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AULA 4 - Óleos e gorduras; métodos de extração e refino; hidrogenação de produtos; produção de sabão e detergentes

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15/03/2023, 06:49 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/36
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TECNOLOGIA ORGÂNICA -
AGROINDÚSTRIA E MADEIREIRA
AULA 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15/03/2023, 06:49 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/36
 
 
Prof. André Luiz Delgado Corradini
CONVERSA INICIAL
Olá, aluno(a)! Vamos iniciar mais uma aula envolvendo assuntos que estão relacionados, de
diversas maneiras, com a nossa alimentação do dia a dia, principalmente no tocante aos óleos e às
gorduras. Por sinal, você sabe a diferença entre óleo e gordura? Quais são os tipos de gorduras
animais e vegetais? Como extrair esses produtos e quais são os seus principais processos de refino?
No Tema 1 desta aula, vamos conhecer os conceitos e as composições dos óleos e gorduras. No
Tema 2, você vai saber quais são os métodos de extração e refino dos óleos e gorduras animais e, no
Tema 3, o assunto será os óleos e gorduras vegetais. No Tema 4, trataremos da hidrogenação de
produtos, um processo químico de eliminação de grupos funcionais insaturados pela adição de
átomos de hidrogênio (Pinho; Suarez, 2013). Para finalizar, o Tema 5 vai tratar da produção de sabão
e de detergentes.
Viu como os assuntos abordados envolvem o nosso dia a dia? Então, vamos em frente que
temos muito a conhecer!
TEMA 1 – ÓLEOS E GORDURAS: CONCEITOS E COMPOSIÇÕES
Antes de conceituar e passar às suas respectivas composições, que tal entender que os óleos e
as gorduras estão presentes na nossa alimentação, junto com os carboidratos e as proteínas? De
acordo com Nunes (2013), uma coisa que precisamos assimilar é que a gordura nem sempre é algo
prejudicial ao nosso organismo. Ao contrário, ela é necessária e indispensável à nossa alimentação.
Precisamos, sim, é considerar a quantidade e os tipos de gorduras ingeridas.
Ainda segundo Nunes (2013), a gordura, vista pelo lado nutricional, tem o seu conteúdo calórico
de 9 kcal/g, ou seja, é um valor alto, se compararmos com o conteúdo calórico das proteínas e
carboidratos, que é de 4 kcal/g. Ela é, pois, fonte de energia que contribui para diminuir a
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necessidade de alimentos para a manutenção do nosso organismo, além de transportar os
lipossolúveis, que são as vitaminas e os hormônios. Outra questão importante apontada por Nunes
(2013, p. 6) é que, “[...] se os alimentos não contivessem gordura, o volume do trato intestinal
humano não teria capacidade suficiente para receber a quantidade de alimentos necessários à
manutenção do organismo”.
Você sabia dessas importantes funções nutricionais das gorduras? Bom, continuando... Elas
fazem parte da nossa alimentação diária, como em saladas, na preparação da comida ou em frituras,
e ainda são usadas como matérias-primas na produção de derivados.
Os óleos e as gorduras são constituídos de ácidos graxos, têm origem vegetal ou animal e são
pertencentes ao grupo dos lipídios (formados pela junção de três moléculas de ácidos graxos e uma
molécula de álcool). Vamos relembrar: o termo lipídio vem do grego lipos (gordura). De acordo com
Corsino (2009, p. 49), a definição de lipídios pode ser:
[...] um conjunto de substâncias químicas que, ao contrário das outras classes de compostos
orgânicos, não são caracterizadas por algum grupo funcional comum, e sim pela sua alta
solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubilidade em água. Fazem parte de um grupo
conhecido como biomoléculas. Os lipídeos se encontram distribuídos em todos os tecidos,
principalmente nas membranas celulares e nas células de gordura. Algumas substâncias
classificadas entre os lipídeos possuem intensa atividade biológica, entre elas incluem algumas
como as vitaminas e hormônios.
Leopoldo (2009, p. 170) afirma que os lipídios desempenham inúmeras funções biológicas,
atuando como “[...] reserva energética de plantas e animais, isolante térmico e mecânico do corpo de
animais, estrutural (como componentes das membranas biológicas), agentes emulsificantes (ácidos
biliares), função coenzimática (as vitaminas lipossolúveis A, D, E, K), entre outras.”
A classificação dos lipídios se opera de acordo com o seu ponto de fusão: em óleos (substâncias
líquidas em temperatura ambiente, sendo a maioria de origem vegetal e com cadeia insaturada); ou
gorduras (substâncias sólidas em temperatura ambiente, sendo a maioria de origem animal e com
cadeia saturada).
De acordo com Reda e Carneiro (2007), no artigo Óleos e gorduras: aplicações e implicações, os
óleos e gorduras apresentam substâncias reunidas em duas categorias: glicerídeos e não glicerídeos,
em que:
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a) glicerídeos: são definidos como produtos da esterificação de uma molécula de glicerol com até
três moléculas de ácidos graxos. Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos de cadeia longa, livres ou
esterificados, constituindo os óleos e gorduras. Quando saturados possuem apenas ligações
simples entre os carbonos e possuem pouca reatividade química. Já os ácidos graxos insaturados,
contêm uma ou mais ligações duplas no seu esqueleto carbônico; são mais reativos e mais
suscetíveis a termo-oxidação [...];
b) não glicerídeos: em todos os óleos e gorduras, encontramos pequenas quantidades de
componentes não glicerídeos. Os óleos vegetais brutos possuem menos de 5% e os óleos refinados
menos de 2%. No refino, alguns desses componentes são removidos completamente, outros
parcialmente. Aqueles que ainda permanecem no óleo refinado, ainda que em traços, podem afetar
as características dos óleos devido a alguma propriedade peculiar, como apresentar ação pró ou
antioxidante, ser fortemente odorífero, ter sabor acentuado ou ser altamente colorido [...] (Reda;
Carneiro, 2007, p. 61).
Segundo Nunes (2013), os óleos e gorduras são compostos quimicamente por triacilgliceróis
(produtos de condensação entre o glicerol e os ácidos graxos).
1.1 ÁCIDOS GRAXOS
A formação principal de óleos e gorduras tem base nos ácidos graxos. Mas, afinal, o que são
ácidos graxos?
Segundo Dias ([S.d.]), ácidos graxos consistem em ácidos monocarboxílicos (que apresentam
apenas um grupo carboxila) obtidos de óleos e gorduras e que desempenham importantes funções
no nosso organismo. Trata-se de substâncias orgânicas que podem ser encontradas em temperatura
ambiente nas formas sólida ou líquida ou semissólida, além de pertencerem ao grupo dos ácidos
carboxílicos (COOH), que possuem uma função orgânica oxigenada, ou seja, pelo menos um átomo
de oxigênio em sua estrutura. E o grupo carboxila é formado pela união dos grupos carbonila (C=O)
e hidroxila (OH). Dias ([S.d.]) afirma que os ácidos graxos apresentam cadeias carbônicas abertas
saturadas (com ligações simples) ou insaturadas (com uma ou mais ligações pi entre carbonos), cujo
número de carbonos (R) pode variar entre 4 a 22 átomos. A forma de obtê-los, ainda segundo Dias
([S.d.]), é mediante consumo de óleos e gorduras, dado que o organismo animal não os produz. Os
ácidos graxos podem ser encontrados na forma de saturados e insaturados.
Nunes (2013, p. 7) afirma que:
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A ausência de ligações duplas na cadeia hidrocarbônica contribui para uma maior estabilidade do
ácido graxo diante de processos degradativos. Ácidos graxos saturados de cadeia curta (inferior a
10 carbonos) normalmente são líquidos à temperatura ambiente. Contendo acima de 10 carbonos
na cadeia, estes ácidos graxos passam a ser sólidos, ocorrendo um aumento no ponto de fusão
com o aumento no comprimento da cadeia. (Nunes, 2013, p. 7)
Segundo Nunes (2013, p. 8), “As ligações duplas nos ácidos insaturados estão normalmente
localizadas na cadeia de forma não conjugada, ou seja, separadas por grupos metileno (CH2)”. Nunes
(2013, p. 8) aponta ainda que:
Com base no número de duplas ligações na cadeia, os ácidos graxos podem ser mono (apenasuma
dupla ligação) ou poli (mais de uma dupla ligação) insaturados.
Os ácidos graxos insaturados possuem uma menor estabilidade frente a processos degradativos em
relação aos saturados, principalmente a oxidação. De modo geral, esta instabilidade aumenta na
medida em que o número de insaturações aumenta.
Os ácidos graxos insaturados podem ser classificados em cis ou trans dependendo da orientação
geométrica dos átomos de hidrogênio unidos aos átomos de carbono que compartilham a dupla
ligação.
1.2 PROCESSOS QUÍMICOS
O emprego de óleos e gorduras, tanto de origem vegetal como animal, é muito utilizado na
alimentação, bem como em processos industriais. Esse uso demanda um controle por parte do
Ministério da Saúde, com regulamentos técnicos elaborados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e que recaem sobre a fabricação de óleos vegetais, gorduras vegetais e cremes
vegetais – por exemplo, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 270/2005 (Brasil, 2005).
Castro (2014, p. 4) afirma que:
Sua aplicação no campo comestível exige, na maioria dos casos, a refinação dos óleos brutos,
gerando normalmente borras de refinação (sabões) ou ácidos graxos (refinação no vácuo com
vapor). Nos casos em que se empregam os óleos e gorduras no campo industrial, eles podem ser
empregados no estado bruto (sabões) ou quimicamente processados.
Para isso, alguns processos químicos são utilizados, como também aponta Castro (2014, p. 4):
“Hidrogenação: saturação total ou parcial dos ácidos não saturados. Desidratação: retirada de uma
molécula de água de um hidroxiácido. Polimerização: polimerização das duplas existentes na
molécula dos ácidos polissaturados, conjugados ou não.”
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Durante os processos de degradação (processamento, estocagem ou uso), segundo Nunes
(2013, p. 19),
os óleos e gorduras podem sofrer alterações em sua estrutura glicerídica, que podem ser causadas
pelo seu contato com agentes externos: a água, que leva a alterações hidrolíticas; o oxigênio
atmosférico, que leva a alterações oxidativas; e a temperatura, que provoca alterações como a
isomerização. As principais consequências da deterioração são alterações indesejáveis de gosto e
aroma, conhecidas genericamente como ranço.
TEMA 2 – EXTRAÇÃO E REFINO DE ÓLEOS E GORDURAS VEGETAIS
Já vimos que os principais nutrientes da alimentação humana são os carboidratos, as proteínas e
as gorduras; e, com certeza, também já ouvimos que as gorduras são nossas principais inimigas. Mas,
segundo Nunes (2013), embora devamos ter muito cuidado com a quantidade ingerida de gorduras,
elas são indispensáveis à nossa alimentação.
Do ponto de vista nutricional, o conteúdo calórico das gorduras é cerca de nove quilocalorias por
grama; um valor consideravelmente alto quando comparado às quatro quilocalorias por grama
fornecidas pelas proteínas e carboidratos. Essa característica torna as gorduras importantes fontes
de energia, contribuindo para manter um volume reduzido de alimentos necessários à manutenção
do organismo. Se os alimentos não contivessem gordura, o volume do trato gastrointestinal
humano não teria capacidade suficiente para receber a quantidade de alimentos necessários à
manutenção do organismo. Além de sua função principal de fornecer energia ao organismo, as
gorduras também atuam como transportadoras de outros nutrientes lipossolúveis, como algumas
vitaminas e hormônios. (Nunes, 2013, p. 5)
Como já vimos, os óleos e as gorduras pertencem ao grupo dos lipídeos (Nunes, 2013) e fazem
parte dos componentes insolúveis em água, ou seja, que não se dissolvem ao serem misturados com
a água. Em sua composição, como também já mencionamos, estão os triacilgliceróis resultantes da
condensação do glicerol com os ácidos graxos.
Figura 1 – Estrutura química de um triacilglicerol formado por uma molécula de glicerol e três ácidos
graxos: de cima para baixo, ácido palmítico, ácido oleico, ácido α-linolênico
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Fonte: Nunes, 2013, p. 7.
É importante também que você saiba com precisão a diferença entre óleos e gorduras,
determinada em se relacionando esses produtos à temperatura ambiente: relembrando, em
temperatura ambiente, os óleos são líquidos e as gorduras se apresentam em estado sólido.
2.1 EXTRAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS
Para Nunes (2013, p. 26), os processos de extração têm como objetivo “[...] separar o óleo ou a
gordura da matéria bruta de sua fonte, obtendo um produto isento de impurezas o quanto possível”.
Diversas fontes vegetais podem ser usadas para a obtenção dos respectivos óleos ou gorduras.
Existem etapas de preparação que podem contribuir para a melhor qualidade do produto final,
segundo Nunes (2013, p. 29-35), como veremos a seguir:
Pré-limpeza e armazenamento: a matéria-prima recebida dos campos de produção pode
apresentar um alto teor de umidade e conter certa quantidade de grãos avariados e de outros
materiais estranhos, como folhas, galhos, areia e materiais metálicos. Portanto, antes do
armazenamento, e material recebido deve passar por uma pré-limpeza, que pode ser feita através
de peneiras vibratórias e eletroímãs. (Nunes, 2013, p. 29, grifo do original)
Figura 2 – Esquema de uma máquina limpadora de grãos baseada em peneiras vibratórias
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Fonte: Nunes, 2013, p. 30.
Descascamento: a quase totalidade do óleo se encontra na polpa do grão. Assim, a eliminação da
casca expõe a polpa e evita a absorção de óleo em sua superfície durante a trituração do grão.
(Nunes, 2013, p. 30, grifo do original)
Figura 3 – Esquema de um descascador baseado em rolos paralelos, com superfície emborrachada
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Fonte: Nunes, 2013, p. 31.
Trituração e laminação: a extração do óleo será facilitada se os grãos estiverem fragmentados em
partículas pequenas, com exceção para as sementes muito pequenas, para as quais não se justifica
sequer o descascamento. (Nunes, 2013, p. 31, grifo do original)
Figura 4 – Esquema de um laminador (A) e um quebrador de grãos (B) baseados em rolos giratórios
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Fonte: Nunes, 2013, p. 32.
Cozimento: em alguns casos, o processo de extração do óleo pode ser ainda melhorado através de
tratamento térmico. O processo de cozimento visa o rompimento das paredes das células vegetais
para facilitar a saída do óleo. (Nunes, 2013, p. 32, grifo do original)
Figura 5 – Cozinhador de grãos com bandejas sobrepostas, munido de sistema para exaustão de
vapores formados durante a cocção
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Fonte: Nunes, 2013, p. 33.
Extração de óleos ou gorduras vegetais: a extração do óleo dos grãos pode ser feita por dois
processos: prensagem ou extração com solvente. Geralmente uma combinação dos dois processos
é realizada a fim de aumentar o rendimento do processo.
Extração por prensagem hidráulica: esse processo utiliza um sistema de presa hidráulica para
realizar a extração do óleo. O material é colocado na prensa envolvido em um tecido resistente. A
pressão é aplicada forçando a parte líquida (óleo) passar através dos orifícios do tecido que contém
a matéria-prima. (Nunes, 2013, p. 33-34, grifos do original)
Figura 6 – Sistema de prensa hidráulica para extração de óleos vegetais
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Fonte: Nunes, 2013, p. 34.
Extração por prensagem mecânica contínua: a extração mecânica é realizada basicamente por
uma prensa contínua tipo “Expeller”. A prensa consiste de um cesto com orifícios cujo tamanho
varia de acordo com a semente a ser processada. Esse cesto permite a saída do óleo e funciona
como um filtro para as partículas da torta. (Nunes, 2013, p. 34, grifo dooriginal)
Figura 7 – Sistema de prensa tipo expeller, para extração de óleos vegetais
Fonte: Nunes, 2013, p. 35.
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Extração com solvente: nesse processo, o óleo é extraído por meio de um solvente orgânico,
normalmente o hexano. A escolha desse solvente se deve principalmente devido a sua facilidade
para dissolver o óleo sem agir sobre outros componentes dos grãos, além da sua imiscibilidade em
água. (Nunes, 2013, p. 35, grifos do original)
Figura 8 – Sistemas de extratores com solventes de óleos vegetais: vertical com caçambas (A)
Fonte: Nunes, 2013, p. 36.
Figura 9 – Sistemas de extratores com solventes de óleos vegetais: horizontal com esteira (B)
Fonte: Nunes, 2013, p. 37.
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Tabela 1 – Composição típica, em valores percentuais, dos ácidos graxos de alguns óleos e gorduras
vegetais (Legenda: * tipicamente, os óleos vegetais apresentam altos teores de ácidos graxos mono e
di-insaturados, predominantemente com 16 ou 18 carbonos; ** C8:0=8, C10:0=7, C12:0=48,
C14:0=16)
Fonte % de óleo C16:0* C18:0* C18:1* C18:2* C18:3* Outros
milho 3-6 13 3 30 52 1 1
oliva 15-35 10 2 78 7 1 2
cacau 18-22 26 34 35 - - 5
girassol 35-45 6 5 20 60 - 9
soja 18-20 11 4 22 53 - 10
coco 65-68 9 2 7 2 - 80**
dendê 45-50 44 4 39 11 - 2
Fonte: Elaborado com base em Nunes, 2013, p. 27; O’Brien, 2009; Gunstone, 2008.
2.2 REFINO DE ÓLEOS E GORDURAS
Após a extração dos óleos e gorduras, em muitas situações é necessária a etapa do refino, ou
seja, um processamento desses materiais para que sua aparência e aroma possam ser palatáveis ao
consumo humano. Segundo Nunes (2013), existem alguns produtos que não exigem esse refino,
como os azeites de oliva e de dendê; mas, na grande maioria dos produtos, o refino se faz
necessário. Esse processo vai servir para remover os elementos indesejáveis dos óleos e gorduras, e
os mais comuns deles são a degomagem, a neutralização, a clarificação e a desodorização.
Vamos conhecer, então, esses processos que se aplicam aos óleos e gorduras de origem vegetal.
Segundo Nunes (2013, p. 38-44):
Degomagem: a degomagem tem o objetivo de remover fosfatídeos, proteínas e substâncias
coloidais do óleo bruto. Estes componentes devem ser removidos para evitar a sua precipitação
durante a estocagem do óleo. Eles ainda favorecem a degradação dos óleos ou gorduras mediante
ação enzimática e proliferação de microrganismos. Além disso, a remoção dessas substâncias reduz
o consumo de álcali no processo de neutralização. (Nunes, 2013, p. 38, grifo do original)
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Figura 10 – Esquema de um processo de degomagem com água
Fonte: Nunes, 2013, p. 39.
Neutralização: o processo de neutralização tem o objetivo principal de eliminar os ácidos graxos
livres. Secundariamente a neutralização também elimina as gomas não hidratáveis ainda presentes
nos óleos degomados apenas com água. A neutralização é feita através do tratamento do óleo com
álcali (normalmente NaOH ou Na2CO3), formando uma borra que é removida do óleo. A
concentração de álcali depende da acidez do óleo. O tratamento pode ser feito por processo
descontínuo ou contínuo. A borra – que consiste em uma mistura de sabão e algumas impurezas
como fosfatídeos e o próprio óleo – pode ser usada para fabricação de sabão em pó ou em barra.
(Nunes, 2013, p. 40, grifo do original)
Figura 11 – Esquema de um processo de neutralização descontínua
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Fonte: Nunes, 2013, p. 41.
Figura 12 – Esquema de um processo de neutralização contínua
Fonte: Nunes, 2013, p. 42.
Clarificação: durante os processos de degomagem e neutralização, certa quantidade de
substâncias que conferem coloração aos óleos e gorduras são removidos. Entretanto uma
coloração mais próxima do incolor pode ser desejada nos produtos finais, e uma etapa de
clarificação é necessária. O tratamento consiste na aplicação de adsorventes, como argilas, que são
às vezes misturadas com carvão ativado. O adsorvente é adicionado ao óleo em uma proporção de
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1 a 5 %. A mistura é aquecida entre 80 e 95 °C e agitada durante cerca de 30 minutos. Em seguida a
mistura é resfriada até cerca de 60 °C e o óleo separado através de filtros. (Nunes, 2013, p. 42, grifo
do original)
Figura 13 – Esquema de um processo de clarificação descontínua
Fonte: Nunes, 2013, p. 43.
Desodorização: a desodorização é a etapa final do processo de refino dos óleos e gorduras
comestíveis, e tem o objetivo de remover as substâncias ainda presentes que causam odor
desagradável no produto. Essa etapa visa ainda uma melhoria no sabor, cor e estabilidade dos
óleos e gorduras. (Nunes, 2013, p. 43, grifo do original)
Figura 14 – Sistema de desodorizador descontínuo (A) e semicontínuo (B)
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Fonte: Nunes, 2013, p. 44.
TEMA 3 – EXTRAÇÃO E REFINO DE ÓLEOS E GORDURAS ANIMAIS
Vamos iniciar este tema com uma pequena revisão sobre o conceito e a composição de óleos e
gorduras. Segundo Reda e Carneiro (2007, p. 61):
Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal ou
vegetal, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis, produtos resultantes da
esterificação entre o glicerol e ácidos graxos. [...] Quando estão sob forma sólida são chamados de
gorduras e quando estão sob forma líquida são chamados de óleos (10,16). Além de triacilgliceróis,
os óleos contêm vários componentes em menor proporção, como mono e diglicerídeos
(importantes como emulsionantes); ácidos graxos livres; tocoferol (importante antioxidante);
proteínas, esteróis e vitaminas.
3.1 EXTRAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS DE ORIGEM ANIMAL
A extração de óleos e gorduras, tanto de origem animal como de vegetal, como Nunes (2013, p.
26) enfatiza, o objetivo é: “separar o óleo ou a gordura da matéria bruta de sua fonte, obtendo um
produto isento de impurezas o quanto possível”.
Segundo Ramalho e Suarez (2013), a obtenção de óleos e gorduras acontece com uso do sebo
(tecido adiposo), que é associado a carnes, peles e ossos dos animais. Como aponta Nunes (2013, p.
26), “A fonte de gordura animal mais comum são os suínos, mas as gorduras extraídas de bovinos,
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ovinos e aves (principalmente galináceas) também são usadas para fins comestíveis”. Nunes (2013)
enfatiza que a gordura animal mais consumida é a gordura do leite, a qual é extraída e passa por
processamento para a obtenção de manteiga ou de creme de leite.
Nos animais, os depósitos de gordura podem se encontrar sob a pele (gordura subcutânea),
entre os músculos (gordura intermuscular), na cavidade abdominal e em outros locais internos. Essa
localização de gordura pode variar de acordo com espécie, raça, clima e dieta do animal, como
afirma Nunes (2013).
Reda e Carneiro (2007, p. 61) apontam que “gorduras animais como a banha, o sebo comestível
e a manteiga são constituídas por misturas de triacilgliceróis, que contêm um número de saturações
maior do que o de insaturações, conferindo-lhes maior ponto de fusão (sólidos à temperatura
ambiente).” Outra gordura animal muito utilizada e consumida é o óleo de peixe, que contém alto
teor de ácidos graxos poli-insaturados (principalmente do tipo w-3), usado como aditivo e
suplemento alimentar, como ressalta Nunes (2013).
Conforme Nunes (2013), a maioria das gorduras animais tem ácidos graxos com 16 ou 18
carbonos, com a maior parte saturada, além de ácidos graxos mono e di-insaturados, que
apresentam isômeros trans (Tabela 2).
Tabela 2 – Composição típica, em termos percentuais, dos ácidos graxos de algumas gorduras e óleos
animais e vegetais (legenda:* eicosapentaenoico (EPA) = 15; docosa-hexaenoico (DHA) = 9)
Fonte C14:0 C16:0 C16:1 C18:0 C18:1 C18:2 Outros
bovina 4 24 5 19 43 1 4
ovina 2 21 2 25 35 3 12
suína 2 26 5 11 44 11 1
galinácea 1 22 6 7 40 20 4
de pesca 9 17 12 3 11 1 47*
Fonte: Elaborado com base em O’Brien, 2009; Gunstone, 2008.
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Na fusão da gordura e na sua remoção da matriz, é utilizado o processo com ausência ou
presença de água/vapor. Segundo Nunes (2013, p. 28):
No processo que utiliza água, ela é adicionada à matéria-prima e aquecida até o seu ponto de
ebulição. No processo a vapor, ele é adicionado diretamente sobre o material e a pressão é
mantida no sistema. O equipamento típico usado é um recipiente cilíndrico em aço. O recipiente é
preenchido com o material graxo e fechado. Água/vapor é injetado até que temperatura e pressão
de processo sejam atingidas. Após o cozimento, a gordura se separa dos sólidos e sobrenada no
topo do recipiente. A pressão é então liberada e a gordura é retirada e separada por decantação,
filtração ou centrifugação.
Nunes (2013) indica que existe também o processo a seco, no qual os tecidos adiposos passam
por uma temperatura entre 120 ºC a 140 ºC, em um cilindro horizontal que provoca um sistema de
agitação no material. O processo dura em torno de 4 a 5 horas, até que a gordura seja liberada da
parte sólida do material. Todo o material é então prensado ou filtrado para haver uma separação
total da gordura, por meio de pressão atmosférica (mais utilizada) e/ou a vácuo e/ou pressão
elevada.
Para Ramalho e Suarez (2013, p. 13), o processo de extração de gorduras segue algumas etapas,
como:
A primeira etapa consiste em triturar o material que contém a gordura e misturá-lo com água em
uma autoclave, permanecendo a alta temperatura e pressão por 1 a 2 h. As células contendo
material graxo são destruídas, e a gordura fica na forma líquida devido à alta temperatura do meio.
Em seguida, este material é coletado em um decantador, onde a gordura, por ser menos densa, fica
na superfície da água e pode ser facilmente recolhida. Esta gordura passa então por um filtro
prensa para remoção de partículas sólidas em suspensão.
Figura 15 – Processo de extração de gordura animal
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Fonte: Ramalho; Suarez, 2013, p. 14.
3.2 REFINO DE ÓLEOS E GORDURAS DE ORIGEM ANIMAL
O processo de refino de óleos e gorduras de origem animal é muito parecido com o que
acontece no refino do óleo de soja, mas segue uma ordem diferente de etapas, como descrevem
Ramalho e Suarez (2013, p. 13):
A primeira etapa do processo de refino da gordura é a desodorização, que ocorre de forma similar
à dos óleos vegetais. No entanto, neste caso o processo por arraste a vapor também elimina
grande parte dos ácidos graxos presentes na gordura, motivo pelo qual este processo é conhecido
na indústria como neutralização física. Na etapa posterior, a gordura desodorizada é submetida ao
processo de neutralização com hidróxido de sódio de modo similar ao descrito para o óleo de soja.
Deve-se salientar que mesmo no caso de algumas oleaginosas de origem vegetal onde o óleo ou a
gordura possuem alta acidez, como é o caso de palmeiras, o procedimento de refino é similar ao
descrito aqui para gorduras animais.
TEMA 4 – HIDROGENAÇÃO DE PRODUTOS
Para iniciar este tema, vamos conceituar hidrogenação, que nada mais é, de acordo com Pinho e
Suarez (2013, p. 48), “[...] um processo químico de eliminação de grupos funcionais insaturados pela
adição de átomos de hidrogênio”. Esse processo é utilizado em diferentes tipos de indústrias e para
as mais diversas finalidades, por exemplo, nas indústrias alimentícia, de combustíveis, farmacêutica,
entre outras.
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Neste tema, vamos abordar a hidrogenação na indústria alimentícia, que tem como objetivo
aumentar o prazo de validade de óleos e produzir gorduras vegetais. Para Pinho e Suarez (2013, p.
51), a formação desses dois processos é o resultado da diferença do grau de hidrogenação:
Para estabilizar óleos, a hidrogenação é feita de forma parcial, mantendo um determinado grau de
insaturação no produto final, de forma que a sua fluidez não seja comprometida e ele continue
líquido a temperatura ambiente. Já para a produção de gorduras vegetais hidrogenadas, muito
usadas para confecção de tortas e bolos, a hidrogenação é realizada de forma quase completa. O
processo industrial de hidrogenação de óleos e gorduras é realizado utilizando um catalisador de
níquel finamente dividido, obtido a partir da redução de complexos do metal com hidrogênio
molecular, usualmente suportado em sílica. O processo, que utiliza óleo refinado e branqueado,
ocorre a temperaturas entre 150 e 220 ºC e 15 atm de hidrogênio.
Os produtos obtidos da hidrogenação de óleos vegetais mais conhecidos são a margarina e os
cremes vegetais. A margarina surgiu na França, no século XIX, como um substituto da manteiga, a um
preço mais acessível que esta. Quem criou a margarina foi o químico Hippolyte Mège-Mouriès, que
emulsificou sebo bovino com leite. Já no início do século XX, com o surgimento do processo de
hidrogenação, a gordura vegetal hidrogenada substituiu o sebo na confecção da margarina. Na
segunda metade do século XX, o processo de produção da margarina passou a ser feito mediante
emulsificação de uma fase aquosa composta de leite, sal e conservantes; e de uma fase oleosa, que
gera a gordura vegetal hidrogenada (Pinho; Suarez, 2013).
Os cremes vegetais e a margarina são produtos até parecidos, mas apresentam algumas
diferenças entre si. De acordo com Nunes (2013, p. 49),
a margarina é uma emulsão estável de gorduras vegetais hidrogenadas, água e leite. A gordura
láctea não deve ultrapassar 3% e o teor de gordura é de cerca de 85%. O creme vegetal também é
uma emulsão constituída principalmente de água e gordura vegetal hidrogenada. Apesar de
permitido, geralmente a gordura láctea não está presente. O teor de gordura normalmente fica
entre 40 e 70%.
4.1 HIDROGENAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS
Para que a hidrogenação ocorra, é necessário adicionar hidrogênio às duplas ligações dos
grupos do tipo acila insaturados, o que permite a conversão de óleo, na sua forma líquida, em um
produto semissólido, como é o caso da margarina. Em alguns casos, nesse processo, isso pode
resultar na diminuição da suscetibilidade dos óleos à deterioração oxidativa, por causa do aumento
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das saturações, e ainda em uma melhoria de suas características sensoriais, de acordo com Nunes
(2013).
Pode acontecer, também, de que a hidrogenação de óleos não aconteça de maneira completa,
com as gorduras sendo hidrogenadas de forma parcial. Segundo Ribeiro et al. (2007, p. 1.296), “um
óleo totalmente hidrogenado é obtido quando todas as ligações duplas são saturadas no processo.
Do contrário, tem-se a hidrogenação parcial, usualmente empregada”.
Nunes (2013, p. 45) aponta que, no processo de hidrogenação,
o hidrogênio (gás), o óleo (líquido) e o catalisador (sólido, comumente Ni a 0,05-0.1 %) participam
de uma reação num sistema fechado com aquecimento (140 a 220 °C) e alta pressão (35-140 kPa).
Depois que o grau de saturação desejado é alcançado, o sistema é resfriado, despressurizado, e o
catalizador removido por filtração.
Nunes (2013) ainda menciona que esse processo ocorre de forma descontínua, em um
equipamento descontínuo convencional. Esse equipamento conta com um reator no qual existe um
aquecimento e uma entrada para o hidrogênio.
Figura 16 – Reator convencional descontínuo para hidrogenação de óleos ou gorduras
Fonte: Nunes, 2013, p. 46.
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Para o equipamento funcionar, o hidrogênio é colocado em um dispersor que se encontrano
fundo do tanque, produzindo pequenas bolhas daquele gás. Podem existir reatores com um sistema
de recirculação do hidrogênio encontrado na sua parte superior, ou seja, acima do nível do óleo.
Toda a agitação é feita para facilitar o contato entre o hidrogênio e o óleo, segundo Nunes (2013).
Outro fato importante a ser comentado sobre a hidrogenação é que ela pode ser seletiva ou não
seletiva, o que significa que essa seletividade é marcada pelo fato de que o hidrogênio, de acordo
com Nunes (2013, p. 46-47),
[...] é adicionado primeiro às cadeias mais insaturadas, ou seja, quanto maior a seletividade, menor
será o nível de ácidos graxos poli-insaturados em relação aos monoinsaturados. A seletividade
pode ser aumentada elevando a temperatura da reação, ou diminuída aumentado a pressão e a
velocidade de agitação. Um óleo seletivamente hidrogenado se torna mais resistente à oxidação
devido à hidrogenação preferencial dos ácidos graxos poli-insaturados.
Na reação de hidrogenação, vários catalisadores são ativos, sendo o níquel o metal mais
utilizado, e até existem catalisadores mais eficientes, como a platina e o paládio, mas com alto custo.
Os catalisadores homogêneos, como os compostos organometálicos, por serem solúveis em óleo,
acabam oferecendo um controle melhor da seletividade, porém o material é de difícil separação
quando termina o processo, segundo Nunes (2013). Nunes (2013, p. 49) ainda afirma que “[...] muitas
substâncias podem envenenar (inativar) o catalisador se estiverem presentes no óleo. As principais
são os fosfatídios, a água, os compostos sulfurados e os ácidos inorgânicos. Por isso, antes de serem
submetidos à hidrogenação, os óleos devem ser refinados.”
Na indústria de alimentos, nas últimas décadas, produzir gorduras vegetais por meio do uso da
reação de hidrogenação tem sido muito questionado. Isso devido à ocorrência da reação paralela de
isomerização de ligações duplas, pois parte dos isômeros cis é mudada para isômeros trans, pelo fato
de os isômeros trans serem termodinamicamente mais estáveis, de acordo com Pinho e Suarez
(2013).
Os isômeros trans, por outro lado, durante algum tempo foram considerados até mesmo um
avanço tecnológico, devido a terem um ponto de fusão maior do que os isômeros cis, o que favorece
a criação dos níveis sólidos das gorduras hidrogenadas. Atualmente, muitos estudos, como o de
Ribeiro et al. (2007), apontam que os isômeros trans são prejudiciais à saúde humana. Segundo Pinho
e Suarez (2013, p. 54), “[...] estudos mostraram que um aumento de 20% na ingestão de gordura trans
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acarreta um aumento de 1 na razão LDL/HDL, o que eleva os riscos de doenças cardiovasculares em
53%”.
De acordo com outros dados da literatura, a
[...] Organização Mundial da Saúde – OMS – estabelece que a ingestão diária máxima de gordura
trans não deve ser superior a 1% das calorias diárias ingeridas. Em uma dieta de 2.000 calorias, por
exemplo, isso equivale a 2,2g de gordura trans. No Brasil, o consumo médio desse tipo de gordura
chega a 3% do total calórico diário (6,6g de gordura trans), o equivalente a uma porção grande de
batata frita de fast-food ou quatro biscoitos recheados de chocolate. (Lipídios, 2011, p. 49)
Como aponta Nunes (2013), a hidrogenação, durante todo o seu processo, pode formar
isômeros trans em grande quantidade, determinando que a ingestão de produtos que passam por
esse tipo de processo seja associada ao aumento de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o
colesterol ruim. Por isso, existem processos mais usuais na produção de gorduras semissólidas, como
o fracionamento ou cristalização e a interesterificação, mais recomendáveis que a hidrogenação.
4.2 PROCESSOS ALTERNATIVOS
Os processos alternativos servem para que a hidrogenação seja substituída por outras
tecnologias – as mais usadas são as já citadas cristalização fracionada e/ou a interesterificação.
Vamos ver cada um desses processos.
No processo de cristalização fracionada é possível obter gorduras com alto grau de saturados.
Segundo Pinho e Suarez (2013), o processo de fracionar um óleo consiste em separar os
triacilglicerídeos com maior saturação dos triacilglicerídeos insaturados, por meio de diferença na
temperatura de fusão. Como esse é um processo físico, o que ocorre é uma lenta diminuição de
temperatura em um trocador de calor, fazendo com que a cristalização dos triacilglicerídeos, com
pontos de fusão mais elevados, ou seja, mais saturados, provoque uma cristalização parcial. Com essa
cristalização parcial, consegue-se uma mistura graxa heterogênea, sendo possível separar a fase
sólida da líquida, por intermédio de uma centrifugação.
Figura 17 – Esquema do processo de cristalização fracionada (winterização): (a) trocador de calor; (b)
bomba; (c) centrífuga; (d) filtro prensa
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Fonte: Pinho; Suarez, 2013, p. 55.
Após esse processo, obtém-se uma fração líquida (oleína) e outra pastosa, que passa por um
filtro prensa para que consiga isolar mais oleína e a fração sólida (estearina), conforme esclarecem
Pinho e Suarez (2013). Para o processo de cristalização pode ser utilizado óleo puro ou com um
solvente, geralmente o hexano, colocado antes da entrada do óleo ou gordura no trocador de calor.
Ao utilizar o hexano (solvente), é preciso fazer uma etapa posterior para remover todo o solvente da
oleína (Pinho; Suarez, 2013).
O processo de interesterificação serve para se conseguir obter gorduras com um menor grau de
saturação. Nunes (2013, p. 50) afirma que:
É possível mudar a posição dos ácidos graxos nos acilgliceróis de um óleo ou gordura através de
um processo conhecido como interesterificação. Isso ocorre na presença de certos catalisadores,
resultando em uma distribuição dos ácidos graxos nos acilgliceróis de forma essencialmente
randômica. Com a formação do novo triacilglicerol, novas propriedades organolépticas, físicas e
químicas são adquiridas.
De acordo com Ribeiro et al. (2007), a interesterificação ajuda na produção de óleos e gorduras
com específicas funções, pois é um método de preparação de gorduras plásticas com baixos teores
ou até sem isômeros trans, sendo diferente da hidrogenação, pois não promove a isomerização das
duplas ligações dos ácidos graxos, isto é, não afeta o grau de saturação.
Segundo Nunes (2013, p. 50), é possível realizar vários tipos de interesterificação, como:
[...] reação em temperatura acima do ponto de fusão do óleo ou gordura; interesterificando uma
mistura de matérias-primas; ou interesterificando o óleo ou gordura a uma temperatura abaixo do
seu ponto de fusão, de forma que só a fração líquida reaja (conhecido como interesterificação
dirigida).
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Para que ocorra o processo de interesterificação, é muito comum utilizar como catalizador o
metóxido de sódio (CH3ONa), para fazer reagir uma gordura saturada com um óleo insaturado.
A reação de interesterificação segue dois estágios, conforme afirma Nunes (2013, p. 51):
Primeiramente, o catalisador combina com o acilglicerol em um dos pontos de localização da
carbonila. Então, o ânion do catalisador é trocado com o éster de outro ácido graxo. A reação pode
ser finalizada com a desativação do catalisador pela adição de água ou ácido orgânico, que
convertem os ésteres metílicos de ácidos graxos em ácido graxo livre. A reação é tanto
intermolecular como intramolecular, que ocorre a uma taxa mais rápida. Normalmente, o processo
é efetuado a temperaturas de aproximadamente 100°C ou abaixo disso. Os catalisadores são
extremamente suscetíveis à desativação por água e por ácidos graxos livres, bem como são
afetados por peróxidos, dióxido de carbono e oxigênio.
Nesse processo ocorre a troca de ácidos graxos entre os triacilglicerídeos, e esses
triacilglicerídeos passam a ter uma composiçãoquímica parecida ccom aquela obtida em uma
hidrogenação parcial, mas apresentando a vantagem de não ocorrer isomerização (Pinho; Suarez,
2013). Pinho e Suarez (2013) destacam que, no processo de interesterificação, não há alteração nos
ácidos graxos, porém eles se redistribuem nas moléculas dos triacilglicerídeos, ocorrendo uma
composição química parecida com aquela obtida na hidrogenação parcial, mas apresentando a
vantagem de não ocorrer isomerização. Dessa forma, a característica final de saturação dos
triacilglicerídeos nesse processo é determinada pela composição das matérias-primas iniciais.
É possível utilizar o processo de interesterificação sem o uso de catalisador a altas temperaturas,
como aponta Nunes (2013), mas ele é mais lento e pode gerar reações não desejáveis como a
polimerização e a isomerização. Na indústria, esse processo é utilizado para mudar as propriedades
físicas de óleos e gorduras, além de ser uma alternativa à hidrogenação, produzindo, dessa forma,
semissólidos com teor de ácidos graxos trans mais baixo (Nunes, 2013). O processo de
interesterificação, ainda segundo Nunes (2013, p. 52), “[...] pode resultar tanto em um aumento, como
em uma diminuição do ponto de fusão e do conteúdo de gordura (sólida), dependendo da
composição original dos acilgliceróis”.
TEMA 5 – PRODUÇÃO DE SABÃO E DETERGENTE
Para dar início a este tema sobre produção de sabão e de detergente, precisamos considerar que
esses produtos são usados para a higiene do nosso corpo e para a limpeza das nossas casas, do
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nosso ambiente de trabalho e de tantos outros lugares. Dessa maneira, as indústrias químico-
farmacêuticas produzem uma infinidade de produtos para atender a esse mercado.
Para você conhecer um pouco da história de como surgiu o sabão, Castro (2009, p. 4) nos conta
que:
O sabão, cuja época e local exato de aparecimento são ignorados, é o marco de entrada no campo
dos detergentes. As matérias primas para sua manufatura eram substâncias alcalinas (obtidas das
cinzas de plantas) e gorduras animais. A arte secular de fabricar sabão somente recebeu impulso
definitivo quando da descoberta do processo Leblanc de fabricação de soda em 1790. Esse
processo libertou os saboeiros do uso de cinzas de barrilha (planta mediterrânea cujas cinzas são
ricas em óxidos alcalinos) simplificando os métodos, melhorando a qualidade e aumentando a
produção.
Com o processo de hidrogenação, a indústria passa a produzir sabão mais consistente. Tanto
que, com a modernização da sua fabricação, isto é, com o uso adequado, nesse processo, de
gorduras, tanto animal como vegetal, o sabão passou a ter características de mais qualidade,
satisfazendo assim um mercado consumidor mais exigente quanto aos produtos consumidos, seja
para a higiene pessoal, seja para a limpeza diária.
De acordo com Castro (2009, p. 4), entre os processos de fabricação de sabão e de detergente
existem algumas diferenças, como:
Os sabões são precipitados e, por isso, não são eficientes em presença de águas duras ou ácidas, ao
contrário dos detergentes. Além disso, embora as composições dos sabões comuns sejam variáveis,
em essência são apenas sais de sódio e de potássio de diversos ácidos graxos. Por outro lado, os
detergentes são misturas complexas de várias substâncias cada qual escolhida para efetuar uma
ação particular durante a limpeza.
O consumidor atual adquire cada vez mais produtos que são derivados de sabões e de
detergentes, por exemplo sabões em pó, detergentes com diversas funções (removedores de
manchas, branqueadores etc.), sabonetes, shampoos, entre outros. Por isso, é muito importante saber
como esses produtos são produzidos, como agem no nosso corpo e no nosso ambiente e,
principalmente, como eles atuam no meio ambiente, como são degradados pela natureza.
Atualmente, a consciência ecológica de como nós interagimos com o meio ambiente faz com que
busquemos produtos que visem a uma proteção maior ao meio.
5.1 PRODUÇÃO DE SABÃO
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Antes de falarmos sobre o processo de produção de sabão, é importante entendermos o que o
termo sabão significa. Castro (2009, p. 13) define que
O termo sabão é utilizado para todos os sais de sódio e potássio de ácidos graxos de elevado peso
molecular como oleico, palmítico, esteárico, etc. São os sabões utilizados para fins de lavagens
domésticas e/ou indústrias; existe, entretanto, uma grande variedade de sabões de outros metais,
usados para fins lubrificantes (indústria têxtil, etc.) e medicinais, obtidos usualmente pela
saponificação direta dos ácidos correspondentes.
E também descreve algumas das características dos sabões, tais como:
• Solubilidade em água: varia inversamente com o peso molecular do ácido graxo empregado. Os
sabões sódicos são menos solúveis que os potássicos.
• Poder emulsificante: quando solubilizados em água baixam a tensão superficial aumentando o
poder de molhabilidade.
• Ponto de fusão: São de uma maneira geral elevados, os dos sabões sódicos variam entre 230 a
270 °C.
• Higroscopicidade: quando secos são higroscópicos, os sabões potássicos são mais higroscópicos
que os sabões sódicos.
• Matérias-primas: as principais matérias-primas utilizadas para a fabricação do sabão são as
gorduras animais e/ou vegetais e álcalis (soda ou potassa). (Castro, 2009, p. 13)
Para a fabricação do sabão comum, os produtos utilizados são o hidróxido de sódio ou potássio
e os óleos ou gorduras de animais ou de vegetais (Zago Neto; Pino, 2011), em um processo simples:
Primeiramente coloca-se soda, gordura e água na caldeira com temperatura em torno de 150ºC,
deixando-as reagir por algum tempo (± 30 minutos). Após adiciona-se cloreto de sódio – que
auxilia na separação da solução em duas fases. Na fase superior (fase apolar) encontra-se o sabão e
na inferior (fase aquosa e polar), glicerina, impurezas e possível excesso de soda.
Nesta etapa realiza-se uma eliminação da fase inferior e, a fim de garantir a saponificação da
gordura pela soda, adiciona-se água e hidróxido de sódio à fase superior, repetindo esta operação
quantas vezes seja necessário. Após terminado o processo pode-se colocar aditivos que irão
melhorar algumas propriedades do produto final. (Zago Neto; Pino, 2011, p. 10-11)
Para entender um pouco melhor como se dá a fabricação de sabão, ela passa por quatro
processos: a saponificação, a semicotura, o refino e o descanso.
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Figura 18 – Fluxograma do processo de fabricação de sabão
Vamos ver como ocorre cada uma dessas etapas, conforme as descreve Castro (2009, p. 15-16):
Saponificação
O processo de saponificação tem início com o carregamento das matérias-primas (gorduras
líquidas e soda) e é efetuado em um recipiente de ferro, circular ou retangular com fundo inclinado
para um tubo central de descarga. A reação é exotérmica e autocatalítica. A gordura (triglicerídeo) é
atacada pelo álcali, liberando glicerina e ácidos graxos, os quais são neutralizados pela soda
formando o sabão.
Semicotura
Consiste na fervura da massa com excesso de álcali para garantir uma saponificação completa,
evitando, deste modo, a formação de blocos de gordura ou soda que possam permanecer sem
reagir.
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Refino
Consiste na separação da massa em duas fases imiscíveis de sabão e glicerina, respectivamente; o
processo baseia-se na enorme diferença de solubilidade dos componentes da massa em salmoura.
O sabão fica na superfície devido a sua menor densidade em relação à solução de salmoura e
glicerina (lixívia), a qual é separada pelo fundo do recipiente.
Por processos especiais a glicerina é recuperada, tendo vários destinos de acordo com a sua
qualidade, podendo ser classificada como:
• Medicinal
• Industrial 
• Dinamite.A lavagem com salmoura é repetida tantas vezes quantas forem necessárias para obter-se o teor de
sabão desejado.
O processo tradicional de refino acima descrito tornou-se antieconômico e obsoleto para as
grandes indústrias. Modernamente utiliza-se um processo no qual a solução de salmoura percorre
em contracorrente a mistura que contém sabão, numa torre de lavagem. À medida que progride, a
solução de salmoura se enriquece em glicerina.
Descanso e acabamento
O sabão processado contém um elevado teor de sal dissolvido na sua massa. Adiciona-se uma
pequena quantidade de água e deixa-se o produto descansar por 24 a 48 horas. Com o descanso, o
conteúdo do recipiente de ferro separa-se em três camadas:
• Superior: sabão de boa qualidade, alta viscosidade e aspecto claro, contendo até 65% sabão.
• Central: fluido salgado, escuro, contendo até 40% sabão. É chamado de borra.
• Inferior: líquido salgado e alcalino denominado lixívia da borra.
Após todo esse processo, é necessário dar o destino certo para o sabão, ou seja, separar a sua
camada de boa qualidade e de acordo com a coloração para fabricar sabão em pedra, em escamas
ou em pó e até um sabonete (Castro, 2009). A fabricação desses tipos de sabão segue alguns
procedimentos, conforme os descreve Castro (2009, p. 16-17):
• Sabão comum: são adicionados à massa ainda fluida alguns agentes antirrancificantes,
enchimentos e corantes e, após homogeneização, são resfriados em forma de grandes placas as
quais são cortadas. Os sabões resultantes são cunhados e embalados. (Castro, 2009, p. 16)
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Figura 19 – Sabão industrial
Créditos: Kat Byrd I/Shutterstock.
• Sabão em escamas: a massa base adicionada de antirrancificantes e agentes óticos é cilindrada e
as raspas são prensadas na forma de escamas.
• Sabão em pó: ao sabão pastoso adicionam-se substâncias com propriedades características como
anticorrosivos e tampões (silicato de sódio), alcalinizantes (barrilha), detergentes auxiliares e
amolecedores de água (fosfatos), enchimento (sulfato de sódio) e outros. A massa é
homogeneizada a quente e injetada sob pressão através de bicos atomizadores em uma torre
onde, em contracorrente, sobe ar quente. As gotas atomizadas, à medida que caem, secam e
transformam-se em grânulos, os quais são recebidos na parte inferior da torre, sendo a seguir
peneirados, perfumados e embalados.
• Sabonete: a massa fluida passa por um secador de onde saem em forma de raspa, que após
adição de antirrancificante é compactada na forma de macarrões. Em um misturador, de acordo
com o tipo de sabonete, são adicionados à massa base corantes, perfumes, agentes óticos e
bactericidas. A massa resultante passa por cilindros onde é homogeneizada e extrusada, cortada
em sabonete os quais são prensados e estampados e a seguir embalados. (Castro, 2009, p. 16-17)
Figura 20 – Fabricação de sabonete
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Créditos: Gustova Svetlana/Shutterstock.
5.2 PRODUÇÃO DE DETERGENTE
É importante iniciar este assunto, sobre detergentes, entendendo que eles são substâncias
consideradas tensoativas, pois reduzem a tensão superficial de um líquido. E são produzidos por
meio de derivados do petróleo, ou seja, são produtos sintéticos (Zago; Pino, 2011). Detergentes,
segundo Castro (2009, p. 4), são “[...] substâncias inorgânicas ou orgânicas que apresentam a
propriedade de reduzir a tensão superficial da água, favorecendo o seu espalhamento e
emudecimento das superfícies, promovendo um contato mais íntimo entre a água e o objeto a ser
limpo.”
Mas, como surgiu o detergente? Segundo Zago e Pino (2011), o detergente começou a ser
produzido durante a Segunda Guerra Mundial devido à falta de óleos e de gorduras para fabricar
sabões. O sucesso dessa produção foi tão grande que, nos Estados Unidos, o seu consumo superou o
de sabões, na década de 1950.
Castro (2009, p. 5) afirma que, “[...] com a síntese do alquibenzeno, tornou-se possível à
obtenção do primeiro tensoativo sintético eficiente, o Alquibenzeno Sulfonato de Sódio (ABS),
produzido pela reação do alquibenzeno com ácido sulfúrico e soda”. O mercado de detergente à
base de ABS cresceu tanto que ele passou a ser um produto alternativo ao sabão para a lavagem de
roupas e a realização de limpezas domésticas. Porém, esse material é reconhecido como agente
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poluidor dos rios, sendo necessário novas pesquisas para se criar um produto biodegradável, que
seja degradado por ação de microrganismos (Castro, 2009).
Devido à preocupação com o meio ambiente, muitos países proibiram o uso de detergentes com
ABS a partir dos anos 1960. No Brasil, a venda desses produtos continuou, mas só em 1976 é que a
legislação brasileira estabeleceu, com a Portaria n. 13/1976 do Ministério do Interior, o controle da
poluição das águas devido ao uso desses produtos (Brasil, 1976). Segundo essa portaria, “[...] as
espumas não naturais devem ser ausentes em águas de todas as classes, independentemente de sua
utilização: abastecimento doméstico, irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas, recreação,
preservação de peixes, navegação ou abastecimento industrial.” (Brasil, 1976).
O Brasil demonstrou manter a preocupação ambiental por conta do uso de detergentes.
Infelizmente, ainda assim, demorou para que os detergentes fossem produzidos com as
características de produtos biodegradáveis. Para você ter uma ideia, mesmo com o decreto, ainda no
final dos anos 1980 a maior parte dos detergentes produzidos no país não era biodegradável.
Nas últimas décadas, muitas pesquisas foram feitas para mudar a composição dos detergentes,
envolvendo o uso de substâncias tensoativas (ou surfactantes), que possuem a propriedade de
interação entre detergente, água e gordura, podendo ser aniônicos, catiônicos, não iônicos e
dipolares; e também de aditivos (agalmatolito, calcita e dolomita, entre outros) para aumentar o seu
desempenho e o seu poder de alvejamento, tornando-o também, logicamente, um produto
biodegradável (Castro, 2009).
FINALIZANDO
Chegamos ao fim de mais uma aula cujos assuntos tratados se interligam, justamente, para que
você possa ter o conhecimento de toda a cadeia de produção que envolve a tecnologia orgânica da
agroindústria. Nesta aula, você aprendeu que os óleos e as gorduras são formados principalmente
pelos ácidos graxos e que, além disso, os óleos e as gorduras, tanto de origem vegetal como de
animal, são muito utilizados na alimentação, bem como em processos industriais. E, para completar,
você conheceu os principais processos de produção de sabões e detergentes e que eles são
utilizados nas mais diferentes indústrias.
Até o próximo encontro. Bons estudos!
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