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Introdução e Generalidades da Madeira A madeira é um recurso proveniente de árvores, composto por células especializadas que fornecem resistência e suporte estrutural às plantas, sendo um material natural renovável amplamente utilizado na construção, mobiliário e uma variedade de outros fins. Utilidade Pode ser usada para construir obras definitivas como: ● Pontes; ● Residências; ● Passarelas; Obras provisórias, como: ● Ensecadeiras (reter fluxo de água para executar obras, como barragens, por exemplo); Pode ser usada também para material auxiliar de estrutura de concreto, como formas: Até mesmo com acabamento de casas, como rodapés e forros. Geração de energia A madeira pode ser usada para geração de energia, com a queima da madeira como biomassa, onde ela é transformada em calor através da combustão e utilizada para gerar vapor que aciona turbinas de uma usina termelétrica, produzindo eletricidade. 1. Primeiramente, a madeira é coletada e processada para ser utilizada como combustível. Ela pode ser obtida de diferentes fontes, como resíduos de serrarias, podas de árvores, madeira descartada de construções ou até mesmo de florestas manejadas de forma sustentável. 2. Após o processamento, a madeira é queimada em uma caldeira de biomassa, onde ocorre a liberação de calor. Esse calor é utilizado para aquecer a água, transformando-a em vapor de alta pressão. Esse vapor é direcionado para turbinas, que são equipamentos rotativos acionados pelo vapor. 3. À medida que o vapor passa pelas turbinas, ele provoca seu movimento, gerando energia mecânica. Essa energia mecânica é então convertida em eletricidade por meio de geradores acoplados às turbinas. A eletricidade gerada é então direcionada para a rede elétrica, podendo ser utilizada por indústrias, residências, comércios e outras demandas energéticas. Vantagens ● Resistência mecânica competitiva ao concreto, em termos de tração, flexão e compressão. ● Facilidade do manuseio, de modo que um carpinteiro executa simples detalhes em praticamente todo tipo de madeira. ● Bom isolante térmico: O coeficiente de condutibilidade térmica é uma medida da capacidade de um material transmitir calor. Quanto menor o valor do coeficiente de condutibilidade térmica, melhor é o isolamento térmico do material, ou seja, menor será a transferência de calor através dele. De acordo com os valores mencionados na sua apostila, o pinho (um tipo de madeira) apresenta coeficientes de condutibilidade térmica mais baixos do que o concreto e o material cerâmico, indicando que a madeira é um bom isolante térmico em comparação a esses materiais. Na direção paralela às fibras do pinho, o coeficiente de condutibilidade térmica é de 0,17 kcal/m².hora.ºC. Isso significa que, nessa direção, a madeira tem uma capacidade relativamente boa de restringir a transferência de calor. Já na direção normal às fibras do pinho, o coeficiente de condutibilidade térmica é ainda menor, com um valor de 0,09 kcal/m².hora.ºC. Isso indica que, quando o calor se propaga perpendicularmente às fibras da madeira, ela oferece uma resistência ainda maior à transferência de calor. Comparativamente, o concreto possui um coeficiente de condutibilidade térmica de 1,20 kcal/m².hora.ºC, o que indica que é um material menos eficiente no isolamento térmico em comparação ao pinho. Da mesma forma, o material cerâmico apresenta um coeficiente de conductibilidade térmica de 0,70 kcal/m².hora.ºC, indicando que também é menos eficaz como isolante térmico em comparação ao pinho. Portanto, esses valores destacam a vantagem da madeira, especialmente o pinho, como um bom isolante térmico, o que pode ser benéfico em aplicações onde é necessário controlar a transferência de calor, como na construção de paredes, telhados e pisos com propriedades isolantes. ● Menor peso próprio, em comparação ao concreto. ● Absorção acústica e suas propriedades dielétricas. A madeira possui considerável absorção acústica, o que significa que ela tem a capacidade de absorver e reduzir a propagação do som. Isso se deve à sua estrutura porosa, que permite que as ondas sonoras penetrem e se dissipam dentro do material, em vez de serem refletidas de volta ao ambiente. Essa característica torna a madeira um bom material para o controle do ruído, tornando os espaços mais silenciosos e acusticamente confortáveis. Além disso, a madeira é um material seco, o que significa que tem baixa condutividade elétrica. Isso faz com que a madeira seja satisfatoriamente dielétrica, ou seja, possui uma resistência elétrica adequada para isolar e não conduzir eletricidade. Essa propriedade é especialmente relevante em aplicações elétricas e eletrônicas, onde é importante ter um material isolante que evite o fluxo indesejado de corrente elétrica. Essas vantagens da madeira, sua absorção acústica e propriedades dielétricas, tornam-na um material versátil em diversas aplicações. Ela pode ser utilizada em ambientes onde se deseja um bom desempenho acústico, como estúdios de gravação, salas de concertos ou espaços de trabalho que exigem um nível de ruído reduzido. Além disso, a madeira é empregada em diversas indústrias, como a indústria elétrica e eletrônica, para isolamento e proteção de componentes e circuitos elétricos. ● Pode ser trabalhada com ligações simples: A madeira é um material que permite diferentes tipos de ligações simples, como pregos, parafusos, encaixes, cola, entre outros. Essas ligações simples são chamadas assim porque não requerem técnicas complexas ou equipamentos especializados para serem realizadas. Elas são acessíveis e podem ser executadas com ferramentas comuns de marcenaria, como martelo, chave de fenda, cola, serra, entre outras. Essa capacidade de trabalhar a madeira com ligações simples oferece flexibilidade na construção e fabricação de estruturas e objetos. É possível montar e desmontar peças de madeira, fazer ajustes e modificações com relativa facilidade, o que permite maior versatilidade e adaptabilidade durante o processo de criação. Além disso, a capacidade de utilizar ligações simples facilita a manutenção e reparo de estruturas de madeira. Se uma peça estiver danificada ou precisar ser substituída, é possível remover e substituir apenas a peça danificada sem afetar as demais. Portanto, a possibilidade de trabalhar a madeira com ligações simples oferece uma vantagem prática e funcional, tornando-a um material conveniente para construção, marcenaria e outras aplicações onde a montagem e a desmontagem são importantes. ● Consome pouca energia em seu processamento. ● Apresenta reduzido custo de produção. Desvantagens Falta de homogeneidade: A madeira não é um material homogêneo, o que significa que suas propriedades podem variar dentro de uma mesma espécie de árvore ou até mesmo em diferentes partes de uma única peça de madeira. Isso pode afetar sua resistência, durabilidade e outras características. Anisotropia: A anisotropia é uma característica da madeira em que suas propriedades mecânicas e físicas variam de acordo com a direção considerada. Existem três direções principais: radial (do centro para a casca da árvore), tangencial (ao redor do tronco da árvore) e longitudinal (ao longo das fibras da árvore). Essa variação pode influenciar na forma como a madeira se comporta sob diferentes tipos de carga. Variação de propriedades: Dentro de uma mesma espécie de madeira, as propriedades mecânicas e físicas podem variar. Isso ocorre devido a fatores como a idade da árvore, o local de crescimento, o clima e outros aspectos. Essa variação torna importante considerar a seleção cuidadosa do tipo de madeira para garantir que suas propriedades atendam aos requisitos desejados. Possibilidade de defeitos: A madeira está sujeita a diversos tipos de defeitos, como nós, rachaduras, empenamento e apodrecimento. Esses defeitos podem afetar a resistência, a estabilidade e a aparência da madeira, o que pode limitar suas aplicações ou exigir tratamentos adicionais. Higroscopia: Variação das propriedades em decorrênciada variação de umidade dentro das fibras da madeira. Se desprotegida, apresenta durabilidade inferior e limitada, devido ao ataque de agentes deteriorantes, como insetos e fungos. Porém, tratamentos adequados garantem durabilidade superior a 50 anos (o mínimo para obras de engenharia civil). Tipos As madeiras podem ser classificadas em dois tipos: 1. Madeiras duras, dicotiledôneas ou hard woods. 2. Madeiras moles, coníferas ou soft woods. Dentre as dicotiledôneas mais comuns, destaque para a maioria das espécies amazônicas, como eucalipto, aroeira, ipê e jatobá. As coníferas apresentam densidade e resistência mecânica menores em relação às dicotiledôneas. Por isso, são conhecidas como “madeiras moles”. Dentre as espécies de coníferas mais comuns, encontram-se os pinus e o pinho do Paraná. Eucalipto Pinho do Paraná Com o avanço da tecnologia, foram desenvolvidas técnicas para mitigar as características negativas da madeira. Algumas delas são: Processos de secagem controlada: Para contornar as pressões internas causadas pelas mudanças na umidade da madeira, foram desenvolvidos métodos de secagem artificial controlada. Esses processos permitem remover a umidade de forma mais uniforme, reduzindo a possibilidade de deformações, rachaduras e empenamentos, melhorando a estabilidade dimensional da madeira. Tratamento de preservação: A madeira está sujeita ao ataque de predadores naturais, como cupins, vespas e besouros. Para proteger a madeira contra esses agentes, foram desenvolvidas técnicas de tratamento de preservação. Esses tratamentos envolvem a aplicação de produtos químicos que impregnam a madeira, tornando-a resistente a insetos, fungos e outros organismos que podem causar danos. Aglomerados, laminados e compensados: são materiais derivados da madeira que foram desenvolvidos para superar as limitações da madeira maciça, como anisotropia (variação de propriedades em diferentes direções) e heterogeneidade das fibras. ● Aglomerados: Os aglomerados são feitos de partículas de madeira, como cavacos ou serragem, que são unidas por adesivos especiais e prensadas em painéis. Esses painéis são uniformes e possuem propriedades mecânicas e físicas mais consistentes do que a madeira maciça. Eles são utilizados em uma variedade de aplicações, como móveis, portas, pisos e painéis de parede. ● Laminados: Os laminados são formados por finas camadas de folhas de madeira, chamadas lâminas, que são coladas umas sobre as outras com adesivos. Essas camadas são geralmente dispostas perpendicularmente umas às outras, o que aumenta a resistência e a estabilidade do material. Os laminados podem ser usados em pisos, móveis, portas e acabamentos decorativos. ● Compensados: Os compensados consistem em várias camadas de lâminas de madeira sobrepostas e coladas entre si, com as fibras em cada camada dispostas em direções alternadas. Isso confere ao compensado uma alta resistência, rigidez e estabilidade. Os compensados são amplamente utilizados na construção civil, como em paredes estruturais, telhados, pisos e embalagens. Esses materiais derivados da madeira oferecem vantagens em relação à madeira maciça. Eles proporcionam maior uniformidade nas propriedades mecânicas e físicas, reduzindo a variação entre diferentes partes do material. Além disso, a forma como as camadas são dispostas e unidas aumenta a resistência e a estabilidade estrutural. Isso os torna ideais para aplicações onde a consistência e a durabilidade são importantes, permitindo um uso mais eficiente da madeira e reduzindo o desperdício. Fluxorama O fluxograma apresentado na Figura 5 ilustra o processo de produção de diferentes materiais derivados da madeira. Vamos explicar cada item de forma organizada: Madeira roliça: É a madeira em forma de troncos ou toras, obtida a partir do corte de árvores. Ela serve como matéria-prima para os demais itens do fluxograma. Peças estruturais: A partir da madeira roliça, são produzidas peças estruturais, que são utilizadas na construção civil, como vigas, pilares e tábuas. Essas peças têm a finalidade de proporcionar suporte e estabilidade em diferentes estruturas. Chapas de madeira compensada (lâminas): Parte da madeira roliça é aproveitada para produzir chapas de madeira compensada, também conhecidas como lâminas. Essas chapas são formadas por camadas de lâminas de madeira sobrepostas e coladas entre si, com as fibras em direções alternadas. A madeira compensada é utilizada em diversos setores, como na construção civil, marcenaria, fabricação de móveis e embalagens. Chapas de madeira aglomerada (aparas): A madeira residual resultante do processo de produção das lâminas é aproveitada para produzir chapas de madeira aglomerada. Nesse processo, as aparas de madeira são unidas com adesivos especiais e prensadas, formando uma chapa compacta. As chapas de madeira aglomerada têm uma variedade de aplicações, incluindo móveis, portas, pisos e painéis de parede. Chapas de madeira reconstituída: Além das chapas de madeira aglomerada, a madeira residual também pode ser utilizada para produzir chapas de madeira reconstituída. Esse processo envolve a fragmentação da madeira em fibras, que são aglutinadas com adesivos e prensadas para formar chapas. Essas chapas são utilizadas principalmente na fabricação de móveis e em outros produtos de madeira. Subprodutos: Os subprodutos resultantes dos processos de produção, como resíduos de madeira, são aproveitados para diferentes fins. A partir desses subprodutos, é possível obter diversos compostos químicos, como lignina, taninos, resinas, açúcares e álcoois. ● Lignina: É um polímero natural presente na madeira que pode ser extraído e utilizado em diversas aplicações, como na indústria de adesivos, tintas, fertilizantes e produtos químicos. ● Taninos: São compostos naturais encontrados na madeira que podem ser utilizados para diversas finalidades, como na produção de produtos farmacológicos, curtumes e corantes. ● Resíduos: Os resíduos de madeira podem ser aproveitados como biomassa para geração de energia, tanto na forma de calor quanto de eletricidade, contribuindo para a produção de energia renovável. ● Celulose: A partir dos subprodutos da madeira, como resíduos e fibras, é possível obter celulose, que é utilizada como matéria-prima na produção de papel, rayon (um tipo de tecido) e outros compostos químicos. Energia para produção de peças 1 tonelada Energia (10³ Kcal) Aço 3000 Concreto 780 Madeira 2,4 Conforme o Quadro 1, o aço consome 1250 vezes a quantidade de energia gasta pela madeira, enquanto o concreto consome 325 vezes mais energia que a madeira. Tais comparações evidenciam que a madeira, além de competir com o concreto no quesito resistência – Equações (1) e (2) –, consome bem menos energia, o que evidencia as suas vantagens em relação aos materiais mais utilizados atualmente na construção civil. Madeira Natural Estrutura da madeira natural: ● A madeira natural possui diferentes tipos de células, cada uma com uma função específica, como armazenamento de nutrientes e condução de seiva. ● A estrutura celular da madeira varia amplamente devido a fatores como solo, clima e espécies vegetais presentes na região. Comportamento da madeira natural: ● A umidade afeta diretamente as propriedades da madeira, causando retração ou inchaço. ● A madeira natural se comporta de maneira diferente nas três direções da sua estrutura: radial, tangencial e longitudinal, o que é conhecido como anisotropia. ● Essas mudanças dependem de fatores como densidade, umidade, parte da árvore e temperatura. Características da madeira: ● A madeira de árvores mais antigas é geralmente mais resistente à flexão e compressão, apresentando maior densidade e estabilidade. Tipos de madeira: ● Existem dois tipos principais: madeira nativa na natureza e madeira reflorestada plantada pelo homem. ● No Brasil, ocorre extração predatória de madeira sem autorização adequada. Para mitigar isso, foi criada a Exploração de Impacto Reduzido (EIR) visando conservar a flora ereduzir o impacto ambiental. Reflorestamento no Brasil: ● O Brasil possui uma vasta biodiversidade, o que resulta em uma grande quantidade de áreas reflorestadas, especialmente com coníferas como o pinus. ● A extensão do território brasileiro, com diferentes climas e solos, contribui para essa variedade de reflorestamento. Características e Propriedades da Madeira Características físicas ● Resistência ao fogo: Quando a madeira é exposta ao fogo, a alta temperatura causa a decomposição térmica dos seus componentes orgânicos. Esse processo é conhecido como pirólise. Durante a pirólise, ocorre a liberação de gases inflamáveis e a formação de uma camada de carvão na superfície da madeira. Essa camada de carvão é chamada de carbonização superficial. Ela atua como uma barreira física e química que protege as camadas internas da madeira contra o avanço do fogo. O carvão é composto principalmente de carbono e tem uma baixa taxa de combustão em comparação com a madeira não carbonizada. A carbonização superficial retarda a propagação do fogo para o interior da madeira, pois a camada de carvão impede o acesso direto do oxigênio necessário para a combustão. Além disso, o carvão é um isolante térmico, o que significa que ele retarda a transferência de calor para as camadas internas da madeira. Isso contribui para manter a temperatura mais baixa no interior da madeira e diminuir a intensidade da queima. É importante ressaltar que a carbonização superficial não torna a madeira completamente resistente ao fogo, especialmente em exposições prolongadas a altas temperaturas. Com o tempo, a camada de carvão pode se deteriorar e permitir que o fogo se propague para as camadas internas da madeira. Portanto, a resistência ao fogo da madeira é relativa e depende de vários fatores, como a espessura da peça de madeira, a taxa de aquecimento, a umidade e outros tratamentos de proteção contra o fogo aplicados. ● Condutibilidade térmica, elétrica e fônica. ● Apresenta água em seu interior, sendo: ○ Constituição: Natural da madeira; ○ Impregnação: Infiltrada. ● Retratibilidade: A retratibilidade é uma característica da madeira que se refere à sua tendência de sofrer alterações dimensionais quando exposta a variações na umidade. Existem duas formas de avaliar a retratibilidade da madeira: Retratibilidade volumétrica: Nesse caso, são observados 20 corpos de prova da madeira com o objetivo de verificar as alterações no volume das toras de madeira. Isso significa que as mudanças no tamanho das peças de madeira como um todo são avaliadas, levando em consideração o seu volume total. Retratibilidade linear: Aqui, a avaliação é focada na perda de comprimento das toras de madeira. Isso significa que a diminuição no tamanho da madeira é avaliada em termos de comprimento. Essa perda de comprimento ocorre principalmente quando a madeira seca, uma vez que a redução da umidade causa a contração das fibras. Essas avaliações são importantes para compreender o comportamento da madeira em relação às variações na umidade e auxiliam no planejamento e dimensionamento de estruturas de madeira. É essencial levar em consideração a retratibilidade da madeira durante a fase de projeto, a fim de evitar problemas como rachaduras, deformações excessivas ou falhas estruturais devido às alterações dimensionais da madeira. Vale ressaltar que a retratibilidade da madeira varia entre as espécies, sendo algumas mais propensas a sofrer alterações dimensionais do que outras. Além disso, fatores como a umidade relativa do ambiente, a temperatura e a presença de tratamentos de secagem ou preservação também podem influenciar a retratibilidade da madeira. ● Não é um bom isolante acústico, comparado a outros materiais. ● A madeira resiste a altas temperaturas, apesar de entrar lentamente em combustão. No entanto, não perde resistência mecânica em temperaturas elevadas. O aço perde a resistência mecânica em temperaturas elevadas, mesmo não sendo inflamável. Resistência Mecânica Propriedades elásticas: Essas propriedades estão relacionadas à capacidade da madeira de se deformar e retornar à sua forma original quando submetida a forças externas. As propriedades elásticas mais comuns são: ● Módulo de Elasticidade Longitudinal (E): É a medida da rigidez da madeira ao longo das fibras (as forças longitudinais atuam ao longo das fibras da madeira, seguindo a direção do crescimento das células). Indica a capacidade da madeira de resistir à deformação sob tensão. ● Módulo de Elasticidade Transversal (G): Refere-se à rigidez da madeira em relação às fibras (nessa direção, a madeira apresenta uma resistência mecânica inferior em comparação com a direção longitudinal). É utilizado para calcular a deformação da madeira quando submetida a forças transversais (perpendiculares às fibras). ● Coeficiente de Poisson: Descreve a relação entre a deformação lateral e a deformação longitudinal da madeira. Indica a capacidade da madeira de expandir ou contrair em resposta a uma carga aplicada. Propriedades de resistência: Essas propriedades estão relacionadas à capacidade da madeira de resistir a forças e deformações sem sofrer falhas estruturais. As principais propriedades de resistência são: ● Resistência à compressão: Refere-se à capacidade da madeira de resistir à compressão. Pode ser avaliada nas direções normal, paralela ou inclinada às fibras. ● Resistência à tração: Avalia a capacidade da madeira de resistir à tração. Geralmente, a madeira apresenta maior resistência à tração paralela às fibras do que à tração normal às fibras. ● Resistência ao cisalhamento: Refere-se à capacidade da madeira de resistir ao deslizamento interno entre as camadas de fibras. É calculada nas direções vertical, horizontal e perpendicular às fibras. ● Resistência à flexão: Avalia a capacidade da madeira de resistir à flexão. É um importante parâmetro para dimensionar elementos estruturais de madeira, como vigas e pilares. ● Resistência à torção: Refere-se à capacidade da madeira de resistir à torção, ou seja, à aplicação de uma força que tende a girar a peça em torno do seu eixo longitudinal. ● Resistência ao choque: Avalia a capacidade da madeira de resistir a impactos repentinos e carga dinâmica. Umidade A umidade da madeira pode ser determinada com base no anexo B da NBR 7190. A madeira removida da natureza apresenta água livre (aplicando secagem, ela é de fácil remoção, pois está presente nas cavidades das células) e água impregnada (de difícil remoção, pois está presente nas paredes celulares), além de madeira sólida. A NBR 7190 define, para fins de cálculos estruturais e ensaios, a umidade como teor de referência. Este valor gira em torno de 12%. Densidade A densidade básica e a densidade aparente são medidas relacionadas à massa e ao volume da madeira. Elas são utilizadas para caracterizar a densidade e a qualidade da madeira. A densidade básica é calculada dividindo-se a massa seca da madeira pelo volume saturado. A massa seca é obtida através da remoção de toda a umidade da madeira, geralmente por meio de um processo de secagem em estufa. O volume saturado refere-se ao volume ocupado pela madeira quando totalmente saturada de água. Essa medida é importante, pois a madeira pode conter umidade em sua estrutura, o que afeta sua densidade. A densidade básica é expressa em unidades de massa por unidade de volume, como quilogramas por metro cúbico (kg/m³). Já a densidade aparente é calculada dividindo-se a massa da madeira com uma determinada umidade (geralmente 12%) pelo volume saturado. A massa da madeira a 12% de umidade é uma medida comumente utilizada para representar a umidade "normal" da madeira em condições de uso. A densidade aparente também é expressa em unidades de massa por unidade de volume, como quilogramas por metro cúbico (kg/m³). A diferença entre a densidade básica e a densidade aparente está no teor de umidade considerado. A densidade básica leva em conta o volume saturado da madeira, enquanto a densidade aparente considera o volumesaturado em relação a um teor de umidade específico (geralmente 12%). Portanto, a densidade aparente reflete a densidade da madeira em um estado de umidade mais próximo das condições de uso comuns. Ambas as medidas são importantes para avaliar a qualidade da madeira, uma vez que a densidade está relacionada a várias propriedades mecânicas, como resistência e rigidez. Madeiras com maior densidade tendem a ser mais resistentes e apresentar melhor desempenho estrutural. No entanto, é importante considerar que diferentes espécies de madeira podem ter densidades básicas e aparentes distintas, e essas medidas podem variar ao longo da árvore, dependendo da região do tronco considerada. Retratabilidade Com a saída da água impregnada na madeira, pode haver redução em suas dimensões. Tal propriedade é conhecida como retratibilidade. Dependendo da direção analisada no tecido fibroso da madeira, os valores podem ser diferentes. A Figura 10 apresenta a retração de um tecido lenhoso com a saída da água. Resistência Química A madeira, na maioria das espécies, é amplamente aplicada em ambientes agressivos quimicamente, por conta de sua resistência a ácidos, sais, bases e substâncias químicas inorgânicas em consideráveis concentrações na água e/ou solo. Principais defeitos da madeira Qualquer anomalia que afete a integridade e o desempenho é considerada um defeito. Portanto, é importante determinar todos os defeitos, com o intuito de classificar as peças de madeira quanto ao seu uso tecnológico e comercial. Os defeitos podem ser subdivididos em quatro grupos: ● Alteração: defeitos provocados por insetos, fungos, entre outros agentes deteriorantes (ver Figura 13). Tais alterações podem reduzir significativamente a seção resistente nas peças de madeira, o que pode comprometer as suas propriedades da mesma, levando à ruína e ao descarte do material. ● Secagem: defeitos acontecem se secagem for mal realizada, tanto artificial quanto naturalmente, com retratibilidade na madeira (quando perde umidade). Podem ser: Rachaduras: aberturas radiais no topo das peças, com extensão significativa (ver Figura 14). Fendilhado: aberturas pequenas nas peças. Fendas: aberturas radiais no topo das peças, porém com menor tamanho. Curvatura: encurvamento no sentido do comprimento das peças. Abaulamento: encurvamento (empenamento) na direção da largura da peça (ver Figura 15). Curvatura lateral: empenamento lateral das peças. ● Crescimento: alteração nas fibras da madeira e também em seu crescimento, como fibras torcidas, nos, desvios de veio e ventos (estes são percebidos quando há separações descontínuas entre anéis de crescimento ou fibras, sendo provocados por ações dinâmicas, como o vento). ● Produção: aparelhamento e desdobro da madeira. Tais efeitos podem ocorrer na derrubada e no abate de árvores, além de fibras cortadas e serragem das peças. Assim como outros defeitos, eles podem levar à ruína do material, com consequente descarte. Classificação das Madeiras Classificamos a madeira de acordo com a resistência mecânica. Através dela, é possível fixar coeficientes de segurança para realizar cálculos de tensões admissíveis, obtidas com o rompimento dos corpos de prova. As classificações são realizadas através de normas técnicas brasileiras, alemãs e norte-americanas. ● NBR 7190 ● Decreto n. 30.825, de 21 de dezembro de 1951 ● DIN 4074/39 (norma alemã) ● Guide to the Grading of Structural Timbers from US Department of Agriculture (norma americana) Madeiras Bruta ou Roliça: Quando retirada da casca em seu estado natural Madeira Serrada: A madeira serrada é um tipo de madeira que passa pelo processo de corte ou serragem das toras de madeira em tábuas, pranchas ou outros perfis de seção retangular. Esse processo de serragem pode ser realizado manualmente ou por meio de serras mecânicas em serrarias. A madeira serrada é um produto bruto, obtido diretamente da tora de madeira, e geralmente não passa por um processo extensivo de transformação industrial, como é o caso da madeira compensada, laminada ou tratada. Ela preserva a estrutura e as características naturais da madeira, como os anéis de crescimento, veios e nós. A principal finalidade da madeira serrada é fornecer materiais para uso em construção, carpintaria, marcenaria e outros setores que demandam produtos de madeira em sua forma bruta. As tábuas e pranchas de madeira serrada são utilizadas na fabricação de móveis, estruturas de edificações, revestimentos, molduras, entre outros. Madeiras transformadas: Passam por processo de beneficiamento, rearranjando o tecido fibroso, buscando aumentar a resistência mecânica e durabilidade. Tipos de Madeiras transformadas Madeira Compensada: Nesse tipo de madeira, as lâminas (chapas de madeira) são colocadas uma sobre as outras de modo com que as fibras fiquem perpendiculares uma as outras. Existem compensados de três ou mais lâminas. As chapas são finas e sobrepostas, com o tecido fibroso orientado e alternado, sendo prensadas e coladas em elevada temperatura e pressão. Madeira Laminada: Consiste em lâminas com o tecido fibroso disposto paralelamente, sendo sobrepostas e coladas entre si, apresentando espessura média (em torno de 3 cm) e sendo comercializada em seções retangulares. Madeira Aglomerada: É criada sob diferentes pressões. Ela apresenta menores fragmentos em sua constituição, podendo conter resinas ou cimentos minerais em sua composição. É importante salientar que a madeira aglomerada não apresenta fins estruturais. Madeira Recomposta/Reconstituída: Não apresenta fibras dispostas com orientação. Esse composto de fibras dispersas e aleatórias é feito sob pressão, com auxílio de resinas capazes de aglomerá-las. As melhorias mais evidentes das madeiras transformadas, são: 1. Certa isotropia e homogeneidade do material. 2. Aumento de massa específica e retratibilidade, bem como resistência mecânica quanto a fendilhamento, cisalhamento, entre outros aspectos. 3. Aproveitamento de todo material lenhoso, viabilizando a madeira economicamente. 4. Liberdade para fabricar peças de variadas dimensões. 5. Pequenos fragmentos ou lâminas pouco espessas são mais fáceis de secar, facilitando ainda a aplicação de tratamentos preservativos. Aglomerados e colas Geralmente as ligações entre as peças de madeira ocorrem com a utilização de pregos, conectores, parafusos, entre outros meios capazes de transferir os esforços entre as peças de madeira. Porém, quando penetram no tecido lenhoso, eles reduzem a seção resistente da madeira; se forem aplicados em excesso, podem inviabilizar o uso das peças. Em escassez, também é prejudicial, por não transmitir os esforços, aumentando as tensões entre as peças e podendo levar a estrutura a colapsar. Assim, aglomerantes e colas surgem como solução, devendo: (1) ser resistentes aos esforços, principalmente ao cisalhamento; e (2) apresentar alta durabilidade em relação à madeira. Em meados da década de 1930, foram desenvolvidos aglomerantes mais resistentes, como as resinas sintéticas termo endurecedoras. Elas são muito utilizadas na construção civil. Servem ainda para garantir a ligação entre os variados tipos de madeira transformada. As colas podem ser de origem artificial ou natural. As de origem natural são criadas com base em proteínas vegetais ou animais, sendo resistentes mecanicamente e ao mesmo tempo fracas quanto à durabilidade (em relação à temperatura e umidade). Em contrapartida, as colas sintéticas apresentam boa resistência mecânica e elevada durabilidade em relação a micro-organismos, temperatura e umidade. Resistência Mecânica: Compensada x Laminada Quando as fibras da madeira estão dispostas paralelamente, como na madeira laminada, ela possui uma maior resistência mecânica devido a dois principais fatores: Resistência à tração: As fibras da madeira têm uma maior resistência à tração ao longo do seu comprimento. Quando as fibras estão dispostas paralelamente, a carga aplicada é distribuída ao longo de várias fibras, permitindo uma maior capacidadede suportar forças de tração. Isso torna a madeira laminada mais resistente a deformações e rupturas sob tensão. Distribuição uniforme de tensões: A disposição paralela das fibras permite uma distribuição mais uniforme das tensões aplicadas na madeira. Quando a carga é aplicada em uma direção específica, a resistência é melhor distribuída entre as fibras, evitando pontos de concentração de tensão. Isso resulta em uma maior capacidade de carga e resistência geral da madeira laminada. Por outro lado, quando as fibras estão dispostas perpendicularmente, como na madeira compensada, a resistência mecânica é menor. Nesse caso, a madeira compensada é mais adequada para aplicações que requerem estabilidade dimensional e resistência à delaminação, mas não necessariamente uma alta resistência mecânica em termos de carga ou forças de tração. Então, se eu quero construir um pilar de madeira pra um prédio, eu utilizo um pilar de laminado ao invés de compensado, correto? Sim, para a construção de um pilar de madeira em um prédio, seria mais adequado utilizar um pilar de madeira laminada em vez de compensado. A madeira laminada oferece maior resistência mecânica e capacidade de suportar cargas elevadas devido à disposição paralela das fibras. Ela é composta por lâminas de madeira com as fibras alinhadas na mesma direção, o que proporciona uma maior capacidade estrutural. Essa configuração permite que o pilar de madeira laminada tenha uma excelente capacidade de carga e resistência, sendo capaz de suportar as exigências estruturais de um prédio. Resumo 1 - Tabela com características: Tipo de Madeira Característica Bruta ou Roliça Preserva as características naturais da madeira. Madeira Serrada Utilizada em construção, carpintaria e marcenaria. Madeira Compensada Boa estabilidade dimensional, versatilidade de uso. Madeira Laminada Alta resistência mecânica, estruturas de carga. Madeira Aglomerada Baixo custo, não possui fins estruturais. Madeira Recomposta/Recons tituída Versatilidade, processos de fabricação variados. 2 - Tabela com aplicações: Tipo de Madeira Aplicações Bruta ou Roliça Artesanato, móveis rústicos, decoração. Madeira Serrada Construção civil, estruturas, móveis, revestimentos. Madeira Compensada Móveis, revestimentos, construção leve. Madeira Laminada Pilares, vigas, estruturas de edificações. Madeira Aglomerada Painéis, móveis, divisórias. Madeira Recomposta/Recons tituída Móveis, peças estruturais, objetos diversos. 3 - Tabela com Condutividade, Retratabilidade e Módulo de Elasticidade Tipo de Madeira Eletri cidad e Tér mic a Fô nic a Retrata bilidad e Trans versa l Longit udinal Bruta ou Roliça Baixa Bai xa Bai xa Alta Alto Alto Madeira Serrada Baixa Bai xa Bai xa Alta Alto Alto Madeira Compensa da Baixa Bai xa Bai xa Baixa Médio Alto Madeira Laminada Baixa Bai xa Bai xa Baixa Baixo Alto Madeira Aglomerad a Baixa Bai xa Bai xa Baixa Médio Médio Madeira Recompos ta Baixa Bai xa Bai xa Baixa Médio Médio 3 - Tabela com Resistência Mecânica Tipo de Madeira Compr essão Traç ão Cisal hame nto Fle xão Tor ção Choqu e Bruta ou Roliça Baixa Baix a Baixa Bai xa Bai xa Alta Madeira Serrada Baixa Baix a Baixa Bai xa Bai xa Alta Madeira Compensad a Média Méd ia Médi a Alta Bai xa Média Madeira Laminada Alta Alta Alta Alta Mé dia Alta Madeira Aglomerada Baixa Baix a Baixa Bai xa Bai xa Média Madeira Recompost a Baixa Baix a Baixa Bai xa Bai xa Média Coeficientes de Segurança Quando queremos construir algo usando madeira, precisamos ter certeza de que ela é forte o suficiente para suportar as cargas e não quebrar. Para garantir isso, fazemos testes na madeira para ver quanta pressão ela aguenta antes de se romper. Mas a madeira não é sempre igual. Algumas peças podem ter defeitos ou serem um pouco mais fracas do que outras. Além disso, também existem fatores que podem mudar a resistência da madeira, como o tempo ou a umidade. Então, para nos certificarmos de que estamos usando a madeira de maneira segura, usamos algo chamado "coeficiente de segurança". Ele é como uma margem de segurança extra. Imagine que você tem uma mochila e quer ter certeza de que ela não vai rasgar. Você pode reforçar a mochila com costuras extras para ficar mais forte. O coeficiente de segurança faz a mesma coisa: ele aumenta a força que aplicamos na madeira nos testes, para ter certeza de que ela vai aguentar as cargas de verdade quando usarmos em uma construção. Assim, os coeficientes de segurança ajudam a garantir que a madeira seja forte o suficiente para suportar o peso de um prédio, por exemplo. Eles levam em conta possíveis problemas e incertezas na madeira, como defeitos ou variações. Dessa forma, conseguimos projetar e construir com mais segurança, sabendo que a madeira vai aguentar bem as cargas que serão colocadas sobre ela. ● Norma Brasileira para o cálculo e a execução de estruturas de madeira (NBR 7190) - não se aplica para madeira compensada ou laminada Exemplo de aplicação do coeficiente: “Imagine que um engenheiro está projetando a estrutura de um prédio de madeira. Ele precisa garantir que a estrutura seja segura e capaz de suportar as cargas, como o peso das paredes, pisos, móveis e pessoas. Primeiro, o engenheiro realiza testes em amostras de madeira para determinar sua resistência. Digamos que os testes mostrem que a madeira tem uma resistência de 100 unidades. Em seguida, o engenheiro aplica um coeficiente de segurança para aumentar a resistência exigida da madeira. Digamos que ele escolha um coeficiente de segurança de 1,5. Isso significa que ele quer que a madeira seja capaz de suportar 1,5 vezes a carga máxima esperada. Agora, o engenheiro calcula a carga máxima que a estrutura do prédio irá exercer sobre a madeira. Digamos que ele determine que a carga máxima é de 80 unidades. Para garantir que a madeira seja capaz de suportar essa carga, considerando o coeficiente de segurança de 1,5, o engenheiro multiplica a carga máxima pelo coeficiente de segurança: 80 unidades x 1,5 = 120 unidades. Portanto, o engenheiro projeta a estrutura do prédio para que a madeira utilizada tenha uma resistência de pelo menos 120 unidades, levando em conta o coeficiente de segurança. Essa margem de segurança extra proporcionada pelo coeficiente de segurança ajuda a garantir que a estrutura do prédio seja segura e capaz de suportar as cargas reais, levando em consideração fatores como incertezas, variações na qualidade da madeira e possíveis defeitos. É importante ressaltar que o exemplo dado é simplificado e que, na prática, os engenheiros levam em conta uma série de outros fatores e normas de segurança ao projetar uma estrutura de um prédio real.” Os coeficientes de redução são utilizados para ajustar os resultados dos ensaios estruturais e garantir uma margem de segurança adequada nos projetos de construção. Esses coeficientes levam em consideração diferentes fatores que podem influenciar a resistência e o comportamento da madeira. Vamos explicar cada um deles: ● Duração das cargas: A madeira pode ter uma resistência inicial maior quando submetida a cargas aplicadas por curtos períodos de tempo. No entanto, quando a carga é mantida por um longo período, pode ocorrer um processo de deformação gradual, levando a uma redução na resistência ao longo do tempo. O coeficiente de redução leva em conta essa redução da resistência com a duração da carga. ● Perda da resistência ocasionada por defeitos: A presença de defeitos, como nós, rachaduras, inclinação das fibras, entre outros, pode diminuir a resistência da madeira. O coeficiente de redução considera a redução da resistência causada por esses defeitos estruturais. ● Possibilidade de sobrecargas: Em algumas situações, podem ocorrer sobrecargas acidentais ou imprevistas na estrutura de madeira, que estão além das cargas de projeto. O coeficiente de redução leva em consideração essa possibilidade de ocorrência de sobrecargas e reduz a resistência da madeira para garantir a segurançanessas condições. ● Variabilidade dos resultados: Os resultados dos ensaios estruturais podem variar devido a diversas influências, como diferenças nas propriedades da madeira, nas condições de ensaio e nas técnicas de medição. O coeficiente de redução leva em conta essa variabilidade para garantir uma margem de segurança adicional. Quanto aos ensaios realizados para determinar as tensões admissíveis, destacam-se: ● Flambagem em peças médias e extensas: A flambagem ocorre quando uma peça de madeira comprimida em seu comprimento começa a se deformar lateralmente. Esse ensaio é realizado para determinar a resistência da madeira à flambagem. ● Compressão axial de peças curtas: Esse ensaio mede a resistência da madeira quando é submetida a uma carga de compressão aplicada em seu eixo longitudinal. ● Cisalhamento: O ensaio de cisalhamento avalia a resistência da madeira quando é submetida a forças que tendem a cortar as fibras perpendicularmente à sua direção. ● Flexão estática: Nesse ensaio, a madeira é submetida a uma carga que a faz curvar, medindo sua resistência à flexão. Existem outros ensaios que também são realizados para determinar os coeficientes de segurança e as tensões admissíveis da madeira, mas esses são alguns exemplos dos ensaios mais comuns na construção civil. Essas informações são importantes para garantir a segurança e a confiabilidade das estruturas de madeira utilizadas em diversas aplicações. Os coeficientes de segurança e as tensões admissíveis podem ser determinados por meio de ensaios de qualificação conforme o MB-26 (Norma Brasileira de Madeira Laminada Colada - NBR 6230) e também a partir da densidade das madeiras. Vamos explicar esses ensaios em detalhes: Ensaios de qualificação conforme o MB-26 (NBR 6230): ● Flambagem: Avalia a resistência da madeira quando submetida à carga de compressão em seu eixo longitudinal, considerando seu comprimento e geometria. ● Flexão e tração simples: Mede a resistência da madeira quando submetida a cargas que a fazem curvar (flexão) ou alongar (tração) em sua direção longitudinal. ● Compressão axial de peças curtas: Avalia a resistência da madeira quando comprimida em seu eixo longitudinal, considerando peças com comprimento relativamente curto. ● Compressão inclinada quanto às fibras: Mede a resistência da madeira quando comprimida em uma direção inclinada em relação à direção das fibras. ● Compressão normal às fibras: Avalia a resistência da madeira quando submetida à carga de compressão perpendicular às fibras. ● Reduções decorrentes da umidade: Considera os efeitos da variação da umidade na resistência da madeira, pois a umidade pode alterar suas propriedades mecânicas. ● Cisalhamento: Avalia a resistência da madeira quando submetida a forças que tendem a cortar as fibras longitudinalmente em vigas e paralelamente às fibras nas ligações. Ensaios a partir da densidade das madeiras: ● Cisalhamento: Mede a resistência da madeira ao cisalhamento, considerando as forças que cortam as fibras paralelamente às fibras nas ligações e em vigas, e longitudinalmente no sentido das fibras. ● Compressão paralela às fibras: Avalia a resistência da madeira quando submetida à carga de compressão aplicada em sua direção longitudinal. ● Módulo de elasticidade: Mede a rigidez da madeira, ou seja, sua capacidade de resistir a deformações elásticas quando submetida a forças. ● Tração axial e flexão estática: Avalia a resistência da madeira quando submetida a cargas de tração e flexão em sua direção longitudinal. Esses ensaios são realizados para determinar as propriedades mecânicas da madeira e estabelecer os coeficientes de segurança e as tensões admissíveis utilizadas nos cálculos estruturais. Com base nesses resultados, é possível projetar e construir estruturas de madeira com a segurança necessária, levando em consideração as características específicas de cada tipo de madeira e seus usos na construção civil. Beneficiamento das Madeiras O beneficiamento da madeira é um processo que visa melhorar suas características negativas. Algumas dessas características incluem mudanças na umidade, que podem causar tensões internas, deterioração em ambientes propícios à proliferação de insetos e fungos, anisotropia (propriedades variáveis em diferentes direções) e heterogeneidade (variações nas dimensões das peças naturais). Existem diferentes tipos de beneficiamento da madeira. Entre eles, destacam-se: 1. Secagem: É importante reduzir a umidade da madeira ao mínimo possível. A secagem pode ser realizada de forma natural, em pátios de madeira, ou de forma artificial, em estufas. A secagem adequada reduz o peso das peças, torna a madeira mais estável, aumenta sua resistência e diminui a proliferação de fungos. 2. Tratamento (preservação): Para proteger a madeira contra insetos, fungos e outros agentes deteriorantes, pode-se realizar um tratamento prévio, que consiste em impregnar a madeira com produtos preservativos. Esses produtos ajudam a prolongar a durabilidade da madeira e podem ser aplicados sob pressão reduzida, pressão elevada ou superficialmente. 3. Transformação da estrutura fibrosa: Em alguns casos, a madeira passa por processos de transformação para produzir peças de dimensões maiores, como a colagem de peças menores para formar uma peça grande. É importante levar em consideração o comportamento anisotrópico da madeira, ou seja, suas propriedades variam ao longo da tora de madeira. Por isso, é necessário avaliar as características e propriedades da madeira antes de realizá-la. Além disso, o controle tecnológico da preservação da madeira é realizado por meio de ensaios laboratoriais e campos de prova. Esses testes permitem observar a durabilidade e a resistência da madeira em relação a agentes deteriorantes e comparar os resultados com as normas específicas para cada espécie de madeira e seu uso na construção civil. Por que quando diminuímos a água da madeira, ela aumenta a resistência mecânica? Quimicamente falando, a água presente na madeira ocupa espaços entre as células e interfere nas ligações intermoleculares da estrutura da madeira. Essas ligações são importantes para a resistência mecânica da madeira. Quando a água é removida, ocorre uma reorganização das moléculas da madeira, resultando em ligações mais fortes entre elas. Além disso, a presença de água pode facilitar a degradação da madeira por organismos como fungos e insetos. A remoção da água reduz as condições favoráveis para o crescimento desses organismos, melhorando a durabilidade e a resistência da madeira. Em resumo, a remoção da água da madeira fortalece as ligações entre as moléculas, aumentando sua resistência mecânica e reduzindo a suscetibilidade à deterioração biológica.