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ANESTÉSICOS LOCAIS—------------------- Os anestésicos agem bloqueando a despolarização dos neurônios, impedindo, assim, a transmissão do impulso nervoso/potencial de ação de forma reversível. Dessa forma, a informação do sistema nervoso periférico não será transmitida ao SNC ⇒ Sem informação de dor. COMPOSIÇÃO BÁSICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS: ● Todo anestésico é uma base fraca É a base fraca que realiza a anestesia. Porém, por ser uma base fraca, é bastante insolúvel (não se difundindo bem pelos tecidos do corpo) ● Para uso clínico, fora adicionado o ácido clorídrico (ácido forte) à base fraca A fim de torná-la solúvel e passível de se difundir pelos tecidos ● Ácido Clorídrico + Base Fraca (Prilocaína, lidocaína, bupivacaína, articaína e etc)⇒ Sal anestésico (Sal ácido) chamado CLORIDRATO ex: Nome dos anestésicos: Cloridrato de Lidocaína, Cloridrato de Bupivacaína. Sal anestésico = pH ácido que varia de 5,5 (soluções anestésicas sem vasoconstritor) ao 3,3 (soluções com vasoconstritor) COMO? Quando são injetados próximos a um tronco nervoso ou fibras nervosas, os AL permanecem em sua forma molecular para atravessar a bainha nervosa do neurônio. Ao estarem presentes no interior do neurônio, o AL se ioniza e sua forma ionizada interage com locais específicos dos canais de Na+, bloqueando ou diminuindo a entrada de Na+ no neurônio → impedindo a despolarização → impedindo a transmissão do impulso nervoso (mantendo a célula em repouso - polarizada) → Analgesia. Importante: pH do tecido Para que a anestesia funcione, o tecido no qual foi inserida precisa ter capacidade de tamponar e liberar a base na forma molecular para atravessar a bainha. Caso o tecido esteja sob processo inflamatório ou infeccioso, o pH se encontrará ácido → Fazendo com que a base se ionize antes de entrar no neurônio → Incapacitando-a de realizar a anestesia. MOLÉCULA DO ANESTÉSICO LOCAL 1. Porção hidrofílica: Permite que o AL atravesse os tecidos 2. Porção lipofílica: Permite a difusão do anestésico pela bainha nervosa dos neurônios (Essa porção determina a potência do anestésico) 3. Cadeia intermediária: Une a porção lipofílica e hidrofílica e dependendo da estrutura química dessa cadeia, o Anestésico vai ser tipo ÉSTER ou tipo AMIDA (classificação) ÉSTER → Primeiros a serem sintetizados, precursor é a cocaína. Sua duração de ação é muito curta, pois sofrem metabolização rápida pela colinesterase plasmática, ou seja, pouco tempo de trabalho. Além disso, ao sofrer metabolização eles se tornam PABA = Ácido para-aminobenzóico, substância com alto potencial alergênico. Sal ácido causando alergias nos pacientes. Obs: O único éster usado hoje na clínica é a benzocaína - usada como anestésico de superfícies mucosas na forma tópica (pomada/gel) AMIDA → O primeiro produzido foi a Lidocaína. São os mais utilizados hoje em dia, sofrem metabolização hepática, ou seja, maior tempo de ação por conta da meia vida plasmática ser mais longa. Menor capacidade de produzir reações alérgicas. Participantes: Lidocaína, Mepivacaína, Prilocaína, Articaína, Bupivacaína, Ropivacaína e Etidocaína. CARACTERÍSTICAS GERAIS: ● Todo anestésico local é vasodilatador, para compensar esse comportamento que diminui o tempo de trabalho, por isso é adicionado vasoconstritor dentro do AL = Aumentar o tempo de trabalho, diminuir a toxicidade sistêmica e causar hemostasia. ● Os anestésicos vão ser absorvidos pela corrente circulatória devido à capacidade vasodilatadora, vai para circulação e órgãos de maior aporte circulatório (coração, pulmão, cérebro, fígado e rins) → ou seja, anestésicos sem vasoconstritores se distribuem pelos órgãos + rapidamente e não realizam analgesia eficiente. ● AL são sais ácidos (base fraca + HCL → Cloridrato = sal ácido) ● Tubetes anestésicos contém 1,8 ml e podem ou não conter vasoconstritor (em alguns casos deseja-se uma duração de ação mais curta) ● AL inibem a propagação do potencial de ação de forma REVERSÍVEL pois mantém a célula nervosa polarizada ● Todo sal anestésico ultrapassa a barreira placentária (em maior ou menor grau) ● A ligação proteica do AL determina a duração de ação (+ LP = + Tempo) (+LP = + Difícil atravessar Barreira placentária) ● A POTÊNCIA de um anestésico é a capacidade da Base de atravessar com facilidade a bainha nervosa (ser lipossolúvel) LIDOCAÍNA—----------------------------------- - Início de ação rápido, em torno de 2-3 minutos - Ligação proteica de 64% - Concentração de 2% - Devido a sua ação vasodilatadora, a anestesia pulpar dura 5-10 minutos (pouca indicação de Lidocaína 2% sem vasoconstritor associado na odontologia) A lidocaína é mais vasodilatadora do que as demais Bases Anestésicas. - LIDO + VASO ⇒ Duração da anestesia pulpar vai ser de 40-60 minutos; anestesia em tecido mole dura 120-150 min. Metabolizada no fígado = enzimas da CYP Eliminada pelos rins Meia vida plasmática de 60-90 min (Quando cair na circulação, demora esse tempo para ser excretada) Sobredosagem provoca estimulação do SNC seguida de depressão, convulsão e coma. Toxicidade: Niveis plasmáticos → 4,5ug/ml no SNC; 7,5ug/ml no sistema cardiovascular. MEPIVACAÍNA—--------------------------------- - Início de ação: 1,5-2 minutos - Potência anestésica semelhante à Lidocaína - Concentração de 3% - É bem menos vasodilatadora que a Lidocaína → Logo, MEPI À 3% sem VASO consegue provocar Anestesia pulpar + duradoura. - Ligação proteica de 77% (+ duração, - atravessa BP) Técnica infiltrativa: 20 min (Injeta no osso) Técnica de Bloq regional: 40 min (Injeta direto na entrada do nervo - ex: Forame mandibular) Metabolização Hepática Excreção renal T1/2 plasmática = 2 horas (passa mais tempo para ser eliminada) Toxicidade semelhante à lidocaína PRILOCAÍNA —---------------------------------- - Início de ação: 2-4 min - LP de 55% (atravessa + a BP e tem uma duração de ação mais curta) - Concentração de 4% - Ação vasodilatadora menor que a MEPI e a LIDO (ou seja, poderia ser usada na forma pura mas não é comercializada no BR) - Apesar de ser menos tóxica que a MEPI e a LIDO, a PRILO é metabolizada em ORTO-TOLUIDINA, esse metabólito produz METEMOGLOBINEMIA → Ao oxidar o Fe da Hemoglobina o O2 não difunde para os tecidos provocando quadro cianótico conhecido como METEMOGLOBINEMIA T1/2 plasmática = 60-90 min Metabolizada no fígado e nos pulmões Excreção Renal Contra-indicada em pacientes com deficiência de oxigenação - anemia, pac. idosos ou crianças que possuem menos Fe ARTICAÍNA —------------------------------------ - Início de ação: 1-2 min - Potência um pouco superior à lidocaína (1,5x) = atravessa + fácil a bainha - Encontrada na concentração de 4% - Ação vasodilatadora semelhante à lidocaína - LP de 50-70% Extremamente indicada para pacientes adultos, idosos e com disfunções hepáticas justamente por não sobrecarregar o fígado para metabolizar. Sofre metabolização hepática (5-10%) Metabolização plasmática (90-95%) pelas esterases plasmáticas → hidrólise da cadeia lateral de tipo éster em ácido articaínico Excretada pelas fezes (maioria) Excretado pelos rins de forma inalterada (2-5%) Toxicidade semelhante à lidocaína T1/2 plasmática = 30 minutos (promovendo rápida eliminação pelos rins) Na sobredosagem pode causar metemoglobinemia como a Prilocaína. Possui ALTA DIFUSÃO TECIDUAL - por isso é bastante usada na TÉCNICA INFILTRATIVA. A técnica de bloqueio não é indicada devido a casos relacionados com a articaína de Parestesia (concentração de articaína é maior que a dos demais anestésicos no Brasil) → Se a articaína consegue anestesiar mandíbula pela técnica infiltrativa não há necessidade da téc. de bloqueio com risco de parestesia. BUPIVACAÍNA—--------------------------------- - Início de ação: 6-10 minutos (lento) - Potência 4x maior que a Lidocaína - Por isso sua concentração no tubete é de 0,5% - Cardiotoxicidade 4x maior que a LIDO - + Vasodilatadora que a MEPI, LIDO E PRILO - Apesar de seu início de ação ser lento, sua duração de ação é bastante longa No bloq dos nervos alveolar inferiore lingual → causa anestesia pulpar por 4h e em tecido mole por 12h T1/2 plasmática de 3h Metabolizada pelo fígado Excretada pelos rins Ligação protéica em torno de 95% = Motivo da alta potência da bupivacaína → alta difusão pela bainha nervosa Obs: uso para controle da dor operatória tem sido questionado pois é + eficiente que a Lidocaína nas primeiras 4h mas depois de 24h começa a aumentar a intensidade da dor sentida pelo paciente. Não é recomendada para <12 anos - risco de mordedura em lábio pelo tempo longo de anestesia em tecido mole. LIDO 2% ● Altamente vasodilatadora → não indicada sem associação com vasoconstritor MEPI 3% ● Menos vasodilatadora que a Lido → dá para ser usada pura (sem vaso) e usa-se a técnica infiltrativa (20min) e de bloqueio regional (40 min) PRILO 4% ● Causa metemoglobinemia por conta do metabólito Orto-Toluidina → oxida Fe da hemoglobina. Menos vasodilatadora que a Mepi e Lido (mas não é vendida na forma pura) ARTI 4% ● 1,5x mais potente que a LIDO, mesma toxicididade, metabolização plasmática + hepática, menos sobrecarga nos rins e fígado (pac c/ disfunção hepática é indicado). Não é usado na téc de bloqueio regional por risco de parestesia. BUPI 0,5% ● Cardiotóxica, 4x + potente que a LIDO, inicio de ação lento e duração de ação longa (4h pulpar e 12h tecido mole), + vasodilatadora que Mepi, Lido e Prilo. VASOCONSTRITORES—--------------------- Todo AL é vasodilatador = quando agem perto de um tronco nervoso rapidamente vão dilatar os capilares sanguíneos da região e vão ser absorvidos pela corrente circulatória. Malefícios dessa ação vasodilatadora: Duração de ação anestésica mais curta e maior toxicidade sistêmica. AL + VASO: Aumento do tempo de trabalho (anestesia) = Reduz tempo da cirurgia Menor toxicidade sistêmica Maior hemostasia (isquemia no local de injeção por diminuição do calibre dos vasos = reduz perda de sangue) ● O efeito vasoconstritor local é imediato e dura de 30-90 minutos após a injeção CLASSIFICAÇÃO DOS VASOCONSTRITORES a) AMINAS SIMPATOMIMÉTICAS: a.1) Catecolaminas: Epinefrina, Norepinefrina e Corbadrina a.2) Não catecolaminas (sem núcleo catecol): Fenilefrina b) FELIPRESSINA As aminas simpatomiméticas agem sobre os receptores adrenérgicos: alfa 1 e alfa 2, beta 1, beta 2, beta 3. A ação vasoconstritora é realizada pela interação das aminas com os receptores alfa 1 adrenérgicos. 1. EPINEFRINA ___________________ É o agente vasoconstritor mais utilizado ● Pode ser usado em crianças, gestantes, adultos ● Perigoso em pacientes com doenças cardiovasculares isquêmicas → angina do peito e infarto do miocárdio (diminuir a dosagem) ● É metabolizada no sangue, SNC, fígado, rins por MAO e COMT AÇÃO: Após infiltração em maxila e bloqueio em mandíbula - Estimula os receptores alfa1 => promovendo uma vasoconstrição venosa e arteriolar no local de aplicação - Estimula os receptores beta1 do coração ao ser absorvida pela circulação causando aumento da FC e contratilidade. - Promove vasodilatação das artérias coronárias = aumenta o fluxo sanguíneo coronariano - Estimula receptores beta2 promovendo dilatação dos vasos dos músculos esqueléticos (broncodilatação) Indivíduo sadio: 3ug/kg na [ ] de 1:100.000, dose máxima por sessão 0,2mg (200ug) Cardiopatas: Portadores de doenças isquêmicas 0,04 a 0,054 mg (40 a 54 ug) Epinefrina na [ ] de 1:50.000 está em alta concentração no sal anestésico ⇒ promove isquemia forte e imediata e vasodilatação rebote com muita perda de sangue após cirurgia. Epinefrina na [ ] de 1:100.000 é o ideal para produzir bom grau de hemostasia. 2. NOREPINEFRINA _______________ ● Age + em receptores alfa (90%) do que beta 1 ● Possui 25% da potência anestésica da epinefrina = Não possui vantagens em comparação à epinefrina Reações Adversas: - Cefaleia Intensa - Hipertensão arterial transitória - Descamação e Necrose tecidual Justamente por causar mais bloqueio vascular em alfa1 (faz uma vasoconstrição tão localizada que faz o tecido isquêmico necrosar) → interferindo na cicatrização pós operatória. Seu uso tem sido diminuído na odontologia 3. CORBADRINA __________________ Chamada também de Levonordefrina ● Estimulação direta de receptor alfa (75%) e em beta (25%) ● Sem vantagem com relação à epinefrina = Tem 15% da potência vasopressora da epinefrina ⇒ Usada em [ ] de 1:20.000 4. FENILEFRINA___________________ É uma não-catecolamina ● Alfa estimuladora por excelência (95%) estimula pouco ou nada os receptores beta ● Tem 5% da potência da epinefrina e não possui vantagem em comparação à ela - Na concentração de 1:2.500 (alta concentração) ela promove vasoconstrição mais duradoura mas os ef. adv de sobredosagem também são + duradouros (cefaléia na região occipital e aumento da PA) 5. FELIPRESSINA _________________ Análogo sintético da vasopressina ● Age mimetizando-a e se ligando aos receptores V1 da vasopressina presentes no músculo liso das paredes dos vasos sanguíneos. ● Age mais na microcirculação venosa do que na arteriolar Está presente nas soluções que o sal anestésico é a prilocaína. Nos EUA ⇒ Vende-se prilocaína na forma pura ou associadas à epinefrina 1:200.000, pois a felipressina não é vendida lá. ● Não consegue controlar a hemostasia pois age mais na porção venosa ⇒ valor mínimo de controle da hemostasia → maior sangramento nos procedimentos cirúrgicos. Dosagem segura de felipressina para hipertensos é 0,18 UI (unidades internacionais), quantidade contida em 6ml de solução de PRILOCAÍNA 3% com felipressina 0,3 UI (aproximadamente 3 ½ tubetes)
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