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Fisiologia do Sistema Endócrino O sistema endócrino tem a função de garantir o fluxo de informações entre diferentes células, possibilitando a integração funcional de todo o organismo. Funções do sistema endócrino Crescimento e desenvolvimento, metabolismo, regulação do meio interno (temperatura, balanço hídrico e iônico) e reprodução. Totalmente integrativo. Principais órgãos do sistema endócrino Tireóide, pâncreas, fígado, glândulas suprarrenais, ovários, testículos, glândulas paratireoideas e eixo hipotálamo-hipófise. Hormônios Substância química não nutriente capaz de conduzir determinada informação entre uma ou mais células. O fluxo de informações ocorre a partir dos efeitos biológicos determinados por moléculas, denominavas hormônios. Nesse fluxo de informação intercelular participam: Célula secretora: síntese e secreção do hormônio. Célula alvo: reconhece o hormônio e modifica alguma função celular em resposta a esse hormônio. • Células secretoras que se encontram dispersas: tecido adiposo, coração, endotélio dos vasos sanguíneos e intestino. • Hormônios podem ser produzidos e secretados por diferentes tipos celulares (ex: coração produz o peptídeo natriurético). • Alguns hormônios têm ação intrácrina (em sua própria célula). • Hormônios podem ser produzidos e secretários por diferentes tipos celulares, não necessariamente uma célula típica endócrina. • O sangue é próprio de vertebrados, e sabe-se que em artrópodes vários hormônios circulam por meio das hemolinfa. • Ecto-hormônios que atravessem o ar ou a água, comunicando diferentes indivíduos da mesma espécie (como os feromônios). Efeitos dos Hormônios Efeitos clássicos Sinalização endócrina Hormônio quando liberado na corrente sanguínea passa por uma longa distância para chegar ao alvo. Sinalização parácrina Hormônios liberados que agem nas células próximas à célula secretora. Sinalização autócrina Hormônios liberados que agem na própria célula secretora, se ligam em receptores na própria célula que o liberou. Efeitos não clássicos Sinalização Intrácrina Hormônios não saem da célula secretora e realizam a sinalização dentro dela. Ex: T4 liberado nos folículos da tireoide, permanece na célula e é transformado em T3. Sinalização Justácrina Hormônios ficam aderidos na própria membrana da célula que os secretou. Ex: moléculas sinalizadoras na membrana das células endoteliais sinalizam leucócitos na cascata inflamatória. Sinalização Criptócrina Hormônios ficam presos dentro de um compartimento do tecido. Ex: testosterona. Age nas células vizinhas, mas não sai. Classificação dos hormônios quanto à sua natureza química. Hidrossolúveis x Lipossolúveis Dependendo de sua concentração química, um hormônio é hidro ou lipossolúvel e várias de suas características decorrerão dessas suas qualidades físico-químicas. Relacionado à Polaridade -> Uma molécula polar é hidrossolúvel -> Uma molécula apolar é lipossolúvel. Hormônios hidrossolúveis São a maioria, conhecidos como o grupo dos hormônios proteicos. Hormônios que são solúveis em água (molécula polar). Composição: um único aminoácido modificado, peptídeo, proteína, várias subunidade protéicas, proteína glicosada e proteína fosforilada. Hormônios derivados de um único aminoácido Os menores hormônios hidrossolúveis são aminoácidos modificados. • Tirosina origina a epinefrina e norepinefrina. • Histidina origina a histamina. • Triptofano origina a serotonina. A síntese desses hormônios depende da disponibilidade intracelular do aminoácido e atividade das enzimas-chave. Demais tipos de hormônios proteicos Os demais hormônios são codificados por genes específicos. Ficam na forma de pró- hormônios até serem liberados na corrente sanguínea na forma de hormônios. Ex: Insulina. Um único gene pode ser responsável para a produção de vários hormônios. Ex: Gene POMC produz ACTH, B-endorfina e a-MSH. Proteases possibilitam que o gene seja responsável pela síntese de diferentes hormônios. É comum detectarem-se pequenas quantidades de pró-hormônios na circulação, que correspondem a molécula que não chegam a ser clivadas. Transporte dos hormônios hidrossolúveis Devido à sua característica polar, solubilizam-se facilmente no interstício e no sangue, o que possibilita a livre circulação. Não precisam de proteína carregadora. Exceções: GH e os IGFs costumam circular ligados a uma proteína carreadora. Mecanismo de ação dos hormônios hidrossolúveis • Todo hormônio hidrossolúvel é grande, não consegue atravessar a membrana, consequentemente precisa de receptores de membrana; possuem afinidade e especificidade para um determinado receptor. A redução do número de receptores de membrana (down-regulation) não necessariamente provoca um comprometimento imediato da ação hormonal. • Afinidade e especificidade. • A ligação dos hormônios a seus receptores é passível de saturação (número finito de receptores); • Geralmente a ocupação do receptor necessária para produzir uma resposta biológica em determina célula alvo é muito baixa. • A redução do número de receptores de membrana (down-regulation) não necessariamente provoca um comprometimento imediato da ação hormonal. Em alguns casos podem ser bem funcionais. Insulina se liga ao adipócitos que puxa a glicose para produzir triglicerídeos. • Resposta com menos de 3% do número total de receptores nos adipócitos estão ocupados. • Receptor de membrana é uma proteína. Receptores Ionotrópicos (canais iônicos) Hormônios se ligam no receptor e ocorre a abertura do canal iônico, é a resposta mais rápida. Receptores Metabotrópicos (serpenteante) Hormônios se ligam no receptor e ocorre uma cascata metabólica (ativação/inativação de enzimas e expressão de genes). Receptores de membrana: duas regiões (lado externo e interno). Pode existir uma proteína receptora e acoplada a ela uma enzima diferente localizada no meio intracelular. A ligação receptor-ligante faz com que a enzima seja ativada. Proteína G: Maioria das transduções de sinais. • Os receptores GPCR acoplados a proteína G são uma família grande e complexa - proteína transmembrana que atravessa a bicamada lipídica sete vezes. • A cauda da proteína receptora é ligada a uma molécula transdutora de membrana chamada proteína G. Ela tem 3 subunidades: alfa, beta e gama. • No estado inativo, Gα está acoplada a GDP, do lado interno da membrana plasmática. • Os receptores GPCR estão acoplados a uma proteína G intracelular. Quando o hormônio se liga no receptor GPCR, ativa a proteína G intracelular (substituição do GDP por GTP), subunidade alfa se separa da subunidade beta-gama, ativa uma proteína específica (alvos da proteína G) e gera uma cascata enzimática. • Cascata depende da proteína de membrana. • A subunidade beta-gama também pode gerar cascatas. Alvos da proteína G 1. Abertura do canal iônico 2. Ativação da Adenilato ciclase: subunidade alfa s se desloca na membrana e ativa proteína Adenilato ciclase - ATP em AMPc gera cascata para ativar/inativar enzimas e aumento da expressão de genes. 3. Inibição da Adenilato ciclase: subunidade alfa i se desloca na membrana e inibe a proteína Adenilato ciclase, não ocorre a formação de AMPc. Inibe a cascata. 4. Ativação da fosfolipase C (PL-C): PIP2 (fosfolipideo de membrana) é transformado em IP3 e diacilglicerol. IP3 faz com que abram canais de cálcio no retículo endoplasmático liso, cálcio sai e vai para o citoplasma ligar-se com a enzima calmodulina - CAMquinase tem a função de ativar/inativar enzimas e genes. Diacilglicerol ativa a proteína PKC (alvo MARCKS) que desencadeia cascatas enzimáticas Importante: Proteína Cinase ou Quinase é um tipo de enzima que transfere grupos fosfatos de moléculas doadoras de alta energia (como o ATP) para moléculas alvo específicas (substratos). O processo tem o nome de fosforilação. Proteína fosfatase: responsáveis pela desfosforilação. Alvos da PKC: • MARCKS (myristoylated, alanine-rich C-kinase substrate ) é uma proteína ligante de actinae de calmodulina, cuja ligação à membrana plasmática durante a adesão a substrato é regulada pela PKC; • Parece regular muitas isoformas de fosfolipase D (PLD), podendo ativar o fator transcricional NF-κB (ativação de muitos genes) Tirosina cinase Hormônio liga-se ao receptor, na porção intracelular do receptor, uma proteína específica (alvos da tirosina cinase) é fosforilada, gerando uma cascata metabólica. Alvos da tirosina cinase 1. PKC: PIP2 (fosfolipideo de membrana) é transformado em IP3 e diacilglicerol. IP3 faz com que abram canais de cálcio no retículo endoplasmático liso, cálcio sai e vai para o citoplasma ligar-se com a enzima calmodulina - CAMquinase tem a função de ativar/inativar enzimas e genes. Diacilglicerol ativa a proteína PKC (alvo MARCKS) que desencadeia cascatas enzimáticas. 2. MAP cinase: aumento das expressão de genes 3. P13 cinase: ativa a proteína PKB (Akt). Guanilato ciclase Converte GTP em GMPc para ativar uma proteína PKG, gerando cascatas metabólicas (importância dessa rota na vasodilatação). Integrinas Hormônio liga-se no receptor Alvos das integrinas: 1. FAK: ativa a via da MAP cinase e JNK e ocorre o aumento da expressão de genes. 2. Rho de GTPases: ativa a via da RhoA, Rac e CDC42 e ocorre a movimentação do citoesqueleto da célula (importância na migração de leucócitos). Disfunção dos hormônios hidrossolúveis Alterações em várias etapas da cascata. Aumento ou redução na produção de determinado hormônio (tireoidismo ou hipertireoidismo). Redução no número ou na função dos receptores. Inativação dos hormônios hidrossolúveis • Fosforilação/desfosforilação proteica • Dessensibilização do sistema receptor-via de sinalização • Ubiquitinação: ubiquitina inativa ou degrada o receptor • Inibição por proteínas reguladoras de proteínas G: inibição da proteína G intracelular, não ocorrendo mais cascatas metabólicas. Hormônios Lipossolúveis • A característica básica dos hormônios Lipossolúveis é ter uma molécula percursora lipídica (maioria das vezes é o colesterol). • A grande maioria desses hormônios deriva do colesterol sendo por isso chamados de hormônios esteroides. (Muito colesterol, impossível de engravidar, obesidade). • Adicionalmente, podem derivar de análogos de colesterol ou calcíferois. • A maior parte da produção ocorre nos testículos, ovários e córtex da glândula suprarrenal. • A síntese desses hormônios depende da presença de enzimas específicas na célula, conduzindo a rota da esteroidogênese. Funções dos hormônios lipossolúveis Embora sejam bem parecidos, sua atividade biológica pode ser bem diversa. • Glicorticoides (GBG): metabolismo dos carboidratos • Mineralocorticoides: balanço hidroeletrolítico • Andrógenos (ABG): função reprodutiva masculina • Estrógenos (EGB): função reprodutoras feminina Transporte dos hormônios lipossolúveis Tem facilidade em atravessar a membrana (molécula pequena e lipofílica) e dificuldade para deslocamento no interstício e no espaço intravascular (molécula apolar). Necessitam de proteínas carreadoras (albumina, ABG, GBG e EBG) para deslocamento intersticial e sanguíneo. Apenas quando se soltam da globulina, estarão livres para entrar na célula. Albumina: As proteínas carregadoras, ao englobarem a molécula do hormônio, impedem a sua disponibilidade à célula-alvo. Mecanismo de ação dos hormônios lipossolúveis Hormônio lipofílico atravessa livremente a membrana, entram livremente dentro da célula. Os receptores podem estar no núcleo ou no citoplasma (após se ligarem aos hormônios, vão para o núcleo). No núcleo, os hormônios ligados aos receptores induzem a expressão de genes. Possuem uma ação lenta. Hormônios Tireoidianos Produzidos na tireoide, são conhecidos como iodotironinas, T3 e T4. São hormônios peptídicos, são solúveis no sangue, porém precisam de uma proteína carreadora (TGB) para deslocamento intersticial e sanguíneo. Possuem meia vida longa. Cruzam membranas celulares por meio de sistemas de transporte. Eles são armazenados extracelularmente na tireoide como parte integrante da molécula de glicoproteína tiroglobulina. Mecanismo de ação dos hormônios tireoidianos Necessitam de uma proteína de membrana para entrar na célula. Expõe o gene, fazendo com que ocorra expressão gênica. São semelhantes aos hormônios esteroides --> receptor dos hormônios tireoidianos é intracelular e atua como um fator de transcrição Receptores de hormônio tireoidiano pertencem à mesma família de genes que inclui os receptores de hormônios esteroides e receptores de vitamina D. Metabolização Hormonal Quando os Hormônios são inativados pela atividade hepática a grande maioria precisa ser metabolizado no fígado. Enzimas hepáticas excretam pelo rim. • São metabolizados no fígado e excretados no rim. • No fígado ocorre a redução, hidroxilação e conjugação. Eixo hipotálamo-hipófise Hipotálamo Respostas fisiológicas para manter a homeostasia. Para desempenhar essa função integra sinais provenientes do ambiente, encéfalo e vísceras para que ocorram respostas neuroendócrinas próprias. Comanda e regula a hipófise. Influência do hipotálamo: ingestão de alimentos, consumo de energia, peso corporal, equilíbrio líquido, pressão arterial, temperatura corporal e ciclo do sono. Áreas inconscientes, detecta ações e manda para áreas concientes. Não tem ação direta em áreas conscientes. Hipotálamo-Adeno-Hipófise O Hipotálamo é composto por neurônios parvocelulares, que liberam seus hormônios no sistema porta hipotálamo-hipófise (corrente sanguínea fechada, não se ramifica ao sistema sanguíneo corporal). Isso confere uma exclusividade dos hormônios do hipotálamo para as células endócrinas típicas da adeno-hipófise. Hormônios do Hipotálamo TRH: hormônio regulador da tireotrofina - faz com que a adeno-hipófise libere o TSH. TRH age em tireotrofos, depois libera T3 e T4. CRH: hormônio regulador da corticotrofina - faz com que a adeno-hipófise libere o ACTH. (hormônio adrenocorticotrófico). O ACTH vai na suprarrenal e faz com que ela libere cortisol. GHRH: hormônio regulador do hormônio do crescimento - a adeno-hipófise libera o GH. GnRH: hormônio regulador das gonadotrofinas - faz com que a adeno-hipófise libere o LH e FSH e estas liberam os hormônios sexuais. Prolactina, produzido na adeno-hipófise, é constantemente inibida, não precisa de hormônio regulador. Fatores são envolvidos, 3 produzem e 3 inibem. PRF: fatores estimulantes da prolactina - VIP, DHI e TRH - faz com que a adeno-hipófise libere a prolactina PIF: fatores inibidores da prolactina - Dopamina, GABA, e GAP - faz com que a adeno- hipófise não libere a prolactina Somatostatina: inibe o TRH e GHRH - faz com que a adeno-hipófise não libere o GH e o TSH (feedback negativo). Hipófise Neuro-hipófise É uma extensão do tecido nervoso. Neurônios magnocelulares que se iniciam no hipotálamo e terminam na neuro-hipófise. Neurotransmissores (hormônios) são armazenados e liberados. Os neurônios magnocelulares se encontram nos núcleos paraventriculares e supraópticos. Sistema porta hipotálamo-hipófise: Neurônios parvocelulares tem ação exclusiva no sistema fechado. Neurofisina: mecanismo protetor que impediria a difusão do hormônio do grânulo e sua liberação prematura ou inativação. Adeno-hipófise É um tecido endócrino típico. Composta por epitélio glandular. Produz os neurotransmissores (hormônios). Tem ação indireta, hormônios da hipófise vão até as glândulas e induzem a liberação de outros hormônios. Hormônios da Adeno-hipófise TSH: hormônio estimulador da tireoide (tireotrofina) - age na glândula tireoide, estimulando a liberação de T3 e T4 ACTH: hormônio adrenocorticotrófico (corticotrofina) - age nas glândulas adrenais (suprarrenais), estimulando a liberação de cortisol GH: hormônio do crescimento (somatomedina) - age diretamente no crescimento e indiretamente no fígado, estimulando a produção de IGF-1 FSH e LH: hormônio folículo estimulante e luteinizante (gonadotrofinas) - agem nas gônadas estimulando a liberaçãode testosterona, estrogênio e progesterona Prolactina: hormônio estimulador da produção de leite - age nas mamas, aumentando a produção de leite Hormônios da Neuro-hipófise São hormônios peptídicos, sintetizados no hipotálamo e armazenados em sua continuação, vesículas na neuro-hipófise. ADH: hormônio antidiurético (vasopressina) é produzido por neurônios específicos magnocelulares do hipotálamo e é armazenado na neuro-hipófise Ocitocina: é produzida por neurônios específicos magnocelulares do hipotálamo e é armazenada na neuro-hipófise. Funções da Ocitocina Contrações uterinas durante o parto, constrição das células mioepiteliais da mama e facilitação da ejeção de leite. Hormônios estrógenos baixam o limiar das células mioepitelias uterinas, facilitando a função da Ocitocina durante o parto. Feedback positivo, liberação cada vez maior de Ocitocina, gerando contrações uterinas até o bebê nascer. Aumento das contrações uterinas no parto acontece por meio do aumento do cálcio intracelular e canais de sódio. Choro do bebê e estimulação de terminações nervosas no mamilo (mecanorrceptores) aumentam a pressão intramamária e ejeção de leite. Cuidado parietal também relacionado. Ocitocina - aumento de cálcio intracelular e aumenta canais de sódio no sarcolema (parto). Durante o ato sexual, eleva-se a liberação de Ocitocina. Existem receptores de Ocitocina nos vasos sanguíneos e coração. A Ocitocina induz a liberação do peptídeo atrial natriurético e óxido nítrico, estimulando a natriurese, queda da pressão arterial e vasodilatação. Também pode auxiliar no sistema imunológico. Participa do desenvolvimento do timo e medula óssea, reprime alguns distúrbios associados ao estresse e aumenta as defesas imunológicas. A Ocitocina tem um efeito emocional maior nas mulheres do que nos homens. Na maioria dos mamíferos, a ocitocina é liberada durante a cópula. Acredita-se que com repetidas sessões de cópula, esse hormônio exerça um efeito importante no estabelecimento desses laços afetivos (monogamia). Nos machos quem exerce essa função é o ADH. Funções do ADH (Vasopressina) Aumentar a reabsorção de água por um aumento de permeabilidade nos rins. Realiza a regulação da aquaporina2 no ducto coletor. Por ser um hormônio proteico, faz uso de receptores de membrana via proteína G e ativação da adenilato ciclase para gerar uma cascata metabólica a fim de inserir a proteína aquaporina 2 na membrana apical das células do ducto coletor. ADH é muito sensível a aumento de osmolaridade, osmorreceptores hipotalâmicos estimulam a liberação da vasopressina antes mesmo do mecanismo de sede. Aumenta a resistência vascular, importante nos choques hemorrágicos e sepse. Necessita de receptores de membrana via proteína G e ativação da fosfolipase C para gerar uma cascata metabólica a fim de abrir canais de cálcio para que a vasoconstrição aconteça. Os barorreceptores vasculares ativam fibras aferentes e núcleos paraventrivulares do eixo hipotálamo-neuro-hipófise a fim de gerar a liberação de ADH para que aconteça a vasoconstrição. Receptores Três receptores de ADH, que diferem quanto ao local onde são expressos e quanto às proteínas G específicas. V1R (V1a): Fígado, no músculo liso, no cérebro e nas glândulas suprarrenais; Acoplado à Gq/11. Ele ativa as fosfolipases C, D e A2 e estimula a hidrólise do fosfatidilinositol (aumento de cálcio). Medeia os efeitos vasopressores. V2R: associados a uma proteína alfaS que atua uma adenilato ciclase. Converte ATP em AMPc. Células principais dos ductos coletores no néfron distal. Acoplado à Gs. Ativa a adenilato-ciclase (AMPc) e a fosforilação e inserção da aquaporina 2 (AQP2) na membrana luminal. Os efeitos reabsortivos da ADH sobre a água são mediados por esses receptores V2R. V3R: controla a produção de cortisol. Associado a proteína Gq. Expresso na maioria das células corticotróficas da adeno-hipófise e em vários tecidos, incluindo rim, timo, coração, pulmão, baço, útero e mama. Acoplado à Gq/11; A ligação da ADH ao receptor V3R estimula a atividade da PLC, resultando em aumento do cálcio intracelular. Efeitos Fisiológicos da Arginina Vasopressina • No túbulo proximal e no ramo descendente da alça de Henle, a AQP1, é constitutivamente expressa tanto na membrana apical (luminal) quanto na membrana basolateral (intersticial) das células epiteliais. • 90% da reabsorção da água: túbulo proximal e alça de Henle. Mediado pela proteína aquaporina. • 10%: ductos coletores distais. Mediado pelo ADH. • 18 litros de água são perdidos por dia. AQP1: membrana apical e membrana basolateral. AQP2: inserida ou retirada por ADH na membrana apical. AQP3: membrana basolateral. Reduções de 5 a 10% no volume plasmático costumam exercer pouco efeito sobre os níveis de ADH, enquanto uma redução de 20 a 30% leva a uma intensa secreção; Aumentos da osmolaridade plasmática acima de um limiar de 280 a 284 mOsm. Percebidos pelos osmorreceptores hipotalâmicos -> estimulam a liberação do ADH antes da estimulação da sede. Detectam a osmolaridade e estudos sugerem que detectam variações na concentração de Na+ do líquido cerebrospinal. • Osmorreceptores são ativados pelo efluxo de água, em decorrência do aumento da osmolaridade plasmática, o que provoca deformação estrutural celular (diminuição do volume), levando a um aumento da frequência de disparo de potenciais de ação. • Barroceptores arteriais agem nos núcleos cardiovasculares no bulbo da medula, ativam o parassimpático e inativam o simpático. Ativam as fibras aferentes no vago e glossofaringeo, vão para o núcleo solitário e projetam-se no NSO e NPV - situação de hipovolemia. • Náuseas: pode aumentar a liberação de ADH. Acredita-se que esse efeito seja decorrente da ativação da área quimiorreceptora da região bulbar conhecida como o centro do vômito. • Estresse: A secreção de ADH aumenta em resposta ao estresse inespecífico, tal como dor, estresse emocional e exercício físico. Desconhece-se o mecanismo e a sua importância. Em ratos ocorre quando se estabelece uma queda de volume sanguíneo. • Glicocorticoides: a secreção de ADH é modulada pelos glicocorticoides, os quais exercem um efeito inibitório direto sobre a expressão gênica desse hormônio. • A maioria dos medicamentos, neurotransmissores e hormônios que influenciam a secreção de ADH age indiretamente por alterações: da pressão arterial, do volume sanguíneo e da atividade das células que constituem o “centro” do vômito (área postrema). • O efeito inibitório do álcool sobre a secreção de ADH parece ser mediado, em parte, via opiáceos endógenos, já que pode ser parcialmente bloqueado por naloxona (antagonista opiáceo). Diabetes insípidos: não produção de ADH. • Os opiáceos ou baixas doses de morfina inibem a secreção de ADH por aumentarem o limiar osmótico para a sua liberação. Altas doses de morfina estimulam a secreção de ADH, via “centro” do vômito. Metabolismo do ADH • A metabolização do ADH ocorre principalmente no fígado e nos rins e envolve a redução da ponte dissulfeto e ação posterior de aminopeptidases. • O ADH também é excretado pelos rins, o que corresponde a 1/4 do clearance metabólico total desse hormônio. • A meia-vida do ADH é de 30 a 40 min, sendo, portanto, este o período necessário para que se observe aumento da diurese quando sua secreção basal é abolida Adeno-hipófise Glândula Tireóide Composta por dois lobos, situados anterolateralmente à traqueia (conectados por um istmo medioventral), recebe um rico suprimento sanguíneo e é drenada por 3 conjuntos de veias em cada lado, inervação simpática vasomotora. As células foliculares secretam os hormônios da tireoide. As células C secretam calcitonina. O coloide é uma glicoproteína e está dentro dos folículos. Hormônios da Tireóide A síntese do hormônio tireoidiano (iodotironinas) requer iodeto e tireoglobulina como precursores. A tireoglobulina é sintetizada e secretada pela membrana apical da célula folicular para o coloide. Captação do iodeto pelacélula folicular depende de transportadores NIS (simporte Na/I) e Pendrina (antiporte I/Cl) (depende de energia). Síntese O iodeto é imediatamente oxidado pelo radical livre peróxido de hidrogênio e incorporado em resíduos de tirosina no interior da tireoglobulina. Oxidase dual gera peróxido de hidrogênio no coloide e a Tireoperoxidase (TPO) transforma o iodo e tirosina em radicais livres. A tireoglobulina é iodada (monoiodotirosina ou diiodotirosina) e é armazenada no coloide. Entra no folículo por endocitose (macro e micropinocitose). As vesículas endocitóticas fundem-se então com lisossomos e a tireoglobulina é degradada, gerando triiodotironina ativa e inativa (T3) e tetraiodotironina (T4 ou tiroxina). OBS: As moléculas de MIT e DIT, que também são liberadas durante a proteólise da tireoglobulina, são rapidamente desiodadas no interior da célula folicular pela enzima iodotirosina desiodase. Regulação da Função da Tireóide Na adeno-hipófise, o TRH se liga nos receptores dos tireotrofos, ativa a proteína G e fosfolipase para que ocorra a síntese de TSH. Nas células foliculares da tireoide, o TSH se liga no receptor, ativa a proteína G e adenilato ciclase para que ocorram ações imediatas, intermediárias e a longo prazos tireoide. Feedback negativo: T4 se liga em receptores do hipotálamo e neuro-hipófise para inibir a síntese de TRH e TSH Ações rápidas do TSH nas células foliculares A pinocitose de gotículas de coloide no citoplasma englobando a tireoglobulina no interior de vesículas endocitóticas. • Proteólise de tireoglobulina e a liberação de T3 e T4. • Captação de iodo a atividade da enzima TPO aumentam. • Estimula a entrada de glicose na célula via de shunt da hexose monofosfato, que gera NADPH necessário para a reação de peroxidasse. Ações intermediárias e longas do TSH nas células foliculares Horas a dias e envolvem: Síntese e expressão de proteínas, hipertrofia e hiperplasia das células foliculares pelo aumento do aporte sanguíneo para a glândula. Transporte dos hormônios da tireoide T3 e T4 circulam na corrente sanguínea ligados a proteínas carreadoras (TBG, TTR e albumina). T3 livre é biologicamente ativa e medeia os efeitos do hormônio tireoidiano sobre tecidos periféricos, além de exercer uma retroalimentação negativa sobre a hipófise e o hipotálamo. Duas funções biológicas importantes foram atribuídas a Globulina transportadora dos hormônios da tireoide (TBG): 1. Mantém um grande reservatório circulante de T4, capaz de tamponar qualquer alteração aguda da função da glândula tireoide. 2. A ligação de T4 e T3 plasmáticas a proteínas previne a excreção urinária e como consequência ajuda a conservar o iodeto. TTR transporta T4 no líquido cefalorraquidiano e fornece os hormônios tireoidianos ao SNC. Entrada nas células • Atravessam com a ajuda de proteínas transportadoras para o meio intracelular e não possuem receptores de membrana. • A forma ativa dos hormônios tireoidianos é T3. A conversão de T4 em T3 é feita por enzimas desiodinases. A maior parte da conversão de T4 em T3 pela desiodase tipo 1 (D1); Tecidos com alto fluxo sanguíneo e rápida troca com plasma, como fígado e os rins. • Hormônios da tiroide ligam-se na região TRE do gene e podem ativar ou reprimir a transcrição gênica. Meio Intracelular O encéfalo mantém níveis intracelulares constantes de T3 por meio de uma desiodase chamada desiodase tipo 2 (D2), que é expressa nas células da glia do SNC. Receptores de hormônios da tireoide Receptores nucleares intimamente associados à cromatina. São fatores de transcrição de ligação ao DNA que funcionam como acionadores moleculares em resposta à ligação do hormônio que pode ativar ou reprimir a transcrição gênica O receptor se encontra ligado a regiões específicas do DNA do gene-alvo, denominadas regiões TRE (thyroid hormone reponsive element). A este complexo, agregam-se diversas proteínas correguladoras que auxiliam na ativação ou na inativação da transcrição dos genes-alvo. A situação predominante é a formação de heterodímero de TR (thyroid hormone receptor) com o receptor nuclear RXR. Ligação de TR ao TRE acontece independentemente da presença de T3; na ausência de T3 ligada ao TR, ocorre repressão da transcrição deste gene. Diversas proteínas corregulatórias repressoras se unem ao homo (TR:TR) ou heterodímero (TR:RXR). Metabolismo O metabolismo periférico dos hormônios tireoidianos envolve a remoção sequencial de moléculas de iodo, convertendo T4 em T3 mais ativa e inativando os hormônios tireoidianos antes de sua excreção. Além disso, os hormônios tireoidianos podem sofrer conjugação no fígado, o que aumenta sua solubilidade e facilita sua excreção biliar. • T3 aumenta a absorção de glicose intestinal, captação, oxidação e síntese de glicose nos tecidos. • No tecido adiposo, o T3 induz enzimas para a síntese de ácidos graxos (lipólise), aumenta a eliminação de quilomicrons na corrente sanguínea e aumento da atividade simpática nos adipócitos. • Em relação ao metabolismo proteico, realizam a liberação de aminoácidos e degradação proteica. Também realizam a síntese proteica em menor grau. • O T3 também potencializa os efeitos dos hormônios catabólicos Glucagon, GH, cortisol, epinefrina e noraepinefrina, aumentando a lipólise, gliconeogênese, cetogênese e proteolise. Estimulam a termogênese por meio da utilização de ATP no músculo esquelético e eficiência da síntese de ATP por aumento do desacoplamento mitocondrial, produzindo calor especialmente nos adipócitos multiloculares. Efeitos Fisiológicos dos Hormônios Tireoidianos Sistema respiratório: Aumenta o fornecimento de O2 pelo aumento da frequência respiratória em repouso e a resposta ventilatória em situações de hipóxia. Essas ações mantém uma PO2 normal quando a utilização de oxigênio está aumentada e PCO2 normal quando a produção de dióxido de carbono está aumentada. Sistema cardiovascular: Os efeitos cardíacos indiretos aumenta a sensibilidade a catecolaminas. Os efeitos inotrópicos diretos envolvem a regulação de múltiplas proteínas que aumentam a contratilidade. • Aumento da expressão da cadeia pesada de α-miosina; • Inibição do trocador de Na+/Ca2+ na membrana plasmática; • Aumento dos canais de rianodina do retículo sarcoplasmático: promove a liberação de Ca2+ durante a sístole; • A Ca2+ - ATPase de retículo sarcoplasmático (SERCA) é aumentada. O sequestro de cálcio durante a diástole aumenta e o tempo de relaxamento é encurtado. • A velocidade e a força das contrações miocárdicas aumentam • A pressão arterial sistólica aumenta modestamente e a pressão arterial diastólica é diminuída. São os efeitos combinados do: aumento do volume sistólico e redução da resistência vascular sistêmica secundária à dilação dos vasos sanguíneos na pele, músculos e coração. Efeitos Sobre a Taxa Metabólica Basal e Termogênese: O maior uso de O2 depende de um maior suprimento de substratos para oxidação. T3 aumenta: a absorção de glicose no trato gastrintestinal; o metabolismo de glicose: captação, oxidação e síntese de glicose. No tecido adiposo: Induz enzimas para a síntese de ácidos graxos; Carboxilase de acetil- CoA; Síntese de ácido graxo; Aumento do número de receptores β-adrenérgicos: aumenta a lipólise; Aumenta a eliminação de quilomícrons. Em relação ao metabolismo proteico, aumenta: a liberação de aminoácidos musculares; a degradação de proteínas; a síntese proteica (em menor grau). O T3 potencializa efeitos estimulantes da adrenalina e noradrenalina, glucagon, cortisol, e hormônio de crescimento sobre a lipólise, gliconeogênese, cetogênese e proteólise. Músculos Esqueléticos: Quantidades ideais de hormônio tireoidiano estão relacionadas à regulação da produção e armazenamento de energia. O excesso de hormônio tireoidiano aumenta glicólise e a glicogenólise, enquanto o glicogênio e a creatina fosfato são reduzidos pelo. Sistema nervoso autônomo: Efeito sinérgico com a epinefrina e noraepinefrina por aumentar a taxametabólica, produção de calor, aumento da frequência cardíaca e excitação do SNC. Eleva o número de receptores B-adrenérgicos no músculo cardíaco. Crescimento e maturação: Os hormônios da tireoide são essenciais para o desenvolvimento neurológico e ósseo normal. Por isso a importância de dosagem dos hormônios tireoidianos no pré-natal. T3 aumenta a maturação e a atividade de condrócitos na placa de crescimento cartilaginosa em parte pelo aumento da produção e da ação local do IGF-I. Durante o crescimento pós- natal linear, T3 favorece as ações do GH e IGF-I. Sistema Nervoso: Aumenta a vigília e o nível de alerta, aumenta a sensibilidade a múltiplos estímulos como o sentido da audição, percepção da fome, memória e capacidade de aprendizado. O tônus emocional normal depende da disponibilidade adequada do hormônio tireoidiano. Hormônio do Crescimento (GH) É um hormônio peptídico, controlado pelo GHRH (forma positiva) e Somatostatina (forma negativa). Os níveis circulantes de GH aumentam durante a infância, antingem seu pico na puberdade e diminuem com o envelhecimento. Liberação pulsátil sendo a maior parte da secreção noturna, ocorrendo em associação ao sono de ondas lentas. Regulação da liberação de GH Regulação da liberação de GHRH • A expressão do gene do GHRH está primariamente sob o controle do GH. • IGF-I (insulin-like growth factor-I), fator de crescimento induzido pelo GH, também exerce efeito inibitório indireto do GHRH (somatostatina). • Aumento do GHRH: endorfinas, glucagon, neurotensina, dopamina (convertida em norepinefrina), serotonina e norepinefrina (receptores α2) • A atividade física estimula a produção de GHRH (noraepinefrina). • Durante a fase do sono caracterizada por ondas lentas, ocorre um aumento na produção de GHRH (acetilcolina e serotonina). Regulação da liberação de Somatostatina • GH e IGF estimulam a produção de somatostatina, que inibe a secreção de GHRH, GH e ADH. Na hipoglicemia, ocorre uma diminuição da somatostatina e elevação da produção de GH. Na hiperglicemia, ocorre um aumento da somatostatina e diminuição da produção de GH. Mecanismo de ação do GHRH GHRH, vindo do hipotálamo, liga-se aos receptores ligados a proteína G nos somatotrofos da adeno-hipófise, resultando no aumento da atividade da Adenilato ciclase e maior expressão de genes para a formação de GH. Mecanismo de ação da Somatostatina Somatostatina liga-se aos receptores ligados a proteína G na adeno-hipófise, resultando na diminuição da atividade da Adenilato ciclase e menor expressão de genes para que não ocorra a formação de GHRH e GH. Efeitos fisiológicos do GH Efeito direto: ligação ao receptor de GH nos tecidos-alvo. Efeito indireto: liberação do IGF-1 (insulin-like growth factor-I, fator de crescimento induzido pelo GH) Estimulação do crescimento longitudinal pós-natal (a partir de 1-2 anos de idade), regulação do metabolismo, diferenciação dos adipócitos, manutenção e desenvolvimento do sistema imune, regulação da função encefálica e cardíaca. Efeitos Biológicos Tem efeitos anabólicos em relação ao sistema músculo-esquelético e catabólico em relação ao tecido adiposo. Efeitos Ósseos Condrogênese e alargamento das placas epifisárias cartilaginosas, aumentando o crescimento ósseo longitudinal. Efeitos no Metabolismo Estimula a liberação de oxidação de ácidos graxos livres, particularmente durante o jejum. O GH antagoniza as ações lipogênicas da insulina. Potencializa a gliconeogênese no fígado. Os ácidos graxos são convertidos em acetil-coA e utilizados como fonte de energia nos músculos e resulta em aumento da glicemia. Sistema imune O GH interage com macrófagos e linfócitos, aumentando a sensibilidade a antígenos. Metabolização do GH GH fica ligado a uma proteína na circulação, o que prolonga sua taxa de meia vida e diminui sua taxa de degradação. O GH é degradado nos lisossomos após a ligação a seus receptores e a internalização do complexo hormônio- receptor. IGF-1 IGFs são hormônios que regulam a proliferação, diferenciação e metabolismo celular. Altas concentrações de IGF, mimetizam as ações metabólicas da insulina (reatividade cruzada nos receptores). O IGF-1 é produzido em tecidos extra-hepáticos após a estimulação de GH, porém algumas das suas ações não são controladas pelo GH. Apresentam ações autócrinas, parácrinas e endócrinas. Receptores do IGF tipo I tem atividade de tirosina cinase. Estimula a captação de glicose e a síntese protéica nas células. IGFs necessitam de proteínas transportadoras para circularem. A insulina favorece a expressão de receptores de GH nos hepatócitos, o que favorece a maior entrada de GH e produção de IGF-1 pelo fígado. • IGF-1 predominante nos adultos. • IGF-2 predominante no feto (regula o crescimento tanto do feto quanto da placenta). GH e IGF-1 Embora GH seja um estimulante efetivo da produção de IGF, essa resposta requer insulina, que favorece a expressão do receptor de GH e a sinalização em hepatócitos. Quando um suprimento equilibrado de nutrientes está disponível: maiores níveis séricos de glicose estimulam a secreção de insulina e altos níveis séricos de aminoácidos promovem a secreção de GH. GH e Insulina Jejum: A disponibilidade de nutrientes diminui, os níveis séricos de GH aumentam e de insulina diminuem, a utilização periférica da glicose diminui, conservando glicose para tecidos essenciais como o encéfalo. A elevação da secreção de GH é benéfica porque desvia o metabolismo para lipídeos como fonte de energia, conservando carboidratos e proteínas. Prolactina É um hormônio peptídico sintetizado e secretado pelos lactotofros presentes na adeno- hipófise. O número de lactotrofos aumenta de acordo com os níveis elevados de estrogênio na gravidez. As concentrações plasmáticas desse hormônio são mais altas durante o sono, assim como o GH. Os níveis de Prl são mais elevados em mulheres. Mecanismo de ação da Prolactina Receptores de prolactina Receptor de PRL: Proteína ligada a membrana que pertence ao receptores de citocinas. Ativa a enzima JAKcinase, gerando uma cascata asssociada a MAPcinase para expressão de genes. Ocorre o aumento da captação de glicose e aminoácidos e síntese da produção de leite nas células epiteliais da mama. Efeitos fisiológicos da Prolactina Estimulação do crescimento e desenvolvimento da glândula mamária. Síntese de leite e manutenção da secreção de leite. Durante a gravidez, a prolactina prepara a mama para a lactação. A produção de leite durante a gravidez é impedida pelos níveis elevados de progesterona. A prolactina também modula os comportamentos reprodutivos e parentais, assim como a ocitocina. Durante a amamentação é mais difícil engravidar. Depressão pós parto: baixos níveis de estrogênio e prolactina. Fator de inibição da Prolactina (PIF) A liberação de prolactina encontra-se predominantemente sob inibição da dopamina (neurônios dopaminérgicos do hipotálamo), GABA e GAP. Pâncreas Glândula mista retroperitonial próxima ao duodeno. Desempenha papel fundamental na digestão, metabolismo, utilização e armazenamento de substratos energéticos. Pâncreas endócrino - ilhotas de Langerhans. A maior parte da massa do pâncreas é constituída de células exócrinas, agrupadas em lóbulos (ácinos) e conectados ao ducto que drena no ducto pancreático e no duodeno. Células alfa realizam a produção de Glucagon. Células beta produzem insulina. Células D produzem somatostatina. Células PP produzem o polipeptídeo pancreático. Insulina É um hormônio peptídico sintetizado e secretado pelas células beta na parte endócrina do pâncreas. É um hormônio estimulante do anabolismo. Síntese e secreção de Insulina Sintetizada na forma de pré insulina, convertida na forma de proinsulina (insulina + peptídeo C) e processada por endopeptidases, gerando a insulina com seu efeito fisiológico. A insulina é armazenada na forma de grânulos dentro de vesículas no citoplasma da célula. Existe a liberação rápida (1a fase) e a liberação do reservatório de grânulos (2a fase).Importância do peptídeo C: tem meia vida longa e sua liberação é utilizada como índice da capacidade secretora do pâncreas endócrino. Regulação da secreção de insulina A célula beta pancreática responde a alterações do nível plasmáticos de glicose, insulina e acetilcolina. O principal regulador da secreção de insulina é a glicose. Quando os níveis de glicose estão altos (estado alimentado), a célula está com altos níveis de ATP, canais de saída de potássio (ATP-dependente) são fechados e a célula despolariza. Os canais de cálcio (voltagem- dependente) são abertos, as vesículas de insulina se acoplam à membrana e a insulina é liberada na corrente sanguínea. A ativação do nervo vago (inervação parassimpática) leva a secreção de insulina. Já a Inervação Simpática (norepinefrina, galanina e neuropeptídeo Y) inibe a secreção de insulina basal e estimulada pela glicose. Inibidores da secreção de insulina Noraepinefrina inibe a secreção basal de insulina. Estimula a fuga e o catabolismo, gasto de energia. Catecolaminas e somatostatina, por meio da proteína G inibitória e modificação dos canais de cálcio e potássio, inibem a secreção de insulina. Efeitos fisiológicos da Insulina Estimula o anabolismo, armazenamento de glicose, lipídeos e proteínas. Nas células, aumenta a entrada de glicose (inserção de GLUT-4 na membrana celular), acelera o metabolismo de ATP e armazena glicose. Receptores de Insulina O número de receptores de insulina é modulado por exercício, dieta, insulina e hormônios. A exposição crônica a níveis elevados de insulina leva a downregulation (obesidade e excesso de GH). O exercício e jejum prolongado levam a upregulation dos receptores. Efeitos intermediários no tecido adiposo: Inibe a lipólise (inibição da lipase) e a cetogênese ao desencadear a estimulação da lipogênese pela conversão da acetil-CoA em malonil-CoA e posteriormente conversão em lipídeo. Antagoniza a lipólise produzida pela noraepinefrina e epinefrina. Efeitos no fígado: Estimula a expressão gênica das enzimas envolvidas na utilização de glicose: glicoquinase e piruvatoquinase (diminuição dos níveis de glicose livre e aumento da formação de glicogênio hepático). Estimula a lipogênese pela conversão da acetil-CoA em malonil-CoA e posteriormente conversão em palmitato. Efeitos no músculo estriado esquelético: Favorece o armazenamento de lipídeos, estimula a captação de glicose e síntese proteica (mTORC1). Durante o exercício Músculo esquelético não necessita de insulina durante o exercício. Realiza a inserção de GLUT-4 mesmo sem a presença de insulina. Por isso a importância do atividade física aeróbica para o diabetes: utiliza a glicose mesmo sem insulina. Glucagon É um hormônio peptídico sintetizado e secretado pelas células alfa na parte endócrina do pâncreas. É um hormônio estimulante do catabolismo. Desempenha um importante papel na regulação da homeostasia da glicose --> efeitos antagonistas sobre a ação da insulina. Síntese e secreção do Glucagon Sintetizado na forma de proglucagon e em seguida proteoliticamento processado em glucagon. A secreção é inibida quando há hiperglicemia ou efeito da somatostatina. A liberação é estimulada por hipoglicemia, níveis elevados de aminoácidos após uma refeição (liberação de glucagon para compensar o efeito hipoglicemiante da insulina após ingesta de proteínas), epinefrina e estimulação parassimpática (vagal). Efeitos fisiológicos do Glucagon Age no fígado, aumentando a gliconeogênese e a glicogenólise hepática. Possui um efeito hiperglicemiante. No adipócito, estimula a lipase sensível ao hormônio a degradar triglicerídeos, diacilglicerol e ácidos graxos livres, liberando-os na circulação. Diminui a atividade da enzima Acetil-CoA carboxilase, promovendo a conversão dos ácidos graxos em corpos cetônicos. Receptores de Glucagon O receptor de Glucagon é acoplado a proteína G, ativa a adenilato ciclase, formação de AMPc para ativação da PKA para liberação de glicose para o sangue (glicogenólise). Metabolização do Glucagon Possui meia vida de 5 a 10 minutos. É degradado no fígado. O complexo glucagon-receptor sofre endocitose em vesículas intracelulares, onde o glucagon é degradado. Somatostatina É um hormônio peptídico sintetizado e secretado pelas células delta na parte endócrina do pâncreas. É um hormônio liberado em refeições ricas em gordura, carboidratos e proteínas. Inibido pela insulina. Receptores de Somatostatina O receptor de Somatostatina é acoplado a proteína G, inibe a adenilato ciclase, reduzindo a formação de AMPc. Glândula Suprarrenal É uma glândula localizada acima do rim. Possui uma região medular (gânglio do sistema nervoso simpático modificado) e uma região cortical com epitélio endócrino típico. Córtex da Suprarrenal - Zona Fasciculada Essa zona consiste em um tecido ativamente esteroidogênico composto por cordões retos de células grandes. Libera cortisol. Citoplasma “esponjoso” porque são cheias de gotículas lipídicas que representam ésteres de colesterol (CEs) armazenados. Cortisol É um glicocorticóide, hormônio lipídico sintetizado e secretado pelas células esponjosas da zona fasciculada na parte cortical da glândula suprarrenal. Exerce função catabólica. Síntese e secreção de Cortisol O substrato utilizado na síntese do cortisol é o colesterol, que provém principalmente do LDL (lipoproteína de baixa densidade). As partículas de LDL ligam-se a seu receptor (LDLR) e sofrem endocitose. O colesterol entra na mitocôndria por meio da enzima StAR e é clivado pelas enzimas CYP até chegar no Cortisol. CYP11A1, adrenotoxina e adrenotoxina redutase realizam a clivagem inicial do colesterol. Transporte do Cortisol É transportado no sangue ligado a globulinas e albumina. Metabolização do Cortisol O fígado é o local predominante da inativação de esteroides. Conjuga os esteroides ativos e inativos com glicuronídeo ou sulfato para que possam ser excretados com maior rapidez pelos rins. O cortisol é inativado de modo reversível pela conversão em cortisona. Enzima 11β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (11β-HSD2). Ocorre em células que também expressam o receptor de mineralocorticoide (MR) e constituem as células alvo da aldosterona. Impede a ligação do cortisol a MR e as ações mineralocorticoides. Essa conversão ocorre nos tecidos que expressam o receptor de glicocorticoide (GR), incluindo: fígado, tecido adiposo, SNC, pele. MECANISMO DE AÇÃO DO CORTISOL Escrever Mecanismo de Ação do Cortisol Age pelo receptor de glicocorticoide, que regula a transcrição gênica; Na ausência do hormônio, GR está situado no citoplasma em um complexo estável com várias chaperonas moleculares, incluindo: Proteínas de choque térmico (heat shock protein - HSP ) e Ciclofilinas. A ligação cortisol-GR no citoplamsa promove a dissociação das proteínas chaperonas, seguida por: 1. Translocação rápida do complexo cortisol-GR no núcleo; 2. Dimerização e ligação aos elementos de resposta de glicocorticoides (GREs, tanto GREs “positivos” quanto GREs “negativos”); 3. Recrutamento de proteínas coativadoras e de fatores de transcrição: aumento ou diminuição da transcrição dos genes alvo; Ações Fisiológicas do Cortisol Caracterizado como um “hormônio de estresse”. • Mantém os níveis sanguíneos de glicose, a função do SNC e a função cardiovascular durante o jejum (proteólise); • Inibe o sistema imunológico. Protege o organismo contra os efeitos nocivos de respostas inflamatórias e imunológicas desenfreadas; • Inibe a função reprodutora; • Efeitos sobre ossos, pele, tecido conjuntivo, trato GI e no feto em desenvolvimento (independentes de suas funções relacionadas ao estresse). Ações metabólicas Estimula a gliconeogênese, diminui a captação de glicose mediada por GLUT-4 no músculo esquelético e tecido adiposo. Aumenta a expressão da principal enzima gliconeogênica hepática, a PEPCK. Inibe a síntese proteica e aumenta a proteólise no músculo esquelético para fornecer substrato para a gliconeogênese hepática.Durante o período interdigestivo (baixa razão insulina-glucagon), promove um efeito poupador de glicose pela potencialização dos efeitos de catecolaminas sobre a lipólise, consequentemente disponibilizando FFAs como fontes de energia. Ações cardiovasculares Potencializa a ação da adrenalina e noradrenalina, aumentando o débito cardíaco e a pressão arterial. Também estimula a síntese de eritropietina, aumentando a produção de eritrócitos (desregulações no cortisol podem gerar anemias ou policitemias). Ações no sistema imune Anti-inflamatórias e imunosupressoras por meio da estabilização das enzimas proteolíticas, inibição da diapedese dos leucócitos e linfócitos, inibição da fagocitose dos neutrófilos e estimulação da liberação de neutrófilos. Também inibe a fosfolipase A2 para que não ocorra a produção de tromboxano, prostaglandinas e leucotrienos (uso de corticoides na inflamação). Ações no tecido conjuntivo: Diminui a atividade de fibroblastos e formação de colágeno (uso prolongado de glicocorticóides deixa a pele mais fina). Ações no tecido ósseo: Aumento da reabsorção óssea (retirada de cálcio dos ossos), inibição da função de formação óssea e diminuição da absorção intestinal de cálcio. Ações nos rins: O cortisol inibe a secreção e ação do ADH. Sem cortisol, a ação do ADH é potencializada: difícil aumentar a eliminação de água livre em resposta à carga de água o que aumenta probabilidade de intoxicação hídrica Ações no sistema gastrointestinal: Exerce um efeito trófico sobre a mucosa gastrointestinal, estimula a secreção de ácido clorídrico e pepsina. Efeitos psicológicos: Distúrbios psiquiátricos estão associados a níveis excessivos ou deficientes. O cortisol aumenta a tendência a insônia e diminui a fase REM do sono. Psicose pode ocorrer com excesso ou deficiência do hormônio. Deficiência: depressão, apático, irritação. O excesso pode produzir inicialmente uma sensação de bem-estar, Efeitos durante o desenvolvimento fetal: É necessário para o desenvolvimento normal do SNC, retina, pele, trato gastrointestinal e pulmões (induz a diferenciação e maturação de células alveolares do tipo II - relação com o uso de corticoides no final da gestação). Regulação da produção de Cortisol • Formas de estresse neurogênico: ex.: medo, ansiedade. • Formas de estresse sistêmico: ex.: hipoglicemia, hemorragia, citocinas Tudo isso estimula a liberação de CRH. O CRH produzido no hipotálamo, faz com que a adeno-hipófise libere ACTH, aumentando a produção e liberação de cortisol. CRH é regulado pelo feedback negativo do cortisol e ACTH (em situações patológicas, esse feedback é superado pelas situações de estresse). O CRH liga-se ao receptor acoplado a proteína G nos corticotrofos da adeno-hipófise, ocorre a ativação da adenilato ciclase, formação de AMPc e ativação da PKA para ocorrer a formação de ACTH na adeno-hipófise. ACTH liga-se ao receptor acoplado a proteína G na glândula adrenal, ocorre a ativação da adenilato ciclase, formação de AMPc e ativação da PKA para ocorrer a formação de Cortisol na glândula suprarrenal a partir do colesterol. Metabolização do Cortisol Possui meia vida de 70 minutos. É degradado no fígado. Alguns tecidos no corpo, podem transformar o cortisol em cortisona.
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