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CONSTITUCIONAL, DIREITOS HUMANOS PARA CONCURSOS

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POLÍCIA PENAL DO ESTADO DO CEARÁ 
SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA -
SAP/CE 
 
 
 
 
 
RUMO À POLÍCIA PENAL 
RUMO À NPE 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
ASSUNTOS: 
 
01. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – ART. 1º AO 4º 
02.DIREITOS FUNDAMENTAIS – ART. 5º AO 16 
03.DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ART. 37 
04.DO ESTADO DE SÍTIO E DO ESTADO DE DEFESA – ART. 136 
AO 141 
05.DA SEGURANÇA PÚBLICA – ART. 144 
 
CONTEÚDO: 
 
01.TEXTO CONSTITUCIONAL 
02.DOUTRIMA/COMENTÁRIOS 
03.JURISPRUDÊNCIA 
04.QUESTÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
 
Trata-se, no ordenamento jurídico brasileiro, do documento 
normativo dotado de maior hierarquia, de acordo com o ensinamento de 
Hans Kelsen, em sua famosa pirâmide normativa, conforme abaixo se 
demonstra: 
 
 
Dessa forma, do quadro acima inserido, extrai-se a interpretação 
de que todas as outras normas do ordenamento jurídico, desde as leis 
ordinárias e as complementares até as portarias administrativas, devem 
respeitar os comandos constitucionais. 
 
Nesse sentido, a título de exemplo, um ato de remoção de um 
servidor público estadual realizado como forma de punição e perseguição 
política pode e deve ser considerado inconstitucional, haja vista ir de 
encontro aos princípios explícitos no art. 37, caput, da Constituição Federal, 
quais seja, da legalidade, impessoalidade e moralidade. 
 
Vale salientar, como se percebe da figura acima, que entre a 
legislação infraconstitucional e as normas com caráter constitucional, 
encontram-se as normas com caráter NORMA SUPRALEGAL, conforme 
entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal – STF, que 
 
entendeu pela ilicitude da prisão civil do depositário infiel, tema que será 
explicado mais a frente. 
 
 
A esse entendimento a doutrina constitucional dá o nome de 
princípio da supremacia constitucional, pelo qual as normas constitucionais 
são supremas na ordem jurídica, devendo ser respeitadas e interpretadas de 
maneira a garantir sua superioridade. 
 
Vale acrescentar, que de acordo com o atual entendimento do 
Supremo Tribunal Federal, é possível afirmar a existência de normas 
SUPRALEGAIS, isto é, que estão acima da legislação ordinária, mas abaixo 
da Constituição Federal, como a exemplo do Pacto de São José da Costa Rica. 
 
Estrutura da Constituição 
 
Como já foi visto acima, a Constituição Federal é documento 
jurídico de maior hierarquia no ordenamento jurídico, pelo qual todas as 
outras normas devem se guiar. 
 
Assim, é preciso entender de que forma está estruturada essa 
norma tão importante no nosso ordenamento, motivo pelo qual se faz 
necessário estudar a estrutura da Constituição. 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil é estruturada da seguinte 
forma: 
 
PREÂMBULO: SEM RELEVÂNCIA JURÍDICA 
NOVE TÍTULOS: CORPO DA CONSTITUIÇÃO 
ATOS DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS: 
REGRAS DA CONSTITUIÇÃO DESTINADAS A REALIZAR A TRANSIÇÃO ENTRE 
A ANTERIOR E A NOVA CONSTITUIÇÃO 
EMENDAS À CONSTITUIÇÃO: 105 Emendas Constitucionais 
 
ATENÇÃO: Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo, que não tem 
força normativa e suas disposições não são parâmetro de 
constitucionalidade, as normas do ADCT são igualmente constitucionais, isto 
é, tem a mesma força normativa das normas constantes do corpo da 
Constituição Federal. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: 
 
01. QTO À ORIGEM: 
a)promulgada - Brasileiras de 1891, 1934, 1946, 1988 
b)outorgada - Brasileiras de 1824, 1937, 1967 
c)cesarista - submetida a plebiscito ou referendo 
d)pactuada - duas forças fazem um pacto 
 
 
02. QTO À FORMA: 
a)escrita - Brasileira de 1988 
b)não escrita (consuetudinária) - Inglesa 
 
03. QTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: 
a)dogmática - feita de uma só vez, de um só jato - Brasileira 
b)histórica - processo lento de instituição 
 
04. QTO AO CONTEÚDO: 
a)formal - o que importa é a forma de sua elaboração, pouco importando o 
conteúdo - Brasileira 
b)material - não importa a forma de elaboração, o que importa para ser 
constitucional é se ela trata de organização dos poderes, direitos individuais 
etc (NOÇÃO DE BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE, POIS HÁ NORMAS 
CONSTITUCIONAIS FORA DA CONSTITUIÇÃO) 
 
 
 
 
 
05. QTO À ALTERABILIDADE: 
a)rígida - processo dificultoso de alteração das normas constitucionais 
b)semirígida ou semiflexível - uma parte da constituição o processo de 
alteração é dificultoso, outra parte é semelhante às normas ordinárias 
c)flexível - todas as normas são alteradas da mesmas forma que a legislação 
ordinária 
d)fixas - as normas constitucionais somente são alteradas pelo mesmo poder 
que insttuiu a Constituição 
e)imutáveis - São constituições que não podem ser modificadas 
f)superrígidas - De acordo com Alexandre de Moraes, a Constituição 
Brasileira de 1988 é assim classificada, pois contém uma parte cuja alteração 
é complexa, e outra que sequer pode ser modificada, como as cláusulas 
pétreas. 
 
06. QTO À DOGMÁTICA: 
a)ortodóxica - a Constituição adota uma ideologia ou religião 
b)eclética - a Constituição não adota ideologia ou relegião e permite a 
coexistência de várias. 
 
07. QTO À SISTEMÁTICA: 
a)preceitual - constituição formada em sua maioria por regras 
b)principiológica - constituição formada em sua maioria por princípios 
 
08. QTO À ONTOLOGIA - KARL LOWESTEIN 
 
a)normativa - a Constituição representa a força popular, sintetiza os fatos 
reais de poder 
b)nominalista - A Constituição prevê a dominação da política, mas isso não 
é colocado em prática 
c)semântica - a Constituição é instituída a serviço dos Governantes, das 
elites políticas 
 
 
 
 
 
 
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Os princípios fundamentais são a base da República Federativa do 
Brasil, o alicerce no qual é fundado o Estado Brasileiro, e se subdividem em 
fundamentos, objetivos e princípios internacionais. Mas, no caput do 
art. 1º, verificam-se a forma de governo, forma de estado, o princípio 
da indissolubilidade do pacto federativo e o princípio do Estado 
Democrático de Direito. 
 
No art. 1º da Constituição supracitado, podem ser extraídas a 
FORMA DE ESTADO e a FORMA DE GOVERNO DO BRASIL: 
 
 
 Forma de Governo: República – PRINCÍPIO ESTRUTURANTE 
 
 Sistema de Governo: Presidencialista – PRINCÍPIO ESTRUTURANTE 
 
Forma de Estado: Federativa – PRINCÍPIO ESTRUTURANTE 
 
 
 
1.1.2. Forma de Governo ou Princípio Republicano 
 
Para fundamentar o que se disse acima, colaciono as palavras do 
Mestre Marcelo Novelino: 
 
A história republicana brasileira tem início em 15 de 
novembro de 1889, com a derrocada do regime imperial. 
A consagração desta forma de governo no âmbito 
constitucional, é inaugurada com o advento da 
Constituição de 1891, sendo que, desde então, todas as 
cartas políticas brasileiras seguiram o mesmo caminho. 
 
A república é uma forma de governo que, antes de se 
tornar hegemônica em todo mundo, foi objeto de 
contemplação teórica e de lutas por sua aplicação prática. 
A compreensão das decorrências advindas da 
consagração do princípio republicano no texto 
constitucional pressupõe uma análise ainda que sucinta, 
dos desdobramentos filosóficos envolvendo este conceito 
e de sua evolução histórica. 
(...) A monarquia, durante muitos séculos, foi a forma de 
governo adotada pela maioria dos Estados, 
principalmenteaté o início da idade contemporânea. 
Dentre suas principais características podem ser 
mencionadas a hereditariedade na transferência do poder 
e a vitaliciedade do governante, que reinava livre de 
responsabilidades de natureza política, civil ou penal. Em 
geral, nos governos monárquicos, o soberano não 
prestava contas aos súditos acerca das diretrizes políticas 
adotadas, diversamente do que costuma ocorrer nos 
Estados contemporâneos. Outrossim, não se cogitava a 
possibilidade de responsabilização civil da Administração 
Pública pelos danos causados aos cidadãos, tampouco de 
responsabilização penal do governante pela prática de 
ilícitos. 
 
A república apresenta, entre suas notas características, o 
caráter representativo dos governantes, inclusive do 
Chefe de Estado (representatividade), a necessidade de 
alternância no poder (temporariedade) e a 
responsabilidade política, civil e penal dos governantes. A 
forma republicana de governo possibilita a participação 
dos cidadãos, direta ou indiretamente, no governo e na 
administração pública, sendo irrelevante a ascendência do 
indivíduo para que possa titular e exercer funções 
públicas. 
 
 
Sobre a forma de governo, vale acrescentar que se trata de 
cláusula pétrea, isto é, imodificável através de Emenda à Constituição (Art. 
60, §4º), pois foi o povo, em 1993 que, através de plebiscito, decidiu que a 
forma de governo seria republicana em vez de monarquia. (FORMA DE 
GOVERNO: REPUBLICANA) 
 
 
1.1.3. Forma de Estado ou Princípio Federativo 
 
 
Sobre a forma de estado, qual seja, federativa, esta também 
não pode ser modificada através de Emenda à Constituição (art. 60, §4º), e 
o federalismo brasileiro é por desagregação, tendo em vista que havia um 
só governo, unitário, que foi divido em vários outros. (FORMA DE ESTADO: 
FEDERATIVA). 
 
Ademais, extrai-se, do caput do art. 1º, o princípio da 
indissolubilidade do pacto federativo, pelo qual a República Federativa do 
Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal. (INDISSOLUBILIDADE DO PACTO FEDERATIVO). 
Nesse sentido, no Estado Brasileiro está consagrada a proibição do direito 
de secessão. 
 
Por fim, o caput do art. 1º também consagra o princípio do Estado 
Democrático de Direito, pelo qual a República Federativa do Brasil é 
constituída sob um estado, que é democrático, e regido pelo direito. 
 
Com base nisso, entende-se que as decisões políticas do Brasil são 
tomadas pelo povo, diretamente, nos termos da Constituição, ou 
indiretamente através de representantes eleitos. A nossa democracia é 
semidireta ou participativa (Art.1º, parágrafo único). 
 
1.2. FUNDAMENTOS – INCISOS I A V DO ART. 1º 
 
 
São Fundamentos da República Federativa do Brasil: 
 
 - SOBERANIA 
 - CIDADANIA 
 - DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 - - VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA 
 - PLURALISMO POLÍTICO 
 
 
Para aqueles alunos que tem dificuldade em memorizar e 
compreender os fundamentos, inserimos uma regra mnemônica de 
memorização: 
 
 
SO (SOBERANIA) CI (CIDADANIA) DI (DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA) 
VA (VALORES SOCIAIS DO TRABALHO) PLU (PLURALISMO POLÍTICO) 
 
SO.CI.DI.VA.PLU 
 
 
Não obstante a regra supramencionada, serão abordados, a partir 
de agora, todos os fundamentos do inciso I ao V, do art. 1º, da Constituição 
Federal de 1988. 
 
 
1.2.1 Soberania 
 
 
Na ordem como foram dispostos nos incisos do art. 1º, temos o 
fundamento da Soberania, pela qual, o Estado Brasileiro não deve se 
submeter a direito estrangeiro se não acordou livremente, através de tratado 
internacional. (Soberania externa) 
 
Contudo, é preciso compreender, que a Soberania é da República 
Federativa do Brasil, e não da União, pois esta integra a República Federativa 
assim como os Estados, os Municípios e o Distrito Federal. 
 
Ademais, a soberania mencionada também se manifesta dentro das 
fronteiras do nosso Estado, pois é poder mais elevado dentro de nossas 
fronteiras (Soberania interna) 
 
 
 
1.2.2 Cidadania 
 
 
A cidadania como está descrita na Constituição, não se 
consubstancia apenas na capacidade eleitoral ativa (VOTAR) e na capacidade 
eleitoral passiva (SER VOTADO), mas também, e especialmente, na 
possibilidade do indivíduo participar ativamente da VIDA POLÍTICA da 
República Federativa do Brasil. EX: Audiências Públicas; Direito de Petição; 
Mandado de Injunção. 
 
 
1.2.3. Dignidade da Pessoa Humana 
 
 
A dignidade da pessoa humana é o principal “tijolo” do alicerce 
formado pelos fundamentos da República Federativa do Brasil, pois todas as 
normas constitucionais, principalmente a dos direitos e garantias 
 
fundamentais, destinam-se a cumprir tal fundamento, isto é, a preocupação 
deixa de ser com as “coisas” e passa a ser com a pessoa humana. 
 
 
1.2.4. Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa 
 
 
Como bandeira principal do liberalismo advindo da primeira geração 
de direitos fundamentais, a livre iniciativa é a liberdade que os indivíduos 
tem de empreender e fomentar o modelo econômico pretendido pelo Poder 
Constituinte Originário, qual seja, o capitalista. No entanto, é preciso que 
haja uma ponderação entre a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho 
pois, ao mesmo tempo em que se permite o livre exercício de atividade 
empresarial, devem ser garantidos direitos sociais trabalhistas. 
 
 
1.2.5. Pluralismo Político 
 
 
O Pluralismo aqui mencionado não denota o sentido apenas da 
multiplicidade de partidos políticos, mas, por outro lado, a multiplicidade de 
ideias, de crenças, de filosofias, todas vivendo harmonicamente em 
liberdade, manifestando-se através de associações, sindicatos e partidos 
políticos. 
 
 
1.4. Separação de Poderes 
 
 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
O princípio acima mencionado, denominado pela doutrina de 
separação de poderes teve origem na obra de Aristóteles, denominada 
“Política”. 
De acordo com Marcelo Novelino, “no célebre sistema de freios e 
contrapesos (checks and balances) a repartição equilibrada dos poderes 
entre os diferentes órgãos é feita de modo que nenhum deles possa 
ultrapassar os limites estabelecidos pela Constituição sem ser contido pelos 
demais”. 
No entanto, é preciso ter em mente que a separação de poderes 
não é rígida entre os poderes, mas, como está colocado no prático artigo, 
aqueles são HARMÔNICOS entre si, isto é, em algumas situações, é possível 
que um Poder controle o outro, como exceção diga-se de passagem, bem 
será possível nas hipóteses estritamente delineadas pela Constituição que 
 
um poder exerça a função constitucionalmente delimitada a outro poder, 
sobressaindo daqui a diferença entre as FUNÇÕES TÍPICAS e FUNÇÕES 
ATÍPICAS, tema mais bem desenvolvido em direito administrativo. 
 
 
 
 FUNÇÕES TÍPICAS FUNÇÕES ATÍPICAS 
LEGISLATIVO 
 
 
 
Legislar (criar leis) e 
fiscalizar 
Julgar (Art. 52 – 
Julgamento do 
Presidente da 
República por crime 
de responsabilidade 
pelo Senado Federal) 
Administrar – 
Realização de 
Concurso Público - 
Licitação 
EXECUTIVO Administrar – 
Função tipicamente 
administrativa 
Legislar (Art. 62 - 
Medida Provisória 
editadas pelo 
Presidente da 
República) 
JUDICIÁRIO Julgar – Aplicar as 
normas ao caso 
concreto – Resolver 
os litígios 
Legislar (elaboração 
de regimentos 
internos – resoluções 
genéricas) – 
Administrar - 
Realização de 
Concurso – Licitação 
 
 
 
1.5. Objetivos da República Federativa do Brasil 
 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade equaisquer outras formas de discriminação. 
 
DICA: (GA-ER – PRO-CON) ou (CON-GA – E-PRO) 
 
 
COMENTÁRIOS: 
 
 
1.5.1 Construir uma sociedade livre, justa e solidária. 
 
 
O objetivo acima mencionado, notadamente construir uma 
sociedade solidária, diz respeito a um direito de 3ª dimensão, pois denota 
a tentativa de ser um Estado solidário e fraterno para com todos os outros 
cidadãos. Com base nisso foi que o Supremo Tribunal Federal entendeu pela 
possibilidade de pesquisa em Células Tronco Embrionárias, na discussão 
entre o início da vida, se iniciada com o embrião antes de ser implantado, ou 
apenas após a inserção no útero materno. 
Dessa forma, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.510, restou 
decidido que, em face do objetivo da República em ser solidária, era possível 
a realização de pesquisas em células tronco com a finalidade de descobrir 
cura para algumas doenças, como a tetraplegia. 
 
 
1.5.2 Garantir o Desenvolvimento nacional 
 
O estado brasileiro tem como dever garantir o desenvolvimento 
nacional, tais como o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. 
 
 
1.5.3. Erradicar a pobreza e a marginalização. 
 
 
Também objetivo da república, o da erradicação da pobreza, pode 
ser citado como exemplo o fundo de combate e erradicação da pobreza, 
prorrogado por prazo indeterminado pela EC n. 67 de 2010. 
 
 
1.5.4. Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
 
Com fundamento em tal objetivo, o STF decidiu pela possibilidade 
do casamento e união estável entre pessoas do mesmo sexo, conformes 
restou decidido na ADI 4277 e na ADPF 132. 
 
 
1.6. Princípios Internacionais 
 
 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações 
 
MNEMÔNICO 
A uto determinação dos povos 
IN dependência nacional 
D efes da paz 
NÃO intervenção 
CO operação entre os povos para o progresso da humanidade 
PRE valência dos direitos humanos 
I igualdade entre os Estados 
RE púdio ao racismo e terrorismo 
CO ncessão de asilo político 
S olução pacífica dos conflitos 
(A.IN.D – NÃO.CO.PRE.I – RE.CO.S) 
 
 
 
 
2 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Os direitos e garantias fundamentais são oponíveis ao Estado, isto 
é, significa um status de defesa dos cidadãos contra as arbitrariedades 
daquele a quem o poder é delegado, bem como status de prestação, de exigir 
 
do poder público uma atuação estatal para garantir direitos de várias 
espécies. 
Nesse sentido, vale destacar que, em se tratando das dimensões 
de direitos fundamentais, inserem-se na denominada primeira dimensão 
os direitos individuais e coletivos, ou seja, as liberdades negativas, nas quais 
o Estado tem o dever de se abster de realizar um ato que atinja ou 
desrespeite as liberdades individuais. 
Assim, o cidadão tem um status negativo frente ao poder público, 
pois a exigência é que o Estado não intervenha nas liberdades do cidadão. 
 
 
 
2.1 APLICABILIDADE DAS NORMAS DE DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Regra geral, os direitos fundamentais são de aplicação imediata, 
pois não carecem de qualquer medida do Poder Público ou até mesmo dos 
particulares em geral para que sejam efetivamente aplicados e usufruídos 
por todas as pessoas humanas, a saber pelo direito à vida, que como vimos, 
desde a concepção, ou seja, quando há a fertilização do óvulo pelo 
espermatozoide. 
 
O fundamento da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais 
reside, no plano interno, no disposto no §2º do art. 5º da Constituição da 
República Federativa do Brasil, pelo qual “as normas definidoras dos direitos 
e garantias fundamentais tem aplicação imediata”. 
 
A despeito disso, a doutrina constitucionalista em geral ressalva 
que, não obstante a Constituição prevê que os direitos e garantias 
fundamentais tem APLICAÇÃO imediata, alguns dos direitos, embora 
sofrendo incidência dessa norma, não tem APLICABILIDADE, e carecem 
de lei regulamentadora, complementar ou ordinária, para terem 
aplicabilidade plena. são as denominadas normas programáticas, que 
dependem de um programa governamental, ou normas de eficácia limitada, 
que necessitam da regulamentação legal, complementar ou ordinária 
 
APLICAÇÃO IMEDIATA APLICABILIDADE 
Todas as normas constitucionais 
tem alguma incidência de forma 
imediata, e algumas mesmo 
necessitando de lei pra 
regulamentar ou sofrendo 
restrição, MAS OBRIGAM O 
LEGISLADOR 
INFRACONSTITUCIONAL A NÃO 
CONTRARIAR SEUS 
DISPOSITIVOS. 
Nessa classificação, que é a 
exposta por José Afonso da Silva, 
algumas normas terão 
aplicabilidade plena, outras 
limitada e algumas contida. 
 
Assim, ter APLICAÇÃO IMEDIATA 
e ter o efeito de tornas 
inconstitucional legislação 
infraconstitucional que com a 
norma constitucional seja 
conflitante. 
 
 
 
 
Nesse sentido, utilizando-se do magistério de Alexandre de Moraes, 
em que cita José Afonso da Silva, diferenciamos as normas de eficácia plena, 
limitada, concentrada e de conteúdo programático: 
 
 
 
EFICÁCIA PLENA 
São normas constitucionais de eficácia plena 
“aquelas que, desde a entrada em vigor da 
Constituição, produzem, ou têm possibilidade 
de produzir, todos os efeitos essenciais, 
relativamente aos interesses, comportamentos 
e situações, que o legislador constituinte, direta 
e normativamente, quis regular” (por exemplo: 
os “remédios constitucionais) 
 
 
 
 
 
EFICÁCIA 
CONTIDA 
Normas constitucionais de eficácia contida são 
aquelas em “que o legislador constituinte 
regulou suficientemente os interesses relativos 
a determinada matéria, mas deixou margem à 
atuação restritiva por parte da competência 
discricionária do poder público, nos termos que 
a lei estabelecer ou nos termos de conceitos 
gerais nelas enunciados” (por exemplo: art. 5o, 
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, 
ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer) 
 
 
 
 
 
 
EFICÁCIA 
LIMITADA 
Por fim, normas constitucionais de eficácia 
limitada são aquelas que apresentam 
“aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, 
porque somente incidem totalmente sobre 
esses interesses, após uma normatividade 
ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade” 
(por exemplo: CF, art. 37, VII: o direito de 
greve será exercido nos termos e nos limites 
definidos em lei específica. Essa previsão 
condiciona o exercício do direito de greve, no 
 
serviço público, à regulamentação legal. Ainda, 
podemos citar como exemplo o art. 7o, XI, da 
Constituição Federal, que prevê a participação 
dos empregados nos lucros, ou resultados da 
empresa, conforme definido em lei). 
 
 
 
 
 
 
 
 
NORMAS 
PROGRAMÁTICAS 
As normas programáticas, conforme salienta 
Jorge Miranda, “são de aplicação diferida, e não 
de aplicação ou execução imediata; mais do que 
comandos-regras, explicitam comandos-
valores; conferem elasticidade ao ordenamento 
constitucional;têm como destinatário primacial 
– embora não único – o legislador, a cuja opção 
fica a ponderação do tempo e dos meios em que 
vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso 
consiste a discricionariedade); não consentem 
que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as 
invoquem já (ou imediatamente após a entrada 
em vigor da Constituição), pedindo aos 
tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que 
pode haver quem afirme que os direitos que 
delas constam, máxime os direitos sociais, têm 
mais natureza de expectativas que de 
verdadeiros direitos subjectivos; aparecem, 
muitas vezes, acompanhadas de conceitos 
indeterminados ou parcialmente 
indeterminados. 
 
EXEMPLO DE EFICÁCIA PLENA: Art. 2º da Constituição Federal – São Poderes 
Independentes e harmônicos entre si o Legislativo, o Executivo e o Judiciário 
EXEMPLO DE EFICÁCIA CONTIDA: Inciso XIII do art. 5º - É livre o exercício de qualquer 
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer – 
A LEI PODE RESTRINGIR O ALCANCE DO DIREITO PREVISTO NA NORMA, CONDICIONÁ-LO 
– Como a lei que regulamentou a PROFISSÃO DE MOTORISTA DE APLICATIVO – ATENÇÃO: 
A LEI NÃO PROIBIU, MAS REGULAMENTOU A PROFISSÃO. 
EXEMPLO DE EFICÁCIA LIMITADA: Art. 37, VII – o direito de greve será exercido nos 
termos e nos limites definidos em lei específica 
 
FIQUE LIGADO: SE HOUVER ALGUMA NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA, QUE 
INVIABILIZE O EXERCÍCIO DOS DIREITOS E LIBERDADE FUNDAMENTAIS E DAS 
PRERROGATIVAS INERENTES À NACIONALIDADE, CIDADANIA, SOBERANIA será possível A 
IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE INJUNÇÃOL, tema a ser melhor explorado a frente, que é 
um REMÉDIO CONSTITUCIONAL. 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Os direitos e garantias fundamentais são oponíveis ao Estado, isto 
é, significa um status de defesa dos cidadãos contra as arbitrariedades 
daquele a quem o poder é delegado, bem como status de prestação, de exigir 
do poder público uma atuação estatal para garantir direitos de várias 
espécies. 
Nesse sentido, vale destacar que, em se tratando das dimensões 
de direitos fundamentais, inserem-se na denominada primeira dimensão 
os direitos individuais e coletivos, ou seja, as liberdades negativas, nas quais 
o Estado tem o dever de se abster de realizar um ato que atinja ou 
desrespeite as liberdades individuais. 
Assim, o cidadão tem um status negativo frente ao poder público, 
pois a exigência é que o Estado não intervenha nas liberdades do cidadão. 
 
 
 
2.2 GERAÇÕES OU DIMENSÕES 
 
Sobre o tema, vale mencionar que a doutrina resolveu estudar os 
direitos fundamentais em gerações, ou dimensões como alguns preferem, as 
quais destacam-se principalmente a primeira, segunda, terceira, quarta e 
quinta geração de direitos humanos, a seguir estudadas. 
 
2.2.1. 1ª DIMENSÃO: LIBERDADE 
 
ESTADO AUTORITÁRIO→ESTADO DE DIREITO 
FATOS HISTÓRICOS→MAGNA CARTA DE 1215 (DECLARAÇÕES 
AMERICANAS DE 1776 E FRANCESA DE 1789) 
}LIBERDADES NEGATIVAS 
 
 →São as liberdades públicas, isto é, os direitos de todas as pessoas de 
serem livres e de não sofrerem intervenções estatais em toda a dimensão de 
suas vidas. 
 
 
 Assim, de acordo com Ricardo Castilho, “consideram-se, nessa 
primeira geração, as tentativas de limitação do poder do Estado (quase 
sempre representado pelo rei). Os direitos humanos de primeira geração 
constituem a defesa do indivíduo diante do poder do Estado, e definem as 
situações em que o Estado deve se abster de interferir em determinados 
aspectos da vida individual e social. São as chamadas liberdades públicas 
negativas ou direitos negativos, eis que implicam a não interferência do 
Estado”. 
 
 Tais direitos estão consubstanciados nos Direitos Civis e Políticos (Art. 
5º e 14 da CF/1988), tendo como marcos Históricos: Revolução Francesa de 
1789 e Revolução Norte-Americana de 1776. 
 
→Exemplo: Art. 5º, XI – a casa é asilo inviolável 
 
2.2.2. 2ª DIMENSÃO: IGUALDADE 
 
ESTADO LIBERAL→ESTADO SOCIAL 
FATOS HISTÓRICOS→REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (SÉCULO XIX) 
LIBERDADES POSITIVAS 
 
 Já os direitos de segunda dimensão, dizem respeito aos direitos sociais, 
culturais e econômicos da pessoa humana. Nesses direitos, o Estado sai 
da condição de mero expectador, para a condição de prestador, isto é, são 
as necessidades vitais básicas que a pessoa humana necessita e que devem 
ser prestadas pelo Estado, a saber pelo disposto no art. 6º e 7º da 
Constituição Federal. 
 
 De acordo com Ricardo Castilho, “seu reconhecimento e sua proteção 
são fruto principalmente das reivindicações dos movimentos socialistas 
iniciadas na primeira metade do século XIX. Com efeito, as riquezas geradas 
pelo desenvolvimento do capitalismo a partir do século XVIII não se 
estenderam a todas as classes sociais; pelo contrário, o sistema capitalista 
encetou em seus diversos ciclos à produção de um número cada vez maior 
de excluídos da sociedade”, tendo como marcos Históricos: Revolução 
Industrial e Constituição Mexicana de 1917; 
 
 →Exemplo: Art. 6º - Direito social à educação, saúde, trabalho 
 
 
 
 
2.2.3. 3ª DIMENSÃO: FRATERNIDADE 
 
}ESTADO DE FRATERNIDADE (SOLIDARIEDADE) 
 
 
 Já os Direitos de 3ª dimensão se referem aos direitos difusos e 
coletivos, ou seja, os direitos humanos deixam de ser aplicados apenas sob 
a perspectiva individual, para serem aplicados sob um viés coletivo. 
 
 Por fim, para sintetizar as três dimensões acima mencionadas, vale 
destacar o entendimento do Ministro Celso de Melo, do Supremo Tribunal 
Federal, no voto proferido no Mandado de Segurança 22.164/SP: 
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e 
políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, 
negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e 
os direitos de segunda geração (direitos econômicos, 
sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades 
positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da 
igualdade, os direitos de terceira geração, que 
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram 
o princípio da solidariedade e constituem um momento 
importante no processo de desenvolvimento, expansão e 
reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados 
enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota 
de uma essencial inexauribilidade”. 
 
 Exemplo: Direito à paz, direito ao meio ambiente, ao desenvolvimento, 
à informação 
 
 Por último, não custa lembrar, sobre as dimensões ou gerações dos 
direitos humanos, que o constitucionalista Paulo Bonavides vem defendendo, 
ISTO É, a quarta e quinta gerações de direitos humanos. De acordo com 
Paulo Bonavides, a QUARTA GERAÇÃO se refere ao período de globalização 
e à formação de um mundo marcado por fronteiras nacionais mais 
permeáveis, maior limitação da soberania nacional e pelo fortalecimento de 
“uma sociedade civil internacional”. 
 
Segundo Paulo Henrique Gonçalves Portela, Paulo Bonavides vem 
defendendo a existência de uma QUINTA GERAÇÃO dos direitos humanos, 
cujo único direito é a paz, entendida como fundamento da “alforria espiritual, 
moral e social dos povos, das civilizações e das culturas” e da forma de 
governar a sociedade de modo a punir o terrorista, julgar o criminoso de 
guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis as bases do pacto social, 
estabelecer e conversar por intangíveis as regras, princípios e cláusulas da 
comunhão política. 
 
 
 
2.3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
 
IRRENUNCIABILIDADE 
A pessoa humana, livremente,não pode 
renunciar aos direitos fundamentais de que é 
titular. Pode, todavia, optar por não exercê-
los em determinadas situações (renúncia ao 
exercício), o que não caracteriza a renúncia 
ao direito. Ex: Propriedade não habitada 
 
 
 
HISTORICIDADE 
Decorrem das condições materiais e culturais 
de uma época. Nesse sentido, equivocada a 
concepção do jusnaturalismo, segundo a qual 
são atemporais e fixos. Pelo contrário: são 
fruto da evolução histórica de cada povo – daí 
não serem os mesmos em todas as partes do 
mundo 
 
 
INALIENABILIDADE 
São direitos indisponíveis e, portanto, não 
podem ser objeto de quaisquer negociações. 
Ex: Não possibilidade da venda de partes do 
corpo humano, em vida. 
 
 
IMPRESCRITIBILIDADE 
os direitos fundamentais não se sujeitam à 
prescrição, isto é, veda-se ao legislador que 
estipule prazo para o exercício do direito de 
ação com vistas a preservá-lo. Ademais, não 
há prazo para se perder o direito à vida, à 
liberdade, à propriedade 
 
 
UNIVERSALIDADE 
Os direitos fundamentais são concedidos a 
todos os membros da espécie humana, sem 
distinção de qualquer espécie, sexo, raça, 
cor, origem ou qualquer outro critério. 
 
 
TRANSNACIONALIDADE 
Os direitos humanos, por não serem 
aplicados por questões de raça ou 
nacionalidade, aplicam a todos os humanos 
presentes no universo, sendo, por isso 
mesmo, transnacionais. Ex: Direito à vida no 
Brasil e na Síria 
 
 
 
 
INERÊNCIA 
Não há necessidade do preenchimento de 
qualquer condição para que a pessoa 
humana seja dotada de direitos relativos à 
sua condição humana, ou seja, desde o 
nascimento com vida, e até mesmo na 
concepção, os direitos já aderem ao 
 
indivíduo. Ex: Pacto de São José da Costa 
Rica – Art. 4º, 1: Toda pessoa tem o direito 
de que se respeite sua vida. Esse direito 
deve ser protegido pela lei e, em geral, 
desde o momento da concepção 
 
 
 
PROIBIÇÃO DE 
RETROCESSO SOCIAL 
A presente característica diz respeito à 
necessidade de que, uma vez adquiridos os 
direitos humanos, eles não desaparecem por 
obra do legislador ou dos governantes, 
sendo proibida a conduta de retirar direitos 
historicamente alcançados. Ex: Reforma da 
Previdência e Reforma Trabalhista 
 
 
 
2.4. ABRANGÊNCIA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS - OS 
DIREITOS FUNDAMENTAIS APLICAM-SE A ESTRANGEIROS NÃO 
RESIDENTES NO BRASIL? - 
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS SE APLICAM ÀS PESSOAS JURÍDICAS? 
 
 
ATENÇÃO: Vale dizer, de acordo com o caput do art. 5º, que os 
direitos e garantias fundamentais aplicam-se apenas aos BRASILEIROS e 
ESTRANGEIROS RESIDENTES NO BRASIL. 
 
→NO ENTANTO, de acordo com a doutrina de direitos 
fundamentais, bem como com a jurisprudência do STF, os direitos são 
extensíveis a estrangeiros não residentes e apátridas. Se a prova questionar 
de acordo com a Constituição, a alternativa correta diz respeito à 
impossibilidade de direitos fundamentais a estrangeiros não residentes, mas 
se mencionar o entendimento do STF, a resposta é pela extensão de direitos 
e deveres individuais e coletivos inclusive a estrangeiros e apátridas. 
 
Nesse sentido, observe o entendimento de Pedro Lenza: 
 
Nada impediria, portanto, que um estrangeiro, de 
passagem pelo território nacional, ilegalmente preso, 
impetrasse habeas corpus (art, 5º, LXVIII) para proteger 
o seu direito de ir e vir. Deve-se observar, é claro, se o 
direito garantido não possui alguma especificidade, como 
ação popular, que só pode ser proposta por cidadão. 
(Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 20ª 
ed. 2016) 
 
 
No mesmo sentido, isto é, pela aplicabilidade de alguns direitos 
fundamentais a estrangeiros, transcrevemos as palavras de Paulo Gustavo 
Gonet Branco: 
 
O caput do art. 5º reconhece os direitos fundamentais 
“aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. A 
norma suscita a questão de saber se os estrangeiros não 
residentes estariam alijados da titularidade de todos os 
direitos fundamentais. 
A resposta deve ser negativa. A declaração de direitos 
fundamentais da Constituição abrange diversos direitos 
que radicam diretamente no princípio da dignidade do 
homem – princípio que o art. 1º, III, da Constituição 
Federal toma como estruturante do Estado Democrático 
de Direito. O respeito à dignidade de todos os homens não 
se excepciona pelo fator meramente circunstancial da 
nacionalidade. (Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de 
Direito Constitucional. 8ª ed. P. 173). 
 
Por fim, no que se refere à aplicação dos direitos fundamentais às 
pessoas jurídicas, demonstramos o entendimento do mesmo autor acima 
citado, segundo o qual: 
 
Não há, em princípio, impedimento insuperável a que 
pessoas jurídicas venham, também, a ser consideradas 
titulares de direitos fundamentais, não obstante estes, 
originalmente, terem por referência a pessoa física. Acha-
se superada a doutrina de que os direitos fundamentais 
se dirigem apenas às pessoas humanas. (...) Assim, não 
haveria por que recusar às pessoas jurídicas as 
consequências do princípio da igualdade, nem o direito 
de resposta, o de propriedade, o sigilo de 
correspondência, a inviolabilidade de domicílio, as 
garantias do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e 
da coisa julgada. (Branco, Paulo Gustavo Gonet. Curso de 
Direito Constitucional. 8ª ed. P. 171/172) 
 
 
2.5. TEORIA DOS 4 STATUS DO INDIVÍDUO PERANTE O ESTADO - 
JELLINEK 
 
 
STATUS ATIVO: O indivíduo pode influenciar na vontade do Estado (Direitos 
Políticos); 
STATUS PASSIVO: O indivíduo tem deveres em relação ao Estado; 
STATUS POSITIVO: O indivíduo tem que exigir que o Estado atue para lhe 
garantir direitos (Direitos sociais – 2ª geração) 
 
STATUS NEGATIVO: O indivíduo tem um espaço que o Estado não pode 
penetrar, são as liberdades negativas (inviolabilidade domiciliar, 
inviolabilidade de dados) 
 
 
2.6. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS - E A EFICÁCIA DIAGONAL EXISTE? 
 
 
A doutrina clássica apregoa que os direitos humanos são direitos 
que as pessoas detém em face do Estado, num primeiro momento proibindo 
que este invada a liberdade individual dos cidadãos, e em seguida exigindo-
se desse mesmo Estado uma prestação positiva individual e, por fim, 
prestações de natureza coletiva. Essa é a denominada EFICÁCIA VERTICAL 
DOS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS. 
 
Por outro lado, tem-se a EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS, segundo a qual, os direitos humanos fundamentais 
passariam a ser aplicados não apenas na relação ESTADO X PESSOA FÍSICA 
OU JURÍDICA PRIVADA, mas também na relação entre PESSOA PRIVADA X 
PESSOA PRIVADA. 
 
Para corroborar o que se disse acima, colacionamos o entendimento 
do Supremo Tribunal Federal acerca da EFICÁCIA HORIZONTAL dos direitos 
humanos fundamentais: 
 
EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. 
UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE 
SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO 
CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO 
DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações 
a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito 
das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente 
nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de 
direito privado. Assim, os direitos fundamentais 
assegurados pela Constituição vinculam diretamente não 
apenas os poderes públicos, estando direcionados 
também à proteção dos particulares em face dos poderes 
privados. II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO 
LIMITES À AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A 
ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a 
qualquer associação civil a possibilidade de agir à revelia 
dos princípios inscritos nas leis e, em especial, dos 
postulados que têm por fundamento direto o próprio texto 
da Constituição da República, notadamente em tema de 
proteção às liberdades e garantias fundamentais. O 
 
espaço de autonomiaprivada garantido pela Constituição 
às associações não está imune à incidência dos princípios 
constitucionais que asseguram o respeito aos direitos 
fundamentais de seus associados. A autonomia privada, 
que encontra claras limitações de ordem jurídica, não 
pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos 
direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles 
positivados em sede constitucional, pois a autonomia da 
vontade não confere aos particulares, no domínio de sua 
incidência e atuação, o poder de transgredir ou de ignorar 
as restrições postas e definidas pela própria Constituição, 
cuja eficácia e força normativa também se impõem, aos 
particulares, no âmbito de suas relações privadas, em 
tema de liberdades fundamentais. III. SOCIEDADE CIVIL 
SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE INTEGRA 
ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO-ESTATAL. ATIVIDADE 
DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM 
GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO 
DIRETA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA 
E AO CONTRADITÓRIO. As associações privadas que 
exercem função predominante em determinado âmbito 
econômico e/ou social, mantendo seus associados em 
relações de dependência econômica e/ou social, integram 
o que se pode denominar de espaço público, ainda que 
não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, 
sociedade civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do 
ECAD e, portanto, assume posição privilegiada para 
determinar a extensão do gozo e fruição dos direitos 
autorais de seus associados. A exclusão de sócio do 
quadro social da UBC, sem qualquer garantia de ampla 
defesa, do contraditório, ou do devido processo 
constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o 
qual fica impossibilitado de perceber os direitos autorais 
relativos à execução de suas obras. A vedação das 
garantias constitucionais do devido processo legal acaba 
por restringir a própria liberdade de exercício profissional 
do sócio. O caráter público da atividade exercida pela 
sociedade e a dependência do vínculo associativo para o 
exercício profissional de seus sócios legitimam, no caso 
concreto, a aplicação direta dos direitos fundamentais 
concernentes ao devido processo legal, ao contraditório e 
à ampla defesa (art. 5º, LIV e LV, CF/88). IV. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO DESPROVIDO. 
 
(RE 201819, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) 
p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, 
julgado em 11/10/2005, DJ 27-10-2006 PP-00064 EMENT 
VOL-02253-04 PP-00577 RTJ VOL-00209-02 PP-00821) 
 
 
A título de fixação do assunto, inserimos abaixo quadro com as duas 
teorias, da eficácia vertical e horizontal, extraída do livro Direito 
Constitucional de Pedro Lenza: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A doutrina ainda menciona a teoria da eficácia diagonal, pela qual 
a relação também é entre particulares, mas nesse caso numa relação de 
desigualdade, a exemplo da relação entre empregador e empregado ou 
fornecedor e consumidor. 
 
 
 
2.7. DIREITOS X GARANTIAS 
 
ATENÇÃO, na Constituição Federal, nota-se a existência de Direitos e 
Garantias, como por exemplo, a liberdade religiosa (DIREITO) e a proteção 
aos locais de culto (GARANTIA). 
 
 
 
2.8. DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE 
 
 
DIREITO À VIDA – Art. 5º, caput, da CF/88 
 
 
A vida aqui tratada compreende o direito de não ser morto, de não ser 
privado da vida, direito de continuar vivo e direito à vida digna, devendo o 
caput do art. 5º da Constituição ser interpretado de forma ampla. 
 
 
 
 
Assim, como exceção ao direito de não ser morto, tem-se a possibilidade da 
aplicação de pena de morte, em caso de guerra declarada, conforme 
permitida no art.5º, XLVII, “a” da CF/88. 
 
INÍCIO DA VIDA: 
 
De acordo com o art. 2º do Código Civil, a personalidade civil da pessoa 
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, 
os direitos do nascituro. 
 
Assim, cabe destacar o julgamento do STF pela possibilidade de pesquisas 
em células-tronco embrionárias, no julgamento da ADI 3.510, entendendo 
que a Lei de Biossegurança (11.105 de 2005) que permite a pesquisa não 
era inconstitucional, e que não feria o direito à vida na Constituição Federal, 
já que o embrião a ser pesquisado não estaria inserido no útero materno. 
 
Não há norma no direito brasileiro fixando o início da vida, tendo em vista a 
complexidade de demarcação desse momento delicado. 
 
Porém, a lei n. 9.434/1997 e a Resolução n. 1.480/1997 do Conselho Federal 
de Medicina consideram que um indivíduo está morto quando cessa 
completamente sua atividade cerebral, isto é, com a morte encefálica. 
 
Em face disso, o Supremo Tribunal Federal entendeu pela possibilidade de 
interrupção da gravidez quando restar comprovada a anencefalia do 
feto, conforme restou decidido pela ADPF 54, tendo em vista que, se não 
cérebro no feto anencéfalo, e o aborto é crime contra a vida, não haveria 
crime na interrupção da gravidez de feto anencéfalo, em face da inexistência 
de vida. 
• DE NÃO SER 
MORTO
DIREITO 
À VIDA
• DE VIVER COM 
DIGNIDADE
DIREITO 
À VIDA
 
 
Também não é possível a prática da EUTANÁSIA, que consiste no fato de 
apressar a morte do paciente que se encontra em situação irreversível e 
incurável, com intensos sofrimentos físicos ou mentais, com a intenção de 
acabar o sofrimento do paciente e da família. 
 
Vale salientar, que alguns tratados internacionais de direitos humanos, como 
por exemplo o Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana de 
Direitos Humanos), protege o direito à vida DESDE A CONCEPÇÃO, isto é, 
desde o encontro do espermatozoide com o óvulo, conforme abaixo 
ilustrado: 
 
 
 
 
 
 
 
2.8. IGUALDADE: 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A igualdade presente no caput do art. 5º diz respeito À igualdade meramente 
formal (perante a lei), mas a Constituição exige não apenas esse tipo de 
igualdade, mas, por outro lado, a igualdade material, tendo em vista que, de 
acordo com o inciso I do art. 5º, homens e mulheres são iguais em direitos 
e obrigações. 
 
 
 
A República Federativa do Brasil não busca apenas a igualdade, conforme 
descrita no caput do art. 5º, mas, outrossim, a igualdade material ou 
isonomia material, esta consubstanciada no inciso acima citado. 
 
 
IGUALDADE FORMAL: EXPRESSÃO TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI 
IGUALDADE MATERIAL: HIPÓTESES NAIS QUAIS HAVERÁ UMA 
DISCRIMINAÇÃO POSITIVA, NO SENTIDO DE TORNAL DESIGUAL UMA 
SITUAÇÃO DESIGUAL, E TORNAR IGUAL UMA SITUAÇÃO IGUAL. 
EXEMPLOS: ART. 5º, L da Constituição Federal (PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO 
DA PRESIDIÁRIA); TESTE FÍSICO MENOR PARA MULHERES EM CONCURSO 
PÚBLICO; COTAS PARA NEGROS EM UNIVERSIDADES PÚBLICAS. 
 
JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE O PRINCÍPIO DA IGUALDADE: 
 
LIMITE DE IDADE EM CONCURSO: 
A vedação constitucional de diferença de critério de admissão por motivo de 
idade (CF, art. 7º, XXX) é corolário, na esfera das relações de trabalho, do 
princípio fundamental de igualdade (...), que se estende, à falta de exclusão 
constitucional inequívoca (como ocorre em relação aos militares – CF, art. 
42, § 11), a todo o sistema do pessoal civil. É ponderável, não obstante, a 
ressalva das hipóteses em que a limitação de idade se possa legitimar como 
imposição da natureza e das atribuições do cargo a preencher. [RMS 21.046, 
rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 14‑12‑1990, P, DJ de 14‑11‑1991.] 
 
LIMITE DE ALTURA EM CONCURSO: 
Concurso público. Fator altura. Caso a caso, há de perquirir-se a sintonia da 
exigência, no que implica fator de tratamento diferenciado com a função a 
ser exercida. No âmbito da polícia, ao contrário do que ocorre com o agente 
em si, não se tem como constitucional a exigência de altura mínima, 
considerados homens e mulheres, de um metro e sessenta para a habilitação 
ao cargo de escrivão, cuja natureza é estritamente escriturária, muito 
embora de nívelelevado. [RE 150.455, rel. min. Marco Aurélio, j. 15‑12‑
1998, 2ª T, DJ de 7‑5‑1999.] == AI 384.050 AgR, rel. min. Carlos Velloso, 
j. 9‑9‑2003, 2ª T, DJ de 10‑10‑2003 
 
CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL DE PESSOAS DO MESMO SEXO 
O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em 
sentido contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. 
Proibição de preconceito, à luz do inciso IV do art. 3º da CF, por colidir 
frontalmente com o objetivo constitucional de “promover o bem de todos”. 
Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos 
indivíduos como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual 
“o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente 
permitido”. (...) Ante a possibilidade de interpretação em sentido 
preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do CC, não resolúvel à luz 
dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação 
 
conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer 
significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e 
duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. Reconhecimento que 
é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências 
da união estável heteroafetiva. [ADI 4.277 e ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, 
j. 5‑5‑2011, P, DJE de 14‑10‑2011 
 
Omissão do Congresso Nacional sobre a CRIMINALIZAÇÃO DA 
HOMOFOBIA: 
 
Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos 
formulados em ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em 
mandado de injunção (MI) para reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar 
lei que criminalize os atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até 
que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que 
define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) às condutas de 
discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, com efeitos 
prospectivos e mediante subsunção. Prevaleceram os votos dos ministros Celso de 
Mello e Edson Fachin, relatores da ADO e do MI, respectivamente (Informativo 931). 
A corrente majoritária reconheceu, em suma, que a omissão do Congresso 
Nacional atenta contra a Constituição Federal (CF), a qual impõe, nos termos do 
seu art. 5º, XLI e XLII (1), inquestionável mandado de incriminação. Entendeu que 
as práticas homotransfóbicas se qualificam como espécies do gênero racismo, na 
dimensão de racismo social consagrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no 
julgamento do HC 82.424/RS (caso Ellwanger). Isso porque essas condutas 
importam em atos de segregação que inferiorizam os integrantes do grupo de 
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT), em razão de sua orientação sexual 
ou de sua identidade de gênero. Considerou, ademais, que referidos 
comportamentos se ajustam ao conceito de atos de discriminação e de ofensa aos 
direitos e liberdades fundamentais dessas pessoas. Na ADO, o colegiado, por 
maioria, fixou a seguinte tese: “1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso 
Nacional destinada a implementar os mandados de criminalização definidos nos 
incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas 
e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual 
ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, 
compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e 
mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei 
nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, 
circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, 
§ 2º, I, “in fine”); 2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança 
nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a 
denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, 
pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das 
religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de 
divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu 
pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em 
seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação 
doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos 
de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de 
sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem 
discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a 
 
discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua 
orientação sexual ou de sua identidade de gênero; 3. O conceito de racismo, 
compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos 
estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de 
poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de 
justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à 
subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade 
daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao 
estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são 
considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do 
ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de 
perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema 
geral de proteção do direito”. Ficaram vencidos, em ambas as ações, os ministros 
Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio. Os dois primeiros conheceram 
em parte das ações e as julgaram parcialmente procedentes apenas para 
reconhecer a mora legislativa e dar ciência ao Congresso Nacional para a adoção 
das providências necessárias. Para eles, não obstante a repugnância que provocam 
as condutas preconceituosas de qualquer tipo, somente o Poder Legislativo pode 
criminalizar condutas, sendo imprescindível lei em sentido formal. Portanto, a 
extensão do tipo penal para abarcar situações não especificamente tipificadas pela 
norma penal incriminadora atenta contra o princípio da reserva legal (2). O ministro 
Marco Aurélio inadmitiu o MI, diante dos limites impostos ao exercício, pelo STF, da 
jurisdição constitucional. Admitiu, em parte, a ADO, para julgar, nessa extensão, 
improcedente o pedido, por não assentar, peremptoriamente, que se tenha 
“criminalizar” no vocábulo “punirá”, contido no inciso XLI do art. 5º da CF. Em 
decorrência disso, não reconheceu a omissão legislativa quanto à criminalização 
específica da homofobia e da transfobia. Concluiu que, respeitada a liberdade 
legiferante franqueada ao legislador ordinário, espera-se que a sinalização do STF 
quanto à necessária proteção das minorias e dos grupos socialmente vulneráveis 
contribua para a formação de uma cultura livre de todo e qualquer preconceito e 
discriminação, preservados os limites da separação dos Poderes e da reserva legal 
em termos penais. (1) CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XLI – a lei punirá qualquer 
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII – a prática 
do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei;” (2) CF/1988: “Art. 5º (...) XXXIX – não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;” ADO 26/DF, rel. Min. Celso 
de Mello, julgamento em 13.6.2019. (ADO-26) 
 
 
 
 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE GERAL 
 
II - ninguém será obrigado a fazerou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei 
 
COMENTÁRIOS: 
 
O inciso supramencionado disciplina o princípio da legalidade geral ou ampla, 
isto é, dirigida a todos, ou a quase todos. Assim, ao particular, é possível 
realizar tudo o que não estiver previsto ou proibido em lei. 
 
No entanto, a legalidade dirigida à Administração Pública é diversa, tendo 
em vista o caput do art. 37 da Constituição, e no âmbito da Administração 
Pública apenas é possível a conduta ou ato administrativo se houver previsão 
em lei. 
 
PARTICULAR→TUDO QUE NÃO ESTIVER PROIBIDO É PERMITIDO. 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEGALIDADE ESTRITA)→APENAS PODE 
FAZER O QUE A LEI EXPRESSAMENTE PREVÊ. 
 
 
PROIBIÇÃO DE TORTURA, TRATAMENTO DESUMANO OU 
DEGRADANTE 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante; 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A Lei n. 9455, de 07 de abril de 1997, regulamentou o inciso acima citado 
definindo os crimes de tortura, sendo tal crime, de acordo com o inciso XLIII, 
equiparado a hediondo. Foi com base no inciso acima que o STF aprovou a 
súmula vinculante n. 11, trazendo como exceção a utilização de algemas. 
 
Vale destacar que a vedação à tortura está presente em todos os documentos 
internacionais de proteção de direitos humanos no âmbito da Organização 
das Nações Unidas – ONU, bem como nos documentos regionais de proteção 
aos direitos humanos, como por exemplo na Organização dos Estados 
Americanos – OEA, da qual o Brasil faz parte. 
 
→VEDAÇÃO À TORTURA na Declaração Universal dos Direitos Humanos – 
DUDH: 
 
Art. 5º Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou degradantes 
 
→VEDAÇÃO À TORTURA no Pacto de São José da Costa Rica (Convenção 
Americana de Direitos Humanos): 
 
 Art. 5º 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua 
integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a 
torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda 
pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à 
dignidade inerente ao ser humano. 
 
 
VEDAÇÃO À TORTURA no Pacto dos Direitos Civis e Políticos: 
 
 
Art. 7º Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento 
cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter uma 
pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médias ou cientificas. 
 
ATENÇÃO: A PROIBIÇÃO DE TORTURA É UM DOS POUCOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS QUE É ABSOLUTO 
 
 
DIREITO À PRIVACIDADE – Art. 5º, X e XI 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A intimidade é algo relacionado ao íntimo das pessoas, às relações mais 
próximas de amizade e familiares, que não podem ser publicizadas. 
 
Já a vida privada ou privacidade, diz respeito a acontecimentos e 
relacionamentos pessoais em geral, às relações comerciais e profissionais 
que o indivíduo não deseja que se espalhem ao conhecimento público. 
 
Sigilo Bancário: No que se refere ao tema da intimidade e vida privada, o 
sigilo bancário entre em cena, pois, de acordo com o STF, o sigilo bancário, 
por regra, deve ser quebrado pela Autoridade Judicial. 
 
Dessa forma, de acordo com o STF, a quebra do sigilo bancário pode ser 
realizada: 
 
JUDICIÁRIO: SIM 
CPI (Federal, Estadual e Distrital): SIM 
CPI (Municipal): NÃO 
AUTORIDADE TRIBUTÁRIA FEDERAL: SIM 
MP: NÃO 
POLÍCIA JUDICIÁRIA: NÃO 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial 
 
 
Por sua vez, a inviolabilidade do domicílio, como também espécie do direito 
à privacidade, está prevista no art. 5º, XI da CF/88, acima transcrito, 
garantindo o direito que o cidadão de não ter sua casa violada, seja pelo 
Estado, seja por pessoas privadas. 
 
Nesse sentido, cabe destacar o CONCEITO JURÍDICO de casa, importante 
elemento de concretização do direito à inviolabilidade domiciliar. Segundo 
a doutrina majoritária, o conceito de casa deve ser entendido de 
forma abrangente, para estender não apenas à moradia 
propriamente dita, mas qualquer espaço habitado, e em locais nos 
quais são exercidos atividades profissionais, com exclusão de 
terceiros, como escritórios, consultórios, estabelecimentos 
industriais e comerciais (nos locais restritos ao público). 
 
Para corroborar o que foi dito acima, colacionamos o entendimento do 
Supremo Tribunal Federal acerca do assunto: 
 
Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CF, o 
conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se a 
qualquer aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, 
§ 4º, II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os 
quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. Sem que ocorra qualquer das 
situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art. 
5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito 
(invito domino), ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em 
aposento ocupado de habitação coletiva, sob pena de a prova resultante 
dessa diligência de busca e apreensão reputar-se inadmissível, porque 
impregnada de ilicitude originária. [RHC 90.376, rel. min. Celso de Mello, j. 
3‑4‑2007, 2ª T, DJ de 18‑5‑2007 
 
CASA: 
»compartimento de habitação coletiva 
»Local de exercício de profissão, não aberto ao público 
»Escritório de Advocacia e Contabilidade 
»Quartos de Hotel e Motel 
 
No entanto, existem exceções a regra geral da inviolabilidade domiciliar, 
consistentes na possibilidade de violação para prestar socorro, desastre, 
flagrante delito, ou durante o dia por determinação judicial e ainda mediante 
o consentimento do morador. 
 
 
»Consentimento 
»Prestar socorro 
»Flagrante delito 
»Dia por determinação judicial 
»Desastre 
 
 
DICA: C.P.F.D.D 
 
 
Quanto às situações de desastre e prestar socorro não existem maiores 
controvérsias, dada a clareza do texto constitucional sobre a sua ocorrência. 
 
No entanto, é preciso discorrer sobre a situação de flagrante delito e durante 
o dia por determinação judicial. No que se refere à situação de flagrância, 
vale destacar o que dispõe o Código de Processo Penal sobre sua ocorrência 
e as hipóteses de flagrante delito: 
 
Código de Processo Penal 
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes 
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer 
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis 
que façam presumir ser ele autor da infração. 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante 
delito enquanto não cessar a permanência. 
 
Nas situações supramencionadas, a casa, que é asilo inviolável, poderá ser 
adentrada, de forma facultativa pelos cidadãos, e obrigatoriamente pela 
autoridade policial. 
 
Por fim, sobre a violação de domicílio no caso de flagrante delito, destaque-
se o entendimento do STF, citado por Pedro Lenza, pelo qual: 
 
Cabe lembrar, ainda, que o STF, ao julgar o tema 280 da repercussão geral, 
firmou a tese: “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é 
lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, 
devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa 
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou autoridade, e de nulidade dos atos praticados”. 
(RE 603.616 – 05.11.2015)Já em relação ao cumprimento de mandado judicial durante o dia, por 
determinação judicial, cabe dizer que, no que se refere ao conceito do que é 
dia, a doutrina majoritária se manifesta a favor do critério físico-astronômico, 
isto é, considera-se dia o período compreendido entre a aurora e o 
crepúsculo. 
 
 
Por outro lado, a jurisprudência manifesta-se a favor do critério cronológico, 
ou seja, considerando como o dia o período compreendido entre as 06 e 18 
horas. 
 
Vale destacar, que a nova Lei de Abuso de Autoridade n. 13.869/2019, dispõe 
que incorre nas penas do crime do art. 22 (adentrar clandestinamente em 
residência) QUEM CUMPRE MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR 
APÓS ÀS 21:00 ou ANTES DAS 05:00. Assim, já há entendimento de que a 
citada lei teria trazido o conceito de dia. No entanto, para fins de prova, é 
preciso saber como a questão vai cobrar, se de acordo com o entendimento 
do STF ou se de acordo expressamente com a nova lei de abuso de 
autoridade, supramencionada. 
 
Recentemente, decidiu o STF que: 
 
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, 
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas 
razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem 
que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob 
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da 
autoridade, e de nulidade dos atos praticados. 
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 
e 5/11/2015 (repercussão geral – Tema 280) (Info 806) 
 
 
Decidiu o STJ, também, que nos casos de hipótese de flagrante: 
 
A prova da legalidade e da voluntariedade do 
consentimento para o ingresso na residência do suspeito 
incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita 
com declaração assinada pela pessoa que autorizou o 
ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, 
testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser 
registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto 
durar o processo. 
STJ. 6ª Turma. HC 598.051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 
julgado em 02/03/2021 (Info 687). 
 
Isto é, de acordo com o STJ, é preciso que haja a autorização escrita 
do morador, bem como que, sempre que possível, haja a gravação da 
diligência em áudio e vídeo. 
 
 
 
DIREITOS DE LIBERDADE – Art. 5º, IV, V VI, VII, VIII, IX,XII, XIII, 
XIV, XV, XVI, XVII 
 
2.11.1. LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO – Art. 5º, IV e V 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensando, restando 
vedado o anonimato. Caso durante a manifestação do pensamento se cause 
dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, 
proporcional ao agravo, além de indenização. Vale dizer, entretanto, que 
essa liberdade de expressão não é absoluta, encontrando limites em relação 
aos direitos alheios e, havendo violação a direitos de outrem, serão 
assegurados o direito de resposta (art. 5º, V), bem como indenização por 
dano moral e material (art. 5º, X) 
 
Foi com fundamento na liberdade de expressão que o STF decidiu pela 
legalidade da MARCHA DA MACONHA, isto é, os cidadãos podem sair em 
marcha pedindo que se libere determinada substância para o uso coletivo, 
como é o caso da maconha. ADPF 187. 
 
A respeito do assunto, verifiquemos as palavras de Marcelo Novelino: 
 
Em relação a esse tema, é necessário diferenciar a mera proposta de 
descriminalização de determinado ilícito penal do ato de incitação à prática 
de crime ou de apologia de fato criminoso. A defesa, em espaços públicos, 
da legalização de determinadas condutas (como a prática do aborto ou uso 
de drogas) ou de proposta abolicionista de um tipo penal, não deve ser 
caracterizada como ilícito penal, mas, ao contrário, como exercício legítimo 
do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercício do 
direito de reunião. Nesse sentido, o entendimento unânime adotado pelo STF 
no julgamento referente à denominada “marcha da maconha”. (Novelino, 
Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8ª ed. P. 503/504) 
 
Foi também com fundamento nesse inciso que o STF decidiu sobre a 
desnecessidade de autorização prévia do biografado, das demais 
pessoas retratadas na obra, nem de seus familiares, pois essa 
autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com 
a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. 
 
Outra questão acerca da liberdade de expressão, é a possibilidade de INÍCIO 
DE AÇÃO PENAL OU INQUÉRITO POLICIAL COM BASE EXCLUSIVAMENTE EM 
DENÚNCIA ANÔNIMA. A jurisprudência do STF admite, conforme acórdão 
extenso abaixo colacionado, que a DENÚNCIA ANÔNIMA, POR SI SÓ, NÃO 
PODE DAR INÍCIO À PERSECUÇÃO PENAL, FACE À VEDAÇÃO AO ANONIMATO 
PRESENTE NO INCISIO IV DO ART. 5 JÁ MENCIONADO: 
 
Persecução Penal e Delação Anônima (Transcrições) (v. Informativo 387) Inq 
1957/PR* RELATOR: MIN. CARLOS VELLOSO VOTO DO MIN. CELSO DE MELLO: 
 
Sabemos, Senhor Presidente, que o veto constitucional ao anonimato, nos 
termos em que enunciado (CF, art. 5º, IV, “in fine”), busca impedir a 
consumação de abusos no exercício da liberdade de manifestação do 
pensamento e na formulação de denúncias apócrifas, pois, ao exigir-se a 
identificação de seu autor, visa-se, em última análise, com tal medida, a 
possibilitar que eventuais excessos derivados de tal prática sejam tornados 
passíveis de responsabilização, “a posteriori”, tanto na esfera civil quanto 
no âmbito penal, em ordem a submeter aquele que os cometeu às 
conseqüências jurídicas de seu comportamento. Essa cláusula de vedação 
- que jamais deverá ser interpretada como forma de nulificação 
das liberdades do pensamento - surgiu, no sistema de direito 
constitucional positivo brasileiro, com a primeira Constituição republicana, 
promulgada em 1891 (art. 72, § 12). Com tal proibição, o legislador 
constituinte, ao não permitir o anonimato, objetivava inibir os abusos 
cometidos no exercício concreto da liberdade de manifestação do 
pensamento, para, desse modo, viabilizar a adoção de medidas de 
responsabilização daqueles que, no contexto da publicação de livros, 
jornais, panfletos ou denúncias apócrifas, viessem a ofender o patrimônio 
moral das pessoas agravadas pelos excessos praticados, consoante 
assinalado por eminentes intérpretes daquele Estatuto Fundamental (JOÃO 
BARBALHO, “Constituição Federal Brasileira - Comentários”, p. 423, 2ª ed., 1924, 
F. Briguiet; CARLOS MAXIMILIANO, “Comentários à Constituição Brasileira”, p. 713, 
item n. 440, 1918, Jacinto Ribeiro dos Santos Editor, “inter alia”). Vê-se, portanto, 
tal como observa DARCY ARRUDA MIRANDA (“Comentários à Lei de Imprensa”, p. 
128, item n. 79, 3ª ed., 1995, RT), que a proibição do anonimato tem um só 
propósito, qual seja, o de permitir que o autor do escrito ou da publicação possa 
expor-se às conseqüências jurídicas derivadas de seu comportamento abusivo. 
Nisso consiste, portanto, a “ratio” subjacente à norma, que, inscrita no inciso IV do 
art. 5º, da Constituição da República, proclama ser “livre a manifestação do 
pensamento, sendo vedado o anonimato” (grifei). Torna-se evidente, pois, Senhor 
Presidente, que a cláusula que proíbe o anonimato - ao viabilizar, “a posteriori”, a 
responsabilização penal e/ou civil do ofensor - traduz medida constitucional 
destinada a desestimular manifestações abusivas do pensamento, de que possa 
decorrer gravame ao patrimônio moral das pessoas injustamente desrespeitadas 
em sua esfera de dignidade, qualquer que seja o meio utilizado na veiculação das 
imputações contumeliosas. Esse entendimento é perfilhado por ALEXANDRE DE 
MORAES (“Constituição do Brasil Interpretada”, p. 207, item n. 5.17, 2002, Atlas), 
UADI LAMMÊGO BULOS (“Constituição Federal Anotada”, p. 91, 4ª ed., 2002, 
Saraiva)e CELSO RIBEIRO BASTOS/IVES GANDRA MARTINS (“Comentários à 
Constituição do Brasil”, vol. 2/43-44, 1989, Saraiva), dentre outros eminentes 
autores, cujas lições enfatizam, a propósito do tema, que a proibição do anonimato 
- por tornar necessário o conhecimento da autoria da comunicação feita - visa a 
fazer efetiva, “a posteriori”, a responsabilidade penal e/ou civil daquele que 
abusivamente exerceu a liberdade de expressão. Lapidar, sob tal perspectiva, o 
magistério de JOSÉ AFONSO DA SILVA (“Curso de Direito Constitucional Positivo”, 
p. 244, item n. 15.2, 20ª ed., 2002, Malheiros), que, ao interpretar a razão de ser 
da cláusula constitucional consubstanciada no art. 5º, IV, “in fine”, da Lei 
Fundamental, assim se manifesta: “A liberdade de manifestação do pensamento 
tem seu ônus, tal como o de o manifestante identificar-se, assumir claramente a 
autoria do produto do pensamento manifestado, para, em sendo o caso, responder 
por eventuais danos a terceiros. Daí porque a Constituição veda o anonimato. A 
manifestação do pensamento não raro atinge situações jurídicas de outras pessoas 
 
a que corre o direito, também fundamental individual, de resposta. (...).” (grifei) É 
inquestionável, Senhor Presidente, que a delação anônima, notadamente quando 
veicular a imputação de supostas práticas delituosas, pode fazer instaurar situações 
de tensão dialética entre valores essenciais - igualmente protegidos pelo 
ordenamento constitucional -, dando causa ao surgimento de verdadeiro estado de 
colisão de direitos, caracterizado pelo confronto de liberdades revestidas de 
idêntica estatura jurídica, a reclamar solução que, tal seja o contexto em que se 
delineie, torne possível conferir primazia a uma das prerrogativas básicas em 
relação de antagonismo com determinado interesse fundado em cláusula inscrita na 
própria Constituição. O caso veiculado na presente questão de ordem suscitada pelo 
eminente Ministro MARCO AURÉLIO pode traduzir, eventualmente, a ocorrência, na 
espécie, de situação de conflituosidade entre direitos básicos titularizados por 
sujeitos diversos. Com efeito, há, de um lado, a norma constitucional, que, ao vedar 
o anonimato (CF, art. 5º, IV), objetiva fazer preservar, no processo de 
livre expressão do pensamento, a incolumidade dos direitos da personalidade 
(como a honra, a vida privada, a imagem e a intimidade), buscando inibir, desse 
modo, delações de origem anônima e de conteúdo abusivo. E existem, de outro, 
certos postulados básicos, igualmente consagrados pelo texto da Constituição, 
vocacionados a conferir real efetividade à exigência de que os comportamentos 
individuais, registrados no âmbito da coletividade, ajustem-se à lei e mostrem-se 
compatíveis com padrões ético-jurídicos decorrentes do próprio sistema de valores 
que a nossa Lei Fundamental consagra. Assentadas tais premissas, Senhor 
Presidente, entendo que a superação dos antagonismos existentes entre princípios 
constitucionais há de resultar da utilização, pelo Supremo Tribunal Federal, de 
critérios que lhe permitam ponderar e avaliar, “hic et nunc”, em função de 
determinado contexto e sob uma perspectiva axiológica concreta, qual deva ser o 
direito a preponderar no caso, considerada a situação de conflito ocorrente, desde 
que, no entanto, a utilização do método da ponderação de bens e interesses não 
importe em esvaziamento do conteúdo essencial dos direitos fundamentais, tal 
como adverte o magistério da doutrina (DANIEL SARMENTO, “A Ponderação de 
Interesses na Constituição Federal” p. 193/203, “Conclusão”, itens ns. 1 e 2, 2000, 
Lumen Juris; LUÍS ROBERTO BARROSO, “Temas de Direito Constitucional”, 
p. 363/366, 2001, Renovar; JOSÉ CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, “Os Direitos 
Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976”, p. 220/224, item n. 2, 1987, 
Almedina; FÁBIO HENRIQUE PODESTÁ, “Direito à Intimidade. Liberdade de 
Imprensa. Danos por Publicação de Notícias”, in “Constituição Federal de 1988 - 
Dez Anos (1988-1998)”, p. 230/231, item n. 5, 1999, Editora Juarez de Oliveira; J. 
J. GOMES CANOTILHO, “Direito Constitucional”, p. 661, item n. 3, 5ª ed., 1991, 
Almedina; EDILSOM PEREIRA DE FARIAS, “Colisão de Direitos”, p. 94/101, item n. 
8.3, 1996, Fabris Editor; WILSON ANTÔNIO STEINMETZ, “Colisão de Direitos 
Fundamentais e Princípio da Proporcionalidade”, p. 139/172, 2001, Livraria do 
Advogado Editora; SUZANA DE TOLEDO BARROS, “O Princípio da Proporcionalidade 
e o Controle de Constitucionalidade das Leis Restritivas de Direitos Fundamentais”, 
p. 216, “Conclusão”, 2ª ed., 2000, Brasília Jurídica). Tenho para mim, portanto, 
Senhor Presidente, em face do contexto referido nesta questão de ordem, que nada 
impedia, na espécie em exame, que o Poder Público, provocado por denúncia 
anônima, adotasse medidas informais destinadas a apurar, previamente, em 
averiguação sumária, “com prudência e discrição” (JOSÉ FREDERICO MARQUES, 
“Elementos de Direito Processual Penal”, vol. I/147, item n. 71, 2ª ed., atualizada 
por Eduardo Reale Ferrari, 2000, Millennium), a possível ocorrência de eventual 
situação de ilicitude penal, com o objetivo de viabilizar a ulterior instauração de 
procedimento penal em torno da autoria e da materialidade dos fatos reputados 
 
criminosos, desvinculando-se a investigação estatal (“informatio delicti”), desse 
modo, da delação formulada por autor desconhecido, considerada a relevante 
circunstância de que os escritos anônimos – aos quais não se pode atribuir caráter 
oficial - não se qualificam, por isso mesmo, como atos de natureza processual. Disso 
resulta, pois, a impossibilidade de o Estado, tendo por único fundamento causal a 
existência de tais peças apócrifas, dar início, somente com apoio nelas, à 
“persecutio criminis”. Daí a advertência consubstanciada em julgamento emanado 
da E. Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em que esse Alto Tribunal, ao 
pronunciar-se sobre o tema em exame, deixou consignado, com absoluta correção, 
que o procedimento investigatório não pode ser instaurado com base, unicamente, 
em escrito anônimo, que venha a constituir, ele próprio, a peça inaugural da 
investigação promovida pela Polícia Judiciária ou pelo Ministério Público: 
“INQUÉRITO POLICIAL. CARTA ANÔNIMA. O Superior Tribunal de Justiça não pode 
ordenar a instauração de inquérito policial, a respeito de autoridades sujeitas à sua 
jurisdição penal, com base em carta anônima. Agravo regimental não provido.” 
(Inq 355-AgR/RJ, Rel. Min. ARI PARGENDLER - grifei) Vale referir, no ponto, o douto 
voto que o eminente Ministro ARI PARGENDLER, Relator, proferiu no mencionado 
julgamento: “O artigo 5º, item IV, da Constituição Federal garante a livre 
manifestação do pensamento, mas veda o anonimato. A carta anônima de fls. 3 e 
verso não pode, portanto, movimentar polícia e justiça sem afrontar a aludida 
norma constitucional.” (grifei) É interessante observar que, na Itália, quer sob a 
égide do antigo Código de Processo Penal de 1930, editado em pleno regime fascista 
(art. 141), quer sob o novo estatuto processual penal promulgado em 1988 (arts. 
240 e 333, nº 3), a legislação processual peninsular contém disposições restritivas 
no que concerne aos “documenti anonimi”, às “denunce anonime” ou aos “scritti 
anonime”, estabelecendo que os documentos e escritos anônimos não podem ser 
formalmente incorporados ao processo, não se qualificam como atos processuais e 
deles não se pode fazer qualquer uso processual, salvo quando constituírem o 
próprio corpo de delito ou quando provierem do acusado. Revela-se expressivo, sob 
tal aspecto, o que hoje dispõe o vigente Código de Processo Penal italiano (1988), 
em seu art. 240, que tem o seguinte teor: “240. Documenti anonimi. – 1. I 
documenti che contengono dichiarazioni anonime non possono essere acquisiti né 
in alcun modo utilizzati salvo che costituiscano corpo del reato o provengano 
comunque dall’imputato.” Como já assinalado, o velho Código de Processo Penal 
fascista

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