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ANÁLISE DE VIABILIDADE
ECONÔMICO-FINANCEIRA
AULA 1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prof. Almir Cléydison Joaquim da Silva
CONVERSA INICIAL
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE PROJETOS
Em alguma dimensão, todos nós já ouvimos relatos sobre dificuldades enfrentadas por algumas
empresas ou por empreendedores, assim como alguns relatos de sucesso quanto à participação no
mercado. Qual a diferença entre eles? Por que alguns empreendimentos fracassam? Por que outros
têm sucesso?
Nesta aula, concentraremos nossas discussões nos elementos introdutórios aos estudos de
projetos, apresentando as principais definições que darão subsídios para a avaliação acerca da
viabilidade (ou não) de empreendimentos. Para tanto, os esforços de aprendizagem se voltarão para
as seguintes discussões:
1. Por que empreendimentos fracassam?
2. Aspectos conceituais de projetos.
3. Características de projetos.
4. Classificações usuais de projetos.
5. Etapas do ciclo de vida de projetos.
CONTEXTUALIZANDO
O avanço da integração econômica e financeira, especificamente com o processo de
globalização, tem implicado a existência de mercados cada vez mais competitivos. Somada a essa
dinâmica concorrencial, a aceleração das transformações tecnológicas tem provocado constantes
mudanças no mercado. Tais mudanças ocorrem “[...] nos produtos, nos processos produtivos, nas
fontes de matérias-primas, nas formas de organização produtiva, ou nos próprios mercados, inclusive
em termos geográficos” (Possas, 2002, p. 246). Essa economia cada vez mais dinâmica e competitiva
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tanto requer mudanças de comportamento na gestão empresarial quanto aponta para a necessidade
de se avaliar as decisões de investimento antes de abrir um negócio ou de executar um projeto ou
obra específica.
A ausência de planejamento prévio ao início das atividades de um negócio configura-se como
um dos aspectos determinantes para o fracasso de um negócio. Mas você sabe quais outros aspectos
contribuem para esse fracasso? E, ainda, quais as características, classificações e etapas de um
projeto? Ao longo desta aula, iremos avançar na discussão desses e de outros elementos contextuais
e introdutórios aos estudos de viabilidade econômico-financeira de projetos.
TEMA 1 – POR QUE EMPREENDIMENTOS FRACASSAM?
Crédito: Fizkes/Shutterstock.
Compreender as razões e as dimensões do fracasso e da mortalidade de empreendimentos é,
certamente, um bom meio para se destacar a importância da realização de estudos de análise de
viabilidade econômico-financeira de projetos e, consequentemente, a tomada de decisão de
alocação ou não de recursos em um negócio. Inicialmente, cabe estabelecer as distinções existentes
entre fracasso e mortalidade de empresas. Trata-se de uma discussão relevante e que nos auxilia na
compreensão das causas e dos elementos que levam a situações de incapacidade gerencial ou de
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concepção analítica da situação da empresa e de seu consequente encerramento. Muitas vezes, os
estudos que analisam essas questões consideram e apresentam uma concepção de que ambas são
situações que partem da mesma natureza e, consequentemente, são análogas, em certo aspecto. Isso
decorre tanto da ausência de notificações de registros sobre as causas da extinção de empresas
quanto de fragilidades de algumas pesquisas empíricas (Machado; Espinha, 2005).
Mas você sabe qual é a diferença entre mortalidade e fracasso empresarial? De modo geral, a
mortalidade de empresas é reflexo da tomada de decisão voluntária, ou seja, quando o
empreendedor resolve abandonar ou encerrar os negócios em decorrência de deliberações como:
não fazer mais investimentos; realizar a venda da marca de um produto para concorrentes; ter
necessidade de capital para mudar ou iniciar outro negócio; estar com problemas de saúde; querer se
aposentar; não ter sucessores; ou, ainda, querer se tornar um empregado de outro negócio
(Machado; Espinha, 2005).
Por outro lado, o fracasso envolve situações de decisão involuntária e que resultam no
fechamento de uma empresa – que se revela por meio da falência ou da perda de crédito. As
condições que induzem situações de falência estão, muitas vezes, vinculadas a um declínio rápido ou
gradual que impacta diretamente os resultados da empresa. Algumas condições de estagnação ou
deterioração dos negócios podem ser controladas pelos dirigentes (a exemplo de disputa de poder
interno, fragilidade do modelo de negócios, obsolescência tecnológica ou deficiência na
interpretação de informações e na gestão); enquanto outras condições estão fora de sua percepção
(por exemplo, quando o declínio das atividades da empresa decorre de mudanças no ciclo de vida de
produtos, de mudanças no ambiente e no setor de atividade) (Machado; Espinha, 2005).
Diversos fatores podem interferir na sobrevivência de empresas no mercado e determinar o
encerramento de suas atividades empresariais. Em pesquisa sobre o sucesso e o fracasso de
empresas nos seus primeiros cinco anos de atividades, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas em São Paulo (Sebrae-SP, 2014) procurou identificar quais fatores contribuem
para a sobrevivência de empresas no Estado de São Paulo. As principais causas mortis de empresas,
identificadas na pesquisa, estão relacionadas à falta de planejamento prévio, aos problemas de
gestão empresarial e comportamento empreendedor. Pelo Gráfico 1, nota-se que os principais
motivos para o fechamento de empresas referem-se a fragilidades no planejamento financeiro e a
desconhecimento do mercado. No Gráfico 1, Outros motivos correspondem, por exemplo, a “[...]
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problemas com fornecedores, sazonalidade dos produtos e serviços e criminalidade na vizinhança”
(Sebrae-SP, 2014, p. 33).
Gráfico 1 – Principais motivos para o fechamento de empresas
Fonte: Sebrae-SP, 2014, p. 33.
Todas as causas destacadas no Gráfico 1 são elementos importantes que um estudo de análise
de viabilidade econômico-financeira procura compreender, na tentativa de minimizar potenciais
ameaças ou riscos de fracassos na alocação de recursos em projetos. Esses elementos vão desde o
entendimento do produto, do mercado e dos fatores de produção até aspectos técnicos de
produção, localização do projeto e aspectos financeiros.
Antes de avançarmos nos elementos que compõem os estudos de viabilidade econômico-
financeira, é fundamental discutirmos alguns aspectos conceituais, características, classificações e
etapas do ciclo de vida de projetos. Isso nos dará subsídios para uma melhor compreensão dos
objetivos e projeção de resultados esperados com a estruturação de um projeto.
TEMA 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS DE PROJETOS
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Crédito: NicoElNino/Shutterstock.
Existem diferentes definições conceituais a respeito da palavra projeto, que vão desde expressões
vinculadas a plano e proposta até a formulação de entendimentos das características, especificidades
e objetivos de determinado empreendimento. Projetos estão presentes em todos os níveis
organizacionais de uma empresa, em suas atividades estratégicas e operacionais (Camargo, 2014),
assim como nas diversas áreas do conhecimento e também nas dimensões da vida pessoal. Mas você
sabe o que é um projeto? Em uma percepção mais ampliada, projeto configura-se como um
[...] empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos,
com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por
pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade.(Vargas, 2009, p. 26)
Nessa perspectiva, projetos não devem ser confundidos com trabalhos rotineiros, nem com
programas. No primeiro caso, a principal distinção reside no fato de que um projeto é realizado uma
única vez – a exemplo do desenvolvimento de um novo produto farmacêutico para o mercado; da
fusão de duas organizações; ou da construção de um supermercado –, enquanto que o trabalho
rotineiro exige que uma atividade semelhante seja executada repetidamente – a exemplo da inserção
diária de notas fiscais de venda no livro-razão contábil ou a colocação de etiquetas em um produto
fabril. Dessa forma, trabalhos rotineiros são atividades que não impactam a estratégia de negócio de
um empreendimento e nem o desenvolvimento de produtos novos e inovadores (Larson; Gray, 2016;
PMI, 2017). Com relação a programa, este não deve ser empregado como sinônimo de projeto, tendo
em vista que “um programa é um grupo de projetos relacionais concebidos para realizar uma meta
comum em um longo período” (Larson; Gray, 2016, p. 5).
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Projetos também podem ser compreendidos como ferramentas de avaliação de viabilidade. A
esse respeito, Correia Neto (2009, p. 1) destaca que projeto “[...] é um instrumento utilizado para
permitir a tomada de decisão sobre a realização de um determinado empreendimento”.
Já o Project Management Institute (PMI) sintetiza a definição de projeto como “[...] um esforço
temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMI, 2017, p. 4). Com
base na análise dos elementos dessa definição, é importante destacar alguns aspectos objetivos que
se referem à temporalidade e à entrega. Nesse último caso, a realização dos objetivos do projeto
resulta na produção de entregas de caráter econômico, social, material ou ambiental. Os objetivos
podem almejar tanto posições estratégicas ou algum propósito a ser atingido quanto à criação de
produtos ou à realização de serviços. O cumprimento dos objetivos em um projeto ocorre na
produção de entregas, que se configura como “qualquer produto, resultado ou capacidade único e
verificável que deve ser produzido para concluir um processo, fase ou projeto” (PMI, 2017, p. 4).
Por sua vez, a natureza temporária do empreendimento não expressa que o projeto seja de curta
duração, mas que tenha um início e um término de execução estabelecidos. Alguns fatores também
podem indicar o término de um projeto, como:
1. alcance dos objetivos do projeto;
2. não cumprimento dos seus objetivos;
3. esgotamento ou não disponibilidade de recursos financeiros para alocação no projeto;
4. ausência de necessidade do projeto, a partir de mudanças de estratégias ou prioridades dos
clientes;
5. indisponibilidade de recursos humanos e físicos;
6. motivações legais ou conveniências.
Esses fatores podem ocorrer sozinhos ou combinados com outros (PMI, 2017). Além desses
elementos, outros aspectos de projetos também são destacados pelo PMI (2017), como o
impulsionamento de mudanças e a criação de valor de negócio. Mudanças nas organizações são
impulsionadas por meio de projetos que, ao procurarem atingir um objetivo específico, movem a
organização de um estado atual para outro ponto desejado, chamado de estado futuro. Para o
alcance desse resultado desejado, alguns projetos demandam a execução de várias atividades e
etapas planejadas, conforme apresentado na Figura 1.
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Figura 1 – Transição entre estados de uma organização por meio de projetos
Fonte: PMI, 2017, p. 6.
A criação de valor de um negócio por meio de projetos corresponde ao “[...] benefício líquido
quantificável derivado de um empreendimento de negócio” (PMI, 2017, p. 7) ou simplesmente aos
resultados alcançados com um dado projeto. Esses benefícios podem ser tangíveis, intangíveis ou a
combinação de ambos, conforme exemplos apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Benefícios e resultados provenientes de projetos
Elementos Exemplos
Tangíveis Ativos monetários; capital acionário; serviços públicos; instalações; ferramentas; participação de mercado
Intangíveis Boa-fé; reconhecimento da marca; benefício público; marcas registradas; alinhamento estratégico; reputação.
Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017.
Os principais elementos inerentes a um projeto, que acabamos de discutir, encontram-se
sistematizados na Figura 2.
Figura 2 – Elementos inerentes ao projeto
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Fonte: Elaborado com base em PMI, 2017.
Cabe ainda destacar que o processo de iniciação de um projeto se dá em decorrência e em
resposta a fatores que influenciam diretamente as estratégias de negócio das organizações. Nesse
sentido, projetos são iniciados com base em quatro categorias de fatores:
1. cumprir requisitos regulatórios, legais ou sociais;
2. atender a pedidos ou necessidades das partes interessadas;
3. implementar ou alterar estratégias de negócio ou tecnológicas;
4. criar, melhorar ou corrigir produtos, processos ou serviços (PMI, 2017).
Os projetos conferem, portanto, os meios necessários para que organizações respondam a esses
fatores e, consequentemente, mantenham o seu empreendimento viável no mercado.
TEMA 3 – CARACTERÍSTICAS COMUNS DE PROJETOS
Crédito: Puchong Art/Shutterstock.
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Independentemente do objetivo e do tamanho do empreendimento, projetos apresentam
características comuns, mas com intensidades variadas, de acordo com os objetivos específicos de
cada empreendimento. Correia Neto (2009) destaca três características que normalmente surgem na
elaboração de um projeto:
1. complexidade;
2. interdisciplinaridade;
3. incerteza.
Você sabe quais os aspectos que abrangem cada uma das características de projetos?
A complexidade de projetos está diretamente vinculada à quantidade de variáveis envolvidas no
processo decisório que envolve o empreendimento. Trata-se de uma relação de causalidade em que,
quanto mais variáveis e informações estiverem associadas a um projeto, mais complexas se tornam as
análises e decisões relacionadas aos seus objetivos (Correia Neto, 2009).
A elaboração de projetos possui uma forte inter-relação com a perspectiva de avaliação da
viabilidade de empreendimentos, que, em geral, necessita de um conjunto de dados, informações e
estudos componentes que subsidiem a tomada de decisão de aceitação ou rejeição do investimento
em um negócio. Nesse sentido, o tamanho, o tipo e o setor de atividade econômica do
empreendimento não eliminam a complexidade inerente à elaboração de projetos, apenas
influenciam nas demandas específicas de informações para cada caso. Correia Neto (2009, p. 4)
chama a atenção para essa questão ao apontar que “[...] mesmo projetos com menor escala
incorporam uma quantidade de informações bastante relevante. Além disso, as informações devem
ser analisadas de maneira isolada e em conjunto, tornando essa tarefa especialmente mais
complexa”.
A segunda característica, a interdisciplinaridade, remete à variedade de informações
relacionadas aos aspectos de um empreendimento e que são requeridas para a elaboração de um
projeto. É ainda decorrente da característica discutida anteriormente, a complexidade de variáveis
envolvidas em um projeto (Correia Neto, 2009). Por conseguinte, a variedade de informações
presentes no processo de elaboração de um projeto demanda o trabalho de profissionais de
diferentes perfis e de diversas áreas do conhecimento (Correia Neto, 2009; Larson; Gray, 2016). Por
exemplo, um projeto para implantação de uma cervejaria necessita de profissionais das áreas de
engenharia, finanças, produção, comércio e compras, assim como a interação com pessoas externas
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ao projeto – como fornecedores, provedores e terceiros. Masvocê sabe quem desempenha a função
de integrar os esforços dos membros de uma equipe de projetos? E, ainda, quais as habilidades
requeridas para isso?
A constituição de equipes multidisciplinares – com diferentes formações, perfis, compreensões e
perspectivas sobre as partes de um projeto – necessita de um bom gerente de projetos e pessoas.
Esse profissional proporcionará direção, coordenação e integração à equipe (Larson; Gray, 2016). Para
tanto, é imprescindível que gerentes de projetos tenham habilidades interpessoais e de equipe,
especialmente ligadas ao gerenciamento de conflitos, tomada de decisões, liderança, influência,
negociação, facilitação, comunicação, integração da equipe, motivação e inspiração da equipe para o
alcance e cumprimento dos objetivos do projeto (PMI, 2017).
Por fim, a terceira característica refere-se à incerteza associada aos resultados possíveis da
decisão de se investir em um empreendimento. Mas você sabe por que a incerteza existe? Ela existe
em decorrência tanto da quantidade de variáveis envolvidas no processo decisório quanto da
necessidade de projetar os resultados financeiros antes da execução do projeto. A incerteza
configura-se, portanto, como valores ou estados de natureza incertos. Nesse sentido, a incerteza está
relacionada à possibilidade de que os resultados observado e projetado sejam diferentes entre si, em
maior ou menor nível (Correia Neto, 2009).
Exemplos de fatores sujeitos à incerteza, que afetam os retornos de um projeto de investimento
e que estão fora do controle da administração, são:
a. mudanças tecnológicas;
b. surgimento ou desaparecimento de concorrentes;
c. existência de produtos complementares ou substitutos;
d. conjuntura da economia nacional e internacional;
e. mudanças de política econômica;
f. custo de insumos;
g. mudanças climáticas (Sanvicente, 1987).
Alguns fatores de incerteza podem ser reduzidos com a utilização de certos instrumentos, em
projetos. Um panorama mais detalhado dos fatores de incerteza sobre um empreendimento pode ser
obtido com a realização de estudos mais aprofundados que, em geral, possuem um custo de
aquisição, mas possibilitam que gestores se antecipem a problemas com decisões que reduzam as
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incertezas. Contudo, cabe destacar que isso implica um trade-off, ou seja, uma situação de conflito de
escolha entre investir em mais estudos com informações para reduzir a incerteza e investir menos e
gerar menos informações para a tomada de decisão (Correia Neto, 2009).
O Quadro 2 apresenta uma sistematização dos principais elementos da discussão das
características comuns de projetos.
Quadro 2 – Síntese dos principais aspectos e implicações das características comuns de projetos
Características Aspectos principais Implicações
Complexidade Quantidade de
variáveis envolvidas
Requer um conjunto de dados, informações e estudos componentes para
orientar a tomada de decisão de se investir em um negócio
Interdisciplinaridade Variedade de
informações
Demanda profissionais de diversos perfis e áreas do conhecimento para
conclusão do projeto
Incerteza Valores ou estados
de natureza incertos
Requer a utilização de instrumentos que diminuam alguns fatores de
incerteza e a diferença entre os resultados projetados e os observados
Fonte: Elaborado com base em Correia Neto, 2009.
TEMA 4 – CLASSIFICAÇÕES USUAIS DE PROJETOS
Crédito: Karen Roach/Shutterstock.
As classificações de projetos ajudam na compreensão das necessidades e dos objetivos
requeridos de cada tipo de projeto. Existem diferentes formas de se classificar projetos. Nesta aula,
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serão discutidas algumas mais usuais, como:
1. pela origem;
2. pelas finalidades;
3. pelos tipos de setor;
4. pelo uso.
Você sabe quais os aspectos que abrangem cada uma das classificações de projetos?
A origem remonta à iniciativa de realização de um empreendimento, se privada, se pública.
Cada uma dessas origens incorpora perspectivas distintas e possuem uma estrutura, por trás do
projeto, diferente (Correia Neto, 2009; Pereira; Lima; Torre, 2014).
A elaboração de projetos de origem privada parte de empresas que vislumbram oportunidades
lucrativas com base em uma demanda não atendida no mercado ou em melhorias de processos
produtivos. O seu objetivo-fim é a obtenção de retornos financeiros sobre os investimentos ou a
maximização de um retorno financeiro já existente com base em uma nova atividade explorada. Esse
retorno se manifesta por medidas como lucro líquido, valor agregado ou geração de caixa (Correia
Neto, 2009).
Por outro lado, os projetos públicos – realizados por órgãos governamentais nos níveis de
administração municipal, estadual e federal – objetivam a melhoria do bem-estar social da população
por meio da oferta de serviços públicos em diversas áreas como educação, saúde, saneamento
básico, segurança, entre outras. Nesse sentido, os projetos públicos partem de uma necessidade
social de oferta de serviços com o menor custo possível e não procuram maximizar o retorno sobre o
investimento (Correia Neto, 2009). Cabe ainda destacar que o tempo e a execução de algumas
atividades em projetos públicos são diferentes dos de projetos privados, em decorrência das leis que
regulamentam as contratações de serviços e aquisições de produtos via processos de licitação
(Pereira; Lima; Torre, 2014).
O Quadro 3 apresenta uma sistematização do direcionamento de cada origem de projeto.
Quadro 3 – Síntese dos principais aspectos da origem de projetos
Origem Necessidade Objetivo Exemplos
Privada Mercadológica ou geradora Retorno sobre o Criação de uma nova empresa ou expansão da
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de retorno investimento capacidade produtiva
Pública Social Melhoria do bem-estar
social
Construção de uma escola ou hospital
Fonte: Adaptado de Correia Neto, 2009, p. 6.
Com relação à classificação de um projeto com base na sua finalidade, existem diferentes
situações de projetos que indicam a necessidade de elaboração de estudos de viabilidade. Os
principais e mais recorrentes tipos de finalidade são de implantação, ampliação, modernização e
relocalização. Em todas essas situações, é fundamental verificar se os investimentos são viáveis e
atingem os objetivos do projeto (Correia Neto, 2009). O Quadro 4 apresenta uma sistematização das
quatro classificações de finalidade de projetos.
Quadro 4 – Principais finalidades de um projeto
Finalidade Aspectos principais Exemplo de projeto
Implantação Execução de um empreendimento
novo
Criação de uma empresa, equipamento turístico ou edifício
comercial
Ampliação Expansão da capacidade produtiva de
uma empresa em funcionamento
Expansão da área fabril de uma empresa alimentícia, em resposta
a um aumento da demanda de mercado
Modernização Elevação da produtividade e
sobrevivência dos negócios
Incorporação de um processo tecnológico mais moderno,
decorrente de pressões mercadológicas
Relocalização Alteração de local de uma planta fabril Mudança de localidade de empreendimento ou planta fabril,
decorrente de melhores oportunidades e incentivos fiscais
Fonte: Elaborado com base em Correia Neto, 2009.
Quanto à classificação de projetos com base no tipo de setor, as atividades econômicas são
organizadas em três grandes setores: primário, secundário e terciário. O primeiro concentra as
atividades relacionadas à agropecuária e ao extrativismo, ou seja, as atividades produtivas realizadas
sobre a natureza e que, por conseguinte, fornecerão recursos naturais e matérias-primas para o
segundo setor da economia. O setor secundário corresponde às atividades industriais, de
transformação de matérias-primas, que serão absorvidas pelo terceiro setor. Esse último setor refere-
se às atividades de serviço e comércio (Signor; Marin, 2011).
Por fim, os projetos também podem ser classificadosquanto ao seu uso, a exemplo dos tipos de
projetos de viabilidade, financiamento e acompanhamento. O primeiro tipo procura verificar
internamente se determinado empreendimento é viável ou não. O segundo visa à obtenção de
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financiamento de instituições de fomento. Enquanto que o terceiro tipo de projeto é realizado após o
investimento em determinado negócio ser aceito, servindo para acompanhar o atendimento dos seus
objetivos e os seus resultados (Correia Neto, 2009). Concentraremos atenção no primeiro tipo de uso
de projetos.
TEMA 5 – ETAPAS DO CICLO DE VIDA DE PROJETOS
Crédito: Elnur/Shutterstock.
Por se caracterizarem como empreendimentos temporários, os projetos possuem um início e um
término de execução estabelecidos, ou seja, possuem um período de vida limitado, em que
mudanças e o nível de esforços despendidos, ao longo de sua vida, são previsíveis. Existem diferentes
modelos de ciclo de vida de projetos que incorporam ou suprimem algumas etapas, a depender do
tipo de empreendimento e do objetivo de entrega. Quatro fases são normalmente utilizadas:
definição, planejamento, execução e fechamento, que podem ser sequenciais, iterativas ou
sobrepostas. Esses estágios auxiliam na distribuição de tempo e esforço das tarefas ao longo de um
projeto (PMI, 2017; Larson; Gray, 2016). A Figura 3 ilustra essa situação, evidenciando que o nível de
esforço cresce lentamente à medida que tarefas vão sendo realizadas; chega até um pico; e
desacelera, com o fechamento e entrega do produto final.
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Figura 3 – Ciclo de vida de um projeto
Fonte: Larson; Gray, 2016, p. 6.
De forma geral, projetos partem de uma ideia, avançam para um plano que, ao se verificar sua
viabilidade, são executados e, depois, concluídos. Nesse caso, cada etapa gera entregas tangíveis, a
exemplo de relatórios, cronogramas e tarefas realizadas (Vargas, 2009). Ampliando a visualização do
ciclo de vida de projetos, é importante destacar que são nas suas duas primeiras fases que são
realizados estudos preliminares e a avaliação da viabilidade de execução do projeto. Esses estudos
são fundamentais para indicar a existência de demanda de mercado, oportunidades lucrativas e
sustentabilidade econômica e financeira do negócio (Correia Neto, 2009).
TROCANDO IDEIAS
Sabendo-se que um projeto carrega incertezas quanto aos seus resultados observados e aqueles
projetados, em um fórum de discussão, apresente argumentos sobre:
1. qual a importância de estudos preliminares em um projeto, para a redução do seu nível de
incerteza;
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2. se é vantajoso, para o empreendedor, despender recursos em estudos mais aprofundados
visando à sustentabilidade de um negócio, ao longo do tempo.
NA PRÁTICA
Pesquise um projeto ou plano estratégico de um empreendimento e identifique as suas
classificações como projeto. Para resolução da questão, recomenda-se que você siga esses passos:
a. pesquisa de um projeto ou plano estratégico;
b. leitura do projeto;
c. identificação das classificações do projeto;
d. apresentação dos pontos identificados, juntamente com a identificação e o link de acesso ao
projeto escolhido.
Orientação para a resolução da questão: para a identificação das classificações do projeto,
procure apresentar a origem da realização do empreendimento (pública ou privada), a sua finalidade
(implantação, ampliação, modernização, relocalização ou outro tipo), o setor de atividade econômica
em que se encontra (agropecuária, indústria ou serviços) e o uso do projeto (viabilidade,
financiamento ou acompanhamento).
FINALIZANDO
Nesta aula, apresentamos uma discussão dos principais aspectos conceituais, características,
classificações e etapas do ciclo de vida de um projeto. Vimos também que a falta de planejamento
prévio e o desconhecimento de informações importantes sobre o mercado em que se pretende
investir estão entre os principais elementos de fracasso de negócios. Nesse sentido, é fundamental
conhecer e analisar as variáveis com influência no setor de atividade econômica ao qual se pretende
direcionar recursos. E os projetos de viabilidade econômico-financeira cumprem essa função, ao
auxiliarem, na tomada de decisão de investimentos, empresários que desejam tanto entrar no
mercado quanto buscar estratégias de permanência.
REFERÊNCIAS
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