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Contabilidade Geral

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Contabilidade Geral 1
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CONTABILIDADE 
GERAL
Contabilidade Geral 1
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Nunes, Priscila Pontes, 2020 
Contabilidade Geral - Jupiter Press - São Paulo/SP
53 páginas
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s
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................3
1. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE ........................................................................................4
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE ..................................................................4
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA RELATÓRIO FINANCEIRO ...............................5
2. PATRIMÔNIO: CONCEITOS E APLICAÇÕES ............................................................................16
OBJETO DA CONTABILIDADE ...................................................................................................16
3. ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................28
4.APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................................................35
5. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................................................41
INDICADORES PATRIMONIAIS E FINANCEIROS ..........................................................41
INDICADORES DE LUCRATIVIDADE E RENTABILIDADE ..........................................43
EXERCÍCIOS CONCEITUAIS E PRÁTICOS ......................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................51
*
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INTRODUÇÃO
 A contabilidade geral e financeira objetiva gerar informações úteis para 
auxiliar os usuários das informações contábeis na tomada de decisões. Para que as 
informações sejam úteis, o contador precisa conhecer diversos procedimentos e 
técnicas de reconhecimento e mensuração, assim como entender os conceitos e 
definições que norteiam a profissão, baseados nos pronunciamentos, nas normas 
e nas leis.
 Para atingir o objetivo da contabilidade é necessário que todos os passos 
intermediários sejam feitos corretamente, para que as informações não sejam 
divulgadas de formas distorcidas. Neste módulo será evidenciado os principais 
pontos sobre cada passo no processo lógico contábil.
 Será abordada uma breve história da origem da contabilidade, pois assim 
é possível entender o processo evolutivo contábil até os dias atuais, que auxilia a 
pensar em como pode ser no futuro. 
 Será identificado os principais órgãos reguladores e normatizadores que são 
responsáveis pelas técnicas e pelos procedimentos atuais. Novos conceitos serão 
evidenciados, baseados em revisões recentes de normas e pronunciamentos.
 Também é importante conhecer as principais diferentes sobre os aspectos 
contábeis das normas e da Lei 6.404/76, com as alterações em vigor.
 Por último, será evidenciado algumas análises que podem ser feitas sobre 
as informações contábeis e como estas análises podem auxiliar no processo 
decisório dos diversos usuários contábeis.
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1. FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
A contabilidade possui três vertentes principais sobre sua origem. Uma 
vertente acredita que a contabilidade surgiu na pré-história quando os humanos 
controlavam o patrimônio por meio das pinturas. Outro acreditam que a 
contabilidade surgiu durante o final da idade antiga para o início da idade média, 
por meio do controle do patrimônio em papiros e com técnicas iniciais contábeis 
(técnicas rudimentares com partidas únicas ainda). Outros consideram a origem 
da contabilidade apenas na época do renascimento, com a consolidação da 
contabilidade das partidas dobradas divulgadas no livro de Luca Pacioli em 1445. 
De 1445 até o início do século XX a contabilidade foi evoluindo, assim como a 
sociedade. O mundo passou pela revolução industrial e por um crescimento das 
empresas e de seus negócios. Em 1929 o mundo, e principalmente os Estados 
Unidos, passaram por uma grande crise chamada de ‘A Grande Depressão’. Esta 
crise foi causada por diversos fatores, em que é possível destacar: superprodução, 
fraudes no mercado de capitais e falta de regulação da economia. 
 Decorrente dessa crise o governo dos EUA resolveu se envolver mais na 
economia, com destaque para o fomento da regulação, fiscalização, auditoria 
contábil e procedimentos contábeis. A partir de 1930 a contabilidade começou a 
ter um nível de regulação e padronização que antes não existia. Este processo foi 
importante para a valorização e crescimento da profissão.
Em 1930 foi criado o Comitê May e American Institute of Certified 
Public Accountants (AICPA), que eram responsáveis por criar e consolidar os 
procedimentos contábeis e de auditoria. Em 1933 Roosevelt publicou o New 
Deal, que abordava a intervenção do estado na economia. Em 1934 foi criada a 
Security and Exchange Commission (SEC), que equivale à Comissão de Valores 
Mobiliários no Brasil (entidade que regula, fiscaliza e normatiza o mercado de 
capitais).
 Dessa forma, a primeira metade do século XX foi fundamental para o início 
de uma contabilidade padronizada, regulamentada e auditada, a nível nacional.
 Já na segunda metade do século XX, houve novas mudanças no cenário 
empresarial que levou a contabilidade se ajustar novamente para que as 
informações continuassem sendo úteis para os usuários. As empresas começaram 
a ficar cada vez mais globalizadas, em que empresas possuíam filiais em diversos 
países. O problema é que cada país tinha a sua própria contabilidade, o que 
dificultava no momento de consolidar todas as informações contábeis das filiais 
junto a matriz. Dessa forma, países perceberam que seria necessário determinar 
procedimentos contábeis padronizados que fossem utilizados em qualquer país, 
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para que assim fosse mais fácil consolidar e comparar as informações.
 Dessa forma, diversos órgãos foram criados para encaminhar a 
contabilidade para uma internacionalização de seus procedimentos, como o 
Financial Accounting Standards Board (FASB) e o International Accounting 
Standards Committee (IASC), criados em 1973 para serem os líderes do processo. 
A partir deste momento, foram lançadas as primeiras normas internacionais de 
contabilidade, chamadas de International Accounting Standards – IAS.
 Em 2001 o IASC virou International Accounting Standards Board (IASB), 
e as novas normas internacionais de contabilidade passaram a ser denominadas 
de International Financial Reporting Standards (IFRS). Até os dias atuais o IASB 
que é o órgão responsável pelas emissões das novas normas internacionais de 
contabilidade e pela revisão das normas já existentes.
 No Brasil, o processo foi um pouco mais demorado. A contabilidade 
começou a ganhar uma certa padronização a nível nacional a partir de 1946 com a 
criação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A partir daí a contabilidade 
passou a ser regulada.
 Somente em 1976 que o país conseguiu padronizar a contabilidade nacional 
de forma mais consistente, pois houve a emissão da Lei 6.404/76 e a criação da 
CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
 Por muitas décadas a contabilidade brasileira permaneceu praticamente 
estagnada e principalmente atrelada à contabilidade tributária. Apenas em 2005 
que o país começou a agir para participar do processo de convergência contábil 
para os padrões internacionais com a criação do Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis(CPC).
 O processo de convergência teve início com a Lei 11.638 de 2007 que 
revogou e alterou diversos itens da 6.404/76 e instituiu que a contabilidade 
brasileira passasse a ser baseada na contabilidade internacional. A partir de 2008 
diversos pronunciamentos e normas contábeis baseadas nas internacionais 
foram emitidas, dando início à contabilidade internacional dentro das empresas 
brasileiras (saindo da parte de preparação e indo para aplicação nas empresas). 
Até hoje são emitidas novas normas ou novas revisões.
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA RELATÓRIO FINANCEIRO
Em âmbito internacional a estrutura conceitual para Relatórios Financeiros 
(conceptual framework for financial reporting) foi revisada e emitida pelo 
International Accounting Standards Board (IASB) e pelo IFRS Interpretations 
Committee em março de 2018 para aplicação a partir de 01 de janeiro de 2020. 
No Brasil, da publicação do conceptual framework até dezembro de 2019, o 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) traduziu, revisou e publicou a nova 
estrutura conceitual brasileira baseada na estrutura conceitual internacional. 
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O CPC 00 foi aprovado no dia 01/11/2019 e publicado no dia 10/12/2019. 
O Comitê de Pronunciamento Contábil não possui poder para emitir normas e 
leis, então os órgãos reguladores e normatizadores que podem emitir (Bacen, 
CVM, CFC, entre outros) utilizam o CPC como base para emitir as suas próprias 
normas. Dessa forma, com base na estrutura conceitual aprovada pelo CPC, o 
Conselho Federal de Contabilidade aprovou a nova estrutura conceitual no dia 
21/11/2019 e publicou no diário oficial da união no dia 13/12/2019, para aplicação 
na contabilidade das entidades brasileiras gerais a partir do exercício de 2020. 
Para que a nova estrutura conceitual também fosse aplicada para as empresas de 
capital aberto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revogou a deliberação 
675 (deliberação que regia a antiga estrutura conceitual), e aprovou a nova 
estrutura conceitual no dia 10/12/2019, com publicação no diário oficial da união 
no dia posterior.
Estas aprovações e publicações passaram a exigir, para quem utiliza os 
padrões internacionais de contabilidade na elaboração dos relatórios financeiros, 
a utilização da nova estrutura conceitual a partir do exercício de 2020.
O conceptual framework foi emitido pela primeira vez em 1989, sendo 
revisado pela primeira vez em 2010 e pela segunda vez em 2018. A cada revisão 
os conceitos que fundamentam todas as normas contábeis são revisados e 
atualizados conforme a realidade que a sociedade empresarial e de negócios vive 
naquele momento. As operações e os negócios estão cada vez mais complexos, 
por isso é importante que estes ajustes sejam feitos.
Decorrente desse aumento na complexidade dos eventos econômicos, 
a cada ano que passa é exigido do contador maior capacidade de análise e 
interpretação dos eventos econômicos para a retratação fidedigna nos relatórios 
financeiros. O profissional que se destaca atualmente é aquele que consegue 
interpretar e resolver cada situação, ao contrário daquele que ainda pensa que há 
lançamentos contábeis padrões, como por exemplo aqueles que utilizam sempre 
a tabela de depreciação de bens da receia federal para registrar a depreciação na 
contabilidade.
A estrutura conceitual para relatório financeiro descreve o objetivo do 
relatório financeiros para fins gerais e os conceitos que norteiam esse relatório. 
De acordo com o CPC 00 (2019, n.p), a finalidade da Estrutura Conceitual é:
(a) auxiliar o desenvolvimento das Normas Internacionais de Contabilida-
de (IFRS) para que tenham base em conceitos consistentes;
(b) auxiliar os responsáveis pela elaboração (preparadores) dos relatórios 
financeiros a desenvolver políticas contábeis consistentes quando ne-
nhum pronunciamento se aplica à determinada transação ou outro even-
to, ou quando o pronunciamento permite uma escolha de política contá-
bil; e
(c) auxiliar todas as partes a entender e interpretar os Pronunciamentos.
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Resumidamente, a estrutura conceitual objetiva servir como base 
conceitual para a elaboração das normas internacionais de contabilidade, e 
consequentemente as nacionais pois a segunda é baseada na primeira; também 
auxilia os elaboradores dos relatórios financeiros a realizarem o processo 
de reconhecimento, mensuração e evidenciação de forma consistente; e 
objetiva ajudar os usuários das demonstrações contábeis a compreender os 
pronunciamento e normas inerentes à entidade.
 Cabe ressaltar que o CPC 00, assim como a estrutura conceitual emitida 
pelo CFC e pela CVM, não são exatamente um pronunciamento ou uma norma 
de contabilidade. Nada contido na Estrutura Conceitual se sobrepõe a qualquer 
norma/pronunciamento ou qualquer requisito em norma/pronunciamento. “Para 
atingir o objetivo de relatório financeiro, para fins gerais, o IASB pode algumas 
vezes especificar requisitos que divergem de aspectos da Estrutura Conceitual.” 
(CPC, 2019, n.p). 
Dessa forma, em determinadas situações, uma norma pode indicar um 
procedimento divergente da Estrutura Conceitual, em que o elaborador deve 
realizar o especificado pela norma em detrimento do especificado pela Estrutura 
Conceitual.
A Estrutura Conceitual contribui para a missão declarada da IFRS Foundation 
e do IASB. Essa missão é desenvolver pronunciamentos que tragam transparência, 
prestação de contas (accountability) e eficiência aos mercados financeiros em 
todo o mundo. Confiança, crescimento e estabilidade financeira de longo prazo 
na economia mundial da sociedade são os principais pontos trabalhados pelo 
IASB.
A Estrutura Conceitual (CPC, 2019, n.p) estabelece a base para 
pronunciamentos que: 
(a) contribuem para a transparência ao melhorar a comparabilidade in-
ternacional e a qualidade de informações financeiras, permitindo que os 
investidores e outros participantes do mercado tomem decisões econô-
micas fundamentadas; 
(b) reforçam a prestação de contas, reduzindo a lacuna de informações 
entre os provedores de capital e as pessoas a quem confiaram o seu di-
nheiro. Os pronunciamentos baseados nesta Estrutura Conceitual for-
necem informações necessárias para responsabilizar a administração. 
Como fonte de informações mundialmente comparáveis, esses Pronun-
ciamentos também são de vital importância para os reguladores em todo 
o mundo; 
(c) contribuem para a eficiência econômica, ajudando os investidores a 
identificar oportunidades e riscos em todo o mundo, melhorando assim a 
alocação de capital. Para os negócios, o uso de uma linguagem de conta-
bilidade única e confiável derivada dos Pronunciamentos com base nesta 
Estrutura Conceitual diminui o custo do capital e reduz os custos de rela-
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tórios internacionais.
Figura 1: Missão IFRS Foundation
Fonte: Autoria Própria
 O capítulo 1 da Estrutura Conceitual estabelece o objetivo do relatório 
financeiro para fins gerais e reforça que este objetivo é a base de toda a 
estrutura geral, em que todos os demais capítulos (características qualitativas 
de informações financeiras úteis e a restrição de custo sobre tais informações, 
o conceito de entidade que reporta, elementos das demonstrações contábeis, 
reconhecimento e desreconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação) 
decorrem logicamente do objetivo da Estrutura.
Dessa forma, o objetivo do relatório financeiro para fins gerais: “é fornecer 
informações financeiras sobre a entidade que reporta que sejam úteis para 
investidores, credores por empréstimos e outros credores, existentes e potenciais, 
na tomada de decisões referente à oferta de recursos à entidade.” (CPC, 2019, 
n.p).
A Estrutura Conceitual (2019, n.p) explica que estas decisões envolvem 
decisões sobre: 
(a) comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida; 
(b) conceder ou liquidarempréstimos ou outras formas de crédito; ou 
(c) exercer direitos de votar ou de outro modo influenciar os atos da admi-
nistração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade.
Estas decisões dependem dos retornos que os existentes e os potenciais 
investidores, credores por empréstimos e outros credores esperam, como os 
dividendos, pagamento de juros, valorização no preço de mercado, etc. 
A avaliação do valor, da época e da incerteza dos futuros fluxos de entrada de 
caixa líquido para a entidade e da avaliação da administração dos gestores sobre os 
recursos econômicos da entidade são fatores cruciais para suprir as expectativas 
dos investidores, credores por empréstimos e outros credores quanto aos retornos 
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esperados. Para isso, estes usurários necessitam de informações para auxiliá-los 
nestas avaliações.
Figura 2: Retorno e Avaliação das Empresas para Tomada de Decisões
Fonte: Autoria Própria
Para fazer as avaliações, os investidores, credores por empréstimos e outros 
credores, existentes e potenciais, precisam de informações sobre: 
(a) os recursos econômicos da entidade, reivindicações contra a entidade 
e alterações nesses recursos e reivindicações. De forma resumida, recursos 
econômicos são os ativos da empresa (bens e direitos que a entidade controla 
e que geram benefícios econômicos a ela), e as reivindicações são os passivos, 
que evidencia a origem dos recursos econômicos que a empresa possui, como as 
reivindicações de terceiros (passivo exigível) e as reivindicações dos proprietários 
(patrimônio líquido).
(b) a eficiência e eficácia da administração e do órgão de administração da 
entidade no cumprimento de suas responsabilidades sobre o uso dos recursos 
econômicos da entidade.
A Estrutura Conceitual destaca que os investidores, credores por empréstimos 
e outros credores, existentes e potenciais, são os principais usuários aos quais se 
destinam os relatórios financeiros para fins gerais. Isto ocorre pois o foco principal 
das normas internacionais de contabilidade é o reporte para os usuários que não 
possuem acesso fácil e livre às informações da entidade, ou seja, os relatórios para 
fins gerais servem para que estes usuários consigam as informações necessárias 
para servirem de suporte em suas decisões.
É este ponto que destaca a diferença entre a contabilidade financeira e a 
contabilidade gerencial, em que a primeira tem como objetivo o reporte dos 
relatórios para os usuários externos, como forma de amenizar a assimetria 
informacional, e a segunda objetiva evidenciar informações para os usuários 
internos (gestores) tomarem decisões no processo de gestão da entidade. O 
gestor não é considerado um dos principais usuários da contabilidade financeira 
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pois ele possui acesso detalhado às informações da entidade, ou seja, o gestor 
pode fazer análises mais profundas sobre a entidade em comparação aos usuários 
externos que possui menos informações à disposição.
É importante ressaltar dois pontos sobre os relatórios financeiros para fins 
gerais, conforme o CPC (2019, n.p): 
(a) os relatórios financeiros não fornecem todas as informações que os 
usuários primários necessitam. Para uma análise mais consistente, os 
usuários primários devem procurar outras fontes de informações, tanto 
inerentes à entidade, quanto ao ambiente externo em qual ela está inse-
rida.
(b) os relatórios para fins gerais não se destinam a apresentar o valor exato 
da entidade, mas sim para evidenciarem informações que sirvam como 
base na estimativa do valor.
As Informações sobre a natureza e os valores dos ativos, passivos e patrimônio 
líquido da entidade podem auxiliar os usuários a identificar os pontos positivos 
e negativos financeiros da entidade que reporta. Por exemplo, é possível avaliar 
a liquidez e solvência da entidade, a necessidade de financiamento adicional 
e a probabilidade de êxito na obtenção desse financiamento. Por outro lado, 
Informações sobre prioridades e exigências de pagamento de reivindicações 
existentes auxiliam os usuários a fazer previsões de como futuros fluxos de caixa 
serão distribuídos entre aqueles que tiverem reivindicações contra a entidade 
(CPC, 2019).
Diferentes tipos de recursos econômicos afetam diferentemente a avaliação 
das perspectivas de fluxos de caixa futuros da entidade. Alguns fluxos de caixa 
futuros resultam diretamente de recursos econômicos existentes, tais como 
contas a receber, enquanto outros fluxos de caixa resultam da utilização de 
vários recursos em conjunto para produzir e comercializar produtos ou serviços a 
clientes. Embora esses fluxos de caixa não possam ser identificados com recursos 
econômicos (ou reivindicações) individuais, os usuários de relatórios financeiros 
precisam conhecer a natureza e o valor dos recursos disponíveis para uso nas 
operações da entidade (CPC, 2019).
Além de ser necessário entender a natureza dos recursos econômicos e as 
reivindicações sobre a entidade, é também importante identificar as alterações 
ocorridas nestes recursos econômicos e reivindicações. Estas alterações resultam 
do desempenho financeiro das entidades e de outros eventos ou transações, 
como a emissão de instrumentos de dívida (debêntures, por exemplo) ou de 
instrumentos patrimoniais (ações e cotas). Para avaliar adequadamente tanto as 
perspectivas de fluxos de entrada de caixa futuros para a entidade que reporta 
quanto à gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos 
da entidade, os usuários precisam ser capazes de identificar esses dois tipos de 
mudanças (CPC, 2019).
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Informações sobre o desempenho financeiro da entidade ajudam os 
usuários a compreender o retorno produzido pela entidade sobre seus recursos 
econômicos. Informações sobre o retorno produzido pela entidade podem auxiliar 
os usuários a avaliar a gestão de recursos da administração sobre os recursos 
econômicos. Informações sobre a variação e os componentes desse retorno 
também são importantes, especialmente na avaliação da incerteza dos fluxos de 
caixa futuros. Informações sobre o desempenho financeiro passado da entidade 
que reporta e sobre como a sua administração cumpriu suas responsabilidades 
de gestão de recursos são normalmente úteis para prever os retornos futuros da 
entidade sobre seus recursos econômicos (CPC, 2019, n.p).
Figura 3: Informações Contábeis como Ferramentas para Análises
Fonte: Autoria Própria
 
Destaca-se que não é qualquer informação sobre os recursos econômicos, 
reivindicações e as alterações nestes itens que são úteis para os usuários primários. 
O Capítulo 2 da Estrutura Conceitual aborda os tipos de informações que tendem 
a ser mais úteis no processo decisório dos usuários primários. Neste capítulo são 
evidenciadas quais características qualitativas as informações contábeis precisam 
ter para serem úteis aos usuários.
 De forma resumida, para que uma informação seja útil ela precisa ser 
relevante e representar fidedignamente aquilo que pretende representar. Há 
também algumas características que melhoram as informações contábeis, como 
a comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade. 
Estas características são segregadas em fundamentais e de melhoria, em que a 
relevância e representação fidedigna são as fundamentais e as demais são as de 
melhoria.
Contabilidade Geral 12
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Figura 4: Características Qualitativas Fundamentais
Fonte: Autoria Própria
 
Para que uma informação seja útil ela obrigatoriamente precisa ser relevante 
e ser representada fidedignamente. Sem apenas uma destas duas características, 
a informação perde a utilidade. Por isso são classificadas como fundamentais.
 De acordo com a estrutura conceitual (CPC, 2019, n.p), informações 
financeiras relevantes são aquelas:
capazesde fazer diferença nas decisões tomadas pelos usuários. Infor-
mações podem ser capazes de fazer diferença em uma decisão ainda que 
alguns usuários optem por não tirar vantagem delas ou já tenham conhe-
cimento delas a partir de outras fontes.
Informações financeiras são capazes de fazer diferença em decisões se 
tiverem valor preditivo ou valor confirmatório, ou ambos. Informações financeiras 
têm valor preditivo se podem ser utilizadas como informações em processos 
empregados pelos usuários para prever resultados futuros. Informações 
financeiras não precisam ser previsões ou prognósticos para ter valor preditivo. 
Informações financeiras têm valor confirmatório se fornecem feedback sobre 
(confirmam ou alteram) avaliações anteriores.
Um aspecto importante de relevância é a materialidade da informação. 
A informação é material se a sua omissão, distorção ou obscuridade puder 
influenciar, razoavelmente, as decisões que os principais usuários tomam com 
base nos relatórios financeiros, que fornecem informações financeiras sobre 
a entidade. Em outras palavras, materialidade é um aspecto de relevância 
específico da entidade com base na natureza e/ou magnitude dos itens aos 
quais as informações se referem no contexto do relatório financeiro da entidade 
individual. Consequentemente, não se pode especificar um limite quantitativo 
uniforme para materialidade ou predeterminar o que pode ser material em uma 
situação específica (CPC, 2019).
Para serem úteis, informações financeiras não devem apenas representar 
Contabilidade Geral 13
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fenômenos relevantes, mas também representar de forma fidedigna a essência 
dos fenômenos que pretendem representar. Em muitas circunstâncias, a essência 
de fenômeno econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as 
mesmas, é exigido fornecer informações sobre a essência da operação, para que 
ela seja representada fidedignamente (pressuposto contábil da essência sobre a 
forma).
A estrutura conceitual afirma que para uma informação ser perfeitamente 
representada de forma fidedigna, a representação deve ter três características:
(a) A representação completa inclui todas as informações necessárias 
para que o usuário compreenda os fenômenos que estão sendo repre-
sentados, inclusive todas as descrições e explicações necessárias. Por 
exemplo, a representação completa de grupo de ativos inclui, no mínimo, 
a descrição da natureza dos ativos do grupo, a representação numérica 
de todos os ativos do grupo e a descrição daquilo que a representação 
numérica retrata (por exemplo, custo histórico ou valor justo). Para alguns 
itens, uma representação completa pode envolver também explicações 
de fatos significativos sobre a qualidade e natureza do item, fatores e cir-
cunstâncias que podem afetar sua qualidade e natureza e o processo uti-
lizado para determinar a representação numérica.
(b) A representação neutra não é tendenciosa na seleção ou na apresen-
tação de informações financeiras. A representação neutra não possui in-
clinações, não é parcial, não é enfatizada ou deixa de ser enfatizada, nem 
é, de outro modo, manipulada para aumentar a probabilidade de que as 
informações financeiras serão recebidas de forma favorável ou desfavorá-
vel pelos usuários. Informações neutras não significam informações sem 
nenhum propósito ou sem nenhuma influência sobre o comportamento. 
Ao contrário, informações financeiras relevantes são, por definição, capa-
zes de fazer diferença nas decisões dos usuários.
(c) Representação fidedigna não significa representação precisa em to-
dos os aspectos. Livre de erros significa que não há erros ou omissões na 
descrição do fenômeno e que o processo utilizado para produzir as infor-
mações apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo. 
Nesse contexto, livre de erros não significa perfeitamente precisa em to-
dos os aspectos. Por exemplo, a estimativa de preço ou valor não obser-
vável não pode ser determinada como precisa ou imprecisa. Contudo, a 
representação dessa estimativa pode ser fidedigna se o valor for descrito 
de forma clara e precisa como sendo a estimativa, se a natureza e as limi-
tações do processo de estimativa forem explicadas e se nenhum erro ti-
ver sido cometido na escolha e na aplicação do processo apropriado para 
o desenvolvimento da estimativa (CPC, 2019, n.p).
Obviamente, a perfeição nunca ou raramente é atingida. O objetivo é 
maximizar essas qualidades tanto quanto possível.
Comparabilidade, capacidade de verificação, tempestividade e 
compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade 
Contabilidade Geral 14
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de informações que sejam tanto relevantes como forneçam representação 
fidedigna do que pretendem representar. Em uma situação que há, por exemplo, 
duas formas de reconhecer um determinado evento econômico e que as duas 
formas fornecem informações igualmente relevantes e que a representação é 
igualmente fidedigna, as características de melhoria auxiliam na determinação de 
como reconhecer o fenômeno.
 
Figura 5: Características Qualitativas de Melhoria
Fonte: Autoria Própria
As decisões dos usuários envolvem escolher entre alternativas, como, por 
exemplo, vender, comprar ou manter o investimento. Consequentemente, 
informações sobre a entidade que reporta são mais úteis se puderem ser 
comparadas a informações similares sobre outras entidades e a informações 
similares sobre a mesma entidade referentes a outro período ou a outra data 
(CPC, 2019).
Dessa forma, comparabilidade é a característica qualitativa que permite 
aos usuários identificar e compreender similaridades e diferenças entre 
itens evidenciados. Diferentemente das outras características qualitativas, a 
comparabilidade não se refere a um único item. A comparação exige, no mínimo, 
dois itens (anos diferentes ou entidades diferentes) (CPC, 2019).
A verificabilidade auxilia a garantir aos usuários que as informações 
representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem 
representar. Capacidade de verificação significa que diferentes observadores bem 
informados e independentes podem chegar ao consenso, embora não a acordo 
necessariamente completo, de que a representação específica é representação 
fidedigna. Informações quantificadas não precisam ser uma estimativa de valor 
único para que sejam verificáveis. Uma faixa de valores possíveis e as respectivas 
probabilidades também podem ser verificadas (CPC, 2019).
A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa verificar 
o valor ou outra representação por meio de observação direta, por exemplo, 
contando-se dinheiro. Verificação indireta significa verificar os dados de entrada 
de modelo, fórmula ou outra técnica e recalcular os dados de saída utilizando 
a mesma metodologia. Um exemplo é verificar o valor contábil do estoque, 
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checando as informações (quantidades e custos) e recalculando o estoque final, 
utilizando a mesma premissa de fluxo de custo (por exemplo, utilizando o método 
primeiro a entrar, primeiro a sair).
Tempestividade significa disponibilizar informações aos tomadores de 
decisões a tempo para que sejam capazes de influenciar suas decisões. De modo 
geral, quanto mais antiga a informação, menos útil ela é. Contudo, algumas 
informações podem continuar a ser tempestivas por muito tempo após o final 
do período de relatório porque, por exemplo, alguns usuários podem precisar 
identificar e avaliar tendências (CPC, 2019).
Por último, classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro 
e conciso as torna compreensíveis. Relatórios financeiros são elaborados para 
usuários que têm conhecimento razoável das atividades comerciais e econômicas 
e que revisam e analisam as informações de modo diligente. Algumas vezes, 
mesmo usuários bem informados e diligentes podem precisar buscar o auxíliode consultor para compreender informações sobre fenômenos econômicos 
complexos (CPC, 2019).
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2. PATRIMÔNIO: CONCEITOS E APLICAÇÕES
OBJETO DA CONTABILIDADE
De acordo com Viceconte e Neves (2017) a contabilidade possui como 
objeto de estudo o patrimônio, que é composto por determinados bens, direitos 
e obrigações. Como forma de associar este conceito com os itens abordados pela 
Estrutura Conceitual, os bens e direitos são os recursos econômicos da entidade 
e as obrigações são as reivindicações de terceiros e dos proprietários sobre a 
entidade.
O patrimônio de uma empresa é controlado na contabilidade por meio dos 
reconhecimentos de contas representativas dos eventos econômicos ocorridos 
na entidade. Cada conta representa uma parte do patrimônio da empresa ou 
representa um evento que modifica ou que possa modificar o patrimônio da 
entidade.
 As contas podem ser classificadas em contas patrimoniais e contas de 
resultado. As contas patrimoniais representam o patrimônio da entidade (bens, 
direitos e obrigações). As contas de resultado representam as contas de receitas e 
despesas que alteram o patrimônio da entidade. Enquanto as contas patrimoniais 
apresentam o patrimônio, as de resultado apresentam o desempenho da entidade.
 Para que os eventos econômicos de uma entidade possam ser registrados 
é importante seguir o processo lógico contábil. Esse processo lógico se inicia na 
identificação dos critérios de reconhecimento, depois passa pelas técnicas de 
mensuração para que seja finalmente reportado nos relatórios gerais. Durante este 
processo que é preciso garantir as características qualitativas das informações 
para que elas sejam úteis aos usuários.
 
Figura 6: Processo Lógico Contábil 
Fonte: Autoria Própria
 
Contabilidade Geral 17
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O processo contábil sobre um evento econômico se inicia pela identificação 
da natureza do evento para que seja determinado se ele será reconhecido ou não 
em uma conta específica na contabilidade. As normas contábeis e a Estrutura 
Conceitual evidenciam os procedimentos para que os elaboradores saibam 
avaliar quando reconhecer um evento e de que forma reconhecer (ativo, passivo, 
patrimônio líquido, receita ou despesa).
 Para exemplificação, a NBC TG 27 – Ativo Imobilizado evidencia que para 
um ativo seja considerado como ativo imobilizado é necessário que ele seja 
utilizado nas principais operações da entidade, que seja consumido por mais 
de um período, que gere benefícios econômicos para a entidade e que tenha 
mensuração confiável. Dessa forma, uma empresa pode comprar um ativo que 
em uma classificação extracontábil pode ser denominado de imobilizado, mas 
não significa que na contabilidade também será considerado como imobilizado. 
Por exemplo, um pneu de um ônibus pode ser considerado como imobilizado 
de forma extracontábil, mas para ônibus que rodam muito é comum que um 
pneu não tenha uma vida útil superior a um ano, ou seja, na contabilidade não é 
permitido o registro deste pneu como imobilizado, mas sim diretamente como 
despesa do exercício.
Após a constatação que o evento econômico será reconhecido e de que 
forma ele será reconhecido, o próximo passo é determinar por quanto ele será 
reconhecido. No processo contábil, a mensuração do valor de registro é a segunda 
etapa. Há diversas formas de mensurar um item registrado. A mensuração se 
divide em duas partes. A primeira parte é a mensuração inicial, que é o momento 
de registro inicial do evento econômico. A segunda parte é a mensuração 
subsequente, que define por quanto o evento econômico permanecerá registrado 
na contabilidade.
As principais formas de mensuração inicial são: custo histórico, custo 
amortizado, valor justo e valor presente. As técnicas de mensuração subsequente 
também são semelhantes às da mensuração inicial, porém há algumas específicas 
apenas para a subsequente, como a depreciação acumulada, amortização 
acumulada, exaustão acumulada, ajuste por redução ao valor recuperável, entre 
outras.
 Nem sempre um ativo registrado inicialmente por um método permanece 
sendo atualizado pelo mesmo método. Uma ação comprada para revenda, por 
exemplo, é registrada pelo custo de aquisição e mantida subsequentemente pelo 
valor justo.
 Por último, a contabilidade atinge o objetivo de evidenciar informações 
úteis para os usuários por meio da divulgação das informações, anteriormente 
reconhecidas e mensuradas, nas demonstrações contábeis e nas notas explicativas. 
As normas contábeis evidenciam onde, como e o que divulgar sobre cada evento 
econômico da entidade. Para alguns itens com maiores materialidade é exigida 
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maior divulgação e explicação, como os ativos imobilizados, receitas de contratos, 
tributos sobre o lucro, entre outros. Informações menos materiais normalmente 
são divulgadas de forma agregada com outras contas e sem muitas exigências de 
detalhamento em notas explicativas.
 Dessa forma, para garantir que as informações contábeis sejam úteis 
aos usuários, os normatizadores constantemente verificam os processos 
de reconhecimento e mensuração dos eventos econômicos, pois são essas 
duas etapas que definem a natureza e os valores das contas representativas 
do patrimônio da entidade e de seu desempenho. Qualquer alteração nos 
procedimentos de reconhecimento e mensuração pode afetar significativamente 
as informações divulgadas. Portanto, os órgãos normatizadores se atentam se cada 
norma ainda possui critérios consistentes para a atual conjectura mundial, em que 
revisam, modificam e republicam as normas consideradas com procedimentos 
ultrapassados.
 As principais fontes de divulgação das informações contábeis são as notas 
explicativas e as demonstrações contábeis, que compõem o relatório financeiro 
para fins gerais explicado pela Estrutura Conceitual. As notas explicativas fazem 
parte do conjunto completo das demonstrações contábeis e servem para detalhar 
os itens divulgados nas demonstrações. As demonstrações contábeis evidenciam 
somente a conta ou grupo de conta e os respectivos valores, enquanto as notas 
explicativas evidenciam as bases de mensuração, as informações qualitativas do 
evento econômico, entre vários outros itens.
 Já as demonstrações contábeis, a NBC TG 26 - Apresentação das 
Demonstrações Contábeis define como: “uma representação estruturada da 
posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade” (CFC, 2017, 
n.p.). Aqui já foi explicado que as contas representam o patrimônio da empresa 
e as alterações no patrimônio mediante desempenho da entidade, dessa forma 
as demonstrações contábeis vão divulgar aos usuários estas contas de forma 
estruturada, para facilitar a análise e fomentar a utilidade da informação.
 As principais informações divulgadas sobre a entidade são: ativos, passivos, 
patrimônio líquido, receitas, despesas, fluxos de caixa e as alterações no capital 
próprio mediante integralização dos proprietários e distribuição a eles (CFC, 
2017). Estas informações são divulgadas em um conjunto de demonstrações, não 
apenas em uma. Entre a Lei 6.404/76 e as normas brasileiras de contabilidade há 
pequenas diferenças em relação às demonstrações exigidas.
 O item 10 da NBC TG 26 (2017) especifica o conjunto completo das 
demonstrações contábeis da seguinte forma:
(a) balanço patrimonial ao final do período; 
(b1) demonstração do resultado do período; 
(b2) demonstração do resultado abrangente do período; 
Contabilidade Geral 19
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(c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; 
(d) demonstração dos fluxos de caixa do período; 
(e) notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis significati-
vas e outras informações elucidativas;
(ea) informações comparativas com o período anterior; 
(f) balanço patrimonial do início do período mais antigo,comparativa-
mente apresentado, quando a entidade aplicar uma política contábil re-
trospectivamente ou proceder à reapresentação retrospectiva de itens 
das demonstrações contábeis, ou quando proceder à reclassificação de 
itens de suas demonstrações contábeis; e
(f1) demonstração do valor adicionado do período, conforme Pronuncia-
mento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum órgão regu-
lador ou mesmo se apresentada voluntariamente (CFC, 2017, n.p).
 Já para Lei 6.404/76, considerando as posteriores alterações (principalmente 
com as alterações advindas da Lei 11.638/07), no capítulo XV, seção II, art. 176: 
Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na 
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, 
que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as 
mutações ocorridas no exercício:
I - balanço patrimonial;
II - demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III - demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa;
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado (BRASIL, 
1976, n.p).
O quadro a seguir auxilia na comparação entre as demonstrações exigidas 
pela lei e pela a norma.
 Demonstra-
ção
Norma Inter-
nacional
Pronunciamento 
Contábil
Norma Brasi-
leira de Con-
tabilidade
Obrigada 
por Lei? 
(6406/76)
Balanço Patrimo-
nial
IAS 1 CPC 26 NBC TG 26 Sim
D e m o n s t r a ç ã o 
do Resultado do 
Exercício
IAS 1 CPC 26 NBC TG 26 Sim
Demonstração do 
Resultado Abran-
gente
IAS 1 CPC 26 NBC TG 26 Não
Contabilidade Geral 20
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D e m o n s t r a ç ã o 
das Mutações do 
PL
IAS 1 CPC 26 NBC TG 26 Não
Demonstração do 
Lucro ou Prejuízo 
Acumulado
- - - Sim
D e m o n s t r a ç ã o 
dos Fluxos de Cai-
xa
IAS 7 CPC 03 NBC TG 03 Sim
Demonstração do 
Valor Adicionado*
Não há CPC 09 NBC TG 09 Sim**
Quadro 1: Demonstrações Contábeis Exigidas pelas Normas e Lei. Fonte: Autoria Própria
Fonte: Autoral
* A Demonstração do Valor Adicionado é uma demonstração brasileira. Não provém de normas internacionais;
** Somente se a companhia for de capital aberto.
 
Destaca-se no quadro 1 que a Demonstração das Mutações do PL e a 
Demonstração do Resultado Abrangentes são exigidas pelas normas contábeis, 
mas não são exigidas pela lei. De forma contrária, a Demonstração do Lucro ou 
Prejuízo Acumulado (DLPA) é exigida pela lei, mas não é exigida pela norma. A 
DLPA, entretanto, de acordo com o art.186 “§ 2º A demonstração de lucros ou 
prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do 
capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio 
líquido, se elaborada e publicada pela companhia.” (BRASIL, 1976, n.p.). Dessa 
forma, a entidade é liberada de publicar a DLPA caso ela elabore a DMPL, pois 
a primeira está contida na segunda, em que a segunda é muito mais informativa.
 De forma resumida, cada demonstração contábil evidencia:
a) Balanço Patrimonial: evidencia a situação patrimonial e financeira (ati-
vos, passivos e patrimônio líquido) da entidade em um exato momento. 
b) Demonstração do Resultado do Exercício: evidencia o desempenho 
realizado (receitas e despesas realizadas) da entidade dentro de um de-
terminado período.
c) Demonstração do Resultado Abrangente: evidencia o desempenho 
total da entidade, em que leva em consideração tanto as receitas e des-
pesas realizadas, quanto as receitas e despesas ainda não realizadas, mas 
que podem se realizar e afetar significativamente a situação patrimonial e 
financeira da empresa.
d) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: evidencia de for-
ma detalhada as mutações ocorridas no patrimônio líquido da entidade 
em um determinado período (alterações nas contas do início do período 
para o final).
e) Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulado: evidencia a formação 
do lucro ou do prejuízo acumulado e a destinação do lucro acumulado 
para as reservas de lucro e distribuição de dividendos. Esta demonstra-
ção está contida na DMPL pois Lucro e Prejuízo acumulado é uma conta 
de PL.
Contabilidade Geral 21
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f) Demonstração dos Fluxos de Caixa: evidencia se a entidade consumiu 
ou gerou caixa e equivalente de caixa em um determinado período de 
acordo com três atividades (operacional, investimento e financiamento).
g) Demonstração do Valor Adicionado: evidencia a criação ou recebi-
mento da riqueza da entidade e a distribuição desta riqueza para os par-
ticipantes de mercado (pessoal, governo, terceiros e proprietários). Se 
difere da DRE e DRA, pois o conceito de riqueza está mais relacionado 
ao PIB, enquanto a DRE e DRA evidenciam o desempenho econômico, 
independentemente de sua distribuição.
 Estas demonstrações podem ser classificadas de duas formas: 
demonstrações estáticas e demonstrações dinâmicas. Demonstração estática é 
aquela que evidencia as informações de uma data específica, como se fosse uma 
foto da entidade em um determinado momento. As demonstrações dinâmicas 
são aquelas que evidenciam as informações acumuladas em um período 
(normalmente 3 meses, 6 meses ou 1 ano). O Balanço Patrimonial é a única 
demonstração estática, que mostra a situação patrimonial e financeira da entidade 
apenas no dia especificado na demonstração (31/12/x1 para as demonstrações 
anuais, por exemplo). As demais demonstrações são dinâmicas.
 Aqui será detalhado o ativo do Balanço Patrimonial, no capítulo 03 serão 
detalhados o passivo e o patrimônio líquido, e no capítulo 4 a demonstração do 
resultado do exercício.
 Como já explicado, o balanço patrimonial evidencia os recursos econômicos 
da empresa, que são os ativos como bens e direitos, e evidencia as reivindicações 
das pessoas que injetaram os recursos econômicos que a entidade possui. Os 
recursos econômicos de uma entidade podem ser reivindicados por terceiros 
(obrigações que a entidade tem com terceiros, como fornecedores, bancos, 
governo, funcionários, etc.), e reivindicados pelos proprietários (capital próprio).
 A Lei 6.404/76, com as alterações da Lei 11.941/09, no artigo 178 especifica: 
No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio 
que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da 
situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de 
liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
I – ativo circulante; e
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, 
investimentos, imobilizado e intangível. 
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
I – passivo circulante; 
II – passivo não circulante; e
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, 
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e 
Contabilidade Geral 22
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prejuízos acumulados (BRASIL, 1976, n.p.).
Dessa forma, a estrutura mínima obrigatória legal é a seguinte:
Figura 7: Estrutura Mínima Legal do Balanço Patrimonial
Fonte: Autoria Própria
 
Ressalta-se que na figura o PL não está detalhado pois será estudado no 
próximo capítulo.
As normas contábeis não exigem uma estrutura específica, mas exige as 
informações mínimas que um balanço patrimonial deve conter. O item 57 da 
NBC TG 26 indica que “Esta norma não prescreve a ordem ou o formato que 
deva ser utilizado na apresentação das contas do balanço patrimonial, mas a 
ordem legalmente instituída no Brasil deve ser observada.” (CFC, 2017, n.p.). Ao 
comparar o especificado pela lei com o descrito no item 57 da norma fica evidente 
que a estrutura atual do Balanço Patrimonial utilizada pelas empresas brasileiras 
provém da lei. A norma vai servir de complemento para deixar o balanço mais 
estruturado e completo.
Ativo
Com foco nos ativos da entidade, item 54 da NBC TG 26 especifica algumas 
das contas ou grupo decontas que devem ser evidenciadas no Balanço 
Patrimonial:
(a) caixa e equivalentes de caixa; 
(b) clientes e outros recebíveis; 
(c) estoques; 
(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); 
(e) total de ativos classificados como disponíveis para venda e ativos à disposição para venda de 
acordo com o CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; 
(f) ativos biológicos dentro do alcance do CPC 29;
(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; 
(h) propriedades para investimento; 
(i) imobilizado; 
(j) intangível; 
Contabilidade Geral 23
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(o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 
(CFC, 2017, n.p.). 
 
Para uma melhor compreensão destes itens, é necessário estender o conceito 
de ativo. Já foi abordado até então que os ativos são os recursos econômicos da 
entidade, representados por determinados bens e direito que ela possui. Sobre 
este conceito mais básico é importante salientar que não é qualquer bem ou 
direito que será reconhecido como ativo. Há outras particularidades que definem 
o registro do evento como ativo.
A Estrutura Conceitual (CPC, 2019, n.p.) define o ativo como: “recurso 
econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos 
passados.”
Sobre este conceito é importante destacar 3 pontos. 1) recurso econômico 
é aquele bem ou direito que tem potencial de produzir benefícios econômicos 
para a entidade. Se a empresa possui uma máquina quebrada sucateada onde a 
venda dela seria mais custosa do que vantajosa, por mais que seja um bem que 
a entidade possui, a máquina deixa de ser um ativo para a entidade, pois já não 
gera mais benefícios econômicos; 2) o ativo precisa ser controlado pela entidade 
para que seja registrado. A compra à vista de uma máquina que só chegará na 
entidade daqui a 6 meses, a máquina ainda não pode ser registrada como ativo, 
pois a empresa ainda não possui o controle sobre ela. Neste caso, a empresa 
registra como um adiantamento, que é um direito que ela possui já que pagou 
antecipadamente. Quando a máquina estiver sob controle da entidade, a empresa 
registra a máquina em contrapartida da baixa do adiantamento. 3) Todos os ativos 
registrados são provenientes de eventos passados. Até mesmo as estimativas 
futuras, como as perdas estimadas para crédito de liquidação duvidosa, que são 
mensuradas de acordo com informações do passado.
De acordo com os itens exigidos pela lei e pela norma o é possível representar 
o ativo circulante da seguinte forma.
Figura 8: Principais Subgrupos do Ativo Circulante
 Fonte: Autoria Própria
Contabilidade Geral 24
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 A figura evidencia os principais subgrupos do ativo circulante. Antes de 
explicar cada subgrupo, é importante identificar a forma de definir se um ativo é 
circulante ou não circulante, e destacar o conceito de ativos temporários e ativos 
permanentes.
 Para segregar o ativo circulante do ativo não circulante é comum utilizarmos 
o critério de prazo de realização do item. Consideramos que itens que serão 
realizados ou espera-se que seja realizado em até 12 da data do balanço seja 
considerado ativo circulante. Entretanto, de acordo com a NBC TG 26 há outros 
critérios de segregação. O ativo deve ser classificado como circulante quando 
satisfizer qualquer dos seguintes critérios: 
(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou 
consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; 
(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; 
(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; 
ou 
(d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamen-
to Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que 
sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante 
pelo menos doze meses após a data do balanço (CFC, 2017, n.p.).
Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulantes.
 Outra segregação importante, que está de forma implícita no Balanço, é a 
diferença entre ativos temporários e ativos permanentes. Ativos temporários são 
aqueles que a entidade possui com intuito de realizar/consumir/negociar no curto 
a médio prazo, como por exemplo a compra de estoque para revenda, compra 
de ações para fins de ganho de capital, compra de títulos de dívida, entre outros. 
Já os ativos permanentes, são aqueles que a empresa não pretende negociar 
em curto ou médio prazo, mas sim pretende usufruir dos benefícios gerados 
pelo ativo a longo prazo. Por exemplo, uma empresa que compra um veículo 
para fazer o frete de suas mercadorias não deseja que o veículo seja consumido 
o quanto antes, mas sim o contrário. Esta empresa deseja que este veículo dure 
o máximo possível, pois assim ela usufruirá dos benefícios em um tempo maior. 
Outro exemplo é a compra de ações para estreitar laços entre empresas para que 
uma tenha benefícios operacionais sobre a outra. Neste caso, a compra de ações 
não foi para a realização de ganho de capital em uma venda por um valor superior 
ao de compra, mas sim para benefícios operacionais e econômicos extraídos da 
relação entre as empresas.
 Ao relacionar a segregação entre ativo circulante e ativo não circulante 
com os conceitos de ativos permanentes e ativos temporários, juntamente 
com a exigência legal de organizar os ativos por ordem decrescente de grau de 
liquidez, podemos observar no balanço o seguinte: 1) todos os ativos circulantes 
são ativos temporários; 2) dos quatro grupos do ativo não circulante (realizável a 
Contabilidade Geral 25
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longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível), o realizável a longo prazo 
é temporário e os últimos três são permanentes. Observa-se que há uma clara 
divisão. Esta divisão está de acordo com a lei, pois ativos temporários possui um 
grau de liquidez maior que os permanentes, pois os temporários são realizados no 
curto e médio prazo, enquanto os permanentes são realizados no longo prazo. 
Em relação a cada subgrupo, Caixa e Equivalente de Caixa representa os 
valores que a entidade possui em espécie, em contas bancárias (corrente e 
poupança), e em aplicações financeiras de resgate imediato ou com resgate de 
até 3 meses. Esta definição é dada pela NBC TG 03 – Demonstração dos Fluxos 
de Caixa.
 O subgrupo de aplicações financeiras incorpora as aplicações com prazo 
de resgate superior a 3 meses ou aplicações financeiras sem prazo, como ações, 
investimentos cambiais e fundos de investimentos. De acordo com a NBC TG 48, 
há contas neste subgrupo mensuradas à valor justo ou custo de aquisição.
 Contas a receber evidencia os saldos dos valores que a empresa possui para 
receber de terceiros, principalmente relacionados às vendas a prazo. 
 Dependendo da empresa, há diversos tipos de estoque. Uma empresa 
comercial possui o estoque de mercadoria. Uma prestadora de serviço possui 
o almoxarifado, que são os materiais utilizados na prestação de serviço. Uma 
indústria possui o estoque de matéria prima, de produtos em elaboração, de 
produtos acabados e as vezes estoque de embalagens. A NBC TG 16 é a norma 
que aborda sobre os estoques.
 Conforme a NBC TG 29, Ativos Biológicos são ativos de empresas rurais que 
negociam seres vivos, como touros, vacas, búfalos, entre outros. É uma espécie 
de estoque, porém biológico.
 Tributos a Recuperar representa os direitos que a empresa possui de 
recuperar e compensar os tributos que foram pagos antecipadamente ou retidos 
na fonte. A empresa pode recuperar o pago sobre os tributos em regime não 
cumulativos como o ICMS, PIS e COFINS, por exemplo.
 Por último, quando uma empresa paga antecipadamente por qualquer 
despesa ou por um ativo que ainda não possui controle, é gerado um direito de 
utilização do serviço ou recebimento do ativo comprado. Um exemplo comum é o 
seguro a apropriar.Uma empresa que paga no primeiro dia do ano o seguro de um 
veículo referente ao ano todo não pode registrar tudo como despesa com seguro 
no primeiro dia, pois o regime de competência deve ser respeitado. O regime de 
competência exige o registro das receitas e despesas quando incorrem, então a 
despesa com seguro deve ser registrada mensamente no valor equivalente a cada 
mês. Como o pagamento do ano todo já foi efetuado, gera-se um direito de uso 
do seguro. A cada mês utilizado, a despesa é efetivamente lançada no resultado e 
o direito do seguro a apropriar é baixado.
Contabilidade Geral 26
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 Já o ativo não circulante, podemos destacar estes principais subgrupos:
 O ativo realizável a longo prazo possui basicamente os mesmos subgrupos 
do ativo circulante, com algumas exceções. É possível destacar o grupo de ativo 
diferido, que está relacionado com a NBC TG 32 – Tributos sobre o Lucro, que 
aborda sobre o imposto de renda e a contribuição social corrente e diferido.
Figura 9: Ativo não Circulante Realizável a Longo Prazo e Investimentos
Fonte: Autoria Própria
 
Para os ativos permanentes, o primeiro subgrupo é o de Investimentos. Este 
subgrupo incorpora ativos para benefício a longo prazo e que não são utilizados 
nas atividades operacionais principais da entidade. Esta é a principal diferença 
deste subgrupo para o subgrupo Imobilizado. Por exemplo, uma vidraçaria possui 
2 imóveis, em que o 1º ela usa para fazer os serviços e o 2º ela aluga para ter uma 
renda extra. O primeiro imóvel será considerado imobilizado e o segundo será 
considerado investimento. O subgrupo de Investimento é regido pela NBC TG 
28 e o ativo Imobilizado pela NBC TG 27.
Conforme a NBC TG 04, os intangíveis são itens incorpóreos utilizados nas 
principais operações da entidade. Por não serem tangíveis estes itens são direitos 
de uso que a empresa possui (direito de franquia, de usar um software, direitos 
autorais, etc.).
Como mensuração subsequente, os ativos permanentes podem sofrer 
redução ao valor recuperável, que ocorre quando um item de Investimento, 
Imobilizado e intangível está registrado por um valor superior ao de recuperação 
pela venda ou pelo uso. As normas contábeis não permitem a supervalorização 
destes itens, então é necessário reduzir o valor para o que a empresa conseguirá 
recuperar. Os ativos imobilizados sobre depreciação e exaustão (terrenos para 
extrativismo) e os intangíveis sobrem amortização
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Figura 10: Ativo não Circulante Imobilizado e Intangível
Fonte: Autoria Própria
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3. ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Passivo
A estrutura conceitual define o passivo como: “obrigação presente da entidade 
de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados” (CPC, 
2019, n.p.). Assim como não são todos os bens e direitos que são considerados 
ativos, também não são todas as obrigações que são consideradas como passivo. 
O quadro a seguir evidencia quais obrigações são reconhecidas como passivo.
Nível de Certeza da 
Obrigação
Classificação da Obri-
gação
R e c o n h e c e 
como Passivo?
Certa Demais Passivos
Obrigações Presen-
tes
Sim
Praticamente Certa
Provável Passivo - Provisão
Possível Passivo Contingente Obrigações não Pre-
sentes
Não
Remota Passivo Contingente
Quadro 2: Classificações das Obrigações
Fonte: Autoria Própria
Observa-se que as obrigações prováveis, as praticamente certas e as certas 
são as consideradas como obrigações presentes para a entidade, ou seja, são estas 
obrigações que são registradas como passivo. As obrigações possíveis e remotas 
não são passivos, e sim passivos contingentes, que não são reconhecidos. 
 O nível de certeza de uma obrigação está relacionado ao prazo, valor e 
obrigatoriedade de repasse de recursos. Uma obrigação certa, por exemplo, é 
aquela em que a empresa compra mercadorias a prazo e terá que pagar o valor 
R$ X no dia Y. Neste caso é sabido a data e o valor, em que a empresa possui a 
obrigatoriedade de repasse decorrente do contrato firmado. Uma obrigação 
praticamente certa é aquela obrigação onde não há uma certeza do valor e/ou 
prazo, mas há praticamente uma certeza de que o repasse de recurso será feito. 
As férias a pagar é um exemplo de obrigação praticamente certa, pois o valor 
depende de vários fatores trabalhistas durante o ano aquisitivo e o prazo pode ser 
em qualquer mês do período concessivo, mas apesar da incerteza do valor e prazo 
o trabalhador já tem direito legal de receber as férias pelo período trabalhado. 
Já uma obrigação provável é aquela que além da incerteza do valor e/ou 
prazo, também há uma incerteza maior quanto a obrigatoriedade de pagamento. 
Por exemplo, uma empresa que esteja sofrendo um processo trabalhista e que foi 
determinado pelo setor jurídico que a empresa provavelmente perderá o caso. Há 
uma incerteza do valor, pois somente o juiz decidirá e uma incerteza em relação 
ao prazo por não saber quando o processo finalizará. Além disso, por mais que 
seja provável a perda do processo, ainda há uma chance que a empresa ganhe e 
que não precise fazer o repasse do recurso, ou seja, também há incertezas quanto 
Contabilidade Geral 29
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a obrigatoriedade do repasse. Estas obrigações prováveis são as conhecidas 
provisões. É importante destacar que registrar as contas de provisão para férias, 
provisão para décimo terceiro e provisão para imposto de renda é considerado 
como procedimento errado de acordo com as normas brasileiras e internacionais, 
pois férias, décimo terceiro e IR não são provisões.
A Lei 6.404/76 não define um critério de ordenação para os passivos como 
define para os ativos, então as ordenações utilizadas pelas empresas são as 
definidas pelas normas. É comum que o passivo seja ordenado por subgrupos de 
acordo com a natureza e função das contas.
Muitos abordam a ordenação dos passivos com o grau de exigibilidade, 
porém na prática muitas das obrigações das empresas são mensais (amortização 
de empréstimos e financiamentos, pagamento de tributos, pagamentos de 
salários, pagamentos de energia, água e internet, etc.), o que dificulta decidir qual 
é o mais exigível.
O item 69 da NBC TG 26 define que o passivo deve ser classificado como 
circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: 
(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; 
(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; 
(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou 
(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo me-
nos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à 
opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimo-
niais não devem afetar a sua classificação (CFC, 2017, n.p.). 
Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes.
O passivo circulante é classificado da seguinte forma:
Figura 11: Passivo Circulante 
Fonte: Autoria Própria
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O subgrupo das obrigações sociais e trabalhistas apresenta os saldos 
referentes às dívidas que a entidade possui para com seus trabalhadores e com o 
governo em âmbito previdenciário. Salários, comissões, FGTS, INSS, etc.
As obrigações fiscais incorporam as dívidas que a entidade possui relacionados 
aos diversos tributos (ICMS, PIS, COFINS, IPI, ISS, entre outros). 
Empréstimos e financiamentos representa as obrigações que a entidade 
possui de repassar recursos para as instituições financeiras que geram crédito. 
Apesar do nome, também é possível classificar neste grupo as obrigações 
provenientes de leasings e de cartas de crédito, que são as duas outras grandes 
fontes de recursos além dos empréstimose financiamentos.
 As provisões, como já explicadas, são as obrigações prováveis que uma 
entidade possui. Normalmente decorrentes de processos em andamento ou de 
obrigações culturais que a entidade possui de arcar com determinados gastos 
mesmo não tendo obrigatoriedade para isto. A NBC TG 25 – Provisões, Passivos 
Contingentes e Ativos Contingentes aborda sobre este conteúdo.
O passivo não circulante possui basicamente os mesmos subgrupos do 
passivo circulante, com algumas exceções. Da mesma forma como foi destacado 
para o ativo não circulante realizável a longo prazo, aqui também é possível 
destacar o passivo diferido como subgrupo diferente no passivo circulante. O 
imposto de renda diferido e a contribuição social diferida podem ser tanto ativo 
quanto passivo. A NBC TG 32 aborda com detalhes este conteúdo.
Patrimônio Líquido
Por último, a definição de Patrimônio Líquido é dada pela Estrutura 
Conceitual como: “participação residual nos ativos da entidade após a dedução 
de todos os seus passivos” (CPC, 2019, n.p.). O conceito é simples, todos os 
recursos econômicos que a empresa possui teve como origem o capital de 
terceiros ou capital dos proprietários, então a empresa possui obrigações de 
repassar os recursos. Subtrair o total das reivindicações que terceiros possui 
sobre a entidade, o que sobra é o valor que será reivindicado pelos proprietários, 
ou seja, o patrimônio líquido.
Assim como para os passivos, a Lei 6.404/76 não indica um critério de 
ordenação, mas neste caso ela exige que determinados subgrupos sejam 
evidenciados. “III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de 
capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e 
prejuízos acumulados.” (BRASIL, 1976, n.p.).
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Figura 12: Patrimônio Líquido – Capital Social e Reserva de Capital
Fonte: Autoria Própria
O primeiro grupo do patrimônio líquido é o capital social. O valor evidenciado 
nele é o líquido entre o capital subscrito, que é aquele acordado entre os 
proprietários para a constituição da empresa, menos o capital a integralizar, que é 
o valor do que foi acordo que os proprietários ainda não injetaram na empresa. Se 
tudo que foi acordado já foi integralizado, o valor do capital social é o mesmo do 
capital subscrito.
As reservas de capital incorporam contas de transações de ganhos ou perdas 
de capital de transações da empresa com proprietários. Por exemplo: supondo 
que o valor nominal de uma ação de uma empresa seja R$ 50,0, mas decorrente 
de uma grande expectativa de mercado sobre a empresa ela conseguiu emitir 
novas ações e vender por R$ 70,0. A diferença de R$ 20,0 do valor nominal para 
o valor de venda é registrada como um ágio na emissão de ações na reserva de 
capital. No capítulo 4 este exemplo será retomado para que fique claro o motivo 
desse ganho não ser uma receita e, consequentemente, não ser apurado no 
resultado.
Figura 13: Patrimônio Líquido – Reservas de Lucro e Prejuízo Acumulado
Fonte: Autoria Própria
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As reservas de lucros são aquelas provenientes das destinações do lucro do 
exercício ou de algumas outras situações específicas, que serão especificadas 
aqui.
A reserva legal, como o próprio nome já indica, é uma reserva obrigatória pela 
Lei 6.404/76. Conforme o art. 193: 
Do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes 
de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não 
excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
§ 1º A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício 
em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de 
capital de que trata o § 1º do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) 
do capital social.
§ 2º A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social 
e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o 
capital (BRASIL, 1976, n.p.).
 A reserva estatutária é aquela criada pelo estatuto da empresa (documento 
que rege a criação e manutenção de uma sociedade anônima, assim como uma 
sociedade limitada precisa de um contrato social). As reservas estatutárias só 
podem ser criadas se respeitarem os seguintes critérios:
I - Indicar, de modo preciso e completo, a sua finalidade;
II - Fixar os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos 
que serão destinados à sua constituição; e
III – Estabelecer o limite máximo da reserva (BRASIL, 1976, n.p.).
 A reserva para expansão é criada como forma de retenção de lucro para fins 
de aplicação em um projeto específico. O artigo 196 especifica o seguinte:
A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, 
deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício prevista em orçamen-
to de capital por ela previamente aprovado.
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a 
justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender todas 
as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá 
ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de execução, por 
prazo maior, de projeto de investimento.
§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia-geral ordinária 
que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado anualmente, 
quando tiver duração superior a um exercício social (BRASIL, 1976, n.p.).
 A reserva para contingências é criada para a compensação de futuras 
prováveis perdas que possam ser estimadas pela empresa. O artigo 195 da lei 
descreve o seguinte:
A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, 
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destinar parte do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade 
de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de 
perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado.
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa da 
perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a recomendem, 
a constituição da reserva.
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir as 
razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda 
(BRASIL, 1976, n.p.).
A reserva de lucros a realizar é constituída mediante critério definido no artigo 
197 da Lei 6.404/76.
No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos 
termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro 
líquido do exercício, a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos 
de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros 
a realizar. 
§ 1o Para os efeitos deste artigo, considera-se realizada a parcela do lucro 
líquido do exercício que exceder da soma dos seguintes valores: 
I - o resultado líquido positivo da equivalência patrimonial (art. 248); e 
II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabiliza-
ção de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização 
financeira ocorra após o término do exercício social seguinte (BRASIL, 
1976, n.p.).
Por último, o artigo 195-A aborda sobre a reserva de incentivos fiscais da 
seguinte forma:
A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, 
destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido de-
corrente de doações ou subvenções governamentais para investimen-
tos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório 
(BRASIL, 1976, n.p.).
A conta prejuízo acumulado existe quando a empresa possui prejuízo no 
exercício e não possui saldos nas reservas de lucro para compensar o prejuízo do 
exercício. 
Cabe ressaltar que para as empresas sociedades anônimas não é permitido 
que a conta lucro acumulado tenha saldo. A empresa, se não tiver saldo na conta 
de prejuízo acumulado, deve destinar todo o lucro acumulado para as reservas de 
lucro e dividendos para os proprietários.
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Figura 14: Outros Resultados Abrangentes e Ações em Tesouraria
Fonte: Autoria Própria
O subgrupo de outros resultados abrangentes incorpora as contas de receitas 
e despesas ainda não realizadas da empresa, mas que podem se realizar e alterar 
significativamente o patrimônio da entidade. Por exemplo, certas variações no 
preço da ação que uma empresa possui com o intuito de revender são registradas 
como ganhos e perdas não realizados. Supondo que uma empresa compre ações 
de outra empresa por R$ 100 a unidade e depois de 6 meses a ação está a R$ 130, 
o ganho ainda não realizado de R$ 30 será registrado como ajuste de avaliação 
patrimonial. Os R$ 30 reais se tornaria uma receita realizada caso a empresa 
vendesse a ação neste momento.
Outros eventos relacionados às receitas e despesas não realizadas são: ajuste 
acumulado de conversão, que ocorre no momento da conversão de uma moeda 
para outra das demonstrações contábeis; ganhos e perdas atuariais em plano de 
benefício determinado a empregado; entre outros.
 Para finalizar, ações em tesouraria é a conta que representa as ações da 
própria empresa que foram recompradas no mercado. Em uma análise rápida, 
ações em tesouraria afeta o PL de forma oposta à emissão de novas ações no 
mercado. Quando uma entidade emite novas ações no mercado há entrada de 
recurso (normalmente caixa e equivalente de caixa) e o PL da empresa aumenta 
(aumento no capital social). De forma oposta, quando uma empresa recompra 
suas ações significa que está saindo recurso da empresa para o pagamento dessas 
ações e o PL está diminuindo por meio da conta negativa ações em tesouraria. 
A empresa possui um prazo para definir se estas ações serão recolocadas no 
mercado (revenda) ou se serão extintas. Se extintas, aí sim o capital social da 
empresa diminui, em contrapartida do estorno da conta de ações em tesouraria.
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4.APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
A apuração do resultado do exercício ocorre no final de cara período, 
normalmente anual, em que a empresa confronta as receitas realizadas com as 
despesas realizadas para determinar se neste período específico ela teve lucro ou 
prejuízo. O processo de apuração é simples, pois é justamente subtrair das receitas 
as despesas. Se o resultado for positivo significa que a empresa teve lucro, mas se 
for negativo significa que a empresa teve prejuízo.
 Na contabilidade essa apuração é feita por meio de uma conta transitória 
chamada ARE (apuração do resultado do exercício). Todos os saldos abertos nas 
contas de receitas são encerrados e transferidos para o lado credor da conta ARE. 
Todos os saldos abertos nas contas de despesas são encerrados e transferidos para 
o lado devedor da conta ARE. Dessa forma, o ARE terá valores do lado credor e 
do lado devedor, devendo, então, gerar um saldo. Se o valor total credor for maior 
que o devedor, significa que a empresa possui lucro, caso contrário a empresa 
possui prejuízo. Após a apuração do resultado o saldo é transferido para a conta 
de lucro ou prejuízo acumulado para as devidas destinações.
 Cabe ressaltar que apenas as receitas e despesas realizadas são apuradas no 
exercício. As receitas e despesas não realizadas (outros resultados abrangentes) 
não afetam o resultado do exercício.
 Este resultado apurado é evidenciado na demonstração do resultado do 
exercício. A DRE vai evidenciar aos usuários contábeis, de forma estruturada, 
a composição do resultado do exercício. A NBC TG 26 conceitua a DRE como 
“a apresentação, de forma resumida, das operações realizadas pela empresa, 
demonstradas de forma a destacar o resultado líquido do período (lucro ou 
prejuízo), de acordo com as receitas e despesas realizadas.” (CFC, 2017, n.p.).
 Para compreender a apuração do resultado e a demonstração dele, é 
necessário entender o conceito de receita e despesa. A estrutura conceitual 
define as receitas e despesas da seguinte forma:
- Receitas: “Aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que resultam 
em aumento no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de 
detentores de direitos sobre o patrimônio.” (CPC, 2019, n.p.)
- Despesas: “Reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, que resultam 
em reduções no patrimônio líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos 
detentores de direitos sobre o patrimônio.” (CPC, 2019, n.p.)
 Por parte, primeiramente é importante destacar que todas as receitas e 
despesas afetam o patrimônio total e o patrimônio líquido da entidade, sem 
exceções. As receitas aumentam o PL, pois elas aumentam o saldo credor no ARE, 
e as despesas diminuem o PL, pois elas aumentam o saldo devedor da conta ARE. 
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Lembre-se que o PL aumenta a crédito e diminui a débito. 
As receitas alteram as contas patrimoniais por meio de um aumento no ativo 
e/ou diminuição do passivo, como por exemplo a venda de mercadorias, em que 
a empresa registrará a receita de venda a crédito (PL aumenta a crédito) e a forma 
de recebimento a débito (caixa, banco ou duplicatas a receber), que aumentam o 
ativo. As receitas podem diminuir o passivo também, por exemplo um pagamento 
antecipado de dívida para conseguir desconto. Supondo que a empresa tinha 
uma dívida de R$ 1.000 referente a compra de mercadorias a pagar em 90 
dias. 30 dias após a compra, o fornecedor ofereceu um desconto de 10% caso a 
empresa pagasse nesse dia, e a empresa realizou o pagamento via banco. Nesta 
situação, a empresa vai debitar a quitação da dívida no valor de R$ 1000 (redução 
do passivo), e creditar R$ 900 na redução do banco e R$ 100 como descontos 
financeiros obtidos. Observa-se que a receita foi o motivo da redução do passivo 
fornecedor no valor de R$ 100.
As despesas podem diminuir o ativo ou aumentar o passivo. Por exemplo, 
as empresas podem optar, de modo geral, por pagar os salários dos funcionários 
dentro do mês de serviço (até o último dia do mês) ou pagar até o 5º dia útil do 
mês subsequente. Conforme o regime de competência, as despesas devem 
ser registradas quando incorrem, então a despesa do salário vai ser registrada 
no mês de serviço daquele trabalhador, independentemente se o salário já foi 
pago ou não. Para as empresas que pagam no mês de incorrência debita-se a 
despesa com salário (PL diminui a débito), e credita-se a redução no ativo (caixa 
ou banco). Para as empresas que pagam até o 5º dia útil do mês subsequente, 
no mês de incorrência da despesa, debita-se a despesa e credita-se um passivo 
(uma obrigação presente) de salários a pagar, para ser pago no mês subsequente.
Outro ponto a destacar das receitas e despesas é que elas não podem estar 
relacionadas com transações com os proprietários. Uma integralização de capital, 
por exemplo, aumenta o ativo da empresa e aumenta o PL, mas não é uma receita 
porque a transação está relacionada com os sócios. É esta particularidade que 
segrega as contas de reserva de capital para as reservas de lucro e prejuízo 
acumulado. Por exemplo, o ágio na emissão de ações (quando uma empresa emite 
novas ações no mercado e as vende por um valor superior ao nominal) aumenta o 
PL e aumenta o ativo. Observa-se que a princípio o efeito observado bate com o 
conceito de receita, mas não é uma receita porque a transação foi realizada com 
sócios (quem compra ações da empresa se torna proprietário).
Dessa forma, a compreensão das receitas e despesas auxiliam na apuração 
do resultado e na realização da DRE.
Nos dias atuais, a DRE basicamente possui duas estruturas. Uma baseada 
na Lei 6.404/76, que é muito utilizada até mesmo para as pequenas e médias 
empresas. Outra baseada nas normas brasileiras e internacionais. Observe a 
estrutura geral da DRE da norma e da lei.
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Figura 15: DRE de Acordo com a NBC TG 26
Fonte: Autoria Própria
Figura 16:

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