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Memoriais Correspondência entre teses e pedidos: Teses (Direito) Pedidos Nulidade anulação do processo, ab initio (ou a partir de ...), com fundamento no art. 564, inciso ..., do CPP Extinção da punibilidade declaração da extinção da punibilidade, em razão de ..., com fundamento no art. 107, inciso ..., do CP Teses de mérito (principais): - falta de tipicidade / ilicitude / culpabilidade - escusas absolutórias - falta de prova absolvição, com fundamento no art. 386, inciso ..., do CPP Teses de mérito (subsidiárias): - desclassificação - aplicação da pena: dosimetria (sistema trifásico), regime inicial e benefícios (PRD / sursis) idem Proposta de redação (enunciado 4 do livro de prática - p. 334) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 11ª Vara Criminal da Comarca de Maceió Luiz, já qualificado nos autos da ação penal n. , por seu advogado, vem, perante Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar Alegações Finais sob a forma de MEMORIAIS, com base no art. 403, § 3°, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos seguintes. I - Da Tempestividade A intimação foi efetivada no dia ... . Tendo em vista que a data da intimação não deve ser computada (art. 798, § 1°, do CPP), observa-se que a contagem do prazo se iniciou no dia ... (1° dia útil subsequente ao da intimação, que foi excluído). Assim, considerando-se a contagem em dias corridos (art. 798, caput, do CPP), temos que o prazo legal de 5 dias (art. 403, § 3°, do CPP) se encerra em ... . II - Dos Fatos (...) III - Do Direito A conduta imputada ao acusado é penalmente atípica, quer pela falta de dolo, que constitui o elemento subjetivo do tipo penal (atipicidade formal subjetiva), quer pela insignificância da lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora (atipicidade material). A respeito da tipicidade formal subjetiva, o art. 18, parágrafo único, do Código Penal, estabelece que “ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”, salvo os casos expressos em lei (princípio da excepcionalidade dos crimes culposos, cuja punição exige expressa previsão legal). No caso concreto, o acusado juntou prova de que pagara a dívida no curso do inquérito policial, comportamento que demonstra a absoluta ausência do dolo de fraudar, afastando assim a configuração do crime de emissão de cheque sem fundos, de acordo com o enunciado da Súmula n. 246 do Supremo Tribunal Federal. Em igual sentido, o enunciado da Súmula n. 554 do Supremo Tribunal Federal esclarece, a contrario sensu, que o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, antes do recebimento da denúncia, obsta à propositura da ação penal. Além disso, o valor do cheque emitido (R$ 36,00) deve ser considerado insignificante em face do patrimônio da ofendida (grande loja de departamentos), o que ainda implica a atipicidade material da conduta, pela ausência de lesão relevante ao bem jurídico tutelado pela norma penal incriminadora. Assim, diante da atipicidade penal da conduta imputada (falta de dolo e insignificância), deve o acusado ser absolvido, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, em caso de eventual condenação, deve a pena- base ser aplicada no patamar mínimo legal, em face da inexistência de circunstâncias judiciais negativas, sendo o acusado primário e de bons antecedentes. Cabe salientar que o mero fato de o acusado responder a outro processo não pode ser utilizado para agravar a pena-base, de acordo com o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5°, LVII, da CF) e o enunciado da Súmula n. 444 do Superior Tribunal de Justiça. Caso afastada a tese absolutória da insignificância (atipicidade material), deve ser reconhecida a forma privilegiada do crime, diante da primariedade do acusado e do pequeno valor do prejuízo (art. 171, § 1°, c.c. o art. 155, § 2°, ambos do CP), com a aplicação somente da pena de multa e, caso assim não entenda Vossa Excelência, com a substituição da pena de reclusão por detenção, além da sua diminuição de 2/3. Ainda para o caso de ser rechaçada a tese absolutória da ausência de dolo (atipicidade formal subjetiva), deve ser reconhecida a causa de diminuição de pena decorrente do arrependimento posterior (art. 16 do CP), pois o pagamento da dívida, ainda no curso do inquérito policial, significa reparação do dano anterior ao recebimento da denúncia, ensejando assim a incidência da aludida minorante na fração de 2/3. Por derradeiro, e para o caso de ser aplicada pena privativa de liberdade, requer a determinação de regime inicial aberto, de acordo com o disposto no art. 33, § 2°, alínea c, e § 3°, do Código Penal, considerando a quantidade da pena (não superior a 4 anos), a primariedade do acusado e o fato de serem favoráveis todas as circunstâncias judiciais. Pelos mesmos motivos, deve ser determinada a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, porque preenchidos os requisitos legais contidos no art. 44 do Código Penal e, caso assim não entenda Vossa Excelência, a concessão da suspensão condicional da pena (sursis do art. 77 do CP). IV - Do Pedido Ante o exposto, requer seja julgada improcedente a acusação, para absolver o acusado, com fundamento no art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal. Subsidiariamente, requer a aplicação da pena no patamar mínimo legal e, sendo ela privativa de liberdade, requer a determinação de regime inicial aberto (art. 33, § 2°, c, e § 3°, do CP), bem como a sua substituição por penas restritivas de direitos (art. 44 do CP) e, caso assim não entenda Vossa Excelência, requer a concessão da suspensão condicional da pena (sursis - art. 77 do CP). Em caso de eventual condenação, requer não seja fixado valor de reparação civil, em face da ausência de prejuízo pelo pagamento da dívida (art. 387, IV, do CPP), reconhecendo-se ainda o direito de o acusado recorrer em liberdade (art. 387, § 1°, do CPP). Termos em que, pede deferimento. Local, data. Advogado - OAB n.
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