Ex. Metformina (atravessa a placenta em qtdes significativas-não teratogênica); ↑ a utilização periférica de glicose (glitazonas). METFORMINA E GLIBENCLAMIDA: TRATAMENTO DO DMG → Metformina é opção na terapia do DMG (SBD, 2022). Porém mais estudos são necessários. - Opções terapêuticas segundo CDG-2017. - Glibenclamida contraindicada segundo SBD, 2022. ATENÇÃO – Outros hipoglicemiantes orais são contraindicados. Quadro 2 – Indicações e contra indicações do uso de metformina no DMG: Segundo Associação Americana do Diabetes (ADA): toda gestante com diabetes gestacional deve receber orientação nutricional. - Ganho de peso adequado e controle metabólico Após 2 semanas de controle dietético → sem baixa da glicemia → Tratamento farmacológico Suprir as necessidades nutricionais específicas da gestação; Manter os níveis glicêmicos próximos da normalidade (controle metabólico); Promover adequado ganho de peso. Nunca se recomenda perder ou manter peso na gestante, mesmo que ela esteja em sobrepeso, recomenda-se ganhar o peso mínimo, que é 0,5kg por mês. São maiores na gestação (estão aumentadas): Ajustes fisiológicos maternos; Aumento dos tecidos maternos (placenta, útero, mamas, reservas para lactação); Garantir substratos para o desenvolvimento fetal; - Para aquelas obesas com IMC pré-gestacional > 30 Kg/m2 com DMG de difícil controle metabólico → restrição energética de 30% (25Kcal/ Kg do peso atual/ dia). Garantir o ganho de peso recomendado para a gestação: EER gestação = EER (pré-gestacional) + adicional de energia para o gasto durante a gestação + energia necessária para depósitos (IOM, 2002/2005) 1º trimestre = EER (pré-gestacional) + 0 + 0 2º e 3º trimestres = EER (pré-gestacional) + (8Kcal X IG em semanas) + 180 Kcal EER para mulheres de 9 a 18 anos = 135,3 – (30,8 x Idade [anos]) + NAF x (10,0 x peso [Kg] + 934 x estatura [m]) + 25 Kcal EER para mulheres de 19 a 50 anos= 354 – (6,91x Idade [anos]) + NAF x (9,36 x peso [Kg] + 726 x estatura [m] + 25 Kcal Sedentária: NAF = 1,00 (≥ 1,0 < 1,4) Pouco ativa: NAF = 1,12 (≥ 1,04< 1,6) Ativa → PA = NAF (≥ 1,6 < 1,9) Segundo a ADA: Cálculo do valor calórico a partir da adequação do peso atual. ASPECTOS DIETOTERÁPICOS DO DMG - Recomendação: 40% - 55% (SBD-2017-2018) ou 50- 55% (CDG-2017); - CHO simples: não ultrapassar 10 a 15% da quantidade total; - Incentivo aos CHO complexos; - Ajustar quantidade e qualidade dos CHO. CONTAGEM DE CHO: Reconhecido pela ADA em 1994; Introduzido no Brasil em 1998; 2001 – 1º curso no Brasil. A sensibilidade insulínica varia no decorrer da gestação, sendo imprescindível a monitorização constante para reconhecer as suas variações, determinando-as e alternando-as em tempo correto. Deve-se atentar para prováveis alterações das relações de bolus versus carboidratos ao longo do dia e conforme o ciclo gestacional. “Consiste em relacionar os gramas de carboidrato de um alimento com a quantidade de insulina adequada para a sua absorção”. 1UI de insulina para “X” gramas de CHO. – Normalmente é 15g ÍNDICE GLICÊMICO DOS ALIMENTOS: - Classifica os alimentos de acordo com o aumento da glicose sanguínea em relação a um controle (qualidade). - Alimento com baixo IG (<55) provocam menor elevação da glicose pós prandial e produzem menor área da curva glicêmica. - As dietas com baixo IG ajudam a reduzir níveis de HbA1c e melhoram o controle glicêmico. É associada a menor frequência de uso de insulina e a menor peso ao nascer. CARGA GLICÊMICA DOS ALIMENTOS: - Introduzido em 1997 em Harvard (EUA); - Representa o efeito da qualidade e da quantidade dos carboidratos; - Expresso por porção de alimento ingerido. Existem controvérsias sobre a validade deste método – diversos fatores podem interferir na resposta glicêmica dos alimentos (procedência do alimento, tipo de cultivo, forma de processamento e cocção, consistência e teor de fibras) Exemplo prático da melancia – IG = 72 (↑) Quantidade de CHO (fatia) = 5,75g CG = 4,14 (↓) 20 a 35 g/dia ou 14g/1000Kcal As fibras que possuem maior relação com a redução da glicemia são as fibras solúveis! Por exemplo: aveia é mais utilizado para reduzir glicose do que melhorar o quadro de constipação. A dieta será normoproteica. 15 a 20% do VCT (no mínimo, 1,1g/kg/dia); - Proteína estimula a secreção de insulina de forma similar a glicose. 30 a 40% do VCT (SBD-2017-2018) ou 30% (CDG- 2017); Levar em consideração a qualidade da gordura: - Gordura saturada (< 7% do VCT); - Gordura trans (< 1% do VCT) → desestimular o consumo; - Gordura insaturada; (1) MUFA (até 20%); (2) PUFA (até 10%) – peixe 3 x/semana (↓TG); ω-6: ω- 3; - Colesterol: < 200 mg/dia Considerar as DRIs (2001); Suplementar ferro e ácido fólico; Adequada em K, Mg, Zn e Cr (deficiência pode agravar a hiperglicemia); - Ofertar alimentos fontes dos outros micronutrientes. Hiperglicemia - Aumento do estresse oxidativo – onde tem estresse oxidativo, é interessante incluir os antioxidantes! Consequência da hiperglicemia: Macrossomia fetal; Anomalias congênitas. É importante ofertar antioxidantes dentro do contexto de uma alimentação saudável. - Classificados pelo risco de potencial pela ADA: - GESTANTES: permitidos os de risco A e B. Sacarina e ciclamato – risco C Aspartame – risco B (C em mulheres com fenilcetonúria) Estévia – risco B Sucralose – risco B Acessulfame – K – risco Ciclamato e sacarina estão presentes na maioria dos alimentos Diet, não sendo recomendados para gestantes! Limites diários recomendados (OMS/ANVISA): Proibição do consumo de álcool – Risco de hipoglicemia materna e Síndrome Alcoólica Fetal; - Podem ocasionar em sequelas neurológicas, RCIU e más formações. Moderado consumo de cafeína. → Fazer 6 refeições ao dia (intervalo de 3horas); → Incluir verduras e legumes ricos em fibras nas principais refeições; → Preferir alimentos integrais; ASPECTOS GERAIS DO PLANO ALIMENTAR → Todas as refeições devem conter CHO acompanhados de proteína, lipídio ou fibra; → Preferir grelhados, cozidos e assados; → Respeitar preferências alimentares e poder aquisitivo. FRACIONAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DAS CALORIAS: Fracionado em 6 refeições/dia; Distribuição: - Café da manhã – 10 a 15%; - Colação – 5 a 10%; - Almoço – 20 a 30%; - Lanche – 10 a 15%; - Jantar – 20 a 30%; - Ceia – 5 a 10%. Manutenção de dieta saudável (evitar a prescrição de dietas hipocalóricas durante o AM); Estimular o aleitamento materno exclusivo(por mais de 3 meses está relacionado coma redução do risco de desenvolver DM2 após a gestação); Em caso de hiperglicemia, a insulina é o tratamento indicado (após 6 semanas: reavaliação por meio de glicemia de jejum ou TOTG; em caso de normalidade, avaliar anualmente) RECOMENDAÇÕES NO PÓS PARTO
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