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TÉCNICAS AVANÇADAS DE ANÁLISE DE CUSTOS AULA 5 Prof.ª Neide Borscheid Mayer 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, você será apresentado a um método de simplificação do processo de apuração de volumes de produção em um cenário que contém um mix de vários produtos no processo fabril, e que também pode ser utilizado para fins de controle e gestão dos custos unitários de transformação a partir de bases comparativas em uma única unidade de medida. O método que abordaremos chama-se de Unidade de Esforço de Produção (UEP). Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Como já vimos nas demais aulas desta disciplina, a adequada gestão e controle dos custos de produção é fundamental para as organizações, no sentido de contribuir com o alcance de seus objetivos estratégicos. Porém, quando consideramos um cenário produtivo que envolve vários produtos com características individuais diferentes entre si, a apuração dos volumes totais de produção e a própria apuração do custo unitário pode ser de difícil mensuração e controle. Nesse sentido, foi criado o método UEP, que tem como propósito principal a unificação da unidade de medida de todos os produtos do mix com base nos seus consumos dos esforços de produção, viabilizando a simplificação da apuração do volume total de produção. Outra funcionalidade desse método é a apuração dos custos unitários de transformação e a medição facilitada de indicadores de performance relacionados à eficiência, eficácia e produtividade dos postos operativos e do processo de produção como um todo, cujo conceito será apresentado ao longo dos temas da aula. Assim como a maioria dos métodos de apuração e alocação de custos, o método UEP apresenta pontos positivos e negativos, os quais serão abordados no tema 5. TEMA 1 – OBJETIVOS E NOÇÕES INICIAIS DO MÉTODO DA UNIDADE DE ESFORÇO DE PRODUÇÃO (UEP) O Método da Unidade de Esforço de Produção (UEP) foi desenvolvido na França por Georges Perrin, na época da Segunda Guerra Mundial (Bornia, 2009), com o propósito de unificar a medição da produção industrial, de maneira 3 a obter uma homogeneidade frente aos diferentes produtos e serviços produzidos pelas organizações (Pereira, 2015). Nesse método, são considerados os níveis de esforços “consumidos” em cada etapa do processo produtivo. No Brasil, o método passou a ser mais estudado e disseminado a partir de 1978, por uma empresa de consultoria de Blumenau – SC, e depois de 1986, com a intensificação de estudos e pesquisas pelos estudiosos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (Bornia, 2009). Para Martins e Rocha (2010), a UEP refere-se a uma unidade de medida de trabalho e recursos utilizados e alocados na produção de bens e serviços, ou seja, “é uma metodologia de medição dos esforços empregados na produção em uma mesma unidade de medida, em ambientes de produção diversificada, com foco no conceito de custos de transformação” (Pereira, 2015, p. 62). Nesse método, são trabalhados exclusivamente os custos de transformação, ou seja, aqueles gerados para transformar a matéria-prima em produto ou serviço, sendo considerados, nesse caso, a mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação. Em outras palavras, isso significa que o custo da matéria-prima não está incluído na análise desse método e, por isso, deve ser tratado separadamente (Bornia, 2009). Outro destaque importante é que o objetivo principal desse método é o de medir o volume de produção, não sendo seu foco principal a alocação de custos aos produtos e serviços em si (Pereira, 2015). Ele é utilizado como “um instrumento gerencial que converte os esforços de uma produção diversificada em uma única, para mensurar e comparar a produtividade de diferentes períodos” (Martins; Rocha, 2010, p. 57). Isso não significa que ele não possa ser utilizado para alocação de custos, uma vez que ele dispõe de ferramentas que viabilizam a mensuração e alocação de custos por produto ou serviço (Pereira, 2015). O propósito, então, de tudo o que ponderamos até o momento, é o de simplificar o controle e gestão da empresa. Se a empresa apresenta somente um tipo de produto ou serviço, a medição do desempenho, ou seja, da eficiência, eficácia e produtividade, é muito fácil de ser realizada, podendo ser apurada, por exemplo, dividindo o custo total de produção pelo volume de produção do período (Bornia, 2009): 4 Custo unitário = Custos totais do período / Produção no período No entanto, quando se trata de uma empresa que tem um mix diversificado de produtos ou serviços, o processo se torna mais complexo, porque não podemos simplesmente somar os volumes de produção. Em função disso, o UEP procura simplificar o controle, gerando uma única unidade de medida que pode ser utilizada para todos os produtos do mix da empresa (Bornia, 2009). Para exemplificar, vamos adaptar o exemplo de Bornia (2009). Imaginemos que determinada empresa produz 3 produtos semelhantes, que chamaremos de A, B e C, sendo a única diferença entre eles o fato de A ser pequeno, B, médio, e C, grande. Consideremos que os custos totais de transformação desse período são de R$ 100.000. Tabela 1 – Quantidades produzidas por produto e período Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Se aplicássemos o mesmo cálculo de uma empresa que produzisse somente um produto, o custo unitário seria: Custo unitário em janeiro = R$ 100.000 / 1.800 = R$ 55.56 Custo unitário em fevereiro = R$ 100.000 / 1.820 = R$ 54,95 Custo unitário em março = R$ 100.000 / 1.830 = R$ 54,65 Dessa forma, estaríamos considerando os custos de transformação iguais para todos os produtos e chegaríamos a um custo unitário que estaria decrescendo no tempo. Essa seria uma conclusão equivocada, porque, por mais que os produtos possam ter a mesma matéria-prima, tecnologia e funcionamento, pelo fato de serem de tamanhos diferentes, exigirão um tempo de produção diferente, ou seja, o esforço para produzir cada um deles é diferente. Para situações como essa, surgiu o método UEP, que transforma todos esses volumes de produção em uma única unidade de medida com base na informação “sobre os trabalhos necessários para fabricar os três artigos, ou no Produtos Janeiro Fevereiro Março A 500 600 700 B 600 550 500 C 700 670 630 Total 1800 1820 1830 5 mínimo, das relações entre tais trabalhos, o que exige conhecer as relações entre os trabalhos gerados pelos processos de transformação” (Bornia, 2009, p. 139). Nos próximos temas, detalharemos como isso ocorre. TEMA 2 – UNIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO PELA UEP E DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS DE PRODUÇÃO Como vimos no tema 1, o método UEP parte da unificação da produção com base no seu esforço de produção. Mas o que é esforço de produção? “Os esforços de produção representam todo o esforço despendido no sentido de transformar a matéria-prima nos produtos acabados da empresa”. (Bornia, 2009, p. 141). Nesse sentido, são considerados todos os processos e trabalhos realizados diretamente nas atividades produtivas da empesa, ou seja, as atividades envolvidas na fabricação dos produtos e serviços em si. (Bornia, 2009). Podemos usar como exemplos: a mão de obra direta e indireta, o consumo de energia necessário para que se consiga utilizar as máquinas e equipamentos e os processos de controle de qualidade. Nesse método, então, a produção é dividida em Postos Operativos. Para Bornia (2009, p. 141), um “posto operativo é um conjunto formado por uma ou mais operações produtivas, as quais devem apresentar características de serem semelhantes para todos os produtos que passam pelo posto operativo”. De acordo com Wernke (2005, p. 63, citado por Pereira, 2015): Um posto operativo pode ser uma máquina ou um posto de trabalho. No caso deposto de trabalho, este pode ser apenas uma fase de transformação do produto que não utilize uma máquina, mas apenas esforços humanos. Por outro lado, uma máquina pode comportar dois ou mais postos operativos, desde que as operações realizadas nos produtos sejam suficientemente diferentes. Além disso, um posto operativo pode englobar duas ou mais máquinas se as operações executadas nos produtos forem assemelhadas. Dessa forma, entendemos que as atividades desenvolvidas em cada posto operativo são as mesmas, mas o tempo gasto para cada produto é diferente. Por isso, cada posto operativo consegue gerar ou repassar uma quantidade diferente de esforço de produção, o que chamamos de potencial produtivo. Esse potencial produtivo é medido com base em uma hora de produção no posto operativo, ou seja, UEP/h (Bornia, 2009). E como se dá o processo de determinação das relações de esforços? 6 Para que possamos determinar as relações de esforços, são utilizadas as informações de custos por hora de cada posto operativo, considerando todos aqueles que forem relevantes. Esses custos são apuradores, normalmente com a ajuda da equipe de engenharia, considerando-se efetivamente a quantidade consumida no posto operativos (Bornia, 2009), lembrando que estamos nos referindo aos custos indiretos de fabricação e à mão de obra direta e indireta. Com essa informação, apura-se um índice de custos para cada posto operativo. Bornia (2009, p. 143) faz a analogia desse índice como uma fotografia da “estrutura de custos das operações produtivas no momento da implantação do sistema”, considerando o funcionamento típico ou normal do processo produtivo. Esses índices e suas relações são considerados constantes, uma vez que os postos operativos não mudarão ao longo do tempo. Então, ainda de acordo com esse autor, “quando um produto passa por um posto operativo, ele ‘absorve’ esforços de produção. Tomando os tempos de passagem dos produtos pelos postos operativos, os esforços de produção (UEP) são alocados aos produtos”. TEMA 3 – ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DA UEP A implantação do método UEP, de acordo com Bornia (2009), deve ser realizado em cinco etapas: • Definição e divisão dos postos operativos. • Definição dos índices ou custos horários. • Definição dos produtos base. • Cálculo dos potenciais de produção. • Determinação dos equivalentes dos produtos. Na sequência, detalharemos cada uma dessas etapas. 3.1 Definição e divisão dos postos operativos De acordo com o conceito de Postos Operativos (PO) que vimos no tema anterior, o primeiro passo para implantação do método UEP é definir os postos operativos a serem considerados no processo de fabricação. Esse posto operativo, então, pode ser um “conjunto de operações, podendo ser diferente de um posto de trabalho ou máquina” (Bornia, 2009, p. 144). 7 Dessa forma, podemos, por exemplo, ter a seguinte situação: um posto operativo contém várias máquinas em uma produção de injeção de plástico, e um posto operativo pode ser formado por várias máquinas injetoras. Da mesma forma, uma única máquina pode ter mais de um posto operativo caso uma injetora seja modificada de forma que, além, de realizar o próprio processo de injeção, ela também efetue outra atividade considerada significativa na composição dos custos, como estampagem ou algo do gênero. 3.2 Definição dos índices ou custos horários A definição dos índices ou custos horários no método UEP são chamados de Foto-Índices (Bornia, 2009), ou Foto-Índice do Posto Operativo (FIPO), e se refere à metodologia de cálculo sugerida para esse método. “FIPO é o custo de uma hora de operação de determinado processo operativo, obtido pelo somatório de todos os custos de transformação” (Pereira, 2015, p. 67). A definição de índice, de acordo com Bornia (2009), deve ocorrer de “baixo para cima”, ou seja, considerando inicialmente os insumos efetivamente consumidos no posto operativo, com excessão da matéria-prima como já mencionamos anteriormente, e não partindo do total de custos com atribuição por meio de rateios. Posteriormente, esse índice será utilizado para viabilizar a estimativa de potenciais produtivos de cada PO. O propósito, nesse momento, é entender a parte conceitual de o que se refere ao foto-índice. No tema 4, detalharemos a operacionalização do método em si. 3.3 Definição dos produtos base Produto base é àquele a ser utilizado como referência para representar 1 UEP. De acordo com Bornia (2009, p. 144), “ele pode ser um produto realmente existente, uma combinação de produtos ou mesmo um produto fictício, devendo representar a estrutura produtiva da empresa”. Esse autor sugere que se utilizem os “tempos médios de passagem dos produtos pelos postos operativos como produto base” (p. 145). Outra possibilidade seria a de escolher o produto que passa por uma quantidade maior de postos operativos ou aquele que transita pelos principais (Pereira, 2015). 8 3.4 Cálculo dos potenciais de produção Os potenciais de produção representam “o custo, em unidade de esforço de produção, de uma hora de funcionamento de determinado posto operativo” (Pereira, 2015, p. 69) e são obtidos dividindo-se o valor dos foto-índices pelo custo do produto base, ou seja, o potencial de produção representa quantas UEPs podem ser produzidas por hora no posto operativo. Vamos utilizar o mesmo exemplo dado por Bornia (2009): digamos que os foto-índices de dois postos operativos sejam de R$ 20.000 por hora e R$ 30.000 por hora e que o custo do produto base seja de R$ 1.000. Nesse caso, os potenciais de produção desses PO seriam: 20 UEP/h (R$ 20.000 / R$ 1.000) e 30 UEP/h (R$ 30.000 / R$ 1.000). 3.5 Determinação dos equivalentes dos produtos Com base em todas essas definições apresentadas, podemos, então, compreender que “os produtos, ao passarem pelos postos operativos, absorvem os esforços de produção, de acordo com os tempos de passagem” (Bornia, 2009, p.145). Usando o exemplo dado por esse autor, digamos que um PO tem a capacidade ou o potencial de produção de 50 UEP/h e determinado produto gasta 0,1 h para passar por esse PO, absorvendo, portanto, 5 UEP na operação. O mesmo processo é realizado com todos os postos operativos pelos quais esse produto passar até que esteja finalizado ou totalmente pronto. Ao final, basta somar todos os UEPs absorvidos nos PO´s para que se apure o seu UEP equivalente total. TEMA 4 – OPERACIONALIZAÇÃO DO MÉTODO DA UEP Agora que já conhecemos os principais conceitos e objetivos pretendidos com esse método, explicaremos como efetivar a implementação e a operacionalização do processo. O primeiro passo para implementação é definir o tipo de informação que se pretende gerar, as principais aplicabilidades. De acordo com Bornia (2009), são as seguintes: mensuração da quantidade produzida, cálculo dos custos de transformação e medidas de desempenho. No que diz respeito à mensuração da quantidade produzida, o princípio para utilização é o de simplificar o processo para empresas que tenham um mix 9 diversificado de produtos. O método ajudaria a transformar as quantidades em uma única unidade de medida. Vamos utilizar o exemplo de Bornia (2009, p.146) para que essa questão fique mais clara: Tabela 2 – Cálculo da quantidade produzida Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Pelo exemplo apresentado, é possível perceber que o volume de produção da empresa em UEP foi obtida pela multiplicação das quantidades de cada produto que efetivamente foram produzidas pelos seus equivalentes em UEP. Quando se fala em utilizar o método UEP para efetuar o cálculo dos custos unitários de transformação, o cálculo também é muito simples, pois, uma vez que já se saiba quais são os valores dos custos de transformação do período, que são os custos indiretos de fabricação e a mãode obra direta, e os volumes de produção em UEP, basta dividir um pelo outro. Vamos seguir utilizando o exemplo de Bornia (2009, p.147) para mostrar como isso ocorre. Digamos que a empresa apurou, conforme quadro apresentado anteriormente, o volume de produção total de 5.250 UEP e que essa mesma empresa apurou, no mesmo período, o total de custos de transformação de R$ 105.000, Assim, o custo de transformação unitário seria de R$ 20,00 / UEP (R$ 105.000,00 / 5.250 UEP). Por sua vez, se a empresa pretende calcular o custo unitário para cada produto, o cálculo parte desse custo unitário por UEP apurado com base no total, multiplicando esse valor pelo UEP equivalente a cada produto. Vamos usar o P2 como exemplo, nesse caso, ficaria: (1,1 UEP x R$ 20,00 / UEP) = R$ 22,00 / UEP. A utilização do método para medidas de desempenho tem a finalidade de contribuir com o controle e monitoramento da produção em relação ao que foi previsto para o período. Bornia (2009) sugere três indicadores para essa finalidade: eficiência, eficácia e produtividade horária. Produtos Quantidades Produzidas UEP´s Equivalentes Volume de Produção em UEP (Qtdes x UEP equivalente) P1 1.000 1 1.000 P2 1.500 1,1 1.650 P3 2.000 1,3 2.600 5.250 Produção total da empresa no período 10 A eficiência, de acordo com esse autor, representa quanto foi produzido no período em relação à capacidade normal de produção para esse mesmo período, ou seja: Eficiência = Produção real / Capacidade normal Já a eficácia tem relação com a excelência do trabalho, porque leva em consideração somente o período que o PO estava efetivamente produzindo, ou seja, são descontadas as paradas inesperadas (Bornia, 2009): Eficácia = Produção real / Capacidade utilizada E “a produtividade horária é a produção do período dividida pelo tempo de trabalho” (Bornia, 2009, p.147): Produtividade = Produção real / Horas trabalhadas Os indicadores de desempenho podem ser utilizados para a produção como um todo ou para um único posto operativo. Agora que já sabemos quais são os tipos de informação que podem ser gerados por meio do método UEP, desenvolveremos um exemplo completo, adaptando o exemplo apresentado por Bornia (2009). Divisão da empresa: a Delta produz 3 produtos (P1, P2, P3) e, para implantação do método UEP, dividiu a produção em 3 postos operativos (PO1, PO2, PO3). Cálculo dos foto-índices: para calcular os foto-índices por posto operativo, foram divididos os custos de transformação pela quantidade de horas de trabalho. Como custos de transformação, foram considerados a mão de obra direta e indireta, a energia elétrica, a depreciação e os materiais de consumo. Na tabela a seguir, demonstramos esses valores: Tabela 3 – Distribuição dos custos de transformação por PO (R$ / h) Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. P01 P02 P03 MOD 5 5 15 MOI 10 5 10 Energia Elétrica 2 2 10 Depreciação 5 5 15 Materiais de Consumo 7 7 10 TOTAL 29 24 60 ITEM DE CUSTO Índices de Custos ($/h) 11 Determinação do foto-custo para o produto base: esse cálculo é realizado multiplicando o tempo de passagem do produto base pelo posto operativo, pelo valor do foto-índice desse posto operativo, apresentado na tabela anterior. Tabela 4 – Tempos de passagem (em horas) dos produtos pelos postos operativos Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Como já temos o tempo que cada produto consumiu da PO e o valor ou foto-índice da PO por horas, basta realizar a multiplicação. Tabela 5 – Alocação do custo (UEP) aos produtos Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Para o exemplo da empresa Delta, o produto P2 será utilizado como produto base na implantação do método UEP, sendo o custo base, nesse caso, R$ 3,63, obtido por [(0,03 x 29) + (0,04 x 24) + (0,03 x 60)]. Cálculo dos potenciais produtivos: para conseguirmos apurar os potenciais de produção de cada posto operativo, basta dividir os foto-índices de cada PO pelo custo base:. Tabela 6 – Potenciais produtivos por postos operativos Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3 P1 0,03 0,20 0,03 P2 0,03 0,04 0,03 P3 0,05 0,05 0,05 Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3 UEP R$ total por produto P1 0,87 4,80 1,80 7,47 P2 0,87 0,96 1,80 3,63 P3 1,45 1,20 3,00 5,65 Postos Operativos PO1 PO2 PO3 Foto-índice (R$ / h) 29,00 24,00 60,00 Custo base da UEP (R$ / h) 3,63 3,63 3,63 Potenciais Produtivos (UEP / h) 8 7 17 12 Determinação dos equivalentes dos produtos: para encontrarmos os equivalentes dos produtos, multiplicamos a capacidade de cada posto operativo pelo tempo que o produto leva nesse mesmo posto. Como o produto do nosso exemplo passa pelos 3 postos operativos, deve-se realizar o mesmo processo para cada PO e somar os totais. Tabela 7 – Equivalentes dos produtos (em UEP) Fonte: elaborado com base em Bornia, 2009. Com a apuração dos equivalentes de produção de cada produto, bastaria trabalhar a informação para a finalidade da informação que a empresa pretende gerar, que, como vimos no início do tema, pode ser de mensuração da quantidade produzida, de cálculo dos custos de transformação e de medidas de desempenho. TEMA 5 – MÉTODO DA UEP E NECESSIDADES DA EMPRESA MODERNA Ao longo desta aula, vimos que o método UEP tem como propósito principal a simplificação na apuração das informações de volume e custos de produção, além de outras vantagens. Porém, da mesma forma que identificamos pontos positivos na implementação do método, há alguns aspectos que podem vir a se tornar negativos e que também precisam ser tratados. A simplicidade da operacionalização em função da apuração dos potenciais produtivos e os equivalentes de UEP possibilitam um acompanhamento facilitado do desempenho da produção ao longo dos períodos. Isso acontece porque as medidas de desempenho são geradas por meio de uma linguagem simples e clara que permite esse acompanhamento sem necessidades de grandes esforços para interpretação, o que torna os resultados comparáveis, em termos de custos, demonstrando a importância de cada uma (Bornia, 2009). Como ponto limitação na utilização do método UEP, destacamos a falta do registro de desperdícios, uma vez que todos os custos são alocados aos postos operativos, que, por sua vez, referem-se exclusivamente às operações Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3 Equivalente UEP P1 0,24 1,32 0,50 2,06 P2 0,24 0,26 0,50 1,00 P3 0,40 0,33 0,83 1,56 13 produtivas. As operações não produtivas, também chamadas de auxiliares, que consomem custos de transformação e que geram perdas, acabam não sendo monitoradas individualmente. Seus custos estão agrupados nos postos operativos (Bornia, 2009). Como forma de minimizar o efeito dessa limitação, Bornia (2009) sugere a criação de postos operativos improdutivos, que envolveriam aqueles postos que trabalham diretamente com os produtos (por exemplo: movimentação, inspeção etc.). Já os postos que não atuariam diretamente com o produto continuariam sendo alocadosnos demais postos operativos. Ainda em relação ao controle de desperdícios, outra limitação do método destacada por Bornia (2009) é o controle do consumo de esforços por meio de tempos médios que acabam não evidenciando os tempos desperdiçados. Outro aspecto importante a ser observado é o de que as organizações se encontram em constante modificação e aperfeiçoamento. Nesse caso, os padrões de tempo e consumo de esforços de produção precisam ser revistos e atualizados sempre que essas mudanças levarem a diferenças significativas na apuração dos resultados pelo método, para que, dessa forma, se consiga efetivamente apurar a “fotografia” real da estrutura de custos da empresa. E, caso essas atualizações ocorram de maneira muito frequente, o custo e o esforço para atualização dos padrões podem inviabilizar a continuidade na utilização do método UEP. TROCANDO IDEIAS Imagine que você seja o profissional responsável pela implementação do método UEP para apuração do volume de produção e dos custos unitários de transformação de uma empresa que fabrica camisas. Discuta com seus colegas quais serão os custos que devem ser considerados como custos de transformação e como o processo de produção pode ser dividido em postos operativos. NA PRÁTICA Para praticarmos um pouco com base nos conceitos vistos ao longo desta aula, utilizaremos um exercício adaptado de Bornia (2009, p.155). 14 Uma empresa produz três produtos e usa o método das UEPs para calcular os custos unitários de transformação. As equivalentes em UEPs dos produtos A, B e C são, respectivamente, 2 UEP, 1 UEP e 3 UEP. Sabendo que, no período, foram produzidos 100 produtos A, 200 B e 300 C e que, nesse mesmo tempo, os custos totais de transformação totalizaram R$ 45.000, quais foram os custos de transformação unitários dos 3 produtos? FINALIZANDO O objetivo desta aula foi desenvolver a metodologia UEP para apuração dos volumes de produção em um ambiente fabril com uma linha diversificada de produtos e prepará-los para contribuir com as organizações em que atuarão com o conhecimento do método em si, bem como a percepção dos pontos positivos e negativos que podem vir a ser observados na implantação do método, deixando-os aptos a ponderar sobre a viabilidade de implantação em diferentes processos e ambientes de produção. No tema 1, tratamos dos aspectos conceituais do método UEP e verificamos que se trata de “um instrumento gerencial que converte os esforços de uma produção diversificada em uma única, para mensurar e comparar a produtividade de diferentes períodos” (Martins; Rocha, 2010, p.57) e que também pode ser utilizado para apuração do custo unitário de transformação desses produtos. Já no tema 2, vimos como ocorrem a alocação do esforço de produção por Postos Operativos e a divisão da produção em POs. Ao longo dos temas 3 e 4, verificamos todas as etapas do processo de implementação e operacionalização do método, além de compreendermos as terminologias técnicas utilizadas. E finalizamos a aula tratando de determinados pontos positivos e negativos que podem ser observados em relação a outras metodologias que visam a apuração desses tipos de informação. Como o método UEP é totalmente voltado para a operacionalização do processo de produção, ele pode contribuir com as organizações no processo de melhoria contínua, visando sempre atingir melhores performances e resultados. 15 REFERÊNCIAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010. CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. KASPCZAK, M. C. de M.; SCANDELARI, L.; FRANCISCO, A. C. de. Sistema de custos: importância para tomada de decisões. II Encontro de Engenharia e Tecnologia dos Campos Gerais, 2006. 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Acesso em: 5 jun. 2018. WERNKE, R. Análise de custos e preços de vendas: ênfase em aplicação e casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2005. PEREIRA, S. I. M. Custeio por atividades (ABC) e unidade de esforço de produção (UEP): similaridades, diferenças e complementariedades. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) – Universidade de São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=17&Itemid=160&id=17A7D3380A31&lang=pt-br 16 <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-21012016-103844/pt- br.php.>. Acesso em: 5 jun. 2018.
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