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A PROMOÇÃO DA SAÚDE NAS ORGANIZAÇÕES COMO FATOR DE VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL MIRIAN DAMARIS BENAGLIA (CEETEPS ) mi_benaglia@yahoo.com.br Silvia Ines Dallavalle de Padua (FEARP ) dallavalle.silvia@gmail.com Considerando a íntima relação entre saúde e trabalho, podemos dizer que o estado de saúde dos trabalhadores não é independente de sua atividade laboral. Mas para que o trabalhador possa gozar de saúde é necessário compreender os condicionanntes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida bem como os fatores de riscos ocupacionais - físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organização laboral - presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de promoção da saúde e da qualidade de vida do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações trabalho-saúde em toda a sua complexidade. Como a qualidade de vida no trabalho tem relação direta com as finanças e produtividade da empresa, intervir e agir no ambiente de forma a aplicar o ciclo de ações voltadas à melhoria das condições de trabalho e promoção da saúde, contribui para a prática da responsabilidade social e da sustentabilidade na organização, como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjun¬to apropriadamente integrado a seu ambiente de forma estratégica, visando vantagem competitiva sustentável. Palavras-chaves: Promoção da Saúde, Qualidade de Vida no trabalho, Responsabilidade Social e Sustentabilidade XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 2 1. Introdução A década de 1980 presenciou, nos países de capitalismo avançado, profundas transformações no mundo do trabalho, nas suas formas de inserção na estrutura produtiva, nas formas de representação sindical e política. Foram tão intensas as modificações, que a classe que vive do trabalho sofreu a mais aguda crise deste século, atingindo não só a materialidade, mas com repercussões profundas na sua subjetividade e por fim, a sua forma de ser (ANTUNES, 2010). A expansão da capacidade produtiva, com altas escalas de produção, desenvolveu um processo de “coisificação” dos indivíduos e das relações humanas, com a perda da dimensão do indivíduo/subjetividade ou com a instrumentalização da subjetividade, no sentido de uma sociedade laboriosa e 'racional', movida pela lógica do lucro, da acumulação e retorno do capital investido e do domínio da natureza a qualquer preço (FRANCO; DRUCK, 1998). É neste cenário, que grande parcela dos trabalhadores, tem sofrido com as constantes mudanças tecnológicas e científicas da atualidade; que trazem consigo uma maior exploração de sua força de trabalho (HELOANI;CAPITÃO, 2003,online). As exigências de qualificação especial, mesmo que seja para apertar um simples botão, têm sido intensas e a ameaça do desemprego funcional faz com que milhares de pessoas entrem em estado de alerta, pois a única ferramenta de que dispõem - sua força de trabalho - pode ser dispensada a qualquer momento. Encontram-se ainda, nesse mesmo contexto, problemas relacionados à precarização do trabalho, informalização do emprego, bem como, problemas de saúde, de ordem física e psíquica; ocasionados, em muitos casos, por procedimentos durante a execução da atividade e pela falta de “adaptação” socio-psico-biofisicamente às máquinas (posturas, gestos repetitivos, velocidade) e às tarefas cada vez mais parceladas e fragmentadas. O Ministério da Saúde (2001), comenta que as condições de trabalho (sejam elas físicas, químicas e biológicas) vinculadas à execução do trabalho e a sua organização (estruturação, hierarquia, divisão de tarefa, jornada, ritmo, trabalho em turno, intensidade, monotonia, repetitividade e responsabilidade excessiva) favorecem o aparecimento das doenças ocupacionais. Para não contribuir com tais circunstâncias, o ambiente de trabalho deve oferecer condições adequadas para as atividades laborais, evitando dessa forma o processo de adoecimento e XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 3 preservando a qualidade de vida do trabalhador; pois o estado de saúde precário significa não somente fracasso para conseguir a produtividade máxima, como também sangria de riquezas e recursos. A Figura 1 ilustra os fatores que colaboram para que ocorra o processo de adoecimento do trabalhador, no ambiente de trabalho. Figura 1 – Fatores do processo de adoecimento Fonte: Elaborado pelas autoras Dados do anuário estatístico do Ministério da Previdência Social, em 2010, demonstram que houve um aumento considerável nas concessões de afastamentos por problemas de saúde. Constatou-se 154.500 (cento e cinqüenta e quatro mil e quinhentos) afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, 254.677 (duzentos e cinqüenta e quatro mil, seiscentos e setenta e sete) afastamentos por doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, 71.893 (setenta e um mil, oitocentos e noventa e três) afastamentos por doenças do aparelho circulatório e 27.194 (vinte e sete mil, cento e noventa e quatro) por neoplasias (cânceres); número que cresce vertiginosamente se comparado ao ano anterior (2009), onde foram concedidos 122.032 (cento e vinte e dois mil e trinta e dois) afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, 200.548 (duzentos mil, quinhentos e quarenta e oito) afastamentos por doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo, 59.812 (cinqüenta e nova mil, oitocentos e doze) afastamentos por doenças do aparelho circulatório e 21.306 (vinte e um mil, trezentos e seis) por neoplasias (cânceres); num custo aproximado de R$ 1.276.814,00 (Hum milhão, duzentos e setenta e seis mil, oitocentos e quatorze reais), direcionados para estas espécies de benefício (auxílio-doença). XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 4 Em função deste quadro nada promissor, onde o efeito do trabalho sob o trabalhador tem proporcionado uma diminuição em sua qualidade de vida e interferido diretamente em sua produtividade; é fundamental compreender por que o processo trabalho-doença ocorre, quais os mecanismos de prevenção existentes, que tipos de políticas de saúde ocupacional as empresas adotam e como os trabalhadores podem minimizar as consequências dessa nova realidade. Nesse sentido, o presente estudo teve por objetivo, investigar com base na revisão da literatura e pesquisa quantitativa, discutir a vantagem competitiva que uma organização pode ter, ao se oferecer programas e ações diferenciadas sobre saúde e qualidade de vida no trabalho, como parte de sua política de responsabilidade social e sustentabilidade. 2. A relação existente entre o trabalho e a saúde O trabalho sempre fez parte da vida do homem, desde a sua mais primórdia existência. Da criação, como contam os relatos bíblicos, passando pelo desenvolvimento das civilizações durante a história antiga, o trabalho foi fator de progresso, pois gerou conhecimentos, riquezas materiais e desenvolvimento econômico. Por isso, ele é e sempre foi muito valorizadoem todas as sociedades. No entanto, nos últimos anos, o universo do trabalho sofreu grandes mutações, trazendo consigo além das reestruturações e a inserção de novas tecnologias produtivas, novas relações de competitividade entre as empresas, que passaram a ser globalizadas. Apesar de se elevar à produtividade e os lucros, as condições de trabalho dos operários não melhoraram. O sistema de produção em massa causava diversos problemas de ordem psicológica e emocional, resultado da alienação e aborrecimento devido ao tipo de trabalho executado (PONTES, 2006). Neste novo contexto, surgiram a precarização das relações de trabalho, a intensificação do ritmo, a diminuição de postos, a sobrecarga das exigências de polivalência dos que permanecem trabalhando, à perda de importância de determinadas profissões e setores, a flexibilização dos contratos de trabalho, terceirização de serviços, oferta de trabalho XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 5 autônomo, postos de trabalho temporário e a perda do poder de barganha de quem procura emprego (LACMAN, 2004, pg.26). Considerando que o trabalho é entendido como todo esforço que o homem faz, no exercício de sua capacidade física e mental, para executar e atingir seus objetivos, sua má estruturação, tanto em termos técnicos como organizacionais tende a interferir diretamente sobre a saúde de quem o executa, podendo levar o indivíduo a uma variedade de doenças e afecções; e o excesso de horas-extras a mortes prematuras (SIVIERI, 1995). Na figura 2, a contextualização dos resultados do desequilíbrio entre as condições e a organização do trabalho. Figura 2 – Resultados das condições a organização do trabalho Fonte: Elaborado pelas autoras Dados fornecidos pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), apontam para um gasto de 4% (quatro) do PIB mundial relacionado às doenças profissionais, seus tratamentos, suas incapacitações e pensões; além dos absenteísmos provocados. (OIT, 2002) XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 6 Por esta razão, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), convencionou legislação específica para a melhoria do trabalho com um foco especial direcionado à saúde, higiene, satisfação e segurança do trabalhador. Neste sentido, a compreensão das condições do trabalho, bem como, do modo como ele está organizado é fundamental para evitar o processo de adoecimento e favorecer melhores condições à saúde do trabalhador. Atualmente, a legislação de vários países reconhece que existe uma relação dos agentes físicos, químicos ou biológicos como produtores de doenças ocupacionais (FRANÇA e RODRIGUES, 2011). Segundo Verdussen (1978), um local de trabalho, seja um escritório ou uma oficina, deve ser sadio e agradável. O homem precisa encontrar aí condições capazes de lhe proporcionar um máximo de proteção e, ao mesmo tempo, de satisfação pelo que faz. Numa perspectiva mais subjetiva, pode-se dizer que ter um ambiente saudável para se trabalhar é ter um espaço que proporcione qualidade de vida ao trabalhador, pois a relação que existe entre a saúde, qualidade de vida no trabalho e a produtividade traduz uma latente realidade: a de que empresas deixam de lucrar, gastam em excesso e têm grande custo social, devido a sua má gestão dos processos nos quais os trabalhadores estão envolvidos (GALEANO et al, 2010,online). Na figura 3, a ilustração da importância da promoção da saúde e da qualidade de vida no trabalho. Figura 3 – Resultados da promoção da saúde e da qualidade de vida no trabalho XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 7 Fonte: Elaborado pelas autoras Como o conceito de qualidade de vida avalia as condições da existência do ser humano em relação ao ambiente que o cerca, e o trabalho compõe um dos ambientes mais próximos ao homem, é preciso que “trabalhadores e gestores colaborem com um processo contínuo de melhoria para proteger e promover a saúde, o bem-estar, a segurança e sustentabilidade do seu local de trabalho” (OMS,2010), contribuindo dessa forma, com ações estratégicas dos recursos humanos e com a responsabilidade social organizacional da corporação, visando a sua sustentabilidade. O alto custo de assistência médica, a necessidade de melhoria na produtividade e no ambiente organizacional, bem com o envelhecimento da força de trabalho são alguns dos motivadores pelos quais as corporações tem-se interessado pelos programas de qualidade de vida (OGATA,2009). Com a finalidade de evitar afastamentos e incapacidades laborais, minimizar os custos com saúde e os associados com a alta rotatividade, visando aumentar a produtividade a longo prazo bem como a qualidade dos produtos e serviços, a Organização Mundial da Saúde – OMS (2010), incentiva as organizações a aderirem aos princípios dos ambientes de trabalho saudáveis. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 8 Na Figura 4, a estrutura de um modelo de ambiente de trabalho saudável sugerido pela OMS, para as organizações que alinham política de saúde e qualidade de vida no ambiente de trabalho. Figura 4 - Modelo de um ambiente de trabalho saudável adotado pela OMS Fonte: ABQV, 2013 – Adaptado da Organização Mundial da Saúde (2010) O modelo do ambiente corporativo saudável abrange: o ambiente físico (minimizando os riscos ocupacionais específicos), o ambiente psicossocial (incluindo organização do trabalho e a cultura organizacional), os recursos e suporte à saúde nos locais de trabalho (incluindo programas de prevenção, gerenciamento de doenças e de retorno ao trabalho após afastamento por doença) e a participação da comunidade dessa organização (trabalhadores, seus familiares e todas as demais pessoas que serão impactadas pelas operações de empresa), como fatores estruturais para serem vistos e revistos durante o processo de melhoria contínua da organização. Segundo Ogata apud Goetzel et al, (2009), uma abordagem mais eficiente para ter melhores resultados financeiros é a promoção da saúde do empregado. Por estar adquirindo status estratégico cada vez maior na formulação de políticas de gestão de pessoas associadas à responsabilidade social organizacional, as ações de qualidade de vida promovidas no ambiente de trabalho, nos remete a uma questão importante – a de harmonizar produtividade XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 9 e bem-estar do colaborador, considerando que o sucesso dos negócios depende da saúde dos trabalhadores. 3. A importância da promoção da saúde nas organizações como fator de responsabilidade social corporativa No início do século XX, a palavra-chave era eficiência. No final do mesmo século, a palavra- chave era competitividade. A eficiência continua sendo uma preocupação dominante, como nos tempos de Taylor e Ford, mas por razões diferentes. Ainda é preciso fazer mais, com menos recursos, em função das exigências do mercado. (BENAGLIA, 2006) Diantedessa difícil realidade e pelas inúmeras transformações no ambiente corporativo, os gestores visionaram uma existência mais ampla para as empresas, não apenas voltada para maximização e obtenção de lucro, mas também para fins sociais. Assim, passaram a prática de ações diferenciadas, indo além de um simples agente econômico com a missão de produzir riqueza, mas também como um agente social (ARREBOLA, 2013). A empresa moderna existe para fornecer um serviço específico à sociedade. Portanto, tem de participar da comunidade, ser uma vizinha, realizar suas tarefas dentro de um cenário social [...] Os impactos sociais que causa, inevitavelmente, ultrapassam a contribuição específica, que é a razão da sua existência. (DRUCKER, 2001, p. 81) A partir dessa visão mais humanista, adotada pelos empresários, surgiu a responsabilidade social, que tem sido utilizada como nova estratégia para maximizar o lucro e potencializar seu desenvolvimento organizacional, em decorrência de consumidores que buscam produtos que não agridam o meio ambiente e que proporcionem melhorias para a comunidade. Assim, quanto mais consciência os consumidores possuírem, quanto mais capazes forem de exercer a cidadania, maior será a exigência pela prática de ações de responsabilidade social, e pelo desenvolvimento, por parte da empresa, de estratégias competitivas que sejam corretas, ambientalmente saudáveis, economicamente viáveis e que atendam o público interno e externo a ela (ARREBOLA,2013). Nesse sentido, a responsabilidade social organizacional, além de ser um exercício de cidadania empresarial, se torna um meio capaz de proporcionar qualidade de vida à população XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 10 de trabalhadores, por intermédio de ações voltadas a promoção da saúde no ambiente de trabalho. Como os programas de qualidade de vida no trabalho estão cada vez mais disseminados em todo o mundo, é importante perceber que as ações sobre saúde e qualidade de vida promovidas no trabalho estão influenciando pessoas a adotarem estilos de vida saudáveis e a melhorarem seus níveis de saúde. Como resultado a essa nova estratégia da área de Recursos Humanos, as organizações contam com estatísticas menores em absenteísmos, presenteísmos e custos com assistência médica, além de terem uma mão-de-obra com maior capacidade produtiva. (OGATA, 2009) Responsabilidade social é a obrigação administrativa de tomar atitudes que protejam e promovam os interesses da organização juntamente com o bem-estar da sociedade como um todo. Reconhecer que tais obrigações existem tem, necessariamente, um impacto sobre o processo de administração estratégica. (CERTO; PETER, 1993, p. 21) Nesse sentido, adotar uma postura pró-saúde, na agenda de ações voltadas a responsabilidade social da organização, traz uma nova alavanca mercadológica, utilizando-se do marketing social para valorizar suas ações nos mercados de capitais e valorizar a sua imagem. Assim, investir em saúde, bem como no desenvolvimento de um ambiente de trabalho equilibrado, contribui não só como fator de responsabilidade social organizacional, mas também como um diferencial estratégico na política estratégica da empresa, como um meio para se chegar ao sucesso. Resultados Para analisar o tema proposto nesta pesquisa (A importância de se promover saúde nas organizações como fator de responsabilidade social organizacional), e levantar informações com o objetivo de verificar quais as ações voltadas à promoção da saúde e da qualidade de vida do trabalhador oferecidos pelas empresas e como elas se utilizam desses programas para proporcionar um ambiente mais saudável, foram aplicados questionários junto aos Recursos Humanos de empresas privadas, sendo uma delas a ELEKTRO, a melhor empresa para se trabalhar no Brasil, premiada pela revista Exame, 2012, para que tivéssemos uma breve amostragem sobre a realidade. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 11 Constatou-se pela maioria dos entrevistados que a promoção da saúde no ambiente de trabalho tem como objetivo tornar as pessoas mais saudáveis e menos doentes, diminuir o custo com assistência médica, aumentar a produtividade do colaborador e diminuir o número de acidentes de trabalho ocorridos nas organizações. Mas para que estas ações ocorram é preciso que a liderança compreenda o assunto e o insira nos assuntos de prioridade da organização. O retorno financeiro esperado está relacionado com a diminuição do FAP – Fator Acidentário Previdenciário, que é um multiplicador, que varia de 0,5 a 2 pontos, a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% da tarifação coletiva por subclasse econômica, incidentes sobre a folha de salários das empresas para custear aposentadorias especiais e benefícios decorrentes de acidentes de trabalho (INSS, 2013, online). A organização demora em média de 02 a 03 anos para implantar um programa de qualidade de vida no trabalho e na maioria dos casos, as empresas iniciam suas ações de saúde e qualidade de vida através de palestras de orientação e conscientização, bem como pelo oferecimento de oportunidades para cuidar da saúde dos seus colaboradores, como acompanhamento nutricional, programas de atividade física e grupos de apoio social (grupos de corrida). Constatou-se, de forma positiva, uma maior motivação e consequente melhora no desempenho da capacidade produtiva do colaborador, após a implantação de ações de favorecimento da saúde e da qualidade de vida no ambiente de trabalho; demonstradas por um maior engajamento e comprometimento do trabalhador em relação as suas atividades na organização e na diminuição de absenteísmos e acidentes de trabalho. Considerações Finais Considerando a íntima relação entre saúde e trabalho, podemos dizer que o estado de saúde dos trabalhadores não é independente de sua atividade laboral. Mas para que o trabalhador possa gozar de saúde é necessário compreender os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida bem como os fatores de riscos ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da organização laboral – presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de promoção da XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 12 saúde e da qualidade de vida do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações trabalho-saúde em toda a sua complexidade. Como a qualidade de vida no trabalho tem relação direta com as finanças e produtividade da empresa, intervir e agir no ambiente de forma a aplicar o ciclo de ações voltadas à melhoria das condições de trabalho e promoção da saúde, contribui para a prática da responsabilidade social e da sustentabilidade na organização, como um processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente de forma estratégica, visando vantagem competitiva sustentável. Referências ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 14ªed. São Paulo: Cortez, 2010. ARREBOLA, M.C., Responsabilidade Social Corporativa: Competitividade e Desenvolvimento Social: A Prática do Setor Supermercadista. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/Socioambiental/SA27_Resp_Social_Corporativa_Competivividade.PDF> Acesso em 02 maio 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA, Ambientes de trabalho saudáveis, Disponível em: <http://www.abqv.com.br/artigos/Content.aspx?id=253> Acesso em: 30 abr. 2012. BENAGLIA, M.D.; A Relação entre Trabalho, Saúde e Qualidade de Vida; 2006,143 folhas. A Relação entre Trabalho, Saúde e Qualidade de Vida – FATEC – Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga,2006. CERTO, S.C.; PETER, J. P.; Administração estratégica – planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: MAKRON Books, 1993. DRUCKER, P.; A administração. São Paulo: Nobel, 2001. 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Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde / Ministério da Saúde do Brasil, Representação no Brasil da OPAS/OMS; organizado por http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/Socioambiental/SA27_Resp_Social_Corporativa_Competivividade.PDF http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/Socioambiental/SA27_Resp_Social_Corporativa_Competivividade.PDF http://www.abqv.com.br/artigos/Content.aspx?id=253 http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=FRANCO,+TANIA http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%5edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=DRUCK,+GRACA http://www.scielo.br/pdf/csc/v3n2/7151.pdf http://www.scielo.br/scielo.php http://www.mpas.gov.br/conteudoDinamico.php?id=423 http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=182 XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 13 Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto Muniz Almeida et al. – Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. OGATA, A.; BRAMANTE, A. C. [et al.], Profissionais saudáveis, empresas produtivas: como promover um estilo de vida saudável no ambiente de trabalho e criar oportunidades para trabalhadores e empresas / Alberto Ogata (organizador); Antonio Carlos Bramante...[et.al]. – Rio de Janeiro: Elsevier:SESI, 2012. OGATA, A.; Guia prático de qualidade de vida: como planejar e gerenciar o melhor programa para sua empresa / Alberto Ogata, Sâmia Simurro. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, Genebra, Communiqué de presse, 2002. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Healthy workplaces: a model for action. For employers, workers, policy-makers and practitioners. 2010. Disponível em http://www.who.int. Acesso em 01 maio 2013. PONTES, S. K.; Produção enxuta e saúde do trabalhador: um estudo de caso. 2006. 136 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção - CCET-Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia. 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( ) Pq as pessoas se tornam mais saudáveis e menos doentes ( ) Pq o custo com assistência médica diminui ( ) Pq a produtividade do colaborador aumenta ( ) Pq diminuem o acidentes de trabalho ( ) Outros: Especificar: ____________________________________________ ( ) Todas as anteriores 2. Pq a empresa resolveu promover saúde no ambiente de trabalho? ( ) Pq a liderança compreende a importância pelo conhecimento que tem sobre o assunto ( ) Pq tiveram indicadores financeiros que demonstraram a importância ( ) Pq tiveram indicadores do setor de saúde ocupacional que demonstraram a importância ( ) Pq o retorno financeiro é maior que o custo da promoção da saúde ( ) Outros: Especificar: ____________________________________________ ( ) Todas as anteriores 3. Que tipo de retorno financeiro a empresa obteve ao promover saúde no ambiente de trabalho? ( ) Diminuição com custo de assistência médica ( ) Diminuição com turn over ( ) Diminuição com absenteísmo ( ) Diminuição do presenteísmo e maior produtividade ( ) Diminuição dos acidentes de trabalho ( )Outros: Especificar: ____________________________________________ ( ) Todas as anteriores 4. Quais foram os programas relacionados à Qualidade de Vida no Trabalho a empresa decidiu adotar? ( ) Nutrição e Ginástica Laboral ( ) Nutrição, Ginástica Laboral, Atendimento Psicológico e Ergonomia ( ) Nutrição, Ginástica Laboral, Atividade Física, Atendimento Psicológico e Ergonomia ( ) Outros. Especificar:Ginástica Laboral, Atendimento Psicológico e Ergonomia 5. Os colaboradores estão mais satisfeitos com a empresa após a adoção de programas de Qualidade de Vida? ( ) Sim ( ) Não ( ) Outros: ___________________________ 6. Houve melhora da produtividade por parte dos colaboradores? ( ) Sim ( )Não muito ( ) Não ( ) Não houve medição 7. Quanto tempo levou para a implantação dos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho? ( ) 6 meses a 01 ano ( ) 01 a 2 anos ( ) 02 a 03 anos ( ) mais de 03 anos 8. Quais os fatores que a empresa considerou para implantar os Programas de Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho: ( ) Motivação ( ) Número de AcidentesXXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 16 ( ) Absenteísmos ( ) Atestados Médicos frequentes ( ) Outros: Especificar: ____________________________________________________ 9. Que tipo de doença ocupacional é mais frequente na sua empresa: ( ) Aquelas relacionadas questões Ergonômicas. Especificar:______________________ ( ) Aquelas relacionadas questões Físicas. Especificar: __________________________ ( ) Aquelas relacionadas questões Emocionais. Especificar: ______________________ ( ) Aquelas relacionadas questões ao Stress. Especificar: ________________________ 10.Como a empresa busca diminuir o fator Stress no ambiente de trabalho? ( ) Palestras de conscientização e orientação ( ) Oferecimento de orientação nutricional juntamente com programas de atividade física ( ) Pausa para relaxar ( ) Grupos de apoio social ( ) Outros. Especificar: _____________________________________________________ 11. No quesito, saúde mental, que ações a empresa tem adotado para cuidar do colaborador? ( ) Acompanhamento Psicológico individualizado ( ) Grupo de apoio social ( ) Encaminhamento Psiquiátrico ( ) Outros. Especificar: _____________________________________________________ 12.No quesito, saúde física, que ações a empresa tem adotado para melhorar as condições do ambiente de trabalho? ( ) Palestras de conscientização e orientação ( ) Oferecimento de atividades para mudança de hábito do colaborador. Quais: __________ ( ) Outros. Especificar: ______________________________________________________ 13. A promoção da saúde no ambiente de trabalho está relacionada com a responsabilidade social organizacional de sua empresa? ( ) Sim Pq: _______________________________________________________________ ( ) Não ( ) Outros: _________________________________________________________________ 14. A promoção da saúde no ambiente de trabalho favorece a sustentabilidade sua empresa? ( ) Sim Pq: _______________________________________________________________ ( ) Não ( ) Outros: _________________________________________________________________