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- -1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS DA 
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar as principais características e exigências da sociedade contemporânea no que diz respeito à
Segurança Pública;
2- Reconhecer a importância da integração das ações dos órgãos do sistema de Segurança Pública com as demais
forças sociais.
Nesta oportunidade, veremos quais são as características das sociedades modernas, no que diz respeito,
especificamente, à Segurança Pública. Desta forma, observaremos que a vida nas grandes cidades favorece o
afastamento social, a falta de coesão, de confiança e de solidariedade e, muitas vezes, essas ausências propiciam
o aumento da criminalidade e da violência. Para enfrentar este quadro, a integração das ações dos órgãos do
Sistema da Segurança Pública com as forças sociais em prol de ações e projetos comuns se mostra, atualmente,
como uma forma importante de responder às demandas sociais. Esta aula, então, tratará de temas modernos e
relevantes como integração, prevenção, fatores de agenciamento do crime e da violência etc. Vamos a eles?
1 Introdução
Nesta disciplina, vamos estudar os fundamentos da gestão integrada em relação à Segurança Pública.
Começaremos, então, entendendo as características da sociedade contemporânea e as suas relações com a
problemática da Segurança Pública.
2 As características da sociedade contemporânea
Vivemos em uma sociedade complexa, todos sabemos. Isto quer dizer que estamos em um contexto organizado e
competitivo, sobretudo nas cidades.
Ao mesmo tempo, percebemos uma situação de profunda fragmentação e desigualdade social que exacerba o
individualismo e contribui para a crise das relações interpessoais.
Não importa o tamanho da cidade, sempre existe a necessidade de organizar a vida pública, emergindo um poder
urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão.
- -3
3 A cidade
Cidade significa uma maneira de organizar o território e uma relação política. Ser habitante de uma cidade,
então, significa participar de alguma forma da vida pública, mesmo que, algumas vezes, a participação seja
apenas pela submissão a regras e regulamentos.
Como lugar da política e das transações econômicas, a cidade é um espaço de convivência social. Contudo, a vida
nos grandes centros urbanos também pode ser marcada pelo individualismo e pelo relacionamento comunitário
enfraquecido.
Sabemos que a proximidade física dos habitantes de uma cidade não garante que estes se conheçam e que os
seus relacionamentos tenham como característica a pessoalidade e a proximidade. A proximidade física, sem
relacionamentos mais subjetivos, sobretudo aqueles baseados na confiança e, por consequência, na
solidariedade, nem sempre une as pessoas e a ausência de uma sociedade integrada gera apenas rotinas
ordenadas, cujo controle é dado por regras de comportamentos impessoais e definidos claramente.
Nas grandes cidades ocorre, muito frequentemente, a ausência de identificação com fatores sociais comuns à
vida cotidiana. A perda da identidade e da coesão social pode causar vários prejuízos para a coletividade, como a
alta criminalidade e a violência.
É imperativo que o respeito e o interesse individual se unam ao interesse coletivo e busquem o bem-estar, a
tranquilidade e a segurança pública.
- -4
4 A Segurança Pública no Brasil
A constituição dos centros metropolitanos brasileiros se fez acompanhar por uma importante elevação das taxas
de criminalidade e violência. Violência, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), é
“o uso intencional de força ou de poder físico, na forma real ou de ameaça, contra si mesmo, contra
outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade, que resulta, ou tem grandes chances de resultar
em ferimentos, morte, danos psicológicos, subdesenvolvimento ou privação”.
O que há alguns anos era mais visível apenas nas grandes capitais, hoje pode ser encontrado em cidades de
médio porte e até em pequenos municípios brasileiros.
De acordo com o Mapa da Violência 2013 – , divulgado em 06 de marçoMortes e Assassinatos por Armas de Fogo
de 2013, 36.792 pessoas foram assassinadas por armas de fogo no Brasil em 2010, o que mantém o país com
uma taxa de 20,4 homicídios por 100.000 habitantes.
Este número coloca o Brasil em 8º lugar entre 100 nações. É sabido que os diversos crimes como roubos,
sequestros, sequestros relâmpagos, furtos e assassinatos afetam a vida das pessoas nas cidades brasileiras.
O cenário apresentado espalha as suas consequências por vários campos, sendo percebido por todos os setores
da sociedade. O crescimento da criminalidade urbana traz consigo o aumento do medo e da sensação de
insegurança; transforma o cotidiano das cidades e separa, de maneira profunda, os grupos sociais.
5 A Segurança Pública no Brasil – Continuação
Os custos que os crimes representam para o Brasil são altíssimos, pois se gasta muito com o sistema de Saúde,
perde-se muita força produtiva e afastam-se investimentos de determinadas regiões. Além disso, os custos
simbólicos para uma sociedade que se representa também por meio da violência são muito significativos. Estes
níveis de violência e criminalidade aumentam o descrédito em relação às instituições, o que acarreta a utilização
de estratégias privadas de resolução dos problemas.
Estes níveis de violência e criminalidade aumentam o descrédito em relação às instituições, o que acarreta a
utilização de estratégias privadas de resolução dos problemas.De acordo com o Texto-Base da 1ª Conferência
Nacional de Segurança Pública:
Diante desse cenário, a constatação mais importante é que tamanha vitimização deixa claro que
ainda há no país um abismo referente à garantia de direitos que impede que a cidadania seja uma
- -5
experiência integral assegurada ao conjunto da sociedade. Se, por um lado, a violência alimenta
cotidianamente o ciclo de desigualdades no país, por outro é preciso reconhecer que a segurança – e
sua garantia na condição de direito de todo cidadão e cidadã – é uma premissa essencial à efetivação
de uma noção plena de cidadania, além de ser um direito fundamental previsto na Constituição
Federal de 1988.
6 Projeto político
Um projeto político que tenha como objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa deve levar em
conta a segurança de cada cidadão e, ao mesmo tempo, a segurança da coletividade.
Sabemos que esta é uma tarefa complexa e as interpretações mostram uma série de elementos explicativos, isto
é:
• O acesso indiscriminado às armas de fogo e sua ilegalidade e a fragilidade das instituições no Brasil.
• A sociabilidade que se fundamenta em bases perversas que cristaliza uma cultura violenta na resolução 
de conflitos.
• A criminalidade internacional caracterizada pelo tráfico de pessoas, de drogas e de armas.
• As disparidades estruturais que assolam o Brasil e as políticas sociais que ainda não beneficiam o 
conjunto da sociedade
•
•
•
•
- -6
7 Atuação do Estado
O fenômeno da violência e da criminalidade no Brasil se apoia em bases individuais, comunitárias,
estruturais e institucionais e demanda que seu enfrentamento seja feito de modo a articular e
contemplar todas essas frentes. Por oposição, essa multiplicidade de fatores parece encontrar um
denominador comum. A persistência crescente dos indicadores de vitimização chama atenção para a
fragilidade e a pouca eficácia histórica das ações desenvolvidas pelo Estado brasileiro nos diversos
níveis governamentais. (p. 08)
Além de nem sempre ser eficaz na tarefa de promover a convivência pacífica, muitas vezes o Estado é um
promotor da violência e da sensação de insegurança, sem conseguir reprimir o crime, não tendo sucesso em
oferecer oportunidades de reintegração social.
Mudar este quadro é um desafio que deve ser enfrentado coletivamente. Para revertê-lo, o Estado, em seus
muitos níveis, deve garantir direitos com políticaspúblicas eficientes nos resultados, eficazes na gestão dos
recursos públicos e cumprindo as normas (que regem nosso ordenamento jurídico).
Cabe à sociedade se envolver e se mobilizar para a solução destes problemas.
Se tomada de uma perspectiva formal, a Segurança Pública pode ser vista como a convivência pacífica e
ordenada das cidadãs e dos cidadãos e da sociedade em seu conjunto.
8 Avanços superficiais nas políticas sociais
A Constituição de 1988 assegurou avanços nas políticas sociais em áreas relevantes, sobretudo àquelas voltadas
às áreas sociais e da promoção de direitos, mas, no que se refere à Segurança Pública, seu texto pode ser
classificado como generalista e excessivamente indefinido.
Esse quadro foi construído graças às mudanças superficiais e insuficientes nas instituições e aparatos de
Segurança Pública disponíveis frente às demandas e às tarefas transformadoras que tinham diante de si.
O Estado, então, passou a apenas reagir a casos de violência extrema e às pressões da opinião pública, em vez de
agir de forma propositiva.
- -7
9 Distância entre a sociedade e a Segurança Pública
O fato de negligenciar os princípios da legalidade e da eficácia, com o passar do tempo, criaram-se, abismos com
relação aos direitos e estabeleceu-se um antagonismo estrutural entre as forças policiais e a sociedade civil e um
descrédito em relação aos projetos políticos na área da segurança.
Além disso, por ser vista como “coisa de polícia”, a Segurança Pública não foi um tema cuja pauta tenha emanado
de reivindicações dos movimentos sociais.
Poucos atores, além dos profissionais da Segurança Pública eram reconhecidos como habilitados para tratar
deste tema. Aliado a isso, a vitimização de certas parcelas da população aumentou ainda mais a distância entre a
sociedade e os haveres da Segurança Pública.
10 Aspectos fundamentais ao progresso das políticas 
públicas em Segurança Pública
A situação, no Brasil, vem se transformando nos últimos anos.
Se os avanços da democracia são inquestionáveis, parte desse desenvolvimento se deve às conquistas no campo
da Segurança Pública.
Tem sido necessário mudar a cultura que prega a falsa dicotomia entre prevenção e repressão e passar a
reconhecer que ambas têm vocação e lugar distintos, sendo complementares e necessárias uma a outra.
É preciso que a formulação de políticas públicas seja tratada à luz das dimensões técnicas.
A produção de informação e conhecimento deve tomar o lugar do medo, da sensação de insegurança, do
preconceito e do desconhecimento no subsídio da ação policial.
É neste contexto que se tornam importantes a valorização profissional e a qualificação.
Outro elemento fundamental para avançarmos no campo das políticas públicas em Segurança Pública é a
existência de um segmento da sociedade civil especializado neste campo.
Se tais atores contribuíram no sentido de apontar os níveis inaceitáveis de violência no país e,
consequentemente, de mobilizar a sociedade civil para a importância do tema, atualmente a sua interlocução
com o poder público contribui para a elaboração de políticas públicas.
Desta forma, podemos afirmar que a aproximação entre os setores das universidades, da sociedade civil
organizada e dos profissionais de Segurança Pública representou uma iniciativa fundamental para questionar e
romper antagonismos históricos.
- -8
Reformulações do campo técnico no contexto político internacional também foram responsáveis por mudanças
no cenário. A utilização cada vez mais ampla da expressão “segurança cidadã” tanto por governos como por
agências multilaterais, mostra uma nova tendência, isto é, o objetivo não se restringe mais a proteger o Estado,
mas, sobretudo, a garantir os direitos dos cidadãos e das cidadãs.
A segurança dos indivíduos e da vida em sociedade é concebida como passo essencial para o desenvolvimento
das nações e, por isso, a agenda política tem como prioridade assegurar que todos convivam em liberdade e sem
violência.
11 A prevenção na Segurança Pública
Sabemos que a melhor forma de enfrentar as questões de criminalidade e violência não está escrita em um livro
de receitas e que, dadas as peculiaridades de cada região, os esforços devem ocorrer mantendo-se a coerência
com as necessidades específicas.
Também é importante frisar que, para conseguir uma boa forma de enfrentar o problema, é preciso saber qual
problema deve ser enfrentado e, para isso, a criação e a manutenção de uma base de dados fidedignos que ajude
a elaborar um confiável diagnóstico são fundamentais para nortear a tomada de decisão dos gestores.
É importante também que se rompa o isolamento das iniciativas em Segurança Pública e se passe a operar a
partir de uma rede de atores sociais que alcancem as agências públicas de policiamento e os diferentes serviços
oferecidos pelo Estado, até as agências privadas e os próprios cidadãos.
Este tipo de iniciativa otimiza recursos humanos, materiais e de tempo e diminui o retrabalho.
12 Níveis de prevenção
Consultando, novamente, o Guia para a Prevenção do Crime e da Violência (p. 52 e 53), encontramos as seguintes
definições para os diversos níveis de prevenção:
Prevenção primária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas ao meio ambiente físico e/ou social, mais especificamente
aos fatores ambientais que aumentam o risco de crimes e violências (fatores de risco) e que diminuem o risco de
crimes e violências (fatores de proteção), visando a reduzir a incidência e/ou os efeitos negativos de crimes e
violências. Pode incluir ações que implicam mudanças mais abrangentes, na estrutura da sociedade ou
comunidade, visando a reduzir a predisposição dos indivíduos e grupos para a prática de crimes e violências na
sociedade (prevenção social). Ou, alternativamente, pode incluir ações que implicam mudanças mais restritas, nas
- -9
áreas ou situações em que ocorrem os crimes e as violências, visando a reduzir as oportunidades para a prática de
crimes e violências na sociedade (prevenção situacional).
Prevenção secundária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas mais suscetíveis de praticar crimes e violências,
mais especificamente aos fatores que contribuem para a vulnerabilidade e/ou resiliência destas pessoas, visando
a evitar o seu desenvolvimento com o crime e a violência ou ainda a limitar os danos causados pelo seu
envolvimento com o crime e a violência, bem como a pessoas mais suscetíveis de serem vítimas de crimes e
violências, visando a evitar ou limitar os danos causados pela sua vitimização. É frequentemente dirigida aos
jovens e aos adolescentes, e a membros de grupos vulneráveis e/ou em situação de risco.
Prevenção terciária
Estratégia de prevenção centrada em ações dirigidas a pessoas que já praticaram crimes e violências, visando a
evitar a reincidência e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social,
bem como a pessoas que já foram vítimas de crimes e violências, visando a evitar a repetição da vitimização e a
promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• O conceito de redes.
• As relações entre os diversos segmentos sociais e as forças de Segurança Pública.
• As possibilidades de articulação das redes para a solução de problemas de forma cooperativa, na 
Segurança Pública.
Fique ligado
Pensando desta forma, é possível romper com o modelo reativo de polícia e conceber o papel
das polícias e das guardas municipais no sentido da afirmação de estratégias comunitárias de
segurança que utilizam, por exemplo, a abordagem conhecida internacionalmente como
“policiamento orientado para a solução de problemas” e estão sempre abertas à possibilidade
de um trabalho integrado.
•
•
•
- -10
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu as principais características e exigências da sociedade contemporânea no que diz respeito 
à Segurança Pública;
• Aprendeua importância da integração das ações dos órgãos do sistema de Segurança Pública com as 
demais forças sociais.
•
•
- -1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
OS DIFERENTES SETORES DA SOCIEDADE E 
A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS NA 
ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Estudar o conceito de redes;
2- Analisar as relações entre os diversos segmentos sociais e as forças de Segurança Pública;
3- Observar as possibilidades de articulação das redes para a solução de problemas de forma cooperativa na
Segurança Pública.
Esta aula tratará das relações e vínculos criados e desenvolvidos por meio das redes sociais e as possibilidades
de articulação para a solução de problemas de forma cooperativa. Para tanto, estudaremos a definição de redes e
as suas características. Para exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, utilizaremos os resultados
da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e segurança pública: evolução da rede de atores da Segurança
Pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os
efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática, no Brasil, durante todo o processo da 1ª.
CONSEG – os seus espaços preparatórios, etapas, ações paralelas etc.
Esta aula tratará das relações e vínculos criados e desenvolvidos por meio das redes sociais e as possibilidades
de articulação para a solução de problemas de forma cooperativa.
Para tanto, estudaremos a definição de redes e as suas características.
Para exemplificar o poder desse tipo de mecanismo relacional, utilizaremos os resultados da pesquisa intitulada
Redes sociais, mobilização e segurança pública:
Evolução da rede de atores da segurança pública no processo preparatório da 1ª Conferência Nacional de
Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a
temática de Segurança Pública no Brasil, durante todo o processo da 1ª. CONSEG – os seus espaços
preparatórios, etapas, ações paralelas etc.
Você sabe o significado do termo rede?
Segundo Regina Maria Marteleto (2001), o termo “rede” pode significar sistema de nodos ou elos, estrutura sem
fronteiras, comunidade não geográfica, um sistema de suporte ou um sistema físico que se pareça com uma
árvore ou uma rede.
A partir dessa definição, o que podemos dizer sobre “rede social”?
- -3
Que é um conjunto de participantes autônomos que unem ideias e recursos em torno de valores e interesses
compartilhados.
Para nós é importante saber que, quando se trata de redes sociais, privilegiam-se os elos informais e as relações
em detrimento das estruturas hierárquicas.
1 Redes Sociais
Atualmente, o trabalho informal em rede é uma forma de organização bastante presente em nossa vida cotidiana
e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas.
O estudo das redes evidencia o fato de que os indivíduos, plenos de recursos e capacidades propositivas,
organizam as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio
desenvolvimento das redes.
Assim, segundo Regina Maria Marteleto (2001, p. 72):
Mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser
percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições
representativas.
Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária.
É possível que você esteja se perguntando... quem compõe essas redes? Elas são compostas por indivíduos,
grupos ou organizações e sua dinâmica se volta para a perpetuação, consolidação e desenvolvimento das
atividades de seus membros.
Quando em espaços informais, as redes têm início a partir da tomada de consciência de uma comunidade de
interesses e/ou de valores de seus membros.
As motivações mais significativas no que diz respeito ao desenvolvimento das redes são os assuntos
relacionados aos níveis de organização:
• social-global
• nacional
• estadual
• local
• comunitário
•
•
•
•
•
Fique ligado
Apesar do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não
- -4
2 Você sabia que...
...diferentemente do que ocorre com as instituições, nas redes nem sempre existe um centro hierárquico e uma
organização vertical ?
As redes são definidas, muitas vezes, pela multiplicidade, quantitativa e qualitativa, dos elos entre os diferentes
membros e orientada por uma lógica associativa.
Sua estrutura é caracterizada como extensa e horizontal o que não exclui relações de poder e de dependência nas
associações internas e nas interações com unidades externas.
3 Redes Sociais e Segurança Pública
De acordo com Lindblom (Lindblom, C. O processo de decisão política. Brasília: Universidade de Brasília,
1981.2001) e Burt (Burt, R. Structural roles in the social structure of competition. Cambridge: Cambridge
University Press, 1992), pode-se considerar que a perspectiva das redes sociais como recurso institucional
lembra a importância dos vínculos para obter acesso aos recursos inseridos em uma dada rede de relações.
Assim, o fortalecimento das redes sociais tem sido incorporado aos objetivos de análise e avaliação das políticas
e de ações do poder público (Arriagada, Miranda e Pavez, 2004).
Ainda no que diz respeito às relações entre as redes sociais e a política, Eduardo Marques afirma que “Em um
sentido abstrato, a discussão sobre mecanismos relacionais confunde-se com a própria análise da política, visto
que o poder tem uma natureza intrinsecamente relacional” (Marques, E. Os Mecanismos Relacionais. In: Rev.
Bras. Ci. Soc. v. 22 n. 64. São Paulo, 2007).
4 Conferência Nacional de Segurança Pública
Agora que entendemos a questão das redes sociais, vamos avançar?
Para tratarmos do tema das redes sociais e Segurança Pública, vamos observar o ocorrido por ocasião da
preparação e realização da 1ª CONSEG (Conferência Nacional de Segurança Pública).
Neste ponto, é importante sabermos quem foram os principais atores envolvidos no processo:
Apesar do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não
hierárquica e espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos,
responsabilidades e diversos níveis de tomada de decisão.
- -5
Organizações e entidades representantes da sociedade civil(40%)
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim:
A Comissão Organizadora Nacional da 1ª CONSEG (CON) foi estruturada por representantes da sociedade civil e
tiveram prioridade as redes e/ou organizações e os movimentos com considerável capilaridade e potencial de
articulação, com reconhecido acúmulo de discussão específica sobre Segurança Pública.
Trabalhadores da área da Segurança Pública (30%)
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim:
Aos trabalhadores da área de Segurança Pública, buscou-se garantir a maior diversidade possível de associações
com legitimidade nacional, bem como das categorias internas da corporação de cada uma das cadeiras previstas
na CON.
Gestores (30%)
Desde o período da preparação da CONSEG, houve preocupação com a participação dos três segmentos, assim:
Com relação aos gestores, pautando-se pelo pacto federativo, assegurou-se a participação expressiva dos agentes
políticos das três esferas da federação (União, estados e municípios) que exercem responsabilidades em órgãos
do executivo envolvidos na área de Segurança Pública.
Possibilitou-se a participação dos demais poderes com representantes do Poder Judiciário, Poder Legislativo e
Ministério Público.
De acordo com Relatório Final da 1ª CONSEG (p. 25):
Fique ligado
Essa formação permitiu que novos atores aparecessem e que novas redes fossem criadas no
campo das discussões da Segurança Pública, pois, sabe-se bem que a discussão em torno da
política pública possibilita fortalecero controle social sobre tais políticas, organizar os
cidadãos e cidadãs na proposição de demandas e, finalmente, conferir transparência às ações
desempenhadas pelos governos.
- -6
Durante todo o processo, os membros da CON foram porta-vozes e garantidores das regras e
metodologias da 1ª CONSEG; Pacificadores/mediadores políticos; Articuladores para o bom
andamento das etapas; fiscais do processo; interlocutores com as delegações estaduais etc.
Ou seja:
Ser membro da CON exigia um comprometimento com o projeto da Conferência e necessidade de mobilizar as
suas entidades e redes para a participação efetiva nas mais diversas etapas do processo.
A CONSEG foi precedida por conferências preparatórias, realizadas nas cidades com mais de 200.000 eleitores,
em todas as capitais, nos 105 municípios que haviam firmado acordo de cooperação no PRONASCI, nos 26
estados e no Distrito Federal.
Ao mesmo tempo, foram realizadas as Conferências Livres, convocadas pela própria sociedade, mas sem caráter
representativo.
Participaram, ao todo, 66.847 pessoas, em 514 municípios.
Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo, constituíram as Comissões Organizadoras Municipais
(COM) e as 27 unidades da Federação instituíram suas Comissões Organizadoras Estaduais (COE), além da
Comissão Organizadora Distrital (COD).
Estas pessoas analisaram o Caderno de Propostas, documento que continha cerca de 400 sugestões enviadas
pelas etapas preparatórias realizadas no país inteiro.
O aprimoramento deste conjunto de questões foi consolidado em 10 princípios e 40 diretrizes, considerados os
mais importantes pelos participantes e que norteiam, desde então, as políticas públicas da área.
Caderno de Propostas
Com o objetivo de avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática de Segurança
Pública no Brasil, durante todo o processo (os seus espaços preparatórios, etapas, ações paralelas etc.) da 1ª.
CONSEG , realizou-se uma pesquisa na esfera da gestão da Conferência.
Fique ligado
Estes grupos receberam a orientação de manter o formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras
igualitariamente para a sociedade, os trabalhadores e os gestores.
- -7
Com o objetivo de avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos com a temática de Segurança
Pública no Brasil, durante todo o processo da 1ª. CONSEG , realizou-se uma pesquisa na esfera da gestão da
Conferência.
Trata-se de um estudo sobre a transformação da rede de determinados atores envolvidos com o tema,
identificando mudanças no padrão relacional desses atores antes e depois do início do processo preparatório da
1º Conferência Nacional de Segurança Pública e na configuração do campo e desenho da Política Nacional de
Segurança Pública.
O fortalecimento das redes, no caso da Segurança Pública produziu, no âmbito da 1ª Conferência Nacional de
Segurança Pública, o empoderamento dos atores envolvidos, e o maior diálogo e o reconhecimento entre os
segmentos.
O adensamento das relações foi considerado uma vitória do processo da 1ª CONSEG.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Fundamentos da gestão integrada e comunitária;
• Princípios da gestão integrada e comunitária.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Aprendeu o conceito de Redes Sociais;
• Analisou as relações entre os diversos segmentos sociais e as forças de Segurança Pública;
• Verificou as possibilidades de articulação das redes para a solução de problemas de forma cooperativa 
na Segurança Pública.
•
•
•
•
•
- -1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA GESTÃO 
INTEGRADA E COMUNITÁRIA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar os fundamentos e os princípios da gestão integrada e comunitária.
2- Reconhecer a importância da integralidade para a efetividade e a eficácia das políticas públicas de modo geral;
3- Relacionar a concepção de integralidade com os problemas de Segurança Pública.
4- Reconhecer que os Gabinetes de Gestão Integrada representam a possibilidade de cooperação e integração a
serviço da Segurança Pública.
Caro aluno, nesta aula, começaremos a estudar a gestão integrada e, para isto, mergulharemos em seus
fundamentos e princípios. Já podemos adiantar que analisaremos a ideia de INTEGRALIDADE, tão importante
para o ramo das políticas públicas, sendo utilizada amplamente na área da Saúde, quando se pensa em Sistema
Único de Saúde. De que forma a concepção de integralidade pode ser útil para quem está pensando e realizando
a Segurança Pública no Brasil? Podemos assumir que esta noção tem relação direta com a transformação crítica
da realidade. Outra de suas virtudes reside no fato de que é uma possibilidade de agregar diferentes atores, cujos
interesses em determinados aspectos são muito diversos. O Gabinete de Gestão Integrada, como espaço que gera
modos e lógicas de integração colegiada, promove a segurança pública ao favorecer a adoção de medidas efetivas
de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil.
Em nosso último encontro, observamos como as relações e os vínculos gerados e desenvolvidos por meio das
redes sociais criam possibilidades de articulação e contribuem para a solução de problemas de forma
cooperativa.
Para isso, verificamos a definição de redes e as suas características e, no sentido de exemplificar o poder desse
tipo de mecanismo relacional, recorremos aos resultados da pesquisa intitulada Redes sociais, mobilização e
segurança pública: Evolução da rede de atores da segurança pública no processo preparatório da 1ª Conferência
Nacional de Segurança Pública, cujo objetivo foi avaliar os efeitos do fortalecimento da rede de atores envolvidos
com a temática de Segurança Pública no Brasil durante todo o processo da 1ª. CONSEG.
- -3
1 Mas como abordar os princípios e os fundamentos da 
gestão Integrada?
Para tratarmos dos princípios e dos fundamentos da gestão integrada, é importante refletir sobre o conceito de
integralidade.
Segundo João Bosco Rodrigues de Góz, embora não fosse literalmente mencionada no texto, a concepção de
integralidade permeia a diretriz do Sistema Único de Saúde, como política pública, fornecendo enunciados
propositivos do Sistema.
Assim, de acordo com Góz (2009), a integralidade trata de um conjunto de valores pelos quais vale a pena lutar,
pois estão referidos a um ideal de civilidade.
2 Ainda segundo este autor:
A imagem da integralidade tenta indicar a direção para a transformação da realidade. Ela parte de um
pensamento crítico, um pensamento que se recusa a reduzir a realidade ao que já existe, que se indigna com
algumas características do que já existe e almeja superá-las (2009, p. 16).
Por abranger leituras distintas e sentidos diversos, ela pode, em determinado momento, reunir, em torno de si,
atores políticos cujas indignações são semelhantes, mesmo que seus projetos específicos sejam diferentes.
Possui, assim, diversos sentidos que são correlatos porque foram forjados no mesmo contexto de luta e
articulados entre si.
Contudo, pelo fato de ter sentidos distintos possibilita que os atores, tão diferentes, pareçam em determinado
momento compartilhar os mesmos ideais e se unam para resolver problemas que não poderiam ser enfrentados
por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, isoladamente.
Em poucas palavras, busca-se tratar o princípio de forma crítica e reflexiva, o que permite entender a realidade e
tentar desempenhar ações transformadoras.
3 A integralidade
O indivíduo aqui é agente (ou seja, é um sujeito histórico e social que tem potencial de transformar a realidade.),
por isso, pode e deve propor e opinar a respeito de decisões coletivas, sociais, para cuidar de si, de sua família e
da coletividade.
Nas palavras de Góz (2009, p. 16):
- -4
Para que seja possível a realização de uma prática que atenda à integralidade, precisamos exercitar
efetivamente o grupo, desde o processo de formação do profissional dedeterminada área.
É preciso estabelecer estratégias de aprendizagem que favoreçam o diálogo, a troca, a
transdiciplinaridade entre os distintos saberes formais e não formais que contribuem na promoção
do bem-estar em âmbito individual e coletivo.
4 A essa altura, você deve estar se perguntando...
...de que forma a concepção de integralidade se relaciona com as questões da Segurança Pública?
Dito de outra forma, para Góz, então, a integralidade não pode se resumir apenas a atitude de certos
profissionais.
Ela deve ser a marca da maneira de organizar o processo de trabalho com o objetivo de aperfeiçoar o seu
impacto social.
No que diz respeito à organização dos serviços, a ideia de integralidade aplica-se às respostas do poder público
aos problemas sociais.
Então, vejamos o que afirma Góz (2009, p. 17):
No caso da Segurança Pública, é possível reconhecer alguns traços de semelhança, algumas
analogias, alguns fios que articulam todos esses sentidos.
Quer tomemos a integralidade como princípio orientador das práticas, quer como princípio
orientador da organização do trabalho ou da organização das políticas, integralidade implica uma
Fique ligado
Pelo que foi mencionado, verificamos que a integralidade tem a ver com a educação e a
formação permanente que possam estimular o diálogo entre as equipes de profissionais.
Assim, para prestar uma atenção totalizadora, holística, o agente precisa crer que será
protagonista em realizá-la também individualmente. Contudo, se a integralidade depende da
atitude dos profissionais, é função também, em grande medida, da incorporação ou de
redefinições mais radicais dos grupos.
- -5
recusa ao reducionismo, bem como um recusa à fragmentação das esferas sociais e humanas
(familiar, social econômica, cultural e religiosa), uma recusa à objetivação dos sujeitos e talvez uma
afirmação da abertura para o diálogo.
5 Visão holístico-ecológica
Nesta linha de raciocínio, então, a integralidade possibilita o entendimento de que o profissional que trabalha
diretamente com os seres humanos deve ter uma visão holístico-ecológica tanto na produção do conhecimento
como na prestação de serviços ou no resgate da participação nos contextos.
Se o elemento integralidade está inserido na consciência crítica dos profissionais e da comunidade, mesmo em
um contexto complexo e de constante interação, acaba por possibilitar ações transformadoras e integradas.
Deixando de lado as explicações mais teóricas, vamos tentar observar o que foi mostrado até aqui de forma mais
concreta.
De que forma a política de Segurança Pública opera hoje no Brasil?
Pode-se assumir que é por meio de diretrizes e princípios, utilizando estratégias que possibilitam uma nova
forma de compreender e lidar com a complexidade do tema, o que depende da estruturação de modelos
orientados pela perspectiva da integralidade entendida não somente em relação à apreensão integral do sujeito,
mas também aos novos valores e dispositivos técnicos.
Conforme o que ensina Góz (2009, p. 19) pode-se observar, analisar e pesquisar algumas características do
sistema de Segurança Pública.
São elas:
• A integralidade e missão da Segurança Pública em novas lógicas, diretrizes e princípios;
• Necessidades formativas para a construção de novos perfis profissionais no campo da Segurança Pública;
• Diretrizes lógico-pedagógicas para a construção de projetos, programas e ações na perspectiva da 
integralidade para efetivação do Sistema Único de Segurança Pública.
6 Novos Modelos de Segurança
Novos modelos de segurança
O que vem sendo buscado na construção de novos modelos de segurança é a integralidade como um operador
teórico e prático.
Desta forma, a ideia de integração, na Segurança Pública proposta no SUSP e na Constituição Federal de 1988, é
um projeto político e ético em construção. O Sistema Único de Segurança Pública, ou SUSP, foi proposto pelo
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Governo Federal em 2003, como uma das principais ações do novo Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP).
Analisaremos mais detalhadamente esse sistema na próxima aula, quando trataremos da gestão integrada e
comunitária, verificando quais são os mecanismos de Estado que favorecem a sua implantação.
As maneiras como a integralidade é dita e praticada são processos de impulsionamento para gestões cuja
possibilidade de mobilização das partes acaba por afetar o desenvolvimento das organizações, pois se
pensarmos em uma lógica sistêmica, devemos observar que o comportamento de uma esfera implica
necessariamente em mudanças no funcionamento do sistema como um todo.
7 Abordagem das experiências de cooperação e integração
Se pensarmos em termos de política internacional, o fato de que a cooperação entre Estados tende a minimizar o
risco de conflitos é o pressuposto para a abordagem das experiências de cooperação e integração.
O processo de integração regional como processo estratégico de enfrentar problemas que isoladamente não
seriam solucionados pode ser visto como um modo de cooperação entre Estados.
Desta forma, a cooperação contribui para o estabelecimento de objetivos comuns entre parceiros.
Os sistemas de integração são complexos e exigem cooperação em ações e lideranças.
A integração se alimenta da colaboração, em um processo decisório consensual, com intercâmbio de informações
e padrão de desempenho.
De acordo com Góz (2009, p.20):
Ao falarmos em integralidade evocamos o conceito de segurança cidadã citado no Relatório de
Atividade de Implantação do Sistema Único de Segurança Pública e suas nuances na “situação
política e social, de segurança integral e cultura da paz, em que as pessoas têm legal e efetivamente
garantido o gozo pleno de seus Direitos Humanos, por meio de mecanismos institucionais eficientes
e eficazes, capazes de prever, prevenir, planejar, solucionar pacificamente e controlar as ameaças, as
violências e coerções ilegítimas”.
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8 Gabinetes de Gestão Integrada
No campo da Segurança Pública, os Gabinetes de Gestão Integrada (GGIs) são instrumentos capazes de criar
espaços que geram modos e lógicas de integração colegiada, por meio de uma pedagogia de mudança de atitudes
que levam os operadores do sistema de segurança a não mais reproduzirem práticas que tragam certos níveis de
sensação de insegurança.
A integralidade traz um dispositivo para consolidar a forma colegiada de promover a Segurança Pública quando
favorece a adoção de medidas efetivas de controle e de prevenção da violência e da criminalidade no Brasil.
Dito de outra forma, a intervenção do Estado deixa de ser criminalizadora (agindo depois que o crime foi
cometido) e passa a agir também preventivamente, utilizando ações sociais, evitando, muitas vezes, que o crime
ocorra.
Ao reunir gestores de diferentes áreas e instituições do poder público e da sociedade civil organizada, o gabinete
de gestão integrada se torna o espaço de definição estratégica da Segurança Pública no âmbito municipal, dos
consórcios intermunicipais, estadual ou das regiões de fronteiras.
É, portanto, uma ferramenta de gestão cujo objetivo é promover ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e
enfrentamento da violência e da criminalidade, o que aumenta a sensação de segurança da população.
Os Gabinetes de Gestão Integrada, de forma geral, se fundamentam em três eixos:
• O primeiro deles diz respeito à gestão integrada;
• O segundo eixo é a atuação em rede e, por isso, tivemos a necessidade de estudar as redes na aula 
passada;
• E, finalmente, como terceiro eixo, temos a perspectiva sistêmica.
O que queremos dizer com isso?
Vejamos, de forma breve, cada eixo, segundo o encontrado na cartilha Gabinetes de Gestão Integrada Municipal –
GGIM. Brasília, 2009, p.15:
• GestãoIntegrada:
É pautada na descentralização da macro política e atua de forma colegiada nas deliberações e execuções
de medidas e ações conjuntas a serem adotadas para combater a criminalidade e prevenir a violência, no
âmbito local, reunindo os vários segmentos que compõema Segurança Pública. Opera pelo consenso,
sem hierarquia. Isto é, as decisões são tomadas de comum acordo entre os membros, respeitando as
autonomias institucionais dos órgãos que compõem o GGIM.
• Atuação emrede:
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O GGIM pressupõe uma rede de informações, experiências e práticas estabelecidas que extrapolam os
sistemas de informações policiais e agregam outros canais de informações. Além de apresentar um corpo
gerencial plural e multidisciplinar, o GGIM mobiliza toda a população, atuando enquanto espaço de
interlocução com os cidadãos sobre violência e criminalidade. Nesse caso, a ampliação intensa do GGIM
com os fóruns municipais e comunitários de segurança.
• Perspectivasistêmica:
O GGIM concebe em sua estrutura espaços inovadores que aliam informação e tecnologia e planejamento
e gestão na promoção de políticas de segurança. O pleno funcionamento dessa estrutura prevê a sinergia
entre as partes, garantida pelo fluxo de informação–reflexão– ação.
9 Objetivos do Gabinete de Gestão Integrada
A estrutura dos GGIs é baseada em espaços inovadores que aliam informação, planejamento e gestão na
promoção de políticas públicas de Segurança Pública.
Mas o que é necessário para que esta estrutura funcione adequadamente?
Que exista sinergia entre as partes, dada pelo fluxo mencionado, de informação-reflexão-ação.
Assim, é válido afirmar que os Gabinetes de Gestão Integrada não devem se constituir em organismos
meramente formais, mas atuar com efetividade na busca de resultados, pois seu objetivo geral é:
“Promover a atuação conjunta, de forma sinérgica, dos órgãos que integram o Gabinete de Gestão
Integrada, visando à prevenção e ao controle da criminalidade nos Estados membros”
(Texto-base da CONSEG, p. 23).
10 Participação social nos GGIs
É importante ressaltar que o GGI busca discutir e deliberar, por meio de consenso, sobre questões, estratégias e
ações em Segurança Pública, sem hierarquia e com respeito à autonomia das instituições que o compõem.
Cabe aqui indagar: qual é o papel da participação social nos GGIs?
Vimos que a Segurança Pública, atualmente, é concebida como responsabilidade coletiva e cada cidadão tem o
direito e o dever de participar da construção de sua própria segurança.
•
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Os fóruns municipais e comunitários de segurança são canais de interlocução entre a população e os operadores
da Segurança Pública e contribuem para a mobilização social na defesa do direito à segurança, ao analisar e
discutir estratégias de atuação.
Os GGIs devem interagir intensamente com os fóruns municipais e comunitários de segurança para a
constituição das políticas preventivas de Segurança Pública.
Na pauta das discussões, os vários setores organizados da sociedade tratam de temas relativos ao exercício da
cidadania, ao identificar demandas da população, métodos de ações preventivas e resultados pretendidos.
É essa ação participativa que legitima a tomada de decisão e norteia o GGI na adoção de medidas que realmente
atendam ao interesse público e garantam a criação e reprodução de uma verdadeira cultura de paz.
A participação da sociedade é fundamental para o sucesso de ações nesse âmbito e deve ser prestigiada e
incentivada pelo poder público.
Em nosso próximo encontro, analisaremos as relações entre o Estado e a Gestão Integrada e Comunitária.
Para tanto, veremos quais são os mecanismos passíveis de serem utilizados pelo poder público para favorecer a
implantação da GIC no âmbito da Segurança Pública.
Até lá!
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Estado e gestão integrada e comunitária.
• Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária no âmbito da 
Segurança Pública.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu os princípios e os fundamentos da gestão integrada e comunitária;
• Aprendeu a reconhecer a importância da integralidade para a efetividade e a eficácia das políticas 
públicas, de forma geral;
• Analisou as relações entre a concepção de integralidade com os problemas de Segurança Pública;
• Verificou que os Gabinetes de Gestão Integrada representam a possibilidade de cooperação e integração 
a serviço da Segurança Pública.
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FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
O ESTADO E A GESTÃO INTEGRADA E 
COMUNITÁRIA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Identificar os mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada no âmbito da
Segurança Pública;
2- Reconhecer o Sistema Único de Segurança Pública como indutor dos gabinetes de gestão integrada municipal,
estadual e de fronteiras;
3- Avaliar o papel dos entes federados no Sistema Único de Segurança Pública.
1 Introdução
Neste encontro, veremos de que modo o Estado, como poder público, pode favorecer a implantação de
mecanismos de gestão integrada no que diz respeito à Segurança Pública.
Estudaremos também as características do SUSP e como ele funciona como indutor, entre tantas outras políticas,
da gestão integrada na Segurança Pública.
Estudaremos também o Pronasci e como este programa fomentou a criação de diversos gabinetes de gestão
integrada no Brasil inteiro, ao tornar a sua implantação uma condição para o recebimento de recursos federais.
Finalmente, analisaremos o papel dos entes federados para a Segurança Pública e, mais especificamente, para a
implantação da gestão integrada.
Vamos começar?
2 As políticas públicas e a integralidade
Já sabemos que a Segurança Pública é um direito e uma responsabilidade de todos. Dito de outra forma, não se
trata apenas de tarefa do Estado/poder público, mas de cada cidadão.
Atualmente escuta-se muito falar em políticas públicas de Saúde, de Segurança, de Desenvolvimento Social.
Mas, o que vem a ser política pública?
Como em quase todos os temas das Ciências Sociais, não existe um definição única e nem sempre podemos dizer
que uma seja a mais correta dentre todas as outras.
Alguns autores afirmam que políticas públicas são ações ou inações governamentais relativas às coisas
concernentes aos cidadãos, à sociedade.
• Monetária•
- -3
• Monetária
• Educacional
• Saúde
• Desenvolvimento social
• Segurança
• Agrícola
Para os fins de nosso estudo, vejamos o que diz Potyara Pereira.
Política pública não é sinônimo de política estatal. A palavra ‘pública’, que acompanha a palavra
‘política’, não tem identificação exclusiva com o Estado, mas sim com o que em latim se expressa
como res publica, isto é, coisa de todos, e, por isso, algo que compromete simultaneamente, o Estado
e a sociedade.
Em outras palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando
representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre
os atos e decisões do governo e do mercado.
É o que preferimos chamar de controle democrático exercido pelo cidadão comum, porque é controle coletivo,
que emana da base da sociedade, em prol da ampliação da democracia e da cidadania.
3 O Sistema Único de Segurança Pública
O SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) foi lançado em abril de 2003 e é um esforço do Governo Federal
para elaborar uma política de âmbito nacional, unificada, para a área da Segurança.
O SUSP criado no âmbito da Política Nacional de Segurança Pública – PNSP-, visa promover uma maior
organicidade e cooperação entre as instâncias federal, estadual e municipal no que se refere à implementação de
políticas de Segurança Pública e Justiça Criminal em todo o país.
Seu objetivo é integrar e articular, de forma prática, as ações das polícias federais, estaduais, distrital e guardas
municipais, preservando a autonomia das instituições envolvidas.
4 Introdução
A partir da implantação do SUSP, começou-se a discutir, de forma mais consistente e sistemática, qual o papel
dos municípios no sistema de Segurança Pública.
Diante da estrutura federativa brasileira, sobressai-se a vocação primordial do município para aprevenção da
violência e criminalidade, resguardando-se as competências legais.
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É no município que as pessoas residem, é no município que acontecem os problemas e as soluções, assim como é
no município – poder público mais próximo do cidadão – que a comunidade procura a solução para os problemas
que a aflige.
Não é mais possível a continuidade de uma política reativa, pautada em um modelo tradicional de Segurança
Pública que priorize unicamente o acréscimo de armamentos e efetivos policiais, visto que tais medidas
apresentaram-se insuficientes para a redução da criminalidade.
O SUSP opera com as seguintes convicções:
• não há política de Segurança sem gestão;
• a política de Segurança deve ser pautada nos Direitos Humanos;
• a política de Segurança implica articulação sistêmica das instituições.
5 Os eixos do Sistema Único de Segurança Pública
Vejamos agora, os 6 eixos do Sistema Único de Segurança Pública.
Gestãounificada da informação
Uma central recebe todas as demandas relativas à área da Segurança Pública. A coleta de informações deverá
auxiliar na redução da violência e na prevenção ao crime.
Gestão dosistema de segurança
Delegacias com perícia, polícia civil e polícia militar deverão ser implantadas para cuidar de determinadas áreas
geográficas das cidades.
Formação eaperfeiçoamento de policiais
Os policiais civis e militares serão treinados em academias integradas. A Secretaria Nacional de Segurança
Pública tem um setor de formação e aperfeiçoamento que já está trabalhando nos currículos das academias para
definir o conteúdo desses cursos de formação que levarão em conta sempre a valorização profissional.
Valorizaçãodas perícias
Essa fase da investigação de crimes receberá atenção especial.
Prevenção
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Ações concretas para a prevenção e redução da violência nos estados serão prioritárias. A Polícia Comunitária
terá papel fundamental nesse processo.
Ouvidoriasindependentes e corregedorias unificadas
Serão criados órgãos para receber as reclamações da população e identificar possíveis abusos da ação policial. A
corregedoria vai fiscalizar os atos dos policiais civis e militares, o objetivo é realizar o controle externo sobre a
ação da Segurança Pública nos estados.
6 O SUSP e o respeito ao pacto federativo
Da mesma forma que o SUSP prevê a integração entre as diferentes forças de Segurança Pública, existe um
empenho para integrar os diversos federados no sentido de somar esforços, minimizar o retrabalho e otimizar os
resultados.
Sabe-se que à luz do pacto federativo, a União não pode obrigar os outros entes a agirem de determinado modo,
mas, pode e deve fomentar e induzir a práticas que se mostraram exitosas em oportunidades anteriores e em
outros lugares.
Por meio de políticas públicas e fornecendo princípios e diretrizes, é possível envolver os municípios, os estados
e o Distrito Federal em novas concepções acerca da Segurança Pública e das formas de tratá-la.
7 O Pronasci e a gestão integrada
O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi instituído pela Lei nº 11.530 de 24 de outubro de 2007 e
considerado um novo paradigma de Segurança Pública, que estava baseado em 2 grandes inovações.
Articulação entre ações de segurança e ações de natureza sociais e preventivas, atuando nas raízes socioculturais
da violência e da criminalidade, por meio do fortalecimento dos laços comunitários e das parcerias com as
famílias, sem abdicar das estratégias de ordenamento social e repressão qualificada.
Fomento de uma agenda federativa compartilhada, com o envolvimento de todos os entes, acrescentando, ao
papel basilar dos estados, o governo federal, com indução de políticas de financiamento, e os municípios, com
papel ativo nas ações de prevenção.
Afirmamos que o Pronasci foi visto como uma inovação e, sabe por qual motivo?
O programa buscava a promoção de um projeto de inclusão e fortalecimento da coesão social por meio do
empoderamento das relações entre operadores de segurança e sociedade civil e do acesso a um Estado
qualificado.
- -6
Seu papel era garantir direitos fundamentais do cidadão e oferecer uma resposta a um contexto de tensão social
do país, com altos índices de criminalidade e violência, atingindo os indivíduos mais jovens, rompendo com um
modelo ultrapassado de política de Segurança Pública e buscando desenvolver ações que evitem que o crime
aconteça sem deixar de lá, é óbvio, a repressão.
Vejamos agora as ações dos 3 objetivos de atuação que o programa previam.
• Territorial: atuando em regiões urbanas com altos índices de criminalidade;
• Etário: priorizando a juventude, particularmente grupo de jovens entre 15 e 24 anos que vivem às 
margens da criminalidade e/ou tiveram conflitos com a lei;
• Policial: favorecendo a formação e a valorização das forças de segurança.
8 Pronasci
O Pronasci trabalhou com a concepção de que a sociedade deve formar cidadãos e criar condições para reduzir a
vulnerabilidade social.
Neste ponto, você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com os Fundamentos da Gestão Integrada
e Comunitária, não é?
Na próxima parte você entenderá porque é impossível falar sobre a Gestão Integrada em Segurança Pública sem
mencionar o Pronasci e vice-versa.
Vamos lá?
9 O Pronasci e os GGIs
Os Gabinetes de Gestão Integrada passaram a ser a forma gerencial do Pronasci, sobretudo em sua forma de
Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM).
A partir do momento em que começaram a se configurar como a principal ferramenta de gestão do PRONASCI,
esses gabinetes deviam garantir a sua viabilidade operacional ao reunir diversas instituições que incidem sobre
a política de segurança, promovendo ações conjuntas e sistêmicas de prevenção e enfrentamento da violência e
da criminalidade e aumentando a sensação de segurança por parte da população e a valorização dos servidores
públicos que atuam na área de segurança em todas as esferas.
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Fique ligado
Os GGIs evitam o isolamento e a fragmentação dos vários segmentos que compõem a área da
segurança pública não devendo, por isso, se constituir em organismos meramente formais,
mas, antes, atuar com efetividade na busca de resultados.
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Agora veremos o papel dos entes federados na gestão integrada da Segurança Pública.
Os entes federados são a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios.
De acordo com o texto constitucional, cada ente tem um papel no que diz respeito à administração pública do
país.
Vejamos a seguir quais são esses papéis em relação à Segurança.
10 O Estado
Quando se pensa em Segurança Pública no Brasil, pode-se afirmar que aos estados cabe a organização e a
manutenção das polícias, tanto a preventiva, como a da judiciária. O próprio texto constitucional prevê que as
polícias fiquem com essa incumbência.
Os estados participam do SUSP por meio de um protocolo de intenções assinado pelo governador e pelo Ministro
da Justiça.
A partir de então, cria-se um Comitê de Gestão Integrada do qual participam:
• O secretário estadual de Segurança Pública (ou seu equivalente), como coordenador;
• Representantes da Polícia Federal;
• Polícia Rodoviária Federal;
• Polícia Civil;
• Guardas Municipais.
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Conta-se também com a cooperação do Ministério Público e do Poder Judiciário. O comitê deve buscar o
consenso para definir as ações, sobretudo ao que se refere ao enfrentamento do crime organizado em suas
diversas modalidades.
• Tráfico de drogas
• Tráfico de armas
• Contrabando
• Lavagem de dinheiro
• Pirataria
As decisões do comitê estadual, então, são transmitidas a um gestor nacional, o possibilitando que boas práticas
implantadas em determinado estado possam ser levadas a outros. Além disso, também cabe ao comitê definir as
prioridades para investimentos federais na área.
11 O Município
A partir da Constituição de 1988 os municípios passaram a ser considerados como entes federados e, por isso,
nos últimos anos, a ter um mais destaque nos debatessobre Segurança Pública e prevenção da violência por se
tratar, justamente, da instância governamental mais próxima dos problemas concretos vividos pelos cidadãos.
Frente a este novo cenário, alguns dos municípios brasileiros passaram a repensar suas políticas sociais e
urbanísticas, buscando incorporar a dimensão da prevenção da violência através da implantação de políticas
integradas em nível local, estadual e federal.
Para tanto, viram-se diante do desafio de criar, ampliar e mesmo repensar uma de suas importantes instituições
para este fim: a Guarda Municipal.
Os municípios possuem um grande desafio: desenvolver projetos concretos de prevenção e alcançar, com eles,
reduções significativas nas taxas de criminalidade e nas ocorrências violentas.
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Fique ligado
O contexto sociopolítico contemporâneo sinaliza para o desafio de reestruturar o papel desta
organização no Estado Democrático de Direito.
Este empreendimento requer inúmeros esforços no sentido de ampliar os debates sobre o
tema, tornando-o cada vez mais acessível à municipalidade brasileira que busca, em conjunto
com a sociedade local, assumir o seu papel na construção da tão propagada Segurança Pública
para todos.
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É perfeitamente possível alcançar estes resultados. A experiência internacional e alguns exemplos, em nosso
próprio país, o demonstram suficientemente. Para isso, entretanto, é preciso trabalhar com seriedade e
profissionalismo, articulando as ações o mais amplamente possível com todos os interessados e com as
entidades parceiras.
A partir de 2003, com o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), este movimento se aprofunda e o município
ganha um destaque ainda maior no que se refere à consecução de políticas locais, integradas e participativas de
prevenção do crime e da violência.
Neste sentido, a arquitetura institucional do Sistema Único de Segurança é responsável pela produção de
importantes documentos de referência para que as prefeituras se ajustem a este novo cenário.
12 Conclusão
Em nossa próxima aula, veremos que existem metodologias cujo objetivo é a busca de soluções orientadas por
problemas aplicados à Segurança Pública.
Como exemplo, analisaremos o Método IARA que possui 4 etapas, isto é, identificação, análise, resposta e
avaliação. Mas, conforme dissemos, este é o assunto para o nosso próximo encontro.
Aguarde!
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Metodologias para busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública;
• O Método IARA: Identificação, Análise, Resposta e Avaliação.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou a relação entre políticas públicas e integralidade;
• Compreendeu a definição de Pacto Federativo e a ideia de autonomia entre os entes federados;
• Verificou a diferença entre unificação e integração prática;
• Analisou a importância do município na gestão integrada da Segurança Pública.
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FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
METODOLOGIA PARA A BUSCA DE 
SOLUÇÕES ORIENTADAS POR PROBLEMAS 
APLICADOS À SEGURANÇA PÚBLICA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Estudar uma metodologia para a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança Pública;
2- Estudar o Método IARA.
Nesta ocasião, analisaremos o Método IARA: Identificação, Análise, Resposta e Avaliação utilizado para a
resolução de problemas tanto pelas iniciativas de polícia comunitária como em ações consensuadas dentro dos
Gabinetes de Gestão Integrada. Veremos que este método foi criado na década de 1970, nos Estados Unidos, por
profissionais de Segurança Pública e pesquisadores e, por permitir um tratamento racional para fatos de ordem
violenta e criminosa, tem sido amplamente utilizada no Brasil. Analisaremos, então, as suas fases, sempre
ressaltando instrumentos e detalhamentos utilizados pela polícia comunitária.
1 Introdução
Vimos que a sociedade organizada e os órgãos governamentais podem e devem se unir para buscar soluções
para as questões da Segurança Pública. Há, neste sentido, uma importante metodologia chamada Método IARA,
muito utilizada pelas iniciativas de Polícia Comunitária e faz parte do POP (Policiamento Orientado para o
Problema).
O método IARA foi desenvolvido por policiais e pesquisadores na década de 1970, nos Estados Unidos e, lá,
chama-se SARA.
2 Método IARA – fases
Existem algumas variações, detalhando mais cada fase do método IARA, contudo, da forma que será
apresentado, é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os agentes que atuam na atividade
de policiamento e não compromete a eficiência e a eficácia do serviço apresentado pelo Policiamento Orientado
para o Problema, assim como não contradiz outros métodos, por isso, muitas vezes, ele é adotado como
referência.
• 1ª fase -Identificação (Scanning)
• 2ª fase -Análise (Analysis)
• 3ª fase -Resposta (Response)
• 4ª fase - Avaliação (Assessment)
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3 Método IARA – premissas
O método IARA é tradicionalmente conhecido como metodologia de resolução de problemas e tem as seguintes
premissas:
• Identificação de problemas locais
• Análise do problema
• Divisão de responsabilidades
• Acompanhamento das medidas adotadas para a sua solução
Estas quatro premissas são as fases que dão origem ao nome IARA, isto é, Identificação, Análise, Resposta e
Avaliação.
4 As atividades a serem executadas nas etapas do método 
IARA
Vejamos agora as atividades envolvidas em cada uma das etapas do método IARA.
• Identificação
Como identificar um problema de segurança relevante para o município e para a população?
• Análise
Quais são as causas deste fenômeno?
Que instituições integrantes do GGIM possuem informações sobre a dinâmica deste fenômeno?
• Resposta
Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar sobre as causas deste fenômeno?
Como as instituições integrantes do GGIM podem atuar para reduzir os efeitos deste fenômeno?
Qual seria o desenho de um plano de ação que viabilizasse o tratamento desta questão?
• Avaliação
As medidas constantes no plano de ação geraram o efeito pretendido?
5 1ª Fase: Identificação
A primeira fase é aquela na qual os integrantes do GGIM (Gabinete de Gestão Integrada Municipal) apresentam
os diversos problemas vivenciados pelo município na esfera da Segurança Pública.
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Seu principal objetivo é conduzir um levantamento preliminar para determinar se o problema realmente existe e
se é preciso realizar uma análise adicional.
6 1ª Fase: Identificação – Elegendo as prioridades
A partir do momento em que os problemas são identificados, os integrantes do Gabinete de Gestão Integrada
devem eleger prioridades e a questão norteadora deve ser:
“Entre todas as questões apontadas, qual deve ser trabalhada prioritariamente?”.
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, são exemplos de problemas a serem
analisados:
• Uma série de roubos em uma determinada localidade, venda de drogas, - alcoolismo e desordem em 
local público;
• Roubo e furto de carros;
• vadiagem;
• Alarmes disparando em áreas comerciais;
• Problemas de tráfego e estacionamento;
• Pichação;
• Prostituição de rua;
• Altas taxas de crime;
• Chamadas repetidas em razão de agressões em determinado endereço;
• Entre outros.
Fique ligado
Essa fase também é conhecida como “chuva de ideias” ou “catarse” e sua importância consiste
em permitir que se faça um sumário de questões relevantes tanto para as organizações que
compõem o sistema de Justiça Criminal e Segurança Pública no âmbito local e ainda um
sumário de questões importantes para a própria população, trazidas para o Gabinete de Gestão
Integrada pelo Conselho Comunitário de Segurança.
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7 2ª Fase: Análise
É considerada como o coração do Método IARA, pois é a partir do perfeito conhecimento das causas do problema
que se alcançará uma resposta adequada a sua resolução.
Para realizar a análise do problema, é necessárioque todas as informações sobre as causas sejam
disponibilizadas.
As instituições devem apresentar todo o conhecimento produzido por elas, como mapas, estatísticas, informes de
pessoas que fazem parte dos Conselhos Comunitários de Segurança ou que procuram os serviços da Defensoria
Pública, dentre outros.
Uma maneira de analisar o problema de forma global é identificando:
• Os envolvidos;
• Os horários e os locais da sua ocorrência;
• As vítimas;
• O contexto ecológico de ocorrência como: falta de iluminação, buracos na estrada etc.;
• Os desdobramentos ou não desdobramentos do fenômeno dentro das organizações que compõem o GGI.
Exemplo:
Pode-se utilizar o problema da violência nas escolas para exemplificar esta fase do método IARA. Assim, segundo
Paulo Augusto Souza, é necessário pensar não apenas nos autores, vítimas e locais onde ocorre. É preciso
também levar em consideração que tipo de ocorrência atinge qual escola, quais são os desdobramentos desta
Fique ligado
Como não é simples alcançar consenso, pode-se, por exemplo, escolher três questões e eleger a
problemática prioritária no momento por meio de uma eleição. Com isto, tem-se o início da
segunda etapa, isto é, a análise do problema.
Fique ligado
Uma forma vantajosa de analisar o problema é solicitar que cada uma das instituições do
Gabinete de Gestão Integrada mostre as informações produzidas sobre a questão da ordem do
dia, de modo que o diagnóstico possa ser produzido com o máximo de informações possível.
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violência dentro da Vara da Infância e da Juventude. Somente a partir deste diagnóstico completo é que se pode
passar à fase da Resposta.
Quando o assunto é tratado pela polícia comunitária, utiliza-se o TAP (Triângulo para Análise de Problemas).
Geralmente, em termos de Segurança Pública, para que um problema ocorra, é necessária a presença de três
elementos: um agressor, uma vítima e um local.
Podemos mencionar como vantagens do uso do triângulo o fato dele ajudar os polícias a analisar o crime, sugerir
onde são necessárias mais informações e ajudar no controle e na prevenção do crime.
De acordo com o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária (2009, p. 206):
O relacionamento entre os três elementos (Agressor, vítima e local) pode ser explicado da seguinte
forma: se existe uma vítima e ela não está em um local onde ocorram crimes, não haverá crime; se
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existe um agressor e ele está em um local onde os crimes ocorrem, mas não há nada ou ninguém
para ser vitimizado, então não haverá crime. Se um agressor e uma vítima não estão juntos em um
local onde ocorrem crimes, não haverá crime.
8 3ª Fase: Resposta
Para que as respostas sejam eficientes e efetivas para resolver os problemas de Segurança Pública, é importante
que seu objetivo esteja sobre o cenário construído a partir da análise realizada na primeira etapa.
Depois de efetuado o diagnóstico, realiza-se o plano de ação de acordo com as respostas dadas a cada uma das
questões a seguir:
1- Alvo
Qual o objetivo pretendido com esta resposta?
2- Como 
Como essas ações serão desenvolvidas dentro de cada instituição?
3- Quem
Quais organizações podem realizar as ações necessárias para tratamento da questão?
4- Quando
Quanto tempo cada ação demanda para ser executada?
5- Onde
Em quais locais (em termos geográficos) esta ação será executada?
6- Quanto custa
Quais os custos econômicos, políticos e sociais desta ação?
7- Avaliação
Quais medidas (objetivas) serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?
Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p. 22).
As respostas as oito questões vistas constituem o plano de ação. Com a formatação deste plano, realizado na
reunião do Gabinete de Gestão Integrada, as instituições podem saber de que forma o problema será abordado e
qual seu papel, sua competência e sua responsabilidade na abordagem deste problema.
PLANO DE AÇÃO
Depois da implantação do plano de ação, realiza-se um novo encontro do GGI para avaliação dos resultados
alcançados com as atividades deliberadas anteriormente e consideradas como as respostas apropriadas para o
tratamento do problema de Segurança Pública.
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Vejamos agora como ocorre a avaliação dos resultados alcançados com as atividades deliberadas e consideradas
como as respostas apropriadas para o tratamento do problema de Segurança Pública.
Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p. 
23).
9 4ª Fase: Avaliação
Vamos analisar a oitava questão do plano de ação:
“Quais medidas objetivas serão utilizadas para verificar se esta ação produziu ou não os efeitos esperados?”
Essa questão permite realizar a última etapa da metodologia: a avaliação dos efeitos alcançados a partir da
implementação de determinada política sobre o fenômeno no qual ela pretendia interferir.
Caso o problema seja encaminhado e resolvido da forma esperada, as instituições responsáveis prestam contas e
liberam o GGI para se dedicar a um novo problema.
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Em caso contrário, se a leitura da ata da última reunião levar à conclusão de que o problema não foi resolvido da
forma adequada, deve-se utilizar o método IARA para entender o que ocorreu, entre a tomada de decisão e a sua
implantação, que inviabilizou o tratamento da problemática tal como acordado na reunião do gabinete.
Com o diagnóstico pronto, elabora-se um novo plano de ação para tratar novamente o problema e a sua
efetividade, do ponto de vista dos objetivos pretendidos, deverá ser avaliada na próxima reunião do Gabinete de
Gestão Integrada.
O acompanhamento de cada um dos quadros permite que o Gabinete de Gestão Integrada percorra todos os
passos da metodologia e possa verificar, nas reuniões subsequentes à de deliberação do problema/solução, quais
são as etapas nas quais se encontram problemas para a plena solução.
O preenchimento da planilha contendo as etapas desta metodologia, é uma forma de aplicar o Método IARA.
Clique aqui e conheça a planilha.
Figura 1 - Planilha para aplicação do Método IARA
Fonte: Guia Prático Gabinete de Gestão Integrada Municipal (Série Segurança Humana nº 1 – Ano 1 – 2009, p. 
37).
Quando o tema é tratado pela Polícia Comunitária, as possíveis soluções de problemas podem ser organizadas
dentro de cinco grupos:
Eliminação total do problema
A efetividade é medida pela ausência total dos tipos de ocorrência que o problema criava. É improvável que a
maior parte dos problemas possa ser totalmente eliminada, mas alguns poucos podem;
Redução do número de ocorrências geradas pelo problema:
A redução do número de ocorrências provenientes de um problema é a maior medida de eficácia;
Redução da gravidade dos danos:
A efetividade para este tipo de solução é demonstrada constatando-se que as ocorrências são menos danosas;
Lidar melhor com velhos problemas (tratar maior número de participantes de modo mais humano,
reduzindo os custos, melhorando a capacidade de lidar com a ocorrência):
Promovendo satisfação para as vítimas, reduzindo custos e outro tipo de medida que possa mostrar que este tipo
de solução é efetivo;
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Remover o problema da consideração policial:
A efetividade deste tipo de solução pode ser medida pela observação de como a polícia está lidando
originalmente com o problema e a razão de transferir a responsabilidade para outro. Policiais solucionadores de
problemas frequentemente buscam ajuda da comunidade, outros departamentos da cidade, comerciantes,
agências de serviço social e de qualquer um que possa ajudar.
Fonte: Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária, p. 210
10 Finalizando
Na próxima aula, estudaremos a mobilização comunitária, veremos, então, as técnicas que favorecem a
participação e a mobilização da comunidade no âmbito da Segurança Pública.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Mobilização Comunitária;
• Técnicasque favorecem a participação e a mobilização da comunidade no âmbito da Segurança Pública.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Estudou uma metodologia para a busca de soluções orientadas por problemas aplicados à Segurança 
Pública;
• Conheceu e analisou o Método IARA.
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FUNDAMENTOS DA GESTÃO INTEGRADA 
E COMUNITÁRIA
A MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer a mobilização comunitária;
2- Analisar as técnicas que favorecem a participação e a mobilização da comunidade no âmbito da Segurança
Pública;
3- Reconhecer as relações entre mobilização comunitária e gestão integrada em Segurança Pública.
Nesta aula, vamos relembrar aspectos relativos à mobilização comunitária. Dizemos relembrar porque já
abordamos este assunto na segunda aula da Disciplina Mobilização Comunitária. Partiremos, então, da definição
do termo, passaremos pela noção de redes sociais e veremos as relações entre mobilização comunitária e
Segurança Pública. Para terminarmos o nosso estudo, faremos a relação entre mobilização comunitária e gestão
integrada da Segurança Pública.
1 Mobilização Comunitária
Nesta aula, vamos relembrar definições e ideias já abordadas em outras oportunidades, mas que são bastante
necessárias para entendermos o conteúdo a ser tratado nesta disciplina, isto é, a gestão integrada e comunitária
da Segurança Pública.
Vamos começar?
2 Mobilização Comunitária – Relembrando
Para começar, vamos rememorar o que é mobilização comunitária?
Vimos que as passeatas e os mutirões podem ser eventos resultantes dela, mas, absolutamente, não a definem.
Segundo o verbete do Dicionário de Ciências Sociais (1987, p.771),
“a mobilização social comporta a incorporação de indivíduos, grupos ou classes sociais a um
movimento social”.
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Para que possamos dizer que existe mobilização social de fato, é preciso que pessoas, comunidades ou
sociedades se aglutinem para decidir e agir em direção a um objetivo comum, na busca cotidiana por resultados
decididos e desejados por todos.
Lembre-se que os indivíduos devem possuir o poder de decidir se querem ou não participar de determinado
movimento.
Em uma democracia, ninguém pode ser obrigado a se associar, pois caso isso ocorra, será a sua própria negação.
3 Ambiente democrático
A participação em um ambiente democrático pressupõe que os indivíduos se concebam como responsáveis pelos
destinos da comunidade e como parte importante na geração e consolidação de mudanças.
Mobilizar, então, nesse sentido, é orientar para algum objetivo ou projeto duradouro, o que exige dedicação
contínua para produzir resultados no cotidiano ou no longo prazo.
Organização ou mobilização comunitária é o mesmo que unir problemáticas diferentes e pessoas diferentes para
realizar objetivos comuns e isso é muito diferente de apenas convocar pessoas para comparecerem em reuniões.
É, ao contrário, um processo contínuo de capacitação de membros da comunidade, oportunidades nas quais o
cidadão é incentivado a participar de decisões que se relacionam a assuntos pertinentes à qualidade de vida da
sua localidade, região ou bairro.
Fique ligado
Podemos concluir que mobilização social e movimento social são coisas diferentes, sendo a
mobilização um fator integrante do movimento, ou seja, é a ação social que os quadros e as
massas correspondentes desempenharão tanto para realizar imediatamente o seu programa,
como para aumentar gradualmente as bases do poder.
A mobilização social depende do caráter do movimento social ao qual corresponde e dos traços
distintivos da sociedade, grupo ou comunidade.
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4 A mobilização comunitária e as redes sociais
Já estudamos a importância das redes sociais para a mobilização comunitária e, é importante lembrar o que
Marteleto (2001) nos diz sobre o assunto: o termo ‘rede’ pode significar sistema de nodos ou elos, estrutura sem
fronteiras, comunidade não geográfica, um sistema de suporte ou um sistema físico que se pareça com uma
árvore ou uma rede.
Podemos considerar que “rede social” é um conjunto de participantes autônomos que unem ideias e recursos em
torno de valores e interesses compartilhados.
5 O estudo das redes
Hoje, quando ouvimos falar de redes sociais, logo nos vem à cabeça aplicativos para computadores e
smartphones que permitem ampla
comunicação com pessoas do planeta inteiro, compartilhando fotografias, filmes, palavras, músicas, idéias e
ideologias, interesses, etc. No entanto, não é sobre este tipo específico de redes sociais que trataremos aqui.
O estudo das redes mostra que as pessoas (Indivíduos plenos de recursos e capacidades propositivas) organizam
as suas ações nos espaços políticos em função das socializações e mobilizações geradas pelo próprio
desenvolvimento das redes.
Segundo Marteleto (2001, p.72),
Mesmo nascendo em uma esfera informal, de relações sociais, os efeitos das redes podem ser
percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições
representativas. Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária.
Fique ligado
É relevante saber que, quando se trata de redes sociais, privilegiam-se os elos informais e as
relações, em detrimento das estruturas hierárquicas.
Hoje, o trabalho informal em rede, é uma forma de organização bastante presente em nossa
vida cotidiana e nos diferentes níveis de estrutura das instituições modernas.
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6 Como se estruturam as redes?
Pode-se assegurar que as redes são compostas por indivíduos, grupos ou organizações e sua dinâmica está
comprometida com a perpetuação, consolidação e desenvolvimento das atividades de seus integrantes.
Quando em espaços informais, as redes são oriundas da tomada de consciência de uma comunidade de
interesses e/ou de valores de seus membros.
Os aspectos mais significativos, no que diz respeito ao desenvolvimento das redes, são aqueles relativos aos
níveis de organização social-global, nacional, estadual, local e comunitário.
A despeito do tipo de questão que procura responder e de, muitas vezes ser informal, não hierárquica e
espontânea, a participação em redes deste tipo envolve direitos, responsabilidades e diversos níveis de tomada
de decisão.
Diversamente do que ocorre com as instituições, nas redes nem sempre encontramos um centro hierárquico e
uma organização vertical. Então, as redes são, frequentemente, definidas pela quantidade e qualidade dos elos
entre os diferentes membros e também orientadas por uma lógica associativa.
A característica de sua estrutura é ser extensa e horizontal, mas, ao contrário do que se possa supor, esse traço
não exclui relações de poder e de dependência nas associações internas e nas interações com unidades externas.
7 Mobilização comunitária e Segurança Pública
Como já pudemos perceber por tudo o que foi posto, a mobilização comunitária é importante no sentido de
resolver problemas comuns de forma democrática em diversos âmbitos da vida social.
No que diz respeito à Segurança Pública, a mobilização comunitária deve abranger também as forças de
Segurança Pública presentes na comunidade. As políticas de segurança devem envolver todas as agências, sejam
públicas ou privadas. A estruturação das atividades em rede garante a realização de um trabalho racional no
qual o esforço de cada instituição complementa o esforço das demais. Dito de outra forma, a relação a ser criada
é de complementaridade e jamais de concorrência.
Se cabe ao Estado (Poder público) aperfeiçoar e capacitar as forças de segurança para fazer cumprir a lei, é dever
dos cidadãos colaborar de forma ativa com as forças de Segurança Pública para torná-las mais eficientes.
8 Prevenção do crime
O medo do crime, já sabemos, afasta os indivíduos de atividades fora de suas casas e aumenta o isolamento entre
as pessoas.
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De acordo com o Guia para a Prevenção do Crime da Violência (Secretaria Nacional de Segurança Pública do
Ministério da Justiça), o resultado da dinâmica

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