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DIREITO DO CONSUMIDOR - Flavia Marimpietri - Caderno para a 1ª Prova

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DIREITO DO CONSUMIDOR
Aluno: João Felipe Cabral Fagundes Pereira (T7B)
RELAÇÃO DE CONSUMO – Muito além do CDC, existem outras normas que também regulam as relações de consumo, fazendo parte do universo consumerista. Para que haja o enquadramento de relação é necessário que a relação possua os três requisitos do “quebra-cabeça”: a relação de consumo é uma relação onde, necessariamente, há em um polo o (i) consumidor (4 tipos de consumidor), em outro polo o (ii) fornecedor e, entre eles, há um (iii) produto ou serviço. Caso não haja um desses três requisitos que configuram a relação de consumo, a relação será de caráter cível, sendo regulamentada pelo Codex, e não pelo CDC. 
 Todo o sistema consumerista é criado para proteger o vulnerável, ou seja, o consumidor, com o intuito de que seja alcançada a igualdade material (tratar os desiguais de forma desigual para que se alcance a igualdade).
CONSUMIDOR PADRÃO (Artigo 2, Caput) – O consumidor padrão é, conforme o Artigo 2º do CDC, toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Não interessa, para o CDC, se a parte é PF ou PJ, ou se a mesma é adquirente ou utendi (quem usa), mas basta que a parte se configure como destinatário final do produto/serviço. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
-Destinatário Final: O Destinatário Final é o último elo da cadeia produtiva, sendo necessariamente o destinatário final, pois o mesmo acaba por quebrar toda a cadeia produtiva de um produto/serviço, configurando a relação de consumo. 
 Além disso, para que o mesmo seja consumidor, o indivíduo tem que utilizar o produto para o consumo, e não para o insumo (revender o produto, por exemplo, ou transformar o arroz para vender no restaurante à kg da parte). 
OBS: Apesar de não configurar relação de consumo, o comprador do produto que fez uso do mesmo para insumo, seja para revenda do produto ou para utilização do mesmo em seu restaurante à kg, por exemplo, possuirá seus direitos na relação, só que não serão regulados pelo Código do Consumidor, pois a relação é uma relação cível, que será julgada na Vara Cível, sob a luz do Codex de 2002.
Ex: Um saco de açúcar comprado por um restaurante à kg é um insumo, enquanto que um saco de açúcar comprado por uma faculdade para adoçar o café dos professores se caracteriza como relação de consumo, pois o açúcar é uma condição para que o restaurante exerça sua atividade (insumo).
-Corrente Finalista/Minimalista: De acordo com a Teoria Finalista/Minimalista, para ser destinatário final, o que interessa é o fim que há de ser dado ao produto/serviço, sendo esta a teoria aceita e seguida na jurisprudência do STJ. Consumidor final fático é quem adquire bem ou serviço para o seu uso pessoal; o aspecto econômico indica que o bem ou serviço adquirido não será utilizado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do adquirente.
-Corrente Maximalista: Pela teoria Maximalista, destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o produto para o seu uso, independente de destinação econômica conferida ao mesmo. Tal teoria confere uma interpretação abrangente ao artigo 2º do CDC, podendo o consumidor ser tanto uma pessoa física que adquire o bem para o uso pessoal, quanto uma grande indústria, que pretende conferir ao bem desdobramentos econômicos, ou seja, utilizá-lo nas suas atividades produtivas.
-Corrente do Finalismo Mitigado (Exceção): Em algumas situações de caso concreto ao longo dos anos, percebeu-se que não é possível classificar todos os consumidores apenas como destinatários finais.
 Logo, o STJ mudou seu entendimento para a Corrente do Finalismo Mitigado, que consiste na ideia de que, como regra geral, ainda vale a corrente do finalismo simples/minimalista, porém, excepcionalmente, em uma relação jurídica entre dois fornecedores, quando existe uma desproporção enorme no sentido de um fornecedor estar em extrema vulnerabilidade em relação ao outro, o CDC, por esta teoria, desconsidera a natureza de fornecedor da parte vulnerável e o transforma em consumidor. Portanto, podemos concluir que, o que antes era uma relação empresarial, se torna uma relação de consumo, trazendo os microempreendedores para o conceito de consumidor. 
CONSUMIDOR EQUIPARADO – O consumidor equiparado se encaixa como todos os terceiros que se equiparam ao consumidor por disposição expressa no CDC, sendo eles a coletividade, vítima de acidente de consumo e indivíduos expostos à práticas abusivas.
-Coletividade (Artigo 2º, §1º, CDC): Se equiparam ao consumidor todas as pessoas que tenham intervindo nas relações de consumo, ou seja, quando o dano recai não sobre apenas uma pessoa/destinatário final, mas sob um grupo de pessoas/coletividade, há uma equiparação dessa coletividade à posição de consumidor. 
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
-Vítima de Acidente de Consumo (Artigo 17, CDC): Consiste na ideia de que as pessoas terceiras que tiveram sua saúde, vida ou segurança lesadas pela relação de consumo na qual não fazem parte, serão equiparadas aos consumidores. Portanto, conforme Artigo 17 do CDC, equipara ao consumidor todas as vítimas do sinistro, inclusive o que, embora não tenha relação contratual com o fornecedor, sofre as consequências de um acidente de consumo.
  Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
-Exposto à Práticas Abusivas (Artigo 29, CDC): Também equiparam-se ao consumidor todas as pessoas que foram expostas à práticas abusivas, não sendo necessária a ocorrência de um dano efetivo, mas apenas a exposição da mesma à prática abusiva. Esta relação assegura ao consumidor equiparado tanto legitimidade material quanto processual, entretanto, individualmente, o indivíduo não pode reclamar por um dano que ainda não sofreu. 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
FORNECEDOR (Artigo 3, Caput, CDC) –Fornecedor é toda pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira que, com habitualidade e intenção de lucro, oferecem no mercado produtos e serviços, conforme Artigo 3º, CDC. 
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
-Fornecedor como Pessoa Física: O fornecedor como PF seriam os profissionais autônomos, como costureiras, por exemplo. Há fortes discussões sobre a possibilidade dos médicos e advogados se enquadrarem como fornecedores, já que tanto o CMB quanto a OAB não reconhecem essas relações como de consumo, inexistindo pacificação na jurisprudência. 
-Fornecedor como Pessoa Pública: Em regra, toda vez que o particular se relaciona com a Administração Pública, a relação é direito público. Entretanto, quando a Administração Pública se relaciona com o particular por meio da prestação de serviços uti singuli (específicos e divisíveis) – telefonia, água, luz e transporte urbano, por exemplo - há a configuração de uma relação consumerista/de direito privado. 
-Fornecedor como Ente Despersonalizado: Fornecedores são ainda os denominados entes despersonalizados, assim entendidos os que, embora não dotados de personalidade jurídica, quer no âmbito mercantil, quer no civil, exercem atividades produtivas de bens e serviços, como, por exemplo, a gigantesca Itaipu Binacional, em verdade um consórcio entre os governos brasileiro e paraguaio para a produção de energia elétrica, e que tem regime jurídico sui generis.
PRODUTO (Artigo 3º, §1º, CDC) – Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial(§1º do art. 3º). O termo é, pois, amplo, abrangendo os bens móveis (exemplos: carros, motos, sofás etc.), os bens imóveis (exemplos: apartamentos, terrenos etc.), os bens materiais, isto é, corpóreos, de existência física, e os bens imateriais, incorpóreos, isto é, os direitos (exemplo: programas de computador).
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
SERVIÇO (Artigo 3º, §2º, CDC) – Serviço, por sua vez, é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (§2º do art.3º). Exclui-se expressamente: (i) os serviços gratuitos; (ii) as relações trabalhistas (estas são regidas pela CLT). 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
-Serviços Aparentemente Gratuitos: Quanto aos serviços gratuitos, só são excluídos se forem pura ou inteiramente gratuitos. Se houver uma remuneração indireta (serviços aparentemente gratuitos), impõe-se a incidência do CDC. São, pois, apenas aparentemente gratuitos, havendo remuneração indireta:
(i) Transporte coletivo para maiores de 65 anos, pois há uma remuneração por parte da coletividade de usuários, que, de uma certa forma, submetem-se a uma tarifa maior para que a gratuidade seja levada a efeito;
(ii) Estacionamentos gratuitos em supermercados, shopping centers etc, já que há uma intenção de remuneração, pois o objetivo é atrair o consumidor ao estabelecimento. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação do dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento (súmula 130 do STJ), ainda que o consumidor nada tenha consumido;
SÚMULA 130 - A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO DE DANO OU FURTO DE VEICULO OCORRIDOS EM SEU ESTACIONAMENTO.
(iii) Associação que presta serviços médicos gratuitos a seus associados, onde é evidente a remuneração indireta, porquanto esse tipo de associação é mantida pelo dinheiro captado dos próprios associados;
(iv) Empresa de captação e fornecimento de sangue doado pois, embora o doador não receba nenhuma remuneração e o sangue não possa ser comercializado, o certo é que há uma remuneração indireta, pois a infraestrutura é mantida pelo preço embutido noutros serviços.
PRINCÍPIOS CONSUMERISTAS – Os princípios consumeristas não servem apenas de base para todos os artigos do CDC, mas também servem como critério de resolução de antinomias entre as regras previstas no Código de Defesa do Consumidor. 
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA – Boa-fé consiste na intenção de ser probo, legal e de agir corretamente. A Boa-Fé Objetiva consiste num padrão mínimo ético de conduta com a outra parte no mundo fático/mundo real nas relações consumeristas. Uma das funções da boa-fé objetiva é justamente a criação dos deveres anexos de conduta, que não precisam estar previstos nos contratos, mas devem ser cumpridos. 
-Tutela da Confiança: Estabelece que um dos deveres anexos é respeitar a confiança gerada entre o consumidor e o fornecedor, ou seja, é basicamente uma adaptação do venire contra factum proprium no direito do consumidor, pois o fornecedor, ao estabelecer uma relação de confiança com o consumidor, não pode criar a legítima expectativa de que irá praticar uma conduta e acaba fazendo conduta contrária à esperada, sendo passível de indenização. 
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE – Para Claudia Lima Marques, vulnerabilidade consiste em um estado permanente de desigualdade, pois a lei estabeleceu como presunção absoluta de que todo consumidor é vulnerável, já que o consumidor sempre estará em desvantagem com o fornecedor, pois sempre existirá uma vulnerabilidade técnica e informacional e, em certos casos, também uma vulnerabilidade econômico-financeira. 
-Vulnerabilidade x Hipossuficiência: Entretanto, nem todo consumidor é hipossuficiente, pois hipossuficiência é uma situação que determina a falta de suficiência para realizar ou praticar algum ato, ou seja, é uma situação de inferioridade que indica uma falta de capacidade para realizar algo. Entende-se por (i) Consumidor Hipossuficiente aquele que se encontra em situação de impotência ou de inferioridade na relação de consumo, ou seja, está em desvantagem em relação ao fornecedor, decorrente da falta de condições de produzir as provas em seu favor ou comprovar a veracidade do fato constitutivo de seu direito. 
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO DA OFERTA – O princípio da vinculação da oferta consiste na ideia de assegurar ao consumidor a possibilidade de exigir o consumo do produto/serviço da mesma forma em que o mesmo está sendo ofertado. O Principio da Vinculação da oferta deve ser aplicado em casos onde claramente observamos que o fornecedor induz o consumidor ao erro, ou se utiliza de artifícios de marketing com o intuito de depois se eximir de obrigações que são totalmente exigíveis.
PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO – O Princípio da Informação consiste na ideia de que o fornecedor tem o dever e obrigação de fornecer as devidas informações sobre o produto ou serviço ofertado, enquanto que o consumidor tem a faculdade de buscar tais informações. 
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA – O Princípio da Transparência é o princípio que prega a lealdade entre os parceiros contratuais, ou seja, tal princípio é entendido como um dos pilares da boa-fé objetiva, em que impõe o dever de o fornecedor informar, necessariamente, de modo adequado o consumidor, suprindo-se assim todas as informações tidas essências para o melhor aperfeiçoamento da relação de consumo, garantindo inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.
PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES – A harmonização dos interesses consiste no sopesamento dos interesses para que seja encontrada a melhor solução entre o fornecedor e o consumidor, ou seja, o principio da harmonização consiste em uma soma do princípio do equilíbrio com o principio da boa-fé objetiva. 
-Princípio do Equilíbrio: Por sua vez, o principio do equilíbrio, também chamado de princípio da equidade, estabelece que deve haver um equilíbrio nas relações de consumo, isto é, as partes na relação de consumo, fornecedor e consumidor, devem estar no mesmo patamar, com “paridade de armas”: de um lado o fornecedor com seu poderio econômico, jurídico e técnico, e do outro lado o consumidor amparado com os princípios, normas e prerrogativas oferecidas pelo Código de Defesa do Consumidor.
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (Artigo 6º, CDC) – Consistem nos direitos básicos dados a todos os consumidores, inclusive os consumidores equiparados e, qualquer tentativa de tirar esse direito do consumidor não serão aceitas (contrato com cláusula onde o consumidor renuncia de seus direitos), pois a mesma será considerada uma cláusula abusiva e nula. 
  Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
        II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
       III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)   Vigência
       IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
        V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
        VI - a efetiva prevençãoe reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
        VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
        VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
        X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
        Parágrafo único.  A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.  (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)   (Vigência)
DIREITO À SAÚDE, VIDA E SEGURANÇA – Apesar de estar prevista na CF/88, a previsão desses direitos no CDC constituem a obrigação ao fornecedor de colocar à venda apenas produtos seguros, sendo necessária a realização de todos os testes cabíveis e obtenção do aval dos órgãos reguladores para que o produto seja considerado seguro. Logo, não é necessária apenas a comprovação científica, mas também a chancela do Poder Público para que o produto do fornecedor seja comercializado. 
-Recall (Artigo 10, CDC): Eventualmente, mesmo com a realização dos testes e chancela do poder público, o fornecedor pode perceber a periculosidade do produto. Nesse caso, o fornecedor deve arcar com certas obrigações, como a assunção de responsabilidade objetiva e, principalmente, o chamado “recall”, previsto no Artigo 10. O recall consiste na obrigação do fornecedor de chamar de volta os consumidores para que os problemas do produto sejam sanados e, caso sejam insanáveis, haverá um reembolso aos consumidores que adquiriram o produto. 
 Uma das características do recall é que o ato deve ser feito em meio e veículo de informação de grande circulação sob as custas do fornecedor. Além disso, o recall não tem prazo fixo para retorno e é 100% gratuito para o consumidor. 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
        § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
        § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
        § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
OBS: Quando se trata de produto nocivo e perigoso (um inseticida), se o dano está dentro do risco normal do produto e a culpa foi exclusivamente do consumidor, não haverá responsabilização ao fornecedor. Entretanto, no momento em que o dano extrapola o risco normal do produto, onde o consumidor seguiu todas as instruções de uso, haverá responsabilização ao fornecedor, pois houve a violação ao Direito à Saúde, Vida e Segurança.
-Acidente de Consumo: Um acidente de consumo é configurado quando se constata um defeito no produto ou serviço que, além de torná-los inadequados para seu uso, também causa dano ao consumidor ou represente riscos à sua saúde ou segurança. O CDC determina que são vítimas de acidente do consumo os consumidores padrão e os terceiros onde, no caso dos terceiros, os mesmos possuem a legitimidade para migrar e serem tutelados como consumidores, conforme Artigo 17 do CDC, podendo processar o fabricante do produto. 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
DIREITO À EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO PARA CONSUMO – Consiste no direito do consumidor de receber do fornecedor todas as informações relacionadas à qualidade, forma, modo de utilização e preço do produto. Isto deve ser feito com o cuidado de preservar não só a integridade física do consumidor, mas também o patrimônio do mesmo. 
-Afixação de Preços (CDC e Decreto 5903/06): O Artigo 31 do CDC determina que a informação deve ser clara, precisa, adequada e ostensiva. Além disso, o Decreto 5903/06 determina formas bem específicas para a afixação de preços, que são a etiqueta, código referencial e código de barras, havendo o desmembramento de regras para estas modalidades de afixação de preços. Além disso, o preço deve ser posto à vista e a prazo.
(CDC) Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
(Decreto 5903/06) Art. 5o  Na hipótese de afixação de preços de bens e serviços para o consumidor, em vitrines e no comércio em geral, de que trata o inciso I do art. 2o da Lei no 10.962, de 2004, a etiqueta ou similar afixada diretamente no produto exposto à venda deverá ter sua face principal voltada ao consumidor, a fim de garantir a pronta visualização do preço, independentemente de solicitação do consumidor ou intervenção do comerciante. 
Parágrafo único.  Entende-se como similar qualquer meio físico que esteja unido ao produto e gere efeitos visuais equivalentes aos da etiqueta. 
Art. 6o  Os preços de bens e serviços para o consumidor nos estabelecimentos comerciais de que trata o inciso II do art. 2º da Lei nº 10.962, de 2004, admitem as seguintes modalidades de afixação:
I - direta ou impressa na própria embalagem;
II - de código referencial; ou
III - de código de barras. 
§ 1o  Na afixação direta ou impressão na própria embalagem do produto, será observado o disposto no art. 5o deste Decreto. 
§ 2o  A utilização da modalidade de afixação de código referencial deverá atender às seguintes exigências:
I - a relação dos códigos e seus respectivos preços devem estar visualmente unidos e próximos dos produtos a que se referem, e imediatamente perceptível ao consumidor, sem a necessidade de qualquer esforço ou deslocamento de sua parte; e
II - o código referencial deve estar fisicamente ligado ao produto, em contraste de cores e em tamanho suficientes que permitam a pronta identificação pelo consumidor. 
§ 3o  Na modalidade de afixação de código de barras, deverão ser observados os seguintes requisitos:
I - as informações relativas ao preço à vista, características e código do produto deverão estar a ele visualmente unidas, garantindo a pronta identificação pelo consumidor;
II - a informação sobre as características do item deve compreender o nome, quantidade e demais elementos que o particularizem; e
III - as informações deverão ser disponibilizadas em etiquetas com caracteres ostensivos e em cores de destaque em relação ao fundo. 
DIREITO À PROTEÇÃO – Previsto no Artigo 6º, IV do CDC, esse direito atua em diversas fases do consumo. 
-Publicidade Ilícita: A publicidade não pode ser feita de qualquer forma, existindo certos limites previstos no CDC. O que se proíbe no Brasil é a publicidade ilícita, prevista nos Artigos 36 e 37 do CDC, que consistem na publicidade subliminar e na publicidade enganosa e abusiva. 
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
        Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
(i) Publicidade Subliminar é aquela que está nas sublinhas, em quenão tem como perceber conscientemente que é uma publicidade. Assim são chamadas as mensagens de persuasão feitas para serem percebidas apenas no subconsciente, ou melhor, a Publicidade Subliminar é a definição de uma espécie de propaganda da qual se utiliza de meios para a transmissão de mensagens em um baixo nível de percepção auditiva e visual. São mensagens ocultas, dissimuladas, que visam atingir o subconsciente humano a fim de persuadir pessoas a fazer escolhas e realizar atitudes.
 Já a (ii) Publicidade Enganosa é a publicidade que mente ao consumidor, como a de carros sendo vendidos sem juros, por exemplo. Portanto, é considerada publicidade enganosa aquela que presta informações falsas às pessoas, ou, de forma proposital, deixa de comunicar algum aspecto sobre um produto ou um serviço (características, garantias, preços, quantidade, riscos, etc). 
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
        § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
 Por fim, (iii) Publicidade Abusiva é aquela que é discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
 § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
OBS: Podemos diferenciar a propaganda abusiva da enganosa pelo fato de não enganar os indivíduos, mas aproveitar o medo ou a superstição para que o consumidor se comporte de forma que prejudique a sua saúde ou a sua segurança.
-Prática Comercial Abusiva: Práticas comerciais abusivas são comportamentos desleais realizadas pelos fornecedores e prestadores de serviço, consideradas como violadoras do CDC, de forma que tais atos lesionam efetivamente os consumidores finais.
-Cláusulas Abusivas: O rol de cláusulas abusivas se encontra no Artigo 51 do CDC, que são as cláusulas que estabelecem situações extremamente desfavoráveis ao consumidor e que acabam violando os direitos básicos do consumidor. 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
        I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
        II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
        III - transfiram responsabilidades a terceiros;
        IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
        VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
        VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
        VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
        IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
        X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
        XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
        XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
        XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
        XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
        XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
        XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
        § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
        I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
        II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
        III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
        § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
        § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
DIREITO À REVISÃO CONTRATUAL – Por meio deste direito, é garantido que, se em qualquer contrato existir uma cláusula que, de alguma forma, viole os direitos básicos do consumidor, caberá uma revisão contratual por um juiz, onde o mesmo pode retirar tal cláusula do contrato enquanto mantém o vínculo com o fornecedor. Em certos casos, o juiz pode, inclusive reescrever e modificar certas cláusulas que não podem ser retiradas (juros e preço do produto, por exemplo). 
ACESSO AOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS E JUDICIÁRIOS – Consiste na ideia de que o consumidor deve possuir acesso aos órgãos administrativos e judiciais, visando a prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos. Os órgãos administrativos e judiciais de defesa ao consumidor pertencem a poderes diferentes, onde os órgãos administrativos pertencem ao Poder Executivo enquanto que os órgãos judiciais pertencem ao Poder Judiciário. 
-Órgãos Administrativos: Os órgãos administrativos podem abrir processos, assim como podem tomar a iniciativa para serem parte do processo, podendo exercer também um poder de polícia, visando tomar decisões que possam influenciar toda a coletividade, aplicando multas, fechamento de estabelecimentos e interdições. Os órgãos administrativos se encontram no âmbito federal (SENACON), estadual (PROCON Estadual) e municipal (PROCON Municipal – em Salvador é conhecido como CODECON), servindo para a criação e aplicação de políticas públicas em prol do consumidor. 
-Órgãos Judiciários: Por outro lado, os órgãos judiciários são inertes, necessitando de iniciativa do consumidor, sendo que os órgãos judiciários afetam individualmente os indivíduos, tendo como objetivo a recomposição de um dano individual. Existem os Juizados Especiais Cíveis do Consumidor (até 40 salários) e as Varas do Consumidor (acima de 40 salários), que servem como órgãos judiciários de defesa ao consumidor.
OBS: Não é necessário o esgotamento de recursos no âmbito administrativo para que o consumidor possa ingressar com uma ação no órgão judiciário. 
DIREITO DE FACILITAÇÃO À DEFESA DOS DIREITOS - O Artigo 6º, CDC, traz o direito do consumidor de defender seus direitos, por meio de campanhas educativas, criação de juizados e através da garantia de inversão do ônus de prova. A inversão do ônus de prova não é automática, devendo passar sob o crivo do Magistrado, havendo ainversão do ônus de prova quando o juiz notar a verossimilhança (quase certeza) da situação – ocorre geralmente por meio da percepção do juiz de como tal fato ocorrido já é recorrente - e/ou a hipossuficiência do consumidor, que consiste na dificuldade do consumidor de fazer prova técnica em juízo durante o processo. 
PODER PÚBLICO COMO FORNECEDOR - O Artigo 6º, X, CDC, estabelece que o Poder Público, em alguns casos, ao fornecer serviços públicos uti singuli, será considerado um fornecedor, devendo garantir e assegurar todos os direitos acima ao consumidor.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR 
REGRA GERAL: RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA – Partindo da premissa de que deve ser criado um microssistema de proteção ao consumidor, foi estabelecido que, no Direito do Consumidor, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, bastando haver dano e nexo causal, também sendo solidária, onde a cadeia de fornecedores inteira se responsabiliza por eventuais danos ao consumidor. A solidariedade é ampla, incidindo sobre todos os membros da cadeia produtiva.
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
        § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - sua apresentação;
        II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi colocado em circulação.
        § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
 Na hipótese do consumidor ter sido danificado, o mesmo ingressará com uma ação consumerista contra qualquer um dos fornecedores componentes da cadeia ou então direcionando a ação a todos os fornecedores, onde caso o apenas um fornecedor seja responsabilizado, ele poderá fazer uso do direito regressivo contra os outros fornecedores. 
EXCEÇÕES – As exceções são a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade solidária restrita, previstas em lei pelo legislador. 
-Responsabilidade Subjetiva do Fornecedor: Prevista no Artigo 14, §4º, consiste na ideia de que os profissionais liberais (fornecedores de serviços) serão dotados de responsabilidade subjetiva que, diferente dos fornecedores “comuns”, os fornecedores que atuam como profissionais liberais só serão responsabilizados caso o consumidor prove que houve o dano. 
  Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
-Responsabilidade Solidária Restrita: Além disso, há a possibilidade de responsabilidade solidária restrita, que consiste em hipóteses que o legislador, ao invés de estabelecer a solidariedade a todos os fornecedores, determina apenas um grupo de fornecedores que serão responsabilizados. Logo, a responsabilidade solidária restrita consiste em uma delimitação dos fornecedores que compõem a cadeia que poderão ser responsáveis solidários por eventuais danos ao consumidor.
    Art. 12. O FABRICANTE, O PRODUTOR, O CONSTRUTOR, NACIONAL OU ESTRANGEIRO, E O IMPORTADOR RESPONDEM, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 
-Gerais: Serve de excludente as hipóteses de caso fortuito ou força maior. A jurisprudência tem dito que o caso fortuito ou força maior só serve para quebrar o nexo de causalidade caso os mesmos sejam externos, ou seja, sejam situações que não integrem o risco das atividades praticadas do negócio, havendo a impossibilidade de previsibilidade de tais riscos.
OBS: O caso fortuito ou força maior interno são aqueles que fazem parte e integram o risco do negócio, podendo não ser esperados, mas sim previsíveis, tendo como exemplo um assalto ao banco, servindo como um caso fortuito interno, por exemplo. 
-Específicas: Existem três possibilidades de excludentes específicas que são tratadas pelo CDC, em seu Artigo 12,§3º, onde tais excludentes específicos estabelecem o ônus da prova invertido ao fornecedor, sendo o fornecedor forçado a provar que não houve a possibilidade do mesmo ser imputado com a responsabilidade civil. 
    § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 A (i) 1ª Hipótese determina que não será responsabilizado o fornecedor que prova que não foi ele o responsável por inserir o produto no mercado. A (ii) 2ª Hipótese estabelece que o fornecedor não será responsabilizado quando provar que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito não existe. Por fim, a (iii) 3ª Hipótese reza que não será responsabilizado o fornecedor que provar que a culpa do dano é exclusiva do consumidor ou de terceiro. Entretanto, caso a culpa não seja exclusiva do consumidor ou terceiro, mas apenas parcial, o fornecedor será responsabilizado.
TROCA E CLÁUSULA DE PRAZO (Artigo 18, CDC) – Conforme o Artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, os fornecedores de produtos – duráveis ou não duráveis – possuem responsabilidade solidária por quaisquer vícios de qualidade ou quantidade que tornem os produtos impróprios/inadequados ao consumo ou que diminuam seu valor, assim como os produtos que possuem vícios decorrentes da disparidade (entre o produto as indicações no recipiente, embalagem, rotulagem, mensagem publicitária, etc), cabendo ao consumidor o direito de exigir a substituição das partes viciadas dentro do prazo máximo de, em regra, 30 dias. 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
-Impossibilidade de Sanação do Vício em 30 Dias (Artigo 18, §1º, CDC): O Artigo 18, §1º estabelece que, caso não seja possível ou não ocorra a sanação do vício dentro do prazo máximo de 30 dias, poderá o consumidor exigir qualquer uma das 3 hipóteses previstas no dispositivo, de forma alternativa, que são: a (i) Substituição Do Produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; (ii) Restituição Imediata da Quantia Paga, com atualização monetária, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; e, por fim o (iii) Abatimento Proporcional do Preço do Produto.
        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
        III - o abatimento proporcional do preço.
-Parametrização do Prazo (Artigo 18,§2º, CDC): O Artigo 18, §2º reza que as partes terão a possibilidade de convencionarem a respeito da redução ou ampliação do prazo de sanação de vícios no produto, contanto que o prazo não ultrapasse a parametrização de 7 a 180 dias. 
OBS: Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
        § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
 Existem duas hipóteses previstas no Artigo 18, §3º, CDC, em que o indivíduo não precisa esperar por 30 dias para o abatimento do preço ou troca do produto, que são nas hipóteses em que o (i) bem é essencial ou que em razão da extensão do vício, a (ii) substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto ou diminuir-lhe o valor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
OBS: Bens essenciais são os bens que o indivíduo não poderia ficar privado dele por 30 dias, tendo como exemplos a geladeira, fogão, cama, celular e colchão, por exemplo. Outros bens vão depender do caso concreto, havendo uma análise casuística da essencialidade ou não-essencialidade do bem ao indivíduo/consumidor.
RESPONSABILIDADE PELO FATO E PELO VÍCIO – Caso haja qualquer espécie de defeito na esfera consumerista, é definido que tal defeito será classificado como responsabilidade do fornecedor pelo fato ou pelo vício.
-Fato do Produto ou Serviço: Haverá fato do produto ou do serviço sempre que o defeito, além de atingir a incolumidade econômica do consumidor, atinge sua incolumidade física ou psíquica. Nesse caso, haverá danos à saúde física ou psicológica do consumidor. Em outras palavras, o defeito exorbita a esfera do bem de consumo, passando a atingir o consumidor, que poderá ser o próprio adquirente do bem ou terceiros atingidos pelo acidente de consumo, que, para os fins de proteção do CDC, são equiparados àquele. Logo, se a segurança do consumidor está sendo afetada, os bens jurídicos atingidos serão a segurança, saúde e, inclusive, a vida do consumidor, ou seja, podemos concluir que o fato é mais gravoso do que o vício. 
 O fato está previsto nos Artigos 12-17 do Código de Defesa do Consumidor. Quando se tratar de (i) Fato do Produto, responderá o fabricante, produtor, coletor ou importador, não havendo responsabilidade do comerciante, conforme Artigo 12, CDC. Entretanto, o Artigo 13 do CDC determina as hipóteses que o comerciante será igualmente responsável aos outros fornecedores do produto.
 	Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
        § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - sua apresentação;
        II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi colocado em circulação.
        § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
        § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
       	 Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
        I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
        II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
        III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
        Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.
Exemplos de fato do produto: Os casos dos telefones celulares cujas baterias explodiam, causando queimaduras no consumidor; o automóvel cujos freios não funcionam, ocasionando um acidente e ferindo o consumidor; um ventilador cuja hélice se solta, ferindo o consumidor; um refrigerante contaminado por larvas ou um alimento estragado que venha a causar intoxicação etc. 
Quanto ao (ii) Fato do Serviço, toda a cadeia de fornecedores será responsabilizada objetivamente, sendo considerado defeituoso o serviço quando o mesmo não fornecer a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, tais como o (a) modo de seu fornecimento, o (b) resultado e os riscos que razoavelmente dele se espera e a (c) época em que foi fornecido, de acordo com o Artigo 14,§1º, CDC. 
OBS: O Artigo 14, §2º determina que o serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
 	Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
        § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
        I - o modo de seu fornecimento;
        II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
        III - a época em que foi fornecido.
        § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
 Com base no Artigo 14, §3º, CDC, o fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar que, o defeito inexiste, tendo o fornecedor prestado o serviço e quando a culpa for exclusiva do fornecedor ou do terceiro.
        § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
        § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Exemplos de fato do serviço: uma dedetização cuja aplicação de veneno seja feita em dosagem acima do recomendado, causando intoxicação no consumidor; um serviço de pintura realizado com tinta tóxica, igualmente causando intoxicação; uma instalação de kit-gás em automóvel, que venha a provocar um incêndio no veículo etc.
 Por fim, e não menos importante, é válido observar que o prazo para arguir responsabilidade por fato do produto ou do serviço é prescricional, pois diz respeito a uma pretensão a ser deduzida em juízo, sendo este o prazo de 5 (cinco) anos, iniciando-se sua contagem a partir do conhecimento do dano e de sua autoria, consoante disposto no art. 27 do CDC.
 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
-Vício do Produto ou Serviço: O vício é um defeito quanto à qualidade e quantidade do produto, sendo o vício danoso ao bem jurídico do patrimônio, sendo menos gravoso do que o fato. Haverá vício quando o “defeito” atingirmeramente a incolumidade econômica do consumidor, causando-lhe tão somente um prejuízo patrimonial. Nesse caso, o problema é intrínseco ao bem de consumo. O vício está disposto no Artigos 18-20 do CDC. Em se tratando de vícios, todos os fornecedores (inclusive o comerciante) responderão solidariamente, já que o código não faz qualquer diferenciação entre fornecedores nessa situação, tanto em vício de produto quanto vício de serviço.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
        III - o abatimento proporcional do preço.
        § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
        § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
        § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
        § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
        § 6° São impróprios ao uso e consumo:
        I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
        II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
        III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
        Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - o abatimento proporcional do preço;
        II - complementação do peso ou medida;
        III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
        IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
        § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior.
        § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.
        Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
        I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
        III - o abatimento proporcional do preço.
        § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.
        § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Exemplos de vício do produto: uma TV nova que não funciona; um automóvel 0 Km cujo motor vem a fundir; um computador cujo HD não armazena os dados, um fogão novo cuja pintura descasca etc.
Exemplos de vício do serviço: dedetização que não mata ou afasta insetos; película automotiva mal fixada, que vem a descascar; conserto mal executado de um celular, que faz com que o aparelho não funcione etc.

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