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Hanseníase É uma doença infecciosa crônica, o agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um bacilo álcoolácido resistente, ou também chamado de bacilo de Hansen, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos, mais especificamente, as células de Schwann (produção da bainha de mielina). O bacilo é de multiplicação lenta e não cultivável in vitro, o que dificulta o desenvolvimento de estudos e conhecimentos sobre sua composição. É possivelmente a única bactéria capaz de crescer no sistema nervoso periférico. Esse bacilo de Hansen apresenta ótimo crescimento em terpatura de 30°C, mostrando preferencias por regiões mais frias e externas do corpo. (atualmente foi “identificado” uma segunda espécie como agente etiológico, o Mycobacterium lepromatosis, mas os estudos ainda são escassos) É uma doença endêmica em várias regiões do mundo, principalmente na Índia, Brasil e na Indonésia. Está associada à pobreza e ao acesso precário de moradia, alimentação e cuidados de saúde e educação. E no Brasil é um problema de saúde pública. É uma das doenças mais comuns da humanidade e provavelmente teve seu início na África Ocidental há cerca de 100.000 anos e espalhando por meio de pessoas que migravam em rotas comerciais e colonialismo. A doença acomete principalmente nervos superficiais da pele e trancos nervosos periféricos (face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do cotovelo e joelhos), mas pode afetar ainda os olhos e os órgãos internos, como mucosas, testículos, ossos, baço, fígado A hanseníase é uma doença curável, mas se não tratada em forma inicial, a doença quase sempre evolui, torna-se transmissível e pode atingir pessoas de qualquer sexo ou idade (inclusive crianças e idosos). A evolução da doença ela é de forma lenta e progressiva, que levam em sua maioria à incapacidades físicas. Epidemiologia No Brasil, a diminuição de detecção em 2020 foi de 35%, isso por conta da pandemia pelo coronavírus. Segundo a OMS em 2019 foram notificados mais de 200 mil casos globalmente. E cerca de 80% ocorreram apenas na Índia, Brasil e Indonésia, o Brasil com 13% e a índia com 56%. Dentre os casos de 2019, mais de 14% foram detectados em menos de 15 anos idade. No brasil em 2019 foram notificados mais de 27 mil casos, e mais de 70% desses são multibacilares. Essa tendência foi registrada em todas as regiões, com a maior redução observada na região Sudeste (-50%), seguida pelas regiões Norte (-38,9%), Nordeste (-36,9%), Centro-Oeste (-28,3%) e Sul (-26,3%). Com relação à taxa de detecção em menores de 15 anos de idade, a tendência também foi decrescente, com queda de 55,2%, passando de 5,3 para 3,4 casos novos por 100 mil habitantes na faixa etária de 0 a 14 anos de idade. Transmissão A transmissão da hanseníase se dá por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível com uma pessoa que já possui hanseníase que não está sendo tratado e com alta carga bacilar, capazes de eliminar bacilos por vias aéreas superiores. (a fonte costuma ser parente próximo, que possui a doença, mas não sabe) A bactéria ela será transmitida através do ar por meio de vias respiratórias e ao por objetos utilizados pelo infectado. A maior parte das pessoas que entram em contato com o bacilo não adoece, isso porque a maioria da população possui defesa natural contra o M. leprae. Essa suscetibilidade ou não de contrair a doença tem relação genética, e por isso, quando familiares possuem, há maior chance de outros da família serem contaminados. Períodos Não é de conhecimento específico a quantidade de tempo que o bacilo consegue ficar incubado, mas acredita-se que a fase de incubação possa durar em média 5 anos, mas há relatos de casos em que sintomas demoraram 20 anos para aparecer Imunopatologia na hanseníase Por se tratar de um bacilo intracelular obrigatório, as principais células alvo serão macrófagos e de Schwann. Os principais antígenos que o corpo usa para iniciar resposta imune lipoarabinomanana (LAM) presente na parede celular e glicolipideo fenólico -1 (está presenta na capsula da micobactéria) É uma doença com diversidade de formas clinicas que dependem da resposta imunológica do indivíduo frente a exposição à bactéria. A resposta imune é crucial para determinar paciente resistente ou suscetível. Grande parte possui resistência natural, mas outros serão suscetíveis e desenvolvem a doença. Os fatores são imunológicos, junto a fatores genéticos. Em um dos polos, tem-se o polo resistente/polo tuberculoide, em que a resposta imune é capaz de controlar proliferação bacilar, é uma resposta imunológica direcionada e eficaz o suficiente. É observado formação de granulomas para impedir proliferação dos patógenos. Principais sinais e sintomas • Área da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor, dolorosa ou tato. • Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas que evoluem para dormência • Pápulas, tubérculos e nódulos • Diminuição ou queda de pelos • Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor • Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos; • Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; • Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos,principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras; • Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele; • Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; • Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; • Ressecamento e sensação de areia nos olhos Aspectos clínicos As manifestações clinicas e patogenicidades estão relacionados com a infecção pelo M. leprae e as reações hansênicas. A infecção ela é combatida por antibióticos, e as reações hansênicas por anti-inflamatórios. E destaca-se a principal consequência como sendo a neuropatia periférica. Suspeição diagnóstica Quando não se tem vacina especifica e conhecimentos sobre a transmissão do bacilo, os principais meios contra a hanseníase é o diagnóstico precoce junto tratamento. Por isso que, a realização de atividades de educação em saúde torna-se importante, até mesmo porque os sinais e sintomas da doença podem ser discretos, principalmente em manifestações iniciais e nas formas paucibacilares. Segundo o comitê de hanseníase da OMS, deve-se suspeitar de hanseníase em pessoas com: manchas hipocrômicas ou avermelhadas na pele, perda ou diminuição da sensibilidade em mancha(s) da pele, dormência ou formigamento de mãos/pés, dor ou hipersensibilidade em nervos, edema ou nódulos na face ou nos lóbulos auriculares, ferimentos ou queimaduras indolores nas mãos ou pés. Na anamnese desses indivíduos deve-se interrogar o contato com casos diagnosticados, indagar sobre queixar neurológicas. Levar em conta a área de residência, a história pregressa relativa ao convívio em territórios endêmicos nas últimas décadas e o convívio com pessoas acometidas. O exame físico deve incluir a observação cuidadosa da superfície cutânea, sob boa iluminação, com testes de sensibilidade em lesões da pele e/ou áreas referidas pelo indivíduo, ainda que sem lesões dermatológicas. A avaliação neurológica deve incluir a palpação dos nervos periféricos e os testes de sensibilidade e de força muscular em mãos, pés e olhos. O diagnóstico de hanseníase é acima de tudo, clínico, podendo ser diagnosticado na atenção primária à saúde. O ministério da Saúde define um caso de hanseníase pela presença de um ou mais dos seguintes critérios, conhecidos comosinais cardinais da hanseníase: 1. Lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil 2. Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motora e/ou autonômicas 3. Presença do M. leprae conformada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biopsia de pele Classificação Após conclusão diagnóstica por exame clínico e/ou baciloscopia, os casos devem ser classificados para saber qual tratamento adequado. • Hanseníase paucibacilar (PB): caracterizada por presença de uma a cinco lesões cutâneas e baciloscopia negativa • Hanseníase multibacilar (MB): caracterizada por presença de mais de cinco lesões de pele e/ou baciloscopia positiva. O comprometimento de um único nervo periférico é classificado como PB, e todos os casos de hanseníase que sugerem dúvidas sobre classificação deve ser tratado como MB. Formas clínicas Classificar as lesões já é suficiente para escolha adequada de esquema terapêutico, mas reconhecer as formas clinicas é importante para identificar os sinais e sintomas ligados a cada forma da doença e de suas correlações dermatológicas, neurológicas, imunológicas, baciloscopicos e mecanismos patogênicos. Internacionalmente adota-se a Classificação de Ridley e Jopling 1. Hanseníase tuberculoide (paubacilar) Acontece em indivíduos que possuem resposta imune celular especifica forte, evolui para multiplicação bacilar limitada e não detectável por baciloscopia. O paciente apresenta comprometimento restrito da pele e nervos que se manifesta como lesão cutânea única e bem delimitada. A resposta inflamatória é intensa, com presença de granulomas tuberculoides na derme e acentuado comprometimento dos filetes nervosos, com hipoestesia ou anestesia nas lesões dermatológicas, demonstrados por testes de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa. Pode ter ainda comprometimento de função das glândulas sudoríparas, com hipo ou anidrose, com diminuição de pelos nas áreas afetadas. As lesões de pele são com placas com bordas nítidas, elevadas, ertiematosas e micropapulosas, surgem como lesões únicas ou em pequeno número. O centro pode ser ou não hipocrômico, com certo grau de atrofia. Pode haver espessamento dos filetes nervosos superficiais da pele adjacente as placas, formando um “sinal de raquete” Nervos periféricos poupados ou se apresentam espessados de forma localizada e assimétrica, pode ter comprometimento de funções sensitivas e motoras no nervo afetado. O diagnóstico clínico pode ser estabelecido pelo primeiro sinal cardinal 2. Hanseníase virchowiana (multibacilar) As manifestações cutâneas e neurológicas e a baciloscopia são contrarias a forma tuberculoide. Ocorre em indivíduos que não ativam corretamente a imunidade celular especifica contra o bacilo, evoluindo com intensa multiplicação bacilar, detectável em baciloscopia. Há ativação de imunidade humoral, com produção de anticorpos específicos, mas esses não são capazes de impedir aumento da carga e a infiltração da pele e dos nervos, além de linfonodos, fígado, baço, testículos e medula óssea Pode ter comprometimento cutâneo silencioso, com progressiva infiltração da face, acentuação dos sulcos cutâneos, perda dos pelos dos cílios, congestão nasal e aumento de pavilhões auriculares. Há infiltração difusa das mãos e pes, e perda de conformação dos dedos. Com a evolução da doença não tratada, surgem pápulas e nódulos cutâneos, assintomáticos e de consistência firme (hansenomas). A ausência de inflamação mediada pela imunidade celular, traduz-se em comprometimento silencioso dos nervos periféricos e ramos superficiais. Assim, na forma virchowiana, as lesões de pele podem apresentar sensibilidade normal. Pode haver hipoestesia ou anestesia das mãos e pés, disfunções autonômicas, com hipotermia e cianose nas extremidades. Há relatos como dormências, câimbras e formigamentos, além de comprometimento da sudorese, com hiperidrose compensatória em áreas não afetadas. O primeiro sinal cardinal da doença pode estar ausente, o diagnóstico pode ser estabelecido por comprometimento cutâneo associado ao segundo sinal. E quando necessário, o diagnóstico pode ser confirmado por baciloscopia positiva do esfregaço intradérmico. 3. Hanseníase dimorfa (multibacilar) Situa-se entre os polos tuberculoides e virchowiano no espectro clínico. Apresenta características imunológicas mistas e sinais intermediários com relação aos polos. As lesões são em número variável. Acomete geralmente diversas áreas e apresentam grande variabilidade. Quando a principal resposta imune é celular, as lesões assemelham-se a forma tuberculoide, com placas com limites nítidos e comprometimento evidente da sensibilidade cutânea. Quando a resposta humoral é evidente, as lesões surgem em grande número, com hansenomas e infiltração assimétrica dos pavilhões auriculares. As lesões mais típicas são denominadas de “lesões fovelares” com bordos internos bem definidos, delimitando área central de pele aparentemente poupada. Nessas lesões, a sensibilidade e as funções autonômicas da pele podem estar comprometidas de forma mais discreta. O comprometimento dos nervos periféricos geralmente é múltiplo e assimétrico, com espessamento, dor e choque a palpação. Com diminuição de força muscular e hipoestesia. a instabilidade de resposta pode dar origem a reações inflamatórias nas lesões de pele a neurite aguda dos nervos, gerando incapacidades físicas, e deformidades visíveis na face, mãos e pés, com atrofia muscular, garras nos dedos, úlceras plantares, lesões traumáticas em áreas de anestesia, alterações oculares e outras. • É a forma clínica mais incapacitante da hanseníase, principalmente quando diagnóstico é tardio. • O bacilo nessa fase é encontrado em número moderado. 4. Hanseníase indeterminada (paubacilar) Forma inicial na doença, com manifestações discretas e menos perceptível. Suas manifestações não se relacionam com resposta imune especifica, caracterizando-se por manchas na pele, em pequeno número, mais claras que a pele ao redor (hipocrômicas), sem alteração do relevo e textura. O comprometimento sensitivo é discreto, com hipoestesia térmica, diminuição de sensibilidade dolorosa, e sensibilidade tátil preservada. Pode ter ou não diminuição da sudorese e rarefação de pelos nas lesões. Essa forma pode ser manifestada inicialmente por distúrbios da sensibilidade, sem alteração da cor da pele. Por ser a forma inicial, não há comprometimento de nervos periféricos e por isso não há repercussões neurológicas nas mãos, pés e olhos. Tem quantidade de bacilos muito pequena, indetectável por métodos usuais. 5. Hanseníase neural pura (neurítica primária) Exclusivamente neural, sem lesões cutâneas e baciloscopia negativa. Reações hansênicas São fenômenos inflamatórios agudos que cursam com exacerbação dos sinais e sintomas da doença. Resultam de ativação de resposta imune contra o M. leprae e pode ocorrer antes, durante ou após o tratamento da infecção. Afetam especialmente a pele e os nervos periféricos, pode acarretar dano neural e incapacidades físicas permanentes. As reações são classificadas em dois tipos 1. Reação tipo 1/ reação reversa: são de hipersensibilidade celular e geram sinais e sintomas mais restritos associados a localização dos antígenos bacilares. Acomete preferencialmente pessoas com formas dimorfas. Ocorre abruptamente, com piora das lesões da pele e muitas vezes com intensa inflamação dos nervos periféricos. É reação de hipersensibilidade do tipo II e IV. Clinicamente, a reação reversa caracteriza-se por um processo inflamatório agudo. As lesões cutâneas tornam-se mais visíveis, com coloração eritemato-vinhosa, edemaciadas, algumas vezes dolorosas. Frequentemente, essas alteraçõesaparecem também em áreas da pele onde a infecção era imperceptível, dando origem a lesões aparentemente novas. Qualquer nervo periférico e ramos nervosos cutâneos podem ser afetados, gerando dor aguda, que pode ser de forte intensidade, espontânea ou à palpação dessas estruturas, observando-se o reflexo característico de retirada do membro à palpação feita pelo avaliador. Muitas vezes, a neurite vem acompanhada por comprometimento das funções sensitivas, motoras e/ou autonômicas. Essa reação tem perfil de citocinas Th1, com influxo de TCD4+, e níveis elevados de interferon. 2. Reação hansêmica tipo 2 (eritema nodoso hansêmico) Acomete exclusivamente pacientes multibacilares. O mecanismo é a ativação humoral contra o bacilo que cursa com produção de anticorpos específicos e interação antígeno-anticorpo. Por isso, o quadro pode vir acompanhado de febre, artralgias, mialgias, dor óssea, edema periférico e linfadenomegalia, além de neurite, irite (inflamação da íris), orquite (inflamação testicular) e nefrite. Na pele a manifestação clássica é o eritema nodoso hansênico (ENH), nódulos subcutâneos, dolorosos, múltiplos. O Perfil de resposta é por citocinas Th2 e níveis elevados de IL-6 e IL-8. Complicações Complicações dos membros em paciente é consequência principalmente da neuroparia, resultando em perda de sensibilidade. A insensibilidade afeta receptores para o tato, dor e temperatura. O envolvimento de nervos cranianos é comum, sendo os mais afetados o facial e o trigêmeo, podem manifestar xeroftalmia, lagoftalmo (dificuldade de fechar as pálpebras), anestesia de córneas, paresia de músculos faciais O tronco nervoso mais acometido é o nervo ulnar no cotovelo, e o comprometimento resulta em pinçamento do quarto e quinto dedo e perda de muscularura interóssea. Pode ter ulceração plantar nas cavecas dos metatarsos. Pé caído em decorrência de paralisia do nervo fibular. Perda de falanges distais Nariz: a invasão bacilar da mucosa nasal pode resultar em congestão nasal crônica e epistaxa (sangramento pelo nariz) Olho: pode ter perda de sensibilidade da córnea, resultando em traumatismo, infecções e ulcerações. Testículos: o M. leprae invade os testículos, podendo causar disfunção testicular leve a grave. Diagnóstico • Baciloscopia direta para bacilos álcool-ácido resistentes: exame laboratorial complementar, busca detectar presença do M. leprae em esfregaços de raspados intradérmico e estimar a carga bacilar. A pesquisa pode ainda ser feita por meio de colorações em fragmentos de biópsia da pele, nervo, linfonodos e outros órgãos. O raspado intradérmico é obtido por meio de uma pequena incisão na pele, sendo coletado em lesões cutâneas. O exame tem baixa sensibilidade, resultando negativo em casos de paucibacilares. No entanto, o achado define diagnóstico e classifica o paciente como multibacilar. • Histopatologia: exame histopatológico se faz em casos em que o diagnóstico persiste indefinido. É utilizado em diagnóstico diferencial da hanseníase. A especificidade é de 70%, mas a sensibilidade é de 49% • Ultrassom de nervos periféricos: ultrassonografia contribui para avaliar os danos neurais, por demonstrar espassamentos focais, edema intraneural, microabscessos... • Eletroneuromiograma: é um método que utiliza testes neurofisiológicos para estudo funcional do SNP. Consiste em registro da atividade elétrica ao longo do trajeto dos nervos periféricos, nos músculos e nas junções. • Teste rápido imunocromatográfico para detecção de anticorpos IgM contra o M. leprae: detecta anticorpos IgM contra o antígeno PGL-1 do bacilo. É um teste rápido de uso individual e de fácil execução. O teste baseia-se na ligação dos anticorpos do paciente ao antígeno PGL-1, imobilizado em membrana porosa. • Teste de biologia molecular para detecção de M. leprae em biópsia de pele ou nervo (q PCR): A reação de cadeia polimerase é uma técnica que permite amplificar os fragmentos de DNA possibilitando sua identificação em amostrar. Tratamento O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico, se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina) O paciente PB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, e tomará 100 mg de Dapsona diariamente (em casa). O tempo de tratamento é de 6 meses (6 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Clofazimina 50 mg por dia, e o paciente a tomará também 300 mg uma vez por mês na dose supervisionada. O paciente MB receberá uma dose mensal supervisionada de 600 mg de Rifampicina, 100 mg de Dapsona e de 300 mg de Clofazimina. Em casa, o paciente tomará 100 mg de Dapsona e 50 mg de Clofazimina diariamente. O tempo de tratamento é de 12 meses (12 cartelas). Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá ser substituída pela Ofloxacina 400 mg (na dose supervisionada e diariamente) ou pela Minociclina 100 mg (na dose supervisionada e diariamente). Para o tratamento de crianças com hanseníase, deve-se considerar o peso corporal como fator mais importante do que a idade, seguindo as seguintes orientações: para crianças com peso superior a 50 kg deve-se utilizar o mesmo tratamento prescrito para adultos; para crianças com peso entre 30 e 50 kg deve-se utilizar as cartelas infantis (marrom/azul); para crianças menores que 30 kg deve-se fazer os ajustes de dose Referências: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) - Guia prático hanseníase Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 1 v. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017.