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O profissional da voz é o indivíduo que depende da produção e da qualidade vocal para sua profissão. Cantores, atores, professores, profissionais de telemarketing são alguns dos profissionais que requerem o uso da voz. Dentro da voz profissional existe a voz artística e não artística, sendo ela a artística por exemplo a de um cantor que desenvolve uma qualidade vocal típica, com ajustes preferidos de acordo com o estilo musical. Exemplo de voz não artística é o professor, pois apesar de uma enorme demanda vocal a que é submetido, não necessita da dimensão artística em sua qualidade vocal. Na literatura é possível observar a diferenciação nos termos uso profissional e no uso ocupacional. Enquanto o uso profissional da voz pressupõe a necessidade de ajustes específicos e diferentes dos empregados na emissão habitual do indivíduo, o uso ocupacional da voz geralmente não é precedido por nenhum preparo para responder adequadamente as demandas de quantidade e intensidades vocais Diferenças entre a voz falada e voz cantada Há duas modalidades básicas de voz profissional, a voz falada e voz cantada. A voz falada é em geral natural e inconsciente, não necessitando de ajustes ou treinamento prévio, enquanto que a voz profissional, particularmente a cantada, exige treinamento e adaptações prévias específicas e conscientes. A emissão da voz falada geralmente prima pela transmissão da mensagem com a necessidade de articulação precisa para a transmissão do conteúdo verbal, a voz cantada tem no controle de sua qualidade, a sua principal caracterização ser observada a redução articulatórias, prolongamentos vocais e introdução de recursos específicos como o vibratório e o formante do cantor. Segundo Behlau e Rehder os parâmetros diferenciais mais comuns são a respiração, fonação, ressonância e projeção de voz, qualidade vocal, vibrato, articulação dos sons e da fala, pausa e postura corporal. E Além desses fatores ressalta que a relação entre entre emoção emoção a voz é muito diferente entre a voz falada não profissional e a voz profissional tanto falada quanto cantada. Respiração Na voz falada, a respiração é natural e o ciclo respiratório completo varia de acordo com as emoções e o comprimento das frases. A inspiração é relativamente lenta e nasal nas pausas longas, sendo mais rápida e bucal durante a fala; o volume de ar utilizado é médio e apenas nas situações de forte intensidade há maior mobilização da caixa torácica. Ocorre pequena movimentação pulmonar durante a tomada de ar, com pouca expansão torácica. A saída de ar na expiração é um processo passivo. O ciclo respiratório durante a voz falada é um dos parâmetros que mais se altera frente a emoções, a mudança mais comum está relacionada com o ritmo inspiração/expiração. Na voz cantada, a respiração é treinada e os ciclos respiratórios são pré-programados de acordo com as frases musicais. A inspiração é muito rápida e bucal e o volume de ar utilizado é maior. Ocorre grande movimentação dos pulmões na tomada de ar, com expansão de todas as paredes do tórax. O controle da expiração é ativo, mantendo a caixa torácica expandida durante o maior tempo possível. Existem duas técnicas respiratórias principais, que são belly in e belly out. Na técnica belly in a barriga pra dentro, a parede abdominal fica contraída durante o canto. Belly out, barriga pra fora, a parede abdominal fica distendida ao longo da emissão. A técnica respiratória não tem poder de definir a qualidade técnica de um cantor. Fonação Na voz falada, as pregas vocais fazem ciclos vibratórios com o cociente de abertura levemente maior que o de fechamento. Produz-se uma série relativamente regular de harmônicos, teoricamente infinita, porém em média 20 deles são suficientes para oferecer a identidade de uma vogal. Na fala, o atrito da mucosa das pregas vocais é bastante aumentada nas situações de Tutorial 5 → Diferença entre voz falada e voz cantada pigarro, tosse ou ataque vocal brusco e podem ocorrer instabilidades ocasionais, sem que isso comprometa a comunicação do indivíduo. Na voz cantada popular, pode não haver nenhuma diferença nos ciclos fonatórios , ou pode ainda haver modificações excepcionais nos cocientes de fechamento e abertura dos ciclos vibratórios. No canto o atrito da mucosa nas pregas vocais é reduzido e os atos de pigarrear e tossir são inadmissíveis. A ênfase não é feita com ataque vocal brusco, mas sim com mudança da tensão nas estruturas e nuanças discretas de frequência e intensidade. Ressonância e projeção de voz A ressonância, na voz falada, é geralmente média, em condições naturais do trato vocal, sem uso particular de alguma cavidade e sem a necessidade de grande projeção vocal. Quando necessária projeção vocal, geralmente inspira-se mais profundamente, abre-se mais a boca e utilizam-se sons mãos agudos e mais longos. Na voz cantada, a ressonância é geralmente alta, o que indica que o foco de ressonância concentra- se na parte superior do trato vocal. A intensidade quase nunca é constante, no canto lírico observando variações controladas e rápidas. Qualidade vocal A qualidade vocal na voz falada pode ser neutra ou com pequenos desvios que não chegam a ser considerados sinais de disfonia. A qualidade vocal é extremamente sensível ao interlocutor, à natureza do discurso e os aspectos emocionais da situação, podendo ficar momentaneamente trêmula ou susurrada, especialmente diante de emoções. Vozes desviadas com certo grau de rouquidão, soprosidade, aspereza ou natalidade são geralmente aceitas na maior parte das profissões. Profissionais da voz falada ou mesmo da voz cantada popular podem ter desvios expressivos de suas qualidades vocais apresentando tipos de vozes até mesmo consideradas disfonicas, mas com grande aceitação pelo público e sucesso comercial. Vibrato A emissoa da voz falada, coloquial ou profissional não apresenta vibrato. O vibrato é um recurso vocal estético muito valorizado em determinados estilos de canto, como o lírico, e consiste de modulação repetida de frequência observado nos cantos treinados e possivelmente representa a amplificação natural e rítmica de uma oscilação fisiológica, um contrabalançar muscular entre os músculos tireoaritenoídeo e cricoaritenóideo. O vibrato é acusticamente caracterizado por uma modulação frequente de 5 a 7 ondulações por segundo, com uma variação aproximadamente de 1 semitom, feita de modo regular. Esta variação depende de vários fatores, como sexo, idade e envolvimento emocional, mas permanece constante para cada cantor. Fisiologicamente, a origem do vibrato não está completamente definida. Para Hirano, Habi & Hagino 1995 a produção do vibrato exige a participação dos músculos intrínsecos da laringe, mais particularmente do músculo cricotireoídeo. Existe também uma oscilação no fluxo aéreo, causada pela atividade laringiea e não pulmonar, além de uma possível associação da oscilação de um vários órgãos fonatórios (véu, língua, parede faringea e mandíbula), o que auxilia na produção do vibrato. Além disso, os autores afirmam que não existe informações suficientes que comprovem um mecanismo neurológico para esta produção, mas assim como existe o tremor do Parkinson ou aquele associado ao frio, pode exigir algum evento neurológico que explique a produção do vibrato. Articulação dos sons da fala O objetivo da voz falada é a transmissão da mensagem, portanto a articulação deve ser precisa e a identidade dos sons precisa ser mantida. Vogais e consoantes tem duração definida pela língua que se fala, porém, o padrão de articulaçãosofre grande influência dos aspectos emocionais do falante no discurso. Na voz falada profissional a articulação geralmente é realizada com movimentos musculares precisos e ampliados, a fim de conferir precisão máxima à mensagem, principalmente no rádio, onde a transmissão basea-se exclusivamente na onda da fala. Outros falantes profissionais podem ter menor exigência articulatória; contudo, na avaliação desses indivíduos é importante analisar se o desvio observado não representa um limite à fluência da emissão e nem uma sobrecarrega ao aparelho fonador. Quando os desvios nos pontos articulatórios são vistos como particularidades individuais aceitáveis fisiologicamente, pode-se optar por mantê-los. A mensagem a ser transmitida na voz cantada está além das palavras e, portanto, pode-se privilegiar os aspectos musicais e não verbais, o que significa em alguns casos uma subarticulação. Essa situação é mais evidente no canto lírico, no qual as vogais podem apresentar modificações em seu grau de abertura e duração, para manter o equilíbrio da qualidade vocal. Os movimentos articulatórios básicos podem ser reduzidos, como joncaso dos sons plosivos, recebendo influência dos aspectos melódicos da música e da frase musical em si; desta forma, as construções que produzem os sons não são realizados totalmente, minimizando as alterações na área transversal do trato vocal. Pausas Na voz falada, as pausas são individuais ao falante, podendo ocorrer hesitação, por valor enfático ou ainda refletir interrupções naturais do discurso. As pausas de hesitação são normais e aceitáveis, podendo ser silenciosas ou preenchidas por sons prolongados. Já na voz cantada, as pausas são pré programadas e definidas por uma série de aspectos. O cantor popular reserva-se o direito de inseri-las onde desejar, alterando até mesmo as fases musicais do compositor, ou a letra da música. Velocidade e ritmo A velocidade e o ritmo da emissão falada coloquial são pessoais e dependem de múltiplos fatores, tais como: características da língua falada, personalidade, profissão do falante, obejtivo emocional do discurso e fatores de controle neurológico. Alterações na velocidade e no ritmo da emissão geralmente ocorrem independente da consciência do falante, mas podem ser reguladas de acordo com o objetivo emocional da emissão. Já na voz falada profissional, as diferentes realidades de emissão definem os aspectos temporais a serem observados. Certas locuções comerciais e locução esportiva, particularmente o futebol exigem velocidade aumentada, característica dessas emissões. Já o ator tem velocidade e o ritmo definido pelo personagem e, seguramente, esse é o profissional da voz falada que deve apresentar a maior flexibilidade nesses aspectos. Na voz cantada, a velocidade e o ritmo da emissão depende do tipo da música, da harmonia, da melodia e do andamento utilizado pelo cantor, ou definido pelo regente do coro. Alterações são usualmente controladas, pré-programadas e ensaiadas. Postura corporal Na voz falada, a postura é variável, com mudanças constantes. As mudanças habituais na postura corporal não interfere de modo significativo na produção da voz coloquial. A linguagem corporal acompanha a comunicação verbal e intenção do discurso. Na voz cantada a postura é menos variável, procurando-se manter sempre o corpo ereto. Alguns cantores populares, grupos de canto de capela, cantores de roque e vocalistas de banda podem apresentar grande atividade física do palco, dançado, representando e tocando instrumentos musicais. Tal associação exige boa forma sisica e os ciclos respiratórios podem tornar-se evidentes, o que muitas vezes é usado como recurso de Interpretação. No canto lírico, a postura geralmente é mais rígida e constante, com tendência tendência manutenção da cabeça e tronco alinhados e eretos, neste caso as mudanças na postura interfere tanto na produção da voz quanto na estabilidade da qualidade vocal, devido ao grande controle respiratório necessário. A linguagem corporal não é favorecida neste canto que privilegia particularmente expressão facial e alguns gestos de mãos. Emoção na voz A voz é a ferramenta mais poderosa para extravasar emoções. É possível reconhecer o impacto das diferentes emoções na voz e pode ser tão intenso a ponto de desestruturar totalmente o padrão vocal habitual, podendo levar o indivíduo à afonia. A correlação entre voz e emoção é direta e automática no dia-a-dia, embora nem sempre consciente e com níveis de manifestação diversos de acordo com a personalidade do indivíduo e com seu treinamento do controle emocional. Tal fato, embora possa representar um problema para o indivíduo, geralmente não compromete sua qualidade de vida; contudo quando se trata de um profissional da voz, quer seja na fala ou no canto, duas questões podem ser consideradas; a necessidade do bloqueio de emoções excessivas ou ao contrário a necessidade de manifestações das mais diversas emoções, com caráter interpretativo. O processo de colocar emoção no canto reside o maior desafio, pois o sistema fonoarticulatório deve ser estável o suficiente para garantir a sonoridade desejada e concomitante expressar também o sentimento envolvido. Cantar com expressão emocional pessoal requer que o cantor adicione uma microemtonação sobre a macroemtonação previamente decidida pelo autor, o que envolve mudança de glóticas, supraglóticas e articulatórias que incluem também modificações nas características temporais da emissão. Na categoria de canto popular brasileiro é possível reconhecer diversos estilos. Os mais comumente encontrados no Brasil são MPB, bossa- nova, samba, roque, sertanejo, pagode, além do axé e do rap. Cada estilo tem características auditivas específicas que são facilmente identificadas MPB A MPB existe uma enorme variedade vocal, na quais as exigências vocais podem ser desde mínimas, o que se observa em um tipo de canto quase falado, até mais sofisticadas com demanda de controle de frequência, intensidade e qualidade vocal. MPB representa a junção de vários estilos e influências, com artistas diversos. Mas o que a gente conhece como MPB surgiu lá na época da ditadura militar, com alguns gigantes da música: Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque, Elis Regina e por aí vai. A música popular brasileira nos deu canções de protesto, movimentos como Jovem Guarda e Tropicália e também muita música pra curtir a vida. E tem o que muita gente chama de nova MPB: Tiago Iorc, Anavitória, Maria Gadú e mais. Sertanejo O cantor sertanejo pode apresentar um maior grau de compressão laríngea mediana e, muitas vezes, um foco importante na ressonância nasal e excesso do vibrato; a constrição supraglótica antero- posterior é um gesto motor frequentemente observado, com qualidade vocal que pode ser tensa e comprimida, com objetivos interpretativos, porém, com menos grau de rouquidão e aspereza, mais comuns nos cantores de roque. Um dos maiores gêneros na música brasileira, o sertanejo surgiu como uma representação do povo do interior, especialmente do sertão, como o nome sugere. É um estilo super tradicional, que teve um começo simples: eram os caipiras que entravam com a roda de viola e começaram a compor o tal modão, cantando sobre as alegrias e angústias da vida na roça. Hoje, o estilo já se transformou bastante e deu origem a subgêneros como o sertanejo universitário. Samba O samba e o pagode podem exigir rápidas variações rítmicas e de qualidade, com alguns desvios vocais de natureza interpretativa, podendo levar a um fonotrauma. O samba é outro gênero que tem uma história muito antiga noBrasil: nasceu na Bahia, com influência africana, nas chamadas rodas de samba, muito parecidas com rodas de capoeira, e ESTILOS MUSICAIS desembarcou pouco tempo depois no Rio, onde rapidamente se popularizou e foi se tornando parte até da nossa identidade nacional. Tudo isso começou como uma campanha do então presidente Getúlio Vargas, que queria que o samba virasse um símbolo brasileiro — e funcionou! Quando chegaram os Carnavais e vieram as escolas de samba, então, o estilo ficou gigante. E dele veio o samba-canção, os sambas-enredo, a bossa, o pagode e vários gêneros que a gente ama. E muitos nomes do samba são grandes ídolos da música: Noel Rosa, Cartola, Pixinguinha, Martinho da Vila… Roque O cantor de roque é mais submetido a exigências que requerem tensões e construções laringeas, com uma qualidade vocal que pode ser intensamente desviada, áspera ou rouca, por vezes tensa e comprimida, marcada pelos excessos na produção dos sons, principalmente em agudos e em forte intensidade. Bossa Nova Bossa nova é quase sempre produzida com qualidade vocal de pequeno volume, podendo chegar a ser soprosa, exigindo melodia e métrica, mais do que projeção e ajustes laringeos específicos. Há quem diga que a bossa é parte do samba e há quem diga que são coisas diferentes.foi ela que nos deu João Gilberto, Tom e Vinícius, com essa misturinha de jazz e samba. Funk Tudo começou como uma expressão da cultura da periferia, com samples do hip-hop e letras explícitas, mas que mostravam um pouco do dia a dia dos bailes. o funk virou uma potência e hoje toca em todo o Brasil, O estilo segue se transformando entre funk e eletrônico, botando todo mundo pra dançar. Rap O rap representa um falar cantado moderno, geralmente utilizado como crítica social, acompanhado da marcação corporal rítmica definida e repetitiva. A ampla movimentação corporal observada na axé e no rap requer atenção especial para produção vocal principalmente nas variações de frequência e na coordenação pneumofonoarticulatória. O rap brasileiro cresceu muito nas últimas décadas e ocupa uma grande parte do que toca nas rádios. E é claro que teria a cara do Brasil: são letras que falam da realidade de quem mora no nosso país, especialmente nas periferias. Dos duelos de MC’s nas capitais, já saíram nomes importantíssimos pra gente hoje, como Criolo e Emicida. O rap também se mistura muito com o pop, MPB, e gera colaborações entre vários artistas fenomenais. Primeiramente é necessário fazer uma anamnese que seja completa e direcionada ao uso da voz, mas também incluindo questões da saúde geral como a qualidade de vida. Porque assim se terá uma boa compreensão do problema do indivíduo. Devem ter no roteiro clínico básico, informações sobre os sintomas apresentados e sua manifestação no uso profissional habitual da voz. Circunstâncias que levam ao desenvolvimento do problema, uso diário da voz, atividades que agravam o problema, informações sobre os tipos de atividades realizadas que envolvam o uso da voz, com número de horas, forma utilizada, descrição do ambiente, uso de microfone, público alvo... Hábitos negativos, posturas inadequadas Para cantores histórico sobre o tipo e a quantidade de treinamento vocal, estilos musicais diferentes que executa, realização e duração de aquecimento e destaque cimento vocais, dificuldades específicas na fala e no canto, flexibilidade da agenda e objetivos de carreira. Também é importante informações sobre doenças existentes e uso de medicamentos. ASPECTOS DA AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL VOCAL A avaliação básica do comportamento vocal é a avaliação perceptivo-auditiva, considerando-se o esperado para a realidade profissional do indivíduo. INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ CANTADA A avaliação comportamental inclui a descrição da qualidade vocal, do padrão respiratório, dos órgãos fonoarticulatórios, da articulação dos sons da fala, do ritmo e da velocidade empregados, das funções reflexo-vegetativas, dos aspectos globais da comunicação e segue protocolo geral de avaliação de voz. Diferenças extremas entre qualidade vocal empregada na voz habitual e na voz profissional, ou uso prolongado da qualidade vocal profissional: A qualidade vocal empregada nas duas situações é muito diferente e sobrecarrega o aparelho fonador, o que pode predispor uma disfonia. O hábito de usar emissão basal na fala coloquial e a necessidade de uso de uma voz projetada e brilhante na emissão profissional; e cantores que falam em uma frequência muito grave e cantamos na região aguda. Outras vezes o indivíduo continua empregando o ajuste da voz profissional além das situações específicas necessárias, o que representa um uso excessivo na voz profissional. Nessa situação mesmo com a produção da voz correta, o paciente pode apresentar disfonia por fadiga vocal ou produzir lesão de massa. Tensões musculares específicas Zonas específicas de hipertonicidade muscular devem ser cuidadosamente observada no profissional da voz. As regiões principais são: Língua, musculatura, supra-hióidea, posição da laringe no pescoço, mandíbula, relação da cabeça com o tronco e ombros. A tensão de língua promove uma retração deste órgão, causando uma modificação do trato vocal e no foco de ressonância, podendo, também, de forma indireta, provocar tensão no modo vibratório das pregas vocais e nas estruturas laringeas e supraglótica. A tensão muscular supra-hióidea provoca uma posição levada da laringe no pescoço e dificulta a livre excursão mandibular, tornando a produção vocal menos flexível. Avaliação acústica É uma avaliação complementar a análise perceptivo-auditiva. Os parâmetros usualmente avaliados são: Frequência fundamental, índices de perturbação, medidas de ruído e avaliação global do traço espectografico com análise da distribuição dos harmônicos no espectro e dos formantes do som. Esse protocolo inclui a avaliação de uma vogal sustentada em emissão habitual e na voz profissional, assim como na análise espectografica da fala encadeada ou da emissão em voz cantada. A análise da frequência fundamental e de seus índices de perturbação oferece dados sobre asimilaridade dos ciclos gloticos sucessivos e sobre a estabilidade da fonte glótica. As medidas de ruido oferecem informações objetiva sobre a relação entre o comportamento harmônico e o componente ruído na onda sonora. A avaliação global do traço espectografico, oferece informações descritivas importantes sobre a natureza de fonte sonora e a contribuição do sistema de ressonância. Avaliação de distribuição de harmônicos no espectro Oferece uma indicação simples e direta sobre a ressonância e projeção vocal do paciente. Quanto maior a série de harmônicos identificada, mais rica é a qualidade vocal do paciente. Além disso, quanto mais individualizados estão os harmônicos unitários, e quanto mais linear é o seu traçado, maior é o componente harmônico da emissão e a estabilidade na sustentação. A presença de um traçado irregular, retorcido, interrompido e uma imagem de enovelamento semelhante à um borrão, são indicativos de aumento do componente ruído da emissão. Análise dos formantes do som Em vozes profissionais trabalhadas, geralmente evidência faixas uniformes e de mesmo grau de escurecimento, com largura de banda estreita definida. Formantes com registro interrompido, irregular de escurecimento variável e com largura de banda aumentada traduzem uma voz produzida com ruído, instabilidade da fonte glótica e pouco aproveitamento da ressonância. O formante cantor é um incremento de energia na região aguda do espectro, com o objetivo de conferir audibilidadeda voz sobre o ruído, principalmente de orquestra é outras vozes não treinadas. A voz é o principal recurso de trabalho do cantor. Estes possuem elevada prevalência de distúrbios vocais autorrelatados entre cantores, principalmente entre os cantores populares, quando comparados aos clássicos. Em comparação a indivíduos com baixa demanda de voz, o cantor pode ter alterações vocais com mais frequência. Determinados tipos de desvio vocal no canto popular podem ser percebidos como uma alteração, ou interpretados como uma performance mais original e própria, dentro do contexto da música comercial contemporânea. O impacto do problema de voz no cantor pode se manifestar pela percepção de desvantagem no canto, ou seja, pelas dificuldades em manter a qualidade vocal, levando ao comprometimento da carreira. A alta demanda vocal dessa população apresenta diferentes graus de exigências e requintes, que podem interferir de maneiras distintas no exercício da profissão. No canto popular, a falta de treinamento formal e técnica de canto podem contribuir para o desenvolvimento distúrbios de voz. Na área da voz, existe o protocolo Índice de Desvantagem para o Canto Moderno (IDCM), com o objetivo de determinar como o problema da voz afeta os diversos aspectos da qualidade de vida do cantor e utilizado no presente estudo. Certamente a voz cantada é a forma mais natural e antiga de se fazer música, e de modo profissional, por inúmeros artistas. Esses artistas apresentam características individuais da voz em seus diferentes gêneros musicais e precisam realizar ajustes laríngeos em maior ou menor complexidade em função das exigências da interpretação. Assim, para os cantores o conhecimento a respeito da inter-relação entre ciência e arte, é de suma importância para o adequado aperfeiçoamento da voz cantada. A falta de preparo, o mau uso da voz ou seu abusivo da voz, podem favorecer risco de distúrbios vocais, podendo ser esta uma população suscetível para desenvolver disfonias. As disfonias são comuns em profissionais da voz, mais especificamente em cantores que, muitas vezes, selecionam ajustes musculares inadequados à voz cantada sendo classificada como disfonia funcional primária por falta de conhecimento vocal. A variação da voz cantada pode decorrer de vários fatores como a utilização de métodos empíricos por alguns professores de canto, a falta de conhecimentos específicos sobre aspectos relacionados à produção vocal, classificação vocal errônea ou por vontade do cantor, usos vocais incorretos, e até mesmo pela não realização das técnicas de aquecimento e desaquecimento vocais. COMPREENDER O IMPACTO DO ADOECIMENTO VOCAL DE UM CANTOR
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