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1 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
Focada no concurso UFRJ – 2023 
 
 
 
 
Prof.ª Roberta da Costa Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Sumário 
Capítulo 1 – Dos princípios fundamentais .................................................................................. 3 
1.1 O art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil ...................................... 3 
1.1.1 República ................................................................................................... 4 
1.1.2 Federação .................................................................................................. 4 
1.1.3 Democracia ................................................................................................. 6 
1.2 O art. 2º da Constituição da República Federativa do Brasil ........................................ 8 
1.3 O art. 3º da Constituição da República Federativa do Brasil ........................................ 9 
1.4 O art. 4º da Constituição da República Federativa do Brasil ...................................... 10 
Capítulo 2 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais (teoria geral) ...........................................11 
2.1 Diferença entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais.....................................12 
2.2 Diferença entre Direitos e Garantias Fundamentais..................................................12 
2.3 Principais características dos Direitos Fundamentais ..............................................12 
 2.4 Gerações ou dimensões dos Direitos Fundamentais.................................................13 
2.5 Dos Direitos Individuais e Coletivos..........................................................................14 
 2.5.1 Destinatários dos Direitos e das Garantias previstos na Constituição..........15 
 2.6 Direitos sociais ........................................................................................................47 
 2.7 Direitos de Nacionalidade ........................................................................................56 
2.8 Direitos Políticos .........................................................................................................................63 
2.8.1 Direito ao sufrágio.......................................................................................63 
2.8.2 Perda e suspensão dos direitos políticos.....................................................70 
2.9 Partidos Políticos .....................................................................................................71 
Capítulo 3 – Da Organização Político-administrativa ................................................................72 
Capítulo 4 – Da Ordem social - educação ..................................................................................74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Capítulo 1 – Dos Princípios Fundamentais 
 
Vários são os princípios presentes no texto constitucional. Quanto a eles, é importante 
destacar, primeiramente, que são considerados normas jurídicas, normas constitucionais e, 
como tais, são dotados de normatividade jurídica e, portanto, de eficácia. 
No que diz respeito aos Princípios Fundamentais, presentes no primeiro Título da 
Constituição, nos artigos 1º ao 4º, o professor Flávio Martins assevera que: 
 
“A Constituição de 1988 é (...) uma constituição principiológica, diante do 
elevado número de princípios constitucionais nela presente. Todavia, no 
Título I, os princípios que ali se encontram são “fundamentais”. 
Fundamento, do latim fundamentum, significa base, alicerce. Portanto, os 
primeiros princípios previstos na Constituição foram tidos pelo constituinte 
originário como os mais importantes, os que servem para todo o 
ordenamento jurídico-constitucional”. 
 
Assim, percebe-se que os Princípios Fundamentais são as características essenciais de 
nosso Estado e representam os valores que orientam suas escolhas políticas. 
Como mencionado anteriormente, o Título I da Constituição compõe-se de quatro artigos 
que tratam dos seguintes assuntos: 
 
 
 
 
 
1.1 O art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil 
 
O art. 1º da Constituição de 1988 é bastante esclarecedor, tendo em vista que já começa 
nos apresentando o nome oficial do Estado brasileiro: 
 
 
 
 
 Com base na leitura desse artigo, é possível conhecermos a nossa forma de governo 
(República), assim como a nossa forma de estado (Federação), sobre os quais falaremos a 
seguir. Antes de examinarmos, em separado, essas características que marcam a organização 
do nosso Estado, é importante observar nossa organização político-administrativa prevista no 
artigo 18 da Constituição: 
 
 
 
 
 art. 1º - fundamentos da República; 
 art. 2º - separação dos poderes; 
 art. 3º - objetivos da República; 
 art. 4º - princípios que regem as relações internacionais. 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: (...) 
Art. 18 A organização político-administrativa da república Federativa do Brasil compreende 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição. 
 
4 
Em decorrência desses dois artigos (1º e 18), pode-se extrair as seguintes características 
iniciais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos, a partir de agora, estudar isoladamente cada uma dessas características. 
 
1.1.1 República 
 
República é uma palavra que vem do latim res publica e significa coisa pública. Trata-se 
de forma de governo por meio da qual o governante, escolhido pelo povo, chega ao poder por 
meio de eleições periódicas, exerce um mandato temporário e tem o dever de prestar contas 
(responsabilidade) por seus atos de governo, tendo em vista que é um gestor da coisa pública. 
A República se opõe à Monarquia, outra forma de governo. Veja, a seguir, as 
características que diferenciam uma da outra. 
 
 
 
 
 
 
A título de exemplo, observe o caso da nossa República: o Presidente da República 
adquire o poder por meio de eleições, exerce esse poder por um período determinado (quatro 
anos), representa o povo brasileiro e responde perante este pelos seus atos de governo (a 
própria Constituição define os crimes de responsabilidade do Presidente da República e 
estabelece o procedimento para perda do seu cargo, por meio do impeachment, conforme os 
artigos 85 e 52, respectivamente). 
 
1.1.2 Federação 
 
O Brasil é uma Federação desde a Constituição de 1891. Entende-se a Federação (ou a 
Forma Federativa de Estado) como a união de vários estados, cada qual gozando de autonomia. 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
 
 Forma de Governo é a República; 
 Forma de Estado é a Federação; 
 Regime de Governo (ou Político) é a Democracia; 
 Entes federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios (todos 
dotados, apenas, de autonomia (nenhum dos entes possui soberania, 
somente a Federação possui soberania). 
 
 
REPÚBLICA 
❖ eletividade 
❖ temporariedade 
❖ responsabilidade 
MONARQUIA 
❖ hereditariedade 
❖ vitaliciedade 
❖ irresponsabilidade 
 
5 
No entendimento de Celso Ribeiro Bastos, “a Federação é a forma de Estado pela qual se 
objetiva distribuir o poder, preservando a autonomia dos entes políticos que a compõem”. Dessa 
forma, os entes federativos possuem capacidade para se autolegislar e se autoadministrar. 
A Federação opõe-se ao Estado Unitário, uma vez que esse último possui um comando 
central único, ainda que descentralizado administrativa e / ou politicamente. 
Vale ressaltar que a Federação é considerada cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I), não sendo 
possível qualquer proposta de Emenda à Constituição tendente a aboli-la. 
Ademais, a previsão do princípio da indissolubilidade da Federação, expresso no art. 1º 
da CRFB/88, veda o direito de secessão, ou seja, o direito de separaçãodo território brasileiro. 
Apesar de cada Estado federativo apresentar características peculiares, inerentes às 
suas realidades locais, há pontos em comum que podem ser sistematizados. Assim, segue uma 
tabela com as principais características da Federação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E por último, mas não menos importante, é importante destacar que os Territórios não são 
entes federados, não são entes políticos dotados de autonomia. Com efeito, os Territórios são 
meras divisões territoriais pertencentes à União. Ainda assim, eles podem ser divididos em 
Municípios e possuem Câmara Territorial, com membros eleitos e competência deliberativa 
própria, conforme previsto na Constituição no art. 33, §§ 1º e 3º. 
 Fique atento (a), pois a Banca da UFRJ pode colocar os Territórios Federais como 
integrantes da Federação e, acabamos de explicar, eles NÃO são considerados entes políticos, 
mas sim, descentralizações administrativas pertencentes à União. 
Veja como esse assunto já foi cobrado em prova: 
 
 
 
 
 
 
 
 As entidades federativas são autônomas e se unem para formar (através de uma 
Constituição) a Federação, que é dotada de Soberania. 
 A formação da Federação Brasileira se deu por um movimento centrífugo ou por 
segregação. Isso porque, no passado, o Estado brasileiro era centralizado (um 
único poder), tendo se desmembrado para a formação dos Estados membros. 
 Na federação não existe o direito de secessão (princípio da indissolubilidade do 
vínculo federativo), porque o pacto federativo é indissolúvel e, além disso, é 
cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I), não podendo sofrer emenda tendente a aboli-la. 
 Há igualdade jurídica entre os estados membros, pois não existe hierarquia entre 
a União, os Estados, os municípios e o Distrito Federal (há apenas uma repartição 
de competências prevista na Constituição). 
 Há um órgão representativo dos Estados-membros (Senado Federal). 
 
A respeito da organização político-administrativa da República Federativa do Brasil, é 
correto afirmar que ela é formada pela união: 
a) indissolúvel dos Estados e dos Municípios; 
b) indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
c) dissolúvel dos Estados, dos Municípios e dos Territórios; 
d) indissolúvel dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
e) dissolúvel dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios. 
Gabarito: Letra B 
 
6 
1.1.3 Democracia 
 
Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra 
democracia tem origem no grego demokratía, que é composta por demos (que significa povo) e 
kratos (que significa poder). Neste sistema político, o poder é exercido pelo povo através do 
sufrágio universal (que se materializa no direito de votar e de ser votado). 
 O Estado Democrático de Direito assegura, também, a garantia de uma sociedade 
pluralista, em que todas as pessoas se submetem às leis e ao Direito que, por sua vez, são 
criados pelo povo, por meio de seus representantes. A lei e o Direito, nesse Estado, visam a 
garantir o respeito aos direitos fundamentais, assegurando a todos uma igualdade material, ou 
seja, condições materiais mínimas a uma existência digna. 
 No Brasil vige a democracia semidireta ou participativa, na qual o povo tanto exerce o 
poder diretamente quanto por meio de representantes, como previsto no § único do art. 1º: 
 
 
 
 
 
 
Trata-se de um sistema híbrido, no qual existe uma combinação de representação política 
(democracia indireta) com mecanismos da democracia direta, como por exemplo, o plebiscito, o 
referendo e a iniciativa popular. 
 
1.1.4 Fundamentos da República 
 
Evidenciam-se, no art. 1º da CRFB/88, os Fundamentos da República, previstos nos 
incisos I a V. São eles: a) soberania, b) cidadania, c) dignidade da pessoa humana, d) valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa e e) pluralismo político. 
É importante ressaltar que, como estes são a base principiológica sobre a qual será 
construído todo o país, eles são conhecidos como metaprincípios, ou seja, princípios dos quais 
derivarão todos os outros princípios e regras constitucionais. 
Para facilitar a sua compreensão e garantir a sua assimilação desse conteúdo, vamos 
esquematizar os princípios fundamentais a seguir e discorrer, ainda que brevemente, sobre 
cada um deles. 
 
FUNDAMENTOS DA 
REPÚBLICA
Art. 1º, I ao V, CRFB/88
SOberania CIdadania
DIgnidade da 
pessoa humana
VAlores sociais 
do trabalho e da 
livre iniciativa 
PLUralismo
político 
Art. 1º (...) 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
SO CI DI VA PLU 
 
7 
Essa é a base principiológica sobre a qual será construído o país. Assim, eles são 
considerados metaprincípios, dos quais decorrerão todos os outros princípios e regras 
constitucionais. 
Vamos explicar, de forma objetiva, cada um deles, na medida em que há a possibilidade 
de a Banca da UFRJ explorar esses conceitos de forma isolada. 
 
a) Soberania 
 
 A soberania consiste em um poder político supremo, formado pela união da 
independência, no plano internacional, e da supremacia, no plano nacional, ou seja, o ente 
soberano não está limitado por nenhum outro na ordem interna nem na ordem externa, pois não 
precisa seguir regras que não sejam voluntariamente aceitas. 
 
b) Cidadania 
 
 Há uma visão estrita e uma visão ampla de cidadania. Na visão estrita, cidadania é a 
possibilidade de os indivíduos interferirem nas decisões políticas do Estado. Dessa forma, 
cidadãos seriam aqueles detentores de direitos políticos (capacidade de votar e de ser votado; 
participação em plebiscitos e referendos). Por sua vez, na visão ampla de cidadania, esta 
corresponde à titularidade de direitos fundamentais, bem como de deveres perante os 
semelhantes. 
 
c) Dignidade da pessoa humana 
 
É princípio de valor supremo em nosso Estado com influência e eficácia sobre todo o 
ordenamento jurídico. Ele atrai para si o conteúdo de todos os direitos fundamentais, impondo 
ao Estado o respeito à dignidade da pessoa em todos os seus aspectos, ou seja, há um dever de 
abstenção (dever de não-interferência ou de não-intromissão) por parte do Estado e também um 
dever de atuação positiva (dever de prestação), que se materializa com a efetivação de direitos 
sociais, econômicos e culturais que promovam a liberdade e a igualdade materiais. 
 
d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
 
Visa a criar uma relação de harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho. Com 
efeito, no mesmo dispositivo, foi mantida a ponderação entre os valores sociais do trabalho (e a 
necessidade de proteção constitucional dos direitos dos trabalhadores) e a importância da livre 
iniciativa, da iniciativa privada, do capitalismo. Dessa forma, entende-se que um não pode 
sobrepor-se ao outro, tendo como principal objetivo alcançar a justiça social. 
 
e) Pluralismo político 
 
Decorre do princípio democrático e impõe a opção por uma sociedade plural. É garantia 
da liberdade de convicção filosófica e política e, também, a possibilidade de organização e 
participação em partidos políticos. Ressalte-se, todavia, que pluralismo político não se confunde 
com pluripartidarismo (pluralismo de partidos), que é apenas uma das espécies de sua 
manifestação. 
Com isso, um sistema plural é aquele que aceita, reconhece e tolera a existência de 
diferentes ideias e cultura de costumes. 
 
 Fique atento (a) porque esses assuntos podem aparecer em prova de duas formas: pode 
ser cobrada a simples “decoreba”, ou seja, a banca da UFRJ pode explorar apenas a literalidade 
 
8 
dos incisos, ou ela pode elaborar uma questão envolvendo o conceito sobre algum desses 
fundamentos, como na questão a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 O art. 2º da Constituição da República Federativado Brasil 
 
 O art. 2º da CRFB/88 estabelece o princípio da tripartição dos Poderes no Brasil. Segundo 
o referido artigo: 
 
 
 
O objetivo dessa separação é evitar que o poder se concentre nas mãos de uma única 
pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que 
todo o poder se concentrava nas mãos do rei. 
 E, além disso, a independência entre os Poderes é limitada pelo sistema de freios e 
contrapesos (checks and balances). Esse sistema prevê a interferência legítima de um Poder 
sobre o outro, nos limites estabelecidos pela Constituição. É o que acontece, por exemplo, 
quando o Congresso Nacional fiscaliza os atos do Poder Executivo ou o judiciário declara a 
inconstitucionalidade de alguma lei. 
 Vale ressaltar também que a independência entre os Poderes não significa exclusividade 
no exercício das funções que lhe são atribuídas, mas, sim, predominância no seu desempenho. 
Assim, ainda que determinadas funções sejam exercidas, predominantemente, pelos Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário (funções típicas), elas também podem ser desempenhadas 
pelos outros Poderes de modo subsidiário (funções atípicas), com vistas a garantir a sua própria 
autonomia e independência. 
 Vamos agora tecer breves comentários sobre cada um desses poderes e de suas funções 
típicas e atípicas, pois esses assuntos vêm caindo muito em prova e já foram cobrados pela 
banca da UFRJ. 
Observe o quadro a seguir: 
 
 
O voto é uma das principais armas da Democracia, pois permite ao povo escolher os 
responsáveis pela condução das decisões políticas de um Estado. Quem faz mau uso do voto 
deixa de zelar pela boa condução da política e põe em risco seus próprios direitos e deveres, 
o que afeta a essência do Estado Democrático de Direito. Dentre os fundamentos da 
República Federativa do Brasil, expressamente previstos na Constituição, aquele que mais 
adequadamente se relaciona à ideia acima exposta é a: 
 a) soberania. 
 b) prevalência dos direitos humanos. 
 c) cidadania. 
 d) independência nacional. 
 e) dignidade da pessoa humana. 
 
 
Gabarito: Letra C 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo 
e o Judiciário. 
 
9 
PODERES 
 
FUNÇÕES TÍPICAS 
(exercidas com preponderância) 
 
FUNÇÕES ATÍPICAS 
(exercidas secundariamente) 
 
Executivo 
 
Pratica atos de chefia de estado, 
chefia de governo e atos de 
administração 
 
Natureza legislativa: O Presidente da 
República, por exemplo, adota medida 
provisória, com força de lei (Art. 62); 
Natureza jurisdicional: O Executivo 
julga, apreciando defesas e recursos 
administrativos. 
 
Legislativo 
 
Legislação; fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária e patrimonial 
do executivo. 
 
Natureza executiva: dispõe sobre sua 
organização, provendo cargos, 
concedendo férias, licenças a 
servidores etc.; 
Natureza jurisdicional: o Senado julga o 
presidente da república nos crimes de 
responsabilidade (Art. 51, 1). 
 
Judiciário 
 
Julgar (função jurisdicional), dizendo 
o direito no caso concreto e dirimindo 
os conflitos que lhe são levados, 
quando da aplicação da lei. 
 
Natureza legislativa: edita regime 
interno de seus tribunais (Art. 96, I, “a”); 
Natureza executiva: Administra, v.g., ao 
conceder licenças e férias aos 
magistrados e serventuários (art. 96, I, 
“f”). 
 
 
 
1.3 O art. 3º da Constituição da República Federativa do Brasil 
 
O Constituinte originário estabeleceu no art. 3º da CRFB/88 os objetivos fundamentais da 
República, que são verdadeiras metas a serem alcançadas pelo Estado. Consoante o disposto 
no referido artigo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diferentemente dos fundamentos, previstos no art. 1.º, os objetivos são normas de 
conteúdo principiológico e programático, pois exigem uma atuação positiva (um dever de fazer) 
do Estado. Assim, elas não produzem todos os efeitos imediatamente, mas devem ser vistas 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
 
CON GA ER RE PRO 
(todos verbos) 
 
10 
como mandamentos de otimização, ou seja, o Estado deve cumprir o máximo possível desses 
objetivos, dentro dos limites fáticos, jurídicos e orçamentários. 
 Um exemplo dessa atuação positiva foi a criação de reserva de vagas para negros nas 
universidades, tema polêmico, mas já debatido e decidido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), 
como podemos ver na decisão abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4 O art. 4º da Constituição da República Federativa do Brasil 
 
 O art. 4º, reservado aos princípios que regem as relações internacionais, é uma inovação 
da Constituição de 1988. Este artigo dispõe que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trechos dos votos de alguns Ministros do STF 
 
 Todos os ministros seguiram o voto do relator, ministro Lewandowski. Primeiro a 
votar na sessão plenária desta quinta-feira (26), na continuação do julgamento, o 
ministro Luiz Fux sustentou que a Constituição Federal impõe uma reparação de danos 
pretéritos do país em relação aos negros, com base no artigo 3º, inciso I, da Constituição 
Federal, que preconiza, entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, 
a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. 
 Na sequência da votação, o ministro Cezar Peluso afirmou que é fato histórico 
incontroverso o déficit educacional e cultural dos negros, em razão de barreiras 
institucionais de acesso às fontes da educação. Assim, concluiu que existe “um dever, não 
apenas ético, mas também jurídico, da sociedade e do Estado perante tamanha 
desigualdade, à luz dos objetivos fundamentais da Constituição e da República, por conta 
do artigo 3º da Constituição Federal”. Esse dispositivo preconiza uma sociedade solidária, a 
erradicação da situação de marginalidade e de desigualdade, além da promoção do bem de 
todos, sem preconceito de cor. 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os dez incisos e seu parágrafo único, previstos no art. 4º da Constituição, demonstram os 
valores e a tradição do Brasil nas suas relações com outros Estados. Na maioria das vezes, a 
banca costuma cobrar a literalidade da lei em questões de provas. 
Veja como isso já apareceu em prova: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa etapa final do estudo dos Princípios Fundamentais (arts. 1º ao 4º), é bom salientar 
como esses assuntos costumam cair nas provas. Em se tratando da Banca da UFRJ, além de 
cobrar situações hipotéticas com os temas abordados, o examinador também tenta confundir os 
fundamentos (So Ci Di Va Plu), previstos no art. 1º, com os objetivos (Con Gar Er Re Pro), 
previstos no artigo 3º, e também os misturando com os princípios que regem as relações 
internacionais, expressos no art. 4º da Constituição, os quais acabamos de estudar. 
 “CONDE PRESO NÃO REINA, COOPERA IGUAL.” 
 
CONcessão de asilo político 
DEfesa da paz 
PREvalência dos direitos humanos 
SOlução pacífica dos conflitos 
NÃO-intervenção 
REpúdio ao terrorismo e ao racismo 
INdependência nacional 
Autodeterminação dos povosCOOPERAção entre os povos para o progresso da humanidade 
IGUALdade entre os Estados 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações. 
 
 
 
Representa exceção aos princípios que regem as relações internacionais do Brasil a: 
 
A) solução pacífica dos conflitos. 
B) vedação de asilo político. 
C) defesa da paz. 
D) não-intervenção. 
E) autodeterminação dos povos. 
 
Gabarito: Letra B 
 
12 
Capítulo 2 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais (teoria geral) 
 
A Constituição, em seu Título II, aborda os chamados Direitos e Garantias Fundamentais, 
regulados entre os artigos 5º ao 17. Trata-se de tema de grande relevância quando se estuda a 
Constituição, pois este se refere a um conjunto de dispositivos destinados a estabelecer o 
conjunto de normas que garantem a convivência pacífica e digna de uma sociedade. 
 Antes de passarmos ao estudo desses artigos, de forma isolada, é importante destacar 
algumas características gerais envolvendo todos esses direitos e garantias, visto que essas 
informações têm sido frequentemente cobradas em prova. 
 
2.1 Diferença entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais 
 
Embora uma parte da doutrina considere as expressões Direitos Humanos e Direitos 
Fundamentais como sinônimas, é possível fazer uma distinção entre elas. Direitos Humanos são 
aqueles conferidos aos seres humanos previstos em tratados e convenções internacionais, que 
resguardam a pessoa humana de uma série de interferências que podem ser praticadas pelo 
Estado ou por outras pessoas, bem como obrigam o Estado a realizar prestações mínimas que 
assegurem a todos uma existência digna. Os Direitos Fundamentais, por sua vez, são os direitos 
humanos que foram incorporados à ordem interna, ou seja, à Constituição. 
 
2.2 Diferença entre Direitos e Garantias Fundamentais 
 
 Direitos Fundamentais são normas de conteúdo declaratório. A CRFB/88 assegura, por 
exemplo, o direito à vida (art. 5º, caput), à liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV), 
à liberdade de religião (art. 5º, VI), entre outros. Por outro lado, as Garantias Fundamentais são 
normas de conteúdo assecuratório, ou seja, são instrumentos destinados a garantir, a assegurar 
os direitos fundamentais. Os remédios constitucionais são exemplos de Garantias 
Fundamentais. 
 
2.3 Principais características dos Direitos Fundamentais 
 
Os Direitos Fundamentais apresentam as seguintes características: 
 
 
C
a
ra
c
te
rí
s
ti
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e
n
ta
is
Historicidade
Universalidade
Limitabilidade 
(relatividade)
Concorrência
Inalienabilidade
Imprescritibilidade
Vedação ao 
retrocesso
 
13 
 Historicidade – possuem caráter histórico, nascendo com o Cristianismo, passando pelas 
diversas revoluções e chegando aos dias atuais. 
 Universalidade – são dirigidos a todas as pessoas, sem restrições, independentemente 
de sua raça, credo, nacionalidade ou convicção política; 
 Limitabilidade ou relatividade – afirma-se que nenhum direito fundamental poderá ser 
considerado absoluto, sendo que tais direitos deverão ser interpretados e aplicados 
levando-se em consideração os limites fáticos e jurídicos existentes. 
 Irrenunciabilidade – os Direitos Fundamentais não podem ser renunciados de maneira 
definitiva. 
 Concorrência – podem ser exercidos vários Direitos Fundamentais ao mesmo tempo; 
 Inalienabilidade – como são conferidos a todos, são indisponíveis; não se pode aliená-los 
por não terem conteúdo econômico-patrimonial. 
 Imprescritibilidade – os Direitos Fundamentais não prescrevem, ou seja, não se perdem 
com o decurso do tempo. São permanentes. 
 Vedação ao retrocesso – a aquisição dos direitos fundamentais não pode ser objeto de 
um retrocesso, ou seja, uma vez estabelecidos os direitos fundamentais, não se admite o 
seu retrocesso visando a sua limitação ou diminuição. 
 
2.4 Gerações ou dimensões dos Direitos Fundamentais 
 
Segundo Marcelo Novelino, os direitos fundamentais não surgiram simultaneamente, mas 
em períodos distintos conforme a demanda de cada época, tendo essa consagração progressiva 
e sequencial, nos textos constitucionais, dado origem à classificação em gerações, ou como 
prefere a doutrina mais atual, em dimensões, visto que uma nova dimensão não abandonaria as 
conquistas da dimensão anterior e, assim, essa expressão se mostraria mais adequada. 
Em um primeiro momento, anunciavam-se os direitos de primeira, de segunda e de 
terceira dimensão, com base nos lemas da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e 
fraternidade. Mais adiante, estes iriam evoluir para uma quarta e uma quinta dimensão. 
 
a) direitos de primeira dimensão 
 Os direitos fundamentais de primeira dimensão são os ligados ao valor liberdade: direitos 
civis e políticos. São direitos individuais com caráter negativo, tendo em vista que nesses direitos 
o Estado tem o dever principal de não fazer, de não agir, de não interferir na liberdade pública 
do indivíduo. 
Ex.: O Estado não pode tirar a vida, a propriedade, a liberdade de um indivíduo indevidamente, a 
não ser nos casos permitidos por lei. 
 
b) direitos de segunda geração 
 Ligados ao valor igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são os direitos 
sociais, econômicos e culturais. São direitos de titularidade coletiva e com caráter positivo, pois 
exigem atuações do Estado. 
Ex.: Direito à saúde, à educação, ao trabalho etc. 
 
c) direitos de terceira geração 
 Os direitos fundamentais de terceira geração, ligados ao valor fraternidade ou 
solidariedade, são os relacionados ao desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, ao 
consumidor, à autodeterminação dos povos, bem como ao direito de propriedade sobre o 
 
14 
patrimônio comum da humanidade e ao direito de comunicação. São direitos transindividuais, 
em rol exemplificativo, destinados à proteção do gênero humano. 
 
d) direitos de quarta geração 
 Introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, os direitos de quarta geração 
compreendem os direitos à democracia, à informação e ao pluralismo. 
 
e) direitos de quinta geração 
 Por fim, consoante parte da doutrina, os direitos de quinta dimensão contemplam o direito 
à paz (universal) e os direitos virtuais ou cibernéticos. 
 
 Agora, após ao estudo das principais características dos Direitos e Garantias 
Fundamentais, passaremos a análise sistemática dos direitos e garantias fundamentais, 
começando pelos Direitos Individuais e Coletivos previstos no art. 5º e seus incisos e parágrafos. 
 
2.5 Dos Direitos Individuais e Coletivos 
 
O primeiro capítulo do Título II da CRFB/88 trata dos Direitos e Garantias Fundamentais. 
Este capítulo é formado por apenas um artigo: o bem conhecido artigo 5º. 
Esse artigo, embora trate primordialmente de direitos individuais, tais como: vida, 
liberdade, honra, propriedade, etc., aborda também direitos coletivos, como tutela 
constitucional do consumidor, mandado de segurança coletivo, ação popular para defesa do 
patrimônio público etc. 
Analisemos o que prevê o art. 5º da CRFB/88: 
 
 
 
 
 
 
O art. 5º, caput, da Constituição Federal começa afirmando que “todos são iguais perante 
à lei”. Trata-se do chamado princípio da igualdade ou da isonomia, que é um princípio jurídico 
informador de toda a ordem constitucional. Ele pode ser analisado sob alguns aspectos, segundo 
jurisprudência do próprio STF: 
 
a) da igualdade na lei 
 A igualdade na lei – que opera numa fase de generalidade puramente abstrata – constitui 
exigência destinada ao legislador que, no processo de elaboração das leis, nelas não poderá 
incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. 
 
b) da igualdade perante a lei (ou da igualdade formal) 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
15 
 A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo a lei já elaborada, traduz imposição 
destinada aos demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão 
subordiná-la a critérios que ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. Com efeito, consiste 
em dar a todos idêntico tratamento, não importando a cor, a origem, a nacionalidade, o gênero 
ou a situação financeira. 
 No entendimento do Professor Flávio Martins: 
 
“A igualdade formal em um país de “elevada desigualdade real”, em 
vez de igualar, apenas reforça a desigualdade que existe na vida. 
Dizer que todos devem lutar com suas armas é injusto quando as 
“armas” são de calibres tão diversos. Vejamos um exemplo: 
historicamente, os vestibulares das universidades públicas 
brasileiras foram perfeitos exemplos de igualdade formal. Não 
importando o perfil dos candidatos (sua origem, cor, condição social 
etc.), as condições de acesso sempre foram idênticas. Qual a 
conclusão histórica disso? Aos cursos universitários mais 
concorridos, somente os mais ricos, os que tiveram uma melhor 
educação básica (que, no Brasil, infelizmente, encontra-se no ensino 
privado, e não no público), têm acesso. Quando um pobre, egresso do 
ensino público, ingressa num desses cursos, torna-se “capa de 
jornal”, exemplo a ser seguido, a vitória da meritocracia. Segundo o 
INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 
apenas 2,66% dos concluintes dos cursos de medicina em 2010 eram 
negros ou pardos. Realmente, séculos de igualdade formal deram 
ensejo a uma desigualdade real de gigantescas proporções. 
 
c) da igualdade material 
 Denominada por alguns de igualdade real ou substancial, a igualdade material tem por 
finalidade igualar os indivíduos, que essencialmente são desiguais. 
 Sabe-se que as pessoas apresentam diversidades que, muitas vezes, não são superadas 
quando submetidas ao império de uma mesma lei, o que aumenta ainda mais a desigualdade 
existente no plano fático. Nesse sentido, faz-se necessário que o legislador, atentando para essa 
realidade, leve em consideração os aspectos diferenciadores existentes na sociedade, 
adequando o direito às peculiaridades dos indivíduos. 
 
 Diante do que acabamos de discutir, a igualdade a ser buscada pelo Estado, prevista no 
art. 5º, caput, da CRFB/88, é a igualdade material, cuja origem teórica remonta a Aristóteles. 
Assim, a igualdade material consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual, na medida 
da sua desigualdade. No Brasil, um dos primeiros a pregar esse tipo de igualdade foi Ruy 
Barbosa, num discurso proferido na capital paulista, intitulado “Oração aos Moços”: “a regra da 
igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais na medida em que se 
desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a 
verdadeira lei da igualdade”. 
 
2.5.1 Destinatários dos Direitos e das Garantias previstos na Constituição 
 
 Ainda com relação ao caput do art. 5º, é preciso atentar para o fato de que apesar da 
referência apenas a “brasileiros e estrangeiros residentes no país”, há consenso na doutrina e 
 
16 
na jurisprudência do STF de que eles alcançam também qualquer pessoa física que se encontre 
em território nacional, mesmo que seja estrangeira e residente no exterior. 
 Por fim, vale lembrar também, que a pessoa jurídica (nacional ou estrangeira) também é 
titular de direitos e garantias naquilo que couber, segundo o entendimento dominante. 
 Depois de estudarmos o caput do art. 5º, vamos, a partir de agora, discorrer sobre os 
seus incisos mais importantes: 
 
Princípio da igualdade ou da isonomia 
 
 Apesar do princípio da igualdade, expressamente previsto no art. 5º, caput, da CRFB/88, 
o constituinte originário entendeu ser necessário o estabelecimento de um inciso específico 
para a igualdade de gênero: 
 
 
 
 
 
Assim, esse inciso reforça o princípio segundo o qual todos são iguais perante a lei sem 
distinção de qualquer natureza, mas dessa vez com ênfase na igualdade entre os sexos, 
afastando assim qualquer forma de discriminação entre homens e mulheres. Contudo há que se 
destacar que homens e mulheres não têm tratamento idêntico por parte do Estado, que poderá 
dar tratamento diferenciado, na medida em que os gêneros se desigualam. 
 
 
(Imagem retirada de: https://luchtenbergeguilherme.jusbrasil.com.br/artigos/485455199/i-legalidade-da-diferenciacao-de-
preco-entre-homens-e-mulheres. Acesso em: 25/02/2022) 
 
 
 Segundo a jurisprudência do STF (RE 227.114/SP, 2012), o foro especial para a mulher nas 
ações de separação judicial não ofende o princípio da isonomia entre homens e mulheres ou da 
igualdade entre os cônjuges. Isso porque não se trata de um privilégio estabelecido em favor das 
mulheres, mas de uma norma que visa a estabelecer um tratamento menos gravoso à parte que, 
em regra, se encontrava e, ainda se encontra, em situação menos favorável econômica e 
financeiramente. 
 
 
 Princípio da legalidade 
 
 
Um dos princípios mais importantes de nossa Constituição, o princípio da legalidade, está 
insculpido no art. 5º, II, da Constituição Federal, que estabelece: 
 
Art. 5º (...) 
I. homens e mulheres são iguais nos termos desta Constituição; 
 
17 
 
 
 
 
 
É preciso atentar para o fato de que o princípio da legalidade tem uma aplicação 
diferenciada para o Estado e para os indivíduos em geral. 
De fato, o Estado tem o dever de fazer o que a lei impõe (art. 37 da CRFB/88). Podemos 
citar como exemplo a licitação feita pelo poder público. Neste caso, o princípio da legalidade 
possui caráter absolutamente vinculado, reduzindo ao mínimo a liberdade do administrador. 
Por sua vez, o princípio da legalidade para o particular tem aplicação diversa: o particular 
pode fazer o que a lei não proíbe. A título de ilustração, os estabelecimentos comerciais podem 
se recusar a aceitar cheques. A conduta não é proibida por lei, que só exige como forma de 
pagamento o dinheiro em moeda corrente. 
 
 Proibição da tortura 
 
O constituinte originário não se limitou a fixar a dignidade da pessoa humana como um 
dos principais fundamentos da República Federativa do Brasil. No inciso III do art. 5º dispôs que: 
 
 
 
A Regra Constitucional condena, e, mais do que isso, veda a prática da tortura e o 
tratamento desumano ou degradante aos indivíduos. 
Por tortura, deve-se entender toda a prática de medidas de cunho físico ou mental que 
tenham potencial de ofender a integridade humana. O tratamento digno e a prática da tortura 
são noções diametralmente opostas. 
Este princípio é voltado para todos os integrantes de nossa sociedade e, em especial, 
para alguns agentes públicos, na medida em que veda às autoridades policiais o uso 
indiscriminado da força, da tortura, física ou mental, para alcançar os seus objetivos 
institucionais de combate à violência. 
 
 
(Imagem retirada de: https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/768504341/tortura-em-presidios. Acesso em: 
25/02/2022) 
 
Art. 5º (...) 
II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
Art. 5º (...) 
III. ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
 
18 
Com base nesse inciso, o STF editou a súmula vinculante nº 11, muito cobrada em 
concursos públicos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Liberdade de manifestação do pensamento 
 
Sem sombra de dúvidas, um dos direitos fundamentais mais importantes está previsto no 
art. 5º, IV, da CRFB/88: 
 
 
 
 
 Como se pode observar, a liberdadede manifestação do pensamento é, ao mesmo 
tempo, um direito (previsto na primeira parte do inciso) e uma garantia fundamental (prevista na 
primeira parte do inciso). Com efeito, a primeira parte (“é livre a manifestação do pensamento”) 
é um direito individual ou direito negativo, ou seja, o Estado não poderá, em regra, interferir em 
nossa liberdade de expressão. Trata-se de um direito de primeira dimensão, conforme já 
estudamos no capítulo 1. A segunda parte do inciso (“sendo vedado o anonimato”) é uma 
garantia constitucional destinada a proteger uma série de outros direitos fundamentais, tais 
como honra e intimidade. 
 Assim, tal liberdade, como qualquer outra, não se dá de maneira absoluta, havendo 
limites que impossibilitam manifestações de conteúdo imoral e / ou que venham a implicar 
qualquer ilicitude. 
 Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF, é vedado o acolhimento de denúncias 
anônimas. Estas podem servir de base para gerar investigação pelo Poder Público, mas jamais 
poderão ser causa única de exercício de atividade punitiva pelo Estado. 
 
 Direito de resposta 
 
 O inciso V do art. 5º da CRFB/88 apresenta as consequências civis e constitucionais do 
uso inadequado ou desmedido do art. 5º, IV (a liberdade de manifestação do pensamento). 
Consoante este inciso: 
 
 
 
Súmula Vinculante 11 
 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo 
à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a 
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do 
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem 
prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Art. 5º (...) 
IV. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
Art. 5º (...) 
V. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem; 
 
19 
 
Conforme já mencionado, este inciso encontra-se diretamente ligado ao inciso IV (acima 
estudado), tornando-se uma verdadeira garantia para coibir possíveis abusos praticados pela 
manifestação do pensamento, possibilitando a responsabilização na esfera cível (indenização) e 
também na esfera criminal por atos caluniosos ou difamatórios. E, é claro, sem contar também 
com o direito de resposta proporcional ao agravo. 
 
 Liberdade de Consciência e de Crença 
 
Consoante o disposto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, 
 
 
 
 
 
 
 
A liberdade de consciência equivale à liberdade de pensamento. Ter liberdade de 
consciência significa que ninguém poderá ser cerceado por defender uma ideologia diversa da 
que defende a maioria (por exemplo: ser comunista numa sociedade que majoritariamente 
defende o capitalismo, ser defensor dos direitos sociais numa sociedade que majoritariamente 
defende o liberalismo etc.). 
A liberdade de crença, por sua vez, consiste na liberdade de consciência, só que voltada 
para o aspecto religioso, transcendental. Ela apresenta dois aspectos diversos: a) positivo: o 
direito de escolher a própria religião; b) negativo: o direito de não seguir, de não professar 
qualquer religião. 
O Estado brasileiro é laico, ou seja, não possui religião oficial, mas isso não afasta o dever 
que o Governo tem de assegurar o livre exercício das diferentes formas de manifestações 
religiosas praticadas no país. Ademais, ele também tem o dever de garantir (nos limites da lei) o 
acesso, aos representantes de cada religião, às entidades de internação coletiva, como por 
exemplo os presídios. 
 
 Escusa de consciência 
 
O inciso VIII, art. 5º da Constituição Federal apregoa que: 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
VI. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas 
liturgias; 
VII. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis 
e militares de internação coletiva. 
Art. 5º (...) 
VIII. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a todos imposta e 
recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei. 
 
20 
 
Este inciso traz como regra que ninguém será privado de direitos por motivo de crença ou 
de convicção política ou filosófica, mas, poderá sim, ser privada de direitos (como exceção) se 
fizer a chamada “dupla recusa”, ou seja, se recusar a exercer uma obrigação a todos impostas 
e também se recusar a cumprir prestação alternativa, fixada em Lei. 
 
 Liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação 
 
Consequência da liberdade de expressão, o inciso IX do art. 5º traz um direito fundamental 
que é umbilicalmente ligado à dignidade da pessoa humana: 
 
 
 
 
 
Este inciso visa a resguardar a propagação do pensamento no exercício da atividade 
intelectual, artística, científica e de comunicação, guardando íntima relação com a livre 
manifestação do pensamento, que está prevista no inciso IV do art. 5º da nossa Constituição. 
 Contudo, como não existem direitos absolutos, a própria Constituição determina que, 
observados seus limites, a lei poderá restringir a manifestação dessas liberdades. Como 
exemplo, podemos citar a classificação indicativa de cinemas, teatros e programas de televisão, 
bem como as restrições à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas ou 
medicamentos. 
 
 Intimidade e vida privada 
 
O inciso X do art. 5º da Constituição Federal dispõe que: 
 
 
 
 
Quatro são os direitos tutelados pelo art. 5º, X, da CRFB/88: 
a) intimidade; 
b) vida privada; 
c) honra; 
d) imagem. 
Ademais, ao final, este inciso prevê uma garantia constitucional de proteção (a 
indenização por dano material e moral). 
Art. 5º (...) 
IX. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença. 
Art. 5º (...) 
X. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 
o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
21 
Ou seja, àquele que se sentir lesado em relação a sua intimidade, vida privada, honra ou 
imagem é garantido o direito de ingressar com ação judicial para pleitear a devida indenização. 
 Segundo a jurisprudência do STF, quem se dedica à vida pública tem também direito à 
privacidade, no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, contudo, essa privacidade é 
relativa, uma vez que estes devem prestar contas à sociedade da atuação desenvolvida. Vale 
ressaltar que não há que se falar em violação da vida íntima ou privada quando na realização de 
suas funções. 
 
 Inviolabilidade do domicílio 
 
A inviolabilidade domiciliar deriva diretamente do direito à intimidade. Ela está insculpida 
no inciso XI do art. 5º da CRFB/88: 
 
 
 
 
 
De acordo com esse inciso, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador…”. Pode-se então formular a seguinte pergunta: o que 
se entende por casa? 
Para o STF, o conceito de casa deve ser entendido de forma mais ampla, compreendendo 
qualquer compartimento habitado ou qualquer aposento coletivo, tais como: quartos de hotel, 
pensão, motel e hospedaria ou, ainda, qualquer outro local privado não aberto ao público, onde 
alguém exerce profissão ou atividade, e até mesmo o barco ou o automóvel (incluindo trailers, 
motor-homes ou a boleia de um caminhão), caso sirvam de morada. 
 Aos analisarmos o conceito de casa é importante destacar que a casa é asilo inviolável, 
contudo existem exceções a essa inviolabilidade: 
1ª exceção – com o consentimento do morador (em qualquer horário) 
2ª exceção – Em flagrante delito, desastre ou para prestar socorro (emqualquer horário) 
3ª exceção – Com ordem judicial (apenas durante o dia) 
 
 Sigilo da correspondência e das comunicações 
 
O sigilo da correspondência e das comunicações também deriva diretamente do direito à 
intimidade. Ele está prescrito no inciso XII do art. 5º da CRFB/88: 
 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XI. a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento 
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial; 
 
Art. 5º (...) 
XII. é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
 
 
 
22 
Esse inciso prevê quatro formas de comunicação, tidas como invioláveis, a saber: 
 
a) correspondência; 
b) comunicações telegráficas; 
c) dados; 
d) comunicações telefônicas. 
 
Todavia, a Constituição estabeleceu expressamente uma exceção a esse direito, ao 
autorizar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, mas para que isso ocorra, alguns 
requisitos precisam ser observados. São eles: 
 
 Lei regulamentadora (Lei nº 9.296/96); 
 Investigação criminal ou instrução processual penal; 
 Determinada por ordem judicial 
 
 
Imagem retirada de: https://br.freepik.com/fotos-premium/as-algemas-estao-penduradas-em-uma-grade-de-metal-foto-de-alta-
qualidade_19234961.htm. Acesso em: 28/02/2022. 
 
Contudo, é sempre bom lembrar que não existem direitos absolutos. Dessa forma, admite-
se, também, a interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, 
sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. Isso 
porque, segundo o próprio entendimento do STF: “a Constituição não pode servir como manto 
protetor para a pratica de ilicitudes”. 
 Nesse sentido, entende o STF, no julgamento do HC 70.814 que: “a administração 
penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de 
preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a 
norma inscrita no art. 41, da Lei 7.210/84(Lei de execuções Penais), proceder à interceptação 
da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade 
do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas .” 
 
 Liberdade de profissão 
 
A liberdade de profissão é mais um direito umbilicalmente ligado à dignidade da pessoa 
humana. Consoante o disposto no art. 5º, XIII, da Constituição Federal, 
 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XIII. é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer; 
 
 
 
 
23 
Tendo em vista que o trabalho corresponde a um ingrediente significativo da vida e da 
personalidade de cada pessoa, é muito natural que cada indivíduo tenha a liberdade para 
escolher qual trabalho deseja exercer. 
Todavia, de acordo com o texto, percebe-se que a Constituição, neste inciso, estabelece 
uma restrição ao princípio da liberdade profissional (trata-se de uma norma de eficácia contida), 
quando estabelece o atendimento de certas qualificações profissionais, para condicionar o 
indivíduo ao regular exercício de determinado trabalho, ofício ou profissão. 
 Diante do exposto, vale ressaltar que essas restrições não poderão ser utilizadas de 
maneira arbitrária ou desproporcional, devendo se levar em conta o tipo de trabalho que está 
sendo desempenhado, conforme a própria jurisprudência do STF, abaixo relatada: 
 
 
 
 
 
 
Assim, regra geral, as leis infraconstitucionais que restringem normas constitucionais 
devem obedecer a três critérios, quais sejam: 
 
 a) não podem ferir o núcleo essencial dos direitos fundamentais; 
 b) devem ser razoáveis; 
 c) devem ser proporcionais. 
 
 
 Liberdade de informação e o sigilo da fonte 
 
O inciso XIV do art. 5º da CRFB/88 traz um direito fundamental não apenas ligado à 
dignidade da pessoa humana, mas também umbilicalmente relacionado ao Estado Democrático 
de Direito e à República: a liberdade de informação e o sigilo da fonte. Com efeito, esse inciso 
dispõe que: 
 
 
 
 
 
Esse inciso deve ser analisado sob dois aspectos: o primeiro é sobre a garantia ao direito 
de conhecer as informações de interesse público ou privado, através da liberdade de acesso à 
informação. E o segundo, que é o mais importante, possibilita que jornalistas obtenham 
informações sem terem que revelar sua fonte, até mesmo no que diz respeito a questões 
judiciais. Consoante o entendimento do Professor Flávio Martins: 
 
 
“Há profissões cujo exercício diz, diretamente, com a vida, a saúde, a liberdade, a honra e a 
segurança do cidadão e, por isso, a lei cerca seu exercício de determinadas condições de 
capacidade. Fora deste terreno, não podemos admitir exceções, porque estaríamos 
mutilando o regime democrático da Constituição (...), dando à lei ordinária uma força que 
não deve e não pode ter” (RE 511.961/SP, Rel. Min. GILMAR MENDES) 
 
Art. 5º (...) 
XIV. é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional; 
 
 
 
24 
“O sigilo de fonte, comumente exercido na atividade jornalística, 
serve de preservação do direito à informação, do direito de informar 
e do direito de se informar. Ciente da existência dessa garantia 
constitucional, qualquer pessoa que seja detentora de uma 
informação de relevante interesse público, sabe que poderá 
transmiti-la a um jornalista, sem que sua identidade seja revelada. 
Essa pessoa, “a fonte da informação”, será mantida sob sigilo”. 
 
É importante destacar que, caso alguém se sinta prejudicado pela informação, o jornalista que 
responderá por isso. 
 
 Liberdade de locomoção 
 
A liberdade de locomoção, ou direito ambulatorial, é um dos direitos há mais tempo 
reconhecidos pela legislação dos povos. Trata-se de um direito fundamental de primeira 
geração, que garante a todos o direito de ir, de vir e de permanecer. Ele está expresso no inciso 
XV do art. 5º da CRFB/88: 
 
 
 
 
 
 Observe que a liberdade de locomoção poderá sofrer restrições referentes ao ingresso, 
à saída e à circulação interna de pessoas e patrimônio, nos termos da lei, caracterizando-a 
assim, como uma norma de eficácia contida. 
 Além disso, caso ocorra algum abuso por parte de autoridade pública, ou até mesmo de 
autoridade particular (diretor de um hospital particular psiquiátrico, por exemplo) no direito de 
locomoção, o indivíduo se utilizará de um “remédio constitucional” para se proteger, o chamado 
habeas corpus, prescrito no inciso LXVIII do art. 5º: 
 
 
 
 
 
O habeas corpus é uma garantia fundamental utilizada sempre que alguém sofrer (habeas 
corpus repressivo) ou se achar ameaçado de sofrer (habeas corpus preventivo) violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
 Ele é considerado uma ação de natureza penal, e não é necessário ter capacidade 
postulatória para impetrá-lo (ou seja, o indivíduo não precisa de advogado para a impetração). 
Ademais, ele pode ser proposto por qualquer pessoa (física ou jurídica), brasileiro ou 
estrangeiro, além de ser gratuito, conforme o inciso LXXVII: 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XV. é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, 
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
 
Art. 5º (...) 
LXVIII. conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de 
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder; 
 
 
Art. 5º (...) 
LXXVII. são gratuitas as ações de habeas-corpuse habeas-data, e, na forma da lei, os atos 
necessários ao exercício da cidadania. 
 
 
25 
 
 Direito de reunião 
 
O direito de reunião é estreitamente ligado à democracia, à República e ao direito à 
liberdade de manifestação do pensamento (art. 5º, IV, CF). Ele está previsto no art. 5º, XVI, da 
Constituição Federal: 
 
 
 
 
 
 
 
 Reunião pacífica (sem armas) e em locais abertos ao público; 
 Não é necessário pedir AUTORIZAÇÃO; 
 É exigido o prévio aviso, porque o seu direito de reunião não pode frustrar outro 
anteriormente marcado (“avisado”). 
 
Então, tenha cuidado, pois o direito de reunião independe de autorização, mas depende 
de prévio aviso. Ademais, caso o poder público, de forma arbitrária, impeça o exercício desse 
direito, o remédio constitucional a ser utilizado será o mandado de segurança, e não o habeas 
corpus. Fique ligado (a), pois a banca pode explorar esse tipo de questão. 
 
 Direito de associação 
 
A CRFB/88 assegura o direito de associação num conjunto de incisos do art. 5º (XVII a XXI): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; 
 
 
 Esse inciso costuma ser muito cobrado em prova e, geralmente, na 
sua literalidade. Dessa forma, é importante memorizar os requisitos para o 
direito de reunião: 
 
 
Art. 5º (...) 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
 
 
26 
As associações são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que se 
formam pela reunião de pessoas em prol de um objetivo comum, e diferenciam-se da reunião por 
ter caráter permanente (a reunião, prevista no inciso XVI, tem caráter transitório). 
 No que diz respeito aos incisos que tratam do direito de associação (direitos coletivos), é 
importante se preocupar com a sua literalidade, porque é o que costuma aparecer em provas. 
Dê atenção especial para o inciso XIX, que é o mais cobrado. 
 
 Direito de propriedade e sua Função Social 
 
O direito de propriedade está previsto num conjunto de incisos do art. 5º (XXII a XXVI): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante perceber que, além de um direito (inciso XXII), a propriedade também tem 
um dever a cumprir (inciso XXIII): atender a sua função social. 
 Caso fique comprovado o não cumprimento da função social, segundo a própria 
Constituição, a propriedade poderá ser desapropriada (a doutrina chama de desapropriação-
sanção essa modalidade), mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida pública (art. 
182, § 4º, III e art. 184). 
Como vimos anteriormente, a Constituição prevê em seu artigo 5º que a propriedade será 
inviolável, mas como bem sabemos, não existem direitos absolutos, assim, pode o poder público 
intervir na propriedade privada, utilizando-se do princípio da supremacia do interesse público 
sobre o particular, para a satisfação do interesse de toda a coletividade e para que seja possível 
o equilíbrio social. 
Aqui estamos diante de duas formas distintas de intervenção na propriedade: a 
desapropriação (inciso XXIV) e a requisição administrativa (inciso XXV). Cuidado para não 
confundir a desapropriação com a desapropriação-sanção. 
A primeira (desapropriação), como observado, ocorrerá em caso de necessidade, 
utilidade pública ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, 
ocasionando assim uma transferência compulsória da propriedade do indivíduo para o Estado. 
 Já a segunda (requisição administrativa), será uma espécie de utilização compulsória 
(“pegar emprestado”) pelo Estado e será efetivada em caso de iminente perigo público e 
somente ocorrerá pagamento de indenização, se, após a utilização, for constatado algum dano 
à propriedade. 
Art. 5º (...) 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, 
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, 
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade 
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
 
 
 
 
, 
 
 
27 
Dessa forma, podemos esquematizar os institutos, da seguinte maneira: 
 
Desapropriação Requisição 
Art. 5º, XXIV Art. 5º, XXV 
Definitiva Temporária 
Necessidade, utilidade pública e interesse social Iminente perigo público 
Prévia e justa indenização em dinheiro (em regra). 
Exceções: art. 182, § 4º, III, 184, caput e 243, CF. 
Indenização se houver dano 
 
Já no inciso XXVI, é nítida a preocupação do legislador constituinte com a proteção dos 
pequenos trabalhadores rurais, tornando impenhorável sua pequena propriedade rural. 
Todavia, essa garantia depende do somatório de dois requisitos: a propriedade deve ser 
trabalhada pela família e a origem do débito deve estar relacionada a sua atividade produtiva. 
Perceba, também, que a própria Constituição determina que a lei irá dispor sobre meios 
de financiamento do pequeno produtor/proprietário rural. 
 
 Propriedade intelectual 
 
Os incisos XXVII a XXIX do art. 5º da CRFB/88 tratam da propriedade intelectual. A 
professora Elisabete Vido esclarece que “a propriedade intelectual envolve a proteção de todos 
os bens imateriais oriundos de uma criação intelectual”. Consoante o disposto nos referidos 
artigos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com relação ao direito do autor, vale frisar que enquanto estiver vivo, ele usufruirá de sua 
criação plenamente. Contudo, no que diz respeito à transferência dos direitos autorais da obra 
aos herdeiros após a sua morte, esta poderá sofrer uma restrição, podendo a lei estabelecer um 
prazo máximo de proteção das criações, findo o qual a obra cai em domínio público. 
Art. 5º (...) 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de 
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz 
humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que 
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e 
associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua 
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
 
 
 
 
 
, 
 
 
28 
 No caso do Brasil, via de regra, as obras são protegidas até 70 anos após a morte do autor. 
No entanto, há algumas particularidades específicas,como no caso de obra audiovisual, caso 
em que a proteção é de setenta anos após a sua divulgação. Findo o prazo de proteção, a obra 
pode ser livremente divulgada e reproduzida, ressalvados os direitos morais, que são perpétuos. 
Quanto ao inciso XXIX, a Constituição determina que a propriedade industrial e a sua 
utilização por seus autores serão temporárias. Perceba que existe uma diferença em relação ao 
direito autoral previsto no inciso XXVII, pois, nos inventos industriais, os inventores terão apenas 
o privilégio temporário (enquanto vivos), contados a partir da sua criação, e não 
necessariamente após a sua morte, pois o que prevalece nesse caso é o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
 
 Direito de Herança 
 
O Direito de Herança está previsto nos incisos XXX e XXXI do art. 5º: 
 
 
 
 
 
 
Destaque-se aqui que, no caso de sucessão de bens que estão dentro do território 
brasileiro, em regra, aplica-se a lei brasileira, contudo, se a lei pessoal do “de cujus” for mais 
favorável, esta será aplicada, mesmo sendo lei de outro país. 
 
 Defesa do consumidor 
 
Consoante o disposto no inciso XXXII do art. 5º da CRFB/88, 
 
 
 
 
Quanto a sua classificação (no tocante à Eficácia das Normas Constitucionais), o inciso 
XXXII é considerado uma norma de eficácia limitada, pois depende de lei posterior para produzir 
plenamente seus efeitos. Vale ressaltar que a defesa do consumidor já está regulamentada pela 
Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). 
 
 Acesso à informação 
 
Considerado um direito básico fundamental, o acesso à informação, previsto no inciso 
XXXIII do art. 5º, encontra-se regulamentado pela Lei nº 12.527/2011 (Lei de acesso à 
informação), que dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelos órgãos dos poderes 
Art. 5º (...) 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira 
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a 
lei pessoal do "de cujus"; 
 
 
Art. 5º (...) 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
 
 
29 
públicos, com o fim de garantir o acesso a informações de interesse coletivo ou geral. Segundo 
nos informa o inciso XXXIII: 
 
 
 
 
 
 
É importante destacar que, com a recusa do fornecimento dessas informações pelo Poder 
Público ou o não cumprimento dos prazos legais, o indivíduo poderá lançar mão do mandado de 
segurança para fazer valer o seu direito, desde que as informações não estejam resguardadas 
sob o manto das hipóteses de sigilo previstas em lei. 
 
 Direito de petição e Direito de certidão 
 
O art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, da Constituição Federal prevê o direito de petição e, da 
mesma forma, o art. 5º, inciso XXXIV, alínea “b”, prevê o direito de certidão: 
 
 
 
 
 
 
O Direito de petição é considerado um instrumento da cidadania, que permite a qualquer 
pessoa se dirigir ao Poder Público para reivindicar algum direito ou informação. Ele possui dupla 
função: a defesa dos próprios interesses do indivíduo e, a mais relevante, apresentação de 
notícia de fato ilegal ou abusivo ao poder público, para que este providencie as medidas 
adequadas. 
 Por outro lado, certidões são documentos oriundos de autoridade ou de agente do Poder 
Público que, nessa qualidade, provam ou confirmam determinado ato ou fato, tornando-se assim 
provas documentais. Sendo o direito à obtenção de certidão um direito líquido e certo, ele 
também apresenta uma dupla função: defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal. O remédio adequado para a proteção do direito de certidão é o mandado de 
segurança. 
 
 Princípio da inafastabilidade da jurisdição 
 
Segundo o inciso XXXV do art. 5º da CRFB/88, 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena 
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da 
sociedade e do Estado; 
 
 
Art. 5º (...) 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou 
abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento 
de situações de interesse pessoal; 
 
 
Art. 5º (...) 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
 
 
 
30 
Por meio desse princípio, a Constituição garante a todos o direito de buscar a Justiça 
sempre que houver uma ameaça ou uma violação ao seu direito. Assim, o Poder Judiciário, no 
exercício da sua função, deverá solucionar o conflito aplicando o direito ao caso em concreto. 
 Importante ressaltar que tal direito não está condicionado ao esgotamento das instâncias 
administrativas, podendo, a qualquer tempo, o interessado ingressar com a ação competente, 
exceção feita à Justiça Desportiva no que se refere à disciplina e às competições esportivas, 
hipóteses em que a Constituição, em seu artigo 217, §1º, determina expressamente que o 
Judiciário só admitirá ações a elas referentes após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva. 
Outro destaque encontra-se no fato de que o princípio da inafastabilidade não assegura o 
chamado “duplo grau de jurisdição”, pois inexiste obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição, 
uma vez que a Constituição menciona a existência de juízes e tribunais, prevê a existência de 
recursos, mas não prevê essa obrigatoriedade. Isso porque existem competências originárias 
em que não há o duplo grau de jurisdição, como por exemplo, naqueles casos em que a 
competência originária é dos Tribunais. 
 
 Princípio da segurança jurídica ou da irretroatividade da lei 
 
Derivação direta do princípio da segurança jurídica, decorrente do art. 5º, caput, da 
CRFB/88, o art. 5º, XXXVI, dispõe que: 
 
 
 
 
O direito adquirido (aquele que cumpriu todos os requisitos exigidos por lei para sua 
formação), o ato jurídico perfeito (a consequência do exercício efetivo de um direito adquirido) 
e a coisa julgada (decisão judicial da qual não cabe mais recurso) são considerados 
instrumentos de segurança jurídica, impedindo que as leis retroajam para prejudicar situações 
jurídicas consolidadas. 
 
 Princípio do juiz natural ou legal 
 
O princípio do juiz natural pode ser encontrado em dois incisos do art. 5º da Constituição 
Federal. O primeiro deles é o art. 5º, XXXVII. O outro é o art. 5º, LIII: 
 
 
 
 
 
Esses dois incisos garantem ao indivíduo que suas ações judiciais serão apreciadas por 
um juiz imparcial e independente. O inciso XXXVII repudia a existência de juízos ou tribunais de 
exceção, seja qual for a circunstância. Isso significa que qualquer ação será submetida, sempre, 
aos Tribunais existentes, criados e previstos na própria Constituição, que a julgará dentro das 
leis existentes à época do fato. 
Art. 5º (...) 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
 
Art. 5º (...) 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
 
 
 
31 
 Já no inciso LIII, o legislador constituinte buscou impedir que o indivíduo venha a sofrer 
consequências de um processo ou de uma sentença eventualmente proferida por um juiz ou um 
Tribunal incompetente para apreciá-lo, pois apenas os órgãos jurisdicionais que tiveram suas 
competências estabelecidas pela Constituição e por leis infraconstitucionais poderão exercer a 
função jurisdicional, cada um na esfera de suas competências, seja territorial ou material. 
 
 Tribunal do Júri 
 
O art. 5º, XXXVIII, da CRFB/88 estabelece o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
Com relaçãoao Tribunal do júri, é importante destacar que a Constituição não estabelece 
o número exato de jurados, deixando a cargo da lei estabelece-lo. Ademais, esse Tribunal possui 
competência apenas para julgamento dos crimes dolosos contra a vida e não dos crimes 
culposos. Fique atento (a), pois geralmente as bancas costumam trocar as palavras para 
confundir os candidatos. 
 Outro ponto importante é que as chamadas prerrogativas de função (foro privilegiado) 
prevalecem sobre a competência do Tribunal do Júri, ou seja, se um Senador da República 
cometer um crime doloso contra a vida, ele não será julgado pelo Tribunal do Júri, mas sim pelo 
STF, conforme estabelece a Constituição. 
 
 Princípio da anterioridade da lei penal incriminadora 
 
Consoante o disposto no inciso XXXIX do art. 5º da CRFB/88, 
 
 
 
 
Esse princípio confere mais segurança jurídica às relações sociais, porquanto estabelece que 
uma conduta só será considerada crime, se for cometida após a entrada em vigor da lei penal 
incriminadora. 
A lei brasileira exige que um fato seja típico e antijurídico para que seja considerado criminoso, 
ou seja, que o fato esteja tipificado na norma legal e que a contrarie. Sem isso, não há que se falar em 
crime e muito menos em cominação legal (aplicação de pena). 
 
Art. 5º (...) 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
Art. 5º (...) 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
32 
 
 Princípio da Irretroatividade da lei penal in pejus ou da retroatividade benéfica 
 
Derivado do princípio da anterioridade, previsto no inciso anterior, o disposto no inciso 
XL do art. 5º da CRFB/88 enuncia que: 
 
 
 
 
 
É o princípio segundo o qual uma lei apenas pode retroagir se for para beneficiar o réu. 
Assim, se alguém comete hoje um ato que a lei não imputa como crime e amanhã esse ato, por 
força de determinação legal, for transformado em um ato ilegal, a lei não poderá ser aplicada de 
forma retroativa. 
Contudo, se ocorrer o contrário, a lei poderá retroagir em benefício do réu, seja 
diminuindo penas, trazendo benefícios penais quanto à execução da pena ou até mesmo 
transformando a conduta em fato atípico. 
 
 Práticas discriminatórias 
 
Segundo o inciso XLI do art. 5º da CRFB/88, 
 
 
 
 
Além da preocupação com os direitos e as liberdades fundamentais, tais como o direito à 
vida, à igualdade etc., o constituinte originário se preocupou também com a possibilidade de 
violação desses direitos tão importantes para a vida em sociedade. 
Dessa forma, é por intermédio do inciso XLI do art. 5º da CRFB/88, que é definida a punição 
de condutas que venham a ferir esses direitos e essas liberdades fundamentais. 
Trata-se de uma determinação ao legislador infraconstitucional, que terá o dever de 
declarar as condutas consideradas atentatórias aos direitos e liberdades fundamentais como 
criminosas, levando os infratores às penas previstas em Lei. 
 
 Crimes inafiançáveis e imprescritíveis e insuscetíveis de graça ou anistia 
 
A CRFB/88 estabelece quais são os dois crimes imprescritíveis, nos incisos XLII e XLIV do 
artigo 5º. 
Por sua vez, o inciso XLIII do mesmo artigo, apresenta-nos os crimes hediondos e 
equiparados, quais sejam: 
 
Art. 5º (...) 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
Art. 5º (...) 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O crime de racismo e a ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado 
Democrático não admitem fiança, ou seja, o réu responde preso pela prática do delito. Ademais, 
esses são imprescritíveis, vale dizer, não prescreve o direito de promover a ação contra os 
autores desses crimes. 
 Já os crimes de tráfico, terrorismo, tortura e os hediondos, são apenas inafiançáveis, 
portanto, eles prescrevem (após os prazos estabelecidos em lei). Além disso, são considerados 
também insuscetíveis de graça (perdão da pena de uma pessoa condenada) ou anistia (atinge 
todos os efeitos penais decorrentes da prática do crime, referindo-se assim a fatos e não a 
pessoas) 
 
 
 
 
 
 
 Princípio da Pessoalidade ou da Personificação da Pena 
 
 O inciso XLV do art. 5º da CRFB/88 apregoa que: 
 
 
 
 
 
A parte inicial deste inciso determina que a pena não poderá ser transmitida para 
familiares do condenado ou terceiros, extinguindo-se com a morte do agente. 
 Contudo, em relação aos aspectos patrimoniais envolvidos nessa questão, o tratamento 
dado será diferente. Com efeito, será transferida para os sucessores a obrigação de reparar o 
dano ou mesmo a possibilidade do perdimento de bens, mas é claro, há uma limitação ao 
patrimônio deixado em herança, tratando-se assim de um caso de transmissibilidade do dever 
de indenizar em decorrência da transmissão do patrimônio do responsável pelo dano. 
Art. 5º (...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da 
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
 
ATENÇÃO! 
Insuscetível de graça ou anistia = os autores do crime não 
poderão gozar dos benefícios da graça nem da anistia. 
 
Art. 5º (...) 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
 
 
34 
 
 Penas permitidas e penas proibidas 
 
O inciso XLVI do art. 5º da CRFB/88 apresenta um rol das penas permitidas no 
ordenamento jurídico brasileiro, ao passo que o inciso XLVII traz um rol das penas proibidas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com relação às penas admitidas, vale destacar que o seu rol não é exaustivo, podendo a 
lei criar outras formas de penalidade, desde que estas não estejam no rol das penas proibidas 
(inciso XLVII). 
Já no que diz respeito às penas proibidas, é preciso dar atenção à pena de morte, pois em 
regra ela é vedada, mas uma única possibilidade é admitida, a saber, nos crimes praticados 
durante a guerra. 
 
 Princípio da individualização da pena 
 
Segundo o inciso XLVIII do art. 5º da CRFB/88, 
 
 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
 
 
Art. 5º (...) 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do 
delito, a idade e o sexo do apenado; 
 
 
35 
O inciso XLVIII trata de um direito fundamental que necessita de reiteradas políticas 
públicas no tocante ao sistema carcerário brasileiro. Esse dispositivo busca colaborar com a 
recuperação do criminoso enquanto este estiver no cumprimento de sua pena. Essa finalidade 
jamais seria alcançada se fossem colocados em um mesmo estabelecimento prisional pessoas 
de grande periculosidade e réus primários, jovens e adultos ou homens e mulheres.

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